Visualizador de Livro
Visualizador de Livro


<- Voltar para página anterior
* O uso do tradutor automático poderá ocasionar leves deturpações do idioma original. Em caso de dúvida, entre em contato conosco.

O SOL NATURAL

“Assim tenho Eu, em todo o firmamento, planetas luminosos onde o ser humano nunca poderá chegar; mas Eu tenho nesses lugares um planeta que irradia a Minha Luz, para que ele tenha vida de luz.”

Cremos que este planeta a que se refere o Senhor é o nosso Sol, que nós designamos por estrela, mas que o Senhor diz ser um planeta perfeito. O que o homem vê através dos seus sofisticados aparelhos ópticos e sondas diversas é a atmosfera do Sol, incandescente e irradiando luz e calor para os planetas em redor; mas por baixo desta atmosfera incandescente está um gigantesco planeta, perfeito e luminoso. O Sol alberga em seus cinturões várias raças de seres humanos. No cinturão central alberga os seus próprios habitantes – habitantes do Sol – todos eles belos e alguns de tamanho gigantesco; nos sete pares de cinturões laterais alberga diversas raças, correspondendo cada cinturão a planetas do nosso sistema solar.

O 1.º par de cinturões, mais próximo do cinturão central, corresponde aos planetas Mercúrio e Vénus; o 2.º par de cinturões corresponde ao planeta Terra; o 3.º par de cinturões corresponde ao planeta Marte; o 4.º par de cinturões corresponde ao planeta Júpiter; o 5.º par de cinturões corresponde ao planeta Saturno; o 6.º par de cinturões corresponde ao planeta Urano; o 7.º e último par de cinturões, corresponde ao planeta Neptuno (ou Miron, que significa “mundo dos milagres”).

Citações mencionadas nas obras “AS NOVAS REVELAÇÕES PARA O REINO – segunda parte” e “O NOVO TEMPLO”.

http://www.refugiobetania.org

O SOL NATURAL

Informações sobre o nosso Sol e suas condições naturais

Recebidas pela Voz Interna

por

JAKOB LORBER

Traduzido por

JAIME M. MURBÒCK

Rio de Janeiro

2001

TÓPICOS ABORDADOS

NOTAS BIOGRÁFICAS DE JAKOB LORBER

PREFÁCIO DA EDITORA ALEMÃ

EXPLICAÇÕES PARA A EDIÇÃO EM PORTUGUÊS

1.º CAPÍTULO

O SOL COMO QUINTESSÊNCIA DOS MUNDOS PLANETÁRIOS

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CRESCIMENTO DAS PLANTAS

2.º CAPÍTULO

O HOMEM SOLAR EM GERAL

3.º CAPÍTULO

OS CAMINHOS DE DESENVOLVIMENTO DOS HOMENS SOLARES

CONTRÁRIOS OU CONFORME A ORDEM DIVINA

4.º CAPÍTULO

ENSINAMENTO SOBRE A LUZ SOLAR

A ATMOSFERA COMO CAPA DE LUZ

5.º CAPÍTULO

O SOL CENTRAL PRINCIPAL BRILHA DE LUZ PRÓPRIA.

O REVÉRBERO DOS SÓIS SECUNDÁRIOS

6.º CAPÍTULO

O INVÓLUCRO ETÉREO ABARCANDO OS CORPOS CELESTES

SEUS SISTEMAS. UM "INVÓLUCRO GLOBULAR UNIVERSAL",

A MAIOR TOTALIDADE DOS CORPOS CELESTES

7.º CAPÍTULO

A LUZ PRÓPRIA DOS SÓIS

8.º CAPÍTULO

CAUSA E NATUREZA DAS MANCHAS SOLARES

9.º CAPÍTULO

AS RAÇAS HUMANAS DO SOL E SUAS ZONAS RESIDENCIAIS.

AS FAIXAS DO SOL

10.º CAPÍTULO

A FAIXA CENTRAL DO SOL. SUA PAISAGEM E SEUS HABITANTES.

ERUPÇÃO DE UMA INCHAÇÃO SOLAR

11.º CAPÍTULO

O PÊNDULO-MEDIDOR DO TEMPO DOS HABITANTES DA FAIXA

CENTRAL

A FUNÇÃO DO GUARDA DO TEMPO E OUTRAS FUNÇÕES

12.° CAPÍTULO

O DESMORONAMENTO E O SUMIÇO DA INCHAÇÃO SOLAR

CAPÍTULOS 13 A 24

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE A FAIXA CENTRAL DO SOL

1. ORDEM DE PROPRIEDADE E NECESSIDADES VITAIS DOS

HABITANTES DA FAIXA CENTRAL

2. AS HABITAÇÕES NA FAIXA CENTRAL

3. OS ARREDORES DE UMA CASA NA FAIXA CENTRAL.

A VEGETAÇÃO ARBÓREA

4. A AGRICULTURA NA FAIXA CENTRAL. TERRA PARA HORTALIÇAS –

PASTAGEM PARA OVELHAS - CAMPO PARA CEREAIS

5. MAGISTRATURAS ESCOLARES NA FAIXA CENTRAL

6. OS TEMPLOS DE TIPO SIMPLES NA FAIXA CENTRAL

7. UM TEMPLO DO TIPO SUPERIOR

8. O TERCEIRO, MAIS ALTO TIPO DE TEMPLO.

O MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO DE DEUS E DA CRUZ. –

CONSAGRAÇÃO AO GRAU DE SUMO-SACERDOTE

9. O SACRATÍSSIMO TEMPLO, CHAMADO "ARDENTE". INICIAÇÃO MAIS

PROFUNDA NOS MISTÉRIOS DA ENCARNAÇÃO DE DEUS E DA FILIAÇÃO

DIVINA

O PRÓPRIO DEUS-PAI COMO GUIA

10. VIDA DE FAMÍLIA, MATRIMÔNIO E PROCRIAÇÃO NA FAIXA

CENTRAL

11. FERIADOS E DIAS DE FESTA. A MORTE DOS HABITANTES DA

FAIXA CENTRAL

25.° CAPÍTULO

O PRIMEIRO PAR DAS FAIXAS SECUNDÁRIAS, CORRESPONDENTE A

MERCÚRIO E VÊNUS. PAISAGEM E POPULAÇÃO.

SOBRE A BELEZA EXTERIOR E INTERIOR

CAPÍTULOS 26 A 32

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O PRIMEIRO PAR DE FAIXAS

SECUNDÁRIAS DO SOL

1. ESTATURA, VESTES E COSTUMES DOS HABITANTES DA PRIMEIRA

FAIXA SECUNDÁRIA

2. HABITAÇÕES E COLÔNIAS COLETIVAS NO PRIMEIRO PAR DE

FAIXAS SECUNDÁRIAS

3. EDIFÍCIOS DE ARTE E CIÊNCIA NAS COLÔNIAS COLETIVAS DA

PRIMEIRA FAIXA SECUNDÁRIA

4. CULTIVO DO SOLO E REINO ANIMAL NA PRIMEIRA FAIXA

SECUNDÁRIA

5. CONSTITUIÇÃO FAMILIAR NA PRIMEIRA FAIXA SECUNDÁRIA.

ORDEM METICULOSA E PEDANTERIA DOS HABITANTES

6. ESCOLAS DE SABEDORIA E DE VONTADE NA PRIMEIRA

FAIXA SECUNDÁRIA

7. SERVIÇO DIVINO E CASAMENTO NA PRIMEIRA FAIXA SECUNDÁRIA

33.° CAPITULO

O SEGUNDO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS –

CORRESPONDENDO À NOSSA TERRA

34.° CAPÍTULO

O TERCEIRO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS,

CUJA FAIXA SETENTRIONAL CORRESPONDE AO PLANETA MARTE

35.° CAPÍTULO

A FAIXA MERIDIONAL DO TERCEIRO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS,

COR­RESPONDENDO AOS ASTERÓIDES

36.° CAPÍTULO

O QUARTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS –

CORRESPONDENTES AO PLANETA JÚPITER. SEUS HOMENS

CAPÍTULOS 37 A 42

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O QUARTO PAR DE FAIXAS

SECUNDÁRIAS DO SOL

1. CASAS DE HABITAÇÕES E EDIFÍCIOS RURAIS DOS HABITANTES DA

QUARTA FAIXA SECUNDÁRIA

2. MODO DE VIDA E DE SER DOS HABITANTES DA QUARTA FAIXA

SECUNDÁRIA

3. REGRAS GERAIS DE CONDUTA. COMPANHEIRISMO ENTRE O HOMEM

E A MULHER NA QUARTA FAIXA SECUNDÁRIA

4. FLORA E FAUNA NA QUARTA FAIXA SECUNDÁRIA

5. A CULTURA DO GRÃO DE TRIGO E DE OUTRAS PLANTAS

NA QUARTA FAIXA SECUNDÁRIA

6. A RELIGIÃO DOS HABITANTES DA QUARTA FAIXA SECUNDÁRIA

43.° CAPÍTULO

O QUINTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS - CORRESPONDENTE A

SATURNO SUA TERRA E SUA POPULAÇÃO

44.° CAPÍTULO

O SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS - CORRESPONDENTE A

URANO. OBSERVAÇÃO DESTE PLANETA

45.° CAPÍTULO

O SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS - CORRESPONDENTE A

URANO. SEUS HOMENS, PLANTAS E ANIMAIS

CAPÍTULOS 46 A 52

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O

SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS DO SOL

1. EXTRAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO MINÉRIO. ARQUITETURA E CASAS DE

HABITAÇÃO NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

2. A GRANDE ESTRADA CIRCULAR NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

3. UM TEMPLO NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA. –

OS BALUARTES DO TEMPLO

4. O MUSEU DE ARTE DO TEMPLO NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

5. A UNIVERSIDADE DOS CONHECIMENTOS ESPIRITUAIS

E O TEMPLO PRINCIPAL INTERIOR NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

6. CONSTITUIÇÕES DOMÉSTICAS, PÚBLICAS E RELIGIOSAS

NA SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

7. OUTRAS INFORMAÇÕES SOBRE A RELIGIÃO DOS HABITANTES DA

SEXTA FAIXA SECUNDÁRIA

53.° CAPÍTULO

O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS – CORRESPONDENTE AO

PLANETA NETUNO (MIRON), POR MUITO TEMPO DESCONHECIDO

CAPÍTULOS 54 A 65

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O

SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS –

CORRESPONDENTE AO PLANETA "MIRON" (NETUNO)

PRIMEIRA PARTE: SOBRE O PLANETA MIRON (NETUNO)

1. VEGETAÇÃO MARAVILHOSA NO PLANETA MIRON (NETUNO} -

MUTABILIDADE DAS FORMAS DE VIDA

2. A ÁRVORE DA FIDELIDADE" OU ÁRVORE ETERNA", A "CANA VIVA"

E A "ÁRVORE VOADORA DE PÃO"

3. FLORESTAS RELAMPEJANTES. - A "ÁRVORE VESICANTE"

4. A FAUNA NO PLANETA MIRON. - O “GRANDE VAPOR" - O “TROVÃO" -

E "O VENTILADOR"

5. A CABRA DE MIRON. - O "CALCADOR DO SOLO"

6. A VACA DE MIRON

7. A GRANDE RIQUEZA DA FAUNA NO MIRON.

OS ANIMAIS BÍPEDES

8. OS HOMENS DE MIRON. - CASAS DE HABITAÇÃO E ALDEIAS

9. REGULAMENTO DE PROPRIEDADE EM MIRON. –

PROPRIEDADE COLETIVA E PARTICULAR

10. REGULAMENTOS DOMÉSTICOS; BOAS REGRAS DE SOCIEDADE.

- MÚSICA E INSTRUMENTOS MUSICAIS NO MIRON

11. INSTRUMENTO A ESFERA. - A MÚSICA E SUA ESCRITA. –

ÓTICA MECÂNICA E ARTE DE ESCREVER EM MIRON

12. RELIGIÃO INTERIOR, ABERTA PARA OBRAS EXTERNAS NO MIRON.

PROCRIAÇÃO E SEPULTURA. –

ASTRONOMIA COMO MEIO DO CONHECIMENTO DE DEUS

66.° CAPÍTULO

O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS E SEUS GIGANTESCOS

HABITANTES

CAPÍTULOS 67 A 71

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O SÉTIMO PAR DE

FAIXAS SECUNDÁRIAS - PLANETA MIRON

SEGUNDA PARTE: SOBRE AS FAIXAS SECUNDÁRIAS

CORRESPONDENTES A MIRON (NETUNO)

1. CONDIÇÕES DE VIDA E NATUREZA ESPIRITUAL DOS HABITANTES

DO SÉTIMO PAR DE FAIXAS

2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA RELIGIÃO DOS HABITANTES DO SOL

A NATUREZA DE REVELAÇÕES DIVINAS

3. A VERDADEIRA CHAVE PARA A COMPREENSÃO DE TODAS

AS RELIGIÕES E REVELAÇÕES

4. O AMOR PROFUNDO A DEUS - COMO TRAÇO FUNDAMENTAL

DA RELIGIÃO E DA VIDA NO SÉTIMO PAR DE FAIXAS

5. PROCRIAÇÃO, MATRIMÔNIO E MORTE NO SÉTIMO PAR DE FAIXAS

72.° CAPÍTULO

OS SÓIS INTERNOS E SEUS HABITANTES. SUBIDA, DENTRO E FORA DA

ORDEM, DOS ESPÍRITOS SOLARES DE LUZ FUNDAMENTAL

73.° CAPITULO

DESTINOS DOS REBELDES DO SOL. DESENVOLVIMENTO DE COMETAS E

PLANETAS

A ETERNA, INCOMENSURÁVEL OBRA DA CRIAÇÃO. - CONCLUSÃO

Notas biográficas de JAKOB LORBER

Jakob Lorber nasceu em 22 de julho de 1800, em Kanischa, pequena vila nas margens do rio Drau, então Áustria. Era filho de pais pobres que viviam do cultivo da vinha. Desde a escola primária revelou notável talento musical e aprendeu a tocar harpa, violino, piano e órgão. Cursou, durante cinco anos, o ginásio, mas devido a uma série de dificuldades o largou, mantendo-se em seguida como professor particular. Sua tentativa de obter a nomeação para professor de uma escola regional não teve êxito; desanimou e resolveu dedicar-se então inteiramente à música.

Nos anos de 1830 a 1840, ele deu aulas, fez composições e apresentou-se em concertos públicos, uma vez até no teatro Scala de Milão. Ao mesmo tempo, cultivava particular interesse pela astronomia e dedicava-se ao estudo de obras espirituais, sobretudo dos grandes místicos Jakob Bõhme e Swedenborg.

Aos 40 anos, veio-lhe inesperadamente uma oferta para regente de orquestra em Trieste, proporcionando-lhe final­mente um bom sustento material. Aceitou-a e preparava-se para partir, quando seus planos foram Interceptados por um acontecimento de ordem transcendental.

Foi em 15 de março de 1840, após fazer uma prece matinal, quando Lorber ouviu uma voz no coração: "Levan­ta-te e escreve!" - Obedeceu a esta chamada misteriosa e escreveu as palavras que ouviu numa admiração sagrada, como um fluxo de pensamentos claros no coração:

"Assim fala o Senhor para cada um e isto é verdadeiro, fiel e certo: quem quiser falar Comigo que venha a Mim e Eu lhe darei a resposta em seu coração. Somente os puros, porém, cujos corações são cheios de humildade, deverão ou­vir o som de Minha Voz. E quem Me prefere diante de todo mundo, quem Me ama como uma noiva dedicada ama seu noivo, com este Eu caminharei de braços dados; poderá ver a Mim como um irmão vê seu outro irmão e como Eu o vi de eternidades, antes que ele existisse!"

Era a hora de sua vocação. E a Voz continuou a falar e surgiu um capítulo inteiro, cheio de maravilhosos ensinamentos de Amor e Sabedoria Divinos. No dia seguinte, o mesmo - um capítulo após outro. Podia ele se esquivar desta Voz maravilhosa? - Não! - Mas, e o emprego em Trieste? O convocado, porém, resistiu à tentação. Renunciou à oferta sedutora e dedicou-se pelo resto da vida - 25 anos - a servir à Voz misteriosa, como humilde servo-escrivão de Deus.

Externamente, Lorber levava uma vida bastante penosa; sustentava-se dando lições de música e afinando pianos. Com a idade avançando, sua saúde fraquejou; amigos deram-lhe então o necessário amparo. E, em 24 de agosto de 1864, o servo-escrivão de Deus fechou seus olhos em paz para este mundo.

O legado espiritual deixado por Lorber é uma gigantesca obra de cerca de dez mil páginas impressas, revelando inú­meros segredos da Criação de Deus e da Vida no Além, bem como os pormenores da Vida e Doutrina de Jesus, sendo a Obra principal, a coroação de todas as outras, o "Grande Evangelho de João", em dez volumes. Ao lado da Bíblia, o mundo não possui obra mais importante!

PREFÁCIO

Entre os escritos no campo das ciências naturais que o vidente Jakob Lorber, da Estíria (Áustria), escreveu na me­tade do século passado pelo dom da palavra interna, a obra sobre o Sol do nosso sistema planetário é um dos mais assombrosos. Ela faz a ponte entre os mundos natural e espiritual, e é apropriada a transformar essencialmente a visão do mundo até do homem moderno.

O que a pesquisa de nossos dias sabe nos dizer sobre os corpos celestes extraterrestres baseia-se em observações astro­nômicas com os meios da óptica (telescópio, fotografia). Juntam-se a eles alguns reconhecimentos de dados físicos e químicos (análise espectral, etc), mas as conclusões obtidas não consti­tuem de maneira alguma um valor empírico assegurado, servin­do apenas como base de teorias e hipóteses de trabalhos que muitas vezes já tiveram que ser substituídas por outras novas.

Enquanto os aparelhos têm sua origem na nossa maté­ria, e a consciência dos observadores só é presa à matéria, também no futuro não se pode esperar um resultado final das pesquisas do espaço sideral. A ciência exata opera, é verdade, com eletricidade, luz, átomos e raios cósmicos; mas o seu íntimo continua

estranho para quem não consegue penetrar, com olhos espirituais, o véu da matéria. Se atualmente três teorias de luz que se contradizem lutam pela validade, como poderia então o simples raio de luz que vem do Universo ser testemunha das últimas verdades?

Mas quem vivifica o seu interior, unindo suas forças psíquicas à centelha divina em si, esse participa da onisciência do espírito. E é deste "campo visual de Deus" que surgiram os escritos de Lorber, que tocam às últimas coisas e que são tanto ciência como religião. Assim, cada leitor de "O Sol Natural" pode lançar um olhar para o mundo maravilhoso que é medianeiro de vida para tudo que vive e respira em seu âmbito. Quão pobre é a moderna contemplação do mundo com seus inanimados corpos celestes e incandescentes bolas de gás no meio do glacial espaço cósmico! E quão arrogante é o homem para quem unicamente seu globo terrestre tem vida e é habitável...

Para estes pensamentos sombrios, o presente livro é como um raio de sol que dá luz e calor, e satisfaz tanto à razão como ao coração! O Sol como Mãe Universal, que reúne em si tudo o que é próprio de seus filhos cósmicos como vida parcial planetária. Morada de bilhões de homens solares cuja perfeição corresponde à sua radiante casa. Expressão viva do sagrado "número de criação SETE", que ganha forma nas sete cinturas habitacionais do Sol e nos sete corpos solares inte­riores. Medianeiro de todas as forças de Luz do Universo que ele recebe, e, servindo, passa adiante. Ele, cingido de uma aura de luz que cega nossos olhos e veda toda visão para o seu mundo.

Caracterizada por uma abundância de impulsos, ensina­mentos espírito-científicos e a solução de ardentes perguntas da humanidade, esta obra é uma dádiva do Eterno Pai que canta o "Cântico dos Cânticos" do Amor, da Sabedoria e da Onipotência do Criador.

Bietigheim, na primavera de 1956

Lorber-Gesellschaft e.V.

Bieügheim/Württemberg

EXPLICAÇÕES PARA A EDIÇÃO EM PORTUGUÊS DO LIVRO

"O SOL NATURAL"

"O SOL NATURAL" é certamente uma das mais estra­nhas obras de Jakob Lorber, pois está em total contraste com a visão do mundo e da ciência atuais que veem no Sol, como nas outras estrelas, apenas corpos celestes "mortos" e esferas de gás incandescente dentro do gélido espaço cósmico.

A verdade totalmente diferente não pode ser adivinhada por um cérebro humano; só o próprio Criador pôde revelá-la à humanidade. O profeta escolhido foi Jakob Lorber. - A edição da obra em português exige algumas explicações.

Conforme as informações genéricas iniciais, a superfície do Sol é dividida em uma larga Faixa Central na zona equa­torial - o verdadeiro "mundo solar" - e dos seus dois lados, em Sete Faixas Secundárias setentrionais e meridionais, que - ambas ou uma só - correspondem a um planeta.

No original alemão, a descrição das Faixas Secundárias é extremamente pormenorizada - ou também, em certos casos, bastante sucinta. O primeiro capítulo de cada Faixa Secundária foi sempre traduzido na íntegra; mas onde o texto sobre uma Faixa Secundária abrange vários capítulos, ele foi apresentado em forma de um "sumário" - alternativa tomada em concordância com a Editora Lorber na Alemanha para condensar explicações demais profusas (p.e. na exaustiva enumeração de indicações numéricas de elementos de construção etc.) e realçar assim o fluxo contínuo das infor­mações importantes.

O texto referente à Quinta Faixa Secundária, correspon­dente ao planeta SATURNO, porém, é infelizmente multo escasso, pois pressupõe o conhecimento do livro SATURNO, que não foi ainda traduzido para o Português.

Nas sexta e sétima Faixas Secundárias, referentes à URANO e MIRON (NETUNO), os capítulos sobre os respecti­vos pares de Faixas solares são precedidos pela descrição dos respectivos planetas (capítulo 44 para URANO, e capítulo 53 para MIRON (NETUNO).

No tempo do manuscrito de Lorber (1842), Urano era pouco conhecido e Netuno era totalmente desconhecido pela ciência.

Que a leitura desta obra seja para todos uma rica fonte de admiração e gratidão pelo Amor e a Sabedoria do Criador, que nos deu com o Sol tão maravilhosa "MÃE CÓSMICA"!

Jaime M. Murbõck

Rio de Janeiro, 29 de junho de 2000

Obs.: O Livro SATURNO foi recentemente traduzido para o Português.

Obs,: Essa ilustração representa a vista do exterior de uma habitação na Faixa Centrai do Sol. Foi tirada da parte Ilustrada da última (sexta) edição do livro. A Editora deve estas Ilustrações a um arquiteto que com seus desenhos quer dar uma ideia clara das edificações na Faixa Central do Sol, descritas no livro em todas as particularidades, facilitando assim ao leitor imaginar as formas de construção quase sempre desconhecidas na nossa Terra.

Altura da casa: 300 m.: diâmetro: 85 m. O círculo próximo à casa ê um terreno para cultivo de pequenos frutos; depois veem-se dois caminhos, separados entre si por uma sebe viva de trepadeiras frutíferas. O próximo círculo é um prado para uma espécie de ovelhas, fechado por uma circunvalação com repuxos. O último círculo é um campo de cereais para uma espécie de trigo: é limitado por uma grade.

1° CAPÍTULO

O SOL - COMO QUINTESSÊNCIA

DOS MUNDOS PLANETÁRIOS

Considerações gerais sobre seu SOLO e o crescimento das PLANTAS

1 - Não será necessário precisar aqui a posição desta estrela luminosa, como seria talvez o caso de uma outra estrela, dado que cada dia o faz para os olhos de qualquer um. Eis por que vamos fazer, e resolver, a nossa primeira pergunta: O que é o Sol? - Com a solução desta questão será fácil ordenar e explicar maravilhosamente todos os problemas.

Assim, repetimos a pergunta: O que é o Sol?

2 - Com respeito aos planetas que o rodeiam, o Sol é certamente uma estrela fixa, mas, para si mesmo, ele é nada mais do que um Planeta perfeito, pois, assim como a Terra com sua Lua anda em volta do Sol, também o Sol, com todos os planetas que o rodeiam, gira ao redor do corpo Solar Central que já conheceis. E esta viagem, que dura certamente mais tempo do que a da Terra ao redor do Sol, necessita quase 28.000 anos terrestres para completar sua grande órbita.

3 - Com isso, já sabemos agora que o Sol não é "puramente Sol"; antes, ele é um Planeta perfeito que, na proporção de sua grandeza de corpo planetário, e circunfluído de modo equivalente, com tanto mais luz do que cada um dos planetas muito menores que o circundam.

4 - Sendo assim o Sol propriamente um Planeta perfeito, deve certamente compreender em si, na mais perfeita medida, todos aqueles componentes planetários que se encontram, em potências muito diminutas, em todos os outros planetas que o rodeiam, tão menores frente a ele. Por essa razão, no Sol deve encontrar-se, em grande perfeição, aquilo que há em forma muito menor, e, portanto, também muito mais imperfeito, tanto nos planetas Mercúrio, Vênus, Terra com sua lua, em Marte, nos quatro pequenos planetas especiais Pallas, Ceres, Juno e Vesta, em Júpiter e suas quatro luas, em Saturno com seus anéis e sete luas, em Uranos e suas cinco luas, e em um outro planeta ainda mais distante com suas três luas, como, finalmente, em todos os doze milhões de cometas que, nas mais longínquas distâncias, giram ao redor deste Sol.

5 - Em suma, pode-se dizer que o Planeta perfeito do Sol e, em sentido natural, a perfeita quintessência de todos os seus filhos planetários; ou seja: neste Planeta perfeito encontra-se, do ponto de vista natural e no mais perfeito modo de vida, tudo o que há em qualquer planeta, lua e cometa. - Para melhor compreensão, vamos logo acrescentar alguns exemplos.

6 - O solo do vosso planeta é morto, duro, pedregoso e incapaz de produzir algo sem a luz do Sol. 0 solo do Sol, pelo contrário, é brando e suave, não pedregoso nem arenoso, mas é tão macio como a carne humana. Ou, para o entenderdes ainda melhor, é quase por toda parte elástico, de maneira que aquele que cair no chão nada sofrerá, pois seria como cair sobre almofadas cheias de ar. Mas, mesmo com essa consistência, o solo não é tão tenaz como vossa denominada goma elástica, mas é inteiramente fofo, isto é, elástico não apenas no todo, mas já nas suas mínimas partículas, que são, em si, minúsculos invólucros preenchidos com verdadeiro éter vital.

7 - Esse é também o caso com o solo do vosso planeta; mas os minúsculos invólucros são ásperos demais e não cedem ao sofrerem um golpe ou uma queda; antes, se comprimem ainda mais um contra o outro. E, quando se encontram por muitos anos estratificados, um ao lado ou sobre o outro, eles se agarram reciprocamente com tanta pertinácia que viram inteiramente pedras. E, neste estado, sua resistência é muito mais forte do que antes, quando se encontravam apenas ligeiramente justapostos. Por essa razão, a vegetação num planeta comum deve ser muito mais escassa do que no perfeito Planeta solar.

8 - Pois, num corpo planetário, como, por exemplo, vossa Terra, uma semente mais grossa contendo um germe vivo deve primeiro decompor-se no solo, forçando por este ato os minúsculos invólucros de terra que o circundam a apodrecer também, ou melhor, a se tornarem moles, para que o germe vivo libertado possa logo sugar destes macios invólucros de terra o nutrimento etéreo de seu agrado. Mas, logo depois, deve dar impulso a um grande número de radículas para penetrar entre os invólucros de terra, amaciando-os com isso e, em seguida, esmagando-os persistentemente no seu volu­me, a fim de garantir-se o necessário nutrimento para seu futuro crescimento vegetativo.

9 - Será que tal é necessário também sobre o perfeito Planeta Solar? - Vede, lá há uma grande diferença. Dado que o solo deste Planeta é tão macio, delicado e suave, quaisquer partes pertencentes a uma planta se arraigam sem semente diretamente no próprio solo, espigam sobre este nas incontáveis, variadíssimas e utilíssimas plantas, cuja beleza, qualidade e utilidade superam tudo que se pode imaginar nos outros planetas, tanto mais quanto o Sol excede com sua luz e grandeza todos estes seus filhos planetários.

10 - No Sol, nenhuma árvore de qualquer espécie, nem arbusto, nem planta tem raízes e sementes, mas tudo nasce e cresce lá quase da mesma maneira como junto de vós o musgo primitivo o mofo e os fungos. Mas, no Sol, estas plantas não são tão passageiras e de breve duração como as do vosso planeta, pois onde quer que tais forças fazem crescer algo, o crescimento continua para sempre. E, quando estas plantas são de certa maneira cortadas pelos habitantes naturais do Sol, elas não morrem, mas a árvore abatida ou a planta cortada se renovam dentro em breve. Mas, como suas raízes não são de grossa matéria, e sim semelhantes a veias etéreas de fogo, a força vegetativa se manifesta de novo depois de a planta ter sido cortada, e cresce em novo esplendor e magnificência.

11 - Alguém poderia então dizer: Mas se as plantas deste modo não podem ser extirpadas, não invadirão com o tempo tão fortemente todo o esmago deste Planeta, impedindo qualquer outro ser livre de poder ainda subsistir?

12 - Mas esse não e absolutamente o caso, pois os homens que vivem conforme a natureza deste Planeta perfeito também possuem uma força de vontade multo superior à força vege­tativa do solo solar. Por este motivo, no Sol não cresce nenhuma árvore, nem arbusto, nem planta, nem erva, sem a vontade humana. A vontade humana lá é, pois, a única semente, infinitamente variada e heterogênea, de toda vegetação neste Planeta perfeito. Por exemplo, uma árvore ou uma planta só cresce naquele lugar do solo onde um habitante solar o quer e como quer que seja formada. Eis por que neste Planeta perfeito não existe nenhuma espécie constantemente uniforme e duradoura em todo o reino vegetal, mas essa se orienta sempre conforme a respectiva vontade de um homem. - Mas, quando um homem fez surgir uma árvore ou planta do solo pela sua vontade, nenhum outro pode destruí-la, a não ser que tivesse sido autorizado pelo seu criador.

13 - Por esta razão, no solo solar existe uma variedade deveras infinita no reino vegetal. Já no terreno de dois vizinhos não se encontram duas plantas da mesma espécie, mas cada um tira do solo que habita também plantas diversas. E mesmo que alguém de vos quisesse percorrer, por muitos milênios, as amplas áreas do Planeta solar, descobriria, sem dúvida, sempre novas, maravilhosas espécies e formas vegetais; mas não encontraria, durante esta longa viagem, duas formas que se assemelhassem perfeitamente. -Vede, deste exemplo podeis, já de antemão, ter uma pequena ideia da razão por que o Sol é um Planeta perfeito.

Ainda que sobre cada corpo celeste, ou planeta menor, se encontre algo semelhante, comparado com o Sol seria sempre imperfeito.

14 - Também sobre a vossa Terra, plantas já existentes podem ser modificadas e enobrecidas, mas de maneira muito mais penosa e restrita. - Somente no espírito semelhante perfeição é perceptível também nos habitantes de outros planetas, como, por exemplo, os frutos da fantasia poética, seja na linguagem dos conceitos a serem exprimidos por palavras, seja na linguagem da escultura, que é expressa por imagens correspondentes, com auxílio das cores ou de outros meios adequados para isso; mas, especialmente por meio da linguagem dos sons, na qual um compositor de música pode desenvolver a máxima variedade, se é de espírito completamente desperto neste setor.

Mas a despeito de tudo isso, essa aparente perfeição nos planetas é apenas uma cópia fraca de tudo aquilo que há, sob qualquer ponto de vista imaginável, no Planeta perfeito do Sol.

15 - Que o Sol seja um Planeta perfeito, devendo assim abarcar tudo que é planetário, pode ser deduzido do fato de que tudo que ha nos planetas vem a ser formado pela luz irradiante do Sol. A diferença entre o Planeta perfeito e os imperfeitos só se torna evidente pelo fato de que, nos plane­tas imperfeitos, todas as formas que provém da luz do Sol são necessárias e determinadas, dificilmente alteráveis, e podendo até ser enumeradas; ao passo que, no perfeito Planeta solar, todas as formas são livres, não tendo outro laço que o da vontade do homem que vive lá, sendo, portanto, incontáveis e infinitamente variadas.

16 - De vez em quando, pode acontecer que, até nos planetas imperfeitos, precisamente pela influência do Sol, certos seres de formas antigas se extinguem, surgindo no seu lugar seres totalmente diferentes. Porém, isso sucede raramente nos planetas, e o período de mutação e transição exige espaço bem maior que no perfeito Planeta solar.

17 - Assim, no vosso corpo terrestre, já desapareceram milhares de espécies de árvores, arbustos, plantas e gramíneas, das quais se encontram, cá e lá, ainda traços entre estratos de pedra. Também várias espécies de árvores gigantescas primitivas se extinguiram, e sua madeira encontra-se agora como preto carvão de pedra. Da mesma maneira, muitos gigantescos animais desapareceram totalmente, como, por exemplo, o mamute e grande quantidade dos grandes anfíbios alados, conhecidos ainda sob o nome de sáurios.

18 - Assim, desapareceram até os corpos colossais de certos homens que, nos tempos primitivos, eram conhecidos sob o nome de gigantes. Do mesmo modo, desapareceram muitas grandes espécies de aves, como também muitos peixes que agora não se encontram mais entre todos os conhecidos - com raras exceções em pedras onde às vezes aparecem, quanto a sua forma, muito bem conservados.

19 - Mas, como já foi dito, todas estas mutações em um planeta imperfeito sucedem muito devagar e não se afastam tanto das formas subsequentes como as continuas modificações no perfeito Planeta solar.

20 - E é exatamente por esta razão que o Sol pode ser chamado um perfeito Planeta, porque tudo aquilo que existe em todos os planetas se encontra também no seu solo, no vivo sentido mais perfeito, e constantemente mutável na máxima variedade.

De tudo que foi dito até agora, deve-se tornar evidente que o Sol é deveras um Planeta perfeito por ser a quintessência de tudo aquilo que constitui um planeta em todas as suas partes, a começar do seu centro até a tudo que aparece na sua superfície. Pois, senão, como poderiam os raios do Sol fazer surgir coisas semelhantes nos corpos dos planetas que o circundam?

2° CAPÍTULO

O HOMEM SOLAR - EM GERAL

1 - Pois bem, sabemos agora que o SOL é um Planeta perfeito. Por isso, não nos demoraremos mais com comparações, mas nos transferiremos logo ao Sol e o contemplaremos de um polo ao outro, não na ordem que se usa em um planeta imperfeito, mas justamente em sentido contrario.

2 - Perguntareis: E por que? - Não Me é difícil responder. Até vós mesmos deveríeis achar a resposta, se vosso espírito já se tivesse desabituado de sua preguiça. - Eis a razão: Nos planetas imperfeitos tudo se desenvolve para cima até ao homem, e o homem forma o último, mais perfeito degrau das coisas e dos seres. - Mas, no Sol, como Planeta perfeito, é o homem que dá início a linha dos seres, como uma base dos mesmos - dado que todos eles, sem exceção, têm nele sua origem. E precisamente, segundo a ordem da vontade dele, as mais baixas e últimas potências serão então transferidas, pelos raios da luz solar, para os outros planetas, onde começam o seu caminho, juntamente com os animaizinhos e seres atômicos como também as delicadíssimas plantinhas de mofo etéreas, desconhecidas até hoje dos naturalistas, progredindo então na subida, como já sabeis.

3 - A luz do que foi dito, vós sois assim, sob certo ponto de vista, filhos dos homens solares. Mas, no que diz respeito ao espírito que habita em vós e que, em verdade, é unicamente o portador da vida, vós, sendo exteriormente filhos dos homens solares, sois, pelo inverso, quase seus genitores. Pois o espírito imortal que há em vós Me é mais próximo do que o espírito dos homens solares, pois já esta no caminho de volta, ao passo que o dos homens solares e comparável a quem começa seu caminho.

4 - Isso vos levará à necessária pergunta: Será que o espírito dos homens solares também deve transformar-se e se tornar um espírito no homem dos planetas? Vede, isso é certamente um grande mistério e ninguém o pressentiu até agora. Ainda assim, quero levar-vos a sua compreensão.

5 - Vede, vós sabeis que todos os planetas, conforme a ordem estabelecida, tiveram sua origem primeiro no Sol - assim como o Sol originou-se dos sóis centrais básicos e fundamentais. Mas também sabeis, através de varias comunicações, o que é, no fundo, toda a matéria de um planeta, isto é, nada mais do que a expressão visível de forças primárias, ou espíritos, aprisionados. Mas, de onde chegaram eles?

6 - Se o planeta inteiro teve a sua origem no Sol, é lógico que seu próprio conteúdo o tenha tido também, uma vez que o conteúdo, assim como o próprio planeta, são, até um átomo, a mesma coisa. Só falta então vos informar de que maneira um planeta proveio - ou ainda provém às vezes - do corpo solar. Cientes disso, ser-vos-á evidente a sorte que aguarda muitos espíritos dos homens solares.

7 - Para que possais compreender isso de maneira mais perfeita, mister é mostrar-vos primeiro um pouco a estrutura física do próprio Sol.

8 - O Sol, como corpo planetário, é constituído da seguinte maneira: Ele consiste de sete sóis, sendo que sempre um menor esta dentro de um maior, como uma bola ôca dentro de outra. E somente o mais interno, por assim dizer o coração do Planeta solar, é - embora também orgânico - compacto da sua superfície ate o seu centre

9 - Todos estes sete sóis são, em todas as partes, habitados. Por esta razão, encontra-se também entre cada sol um espaço livre de uma, duas e ate três mil milhas, razão por que cada um dos sóis internos é perfeitamente habitável.

10 - É verdade que também os planetas imperfeitos possuem constituição semelhante, mas, naturalmente, de manei­ra muito mais incompleta no que diz respeito ao número e à estrutura.

11 - Ora, o perfeito Planeta do Sol, dado o seu extraordinário espaço, é apto para uma prodigiosa quantidade de habitantes. Não podeis, portanto, espantar-vos se vos digo que os homens solares, todos somados, ocupam volume mil vezes superior ao de todos os planetas, luas e cometas que orbitam ao redor do Sol, e isso como se o volume corpóreo dos homens solares não fosse, em nada, maior que o volume de um habitante de vossa Terra.

12 - Logo mais chegaremos ao ponto desejado; precisamos apenas saber, primeiro, de que consiste efetivamente a matéria do corpo solar e, por conseguinte, a essência total de seus homens.

13 - Em verdade, a matéria do corpo solar e, quanto ao seu exterior, um órgão anímico mais compacto, no qual inúmeros espíritos são mantidos até certo ponto em prisão não muito dura. - Mas, no corpo solar, foi criado, pela Graça do Meu Amor, ainda um segundo corpo de substância mais compacta, que se presta bem para acolher estes espíritos aprisiona­dos na matéria solar. Quando então este corpo, ou melhor, um real homem solar é procriado pelo ato de vontade de um homem já existente, logo em seguida também um espírito é acolhido por este homem assim gerado, para enfrentar uma ulterior prova de liberdade. Após o acolhimento do espírito, que ocorre sempre logo após a procriação, o novo homem solar já existe perfeitamente vivo.

Então são-lhe comunicadas as condições estabelecidas pela Minha Vontade e indicadas as perfeições de sua própria vontade, graças à qual ele dispõe de verdadeira força criativa; e ele então só precisa querer firmemente, e o solo do Sol lhe dá aquilo que ele quer.

14 - Mas, além desta perfeição da vontade, o homem solar é também informado da Ordem de Minha Vontade, e igualmente do Mandamento ratificado que ele, pela perfeita força criadora de sua vontade, não deve absolutamente transgredir a Ordem Eterna de Minha Vontade. - Mas dada à grande liberdade da própria vontade, é óbvio que ocorrem também muitíssimas infrações contra a Minha Vontade, pois quanto mais a vontade é livre e não determinada, tanto mais lhe é também fácil e possível transgredir as barreiras legais de Minha Vontade.

3° CAPÍTULO

OS CAMINHOS DE DESENVOLVIMENTO DOS HOMENS SOLARES

- CONTRÁRIOS OU CONFORMES A ORDEM DIVINA -

1 - Ora, o que acontece com aqueles que não observaram a Lei da Ordem da Minha Vontade? - Estes abandonam então seus corpos e vão para outra esfera solar, e precisamente para o primeiro Sol Interno, o mais próximo, onde são acolhidos adequadamente preparados, - e isso com plena consciência do seu ser precedente, a fim de que percebam tratar-se com tal estado certamente de um castigo merecido, por eles terem agido contra a Lei viva de Minha Vontade. De resto, eles gozam também aqui da sua perfeita, poderosa livre vontade, podendo agir como antes.

Saindo também aqui da Minha Ordem, são relegados de novo para um Sol mais interno e - mantendo ainda a infração de Minha Ordem, vão para o Sol mais intrínseco, que e também o mais material e mais sólido.

2 - Aqueles que se adaptam à Ordem sobem de novo a uma mais alta perfeição. - Caso contrario, são aprisionados solidamente e, como um conglomerado de espíritos, expulsos do corpo solar para o vasto espaço dos planetas e cometas.

3 - Nesta ocasião, lançai um olhar retrospectivo na pequena obra "A Mosca"; lá vereis o que acontecera com o tempo com estas potências espirituais expulsas. Quando estes primeiros esboços planetários. em si ainda potências espirituais muito pouco consolidadas, se voltam à Ordem graças à consciência de que dispõem ainda, ocorre as vezes que, na sua órbita regressiva, são de novo acolhidos pelo Sol para seu ulterior aperfeiçoamento. Caso contrario, são condenados a girar, de maneira desordenada e muito longa, como cometas, sendo aprisionados cada vez mais obstinadamente, e, finalmente, obrigados a entrar na Ordem assentada de um planeta ou quiçá também de uma lua.

4 - Agora já temos o bastante para uma elucidação preliminar, resultando dela de que espírito vos mesmos sois filhos, e tornando-se evidente serdes, de certo modo, filhos dos homens solares.

5 - Mas certamente não vos será difícil adivinhar de que maneira podeis ser também seus pais. Digo-vos: Podeis sê-lo em duplo sentido, sendo este o primeiro: Em caso de morte prematura de vossos filhos e, sendo seus espíritos de índole melhor e de vontade dócil, acontece que eles voltam mais cedo - assim como ouvistes há pouco que vários conglomerados de espíritos expulsos do Sol, conformando-se sua vontade na primeira forma de um cometa, são de novo acolhidos pelo Sol, sem passar por uma dura, completa maturação planetária.

6 - Neste caso, já sois, em primeiro lugar, pais de tais filhos voltados prematuramente ao Sol. - Em segundo lugar, podeis ser pais, num sentido muito mais perfeito, da inteira humanidade solar, e isso, se podeis dizer com Paulo: "Agora não vivo mais eu, mas Cristo vive em mini!"

7 - Vede, esta aparente contradição vos convencerá agora, e também podereis assim perceber, de maneira mais perfeita, o que quer dizer: "Pai nosso que estás no Céu, que Teu Nome seja santificado e que Tua Vontade Se faça!" Pois, onde quer que se cumpre a Vontade do Pai, ou quando, ao menos, predomina a disposição da vontade de cumpri-la, então não é necessário que um ser tenha alcançado a plena maturidade no campo planetário de grossa matéria a fim de regressar ao reino da verdadeira vida, ou poder dizer em espírito: "Que venha o Teu Reino!"

8 - Se ponderardes um pouco sobre o que foi dito até agora, não o considerareis mais como algo injusto, quando virdes cair das arvores muitas flores e frutos ainda imaturos. Se quereis saber por que e para onde, dirigi só um olhar para o Sol, e este vos dirá imediatamente por que e para onde; pois um planeta não precisa tornar-se sempre plenamente maduro em sua matéria para espiritualmente voltar de novo de onde saiu. - Brevemente teremos a visão de outras condições vigentes em nosso planeta perfeito do Sol.

9 - É conveniente fazer aqui a seguinte pergunta: "O que acontece com aqueles espíritos do Sol que, no uso de sua vontade perfeitamente livre, se comportaram sempre de acordo com a Minha Vontade? - E há muitos de tais perfeitos espíritos no Sol que não precisam suportar uma ulterior degradação, para depois subir com fadiga, de um degrau inferior, de novo a perfeição?"

10 - Estes espíritos já aperfeiçoados no Sol - e são muitos! - não ficam no Sol depois do seu aperfeiçoamento, mas sobem para um Sol Central mais elevado, do qual outrora saíram juntamente com o Sol. Lá são primeiro corroborados na humildade e sobem em seguida mais alto ainda ate um Sol Central Primordial nas profundezas do Universo, que supera o precedente inefavelmente em grandeza, luz e magnificência.

11 - Quando estes espíritos, provenientes do Sol preceden­te, chegam a este Segundo Sol Central Primordial, se sentem - apesar de inteiramente plenos de luz incandescida - como se fossem quase totalmente sombrios e sem luz. Por isso, eles são novamente levados de degrau em degrau e preenchidos de uma luz tão intensa pelos espíritos daquele lugar, que os capacita a subir novamente para um Sol Central ainda maior, de uma grandeza quase infinita. Este Sol Central é, ao mesmo tempo, a última escola material preparatória para o Céu verdadeiro, que é a pátria originária de todos os espíritos perfeitos.

Mas, neste ultimo Sol Central, que é simultaneamente o Sol Central de um Invólucro Globular Universal, ha muitíssimos degraus pelos quais os espíritos revestidos de corpos etéreos devem passar, antes de se qualificarem para a acolhida no mundo espiritual do Sol que se chama Céu. - Com poucas palavras, este e o caminho a percorrer pelos espíritos perfeitos no Sol.

12 - Ora, se alguém quisesse perguntar: Por que, pois, um caminho tão longo? - Aqui, a resposta já esta pronta; pois tais espíritos também já fizeram este caminho no sentido descendente, partindo do íntimo e máximo Sol Central mencionado por último, absorvendo em cada degrau infe­rior solar mais elementos materiais. Por esta mesma razão, eles devem refazer agora este percurso inverso para nele se desfazerem, de degrau em degrau, do último átomo material, até se tornarem aptos para passar perfeitamente de novo ao verdadeiro, puríssimo, celestial mundo solar para todas as eternidades das eternidades.

13 - De posse desse conhecimento, vejo em vós novamente uma pergunta oculta, que é a seguinte: "Devem também os espíritos dos homens dos planetas percorrer este caminho, de certo modo luminoso, mas também tão longo, antes de chegar ao verdadeiro Céu?"

14 - Esta pergunta não pode ser respondida nem com um sim, nem com um não - se se quisesse receber logo uma resposta de caráter geral; - pois ela depende de três circunstâncias: Crianças e aqueles que, depois do falecimento na Terra, precisam ainda de uma purificação ulterior devem, evidentemente, passar por este caminho; assim também os grandes homens letrados do mundo, cheios de presunção e egoística soberba, devem, na maioria dos casos, também percorrer este caminho, e certas vezes de maneira muito mais circunstanciada; pois, antes de alcançar o Sol, devem, a partir da Terra, experimentar nos diversos outros planetas, uma escola preparatória para fins de aperfeiçoamento.

15- Mas, entre as crianças falecidas prematuramente, que são imediatamente acolhidas no Sol, e os homens mencionados depois, que só mais tarde são acolhidos na escola do Sol, existe a diferença que os espíritos das crianças educadas no Sol são logo admitidos a uma ou outra companhia de anjos do próprio, verdadeiro Céu, ao passo que os homens amadurecidos nos planetas devem, sem exceção, terminar todo o caminho prescrito.

16 - Aqueles, porém, que, sobretudo nesta Terra, passaram ao puro amor a Mim e que por este amor se desfizeram de todo o mundano e material, querendo somente a Mim, esses abreviaram assim muitíssimo o longo caminho: pois eles são verdadeiramente Meus filhos, e verdadeiramente Meus irmãos e Minhas irmãs; por isso, depois de despir-se, com alegria, do seu corpo material, eles vêm logo inteiramente a Mim - sendo que aqueles que são todo amor a Mim chegam imediatamente ao supremo, altíssimo Céu onde eu Mesmo habito essencialmente.

17 - Eis, pois, a diferença que há com os espíritos principalmente deste planeta terrestre após o despojar do corpo. Algo semelhante, ainda que muito mais raramente, pode acontecer com os habitantes do planeta Júpiter, como também - mas ainda mais raramente - com os moradores dos planetas Saturno, Urano, e do terceiro, desconhecido planeta. Todavia, os espíritos de nenhum destes últimos planetas vem logo ao supremo Céu, e sim apenas ao primeiro Céu de Sabedoria.

18 - Dado que agora vos foram revelados também estes caminhos, e que as condições exteriores do Sol vos são conhecidas, podemos proceder a organização interna do Sol e a admiração de seus esplendores, e lá vereis coisas que jamais poderíeis ter imaginado. - Mas, para que esta contemplação não sofra cedo demais uma interrupção, vamos reservar tudo isso para as próximas comunicações; e assim, basta por hoje!

4° CAPÍTULO

ENSINAMENTO SOBRE A LUZ SOLAR.

A ATMOSFERA COMO CAPA DE LUZ

1 - Na contemplação do Sol, vamos examinar primeiramente a sua capa de luz, já que o perfeito Planeta Solar assume o seu caráter de Sol graças a este seu invólucro externo.

2 - O que é, pois, esta capa de luz, considerada do ponto de vista natural? Esta capa de luz é a genuína atmosfera que circunda o Planeta Solar propriamente dito. Ela é tão esplendorosa somente na sua extrema superfície, ao passo que, em direção para o próprio Planeta, ela se torna cada vez mais obscura. Apesar disso, do próprio Planeta Solar é possível olhar, sem impedimento, através desta atmosfera para o livre espaço sideral, assim como se pode de qualquer outro plane­ta. E de nenhum planeta é possível ver o verdadeiro corpo solar através desta capa de luz, a qual, olhando do próprio Planeta Solar, é, no mais alto grau, transparente.

3 - Naturalmente perguntareis: Ora, como é possível olhar sem impedimento, através desta massa de luz das mais intensas, desde o próprio Planeta Solar para distâncias infinitamente vastas, enquanto é absolutamente impossível olhar de fora, através desta mesma massa de luz, para o próprio Planeta Solar envolvido por ela?

4 - A causa deste fenômeno é muito simples e mais evidente do que pensaríeis. Um simples exemplo da natureza, que vos é bem conhecido, vos explicara o assunto plenamente. Suponhamos que vos encontrais diante da janela de uma casa qualquer, onde os raios do Sol são refletidos da vidraça para os vossos olhos. O que vedes lá? Nada mais do que o ofuscante reflexo do Sol da janela, que, para vós, é um obstáculo invencível para descobrirdes o que se acha atrás dela. Será que este obstáculo existe também para quem está atrás da janela para olhar fora dela, e observar, de modo muito preciso, tudo que se encontra perto e longe fora da janela, contanto que o seu vidro esteja perfeitamente limpo? Oh não, de maneira nenhuma! Enquanto que vós, por fora da janela, só veríeis a reluzente vidraça, a pessoa dentro da janela poderá comodamente contar os vossos cabelos.

5 - Vede, exatamente esse é também o caso com o Sol, uma vez que seu característico esplendor nada mais é senão, em primeiro lugar, o acolhimento de todos os raios de um bilhão de sois que se refletem quase ao infinito, cada um por si, nesta imensa superfície da atmosfera solar que serve de espelho. Da mesma maneira, também o próprio Sol se reflete inúmeras vezes em outro planeta, tanto nos objetos da terra firme, como particularmente na superfície do mar, e, sobretudo, na continua superfície atmosférica que envolve um planeta.

6 - Aqui perguntareis e direis: Por que, pois, o nosso planeta, a Terra, como também vários outros planetas que vemos, não são também circundados pelo forte esplendor de luz semelhante ao Sol, visto que cada planeta, igual ao Sol, se encontra no meio de todos estes bilhões de sois? E, se fosse assim, também a Lua deveria brilhar com uma luz tão forte como o Sol, desde que ela pode também acolher os raios dos mesmos bilhões de sois?

7 - Para que possais convencer-vos, clara e completamente, de que esta asserção não tem nenhum cabimento, dar-vos-ei outro exemplo para vos ajudar. Tomai várias bolinhas de vidro, das quais a menor não seja maior do que um grande grão de areia; depois outra, do tamanho de um grão de cânhamo; mais outra, do tamanho de uma ervilha; outra ainda como uma avelã; mais uma como uma verdadeira noz; uma como pequena maçã; outra igual a um duplo punho; uma da grandeza de uma cabeça humana e, assim por diante, até tamanho de uma bola com diâmetro de uma toesa (1,9 m). - Colocai todas estas bolas num lugar iluminado pelo Sol e observai depois como cada uma destas bolas de vidro reflete, em tamanho diferente, a imagem do Sol. Sobre a bolinha menor mal distinguireis um pontinho de luz; na segunda, reparareis um pontinho um pouco mais luminoso; na terceira, a fagulha já vos tocara mais sensivelmente no olho. Na quarta bolinha, a imagem do Sol terá, para os vossos olhos, já um diâmetro francamente notável, que não podereis mirar por muito tempo. Nas ulteriores bolinhas a luz se tornará mais ofuscante e o diâmetro da imagem reduzida do Sol será muito mais considerável. Se continuardes com esta observação até a bola do tamanho de uma cabeça humana, a imagem do Sol já terá um diâmetro de uma grande lentilha, e não sereis mais capazes de contemplá-la a olho nu. Mas, na ultima bola, a bola maior, a imagem do Sol já terá um diâmetro de uma polegada, e estareis ainda menos capacitados de mirá-la a olho nu.

8 - Vede agora, do mesmo modo que neste exemplo, assim também sucede com os diversos corpos celestes. Aquelas estrelas fixas, ou sois mais distantes que podeis avistar da vossa Terra apenas como pontinhos brilhantes - principalmente aqueles que conheceis como estrelas fixas de primeira, segunda e terceira grandeza - estes mesmos pontinhos aparecem aos habitantes de Júpiter já tão grandes como vossas moedas de prata de vinte, de dez e de cinco Kreutzer. Mas por que?

9 - Porque o planeta Júpiter é uma esfera quase quatro mil vezes maior que vossa Terra, devendo, por isso, também receber a imagem do distante Sol necessariamente numa escala maior do que vosso planeta terrestre, muito menor; pela mesma razão, Júpiter, apesar de sua distância consideravelmente maior do Sol, apresenta uma luz muito mais intensa do que o planeta Marte, apesar de este se encontrar muito mais próximo do Sol, assim como também vossa própria Terra.

10 - Ora, considerando que o Sol supera mais de um milhão de vezes o tamanho de vossa Terra, é evidente que todos os sois deste "Universo de Sois", por mais distantes que sejam, devem provocar sobre a vasta atmosfera deste Sol uma considerável imagem luminosa. Tanto, na verdade, que nela até os sóis de longínquas "Regiões de Sóis Planetários" - que, na vossa Terra, tornam-se visíveis apenas como nebulosas, até para os olhos munidos de instrumentos dos mais precisos - alcançam um diâmetro de 1, 2 até 3 polegadas e brilham tão intensamente que, por causa do seu extremo fulgor, não poderíeis contemplar a sua imagem, nem por um segundo, a olho nu.

11 - Imaginai agora as imagens de sóis mais próximos, que não raramente ocupam uma área de um diâmetro de cem até mil milhas quadradas; multiplicai estas incontáveis imagens de luz solar sobre a ampla superfície da esfera atmosférica do Sol, e atingireis assim tal intensidade de luz, diante da qual todo o vosso ânimo estremecerá.

12 - Vede, esta é a verdadeira origem da luz solar que ilumina diariamente o vosso planeta. Este esclarecimento vos elucidará necessariamente sobre o que foi dito antes, e podereis compreender facilmente como é possível que os habitantes do Planeta Solar vejam perfeitamente através da aparente capa de luz que o circunda, ao passo que, para qualquer olho físico, é absolutamente impossível olhar de fora para dentro dela.

13 - Não obstante sabermos estas coisas, vejo em vos ainda a seguinte pergunta oculta: Esta teoria do esplendor da luz solar que nos foi exposta parece ser realmente exata - isto é, que os sóis, no seu conjunto, se iluminam assim. Porém, se cada sol fulge desta maneira, pergunta-se: De onde é que todos eles juntos adquirem a luz, se cada um a recebe apenas pelo acolhimento dos raios provenientes de outros sois; o que significaria, com outras palavras, que nenhum sol possui luz por si mesmo, mas que cada um brilha apenas com um reflexo da luz provinda de outros sois. - De onde, pois, estes outros sois recebem sua luz? Porque, se a teoria da luz acima exposta é realmente exata, então cada sol é, por si mesmo, totalmente obscuro. De onde vem, pois, o reflexo dos raios?

14 - Eis uma ótima pergunta. - Mas, visto que sua resposta, para a vossa compreensão, deve ser algo circunstanciada, ela será dada só na próxima comunicação. Por isso, basta por hoje!

5° CAPÍTULO

O SOL CENTRAL PRINCIPAL BRILHA

DE LUZ PRÓPRIA. O REVÉRBERO DOS SÓIS SECUNDÁRIOS

1 - De que modo todos os sóis, em conjunto, como também cada um de per si, se tornam tão luminosos que a luz de um sol se reflete na superfície da atmosfera de outro sol, vos será também revelado através de um exemplo facilmente compreensível. Imaginai uma sala cujas paredes fossem de espelhos polidíssimos (já cobertos pela liga metálica), formando, assim, um único espelho perfeitamente limpo. Imaginai ainda que esta sala fosse, internamente, perfeitamente redonda, sendo propriamente uma grande esfera oca. Guarnecei agora esta sala, ou melhor, esta esfera oca internamente refletora, com muitas esferas grandes e pequenas de vidro ou metal, polidas de modo limpidíssimo. Colocai, no meio exato desta sala oca, um lustre irradiando uma forte luz. Observai agora todas as pequenas esferas polidas penduradas nesta sala oca, e vereis que todas elas, sem exceção, são iluminadas de todos os lados como se fossem corpos geradores da própria luz. -De onde procede isso?

2 - É fácil compreendê-lo. As paredes espelhantes refletem, de todos os lados, a luz - não debilitada, mas acumulada e potenciada - para o lustre do qual saíra. Deste modo, todas as esferas suspensas na sala oca são iluminadas de todos os lados e de maneira múltipla: primeiro, pela luz realmente autônoma do lustre; em seguida, pela luz refletida das pare­des espelhantes, as quais, somadas, formam um continuo espelho côncavo cuja distância se encontra exatamente no centro do seu próprio espaço. E, terceiro, estas esferas livremente suspensas são iluminadas pelo seu reflexo recíproco e o reflexo da luz por elas acolhida, a qual e igualmente recebida e de novo refletida pelas paredes espelhantes; e, finalmente, ainda pelo recíproco reflexo geral da luz das paredes do espelho para as paredes opostas a ela.

3 - Esta imagem é mais que suficiente para responder a vossa pergunta; pois, assim como a resplandecência da luz esta em proporção com a nossa esfera oca, assim também corresponde ela à grande realidade cósmica. - Imaginai, no lugar da grande esfera dos espelhos, o conhecido Invólucro Globular Universal que consiste em seu envolvimento - infinito no vosso conceito - de uma espécie de massa etérea de água. E imaginai então, no meio do Invólucro Globular Uni­versal, o Sol Central de uma grandeza realmente infinita para vossos conceitos, que, nas suas áreas infinitamente vastas, e circundado de chamas de fogo de eterna luminosidade intensíssima (provenientes dos espíritos que aqui começam a sua purificação, ou, regressando, a completam), e tereis tudo que é necessário para uma resposta completa a nossa pergunta inicial. - A luz deste grande Sol Central penetra até as paredes deste Invólucro Globular Universal, e de lá é reverberada através dos Espaços e "Regiões de Sóis Planetários", infinitamente vastos para os vossos conceitos. Mas, por mais que tudo isso seja vasto e grande para vós, para os Meus Olhos é como se tomásseis um grão de areia em vossa mão para jogar com ele.

4 - Foi-vos demonstrado, assim, que todos os sóis podem, devido a sua vasta atmosfera, receber na superfície desta a imagem de um outro sol, e refleti-la do mesmo modo como um espelho recebe e reflete a luz. Compreendereis, assim, tanto mais, o grande esplendor do Sol, como sabeis que dentro de um tal "Invólucro Globular Universal" se encontra um lustre solar imenso para o vosso conceito, cuja luz própria penetra ate as paredes do "Invólucro Globular Universal", iluminando, assim, já a metade de cada Sol. Mas, quando a luz e reverberada das paredes exteriores, também a outra metade dos sois é completamente iluminada; e, quando assim todos os sóis de um "Invólucro Globular Universal" são devidamente iluminados, então eles se iluminam ainda, uns aos outros de modo inumerável.

5 - Pensando um pouco de modo ordenado, ser-vos-á compreensível, com toda clareza, de onde um sol recebe sua forte luz.

6 - Além disso, a luminosidade de cada sol torna-se ainda mais evidente se vos digo que cada sol é dotado ainda, por si mesmo, de luz própria que provem dos espíritos que habitam nele. Mas esta luz não é, nem de longe, tão imensa como a que avistais no Sol; antes, esta luz própria serve apenas para capacitar a superfície da atmosfera do corpo solar para este acolher - e depois irradiar de novo -, de modo mais vivo e perfeito, a luz do Sol Central, e aquela provinda das paredes do "Invólucro Globular Universal", bem como as irradiações de outros sois. Por esta razão, há também, era cada corpo solar, grande número de assim chamados vulcões, principalmente na região do seu equador.

Quanto a estes vulcões, que muitas vezes aparecem ao olho armado (com instrumento que auxilia a visão) como uma mancha preta, e que ajudam a atmosfera do Sol a manter-se sempre apta para acolher a luz, vos será explicado na próxima comunicação.

6° CAPÍTULO

O INVÓLUCRO ETÉREO ABARCANDO OS CORPOS CELESTES E SEUS SISTEMAS.

UM "INVÓLUCRO GLOBULAR UNIVERSAL",

A MAIOR TOTALIDADE DE CORPOS CELESTES.

1 - Após sabermos de onde os sóis recebem a sua luz, e como eles a transmitem por sua vez, mais de um cismador poderia dizer: Quanto a mim, nada tenho a opor a esta hipótese da luz do Sol; ela é aceitável e pode estar certa. Todavia, é preciso mostrar de onde o referido Sol Central Principal recebe a sua característica luz flamejante. E, sobretudo, em que consiste a fulgência destas supostas chamas? De onde vêm elas? Qual é, no caso, o combustível eterno que nunca pode ser consumido por chamas que ardem com tão intensa violência?

2 - Vede, são perguntas válidas; mas, no fundo, há uma muito mais importante ainda que alguém pode proferir: Apesar de toda essa exposição ter caráter excitante, continua muito problemático se se deve efetivamente admitir a existência de um Invólucro Globular Universal, e se nele arde realmente um Sol Central extremamente grande. Se isso, como pressuposto, pode ser comprovado, então nós. como naturalistas e astrônomos, estamos dispostos a aceitar esta teoria. Mas. enquanto sua veracidade não puder ser provada, toda essa hipótese de iluminação terá que ser considerada por nós apenas como produto, bem-sucedido e simpático, de uma fantasia poética.

3 - Como vedes, temos aqui, quase literalmente, todas as objeções que podemos encontrar pelo caminho natural. Para que estes cismadores não tenham que dirigir-se ao autor desta exposição para solicitar-lhe as provas por eles exigidas, mas, pelo contrário, a fim de que eles possam encontrar já aqui, de modo comprovado, aquilo que puseram em dúvida, vamos logo tomar posição a respeito de tudo isso, de maneira bem sensata.

4 - Quanto ao Invólucro Globular Universal, ele tem inúmeras correspondências nas criaturas mínimas, como num planeta, num Sol, em suma: em tudo aquilo que queirais observar. Existe algo cujas inúmeras partes que o compõem não sejam envolvidas por alguma casca, córtice ou pele?

5 - Observai o olho de um homem ou de um animal. Ele corresponde perfeitamente a um Invólucro Globular Univer­sal em cujo centro se encontra igualmente a pupila de cristal que, em primeiro lugar, especialmente em muitos animais, possui luz própria e que acolhe a luz de outros objetos quase da mesma maneira como um sol de qualquer espécie, por encontrar-se dentro do invólucro. Contemplai então (de dentro) as paredes do olho; elas lançam imediatamente todos os raios que acolheram de fora, através da lente de cristal, de novo para fora a qualquer distância, em que são apoiadas pela luz própria desta mesma lente cristalina. É, pois, necessário que saibais que não vedes os próprios objetos, mas apenas suas imagens correspondentes, e isso porque elas são acolhidas pela espelhante membrana negra na parede traseira do olho através da lente de cristal, e imediatamente após serem acolhidas são lançadas para fora de vós, perfei­tamente iluminadas. E é só então que lá apreendeis os objetos naquele lugar onde eles próprios se encontram em verdade, fora de vos. Pois, se quisésseis ver os objetos mesmos, não poderíeis percebê-los diferentemente que na sua grandeza natural, de modo que onde vedes agora um ácaro, perceberíeis então um elefante, quer dizer um animal do tamanho de um elefante, e pelo olho espiritual até um ser do tamanho de um planeta.

6 - O fato de que vedes todas as coisas apenas numa medida sobremodo reduzida, devido à constituição do olho a maneira do Invólucro Globular Universal, comprova já, mais que suficientemente, que todos os objetos, por pequenos que sejam, podem ser extremamente amplificados sob as lentes de um microscópio, sendo a ampliação nada mais que uma aproximação progressiva do objeto percebido, ou melhor, da sua projeção luminosa a real grandeza do objeto mesmo.

7 - Se não fosse assim, seria impossível descobrir, com surpresa, sobre tal objeto ampliado, suas várias - e muitas vezes até inúmeras - partes perfeita e regularmente formadas que o olho, tal como e, jamais poderia descobrir. Perguntai-vos se esta descoberta não Poe em evidência que é impossível que o olho nu veja diretamente os objetos; pelo contrario, vê apenas suas imagens extremamente diminuídas pela maneira supracitada. (Como poderiam, por exemplo, ser descobertos bandos inteiros de infusórios e outros animaizinhos em uma gota d'água do tamanho de uma cabeça de alfinete, se não existissem?)

8 - Aquele que tem o espírito um pouco mais desperto deve, quase a primeira vista, descobrir a semelhança entre o olho, um planeta, um sol, e enfim um Invólucro Globular Universal.

9 - E, assim, também o homem inteiro é semelhante a tudo isso. O que é o seu coração, do ponto de vista natural? Não é o Sol Central do corpo inteiro? E todos os inúmeros nervos e fibras - não são sóis secundários? Mas a pele externa cinge, qual invólucro, todo o organismo vivo. Poderia um homem subsistir sem este envoltório externo, que é um bom e apto baluarte para todo o vivo organismo interno do corpo humano, como também de cada animal? - Tenhamos assim mais uma imagem correspondente de um Invólucro Globular Uni­versal.

10 - Observai ainda o ovo de uma ave. - O que é? - No sentido mais amplo, é a imagem de um inteiro Invólucro Globular Universal, de um Sol Central em si, de um planeta e assim também de qualquer outro objeto inteiro que existe por si mesmo. - Do mesmo modo, podeis observar um planeta e, refletindo um pouco, devereis concordar que, sem invólucro, a existência de todo o planeta não é imaginável.

Removendo uma parte externa dele após outra, no fim sereis forcados a tirar ainda o último ponto de um planeta, sendo que ele também, enquanto subsistir, precisa de um envolvimento externo pelo qual as partes que o compõem são contidas e mantidas coesas.

11 - Numa palavra: por toda parte onde se manifesta uma vida deve haver também um organismo apto para esta manifestação de vida, cujas partes devem ser dispostas de maneira que uma delas se prende a outra na máxima ordem, e que também uma parte orgânica aciona, puxa e desperta a outra, assim como num relógio onde uma roda engrena na outra, a puxa, a impele e a move.

12 - Poderiam as rodas de um relógio produzir tal efeito - se seus escapos não tivessem um firme apoio tanto superior quanto inferior, por assim dizer um cercado dentro do qual são postos em boa ordem para permitir o movimento? E se já há tudo isso, o que falta ainda para que as rodas comecem seu movimento ordenado? - Falta um sol central, que, no relógio, é sua mola. O relógio, pois, não poderia subsistir se, primeiro, as rodas não tivessem seu cercado e, depois, uma forca motriz interna.

13 - Assim se dá também com o organismo de uma planta mais insignificante que, primeiro, tem que ter um invólucro externo, condição prévia para o funcionamento de um orga­nismo que opera do centro da planta onde a força vivificante, qual luz de um Sol Central, entretece vivamente o organismo inteiro até o invólucro externo, onde esta forca, operando para fora, se aprisiona de novo e reflui para o centro. Seria isso possível sem o invólucro externo? Certamente que não! Pois, sem um recipiente, nem uma gota d'água pode ser levada a casa, e muito menos se pode manter uma vida orgânica.

14- Assim, também o organismo de um animal, ou do homem, deve ser envolvido por um invólucro externo, dentro do qual apenas o organismo pode ser posto em ordem, e também vivificado do ponto central.

15 - O mesmo se dá com um planeta, pois, em primeiro lugar, sem esta disposição nenhum planeta poderia ser imaginado, e muito menos ainda que suas propriedades o qualificariam para dar sustento a uma vida variada e multiforme.

Muito mais seria esse o caso com um Sol que já e o ponto central de um inteiro organismo planetário, devendo assim possuir um invólucro múltiplo igual ao próprio coração no corpo humano, - dado que seu organismo, destinado à maior ação, deve ser muito mais variado e perfeito que o de outro planeta.

Assim também, cada sistema planetário, com seu Sol no meio, e dotado de um invólucro etéreo próprio, dentro do qual o inteiro sistema planetário se move, vive e cada corpo celeste de per si se atrai, impulsiona e estimula mutuamente.

16 - Mais ainda esse é o caso com um Sol Central próximo, ao redor do qual às vezes orbitam vários milhões de Sois menores com seus planetas, e que, por isso, já constituem um organismo muito mais grandioso e de ação mais variada do que aquele de um Sol menor com seus planetas. Vede, também todos esses milhões de Sois tem, para si, um invólucro etéreo, razão por que tais "Regiões de Sóis Planetários", muito longínquos, podem ser percebidas como nebulosas de contornos delimitados com bastante nitidez. Isso não seria possível, se tal "'Região de Sóis Planetários" não fosse circundada por um invólucro etéreo - o que pode ser comparado ao fato de que também, nos corpos humanos, cada nervo isolado e envolvido por uma membrana própria, sem a qual não poderia subsistir nem operar de modo vivo.

17 - Sabeis que tais separadas "Regiões de Sóis planetários" tem, por sua vez, um corpo central ao redor do qual elas orbitam e por cuja força elas operam vivamente. Assim, num sentido mais vasto, tais "Regiões de Sois planetários" tem outro invólucro externo, ou seja, uma pele etérea fechada. Esse corpo de "Regiões de Sóis Planetários", isto é, onde muitas, ate muitíssimas de tais "Regiões de Sóis Planetários" ao redor de um corpo central ainda maior constituem um chamado Universo de Sóis, e circundado de novo por uma pele etérea ainda maior. E, finalmente, estes imensos corpos de "Universos de Sóis" giram em grande numero em volta de um ponto central comum maior que todos, ou seja, do SOL CENTRAL que efetivamente irradia luz própria; e todos juntos operam de modo vivo dentro de um invólucro comum ou pele de incomensurável extensão. E precisamente este é um "INVÓLU­CRO GLOBULAR UNIVERSAL", ou um perfeito "Corpo Solar" independente.

18 - O que sucederia a este corpo, se se quisesse tirar-lhe esta pele externa de água etérea, de necessidade absoluta? A ele, e, no fim, também a cada uma de suas partes componentes, sucederia o mesmo que se se tirasse a córnea de um olho, ou a casca do ovo, a cortiça da planta, ou a pele de um corpo animal, ou, finalmente, a crosta externa de um planeta. O mesmo, como foi dito, aconteceria a um inteiro CORPO SOLAR que, em parte, iria desfazer-se, em parte ressecaria, em parte se dispersaria ao infinito, e, no fim, se extinguiria inteiramente e pereceria. - Assim, pois, fornecemos a prova de que tal "Invólucro Globular Universal", qual completo CORPO SOLAR, deve necessariamente existir, e que tem de possuir uma mola propulsora interna, um coração ou um SOL CENTRAL. Que nossos naturalistas cismadores façam agora uma tentativa para apresentar esta te orla também como uma hipótese de bem-sucedida índole poética!

19 - Falta-nos apenas comprovar o esplendor e o ardor flamejante do SOL CENTRAL. Conseguido isso, podemos, contentes e tranquilos, descansar nos campos e ao redor dos vulcões do nosso Sol e, em paz, contemplar suas magnificências e milagres.

7° CAPÍTULO

A LUZ PRÓPRIA DOS SÓIS

1 - Na obra "A mosca" foi explicada a razão da luminosidade de uma chama. Não obstante, o seguinte suplemento sirva para maior elucidação deste fenômeno.

2 - Sabeis que o espiritual, considerado como absoluto não pode subsistir sem um certo invólucro externo ou sem algum órgão através do qual, somente, pode manifestar-se. Mas, quanto a este invólucro externo, não é mais do que a Minha Vontade de Amor que circunda o espiritual e por cuja misericórdia também o endireita internamente, colocando-o com isso em alguma ordem para que atue na execução de uma parte da Minha grande Vontade, e com isso também no alcance de uma finalidade condizente com a intenção de Minha Ordem Eterna. Vede como isso se da!

3 - Ora, o que sucede se uma força qualquer - escondida dentro do invólucro da Minha Vontade de Amor (ainda que insignificante) - é excitada, sacudida ou impelida em consequência de quaisquer circunstancias ou ações? - Isso a fará perder a ordem, ou - o que é o mesmo - o equilíbrio, sentindo-se ela restringida ou prejudicada. Tentará então, ou restabelecer a suportável condição anterior ou, se sua excitação for grande demais, despedaçar também seu órgão inteiro, e assim passar ao estado inde­pendente.

4 - Considerai agora o seguinte: Se o diâmetro deste Sol Central Principal forma uma linha tão extensa que, para percorrê-la toda, a própria luz precisaria de mais de um quatrilhão de anos, então todo o volume de tal corpo terá que ser imenso em vista de sua grandeza natural. Se, porém, este Sol Central Principal já é, para os vossos conceitos, infinitamente colossal, imaginai a enorme pressão, inconcebível para vós, que este imenso volume de matéria deve exercer, de todos os possíveis pontos externos, sobre o centro!

5 - Quanto a isso, não há dúvida! Imaginai apenas a força de gravidade de um único monte em vosso insignificante corpo celeste; imaginai então a forca de gravidade de vosso planeta; depois, imaginai o vosso Sol, que é um milhão de vezes maior que a vossa Terra, possuindo, portanto, também uma forca de atração um milhão de vezes maior do que a da Terra. Porque, se não fosse assim, como poderia o Sol atrair ainda corpos celestes inteiros, distantes dele até muitos bilhões de milhas, de modo que não podem se afastar da sua região? Tal é a atração em um corpo, tal também a forca de gravidade em relação à força de atração potenciada desse grande corpo celeste.

6 - Ora, se admitis que todos os Sóis, Sois Centrais, planetas e cometas, em conjunto, mal constituem a milionésima parte de tal Sol Central Principal, quão grande e potente deve ser também a sua forca de atração e quão violenta a sua pressão sobre o centro?!

7 - Mas do que consiste a matéria? Sabeis que a matéria nada mais é senão o cativeiro do espiritual ou dos espíritos. Se, no globo terrestre, duas pedras se chocam uma contra a outra, muitas vezes duas potencias espirituais, mantidas em rigorosa prisão, rebentam. E se no interior da Terra alguma pressão de fora se torna potente demais, então, dentro em breve ou, ao menos, após um tempo não muito longo, surgem explosões tão violentas que muitas vezes, por essa ação veemente, grandes montes inteiros e vastos terrenos são arruinados e destruídos; e, querendo descobrir o foco deste desastre, dificilmente encontrareis mais do que um espaço do tamanho de umas toesas cúbicas, no qual as potencias espirituais aprisionadas na matéria e comprimidas excessivamente romperam suas barreiras a procura duma saída, constrangendo a evasão muitos espíritos semelhantes encontrados no caminho. - Portanto, se tal e o caso da Terra, tanto sobre ela como dentro dela (o que já anteriormente foi indicado como explicação comparativa sob certas condições), transferi esta proporção em miniatura do vosso planeta para o Sol Central. E é só lá que então vereis quais as pressões que seus espíritos aprisionados devem suportar constantemente, e isso pela razão deplorável de que eles, como potentes prisioneiros, querem continuamente ser redespertados à vida através de tão poderosa pressão.

8 - Isso explica por que este Sol Central é também abarrotado pelos imensos assim chamados vulcões ou "botafogos", dos quais o menor possui tal diâmetro que, na sua cratera, caberiam trinta bilhões de Sois do tamanho do vosso; - sem falar das maiores ou da maior cratera deste Sol Central.

9 - Bem, sabeis que a luminosidade é provocada pelas convulsões ou vibrações da força espiritual dentro do invólucro que a contém.

Quanto mais violentamente um dos espíritos aprisiona­dos no conhecido invólucro é excitado por uma pressão, um empurrão ou um golpe, em tantas mais veementes vibrações ele se converte, e tanto mais ofuscante e intensa se torna a manifestação destas vibrações que consiste no brilho de uma chama ou de uma centelha. Mas onde poderiam tais potências espirituais ser mais violentamente comprimidas, empurradas e batidas senão neste Sol Central?

10 - Dadas as condições aí reinantes, uma centelha brilha tão intensamente que o olho humano não poderia suportá-la nem por um instante. De fato, vos digo: Se uma centelha do tamanho de um trigo sarraceno se desenvolvesse sobre a Terra numa altura de mil milhas, com a mesma intensidade de luz que no Sol Central, a veemência de sua irradiação faria volatilizar-se a Terra toda num átimo, como uma gota d'água sobre um ferro em brasa.

11 - Imaginai agora todo o monstruoso Sol Central Princi­pal, coberto com tais chamas de luz intensíssimas e julgai então até que distância poderiam estender-se seus raios neste voo de espíritos que se libertaram. E creio que não duvidareis mais que este Sol imenso pode muito bem ser um lustre geral no grande aposento de mundos solares de um Invólucro Globular Universal. - Se entendestes esta explicação, ser-vos-á fácil compreender como também cada pequeno Sol planetário, assim como cada planeta, pode desenvolver uma luz própria, sendo que a intensidade de sua luz característica guia-se sempre pela grandeza do seu volume e assim também de sua forca de gravidade.

12 - Na Terra, por exemplo, podeis facilmente observar a chama de uma vela. E por que? - Porque os espíritos aprisionados no seu pavio e na sua matéria gordurosa são excitados apenas de maneira menor e podem, por um pequeno grau de suas vibrações, facilmente destruir seus invólucros e ganhar em seguida maior liberdade de ação. - Mas não podereis mais olhar com a mesma facilidade para uma chaminé de forja, porque os espíritos que ficaram ainda no carvão precisam de vibrações mais violentas para se libertarem de seus cárceres. - E mais difícil ainda vos será suportar a luz daquelas chamas que borbulham e chamejam de um vulcão, porque elas têm sua origem numa excitação muito mais potente que os espíritos recebem do interior da Terra.

13 - Aplicai estas considerações ao Sol, onde cada proporção leva uma multiplicação milionária, e facilmente descobrireis em que grau também cada Sol pode desenvolver uma luz própria através de seus vulcões.

Todavia, esta luz própria de um Sol seria de longe fraca demais para iluminar e aquecer perfeitamente planetas distantes. Mas, não obstante, esta luz própria do Sol serve, de modo excelente. para manter a superfície da atmosfera solar sempre em estado de máxima pureza e espelhante brilho, tornando-a perfeitamente apta para acolher a luz do Sol Central Principal, como a de todos os outros sóis por ele iluminados.

14 - Deste modo, superamos também esta dificuldade prin­cipal e respondemos às perguntas precedentemente levantadas. E podemos assim, como já antes observado, tranquilamente começar a passear no nosso Sol e a olhar, pasmos, para suas maravilhas.

15 - Mas preparai-vos, - porque, deveras, não encontrareis jogos infantis. Pois tudo que se vos apresentará, neste Planeta Perfeito, para contemplação será excelente em grandeza, sublimidade e profunda seriedade! - Basta por hoje; a continuação seguira em breve!

8° CAPITULO

CAUSA E NATUREZA DAS MANCHAS SOLARES

1 - Já observastes certamente que o Sol, especialmente no seu equador, mostra às vezes uma ou mais manchas de tamanho maior ou menor, ao redor das quais o olho armado percebe uma orla saliente; atrás desta, expandem-se, por todos os lados, ondas de luz que alguns astrônomos denominam "fachos". Muitos sábios do mundo já se perguntaram o que poderiam ser estes fachos? - Esta pergunta já recebeu muitas respostas hipotéticas, mas nunca uma totalmente certa.

2 - Ora, a vós será dada a resposta certa. Mas o que faremos para obterdes esta resposta definitiva, explicando o fenômeno? Na vossa opinião, isso será fácil, pois, se Eu vô-lo direi, vós o acreditareis plenamente. Sobre isso não há dúvida; mas deverá chegar o dia em que o que Eu digo virá ao conhecimento dos sábios do mundo. Será que também eles acreditarão indubitavelmente no que Eu digo sobre este assunto? Oh não, porque essas pessoas não têm fé. Elas nem acreditam incondicionalmente, ou no fundo de seu coração, que sou Eu Quem fala, ou que, sobretudo, existe um Deus, como a Revelação o indica, mas sim, quando muito, como seu raciocínio altamente sábio o inventa.

Por isso, como já disse, eles não acreditariam numa simples comunicação, e, sim, julgariam tudo como o produto de fantasia poética.

3 - Eis por que devemos tomar medidas diferentes e preparar para estes raposos uma armadilha especial, capaz de capturar não apenas um de seus pés, mas logo seu corpo todo. Mas, como começar o nosso propósito? - Um pouco de paciência, e lá chegaremos!

4 - Se perfurais uma bola no seu centro, espetando-a depois em um fuso, e, em seguida, a submergis na água, fazendo-a girar dentro desta ao redor do fuso e retirando-a logo a seguir da água, - em que parte da superfície da bola pensais que esguichará a maioria das gotas de água?

Respondereis: Naquela parte da superfície que é mais afastada do fuso e que, assim, desenvolve pela rotação ao redor do fuso a maior forca centrífuga.

5 - Outro exemplo: Tomai uma bola de vidro furada nos dois lados, por onde se pode passar um fuso através de toda a bola. Colocai-a em posição horizontal, ponde um pouco de água nela e rodai-a em seguida; - para que parte (dentro da bola) achais que a água correrá durante a rotação? - De novo, certamente para onde está mais afastada do fuso.

6 - Estes dois exemplos são suficientes para dar uma ideia clara do nosso assunto. Sabeis que também o Sol é uma esfera que tem um diâmetro de cerca de duzentas milhas. Esta esfera gira ao redor do seu eixo em 29 dias aproximadamente. Pensai quão rápido deve ser o movimento do Sol no seu equador, considerando que lá um ponto deve fazer em 29 dias uma viagem de mais de 600.000 milhas alemãs, o que corresponde a cerca de sete vezes a distância entre a Terra e a Lua, distância essa para a qual um cavaleiro veloz, viajando dia e noite, precisaria de mais de 70 anos.

7 - Comparai agora a velocidade do movimento de um ponto no equador do Sol e ficareis multo admirados ao verdes quantas milhas alemãs deve percorrer em um minuto. Constatando, então, a grande velocidade desse movimento, compreendereis quão grande deve ser a forca centrífuga no equador do Sol.

8 - Conscientizando-vos dela, reparai como, na segunda bola de vidro, a água, devido a rotação, aflui para o equador. Não acontecerá, então, o mesmo movimento para o equador no interior do Sol? Não serão também impelidas para o equador todas as partes mais voláteis, tentando lá, devido à grande força centrífuga, romper a crosta solar externa, afastando-se do Sol com a incrível violência centrífuga e velocida­de para o Infinito?

9 - Na última comunicação, aprendestes o que é a matéria (qualquer que seja seu gênero e espécie) e qual será a consequência, se ela for excessivamente comprimida, empurrada ou batida. Em vista de tal enorme congestão para o equador, não será lá a matéria, em um ou outro ponto, da mesma maneira excessivamente comprimida e constrangida como é excessivamente forte e rápido o movimento e assim também a forca centrífuga do Sol no equador?

10 - Eis a armadilha pronta; agora só precisamos de um raposo, e vereis que ele não escapará desta armadilha.

11 - Logo no inicio, ouvistes que o solo do Planeta solar não é tão duro e quebradiço como, por exemplo, o da vossa Terra; mas é, por toda parte, algo elástico, especialmente perto do equador. Suponhamos que o solo aí fosse frágil e, consequentemente, também quebradiço. - O que poderia acontecer em consequência da grande força centrífuga, sobretudo no equa­dor solar? Um após outro monte ou terreno seria expelido com a máxima violência da superfície do Sol para o espaço infinito. Mas, devido à grande viscosidade do solo solar, isso não é possível, mesmo se o movimento fosse duplamente rápido.

12 - Não obstante, o que pode acontecer se, em consequência da grande força centrífuga, aqui e acolá se formam, pela pressão do interior, poderosos conglomerados e, de certa maneira, endurecimentos sob a superfície do Sol na região do equador, podendo ser considerados como uma doença do Sol? Pois, bem entendido, também os corpos celestes podem ficar fisicamente doentes. - Deve então, necessariamente, suceder que tais bulbos endurecidos, pela sua grande pressão para fora, acabam por romper num ou noutro ponto o solo embora resistente do Sol, lacerando a inflamação produzida por tal pressão e afastando-se, em seguida, com a máxima impetuosidade da superfície solar até distâncias infinitas ou, ao menos, tão longe quanto distam do Sol os planetas por vós conhecidos.

13 - Vede, esta é a origem das subsequentes manchas pretas do Sol, pois, pela potente brecha, não apenas a crosta do Planeta Solar, mas também a capa de luz são de tal modo rasgadas que esta última não é capaz de refletir neste ponto a luz acolhida dos outros sóis, nem tampouco de deixar derramar-se a característica luz própria que se desenvolve continuamente no solo elástico do Sol, se ele não for lacerado e assim tornado insuficiente para desenvolver a luz própria, como agora vos foi explicado.

14 - Mencionamos antes também que estas manchas pretas do Sol mostram-se, vistas pelo telescópio, com uma orla saliente um pouco menos escura. - O que é esta orla?

15 - Esta orla nada mais é do que o respectivo levantamento do elástico solo solar, lacerado pela erupção de tal endurecimento e levantado, de todos os lados, semelhante a um muro em forma de funil, restringindo-se para o alto. Quereis ainda um exemplo mais claro pela formação de tal orla ao redor da mancha preta? Formai, então, com solo resistente, enquanto tenha ainda certa maleabilidade, um hemisfério, oco por dentro; furai-o de dentro para fora com uma haste embotada e distinguireis logo, na superfície externa, a orla levantada pela perfuração. Apenas será a orla mais dilacerada, porque o barro usado por vós terá menos coesão homogênea que o solo solar.

16 - Mas que esta orla, contrariamente a mancha preta propriamente dita apareça fracamente iluminada, explica-se assim: ainda que não se encontre sobre as partes dilaceradas o esplendor atmosférico, todavia suas próprias vibrações violentas desenvolvem suficiente luz própria igual à luz própria do Sol. - Disso podeis também deduzir qual seria a intensidade da luz própria do Sol sem o concurso da luz geral.

17 - Ouvimos também que, além de tais orlas, formam-se ainda certas ondas de luz solar, ou fachos. Estes originam-se pela ondulação da luminosidade atmosférica do Sol provocada pela erupção. Pois uma onda reflete-se na sua vizinha, o que potencia seu esplendor, ao passo que os sulcos entre as ondas devem necessariamente aparecer com luz mais fraca.

18 - Vede, acabamos de descrever tudo não apenas de maneira clara, mas até palpável. Já vejo, no entanto, alguns raposos doutos que cobram ânimo e perguntam com expressão de suma sabedoria: "Bem, isso é aceitável, e muito fala em prol desta hipótese; mas o autor parece ter esquecido até agora que tais manchas dissipam-se de novo, mudando pou­co a pouco, e bastante, para este fim sua forma. Como o autor irá se livrar deste embaraço com sua orla levantada? - E mais: com telescópios potentes, movimentos incrivelmente rápidos foram muitas vezes observados sobre esta orla. Isto poderia afetar a teoria do 'levantamento de uma orla semelhante a uma parede do nosso autor, ou quiçá ate invalidá-la totalmente!"

19 - Oh não, Meus queridos raposos. Esta água é própria para nosso moinho, pois, pelas melhores e comprovadas razões, sempre falamos do solo elástico do Sol, que, após a erupção, certamente não continuará como uma parede rígida igual à cratera de um vulcão terrestre, mas que pouco a pouco se contrai, de novo, devido a sua qualidade elástica. A ferida provocada pela erupção sara, pois, novamente, assim como a ferida que se formou no vosso corpo, por exemplo, por um furúnculo, diminuirá após a supuração, acabando por ficar completamente curada, de modo que, após algum tempo, não haverá mais nenhum vestígio dela.

20 - Mas, se esta orla não é firme como um muro, e sim apenas elástica, então será facílimo explicar, tanto os rápidos e extensos movimentos e variações de tal orla, como seu sucessivo sumiço pela mesma razão.

21 - Bem, haverá ainda alguma objeção? - Vede, no fundo mais um raposo está à espreita. Esse mediu com seus instrumentos matemáticos bom número de tais manchas, achando algumas de tamanha grandeza que, no seu espaço preto, caberiam facilmente trinta Terras, uma ao lado da outra.

22 - O que quer ele dizer com isso? Nada mais do que: se tal mancha se origina da maneira descrita, e. se ela se encontra no limbo do Sol visível da Terra, dever-se-ia, em primeiro lugar, avistar a orla, assim levantada, mais elevada do que normalmente é o caso, quando não se nota nada de tal elevação.

23 - Em segundo lugar, pode-se fazer ainda a seguinte pergunta, muito importante: Se o Sol, em tais ocasiões, expele do seu interior tamanhas massas, para onde vão elas? E tais imensas perdas não prejudicam o volume do Sol? Pois, nas maiores manchas solares, pode-se calcular que a massa expelida corresponde, em proporção cúbica e em cifras redondas, ao menos a mil corpos terrestres. Suponhamos que o Sol inteiro tem, sob o aspecto cúbico, um milhão de vezes o conteúdo da Terra; então mil grandes manchas sucessivas deste tamanho acabariam necessariamente com todo o Sol!

24 - Vede, este raposo tem dentes agudos e olhos matemáticos mais agudos ainda. Mas também ele ficará preso na cilada! Pois sou capaz de calcular tão bem quanto tais raposos, e ainda melhor, com o acréscimo do conhecimento. Mas não vou dar logo a resposta esclarecedora a este raposo com dentes e olhos agudos, e sim fazer-lhe, nesta ocasião, algumas breves perguntas; e se ele M'as responder, recebera também resposta às suas.

25 - O volume de tudo aquilo que um carvalho deixa cair durante um ano, quantas vezes é contido no carvalho mesmo - e isso no decorrer de cerca de duzentos anos? Mas tomando, cada ano, a medida do carvalho, sem dúvida se constatará que a arvore não se tornou menor ou mais fraca, mas, ao contrário, cada vez mais espessa, forte e alta. - Como e possível isso? Eis a resposta: É o efeito da contínua substituição pelas fontes de nutrimento de uma árvore. - Então digo: também no Sol, o que se perdeu pode muito bem ser substituído. - Assim, teríamos eliminado também esta objeção!

26 - Quanto ao fato de que, em grandes manchas solares, a altura da orla levantada pode parecer relativamente pequena, o contestante deveria tentar ver, a olho nu, um capim a dez milhas de distância, o que seria nada em confronto com a pretensão de querer descobrir, mesmo com olho armado, na distância de quase 23 milhas, uma elevação que, no sentido mais rigoroso, mal sobressai da capa de luz do Sol pela décima milésima parte do diâmetro solar.

27 - Que o contestante reflita sobre isso, e compreenderá que o que foi explicado é bem possível, mesmo que, com seus vidros afiados, não aviste torres babilônicas além do limbo do Sol. - De mais a mais, também aquelas partes da orla que em tal erupção sobressaem da capa de luz do Sol, são decompostas com a rapidez de um relâmpago e, por assim dizer, fundidas pela intrínseca intensidade dos raios desta mesma capa de luz - razão principal pela qual nunca tal saliência da orla, reclamada pelo contestante, pode ser avistada.

28 - Assim, terminamos também com o assunto das man­chas. Proximamente encontrar-nos-emos com os habitantes do Sol, num lugar de onde poderemos pessoalmente contemplar tal erupção. Assim, terminamos por hoje!

9° CAPÍTULO

AS RAÇAS HUMANAS DO SOL E SUAS ZONAS RESIDENCIAIS.

AS FAIXAS DO SOL.

1 - No fim da última comunicação, foi dito que observaremos, com os habitantes do Sol, uma erupção desde o seu início e, está claro, durante todo o seu decurso. É o que vamos fazer.

2 - Mas, antes de podermos fazê-lo de modo proveitoso, devemos travar conhecimento, mais de perto, com os habi­tantes do Sol exterior.

3 - Qual é o seu aspecto e qual o relacionamento de uns com os outros?

Aliás, são eles homens mais espirituais ou mais materiais? E há só uma ou mais espécies de homens neste grande planeta?

4 - Já no inicio, foi mencionado que, no corpo solar, tudo se apresenta na maior perfeição, o que não se dá em todos os seus planetas, onde só existe o germe bem mais imperfeito, atrofiado e endurecido de tudo.

5 - O mesmo acontece também com o homem. - Consequentemente, podeis encontrar, no Planeta solar, não apenas todas as espécies de homens terrestres, mas também, quanto a sua forma, as de todos os outros planetas e suas luas, no sentido mais perfeito. Naturalmente, também o homem, como todo o resto, é formado até a mais alta perfeição, de maneira que em toda a superfície terrestre não poderíeis encontrar forma humana tão bonita e perfeita como no planeta solar. De fato, no Sol, o homem e a mulher tem um corpo tão extraordinariamente belo, que não poderíeis contemplá-lo nem por três segundos sem perder a vida.

Além de sua forma de indescritível beleza, o esplendor físico dos homens solares e de per si tão intenso, que pela sua luminosidade não poderíeis olhá-lo, mesmo se ele se encontrasse sobre um monte distante de vós por três milhas. Se se aproximasse de vos, seu esplendor vos reduziria quase instantaneamente a cinzas. - A mulher também no Sol e mais arredondada e macia que o homem; mas seu esplendor corporal é menor.

6 - Facilmente poderíeis perguntar: "Nesse caso, como podem os homens solares subsistir formalmente, sem de repente serem dissolvidos pela sua própria luz, uma vez que também tem corpo mais ou menos material?" Quanto a isso, já providenciei. E verdade que, na Terra, não há matéria capaz de subsistir na forte luz solar; mas quanto à matéria solar, ela se baseia em outras leis que as de um planeta imperfeito.

Assim, também a matéria do corpo do homem solar consiste de uma substancia muito diferente da matéria do vosso corpo, sendo ela resistente até aos raios intensíssimos, dado que, de certo modo, é mais espiritual e incomparavelmente mais simples que a vossa. Sob tais condições, os homens solares podem muito bem existir, gozando sua vida e usando-a para finalidades úteis,

7 - Os homens brancos são os mais belos do Sol; mas também os homens de todas as outras cores em nenhum lugar poderiam ser considerados feios.

8 - Quanto ao tamanho dos homens solares, é também muito variado. Abaixo do equador, ou melhor, na região equatorial, moram os menores homens solares (com exceção dos homens da terceira Faixa Meridional, cujo tamanho é de crianças), que são pouco maiores que um terrestre alto. Estes homens são exclusivamente de cor branca e um dos mais bonitos de todo o planeta solar. Ao redor dos polos moram os homens mais altos, com cor quase vermelho-escura, porém igualmente luminosos.

Se um desses homens ficasse de pé em vossa Terra, no nível do mar, ser-lhe-ia fácil, sem levantar muito a mão, pegar, entre o polegar e o indicador, o pico do Himalaia e arremessá-lo ate o polo Sul da Terra.

Partindo dessa raça gigantesca de homens, seu tama­nho diminui ao passar pelas várias zonas até a estatura dos homens equatoriais.

9 - Aqui direis: O que farão, então, estes homens monstruosos gigantes com os brancos de estatura pequena, quando se encontram na ocasião de uma viagem? - Esta pergunta não tem fundamento; pois, no planeta solar cada espécie humana é destinada uma zona especial pelas naturais condições planetárias do Sol que elas tampouco podem abandonar, assim como vós a vossa Terra, ainda que possais ardentemente desejar fazer uma viagem a Lua. 1

10 - Certamente perguntareis aqui novamente: Como se pode entender isso? Pensamos que uma viagem a Lua deve ser impossível, tratando-se de um corpo separado distante demais da Terra. O Sol, porém, e um corpo continuo que, por toda parte, tem a mesma superfície. Por que então uma longa viagem deveria ser impossível por outro gênero humano?

11 - Tende um pouco de paciência; logo examinaremos as causas que tornam impossíveis tais viagens. Ouvi, pois! Em primeiro lugar, o solo do corpo solar é de densidade muito desigual, tanto de um como do outro polo em direção ao equador - sendo que, perto dos polos, ele é quase tão firme como o solo da vossa Terra, não sendo, porém, tão quebradiço e frágil. Este solo serve muito bem para os mencionados gigantes, o que não se dá onde o solo começa a se tornar mais macio. - Se um deles quisesse prosseguir uma viagem, em breve começaria a cambalear e - insistindo na continuação -com cada passo afundar-se-ia no macio solo elástico até mais da metade de seu corpo - quase assim como se confeccionásseis um estofo muito grande de três Klafter (5,7m) de altura. Como poderíeis caminhar sobre tal estofo preenchido de plumas? Afundaríeis já no primeiro passo, e cada esforço para continuar seria frustrado, mesmo se sua distância não fosse mais de que, no mínimo, cem Klafter (190 m). - Mas, se colocásseis um rato sobre tal estofo, ele poderia correr muito bem sobre a almofada; e mais facilmente ainda uma mosca. - Eis, pois, já um entrave para tais excursões, em função do qual cada classe de homens solares deve permanentemente ficar na zona que lhe foi designada.

12 - Um segundo obstáculo é os alimentos para diversas classes de pessoas. Pois, tal o solo, tais seus produtos, - ainda que criados pela vontade dos homens. Como entender isso? Do mesmo modo como convosco na Terra, mas num sentido muito mais perfeito; pois também o solo solar não obedece à vontade do homem por toda parte de maneira igual. Mesmo se alguém quiser por tudo em rebuliço, não conseguirá produzir um abacaxi em Spitzbergen - como, no caso contrário, mesmo o mais hábil jardineiro não será capaz de criar líquen na região equatorial.

1 - Isto é nos tempos de Lorber: O Senhor não viu nenhuma necessidade de mencionar, com antecipação, que o homem conseguiria fazer em tempos futuros, com grandes dificuldades, com meios técnicos, uma viagem a Lua. Mas, no Grande Evangelho, Ele faz saber que, no futuro, os homens poderão voar, inventar "máquinas de pensar" (computadores) e muitas coisas mais.

13 - Na Terra, a fertilidade do solo depende das condições termo-climáticas. O mesmo não e o caso no planeta solar, conquanto também lá seja mais fresco nos polos do que no equador. Por isso, a fertilidade do solo lá depende do maior ou menor grau de sua moleza. Um homem solar de uma região com solo mais firme poderia, certamente, fazer crescer algo num solo mais mole. Mas, se bem que o produto provocado tenha mais ou menos a forma da vontade de quem o criou, será muito menor, frágil e mole, não podendo mais satisfazer às exigências do estomago do seu criador. Seria a mesma coisa se devêsseis saciar o vosso estomago em pastos montanhosos, com o parco musgo, o que certamente não faria ninguém engordar. Se um habitante das regiões polares quisesse mudar-se, por certos meios artificiais, para o equa­dor, aí deveria, certamente, morrer de fome.

14 - Um terceiro obstáculo é os grandes e variados círculos d'água que, do polo ate o equador, dividem, por assim dizer, cerca de sete vezes a terra firme. Tal círculo d'água tem sempre a largura de vários milhares de milhares de milhas e, no meio, não raramente uma profundidade de dez a vinte milhas.

15 - A água do Sol é muito mais leve que a dos planetas, razão pela qual não se presta para navegação; também constitui obstáculo intransponível para a natação. Eis por que os habitantes do Sol ficam quietos no seu lugar, e nem tem ideia se, além de tal círculo d'água, existe ainda outra terra firme. Antes, eles são de opinião que, com o início do círculo d'água, termina o seu mundo, continuando a água por toda a eternidade.

16 - Um quarto impedimento, que quase não precisa ser mencionado, é a quantidade de vulcões e de outros montes altos ao longo do litoral de tal círculo d'água. Estes vulcões se acham quase incessantemente em furiosa atividade, às vezes em forma tão grandiosa que vós, na Terra, não podeis nem imaginar. Pois algumas crateras são maiores que toda a vossa Europa; delas prorrompem continuamente trilhões dos mais violentos raios, provocando ensurdecedores estrondos. Mas os habitantes do Sol não são, de maneira alguma, amigos destes espantosos espetáculos da natureza. Por isso, eles põem em pratica um ditado de vosso uso: É preferível estar bem longe do perigo. - Estes vulcões impedem assim os habitantes do interior do pais de tentar dar eventuais voltas ao mundo; portanto, preferem ficar em casa.

17 - Haveria ainda alguns outros impedimentos; mas os aqui relatados são suficientes para compreenderdes como é possível que, no planeta solar, homens de diversos tamanhos vivem tranquilamente no mesmo corpo celeste. Com isto, observamos de antemão, se bem que superficialmente, as condições locais dos habitantes do Sol, como também os próprios homens solares, podendo assim dirigir-nos de novo para os homens solares de maior beleza, que vivem na zona equatorial. Juntamente com eles, contemplaremos, então, a cena natural do Sol que mencionamos logo no início da comunicação de hoje.

10° CAPITULO

A FAIXA CENTRAL DO SOL. SUA PAISAGEM E SEUS HABITANTES.

ERUPÇÃO DE UMA INCHAÇÃO SOLAR.

1 - A Faixa habitável do Sol, dos dois lados do equador, tem, em média, diâmetro de algo mais de 20.000 milhas. Esta Faixa é também a parte mais habitada do Sol inteiro, e cada um pode percorrê-la por toda parte. O solo desta Faixa é macio, como se fosse almofadado, de maneira que quem cair no chão não sofrerá nenhum dano.

2 - Ao sul e ao norte desta Faixa, encontram-se as mais extraordinárias, ininterruptas e quase sempre intransponíveis, altíssimas montanhas. Estas se prolongam cá e lá sobre toda a largura do equador, em elevações do terreno mais suaves, que facilmente podem ser escaladas e ultrapassadas. Mas isto não acontece nas fronteiras Meridional e Setentrional da Faixa Equatorial, onde as montanhas não raramente atingem altura de cem a duzentas milhas alemãs e são, geralmente, tão abruptas e lisas, quase polidas, a ponto de que ninguém estaria em condições de por um só pé onde começam as escarpas.

3 - Se, cá e lá, o declive das escarpas permitisse a escalada com muito esforço e fadiga, os alpinistas encontrariam outra dificuldade: quanto maior e a altura das montanhas elevadas do Sol, tanto mais insuportável se torna sua cadência. Isso se deve ao fato de que, a medida de sua altura e em consequência da rotação do Sol, os declives destes montes são expostos a uma pressão tanto mais violenta do ar solar, o que faz passar seus mini-invólucros que abarcam o espiritual (e são, em verdade, a causa de toda matéria), numa vibração de forte reação e tendência expansiva, o que motiva também, como já sabeis, o característico esplendor de crescente intensidade.

4 - Eis o motivo por que estes Himalaias e Chimborassos do Sol, eventualmente escaláveis, são deixados em paz, e os habitantes do Sol só apreciam estas montanhas quando as podem contemplar em vastas cordilheiras a uma distância de cem milhas, conforme o vosso modo de calcular. A despeito disso, são eles amigos apaixonados de alturas moderadas e montes mais baixos, onde também moram geralmente; pois as grandes e extensas planícies não estão jamais ao abrigo de uma erupção; e, como já foi dito, vamos aproveitar a ocasião para assistir a uma delas, juntamente com os habitantes do Sol.

5 - Cá e lá, há também, nas vastas planícies, grandes lagos que os habitantes do Sol gostam de admirar, mas evitam se aproximarem demais deles, porque estes lagos muitas vezes transbordam subitamente; e, então, as pessoas não poderiam fugir com a devida presteza diante da maré viva, pois tal lago contém às vezes mais água do que todos os mares da Terra.

6 - Isso não impede que os muitos milhares de milhões de habitantes desta Faixa tenham espaço mais do que suficiente; pois não é raro que uma única cordilheira do Sol ocupe, juntamente com suas ramificações, área muito maior que, na Terra, a Ásia, a África e a Europa tomadas em conjunto. Assim, a falta de espaço não e motivo de preocupação para os habitantes do Sol. Além disso, as cordilheiras do Sol não podem ser comparadas com as da Terra, pois suas faldas terminais elevam-se ainda cinco a dez milhas sobre a planície, isto e, a uma altura dez vezes superior as montanhas mais altas da Terra. Isso evidencia também que a vista panorâmica de tal cordilheira é realmente de indescritível beleza, pois os variadíssimos agrupamentos das montanhas fronteiriças, as grandiosas moradias dos habitantes das cordilheiras e a grande variedade de vegetação; os espelhos dos lagos resplandecentes à distância, as inúmeras cores das coisas, e, sobretudo, os esplendorosos templos de ensino de deslumbrante disposição oferecem uma vista tão esplendida que supera todos os vários conceitos de forma, elevando-os para o simplesmente inconcebível.

7 - Seria supérfluo descrever os muitos meigos e belos animais da superfície e do ar que se encontram lá em exímia e variada beleza, para fazer-vos vislumbrar a beleza da vida reinante nesta região do Sol.

8 - Numa palavra, já vimos o bastante e podemos agora acampar comodamente numa destas colinas e assistir dai, juntamente com os habitantes do Sol, a um fenômeno da Natureza que para vós será sumamente grandioso. E a fim de poderdes observar esta cena singular de modo mais vivo, nos misturaremos aos habitantes do Sol para ouvir o que eles dirão nesta ocasião.

9 - Vede, lá, não longe de um grande templo, cujo agudo telhado assenta sobre mil grandes colunas de alvura reluzente, acha-se um grupo de cerca de cem pessoas de ambos os sexos. Vede como eles olham fixamente do outro lado da colina para baixo, apontando com os dedos. - Que será que eles veem? Logo o saberemos.

10 - Eis que já nos encontramos entre eles.

11 - Lá, bem distante, no meio de um grande lago, um monte coniforme começa a elevar-se. Vede como cresce a olhos vistos! - Agora, não falemos mais, mas escutemos o que os habitantes do Sol dirão, vendo aquilo que eles mesmos, já familiarizados com fenômenos semelhantes, observarão com olhos espantados e ânimos trêmulos.

12 - Vede, aqui, diversos professores observam o fenômeno. Os dois superiores conferenciam entre si e A diz: "Irmão, que pensas desta aparição? Que altura achas que esta inchação atingira ate a erupção? Vê como cresce com toda veemência!"

13 - B diz: "Irmão, isso não se pode ainda prever; sabes que se não se acrescem inchações secundarias, haverá, dentro em breve, apenas uma erupção simples. Eis que já se levantam muitas pequenas inchações sobre a superfície da água! E, atrás do primeiro cone, vejo mais um bem mais volumoso ainda levantar-se subitamente sobre o primeiro. - Irmãos, desta vez devemos nos dirigir para um lugar mais alto; pois, a continuar assim, a inchação levantará a água até aqui ainda antes da erupção!"

14 - A diz: "Sim, querido irmão, tens provavelmente razão; pois a inchação cresce violentamente e muitas outras continuam emergindo, e não vejo nenhum cume incandescente ainda. Ouvi, pois, todos vos, queridos irmãos: dirijamo-nos, o mais depressa possível, para a próxima colina mais alta, atrás de nós, onde se acha o principal templo-escola."

15 - Rapidamente, todos abandonam seu lugar e recuam, como levados pelo vento, rumo a colina consideravelmente mais alta.

16 - Já alcançaram o templo mencionado, e nós com eles. - Continuemos, pois, a ouvir sua conversa!

17 - A diz: "O que achas, irmão? Não será perigoso aguardar aqui a erupção? Será que explodira para o alto, ou não te parece que o cone que vimos primeiro se inclina em nossa direção?"

18 - B diz: "Irmão, tens razão! Que o grande Deus nos indique a fuga certa, senão estaremos perdidos, com tudo que enfeita este lugar."

19 - Ouvindo isso, todos se prostram tremendo e implorando ao grande Deus por misericórdia e inspiração de seus mestres e guias, para que estes os conduzam aonde possam se salvar de tal calamidade.

20 - Eis que A se levanta de novo e B com ele. E A diz: "Irmão, agradeçamos eternamente ao grande Deus! Vê La no alto - atrás de nós, na terceira colina! Junto ao pequeno templo, que consta de só 77 colunas, já se encontra um espírito angélico de proteção, vindo das esferas luminosas. Corramos, pois, para lá; quando o tivermos alcançado, toda a grande inchação estará prestes a explodir. Pois vê com que veemência todos os cones se levantam, e como seu volume se alarga cada vez mais! Eis os indícios de sua assustadora erupção!"

21 - Eis que todos se levantam e correm para onde o espírito tutelar lhes indica um lugar seguro. Vede como se dão as mãos, e um puxa o outro para que ninguém fique atrás ou enfraqueça! - Agora já estão perto da meta, e nós com eles; faltam poucos passos e alcançamos o lugar.

22 - "Aqui estamos!", diz A, "Eterno louvor, honra e gratidão ao grande Protetor Onipotente que nos salvou desta vez! E tu, nosso bom espírito protetor, se for da Vontade do grande Deus, fica conosco durante os momentos de terror e ajuda-nos a confortar os fracos!"

23 - B diz: "Sim, que se faça agora e sempre só a Vontade Onipresente do grande Deus!"

24 - Chega um terceiro, dizendo: "Irmãos, olhai para baixo onde nos encontrávamos; ondas gigantescas já banham aquele lugar, e quase não se vê mais o teto do templo!"

25 - Aparece um quarto e, levantando a mão para o alto, diz: "Olhai, irmãos, pelo amor do Deus Onipresente: a inchação que já excede os mais altos montes forma milhares de protuberâncias incandescentes!"

26 - A diz: "Ficai tranquilos, irmãos! Pois estamos ao abrigo; A inchação toma outra direção; inclina-se para o lado oposto a nós. E nada de devastador nos atingirá, quando explodir."

27 - B diz: "Preparai-vos agora! Eis o cone inteiro em brasa, e das ramificações ardentes já irrompem milhões de raios. - Que altura terá atingido a inchação? Será que já alcançou a superfície incandescente da atmosfera?"

28 - Neste ponto, o espírito protetor aproxima-se deles, convidando-os a se deitarem no chão e a taparem os ouvidos com os dedos. Pois a inchação já se levanta por cima da atmosfera candente, e logo seguirá a explosão.

29 - Todos emudecem e, tremendo e com os ouvidos tapados, ficam deitados no chão. Escutai também vós e olhai para o cone inchado, todo em brasa, com um diâmetro de vários milhares de milhas. Vede, agora arrebenta! Segue-se um estrondo que faz tremer o terreno solar. As montanhas estremecem violentamente e de cada cume desprendem-se, com este abalo, milhões de raios assustadores de trovões estrondosos.

30 - Vede como as paredes do cone tornam-se, sucessivamente, mais escuras, estremecendo convulsivamente. Mais para baixo, alguns cones secundários não arrebentaram ainda. Olhai lá, mais para o sul do lado direito, onde mais um cone explodirá. Prestai atenção; quando o seu cume se ramificar e se tornar incandescente, atravessado vivamente por raios, então explodira. Um pouco de paciência ainda e assistireis ao grandioso espetáculo! - Vede, neste instante arrebenta!

31 - Vede, quantas massas são expelidas com a rapidez do relâmpago do abismo escancarado! O que são estas massas? - Já as conheceis; são novos produtos para novos corpos celestes, compostos de espíritos retrocedidos que foram reprovados na sua prova de liberdade!

32 - Vede lá longe onde muitas bolas luminosas, de maior ou menor tamanho, caem para trás nas extensas superfícies de água. Levantai também vossos olhos para acima do Sol, ao espaço infinito, e observai como também o firmamento visível esta sendo cruzado por estrelas cadentes, como costumais chamá-las. E vede como, da cratera, tão larga a poder conter muitos planetas, sobem imensas colunas de fumaça e nuvens que, com a máxima velocidade, flutuam a distantes regiões planetárias!

33 - E vede como a grande cratera se estreita cada vez mais - e, finalmente, se dirige para o fundo.

34 - Olhai também como nosso grupo começa a levantar-se do chão e Me apresenta em alta voz o seu louvor pela sua conservação e a feliz erupção desta inchação de raro tama­nho.

35 - Vede, pois, como acontece tal erupção; mas naturalmente, tanto seu crescer como desaparecer duram muito mais tempo (do que esta descrição poderia fazer pensar), e assim também todos os fenômenos aqui relatados.

Da mesma forma como assistimos a isso, vamos ainda palestrar com os habitantes do Sol sobre tudo e travar maior familiaridade com os habitantes desta Faixa. Assim, terminamos por hoje!

11° CAPITULO

O PÊNDULO-MEDIDOR DO TEMPO

DOS HABITANTES DA FAIXA CENTRAL

A FUNÇÃO DO GUARDA DO TEMPO E OUTRAS FUNÇÕES

1 - Dado que nos encontramos ainda com nosso grupo de habitantes do Sol, vamos ficar com eles ainda por algum tempo, escutando e observando tudo que ainda fizerem e falarem.

2 - Continuamos na terceira altura, perto do pequeno templo com um total de 77 colunas. E vede, neste momento B apresenta-se ao A perguntando: "Dentro da tua sabedoria, irmão, quanto tempo achas que aprazará ao grande Deus de deixar aberta a inchação, agora que esvaziou o que a oprimia?" - A diz: "Sabes, irmão, que nada nos é mais difícil do que avaliar o medidor do tempo. Então, como podes formular tal pergunta? Mas dá-me um medidor de tempo, e poderei dizê-lo." Continua B: "Caro irmão, o lugar onde tínhamos colocado o nosso medidor do tempo ficou inundado; eis por que não posso consegui-lo agora. Mas dize-me, ao menos, até que ponto achas que poderia chegar, andando com velocidade média, ate que a forte inchação retome sua posição anterior?" - Responde A: "Presumivelmente terias de dar 57 milhões de passos, até que a massa que formou as paredes da cratera se abaixe totalmente e se cicatrize, formando de novo um fundo plano do grande lago."

3 - Talvez pergunteis aqui: Por que os habitantes do Sol não determinam o tempo por ordem de anos, dias e horas? - A resposta e clara: no Sol nunca se faz noite, mas é sempre dia ininterrupto. Também não há uma lua, com cujo percurso os habitantes do Sol poderiam determinar o tempo.

4 - Além disso, de nenhum ponto do Sol os astros do céu são tão pouco visíveis que desta Faixa, pois nesta região o ar é mais agitado que noutro lugar, devido à potente rotação. Por essa circunstância, o ar se inflama sobretudo aqui e se torna, mormente nas regiões mais altas, fortemente luminoso. Devido a este contínuo esplendor, e mais difícil olhar fora do próprio corpo solar para os espaços livres da Criação do que daqueles pontos do Sol onde o ar é muito menos agitado (como é o caso nas regiões polares).

5 - Vede, e por esta razão que os habitantes desta Faixa do Sol tem bastante dificuldade de determinar o tempo, pois eles não conhecem a manhã, o meio-dia, a tarde e tampouco a noite. - Pergunta-se então, o que eles fazem para calcular o tempo?

6 - Eles fazem crescer do chão árvores de grande altura, o que não lhes custa muito tempo, nem esforço e trabalho. Basta um professor imaginar tal árvore a ser criada. Após ter completado o esboço, ele se inclina para o solo solar, riscando-o com uma ferramenta aguda e empurrando-a o mais profundamente possível para dentro. Retirando-a de novo, esfrega com seus dedos a fenda com o furo no meio e pronuncia então as palavras: "Que a Vontade do grande Deus se faça!" - E, no mesmo instante, a árvore projetada começa a surgir do solo solar. - E, em breve, a árvore atinge a altura desejada por aquele que a projetou. Então será usada para a finalidade estipulada.

7 - Como há pouco falamos de uma árvore que deve indicar o tempo, ou melhor, servir à medição do tempo, aproveitemos a ocasião para ver de que maneira tal árvore é formada e, depois, usada para sua finalidade.

8 - Certamente, já vistes na Terra um jogo chamado "Tiro aos pombos". Vede, assim é também o aspecto de tal árvore, não sendo, porém, desbastada, nem com protuberâncias embutidas; mas é uma árvore redonda, com um diâmetro de cerca de 5 toesas (1 toesa e igual a 1,90 m) e uma altura de cerca de 300 toesas, e dos dois lados crescem, em vez de outros ramos, protuberâncias semelhantes a gigantescos cornos de boi. No cimo, a árvore inclina-se para o lado, estendendo-se cerca de 5 toesas para além de sua base e tendo uma copa como enfeite. Na ponta da parte inclinada, prende-se uma longa corda, em cuja extremidade perto do solo e pendurado um pêndulo em forma de bola e de peso proporcionado. Um homem pega, então, esta bola e a arroja com toda força para a máxima oscilação possível. O pêndulo oscila então por bastante tempo. E, conforme as oscilações deste longo pêndulo, o tempo aí é determinado.

9 - Uma oscilação de tal pêndulo leva cerca de meio minuto. - E determinada soma de tais oscilações dá um intervalo de tempo que eles consideram aproximadamente o que para vós é uma hora. - O tempo total das oscilações dá a medida aproximada do que vos chamais de um dia.

10 - Mas o que acontece quando cessam as oscilações de tal medidor de tempo? Então o zelador do tempo já esta prestes a arrojar o seu pêndulo de novo. Para os habitantes do Sol, esta atividade é considerada extremamente respeitável. Pois estes homens do Sol o tem em grande estima e o consideram a pessoa mais importante de uma sociedade. Pois eis sua opinião: "Se este homem não fizesse constante vigilância sobre o pêndulo, nenhum de nos saberia quando nasceu, nem quantos anos tem."

11 - Eis por que às vezes há casos de suborno destes zeladores de tempo; pois aos habitantes desta Faixa do Sol nada é mais inoportuno do que a velhice. Porém, lá não custa muito rejuvenescer; basta entrar em acordo com tal zelador de tempo, para que ele ponha por certo tempo o pêndulo em posição de descanso. Tal repouso transtorna logo todos os cálculos anteriores, invalidando-os completamente, e se começa então a contar de novo desde zero.

12 - Direis aqui: Mas, o que acontece então com o período de tempo calculado conforme as oscilações do pêndulo antes de sua parada? - Este período é cancelado da conta, pois não se pode calcular por quanto tempo o pêndulo ficou parado. Por isso, a partir do recomeço das oscilações do pêndulo começa também a medição do tempo, o que dá a todas as pessoas a mesma idade. Isto não cria lá nenhum problema, pois o envelhecimento não está fundado numa necessidade natural, pois uma pessoa com a idade de várias centenas de anos tem lá aspecto tão saudável e alegre como se tivesse, segundo vosso calculo de tempo, apenas 20 anos. Por isso, não é problema fazer-se mais jovem no que diz respeito à duração de vida. E, de fato, entre velho e jovem, não há diferença de forma, mas unicamente de sabedoria.

13 - Por esta razão, a preferência por uma constante idade jovem se encontra mais no sexo feminino; nos homens, isto se dá somente quando querem unir-se a uma mulher em matrimônio. Mas se alguém quer pleitear a posse de um alto cargo, contam-se ate as paradas do pendulo, quando em tais ocasiões um ou outro estreia com uma idade tão avançada que os professores e magistrados que conferem os cargos com verdadeira sabedoria fazem troca dele. - Em tais ocasiões, pois, a idade não e julgada pelas oscilações do pêndulo, mas os pro­fessores fazem ao pretendente do cargo, em um templo peculiar, perguntas muito difíceis. Se as responder a plena satisfação dos professores, eles logo o reconhecem apto para o cargo e lhe conferem um número que indica sua idade. Se a idade natural do candidato não for de mais de 30 anos, ainda assim ser-lhe-ão atribuídos 60 anos em virtude de sua sabedoria.

14 - Naturalmente perguntareis: Quais são, pois, estes car­gos? - Digo-vos que em nenhum planeta existem tantos e tão variados como aqui. É verdade que aqui não existem administrações distritais ou magistraturas semelhantes às da Terra; todavia, há uma legião inteira de outras e, em verdade, não podeis ter delas nenhum conceito. Por isso, veremos logo algumas das mais importantes.

15 - Os primeiros e principais cargos são os magistérios, para os quais também há, sobretudo nesta Faixa, uma quantidade quase inumerável de esplêndidos templos de ensino nas alturas, nos quais os habitantes do Sol são sempre instruídos sobre todos os assuntos possíveis.

16 - Um segundo cargo principal e o sacerdócio; nele, os sacerdotes devem se inteirar com o máximo zelo do Ser Divino e da Sua ordem. Mas, a despeito disso, os mestres do primeiro cargo são mais distintos; pois eles são os verdadeiros arquimestres e, devido a isso, também os regentes do povo inteiro.

17 - Outro cargo consiste em que, por ele, a vontade dos homens e conduzida, ordenada e educada conforme a Vonta­de de Deus; é-lhes, pois, como costumais dizer, mostrado, em teoria e prática, que o homem só pode agir segundo sua vontade com força integral, se ela esta em perfeito acordo com a Vontade do grande Deus. - Por isso, o primeiro dever de cada um e estudar e reconhecer, antes de mais nada, esta Onipotente e Sacrossanta Vontade; pois, sem ela, ninguém pode chamar do solo nem uma planta.

18 - Disso eles recebem também demonstração prática: O mestre chama um ou outro de seus alunos e manda-o riscar, pela sua própria vontade, o solo, passando depois com seus dedos sobre este lugar para fazer surgir dele o que era a sua ideia; mas nada aparece, nem fruto nem planta. Por isso, o mestre mostra novamente aos alunos a Vontade do grande Deus, deixando-os acolhê-la em si. Depois, manda de novo riscar o solo, passar com os dedos sobre o lugar e fazer surgir do solo a ideia em conformidade com a reconhecida Vontade do grande Deus, - E eis que os alunos avistam a força da vontade em uníssono com a Vontade do Altíssimo!

19 - Eles mostram aos seus discípulos também que o ho­mem pode deveras chamar do solo tudo o que quer; mas ele não deve querer fazê-lo pelo próprio poder, mas pela prece e o poder da Vontade do grande Deus; de novo, isso e mostrado aos discípulos pela prática.

20 - Vede, este é um cargo muito importante; pois nele ensina-se o verdadeiro significado da agricultura solar.

21 - Outro cargo consiste em que aos homens é mostrada a ordem em que devem empreender uma ou outra tarefa. E este cargo é também de grande importância; pois aqui, os homens solares devem travar conhecimento exclusivamente da Minha Ordem. Pelo ensinamento e pela prática é-lhes mostrado, novamente, como uma desordem contrária à Ordem Divina age de maneira destrutiva sobre tudo o que a Ordem Divina produzira; e é-lhes mostrado também como tal desordem põe em perigo a vida de tudo o que vive e se move no imenso solo.

22 - Outro cargo rege a repartição do terreno solar, pois - apesar de não existir no Sol um real "direito de posse" - procede-se à referida repartição por amor a ordem. Indica-se aos titulares de posse onde podem fazer crescer do solo isso e aquilo, e em que ordem isso deve acontecer para que não haja um crescimento desordenado de árvores, gramíneas e plantas, garantindo assim boa determinada ordem. Eis, pois, um cargo muito útil, que faz com que toda esta imensa Faixa solar pareça ser um extenso, ininterrupto jardim, adornado com inúmeros magníficos grupos de árvores, arbustos, plantas e ervas, as quais são, como já foi dito, junto de cada habitante solar, sobretudo desta Faixa, completamente diversas uma da outra; e isso aumenta o encanto e a beleza destas regiões de modo indescritível.

23 - Outro cargo, já mais rico em diversidade, ensina aos habitantes como devem usar os produtos gerados do solo, recomendando-lhes, ao mesmo tempo, usarem, em tudo, justa moderação.

24 - Outro cargo rege o reino animal, dividindo-o em classes e ensinando seu emprego útil, esclarecendo por que os ho­mens não podem também gerar animais com sua vontade. - Outro cargo instrui os homens sobre a atitude que devem adotar, quando chegam das montanhas correntes de ar e de chamas. Mais outro cargo ensina aos homens o uso de sinais gráficos, de certa semelhança com vossos algarismos, pelos quais podem anotar as diversas relações entre as coisas, bem como reconhecê-las e transmiti-las também a outros. Um cargo ainda instrui sobre o ramo da construção, de que maneira devem ser edificadas as casas de moradia, de serviços públicos e de magistratura, os templos de ensino e, enfim, as igrejas. Forma-se aí uma classe especial de pessoas que futuramente se ocupam exclusivamente com tudo o que diz respeito ao ramo da construção. - Mas há ainda muitos outros cargos; e vários deles iremos conhecer ainda em ocasiões favoráveis.

25 - Agora, dirijamos nosso olhar para os habitantes solares já conhecidos. Vejamos como eles começam a descer da terceira colina para a segunda, onde se encontra o grande templo. Pois a inchação retrocedeu ao ponto em que a água já liberou a primeira colina onde se encontra tal medidor de tempo. Assim, um dos nossos companheiros solares corre lá para por o pêndulo de novo em oscilação, o que lhes permitira poder determinar, com maior precisão, o curso ulterior da inchação total.

26 - Por hoje, paramos de observar por mais tempo nossa brilhantíssima companhia; em compensação, voltaremos já na próxima comunicação a discorrer sobre os acontecimentos.

12° CAPÍTULO

O DESMORONAMENTO E O SUMIÇO DA INCHAÇÃO SOLAR

1 - Vede, neste instante, B se avizinha de A com a pergunta: "Irmão, olha lá! O pêndulo já oscila em bem calculados espaços de tempo. Penso que, com dez mil oscilações, poderemos observar que a orla da inchação começa a abaixar; pois, na sua parte inferior, já se formaram importantes concavidades e pregas. Isso acontecendo, sabemos que, dentro em pouco, a orla da inchação vai aparecer."

2 - Diz A: "Tens razão, a base da inchação já forma muitas pregas e concavidades, de cima para baixo; mas não descubro ainda pregas horizontais, que, em tais ocasiões, começam a cortar as verticais, quando a inchação começa a abaixar efetivamente. Eis por que sou de opinião que não veremos tão cedo a orla luminosa."

3 - B volta a falar: "Irmão, já que, conforme tua opinião, a orla demora a tornar-se visível, penso que deveríamos nos dirigir ao templo para ver se as águas que chegaram quase ao seu teto não o danificaram. Nesse caso, deveríamos logo providenciar o necessário conserto."

4 - Vede, a proposta é aceita e se procede ao exame do grande templo que, segundo a nossa medida, tem o comprimento de uma milha e a largura de um quarto de milha, a fim de averiguar se em todas as suas colunatas não se encontra algum defeito. E basta ver os rostos satisfeitos para sabermos que, excetuando-se algumas penetrações de umidade, as ondas não causaram danos ao templo inteiro.

5 - Quanto tempo demora tal exame? - Conforme vosso cálculo de tempo, deveria tratar-se de três dias; mas no Sol, uma tal inspeção é muito mais rápida, pois, como já sabeis, nunca se faz noite e o dia é continuo.

6 - Vede, os companheiros do Sol já saem do templo, e um deles é mandado para o vigia do pêndulo para saber quantas novas oscilações aconteceram desde a primeira. Vede, nosso mensageiro já chegou lá e recebe a resposta a sua pergunta que é: "Dez!", sendo que cada oscilação conta vinte mil movimentos do pêndulo. - O mensageiro leva, em seguida, esta resposta ao nosso grupo.

7 - Mas eis que B observa também uma prega horizontal na vasta inchação e informa A a respeito. Nossos companheiros também ficam muito felizes ao constatarem isto, e as mulheres gritam: "Olhai, olhai, uma prega horizontal e visível!"

8 - A inchação começou a abaixar. E A explica a todos: "Sim, apareceu a primeira prega - uma verdadeira bênção! Por isso, prostrai-vos e louvai com todas as vossas forças o grande Deus! - Neste lugar, nenhuma outra inchação se formara, pois a primeira prega horizontal contrai com toda força a inchação, cingindo-a firmemente." - Vede, todos se prostram agora e, com seriedade, fazem o que o primeiro mestre lhes ordenara.

9 - Apenas A e B ficam de pé e observam a inchação e, ao mesmo tempo, as oscilações do pêndulo do medidor de tempo perto do templo. B acaba de descobrir, cheio de jubilo, uma segunda acima da primeira prega, avisando A com as palavras: "Irmão, que te parece, não e isso uma segunda prega?" - E diz A: "Sim, irmão, observaste muito bem; trata-se ate de uma prega importante. Mas, olha lá; abaixo da primeira forma-se mais uma; e vê, acima da segunda que descobriste ainda outra! Todo louvor e honra ao grande Deus Onipotente! A grande inchação vai rapidamente abaixo. Na verdade, não vejo ainda a orla; mas creio que se tornará logo visível."

10 - Fala B: "Irmão, olha para o alto; se meus olhos não me enganam, já vejo o potente brilho dos relâmpagos, e sabes que eles costumam ser o prenúncio da orla!" - E diz A: "E assim mesmo, tens razão! E vejo não apenas o que vês, mas percebo um longínquo, surdo, ininterrupto ribombar dos trovões provenientes da orla." - Neste ponto, ele manda todos se reerguerem e olharem para as alturas, e lá notarem como a salvação começa a aproximar-se com toda forca.

11 – Com grande júbilo, o grupo se levanta e olha, com as mãos postas, para o alto. Os relâmpagos resplandecem cada vez mais perto e os trovões aumentam de intensidade. Durante algum tempo, todo o grupo observa, mudo, os trilhões de raios que, ininterruptamente, saem para todos os lados da inchação, que ainda tem extensão de vários milhares de milhas.

12 - O guarda do tempo acabou de dar novo impulso ao pêndulo. E ainda não se vê a orla! Mas já se ouve o grito de B e de vários componentes do grupo: "Orla! Orla! - Vede que agora ela se tornou visível! Todos nos estamos definitivamente a salvo! Pois faltam apenas poucas oscilações e poderemos olhar por cima da esplendida orla luzente!" E A se dirige assim a todos: "Antes que as oscilações deste impulso parem, olharemos por cima da superfície da orla que poderemos distinguir nitidamente; pois, do nosso lado, ela vai em declive quase a prumo."

13 - Pergunta B: "Conforme o teu cálculo, qual será a distância entre a orla e nós, quando ela estará a nossa altura?" - Diz A: "Penso que serão trinta women!" Conforme a linguagem dos habitantes do Sol, a distância será de três mil milhas, portanto uma distância considerável para os cálculos terrestres; mas, para o Sol, uma women não é considerada mais do que, na Terra, um caminho da metade de um quarto de hora.

14 – E B fala novamente: "Que largura terá a orla desta vez?" - Responde A: "A julgar pelo tamanho da inchação, desta vez poderia medir cerca de quarenta women."

15 - A se dirige agora de novo ao grupo: "Atenção! As pregas horizontais começaram a tremer; a cratera não vai ir abaixo tranquilamente, mas depois deste anúncio despencará. Por isso, preparai-vos e não vos espanteis pelo repentino estrondo. Sentai-vos no chão para não cairdes, quando o súbito desmoronamento fizer estremecer o solo com maior ou menor violência! E pedi ao grande Deus que conserve nossas moradas e nossos templos!"

16 - E B aproxima depressa de A, chamando-o para reparar nas grandes vibrações da orla já claramente visível. E diz A: "Sim, irmão. observaste bem; pois eu também vejo vibrações de grandeza de uma centinaia de women ao longo da orla, até onde meu olhar a alcança. Olhai! Olhai, as vibrações aumentam de intensidade! Como tremulam, semelhantes a uma grande bandeira sobre um dos nossos maiores templos, flagelada por um vento impetuoso! - Por isso, prestai atenção e acautelai-vos; pois, dentro de poucos movimentos do pêndulo, a orla, distante da nossa altura cerca de cinco women, despencará no abismo, o que até nos fará ver algo da cratera de profundidade horripilante, - a menos que as paredes laterais já não se tenham juntado em grande parte. - Agora, atenção, já caem esferas luminosas! Num instante acontecerá o desabamento!"

17 - Ouvi e olhai, todo o grupo salta do chão com um forte grito. Milhares de trombas de água se levantam da imensa inundação e começam uma luta furiosa contra a orla que, em seu abaixamento, fica cada vez mais perto. E grandes, lumi­nosas esferas de fogo se precipitam da orla em brasa nas ondas furiosas. Cada uma destas esferas é do tamanho natural da lua terrestre e é acompanhada de bilhões de raios. Vede a ebulição das imensas águas! Que vapor fumegante onde uma dessas esferas incandescentes se precipita da orla para baixo nas águas furiosas.

I8 - Agora, atenção, pois tudo está pronto para a grande queda! - Vede, o guarda suprimiu as oscilações do pêndulo, fixando-o na árvore. Até os dois professores instalam-se no chão ao lado das árvores, agarrando-se nelas com uma mão. Todo o grupo faz o mesmo. E, rapidamente, o guarda do tempo se junta a ele.

19 - Vede, todos cravam os olhos fixamente na orla agitada de modo inexprimível e indescritível para os nossos sentidos. As oscilações da orla são tão fortes que, em um segundo, ela não raramente empena, aqui e acolá, de modo horizontal, ora para o lado externo, ora para o interno, numa extensão de oito a dez mil milhas; e também o cambalear percorre, em um segundo, muitas vezes um caminho de três a quatro mil milhas. Agora imaginai o que significa contemplar estes movi­mentos do ponto onde nossa companhia solar se encontra! Mesmo ficando distantes trinta women, isso nada significa para os olhos penetrantes dos homens do Sol, que assim podem muito bem divisar os movimentos espantosos de tal fenômeno.

20 - Mas, vede agora, a orla já desceu, mas sem a veemência que se esperava. Por isso, também o abalo das cercanias foi menos violento que de costume. Todavia, este afundamento mui violento empurrou as ondas para cima, até perto do nosso grupo, apesar de ele estar, nesta colina, a mais de cinco de vossas milhas acima da superfície das águas.

21 - Conseguis avaliar este movimento? - Que diríeis, na Terra, e o que sentiríeis, se vos encontrásseis, por exemplo, numa elevada pastagem alpina, mais ou menos da altura do vosso conhecido Grossglockner, numa distância de cinco a seis milhas do mar, - e se o mar começasse, agitado por poderosa tormenta, a impelir as ondas até perto da pastagem alpina onde estais? Não começaríeis, em vosso desespero, a ter vossos cabelos arrepiados? Mas tal fenômeno na Terra, seria, visto do Sol, nada mais que uma bagatela, uma vez que, aqui, a montanha mais baixa tem quase cinco vezes a altura do vosso mais alto monte (isto é, tomando a medida da tranquila, comum superfície da água no Sol).

22 - Se refletis um pouco sobre esta comparação, saltaria aos vossos olhos a grandiosidade da inundação na ocasião do rápido abaixamento da nossa inchação. E isso deveríeis também compreender muito bem para conhecerdes cada vez mais o Poder Daquele que Se deixa chamar por vos de querido e bom Pai.

23 - Dirijamos o nosso olhar, mais uma vez, para nossos companheiros solares. Vede como todos se comprimem ao redor do seu mestre, como louvam e exaltam o grande Deus, e como o guarda do tempo corre de novo a sua arvore para liberar o pendulo e dar-lhe novo impulso

24 - Mas olhemos também, com os habitantes do Sol, sobre a orla da grande inchação! Vede a enorme largura que ela ainda tem. Não notais como seria fácil rolar sobre esta orla duas das vossas Terras, uma ao lado da outra?! - Sim, e isso! Mas a cratera já esta multo estreitada, e mal tem a dupla largura da orla, estendendo-se mais no comprimento do que na largura, e tendo-se até juntado em certos lugares.

25 - Vede como os habitantes do Sol, tão acostumados à luz, cobrem seus olhos por causa da forte luminosidade da larga orla. E vede como, aqui e acolá, uma grande bola ardente e expelida com enorme violência da profundidade até uma altura da dupla distância entre vossa Lua e a Terra. E vede como da extensa orla, ainda em forte movimento, continuam irrompendo inúmeros relâmpagos!

26 - Eis, assim, todo o desenrolar deste grandioso fenômeno que, pouco a pouco, vai-se abaixo com o sucessivo juntar-se das orlas. O fim deste fenômeno é acompanhado por uma chuva torrencial, pela qual as orlas ardentes são de novo arrefecidas, serenadas e, finalmente, juntadas e saradas, abaixando-se, em seguida, cada vez mais para sua posição anterior, isto e, abaixo do nível da água.

27 - Olhai, ainda, para os nossos habitantes do Sol, como estão sobremodo felizes, rejubilando-se da plenitude do coração e de sua vida, e louvando o grande Deus que levou de volta tudo isso, com sua sabedoria, para a ordem anterior. E vede também como se abraçam agora e, saudando-se, correm para as suas moradas, de onde lhes vem ao encontro, sãos e salvos, um grande número de crianças, irmãos e irmãs.

28 - Assim terminou também esta cena. Proximamente, vamos observar algumas disposições domesticas destes habi­tantes do Sol, lançando, assim, também um rápido olhar sobre esta Faixa inteira.

CAPÍTULOS 13 a 24

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS

SOBRE A FAIXA CENTRAL DO SOL

1 - Ordem de propriedade e necessidades vitais dos habi­tantes da Faixa Central

No Sol, e sobretudo na Faixa Central, não existe, de modo algum, um chamado "Direito de Posse" como na vossa Terra; mas, em compensação, há um "Direito de Ordem", baseado no princípio de que ninguém deve ficar sem bens de raiz. Assim, o terreno e sempre medido por magistrados incumbidos desta função, e atribuído a um ou outro para usufruto. Por isso, os proprietários de bens de raiz só podem gozar do usufruto não prejudicado do terreno medido enquanto sobrevivem. Depois do falecimento do ocupante, quem pode dispor do respectivo terreno são os magistrados encarregados por ordem dos mestres principais. Por esta razão, no Sol termina qualquer direito hereditário dos filhos que, na Terra, Me é sobremaneira odioso. No Sol, quando os filhos adquiriram os necessários conhecimentos e aptidões, são providos do necessário exclusivamente pelos magistrados.

O vestuário consiste em nada mais do que num ligeiro avental ao redor dos quadris e num chapéu bastante largo. Quanto ao alimento, o solo do Sol produz o necessário para as pessoas comerem moderadamente.

2 - As habitações na Faixa Central

Qual é o aspecto das casas dos habitantes do Sol, nesta grande Faixa, cuja largura é a mesma que a distância entre a vossa Terra e sua Lua? As casas na Faixa Central do Sol não têm nenhuma semelhança com as casas na Terra, nem em sua forma, nem em seu arranjo, pois, em todo o Sol, não existe nenhuma cidade.

As casas de habitação, na Faixa Central, são todas em forma circular-cônica, terminando numa ponta aguda. O telhado pontiagudo serve de proteção contra a luz e o calor. Ao redor da casa há um campo para pequenos frutos, que e separado do próximo círculo maior, reservado as ovelhas, por uma sebe viva de frutos. O círculo exterior é um campo para cereais, uma espécie de trigo.

No interior das casas, faz-se rico uso de belíssimas pilastras de forma quadrada, e de pequenos jardins com maravilhosas plantas e flores que, em cada casa, são de formas e cores diferentes e de deslumbrante beleza.

Resumindo, pode-se dizer que também nas casas encontram-se não apenas todos os produtos visíveis de todos os planetas, na máxima perfeição, mas também todas as formas de pensamentos que foram jamais pensados pelos homens nos planetas. No interior das casas, bem no meio, encontra-se uma pirâmide, em forma de cavalete, que serve para deliberações sobre coisas divinas, e um púlpito para ensinar, de onde o pai de família fala aos seus sobre Deus.

Há, ainda, um espaço reservado para a orquestra que existe em cada casa, cuja peça central é uma maravilhosa harpa, que todo habitante do Sol sabe tocar como dote natural. Esta harpa acompanha as canções sublimes que são cantadas após uma reunião espiritual em honra e louvor ao Grande Deus.

3 - Os arredores de uma casa na Faixa Central. A vegetação arbórea

Os arredores imediatos de tal casa consistem numa alameda redonda, de árvores muito altas, que perto de uma casa é sempre da mesma espécie, mas, em cada casa, é um pouco diferente.

Uma das razoes da grande altura destas árvores é a circunstância de que assim elas não cobrem a vista panorâmica de que os habitantes gozam. E isto é muito importante para que certos fenômenos atmosféricos, bons e maus, possam ser vistos e interpretados, como, por exemplo, trombas d'água ou trombas de fogo, a fim de tomarem providências de proteção. Por esta razão, não ireis encontrar, em parte alguma uma casa de habitação numa planície, mas sempre sobre uma colina. O mesmo vale quanto às magistraturas e, sobretudo, aos templos para adoração e veneração do Grande Deus.

Uma segunda razão da grande altura das copas das árvores é o fato de que estas diminuem o impacto da luz contra as habitações, o que é muito importante, visto que, no Sol, é sempre dia.

Uma terceira razão é a circunstancia de que as crianças, quando sentem fome, devem sempre procurar os pais. Esta é uma razão muito importante, pois nada é mais prejudicial ao espírito ainda imaturo das crianças do que certo autoritarismo, mesmo se tolerado pelos pais. Por ele, estabelece-se, nas crianças, primeiro a altivez e, depois, a obstinação, ambos maus costumes que são a pedra funda­mental indestrutível para todos os vícios seguintes. A educação, neste sentido, é tão importante, porque firma a vontade das crianças na manutenção da ordem geral. O mesmo seria de suma importância também na Terra, pois lá os homens são, geralmente, muito obstinados, razão por que foram mandados para esta áspera Terra. Nada lhes é, pois, mais penoso do que uma obediência pontual, que é a única escola para alcançar a verdadeira, espiritual força de vontade interna.

Infelizmente, são pouquíssimos aqueles que chegam em vida a esta meta que, no fundo, condiciona sua passagem pela Terra.

4 - A agricultura na Faixa Central.

Terra para hortaliças - Pastagem para ovelhas - Campo para cereais.

Abaixo das árvores encontram-se os campos para hortaliças, cercados dos dois lados por vários arbustos frutíferos. As plantas, nos campos, produzem pequenos frutos, algo semelhante aos vossos morangos, melões, tomates, etc. Mas todos eles são de grande variedade e, na área de cada habitante, diferentes entre si.

Cada campo e circundado por um círculo baldio que permite dar-se a volta ao seu redor e que tem, na sua borda, árvores anãs, cujos frutos são semelhantes às vossas peras, maçãs, laranjas e outras, todas de sabor agradabilíssimo.

Segue-se outro círculo baldio, demarcado por uma sebe viva, além da qual estende-se um prado de largura de sete a dez toesas, destinado à pastagem das ovelhas, que são os únicos animais domésticos dos habitantes do Sol, por serem os mais pacientes e meigos e de cujo leite e lã finíssima os homens se servem.

Em geral, há numerosíssima fauna nesta Faixa do Sol, com a única exceção da serpente, que vive apenas em alguns planetas. - Como já sabeis, há no Sol imensas planícies não habitadas pelo homem; é ali que vivem os animais, nutrindo-se da rica vegetação de plantas provocadas do solo pela bênção do supremo mestre.

Voltando ao prado de pastagem para as ovelhas, encontramos, ainda, na parte inferior da sebe viva, uma circunvalação, da qual surgem as fontes d'água que os habitantes captam da seguinte maneira: cravam um tubo de cerca de dez toesas no solo, deixando uma toesa ao ar aberto. E logo sai do tubo, por pequenos furos, copiosamente, a água, devido ao solo do Sol ser extremamente aquoso.

Além da mencionada circunvalação, encontra-se o círculo do campo para cereais. Nele cresce uma espécie de fruto semelhante ao vosso trigo, que é o único não produzido pela vontade humana, mas oriundo da Vontade de Deus, razão por que este campo é considerado lugar santo.

Quando então o campo deve dar um fruto, faz-se expressamente uma prece ao Senhor, acompanhada de grande festividade. Em seguida, o pai de família passa, abençoando, sete vezes por este campo, seguido, em justa ordem, por todos os membros da família. Após uma prece em comum, de louvor e agradecimento, o campo está cultivado.

5 - Magistraturas escolares na Faixa Central

As casas dedicadas aos ofícios públicos não se encontram no alto de colinas como as residências, mas, preferivelmente, nos vales dos montes, para que os alunos não sejam distraídos pelas vistas encantadoras.

As casas pequenas destinam-se ao ensino elementar das crianças; elas são separadas por meninos e meninas. Tal casa é, geralmente, frequentada só pelas crianças de três a cinco residências dos arredores próximos. O ensino básico nestas escolas de 1° grau consiste em certas pequenas leis que as crianças devem observar, aprendendo, assim, a renunciar à própria vontade para se tornarem vasos aptos a aceitação da Vontade Divina, que é ensinada numa escola de grau superior.

É lá que devem aprender a cumprir várias atividades conforme a Vontade do Grande Deus. Uma das atividades mais importantes é a fixação, contemplação e descrição em todos os detalhes de determinado objeto, a ser repetida várias vezes a fim de perceber a fundo o relacionamento e as ligações deste objeto com outros contíguos, descobrindo, assim, a importância de cada coisa no conjunto das criações.

A denominação do terceiro ofício escolar corresponde, aproximadamente, ao vosso "ginásio". Nele ensina-se, em certo sentido, a analítica de todas as coisas visíveis, evidenciando nelas a Ordem Divina.

A cada grau de ensino corresponde o exterior e interior do respectivo ofício escolar, com o intuito de acompanhar e favorecer o crescimento da mente dos alunos, ajudando-os a reconhecerem a Ordem de Deus em todas as coisas e a poderem ler no grande livro da natureza divina.

Como exemplo, seja indicado, em poucas palavras, o significado de uma pilastra: o pé redondo significa o Poder de Deus e a Força de Sua Vontade, que é um fundamento eterno de todas as coisas. - A pilastra quadrangular que se apoia nele significa a força que emana deste fundamento básico, que é o suporte do Céu e de todas as coisas criadas. - As coisas criadas são, simbolicamente, expressas pelos enfeites ao redor da pilastra, e são relacionadas entre si como também com a Forca que as produz e suporta - e isso pela superior Vontade do Grande Deus, que Se exprime no coração perfeitamente purificado de um homem.

Os capitéis de tal pilastra significam a Sabedoria, e as esferas sobre eles, a insondabilidade da Mesma em Deus. Mas os arcos que ligam estas esferas significam os caminhos imperscrutáveis, pelos quais a Sabedoria de Deus penetra e une tudo na máxima Ordem; e esta Ordem é, pois, o apoio que garante a manutenção de todo o Infinito.

Este breve resumo vos mostra em que sentido um destes Ofícios é constituído em todas as suas partes. Não achais este tipo de "ginásio" melhor do que o vosso latim na Terra?

6 - Os templos de tipo simples na Faixa Central

Eles se encontram na parte baixa de pequenas elevações e são extraordinariamente grandes, pois destinam-se a acolher, cada um deles, vários milhares de alunos que vêm dos Ofícios escolares tratados no capítulo precedente. Seu tamanho, em forma de navio, é determinado pelo número das pilastras, que variam de mil a dez mil unidades. Se não acontece um desastre natural, estes templos mantêm-se constantemente novos como no dia de sua fundação.

Sua organização interna é riquíssima e de grande variedade e beleza, caracterizada por galerias e escadas e dois tipos de claustros, lugar reservado à orquestra do templo, que entoa os louvores ao Grande Deus.

A enorme altura deste templo serve para que os alunos que devem subir por escadas de caracol até abaixo do telhado se acostumem a não sentir vertigem, de qualquer altura que seja.

As partes restantes do templo são destinadas, em parte, ao variado ensinamento, em parte a habitação dos professores e dos alunos, estes em duas alas separadas para os dois sexos. Num templo assim vivem às vezes cerca de dez mil pessoas, que também, fora do templo, podem gozar dos vastos campos com magníficas vistas.

A muralha de circunvalação da planície consiste de inúmeras colunas de fontes de repuxos, cujas águas providenciam refresco e alívio para os arredores do templo.

7 - Um templo do tipo superior

Este templo de segundo grau se encontra numa altura bem maior do que o anterior, e é chamado "O Grande Tem­plo", não por ter de mil a duas mil pilastras a mais do que o primeiro templo, mas por ser exclusivamente dedicado ao serviço do Grande Deus. Isso explica também por que a orquestra do templo é muito mais grandiosa, abrangendo o dobro de harpas e bem mais cantores, já que abriga até sete vezes mais alunos do que o templo anterior.

Um grande pêndulo-medidor do tempo faz também parte do conjunto deste templo, e os guardiães do tempo transmitem, por meio de um tipo de gongo, o número das oscilações do pêndulo a toda a região.

O ensinamento que se outorga neste templo excede a vossa compreensão, pois é sempre uma nova etapa de transmissão, não só de conhecimentos, mas da maneira de eles serem intimamente vividos. Por exemplo, a simples pronúncia da palavra "Amor" em relação a Deus faz os ouvintes entrarem em tal encanto que, por bastante tempo, abstêm-se de alimento. E, quando o supremo mestre e sacerdote desce a este segundo templo, pronunciando a mensagem "DEUS É AMOR", isso leva os ouvintes a um estado de visionário arrebatamento, em que participam das delícias dos anjos. "Se Eu tivesse realizado no Sol o que fiz na Terra", diz o Senhor, "sua luz jubilante teria cativado todo o Infinito! Aprendei, pois, do Sol, o que não conseguis fazer na Terra, Quem é Aquele que, por Amor infinito, quis até sangrar na dura Cruz! Reconhecei, finalmente, que o Pai é o Amor!

8 - O terceiro, mais alto tipo de templo. O mistério da encarnação de Deus e da Cruz. - Consagração ao grau de Sumo Sacerdote

Numa altura que domina uma região de vários milhares de milhas quadradas, encontra-se o terceiro tipo de templo, do qual dependem de cinco a sete templos de segundo grau. Quanto a sua construção, não tem nem o tamanho de quatro vezes uma habitação comum. Não tem a forma de um navio, mas é perfeitamente redondo. Seu interior é simples, sem enfeites, e toda a música consiste de quatro trombones retumbantes, cujo som, devido ao puro ar solar, pode ser percebido, às vezes, até mil milhas de distância. - Nada, pois, de fausto exterior!

Ao redor deste templo, há umas vinte a trinta pequenas cabanas de madeira, semelhantes às choupanas nos Alpes, mas com telhado mais alto. Uma delas, junto ao templo, é a morada do sumo-sacerdote, ao passo que as outras são habitadas pela sua família, por oficiais e uns poucos alunos que se preparam para o serviço nos vários templos.

Este templo é um lugar dos mais profundos mistérios, nos quais só poucos são iniciados. Eles são informados de que Deus é um Homem no qual reside o supremo Amor que criou tudo por Sua própria Força; e que este Deus-Homem encarnou no planeta Terra (no Sol e chamado PJUR) num corpo mortal e Se deixou crucificar como sinal do Seu infinito Amor e de Sua inconcebível Humildade. Numa colina em frente ao templo foi erigida uma Cruz, semelhantes aos calvários na Terra; mas só pode aproximar-se dele quem tiver vencido duras provas de intrepidez, pela água e pelo fogo, quando então se revela a ele o milagre da crucificação na suprema luz do Amor. Com isto se recebe simultaneamente a consagração como Grande Sacerdote.

9 - O sacratíssimo templo, chamado "o ardente". Iniciação mais profunda nos Mistérios da Encarnação de Deus e da Filiação Divina. O Próprio Deus-Pai como Guia.

Quem tiver passado a prova do fogo, no caminho para o Calvário, é recebido por um misterioso sábio que o conduz a vários grupos plásticos que representam a sequência dos acontecimentos da Paixão de Jesus: A Última Ceia, Jesus com os apóstolos no Jardim de Gethsêmane, a captura de Jesus, e todos os seguintes momentos da Paixão até a uma grande Cruz na qual a Figura do Senhor é pregada em forma terrestre-humana, e, no fim, Seu Sepulcro.

Em seguida, é conduzido a um templo maior que arde em claríssimas chamas e onde percebe, num pequeno altar, o Antigo e o Novo Testamento. Tocando o livro, o hospede é penetrado como por um fogo e sabe ler a escrita na antiga língua hebraica, começando a compreender as maravilhosas Condutas Divinas pelo Grande Deus e, no Novo Testamento, o imenso Amor Divino que chama os homens que vivem na Terra à verdadeira filiação Divina. - Respondendo a uma pergunta do hóspede, o Guia lhe revela que "não apenas os homens do Sol, mas todos os homens que vivem em todos os sóis e planetas em todo o Infinito têm um secreto direito a esta imensurável felicidade, mas somente pelo caminho da mais profunda humildade e, por ela, pelo mais perfeito amor de todo seu ser para Deus!"

No fim deste ensinamento, o Guia revela ainda ao hóspede que acima deste corpo cósmico (o Sol) há ainda um mundo muito mais perfeito, onde todos os habitantes do Sol receberão os Ensinamentos perfeitos sobre a Encarnação do Senhor no Espírito, podendo, se o quiserem, ser acolhidos como verdadeiros filhos de Deus se aceitam a condição de se humilharem, como habitantes de um mundo perfeito, até o ponto de serem os últimos e mais simples servos daqueles filhos de Deus que Ele Mesmo transformou e aceitou no planeta Terra, ou Pjur, como Seus filhos. Pois o Grande Senhor do Céu e de todos os mundos não Se compraz nos grandes e fortes, mas nos pequenos e fracos, e Ele revela mais às pequenas crianças e aos homens simples do que aos mais profundos espíritos angélicos.

Naturalmente, o seu Amor estende-se a todos os seres humanos no grande Infinito, mas apenas Seus filhos habitarão um dia para sempre sob um só teto. Por isso, procura ser o menor e se o servidor de todos os homens com os quais entrares em contato, e chamarás a atenção do eterno Pai a ti. E esta atenção é a primeira centelha pela qual receberas uma nova vida, uma vida como filho do Grande Pai!"

Mais uma vez é-lhe mostrada a Cruz com as Palavras: "Se queres chegar como filho do Pai, deves escolher este caminho da Cruz!" - Prostrando-se por terra em amor e reverência, o hóspede adora o grande mistério. Levantando-se de novo, tudo na colina desaparece, com exceção do Guia e de sua morada. E este coloca-lhe as Mãos na cabeça com as palavras: "Guarda para ti tudo que viste e ouviste até o tempo determinado pelo Pai. Mas tu, reconhece agora o teu Guia! Pois vê, - Eu sou o Pai!" - E Ele desaparece.

Vede, esta é no Sol a mais alta preparação de um mestre; e também para vós era tudo que precisava ainda ser referido de maneira compreensível sobre o Calvário.

10 - Vida da família, matrimônio e procriação na Faixa Central

No Sol, e precisamente nesta Faixa, em cada habitação vive apenas uma família. Quando os filhos são educados e se casam, providencia-se para eles uma habitação. Não se conhecem criados no Sol, sobretudo nesta Faixa, pois até os altos funcionários são, de certo modo, servos dos livres camponeses. E o próprio sumo-sacerdote é servo de última categoria.

O mesmo se da nos Céus, onde os mais altos espíritos angélicos são os menos vistosos; mas, apesar disso, gozam de sumo respeito como protetores no Meu Amor e Minha Sabedoria.

No Sol, estes "servos" são materialmente os menos dotados. Sua maior remuneração por seus serviços no Sol consiste no direito de poder visitar cada ano o Calvário ou receber, em ocasiões extraordinárias, a visita de um anjo do Céu a fim de receber dele diretivas de conduta em caso de perigos iminentes para o seu distrito, às vezes do tamanho de um grande reino terrestre.

Para o camponês é fácil cultivar o solo pela própria vontade. Sua mulher e eventuais filhos, voltando das escolas e sendo ainda solteiros, ordenham as ovelhas e as tosquiam, em certos tempos, para obter a rica lã, com a qual confeccionam seus simples aventais. A manutenção das casas e de suas instalações fica a cargo dos funcionários-construtores, de maneira que o camponês solar só tem que cultivar seu solo e gozar continuamente dos frutos maduros. Por isso, os habitantes do Sol ocupam-se, geralmente, com a cultura do seu espírito, gostam de visitar-se uns aos outros e admiram as forças espirituais que, por toda parte, se manifestam diversamente nos esplêndidos produtos visíveis da vontade humana. - Em todo lugar reina o maior amor e atenção recíproca, e as pessoas se ajudam mutuamente, em caso de necessidade, como irmão e irmã.

Na vida moral, não há impudicícia, pois, para começar, a geração é diferente daquela na Terra. Realiza-se por uma prece comum, seguida da minha vontade de amor que é, na realidade, apenas a união do bem com a verdade, ou da luz com o calor, sendo o procriador a luz e a esposa o calor. Nisso, o casal experimenta a máxima delicia, mas não na volúpia sensual, e sim na felicidade de ambos se encontrarem dentro de um comum estado de espírito no bem e na verdade. Por esta razão, lá, o tão desastroso namoro apaixonado na Terra é totalmente desconhecido. Para o varão, a excepcional beleza da mulher não tem nenhum valor, se não está dentro da perfeita harmonia com seus conhecimentos do bem e da verdade.

Se quereis saber como são os matrimônios no Céu, os do Sol vos servem de exemplo. Crede-me: o mais desprezível matrimônio na Terra é aquele feito por dinheiro ou pelos bens; terá o seu fim com o fim de sua base. - Não menos pernicioso é o matrimonio baseado na sensualidade e na mútua atração das formas corporais; eles passam, assim como a sua base ruim. - O mesmo vale para os matrimônios políticos, os prematuros matrimônios na juventude e os matrimônios brilhantes que se desvanecem assim como a sua origem perniciosa. - Somente matrimônios que têm seu fundamento em Mim duram para sempre, porque este é eterno.

Vede, assim também os vivos frutos do gênero humano - qual planta mais nobre da Terra - devem ser semeados no melhor dos solos.

Não vos admireis, pois, dos maus frutos, quando são cultivados nos lodaçais, nos pântanos e charcos. Tais terrenos são vossos matrimônios mundanos; tal solo - tal fruto! Mas já é hora de voltarmos ao terreno solar, que é tão melhor!

11 - Feriados e Dias de Festa.

A morte dos habitantes da Faixa Central

Como no Sol faz sempre dia, não havendo dias e noites separados, também não pode existir um sábado ou outro dia de festa.

A Ordem do Sol é, pois, outra que nos planetas. Todavia, também no Sol existe um período de tempo em que o trabalho cotidiano repousa.

Quando, na rotação do Sol ao redor do seu eixo, que é de 29 dias, aparece no horizonte solar a estrela Sirius, começa o tempo festivo, que dura até que Sirius esteja no zênite. Este espaço de tempo corresponde a pouco mais de sete dias terrestres. Todos os pêndulos de tempo param então, com exceção do pêndulo principal do segundo, ou grande, templo, que nunca deve parar.

Durante esse tempo, não se trabalha nem se ensina, e cada família fica em sua habitação, onde cada membro faz a promessa de abnegar-se nos pontos onde é mais fraco, por exemplo: comer demais, falar demais, ser brigão, etc... Alcançando Sirius o zênite, todos saem de suas casas, agradecendo, nos três templos, o fortalecimento recebido.

Este é o culto cerimonial da religião no Sol. O culto espiritual, porém, não sofre interrupção: é o esforço contínuo de reconhecer, e seguir, a Vontade Divina. Mas a parte mais espiritual consiste em comentar a Minha Encarnação e em tentar aproximar-se cada vez mais da grande Obra de Amor.

É singular que também a morte corporal de um homem faz parte do culto espiritual da religião. Lá os homens nunca adoecem. Mas, quando o seu espírito tiver alcançado a necessária maturidade, ele destrói instantaneamente o seu invólucro por uma erupção flamejante do seu ser e passa para um mundo superior. Este súbito desaparecer é festejado pelos habitantes do Sol com íntimo recolhimento espiritual, louvando o Senhor, que libertou mais um irmão dos vínculos mortais, conduzindo-o ao reino original de toda Luz e Vida.

Mas a memória de um falecido não é cancelada pelos sobreviventes, pois, nos templos, cada habitante é registrado, assinalando-se seu caráter e modo de viver, e indicando se presenciou um ou outro fenômeno natural de importância. E, nas habitações, guardam-se os produtos da sua vontade. Por isso, cada enfeite nas habitações tem seu sentido e a história de uma ou outra pessoa que já habitou a casa - tudo, como se vê, bem diferente dos costumes terrestres, com ricos funerais e sempre renovadas missas comemorativas que, por serem pagas, são uma abominação para Deus.

O viúvo ou a viúva pode varias vezes reunir-se com os mortos. Mas tal aparição de um espírito só pode ser vista pelo esposo ou a esposa, que lhe é unido em eterno vínculo matrimonial. Isso explica também por que no Sol ninguém se casa uma segunda vez, já que, durante toda a vida só deseja a eterna indissolubilidade deste vínculo.

Terminamos aqui a descrição da Faixa Central. De cada lado desta Faixa, encontram-se outras Sete Faixas um pouco menores. E cada Faixa de um lado está em harmonia com a Faixa correspondente do outro lado.

Passamos, pois, para o primeiro par de Faixas Secundárias.

25° CAPÍTULO

O PRIMEIRO PAR DAS FAIXAS SECUNDÁRIAS, CORRESPONDENTE A MERCÚRIO E VÊNUS.

PAISAGEM E POPULAÇÃO.

SOBRE A BELEZA EXTERIOR E INTERIOR.

1 - Quanto a esta Faixa Solar mais próxima e a sua correspondente do lado oposto, elas são muito mais estreitas, e o seu solo e consideravelmente mais sólido que o da Faixa Central ou Principal. A Faixa Principal é o verdadeiro e próprio mundo solar, ao passo que as Faixas Secundárias são apenas mundos correspondentes aos planetas que gravitam ao redor do Sol.

2 - Assim, estas duas Faixas mais próximas correspondem aos planetas MERCÚRIO e VÊNUS, que os habitantes das referidas Faixas podem divisar muito bem - Mercúrio com o tamanho da vossa Lua, e Vênus quase a metade menor.

3 - Correspondem, pois, a Faixa Setentrional a Mercú­rio e a Meridional a Vênus. Na Faixa Setentrional pode ser encontrado tudo que ha no planeta Mercúrio, mas, naturalmente, numa medida muito mais aperfeiçoada. Da mesma maneira, se encontra na Faixa Meridional, com a mesma maior perfeição, tudo que ha no planeta Vênus.

4 - Era necessário antecipar isto para que saibais, de antemão, o que se passa com estas Faixas Secundárias, e que o perfeito conhecimento destas Faixas vos familiarizará também com os próprios planetas.

5 - Para evitar que esta descrição crie confusão na vossa mente, tomaremos em consideração principalmente a Faixa Setentrional, aludindo a Meridional somente quando às vezes diverge da Setentrional. Deveis, pois, de antemão, tomar em consideração que o planeta Mercúrio e o planeta Vênus têm quase a mesma constituição. Assim, tanto os habitantes do planeta Mercúrio como os do planeta Vênus são quase todos homens de sabedoria. A diferença entre eles é que os habitantes de Mercúrio procuram tornar-se sábios - e o conseguem - pelo caminho de evidentes experiências próprias, das quais deduzem várias conjeturas e sábias conclusões; eis por que estes homens mesmo como espíritos - gostam muitíssimo de viajar, querendo ver com os próprios olhos toda a criação, para se informarem e se convencerem se suas conclusões de sabedoria, obtidas durante sua vida corporal, não eram enganos. Esta é, pois, a natureza ou, de certo modo, a qualidade principal dos habitantes do planeta Mercúrio.

6 - Se quereis considerar os habitantes de Vênus, eles são, no fundo, iguais aos habitantes do planeta Mercúrio; só que eles começam sua escola de sabedoria no ponto onde os habitantes de Mercúrio a terminam. E sua prova final é quase exatamente aquela com que os habitantes de Mercúrio começam a sua escola. Noutras palavras, a coisa se passa assim: os habitantes de Mercúrio refletem primeiro conforme as experiências feitas, e observam no fim. Mas os habitantes de Vênus observam primeiro e pensam no fim, conforme as experiências feitas.

7 - Se considerais bem o que foi dito, devereis obviamente dizer que nisto não há grande diferença, - é como uma escala musical. Ascendendo ou descendendo - o ouvido vai registrar uma diferença; mas os degraus continuam os mesmos, se se desce ou sobe.

8 - Por esta razão, estas duas Faixas solares de preferência são chamadas "Faixas correspondentes", pois, de fato, o são, como há pouco foi mostrado. Pela mesma razão concordareis que não é necessário examinarmos separadamente cada uma destas duas Faixas, limitando-nos apenas a Setentrional. De fato, utilizando a inédita proporcional precedente, é fácil deduzir da proporção desta Faixa a correspondente Faixa Meridional, assim como de uma escala musical ascendente se pode deduzir aquela descendente, - uma vez que, em cada caso, o mesmo som fundamental esta na base.

9 - Antes de passarmos ao homem, devemos inspecionar mais detalhadamente a natureza das nossas Faixas.

10 - Sabeis que a principal faixa media do Sol é limitada por duas altíssimas cordilheiras, insuperáveis e ininterruptas. Estas duas cordilheiras separam assim também as nossas duas Faixas Secundárias da Faixa Principal.

11 - Vimos, na Faixa Principal, como partem das duas cordilheiras principais muitas ramificações montanhosas menores, dispersando-se sobre toda a grande faixa. Mas o mesmo não acontece do lado das duas Faixas Secundárias. Pois, ali, os altos, íngremes rochedos das cordilheiras despenham-se no precipício sem quaisquer ramificações, diretamente para o plano abaixo, totalmente inundado d'água. Assim, ao longo das altas cordilheiras que separam as duas Faixas Secundarias da Faixa Principal ha ainda uma faixa d'água bastante larga. Essa não tem largura uniforme; em média, deve montar a duas mil milhas da vossa medida.

12 - Só após este mar anular começa a própria terra habitável. A região em si, tanto da Faixa Setentrional como da Meridional, é fortemente montanhosa, dispondo de poucas planuras e, consequentemente, não tendo lagos e rios importantes. Os maiores rios e lagos deveriam ser do tamanho do vosso Danúbio e, no máximo, do lago de Constanza; mas há rios e lagos menores, em grande quantidade.

13 - A zona que se estende ate a próxima insuperável cordilheira principal tem, em média, largura de cerca de cinco mil milhas de vossa medida, aplaina-se bastante em direção a segunda cordilheira principal, porém não no sentido que o terreno se torne aqui mais profundo, mas as montanhas do interior aproximam-se mais umas das outras, formando, de certo modo, com seus cumes mais altos, um terreno elevado bastante largo, que é o lugar preferido para habitações.

14 - A configuração do terreno habitável na Faixa Secundária Setentrional tem sua correspondência exata também na Faixa Meridional que se encontra diretamente em frente à Setentrional; - e isto no sentido que também na Faixa Meri­dional se encontra, depois da alta cadeia de montanhas, primeiro uma faixa aquática, e depois uma terra muito montanhosa que igualmente se aplaina em direção à próxima cordilheira.

15 - Confrontando estas duas Faixas Secundárias, necessariamente constatareis, seguindo do Norte para o Sul, que, na Faixa Setentrional, a alta terra plana e sua parte mais seten­trional; no meio se encontra a costumeira região montanhosa mais baixa, e, na parte mais meridional da Faixa, se encontra a faixa d'água. Na Faixa Meridional encontrareis exatamente o contrário; pois, aí, a faixa d'água e sua parte mais setentrio­nal; a costumeira região montanhosa mais baixa também aqui está no meio; e a alta terra plana ocupa a parte mais meridional.

16 - Vede, aqui já tendes uma correspondência entre estas duas Faixas, sendo que uma delas, digamos a Setentrional, termina na sua parte mais Meridional com aquilo com que a outra Faixa, a Meridional, começa na sua parte mais ao Norte - e vice-versa. E, nesta proporção, encontrareis também tudo que será relatado em seguida sobre estas duas Faixas correspondentes.

17 - Mas, para ficarmos fiéis a nossa antiga ordem, nossa exposição mais detalhada começará com o homem. - Qual e, pois, a espécie e o aspecto dos homens da Faixa Setentrional?

18 - Se conhecêsseis os homens do planeta Mercúrio, eu vos diria: eles têm o mesmo aspecto que os homens desta Faixa; e, assim, também os homens da Faixa Meridional têm o aspecto do seu planeta correspondente. - Mas, dado que não os conheceis ainda, devo primeiro dar-vos uma descrição mais pormenorizada do seu aspecto.

19- 0 corpo dos homens é um pouco maior do que o dos habitantes da Faixa Central, e também maior do que o dos seus correspondentes irmãos do planeta. Mas, para começar, eles não são tão esplendidamente belos como os homens da Faixa Central. Mas, mesmo assim, são muito mais bonitos do que os dos planetas correspondentes e do que os homens da vossa Terra.

20 - A razão disto é a sua sabedoria, cujo traço característico é de aperfeiçoar a forma externa de maneira extremamente bela. - Mas, no caso do amor, acontece o contrario, pois o interior é de uma beleza infinita, ao passo que o exterior se apresenta simples e despretensioso. Por isto, uma casual forma externa de grande beleza não deve confundir ninguém, pois seu valor é muito inferior à beleza interna. Pois ela esta na mesma proporção como a beleza de um cristal muito menos precioso em comparação com a forma original bruta de um diamante. Este, sem dúvida, brilha em seu estado natural incomparavelmente menos que um cristal já lapidado pela própria natureza. Mas, quando o diamante é lapidado e mostra então sua transparência interna, perguntai-vos, então, quanto à clareza e, consequentemente, a beleza do cristal é inferior ao ardente esplendor colorido de um diamante?

21 - Este pequeno exemplo pode tranquilizar profundamente todos os verdadeiros filhos do Amor; o mesmo vale de vós, quando ouvis falar de formas humanas de excepcional beleza externa. Pois, Eu vos digo:

Um único coração que Me ama verdadeiramente na vossa Terra excede toda a beleza imaginável de todo um Universo de sóis. E digo mais: Tal coração é inefavelmente mais belo do que todo o Céu de Sabedoria dos anjos, e mais belo ainda do que o segundo Céu de Amor e Sabedoria dos superiores espíritos angélicos.

22 - Não preciso vos dizer mais nada. - Então, quando vos desvendarei, com mais detalhes, a beleza dos homens destas Faixas, já sabereis qual é o fundo de tudo.

23 - A seguir, vamos contemplar a forma e a figura que refletem, aproximadamente, a Sabedoria e seu fundamento. Assim, basta por hoje!

CAPÍTULOS 26 a 32

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS.

SOBRE O PRIMEIRO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS DO SOL.

1 - Estatura, vestes e costumes dos habitantes da Primeira Faixa Secundária

Os homens se assemelham, em sua figura, aos terrestres, sobretudo na parte ocidental do Cáucaso, só que são uma e meia vezes maiores do que estes. - O sexo feminino é de extraordinária delicadeza, com exceção das plantas dos pés que são duras e ásperas como uma lima, para dar maior firmeza no escorregadio solo. - Mas, sob a figura, entende-se aqui todo o caráter da pessoa, que deve estar em perfeita harmonia com o corpo.

Como vestes, as mulheres usam apenas um largo avental ao redor dos quadris, semelhante aos habitantes da Faixa Central. E, do ombro esquerdo ate a anca direita, pela metade do corpo, pende um manto branco, aberto no braço, e deixando livre o braço e o seio direito. Na fronte, as mulheres usam uma fita vermelha, simbolizando o amor à sabedoria.

O homem é uma cabeça maior do que a mulher. Sua figura é perfeitamente nobre e perfeita. Também no homem, a planta dos pés é mais dura e áspera. Ele usa forte barba amarelo-esverdeada, e os abundantes cabelos da cabeça são de cor amarelo-clara. A sua face tem sempre um timbre de sábio e de satisfação de experiências feitas.

A veste do homem consta de uma toga branca que chega ate abaixo dos joelhos. Nem o homem nem a mulher usam qualquer chapéu. Na Faixa Meridional, os homens são ainda um pouco mais altos; e a beleza das mulheres é ainda sensivelmente maior do que na Faixa Setentrional. Só nas vestes há diferença maior. Aqui é a mulher que usa toga, presa ao corpo esbelto com um cinto verde-dourado. - O homem, porém, usa um avental ate abaixo dos joelhos, e um meio-manto conforme usado pela mulher na Faixa Setentrional. E a fita na fronte da mulher é aqui de cor azul, indicando a sua constância, ao passo que o homem usa na cabeça um pequeno barrrete vermelho como símbolo de seu amor à sabedoria.

A curiosidade, tanto na faixa norte como sul, é excepcionalmente grande, satisfeita, sobretudo, nos fenômenos naturais, como na explosão das inchações na Faixa Central e também na observação do céu estrelado que, na faixa sul, é feita com a ajuda de certos instrumentos óticos.

Estas duas faixas diferem ainda uma da outra em que os habitantes da Faixa Setentrional se dedicam menos à visão, e mais à conjeturar e deduzir; ao passo que os habi­tantes da Faixa Meridional querem primeiro inspecionar tudo, passando só depois às conjeturas e conclusões.

Também os habitantes desta Faixa vivem, como na Faixa Central, em habitações separadas; mas existem, também, sobretudo nas margens de pequenos lagos, nas regiões mais altas, certas colônias coletivas que consistem de vários magníficos edifícios justapostos, que dão ao todo um aspecto de cidade e que são preferivelmente habitados pelos sábios do país.

2 - Habitações e colônias coletivas no Primeiro Par de Faixas Secundárias

Na Faixa Setentrional, as habitações particulares têm apenas em medida muito maior - quase o mesmo aspecto que os pavilhões redondos em vossos jardins na Terra, mas com telhados mais altos e pontiagudos. Não são abertas como as habitações na Faixa Central, mas cercadas de paredes firmes. No seu espaço interior caberia facilmente um grande edifício terrestre; fileiras de colunas suportam o teto, tendo embaixo, ao seu redor, agradáveis bancos almofadados para descansar.

As vestes e os necessários utensílios são as únicas necessidades materiais. As exigências espirituais têm sua expressão numa espécie de livros ilustrados onde todas as experiências feitas pelos habitantes são registradas. O chefe de família guarda um extrato condensado destas anotações numa crônica geral.

Na Faixa Meridional, as habitações têm quase o mesmo aspecto, só que os telhados não são pontiagudos, mas arredondados, e as colunas não são angulares, mas redondas. As casas são aí algo maiores do que na Faixa norte, em consonância com o tamanho dos habitantes, também maiores. - Em ambas as Faixas - norte e sul - os habitantes edificam suas casas de preferência nos pontos mais elevados. São esses os pontos mais notáveis a respeito das habitações.

Quanto à colônias coletivas, elas abrangem de cem até mil edifícios, mas de tamanho e forma diferentes conforme sua finalidade. - O edifício principal é imensamente grande e ocupa sempre o centro de tal colônia, tendo em cada esquina uma altíssima torre que permite a observação por todos os lados. O exterior de um edifício principal não tem nada de imponente, além do seu tamanho. Mas o seu interior é de tanto maior esplendor. Entre o corredor central e os dois corredores laterais, há duas fileiras de altas colunas que suportam tanto o teto como também o telhado do edifício. Ao redor de cada coluna, há bancos para repouso e mesas, e, nos corredores laterais, se acham os armários para o arquivo, cada livro contendo, no máximo, dez folhas, cada uma das quais representando tantos quadros que correspondem a milhares de livros de fólio. Considerando que, numa das Faixas Secundarias, contam-se cerca de cinco milhões de tais edifícios principais, é fácil imaginar quanta sabedoria está aí armazenada. Mesmo assim, ela não é mais do que uma gota de sabedoria de um único habitante da Faixa Central do Sol; e esta de um sumo-sacerdote que a haure do Amor; de uma mínima criancinha do Meu amor. E em que ponto está a sabedoria dos habitantes perfeitos dos Céus -e, finalmente, a Minha Sabedoria?

As torres, de uma circunferência de 400 toesas, apresentam no seu interior apenas uma escada que leva de um plano ao outro, não deixando assim os visitantes serem tornados de vertigem pela altura total de cerca de mil toesas.

3 - Edifícios de arte e ciência nas colônias coletivas da Primeira Faixa Secundária

Os outros edifícios de uma colônia coletiva diferem das habitações particulares apenas pelo fato de que suas paredes têm janelas. Os anexos não são tão altos como as habitações. Em alguns edifícios coletivos, os telhados têm uma forma de cúpula - assim, o aspecto de uma destas colônias coletivas é de uma cidade bastante importante, geralmente circundada por um alto baluarte.

Os habitantes desta Faixa são grandes amigos da arte figurativa, e, portanto, de um teatro, bem diferente dos teatros terrestres. Ali, o aspecto de um teatro é uma grande pintura circular com uma circunferência de 300 a 400 toesas e altura de até 50 toesas, representando uma cidade inteira ou uma região particularmente importante; e feita com cores fluorescentes, dispensando iluminação por janelas ou artificial.

As obras poéticas têm mais valor do que as prosaicas. Quando um ator representa suas próprias experiências de uma vida normal, é considerado prosaico. De obra poética se fala, quando é o produto da fantasia espiritual; e esta é também exposta por mais longo tempo.

Os outros edifícios de uma colônia deste tipo servem, em parte, a habitações para os mestres de sabedoria, mas também para coleções de feitos memoráveis ou pinturas menores. Estes edifícios estão, geralmente, num círculo alongado ao redor do edifício principal - tudo, de preferência, às margens de pequenos lagos ou de rios importantes nas zonas elevadas. - Na zona meridional, tudo se encontra um pouco mais arredondado e também em tamanho maior.

4 - Cultivo do solo e reino animal na Primeira Faixa Secundária

O cultivo do terreno divide-se em três classes: as costas à beira-mar, as colinas e os altiplanos.

A cultura das costas litorais consiste, de preferência, da plantação de saborosos frutos que crescem bem no solo algo líquido. Entre eles, consta o cultivo de árvores. É de ressaltar que também nesta Faixa nenhuma planta produz sua própria semente, que também não pode ser gerada pela vontade mais fraca dos habitantes. Mas a vontade dos homens é fator importante para a escolha do lugar para uma planta ou árvore. É verdade que, nesta Faixa, sou Eu que cuido do crescimento das plantas que são determinadas para esta Faixa. Mas, mesmo assim, também os homens podem, pelo seu trabalho manual, juntamente com sua vontade, fazer crescer estas plantas, o que se chama aí cultivo primitivo. Mas só poucos sábios são capazes de executá-lo.

Os outros habitantes exercem o cultivo secundário: tiram brotos das árvores e os colocam no solo, do mesmo modo como fazeis com os salgueiros e as videiras. - O cultivo primitivo efetua-se com um ritual humano e a Bênção de Deus, tanto para as árvores como para pequenas plantas e a relva.

O cultivo das colinas abrange unicamente a plantação das árvores pelo modo do cultivo secundário. Os frutos das árvores são, ate certo ponto, sublimados pelo cultivo secundário, tornando-se maiores e mais saborosos do que os frutos obtidos pelo plantio primitivo.

Uma árvore merece ser destacada. É relativamente pequena - alta de umas quatro toesas, mas criando ramificações laterais de até duzentas toesas. É sempre cheia de frutos saborosíssimos semelhantes a uvas gigantescas. Este fruto tem mais ou menos o paladar de vossos melões e constitui a comida principal dos habitantes desta Faixa, já que eles não conhecem o pão, em cujo lugar eles usam a abastança do fruto mencionado, em forma seca. - Este é o cultivo do solo nas colinas.

O cultivo do terreno nos altiplanos se distingue das duas outras zonas por não se consumirem aí os frutos do cultivo primitivo, mas somente os do secundário. O cultivo primitivo é só usado para a criação de viveiros de árvores e plantas cujos rebentos são utilizados para novas plantações. Somente para a relva utiliza-se por toda parte o cultivo primitivo.

De todos os frutos, os mais nobres vêm do altiplano, como também os habitantes desta zona, em ambas as faixas, são os mais sábios e nobres.

Com exceção de alguns pequenos pássaros cantores, não há animais nos altiplanos. Mas, nas regiões mais baixas, existem umas espécies de cabras vermelhas e ovelhas brancas. Bem embaixo, nos litorais do grande mar circular, vive uma espécie de vaca com aspecto de ovelha gigantesca. A terra é, pois, bem escassa de animais, mas o grande mar circular está cheio de animais aquáticos. E as poucas ilhas importantes são habitadas por bandos das mais variadas espécies de aves. Nos tempos tranquilos, os habitantes das povoações coletivas gostam de ir aos litorais do grande mar circular para observar a riqueza da fauna aquática. - O cultivo do solo é, pois, idêntico nas duas Faixas, mas a Faixa Meridional distingue-se da zona setentrional pelo maior tamanho de tudo.

5 - Constituição familiar na Primeira Faixa Secundaria. Ordem meticulosa e pedanteria dos habitantes

A constituição familiar, vista por fora, parece simples e ate monótona, mas, no íntimo, é muito complicada e cada detalhe é cheio de significado. Tudo, as mínimas coisas e ações, é baseado na simetria e no equilíbrio.

A colocação dos objetos caseiros obedece rigorosamente a essa exigência, motivada pela necessária concordância com a Sabedoria Divina, que criou e mantém todas as coisas da criação dentro de uma infalível ordem minuciosa. Se, por exemplo, as casas de uma colônia não fossem construídas em perfeita simetria, sendo nenhuma maior nem menor - e a disposição dos quartos em cada casa não fosse igual, o equilíbrio de um corpo cósmico em suspensão livre seria prejudicado. Mas este exemplo é apenas uma fraca alusão ao que um habitante desta Faixa considera equilíbrio.

Isso chega ao extremo em que, numa casa onde moram cem pessoas, suas vestes devem ter meticulosamente o mesmo peso. Por isso, as pessoas devem ter o mesmo peso, determinado pela pessoa mais pesada, e garantindo nas pessoas mais leves pelo acréscimo de um certo peso.

Os alimentos, por exemplo, cuidadosamente colhidos da árvore, são transportados para o centro exato de uma mesa de jantar, onde são pesados e distribuídos, com peso rigorosamente igual, em bandejas. As pessoas incumbidas desta tarefa devem observar e seguir as linhas de orientação gravadas na mesa. Após um sinal, todos se movimentam rumo à mesa de jantar, seguindo linhas e círculos desenhados no chão, e apanham, ao mesmo tempo, os frutos na bandeja para comê-los. - Apos uma prece de agradecimento ao Sábio, Grande Doador, todos se dirigem, na mesma ordem, para os bancos de repouso.

Apos novo sinal, todos se dispersam para as galerias da casa, com passos medidos e sincrônicos. - Esta ordem na movimentação exige-se só na casa, e fora dela até determina­do círculo, além do qual cada um pode se movimentar livremente.

A mesma observação pedante das regras de simetria e equilíbrio vale também para as povoações coletivas. - Pode parecer tolice inscrever tais regras na constituição familiar. Mas tal é, de fato, a natureza da Sabedoria, quando essa não é baseada no Amor! Mas, por Minha Ordem e Minha Sabedo­ria serem infinitas e insondáveis, aos pedantes da única Sabedoria resta somente exceder-se - insondavelmente para vós - em todos os seus elementos.

6 - Escolas de Sabedoria e de Vontade na Primeira Faixa Secundária

A constituição espiritual abrange - pelos habitantes desta Faixa - tudo que o homem deve aprender para chegar a ser um sábio perfeito. O que, na Terra, se chama, como fundamento de toda ciência, matemática ou aritmética, na primeira Faixa Secundária é denominado "Ciência de Avaliação". Esta ciência é ensinada até a última formação do espírito.

Todo aluno deve chegar ao ponto de poder determinar a medida exata de cada coisa e de achar o número inteiro de cada objeto por disforme que seja - número que seja a base da forma inteira de um objeto em função do seu destino. Pois dizem: Todo cálculo de uma grandeza e inútil, se não se conhece a raiz de um número. Um exercício principal consiste em que os alunos, após o ensinamento elementar, comecem a determinar, a olho nu, o conteúdo cúbico, e assim também a superfície quadrada de qualquer objeto, e de encontrar logo a raiz do respectivo número, e dela a unidade. Eles adquirem tal habilidade nisso que podem determinar, com rápido olhar, cada conteúdo cúbico até ao mínimo, ou também a altura exata de um monte que está a sua frente. São até capazes de avaliar, com um só olhar, os corpos cósmicos, para o que os mais perspicazes astrônomos terrestres precisam de vários decênios.

Possuem semelhante destreza também na determinação do peso e da medida proporcional, como também no ramo da arquitetura, onde devem transformar várias figuras maciças noutras perfeitamente simétricas.

Quando são práticos em tudo isso, começam a aprender a ler e a escrever, este último sendo mais exercícios de desenhar e pintar. - O exame da força de vontade é o próximo passo que determina quem pode ser admitido a escola secreta, onde é ensinada a natureza do cultivo primitivo, o que pressupõe, porém, o conhecimento perfeito da botânica. O caminho para este grau superior do conhecimento é a introspecção própria, pois ninguém pode perceber pela sua matéria o espiritual de outra matéria antes de ter tornado absolutamente livre o seu próprio espírito. Por pequenas provas práticas se chega, finalmente, à perfeição, que e o conheci­mento mais profundo do Espírito Divino e de Sua Vontade Eterna, coroados pela intelecção do Amor deste Espírito Eterno, que é o meio de união do espírito humano com o Divino. - É a hora em que o aluno é levado pelo sábio mestre a efetuar, com sucesso, seu primeiro cultivo primitivo. Eis o fim da escola nesta Faixa, pois agora é o próprio Espírito de Deus que lhe fala.

Esta formação profunda é a mesma também na Faixa Meridional, só que ali é mais geral do que na Faixa Setentrional. - Não seria esta escola de formação também, na vossa Terra, melhor do que todos os vossos ginásios, liceus, universidades e seminários, levando assim não a um Espírito Santo cerimonioso, mas ao verdadeiro Espírito Santo da perfeita vida interior?

7 - Serviço divino e casamento na Primeira Faixa Secundária

Em ambas as Faixas não existe nenhum culto cerimonial religioso, exteriormente visível, tampouco nenhum dia festivo ou sábado. Também não se procede a nenhuma medida do tempo, nem se determina nenhum espaço de tempo. Os habitantes lá dizem: O Altíssimo Deus estendeu diante de nós as planícies certamente para que as medíssemos. Mas, para a duração do tempo, não nos deu nenhuma medida. Alguns nem sabem qual dos seus filhos é o mais velho, determinando suas idades somente pela maturidade do espírito e o peso do corpo. - De um Sábado - nem se fala.

Como na vida exterior não há nada que os lembre da religião - em que consiste ela? Tudo que eles fazem é, do seu ponto de vista, um serviço divino. Eles partem do axioma: a Altíssima Sabedoria Divina nos colocou e nos mantém neste solo - como então não nos lembraríamos Dele em tudo que fazemos? O que alguém faz é sempre feito por Quem nos deu a força de ação. A sabedoria é a fiel ação são, pois, o verdadeiro serviço divino. Cada hálito dos nossos pulmões deve servir a Deus; cada um de nossos passos deve ser medido, pois reconhecemos, de tudo que Deus e em Si, a Ordem mais perfeita.

A medida de tudo e a Ordem. Cada um deve agir conforme a medida certa. Os habitantes desta Faixa são, pois, constantes servidores de Deus e toda sua vida e um Sábado ininterrupto.

Um único ato pode, de certo modo, ser considerado como uma cerimônia religiosa: o ato do matrimônio. O homem, tendo encontrado sua eleita, vem ao pai dela e diz: "Vi o semblante de tua filha e gostei dela. Se estás de acordo, deixa-me examinar a ordem do seu coração". O pai confere então a medida do pé e da mão do pretendente com a de sua filha. Correspondendo-se estas, o pai lhe entrega a filha sem mais cerimônias.

Após as bênçãos dos pais da noiva e do noivo, ambos recebem, na povoação coletiva a qual pertencem. um novo nome e a indicação de onde podem estabelecer sua nova propriedade.

Quanto à procriação das crianças e à morte dos homens destas duas zonas da primeira Faixa Secundária, elas são completamente iguais como na Faixa Central, e perfeitamente idênticas entre si.

33° CAPÍTULO

O SEGUNDO PAR DAS FAIXAS SECUNDÁRIAS CORRESPONDENDO A NOSSA TERRA.

1 - Estas duas Faixas vizinhas são também separadas das duas faixas precedentes por um anel de montanhas de altitu­de intransponível. Partindo deste anel, saem, em todas as direções, cordilheiras para as Faixas a serem descritas, às vezes até unindo-se ao próximo anel de montanhas que separa a terceira faixa desta segunda.

2 - Este segundo anel, ou a faixa territorial, é consideravelmente mais estreito que os dois precedentes; mas, em compensação, tanto a Faixa Setentrional como a Meridional correspondem apenas a um único planeta.

3 - Em nenhuma parte destas duas Faixas se encontra um mar ininterrupto. Mas há um grande número de lagos extensos como também rios. Sobretudo a Faixa Meridional é muito mais abundante em águas do que a Setentrional. - Assim já temos uma ideia geral destas duas zonas.

4 - Vimos que as duas Faixas precedentes correspondem aos planetas Mercúrio e Vênus. - A quais planetas correspon­dem então as duas Faixas atuais?

5 - Para descobrir este planeta da vossa Terra, não precisais recorrer a fortes instrumentos óticos, mas apenas tocar o planeta que vos sustenta: pois é a vossa Terra o planeta correspondente a estas duas Faixas, sendo a Setentrional para o hemisfério norte e a Meridional para o hemisfério sul.

6 - Se quiserdes abranger, com um só olhar, a constituição destas duas Faixas, basta transferir para elas todas as situações e condições que vigoram em vossa Terra com respeito à vida pública e pessoal e vos encontrareis como em casa. Apenas deveis tomar a parte devidamente cultivada da vossa Terra e transferi-la, tanto do hemisfério norte como do sul, para as nossas duas Faixas solares, e vos encontrais já em casa. Pois, ali não há povos pagãos com seus costumes, nem homens negros e várias outras espécies morenas com as suas instituições familiares, públicas e religiosas.

7 - Mas, assim como era outrora, nos bons tempos cristãos, entre os verdadeiros cristãos, e como era com o povo israelita sob Josué, assim tudo aparece ali, e precisamente na Faixa Setentrional, como no bom cristianismo na Terra, e, na Faixa Meridional, como nos tempos de Josué entre os israelitas.

8 - Agora que sabeis disso, facilmente levaremos a cabo as nossas duas Faixas do segundo anel, pois se ali tudo se encontra como em vossa Terra, somente precisamos ainda mencionar o que há por toda parte de particularidades solares, e teremos tudo que nos é necessário para o conhecimento exato destas duas Faixas.

9 - Em que consistem então estas particularidades solares que diferem nestas Faixas do seu planeta correspondente?

10 - Estas particularidades solares consistem, em primeiro lugar, na perfeição mais completa de tudo aquilo que podeis observar na Terra sob as duas condições indicadas.

11 - Em segundo lugar, a diferença consiste no fato de que, nestas duas Faixas, não existem os chamados anfíbios, nem nas águas nem na terra, e tampouco há feras. Existem animais semelhantes às feras; mas eles são de índole nobre e mansa. Aliás, nenhum animal é dotado de armas para lutar um contra o outro, como é o caso na Terra. A este respeito, quase todos eles assemelham-se à natureza dos cordeiros e se alimentam de ervas e de raízes.

12 - Em terceiro lugar, há uma diferença na vegetação. Na verdade, encontrareis ali todas as mais de 200.000 espécies de ervas, plantas e arbustos que existem na Terra. Mas elas não têm semente e crescem livremente do solo em todos os lugares que se lhes adaptam, mais ou menos como na vossa Terra o musgo, vários fungos e também umas poucas plantas, sobretudo nas regiões equatoriais da vossa Terra. Mas, mesmo assim, todas as plantas e árvores, nestas duas faixas, podem ser transplantadas, não apenas pondo rebentos, mas também pelos próprios frutos, apesar de todos eles serem sem semente, comparáveis a uma espécie de uvas no Oriente, que não tem sementes. Mas, quando qualquer fruto maduro é colocado no solo, cresce logo uma planta ou árvore igual.

13 - Vede, estas são as principais diferenças e particularidades solares.

14 - Mas, no que diz respeito aos homens e suas constituições, tanto políticas como familiares e religiosas, elas correspondem perfeitamente àquilo que mostramos há pouco.

15 - Vós perguntareis: Eles creem em Cristo, o crucificado? - E Eu vos digo:

Na Faixa Setentrional, ninguém conhece outro Deus senão Cristo, o crucificado! Pois os mesmos apóstolos que O anunciaram lá O anunciaram também aqui. Mas o cris­tianismo, nesta Faixa, não e hierárquico, pois lá não existem igrejas e vários tipos de preguiçosos e ociosos mosteiros. Pois toda a Faixa é uma só comunidade cristã que reconhece um só Evangelho e o único e mesmo Cristo em fidelidade, em espírito e em toda verdade.

16 - Na religião, a Faixa Meridional difere da Setentrional apenas por seus habitantes também conhecerem muito bem o Antigo Testamento como obra preparatória para o edifício eterno do Novo Testamento, enquanto os habitantes da Faixa Setentrional, apesar de também terem conhecimento do Antigo Testamento, dizem: É verdade que honramos e apreciamos tudo aquilo que se relaciona, ainda que minimamente, ao nosso Senhor; mas se possuímos a Ele Próprio, deixamos o resto e ficamos só com Ele! - Eis a razão por que os habitantes da Faixa Setentrional são muito mais sábios do que os Meridionais, por já se encontrarem no âmago, e os outros apenas perto da verdade; ou: eles já se encontram dentro do Templo e os outros ainda no vestíbulo; eles já no Amor, e, por conseguinte, em toda sabedoria; e os outros na sabedoria, e só por esta no amor.

17 - Gostaríeis de saber se os homens são também capazes de pecar aqui, e se, portanto, existe um batismo para o renascimento, assim como uma redenção da morte para o alcance da vida eterna? - Todos os homens, em todos os planetas, podem pecar, portanto também aqui. Pois onde há seres com liberdade absoluta, aí existem, necessariamente, ocasiões ou permanentes leis fundamentais necessárias para que os seres livres reconheçam sua liberdade. Pois a liberda­de consiste unicamente em que um ser livre reconhece que, por causa do seu livre-arbítrio, pode - ou não - obedecer a uma lei. De fato, se existem seres livres cuja vontade pode obedecer ou não a uma ou outra lei independente ou moral, em tais ocasiões o pecado, ou a transgressão da lei, por toda parte, é automaticamente possível onde há seres que devem passar por tal prova de liberdade.

18 - Naturalmente, isto vale também na nossa Faixa; mas, dada a seriedade dos habitantes do sol, um pecado contra a lei do amor é ainda quase mais raro do que, junto a vós, a observância perfeita desta lei.

19 - Mas se, a despeito disso, aqui ou ali há pecadores, deve haver também a remissão dos pecados e, consequentemente, um batismo e uma redenção. Mas a redenção, o batismo e a penitencia são ali o mesmo, pois cada pecador, quando volta à lei do amor e, arrependendo-se de sua falta, apreende e vivifica Cristo em seu coração, tem logo parte na redenção, é batizado pelo Espírito e consegue o renascimento para a vida eterna.

20 - Este é também o caso na Faixa Meridional: mas, pela maior exuberância da zona, o pecado é algo mais frequente do que na Faixa Setentrional, e os homens são aí mais sensuais. - Vede, isto seria também algo muito diferente em comparação com a Terra, sobretudo nos tempos atuais.

21 - De resto, tudo se encontra como em vosso planeta. Existem ali cidades e aldeias, assim como habitações isoladas. Muito vos admiraríeis de encontrar ali belíssimas vinhas e as montanhas mais altas cobertas de bosques até aquelas alturas onde, por causa do ar puro, não pode mais haver vegetação. Não sentiríeis falta nem do arado e tampouco da foice, apenas deveis imaginar tudo num estado muito mais perfeito do que em vosso planeta.

22 - Os próprios homens não são muito maiores do que no planeta Terra, mas são muito mais bonitos e perfeitos. Seus trajes são bem simples, mais ou menos como se vestia outrora o povo israelita.

23 - Sua constituição é puramente patriarcal e, no sentido mais amplo, público: teocrática. Isto também explica por que eles estão em ligação ininterrupta com os Céus, comunicando-se continuamente com eles, de maneira visível, espiritual. Eu Mesmo Me encontro muitas vezes com os mais puros c perfeitos em amor e humildade!

24 - Quanto aos seus matrimônios, eles são, em verdade, realizados no Céu, isto e, por puro amor a Mim, e são abençoados pelos pais e por anjos em Meu Nome.

25 - Com efeito, a procriação do gênero humano realiza-se aqui pelo coito, que fica entre os atos mais religiosos, devotos e espirituais.

26 - O falecimento é, geralmente, uma livre saída do corpo, que, em seguida, é enterrado num campo destinado a isso. - A decomposição ocorre de modo rapidíssimo e é sempre acompanhada por uma acentuada fragrância, que alegra e anima todos os presentes, já que lhes proporciona, de certa maneira, um antegozo dos ares puramente celestiais.

27 - Estes homens também não têm dias de festa nem cálculos de tempo, e pouco se preocupam com os mistérios na natureza das coisas. Sua mais alta sabedoria consiste apenas na sua invariável afirmação: Se temos o Cristo, temos tudo; mas, sem Ele, todas as coisas no infinito e eterno espaço não são nada mais do que um círculo vazio!

28 - Todavia, se algum dentre vós quisesse obter deles esclarecimentos sobre alguma coisa, eles estariam em condições de dá-los de maneira mais profunda, apesar de não possuírem escolas. Pois Cristo é sua única, exclusiva escola, e podeis estar certos de que desta escola saem os maiores eruditos.

29 - Pensais talvez que ali só há pessoas beatas que andam sem ousar elevar seus olhares do solo. - Oh, nem de longe! Digo-vos que, em toda a Terra, não encontrareis pessoas tão alegres, felizes e comunicativas como aqui. Eles também fazem música e teatro, e dão grandes concertos, mas tudo isso em um sentido diferente do que geralmente está em uso junto a vós. Pois, em todas estas manifestações, o Senhor é o luminosíssimo ponto central, o centro de tudo - ao passo que junto a vós na Terra, até nas melhores circunstâncias Ele é posto de lado, para não falar de situações piores.

30 - E assim terminamos, com toda brevidade, uma exposição sumária destas duas Faixas. - Mas podeis facilmente deduzir que também as condições climáticas próprias do Sol são, nesta Faixa, quase idênticas às outras Faixas, porque elas fazem, tão bem como as outras, parte do mundo solar.

31 - Quase não é preciso mencionar que também estas Faixas são ricas em variados e muitas vezes maravilhosos fenômenos da natureza que, porém, jamais são de caráter devastador. Não há, pois, nada de notável a acrescentar a estas duas Faixas.

32 - Perguntareis talvez se a Lua da vossa Terra tem também alguma correspondência com estas duas Faixas? – Nenhuma lua dos planetas tem alguma correspondência no Sol. Pois as luas tem suas correspondências unicamente nos planetas aos quais pertencem.

33 - E, assim, chegamos ao fim com as nossas duas Faixas; em seguida, nos dirigiremos a terceira Faixa. - Eis tudo para hoje!

34° CAPÍTULO

O TERCEIRO PAR DAS FAIXAS SECUNDÁRIAS,

CUJA FAIXA SETENTRIONAL CORRESPONDE AO PLANETA MARTE.

1 - Como já estabelecemos, vamos agora para a terceira Faixa que, tanto ao norte como ao sul, é a menor de todas e tem, de uma cadeia divisória de montanhas a outra, um diâmetro cúbico de pouco mais de mil milhas alemãs. Mas, não obstante, seu círculo supera bem mais de trezentas mil milhas alemãs.

2 - Também nesta faixa não há um mar ininterrupto, mas, mesmo assim, lagos muito maiores e mais extensos do que na Faixa precedente.

3 - A Terra propriamente dita é menos montanhosa do que todas as outras Faixas que conhecemos até agora, - com exceção das cordilheiras fronteiriças que, naturalmente, possuem ainda importantes faldas para as terras planas. Estas faldas, inclusive algumas insignificantes ramificações, são as únicas montanhas que cobrem este território que e, como já mencionamos, predominantemente plano.

4 - Vimos, até agora, que, com exceção da Faixa Central, todas as outras já tratadas correspondem a planetas. Perguntareis, então, se este não é também o caso da terceira Faixa. E vos confirmo: esta Faixa corresponde ao planeta Marte.

5 - Ora, sendo Marte um planeta mais pobre e, até certo ponto, o mais indigente de todos os planetas, também a Faixa Solar que lhe corresponde é a mais pobre de todas as outras Faixas.

6 - Mas em que consiste esta pobreza? Não tanto sob o aspecto espiritual, e sim sob o natural.

7 - Em primeiro lugar, os homens são de forma pouco vistosa e não muito bela, são pequenos e algo corpulentos, e não têm nada de atraente no seu aspecto exterior. - Sua cor é castanho-clara, passando às vezes para mais escura. Sua fisionomia é bastante semelhante a dos habitantes da Groenlândia, a alguns lapônios e esquimós. - Suas vestes, porém, não têm semelhança com as destes povos, mas constam de uma espécie de avental, preso ao redor do pescoço, que daí lhes cobre, em várias pregas, o corpo inteiro, chegando até abaixo dos joelhos. Homem e mulher usam o mesmo modelo. Dos dois lados desta roupa, encontram-se apenas duas aberturas pelas quais os homens podem estender as mãos para qualquer trabalho; mas, não tendo trabalho, eles retiram seus braços não muito atraentes para dentro do manto. Eis, pois, sua primeira pobreza.

8 - Em segundo lugar, há uma pobreza na vegetação e no reino animal. Pois a vegetação se limita a algumas poucas espécies de árvores frutíferas, das quais os habitantes desta faixa conseguem colher algum alimento provisório. A parca relva desta faixa assemelha-se aproximadamente àquele musgo na vossa Terra, que avistais, não raramente, em algumas velhas árvores ou, às vezes, também em velhos telhados de colmo sobre pobres casebres camponeses.

9 - O pobre solo é aqui bastante firme e às vezes muito pedregoso e arenoso, sobretudo nas extensas margens dos largos e rios.

10 - Mas o reino animal consiste numa única espécie de cordeiros, que se assemelham aproximadamente aos alces siberianos que conheceis. Este animal lhes fornece um leite bastante saboroso; e, de sua lã, eles preparam as vestes necessárias. Existe ainda uma espécie de vermes que se nutrem da relva. Esta espécie de vermes tem, aproximada­mente, a mesma qualidade do vosso bicho-da-seda e fia longos fios sobre o chão, semelhante a vossa aranha. Os habitantes desta Faixa recolhem estes fios também para a fabricação dos mantos.

11 - O ar é animado por uma única espécie de pássaros bastante numerosos. Os habitantes domesticam também esta espécie de pássaros e utilizam as plumas na preparação de seus bancos de descanso, que constam unicamente num talude de terra sobre o qual eles colocam estas plu­mas, cobrindo-as, depois, com o pano que lhes serve também para a fabricação dos mantos.

12 - Mas as águas são muito animadas; ao longo de suas margens, os habitantes da faixa navegam em pequenos barcos. Esta seria outra pobreza natural.

13 - A terceira pobreza consiste na precariedade de suas habitações, que normalmente são apenas uma espécie de cavidade num montículo levantado até uma altura de cerca de três toesas do solo. Para dentro deste montículo são gravados nichos de uma profundidade de outras três toe­sas. Ao redor da rotundidade do nicho, coloca-se um banco acima descrito para descansar, e, no fundo, uma espécie de mesa, também feita de terra, sobre a qual os habitantes colocam frutos que lhes servem de alimento.

14 - Aqui e acolá, especialmente em direção às montanhas, há também habitações maiores, gravadas nos montes.

15 - Nestas habitações, são também fabricadas as pobres ferramentas necessárias para seus parcos trabalhos. Eis toda a indústria e toda a riqueza natural dos habitantes desta faixa.

16 - Vede, pois, como esta Faixa, e também seu planeta correspondente, são dotados muito pobremente do ponto de vista natural. Mas este não e o caso, do ponto de vista espiritual. Se eles não se interessam em equipar o seu mundo, em compensação gozam de uma continua visão interna, pela qual seu mundo sumamente precário lhes é tão glorificado e transfigurado em seu interior que lhes proporciona uma alegria muito maior do que o mundo da Faixa Central aos seus habitantes.

17 – É verdade que eles não são heróis da vontade, mas tanto mais em toda possível abnegação. A este respeito, eles são verdadeiros Diógenes. Por esta mesma razão, sua vida inter­na, espiritual, adquire amplitude tanto maior, e eles enxergam com os olhos do espírito, nas coisas mais insignificantes, maravilhas das quais nenhum sábio de vossa Terra teria sonhado.

18 - Tudo que foi dito até agora comprova a nossa conclusão de que a sua constituição social, familiar e religiosa é muito simples.

19 - A sua constituição social nada mais é do que uma relação familiar que faz com que famílias de mais estreita parentela erigem as suas habitações em muito pequenas distancias, uma ao lado da outra, vivendo nelas em paz constante e insuperável união.

20 - Sua formação intelectual visa ao puramente espiritual. Pois é sua única preocupação que o espírito das crianças atinja, quanto antes, a independência interna. Quando os filhos, com seu proceder, passaram as necessárias provas, são conduzidos para o "Deus-Homem", a quem devem reconhecer como o fundamento de todas as coisas e como o único guia do gênero humano.

21 - Pois eles dizem: Se estás numa casa estranha, tens pouco a fazer e a preocupar-te; mas, se estás na casa de teus pais, já estas suprido de tudo. - Ora, no mundo nos encontramos como numa casa estranha - de que deveríamos então cuidar? - Mas, encontrando-nos na independência do nosso espírito, já estamos como na casa paterna e bem supridos; pois Deus, o melhor dos homens, cuida, nesta casa, por todas as Suas criaturas, assim como um ótimo pai cuida de seus filhos na sua própria casa. Nossa única preocupação é, pois, de chegarmos a tal casa interior. Entrando lá, já estamos providos de tudo, pois, se o melhor Deus-Homem equipou apenas parcamente o nosso mundo exterior por ele ser para nos uma habitação estranha, Ele todavia guarneceu tanto mais ricamente aquela casa pátria na qual somente Ele cuida de todos nos como um ótimo Pai para os Seus filhos.

22 - Vede, em virtude deste muito simples preceito, também sua constituição religiosa consiste somente no desejo de cada um de alcançar, em primeiro lugar, a independência do próprio espírito, - e isto pelo caminho da humildade e abnegação, - e, depois, de conhecer cada vez mais o Deus-Homem e ser guiado por Ele.

23 - Eis, pois, tudo que os habitantes desta Faixa podem mostrar com respeito à cultura. - Ali não encontrais templos, oratórios, nem escolas de qualquer espécie. O nicho paterno que se encontra em cada casa de família é tudo o que há; pois, neste nicho, o pai reúne, de vez em quando, toda sua família, composta às vezes de trinta membros, e os ensina a encontrar a pátria interior, e, nela, o único, verdadeiro Pai de família. E, ao terminar este ensinamento por várias conversações e narrativas úteis, ele abençoa sua família, e cada um pode voltar a seus próprios pequenos afazeres ou dirigir-se ao próprio pequeno nicho, a fim de meditar, sozinho, sobre o que ouviu, tentando descobrir até que ponto o lar e a pátria interior já se lhe revelaram.

24 - A oração, e com ela todo o serviço divino, consiste somente no constante e vivo desejo de travar, quanto antes, o tão desejado íntimo conhecimento com o melhor Deus-Ho­mem, e, com isso, também com o único, verdadeiro Pai de família.

25 - O sinal de que alguém já se acha perto da porta de entrada para a habitação do grande Pai de família - porta essa a ser-lhe aberta o quanto antes -, este sinal consiste na percepção de um sonoro canto celeste. Este fenômeno provocou nos habitantes o seguinte dito: "Quando perceberes como os grandes mundos entoam ao grande Pai de família um sublime cântico de louvor, então te encontras no umbral da porta que conduz a sagrada morada do único, verdadeiro e ótimo Pai de família!"

26 - Se, pois, alguém pode relatar que teve tal percepção, todos os outros participam da grande alegria e lhe desejam felicidade e constância no prosseguimento deste caminho.

27 - Mas, se alguém penetrou perfeitamente nesta pátria intima, em tal casa de família celebra-se uma tranquila festa de alegria, da qual todos os vizinhos participam. Esta é também a única festa que podeis encontrar aqui; ela consiste numa alegre e sempre sóbria ceia, e, enfim, num geral louvor ao único, verdadeiro Pai de família.

28 - Aqueles que já se encontram na morada interior são informados da Encarnação do Senhor, o que os enche da máxima alegria. Mas eles não são informados sobre a ingratidão dos homens daquele planeta para com este Pai de tanta bondade, que concedeu a Sua Terra a inefável Graça de querer assumir nela uma natureza humana de carne.

29 - Vede, já apresentamos toda a Faixa Setentrional. - Mas, quanto a sua correspondente Faixa Meridional, ela inclui os quatro pequenos planetas cujo respectivo relacionamento com esta Faixa vamos considerar proximamente, para então passar logo à quarta Faixa. - E, assim, basta por hoje!

35° CAPITULO

A FAIXA MERIDIONAL DO TERCEIRO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS,

CORRESPONDENDO AOS ASTERÓIDES

1 - Os já mencionados quatro pequenos planetas (os asteroides), de certo modo dispersos, podem ser chamados de planetas mortos, pois, neles, há somente poucos seres vivos; e os que ali ainda se encontram são de natureza muito pobre e quase totalmente alheios ao espiritual.

2 - Estes planetas são, também sob o aspecto natural, tão pequenos que até o maior deles não tem o diâmetro de vossa Lua. Também sua vegetação é extremamente precária, de maneira que, além de poucas verduras e pobres arbustos, nada cresce.

3 - Somente no maior existe também uma diminuta espécie de árvore frutífera, mas que é pouco maior do que vossas árvores anãs; e mesmo esta espécie de árvore produz apenas um magro fruto que se parece um pouco com a noz de faia ou de pinheiro-zimbro.

4 - Os poucos homens de estatura muito pequena se nutrem, bem satisfeitos, do que a pequena terra lhes fornece. Assim, apreciam a carne de algumas aves domesticadas, com cujas penas eles se vestem, assim como das peles de alguns animais domésticos que se parecem um pouco com os vossos coelhos, ratos e ratazanas, que são os maiores animais destes planetas.

5 - Há ainda alguns bichos, alguns insetos voadores, como também certas espécies de rãs e peixes; mas os poucos habitantes não usam estes animais.

6 - As moradas destes habitantes consistem, era geral, de buracos no solo, que eles enchem, qual um ninho de pássaros, com vários despojos moles, onde ficam juntos como jovens pássaros num ninho.

7 - Estes homens, duma altura de dois a três palmos, têm quase todos a hibernação em comum com alguns animais da vossa Terra, pois o inverno, nestas quatro pequenas terras, dura às vezes mais do que dois anos terrestres; outras vezes, suas duração é menor, dependendo da maior ou menor aproximação do Sol, por causa de sua órbita irregular.

8 - Quão diversa e irregular seja esta órbita, demonstra o fato de que todos estes quatro planetas (asteroides) vagueiam entre as trajetórias de Marte e Júpiter ao redor do Sol, de maneira que um ou outro deles se aproxima ora da órbita de Marte, ora de Júpiter, mesmo que estas trajetórias distem uma da outra muitos milhões de milhas.

9 - A razão por que estes quatro planetas {asteroides) quase abandonados vagueiam no espaço celeste é o desmembramento2 de um único planeta em quatro3 partes, ocorrido em tempos remotos. Nesta explosão, muitas partes foram dispersadas no grande espaço cósmico, e quase todos os planetas deste Sol, como também o próprio Sol, receberam muitas partículas4, algumas bastante consideráveis. Todavia, quatro 5 partes restaram, desta maneira, como pequenos, arredondados planetas, com as suas águas no lugar da explosão, e assumiram uma nova direção da sua órbita ao redor do Sol.

10 - Os poucos homens restantes, com os poucos animais e plantas, encarquilharam-se, nestes quatro asteroides, de certo modo neoformados, da mesma maneira como os próprios asteroides.

2 - Leia-se: explosão.

3 - Leia-se: muitas.

4 - Leia-se: fragmentos.

5 - Conforme GE VIII, 75, 9, estas 4 partes eram as 4 luas do planeta explodido.

11 - Esta explicação era necessária para que a Terceira Faixa Solar Meridional seja mais compreensível. Que aspecto tem, pois, esta faixa?

12 - Ela é muito diferente da sua Faixa correspondente Setentrional. Pois, em primeiro lugar, é separada a Segunda Faixa Meridional, não apenas por um anel de altas montanhas, mas também por uma larga faixa d'água. Depois, começa primeiro uma zona extremamente montanhosa, com pouquíssimas planícies, as quais são ainda cobertas d'água. Em quatro pontos, largas águas territoriais dividem ate esta zona de um anel de montanhas ao outro, impedindo, assim, que os habitantes de um lado cheguem ao outro. Pois a sinuosidade do próprio anel d'água, num destes pontos, é tão grande que até vossos mais notáveis navegadores não teriam coragem de velejar nestas águas, - primeiramente, por causa da grande extensão da superfície d'água; e, segundo, porque as águas do mar anular são, nestas sinuosidades, constantemente muito tempestuosas e agitadas por ondas às vezes mais altas do que os mais elevados montes da vossa Terra, que, certamente, nem os mais corajosos marinheiros da vossa Terra se atreveriam a afrontar.

13- Estes quatro territórios, separados um do outro, são também os mais pobres que há no Sol. Eles são habitados pelos menores homens em todo o corpo solar. - Em parte alguma pode-se avistar aqui algo faustoso, a não ser a própria luz, difundida igualmente sobre todo o corpo solar.

14 - Também aqui os homens não têm casas de habitação, mas cavam, do mesmo modo, buracos nos montes, cuja abertura dianteira se assemelha, aproximadamente, ao corte de um cone truncado. Tais buracos entram cerca de dez toesas no monte e são providos, no espaço mais interno, também de uma espécie de ninho que serve aos habitantes desta Faixa como depósito e lugar de repouso. Quando tal ninho já está muito usado, é substituído por um novo.

15 - Também a vegetação é de semelhante pobreza. Ela consta de apenas algumas poucas hortaliças e de duas espécies de arbustos onde crescem frutos bastante abundantes, semelhantes a vossas avelãs e amêndoas. Era parte alguma há um fruto suculento. O único alimento suculento, nesta Faixa Solar, é a raiz de um legume que se assemelha um pouco ao vosso nabo branco, mas que é muito menor.

16 - De igual escassez é o mundo animal nesta Faixa. Os habitantes têm apenas duas espécies de quadrúpedes domésticos. Um deles tem, aproximadamente, a forma da zibelina terrestre, mas de lã mais rica e tenra. Desta lã os habitantes confeccionam também uma pobre veste, por um processo semelhante ao que vós usais para fabricar o chamado algodão hidrófilo. Eles colocam, pois, a lã sobre uma superfície plana, por exemplo, uma pedra lisa. (Nesta parte do Sol, o solo é muito pedregoso). - Nela achatam a lã e grudam a superfície com um suco viscoso, produzido de uma raiz, pelo que os pelos de lã se juntam de modo bastante durável, assim como se passásseis sobre eles goma-elástica diluída. Deste modo, fabricam-se folhas bastante longas e largas. E destas folhas eles talham sua simples veste, que consta de um único avental rígido ao redor das coxas, a fim de cobrir os genitais. Todo o resto fica nu.

17 - A figura destes homens não é propriamente desagradável; sobretudo o sexo feminino tem um aspecto simpático. Mas os homens atingem em média apenas a altura de vossas crianças de cinco a seis anos.

18 - Estes homens preferem morar em regiões bastante altas, pois têm muito medo das águas territoriais. Quando avistam qualquer grande superfície d'água, pensam que o mundo aqui termina e que as águas continuam aumentando, impressão provocada pela forte agitação das grandes águas, razão por que preferem, como já mencionado, morar nas regiões mais altas do seu território.

19 - São estes os pontos característicos desta Faixa quanto a sua habitabilidade pelo homem. – É supérfluo mencionar que, sobre a terra firme, não existem habitantes do ar, o que e o caso nas regiões aquáticas, que são animadas por muitos animais.

20 - Agora, só nos falta conhecer a constituição social, fami­liar e religiosa, o que nos proporcionara o conhecimento de tudo que é notável nesta Faixa.

21 - A constituição social só consiste em que os poucos homens, quanto possível grupados em famílias, se distanciam uns dos outros, para que nunca surjam entre as famílias litígios de propriedade ou de fronteiras.

22 - O ancião de cada família é, por assim dizer, o chefe dominante que dirige todos os membros de sua família e atribui a cada um sua incumbência.

23 - As ferramentas deste povo consistem somente numa pequena pá, fabricada de uma espécie de argila; ela é colocada num lugar exposto ao Sol mais forte, o que torna esta ferramenta dura como pedra, e, assim, perfeitamente apta ao uso.

24 - E com esta ferramenta que eles cavam seus buracos de habitação no solo dos montes. Como segundo uso desta ferramenta bastante cortante, eles recortam, ou melhor, acolchetam com ele as suas vestes. E, como terceiro uso, eles tiram, com esta ferramenta, suas hortaliças e raízes do solo.

25 - Há mais uma ferramenta, fabricada da mesma maneira: uma espécie de pente, com o qual eles arrancam ao conhecido animal a lã do corpo, a qual, uma vez madura, facilmente se desprende. Usam esta ferramenta ainda num outro, mais raro, animal doméstico parecido com uma vaca anã, que não apresenta diferença entre os sexos masculino e feminino. Este animal tem oito tetas de leite no ventre. Se eles querem ordenhar este animal, empurram as tetas de pequeno tamanho entre os dentes do pente, penteando, de certo modo, o leite das tetas, o que se faz, geralmente, sobre uma pedra lisa algo côncava.

26 - Terminada a ordenha, deixam o dócil animal voltar ao seu pasto. Mas eles mesclam o leite obtido com frutos triturados de suas árvores-anãs, preparando, desta maneira, um doce gostosíssimo para eles, e que comem confortavelmente, servindo-se de suas mãos.

27 - Eis tudo sobre sua economia doméstica e sua constituição social e doméstica.

28 - Sua religião é da mesma simplicidade que a constituição social e doméstica.

29 - Eles creem em um Deus que, conforme sua ideia, e um sumamente grande e perfeito Homem de Poder Onipotente, e eles sabem que este Homem perfeitíssimo criou Céu e Terra.

30 - Eles são sobremodo humildes e tímidos, e tem muito medo deste Homem perfeitíssimo. Eles tem também conhecimento do Céu e do inferno, e conhecem sua imortalidade.

31 - Seu medo do inferno é imenso; mas, para o Céu, eles se julgam miseráveis demais. Por esta razão, tem também grande medo da morte do corpo, tentando prorrogar a vida dele o quanto possível.

32 - E verdade que alguns anciãos desfrutam às vezes de reuniões visíveis com os espíritos de homens falecidos, seus iguais. Mas eles nunca tem grande alegria, quando estes aparecem; pois tal é sempre considerado um sinal de que terão de deixar o seu mundo em breve.

33 - Quando tais espíritos comunicam que Aquele Perfeito Homem os acolheu com muito Amor, sentem grande satisfação; mas eles mesmos se julgam sempre sumamente indignos de tamanha graça. Pois dizem: Somos demais miseráveis para que tal Senhor queira nos dirigir apenas o Seu olhar, e muito menos de receber Dele uma Graça mais elevada!

34 - Por isso, rezam com grande zelo e agradecem por tudo que comem, até por cada fruto individual, quando colhem os escassos frutos das pequenas árvores; e assim também agra­decem fervorosamente por cada singela hortaliça que tiram do solo, sempre considerando-se indignos de tal dádiva, e não compreendendo como este Homem perfeitíssimo possa ainda lembrar-se deles com tanta benevolência!

35 - Vede, nisto consiste sua religião. totalmente isenta de cerimônias. Mas, se quereis saber algo duma cerimônia na vida deles, ela consiste unicamente no vínculo marital de dois cônjuges.

36 - Este vínculo matrimonial consiste, porém, só de um abraço recíproco, seguido pela bênção do ancião duma família; em seguida, duma geral ação de graças e, por fim, não muito depois, da cópula. Este ato faz parte das maiores e mais sublimes festividades entre estes homens.

37 – Os seus mortos eles os envolvem inteiramente com várias ervas, cavam, numa região mais abaixo, um buraco no solo, semelhante ao de sua habitação, e colocam seus mortos nesta sepultura aberta. As ervas são ajuntadas para que os mortos encontrem logo comida ao seu lado, se, por uma eventualidade, devessem acordar de novo.

38 - Eles visitam também, em companhia, tal sepultura; mas, como os corpos se decompõem rapidissimamente e eles, geralmente, nada mais encontram deles, são de opinião que estes mortos despertaram de novo e vagueiam agora em algum lugar, ou que espíritos foram buscá-los.

39 - Por esta razão, rezam muito por seus mortos, desejando-lhes, de coração, toda felicidade.

40 - Com isso, relatamos tudo que se refere a esta Faixa. Da próxima vez, passaremos para a Quarta Faixa, que nos ocupará por mais tempo, porque avistaremos lá muitas coisas importantes. - Assim, basta por hoje!

36° CAPÍTULO

O QUARTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS

CORRESPONDENTES AO PLANETA JÚPITER.

SEUS HOMENS.

1 - Quanto à Quarta Faixa, digo-vos, de antemão, que ela corresponde, tanto na parte Setentrional, como na Meridional, ao grande planeta JÚPITER. - Já sabeis que ele é o maior de todos os planetas, sendo quatro mil vezes maior do que vossa Terra.6 Consequentemente, também as Faixas correspondentes são as maiores e mais esplêndidas depois da Faixa Central, que é o próprio, verdadeiro mundo solar, com correspondências com todas as outras Faixas do Sol.

2 - Quão grande é, pois - reunidas as partes Setentrional e Meridional - a Quarta Faixa, que corresponde ao planeta Júpiter? Ambas as Faixas, tomadas juntamente, deveriam ter uma largura de cerca de vinte mil milhas. E seu comprimento deveria ser, aproximadamente, de duzentas mil milhas. Desta medida de superfície resulta que esta Quarta Faixa deve abarcar muitas coisas grandiosas, já que é de tão grande extensão superficial.

3 - Também esta Faixa é separada da precedente por uma cintura de montanhas altíssimas, consistindo em duríssimo mármore branco que nem pelo máximo grau de calor pode ser derretido. Os cumes mais altos, que atingem a mais alta atmosfera luminosa do sol, parecem ser constantemente candentes, o que, porém, não é o caso. Tem apenas esta aparência, porque os cumes mais altos são de uma brancura por vós inconcebível e refletem de sua superfície perfeitamente todos os raios que recebem de qualquer parte.

4 - As paredes bastante uniformes desta alta montanha são banhadas aos pés por um anel de água duma largura de mais de duas mil milhas alemãs. Nele se encontram, em muitos pontos, grandes ilhas e penínsulas ainda maiores, e consideráveis línguas de terra, todas habitadas pelos ho­mens desta Faixa.

5 - Mas o país mesmo é mais plano do que montanhoso. E os seus montes não são, de longe, tão altos como os montes de outras Faixas já conhecidas. Mesmo assim, eles são medidos do nível do mar do Sol - muito mais altos do que os da vossa Terra; mas não são tão íngremes e inacessíveis como os vossos. - O território mesmo é rico em lagos, rios, grandes e pequenos, ribeiros e fontes, portanto, em princípio, sumamente abençoado e frutífero.

6 - O reino animal é numerosíssimo, e toda a Faixa e abundantemente habitada por homens.

7 - Conhecemos agora a natureza do país; seguindo a costumeira ordem, dedicamo-nos logo ao homem desta Fai­xa. - Qual e aqui o aspecto dos homens? Qual e a constituição dele, qual a religião, e em que relação com estas encontram-se todas as outras coisas? A tudo isto damos primeiro uma resposta geral; uma mais detalhada seguirá mais tarde.

8 - No que diz respeito aos homens, seu físico e extraordinariamente grande, com uma figura extremamente bem formada, e com o melhor e mais manso caráter de todos os homens solares.

9 - Quanto a sua constituição, ela é, em primeiro lugar, absolutamente patriarcal, e, no fundo, também teocrática, e, sob todos os aspectos, dedicada ao bem comum.

6 - Incluindo as luas e a atmosfera total destes corpos celestes.

10 - Também a religião e muito simples, sem qualquer cerimônia. E a educação das crianças visa também unicamente a perfeita unificação com os Céus e com o Senhor.

11 - Assim teríamos exposto, em geral, os pontos que determinam a vida dos homens nesta Faixa, passando agora a considerações mais detalhadas.

12 - Quanto à altura do homem, ele atinge, não raramente, cem toesas (cerca de 190 m). - Qual a sua cor? - Branco suave, passando um pouco para azul-avermelhado, aproximadamente a cor de uma ametista, naturalmente muito mais pálida. De vez em quando, tal cor do corpo encontra-se também em vossa Terra, e precisamente nas tribos montanhesas do Cáucaso na Ásia, onde também mulheres muito delicadas apresentam uma cor do corpo semelhante, sobretudo quando são muito expostas ao ar das geleiras. É esta, pois, também a cor dos habitantes desta Quarta Faixa.

13 - Qual é a formação do seu rosto? - A sua face é marcadamente viril, quer dizer que não é uma máscara, como se encontra muitas vezes entre os homens da Terra; mas do resto é um pouco mais arredondada e meiga do que no sexo masculino da Terra. Os lábios são algo pronunciados e assim também os cantos da boca. O queixo é bastante saliente, mas não marcadamente bicudo, antes suavemente arredondado e, sem exceção, imberbe. Os cabelos da cabeça são abundantes e compridos, e de cor castanho-escura, igual às sobrancelhas e aos cílios. A fronte é alta, e, junto aos cabelos, é particularmente branca. As orelhas e o nariz são bem proporcionados.

14 - O pescoço é proporcionadamente comprido e redondo, os ombros são muito largos e os braços estão em boa e bem arredondada proporção com os ombros. Só as palmas das mãos são, em proporção com os dedos, cerca de um quinto maiores do que as vossas. - As unhas dos dedos são sobremaneira fortes e têm a mesma cor do corpo; só para a ponta são muito mais pálidas.

15 - Todo o resto do corpo até as ancas é bem proporcionado. As nádegas, porém, são algo mais salientes do que as dos habitantes da Terra. A consequência desta saliência é uma constante postura reta, especialmente quando tal homem esta em pé, mas não quando anda, pois, andando, ele se mantém, desde a infância, fortemente inclinado para frente.

16 - Mas os pés são perfeitamente regulares, e assim também as partes genitais. Somente as plantas dos pés são proporcionalmente algo maiores do que as vossas.

17 - Ora, como é vestido o homem? A veste do homem, como também da mulher, consiste só de um avental para cobrir os genitais. Todo o resto é nu. Mas, apesar disto, quase em parte nenhuma reina maior castidade do que junto aos habitantes desta Faixa. Eis, pois, como é constituído o homem.

18 - A mulher é uma cabeça menor do que o homem e todas as suas partes são perfeitamente arredondadas. A sua pele é muito mais fina do que a do homem, apesar de ser mais espessa. Calculando a espessura da pele do homem, em média, de um palmo e meio, a da mulher é de bem dois palmos e ainda muito mais tenra do que a dos homens (é também muito mais tenra e elástica do que a pele das mulheres na Terra), e, por toda parte, de porosidade finíssima.

19 - Os seios das mulheres são perfeitamente redondos: são como duas meias esferas sobre o peito, que ali é considerada a coisa mais bonita.

20 - Também seu rosto é sobremaneira atraente, tanto pela sua amabilidade como pela sua beleza. Os cabelos da cabeça são muito abundantes e lhes chegam ate bem abaixo dos joelhos. A cor dos cabelos é pouco mais clara do que nos homens.

21 - Em geral, em quase nenhum planeta a mulher é tão bonita como aqui. E os homens apreciam também muito a beleza corporal da mulher, pois dizem: quando a mulher possui um coração justo e, como reflexo, um espírito justo, também o seu corpo deve ser bem proporcionado. Faltando tal harmonia ao corpo, deve haver uma razão por que o corpo duma mulher não a atingiu. Mas a harmonia mais perfeita da parte do coração é a constante plenitude do amor ao Senhor, que é o alimento do espírito para a vida eterna. Mas quem edifica o corpo é o espírito. Se este se atrofia devido a certo grau de desequilíbrio do coração, também a obra dele terá, necessariamente, um aspecto atrofiado. É preciso descobrir se tal desequilíbrio depende dos pais ou das crianças. Se é dos pais, as crianças não têm culpa; e toca a nós não imputar-lhes tal atrofia. Se, porém, o desequilíbrio é oriundo do próprio coração, é nosso dever ajudá-los a criar um coração justo a fim de restabelecer, se ainda possível, também a harmonia do corpo. Onde isto não for mais possível, é nosso dever pôr lhes em ordem ao menos, e exclusivamente, o coração até que o espírito possa receber dele o nutrimento adequado.

22 - Vede, por esta razão os habitantes desta Faixa têm a perfeita beleza corporal em muito apreço, como já foi dito, nas mulheres a quem amam imensamente, quando elas correspondem a sua ordem. Uma mulher desordenada, po­rém, é menosprezada e submissa, em breve, a uma escala bastante desagradável, caso não entre na sua ordem.

23 - Eis tudo que se pode dizer de importante sobre a figura dos habitantes desta Faixa. Proximamente, trataremos de sua ordem doméstica. Basta, pois, por hoje!

CAPÍTULOS 37 a 42

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE

O QUARTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS DO SOL.

1 - Casas de habitação e edifícios rurais dos habitantes da Quarta Faixa Secundária

As casas de habitação são semelhantes às da Faixa Central do Sol e construídas com pedras e madeira; mas são algo maiores, correspondentes à estatura dos homens, porém bastante simples, não passando a dupla altura de um homem, e sem enfeites de galerias, etc.... a não ser as telhas que brilham como se fossem de ouro resplandecente. No interior das casas, com ricas acomodações para as refeições e o descanso, há ainda um espaço reservado ao pai de família de onde ele a ensina.

Cada casa possui duas largas dependências rurais, uma para os utensílios caseiros e de lavoura, e outra para a despensa.

Atrás destas dependências, encontra-se enorme jardim cercado de alto muro, onde vive um animal totalmente desconhecido na Terra. É muito maior do que um elefante terrestre; sua cabeça se parece com a de um camelo e o corpo com o de uma vaca, os pés com os de uma girafa, e sua cauda forma uma bola de lã que serve aos habitantes para fabricar os seus aventais.

2 - Modo de vida e de ser dos habitantes da Quarta Faixa Secundária

Os habitantes desta Faixa contam entre os mais afáveis, tanto no Sol, como nos planetas; é até difícil de se fazer uma ideia disso. Assim, o homem não anda em posição ereta para não obrigar a mulher, que é de estatura menor, a olhar para cima. Andando, ele reduz seus passos, que seriam normalmente de setenta toesas, para vinte; assim, a mulher pode segui-lo facilmente. Ele a faz segui-lo atrás de si, para que ela tenha o caminho preparado e não tenha que combater o ar.

Também as crianças são educadas com todo amor, e cada ensinamento que o pai lhes dá é marcado pela meiguice. É considerado pecado demonstrar mau humor, e, se alguém sofre, por pouco que seja, ou quase chora, corre-se para ajudá-lo. Qualquer pedido que alguém faz ao seu vizinho motiva esse a satisfazê-lo com muito mais. Assim, a pessoas totalmente estranhas que se encontram em viagem oferece-se uma hospitalidade excepcional. Na despedida, o hóspede é abençoado e acompanhado ainda por bom pedaço de caminho.

Para qualquer trabalho que tem que ser feito, todos rivalizam para se ajudar uns aos outros, a fim de que ninguém seja sobrecarregado. Toda a constituição consiste em nada mais do que no amor ao próximo mais perfeito e sincero, e quem não o fizer é admoestado pelo pai de família com toda amizade.

3 - Regras gerais de conduta. Companheirismo entre o homem e a mulher na Quarta Faixa Secundária

A constituição pública nada mais é senão a parte cerimonial da constituição religiosa, e especifica as regras para o serviço divino interno.

Aqui não há outro chefe político do que o pai de família, ao passo que, no planeta, não é raro que um ou outro se considere senhor dos outros, querendo ser respeitado qual semideus, com função de medianeiro entre Deus e o povo.

Uma das regras em vigor obriga os habitantes da Faixa a nunca falarem sobre coisas espirituais com a boca, mas unicamente pela mímica ou pela linguagem dos gestos, por meio dos olhos, da fronte, dos lábios, dos cantos da boca, do queixo, das bochechas e com ajuda das mãos. Somente sobre coisas naturais, e com forasteiros, é permitido servir-se da língua articulada.

Outra regra determina que - com exceção das mulheres - um homem não deve andar atrás de outro homem, mas só ao seu lado, dado que a frente do homem representa a verdade, mas as costas, a mentira. E ninguém pode mostrar pelas costas a seu irmão o que seu coração oculta.

Uma terceira regra prescreve que, ao repousar, ninguém na casa deve voltar seu rosto para fora, mas só para o interior da casa, pois, no repouso, nossos olhos devem ser elevados para Deus, e Deus e o íntimo de todas as coisas, correspondendo ao Seu Amor Infinito. Assim, o homem não deve desviar seus olhos do interior da casa, que corresponde, em certo sentido, ao Amor de Deus. Em função disso, os bancos de repouso, nas casas, são colocados de maneira que os rostos das pessoas ficam voltados para o interior da casa.

Durante as refeições nos corredores exteriores, porém, os rostos ficam voltados para fora, uma vez que aí servem ao seu corpo ou sua natureza exterior, que não deve ser mesclada com o serviço a Deus.

Nas conversações fora de casa, por exemplo, na sombra das gigantescas árvores, é utilizada a linguagem articulada. Mas, logo que o tema vem a ser o amantíssimo, único Senhor, passa-se a linguagem de gestos, único meio para falar de tudo.

Uma última regra diz que o homem, ao falar com uma mulher, deve cuidar para não falar alto demais, o que poderia prejudicar o organismo dela. Desse carinho nasce, no casal, um encantamento recíproco, do qual não podeis ter uma ideia. — Convém ainda frisar que as mulheres desta Faixa são de exímia beleza, e que, de certo modo, emanam por toda parte amor, a máxima graça e afabilidade.

4 - Flora e fauna na Quarta Faixa Secundária

Primeiro, umas considerações sobre o planeta Júpiter, - o qual, apesar de ser quatro mil vezes maior do que a Terra - tem, entre todos os planetas, a maior semelhança climática com a Terra, o que vale, consequentemente, também de sua flora e fauna. Exceto certas particularidades, tudo que há na Terra encontra-se também em Júpiter, mas em medida muito aumentada.

Uma das particularidades da flora consiste em que certas pessoas sábias e de profunda piedade possuem tal força de vontade que iguala a dos habitantes da Faixa Central, podendo com ela fazer surgir do solo do seu planeta árvores e plantas de espécies totalmente novas. Mas tais árvores e plantas não têm semente e são, portanto, incapazes de reprodução, ao passo que as árvores e plantas de criação divina possuem, como na Terra, uma semente viva.

Estas plantas positivas são as mesmas do vosso solo terrestre, apenas enobrecidas. Assim, na zona quente de Júpiter, poderíeis descobrir todas as plantas tropicais, nas duas zonas moderadas todas as frutas e plantas como nas respectivas zonas na Terra; e o mesmo vale da zona fria, mas tudo sendo bastante maior e enobrecido.

Poderíeis, pois, perambular lá, num prado de gramíneas, entre os caules de ervas, como na Terra num bosque recém-plantado; as próprias árvores deveriam ser dez vezes maiores que as vossas, sem, porém, encontrardes as gigantescas árvores e os colossais animais como no planeta Saturno.

Também os homens não são, nem de longe, tão grandes como no Saturno, e muito menos ainda do que os habitantes da Faixa do Sol correspondente ao planeta Júpiter, são apenas três ou quatro vezes maiores do que os da Terra.

Para conhecer a flora e a fauna da Quarta Faixa Secundária do Sol, basta imaginar ambas cem vezes maiores que a flora e a fauna da vossa Terra. Por exemplo: Uma mosca desta Faixa solar poderia saciar cinco pessoas terrestres. E dificilmente seríeis capazes de comer dez morangos. O mesmo vale aos animais, com exceção da serpente, que não existe em Júpiter nem na sua correspondente faixa solar. Mas lagartos existem - são todos de boa índole. Vivem, geralmente, nas margens de lagos e rios, sem chegarem às habitações.

Os únicos animais domésticos permitidos são algumas aves, como a galinha e a pomba. Para evitar que outros animais entrem nas propriedades, elas são cercadas por uma sebe constando de altas árvores semelhantes aos cedros e abetos terrestres, tão unidas que formam verdadeira parede impenetrável para os animais.

Quanto às moscas e outros insetos voadores, são mantidos afastados pela vontade dos habitantes. A passagem dos pássaros não é impedida, pois até beneficiam por comerem os bichos impuros.

Os vastos terrenos entre as propriedades habitadas pelo homem são povoados pelos animais, que são mansos e têm medo do homem. Vivem, geralmente, nas florestas, deixando livres os outros espaços, pelos quais os homens podem viajar sem prejuízo, em sendas retas, mantidas limpas pelos habitantes adjacentes.

5 - A cultura do grão de trigo e de outras plantas na Quarta Faixa Secundária

Por outra regra pública, os habitantes desta Faixa devem cultivar o grão de trigo e, quando maduro, colhê-lo em faixas, tirar os grãos e obter, assim, a pura semente. Este cereal, quase do tamanho de um pequeno ovo de vossas galinhas, é cozido e logo comido, sendo o alimento mais procurado e apreciado pelos habitantes desta Faixa.

O grão de trigo tem, entre todas as plantas frutíferas, a maior semelhança com o Pão dos Céus. Ao passo que os outros frutos podem logo ser comidos no estado como são colhidos da planta ou da árvore, o grão de trigo, porém, - apesar de ser o melhor de todos os frutos - exige, primeiro, trabalho e dedicação do homem, em que é equiparado ao Pão vivo dos Céus que nos é oferecido pela Palavra Sagrada, mas que se torna nossa propriedade somente após muitos esforços e espinhosas provações. E, mesmo depois de tê-lo recebido, devemos liberá-lo dos duros invólucros da Sabedoria Celestial e fervê-lo em nossa própria água viva do espírito pelo fogo do amor a Deus, para que se torne uma comida eternamente nutritiva para o nosso espírito imortal.

Outra regra estabelece, em sua ordem, como as árvores, os arbustos e as outras plantas devem ser colocadas: mais afastadas da habitação as maiores árvores frutíferas, e mais perto tudo que é mais tenro e fraco, tudo que é menor, pois o Amor de Deus é voltado ao que é pequeno. Eu mesmo disse: "Deixai vir a Mim os pequeninos e não os embaraceis, pois deles é o Reino dos Céus!"(Mc.10,14). Tais regras públicas ou comunitárias constituem, em princípio, a parte cerimonial da religião dos habitantes desta Faixa.

6 - A religião dos habitantes da Quarta Faixa Secundária

A religião é quase em nenhum outro lugar tão simples como aqui; ela pode ser resumida em três pontos:

a) A fé viva nos diz que Deus é um Homem perfeitíssimo que criou o Céu, a Terra7 e todas as coisas e seres pela Sua Livre Vontade, e o homem a Sua própria Imagem e Semelhança, constituindo-o como senhor, tanto do mundo exterior, como do seu próprio mundo, que é constituído da parte natural de cada um durante sua vida corporal.

7 - Quer dizer, o mundo solar.

b) O homem é um perfeito recipiente para acolher a Vontade Divina; mas é só aceitando-a que ele se torna um potente senhor de todas as outras criaturas do mundo, assim como do próprio mundo.

O homem deve, pois, esforçar-se em conhecer a Vonta­de de Deus e, renunciando a sua vontade fictícia, se submeter à reconhecida Vontade Divina, pelo que efetua a verdadeira religação entre Deus e o homem, o que é a verdadeira religião. - Fazendo isso, o homem se une também à Força de Vontade Divina, chegando, assim, a unir-se a Deus.

c) Deus é a própria Vida Primordial, sendo, pois, o eterno inimigo da morte, e esta inimizade é "a Ira de Deus". Mas, como a natureza básica de Deus é o Amor, nós não nascemos para a morte, e sim para a vida. E, ao unir-nos a Vontade Dele, nos unimos à Vida que sentimos e experimentamos pelo Amor. Ninguém, porém, pode, pelo seu próprio amor, amar em verdade a Deus, que é a Plenitude da Vida. Mas, amando vivamente seus irmãos e irmãs, ele amplia sua própria esfera vital, podendo, então, acolher nela também a Plenitude de Vida Divina.

Este é todo o terceiro princípio de vida através da verdadeira religião. O estado matrimonial também segue este princípio. Eis por que o matrimônio, em parte alguma, é mais fervorosamente respeitado como aqui; e isso vale, sem a mínima exceção, em ambas as Faixas que correspondem ao planeta Júpiter.

43° CAPÍTULO

O QUINTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS

- CORRESPONDENTE A SATURNO, SUA TERRA E SUA POPULAÇÃO

1 - Com respeito à Quinta Faixa Secundária, basta dizer-vos que ela corresponde, tanto na sua parte Setentrional, como na Meridional, ao planeta SATURNO, que já conheceis muito bem.8 A descrição desta Faixa dispensa, pois, a necessidade de entrarmos em muitos detalhes como na Faixa precedente.

2 - Também esta Faixa é separada da anterior por uma alta circunvalação montanhosa. Deste bastião estendem-se imediatamente grandes cordilheiras sobre toda a Faixa de uma largura de mais de quatro mil milhas, que, do lado norte, confina com uma cintura d'água de largura não uniforme, devido a muitas sinuosidades que, aqui ou ali, se estendem por duas a três mil milhas para dentro da terra. Mas o lado norte costeiro desta água corre bastante em linha reta e é limitado por íngremes paredes rochosas.

3 - O mesmo se verifica também na correspondente faixa sul, mas em proporção inversa - sendo, assim, habitável, em sua parte norte, também entretecida por muitas cordilheiras, ao passo que só na parte sul das terras desta Faixa segue a cintura d'água, marcada também por grandes insinuações para dentro das terras habitáveis.

4 - Descreveremos, porém, somente a Faixa Setentrional, abrangendo, com a descrição das suas condições, de certo modo também implicitamente as da Faixa Meridional.

5 - Que aspecto tem, pois, a Faixa Setentrional, do ponto de vista territorial? - Observai somente o Saturno, e já vedes a natureza das terras desta Faixa!

6 - Aqui encontrareis a árvore-habitação, a árvore da chuva, a árvore estrelada, a árvore funil, a árvore espelhada, a árvore parede e também a árvore de várias espécies, bem como a árvore piramidal. Mas, aqui, todas estas árvores são mais grandiosas, mais sublimes, mais bonitas e fulgurantes do que no planeta Saturno.

7 - Também todos os arbustos e outras plantas que conhecemos no planeta se acham aqui presentes, mas em medida mais enaltecida. Até a planta-nave não falta aqui e ela é usada para a mesma finalidade que no planeta. Pois, nesta Faixa, já começa a navegação.

8 - Quanto aos animais, todos os de boa índole estão também aqui presentes. O grande MUD, porém, e alguns outros animais maldosos do planeta Saturno não são encontrados aqui, e tampouco o Grande Peixe e o Grande Pássaro. Igualmente não há os vários moluscos. Mas toda a demais fauna do planeta existe também aqui. Até a Grande Vaca não falta, assim como a ovelha dos habitantes das montanhas que conheceis. No entanto, tudo é mais enobrecido e mais manso do que no planeta.

9 - Se desejais descobrir de um só golpe todas as condições de vida nesta Faixa, ide para os montanheses do planeta; ali podeis conhecer todas as condições sob o ponto de vista civil, familiar, social e religioso.

10 - Aqui também são erigidos templos para o serviço divino. - E o cálculo de tempo junto aos habitantes desta Faixa é quase o mesmo que no planeta, com uma diferença: Os habitantes desta Faixa determinam o tempo conforme a rotação do Sol sobre o seu eixo, sendo que consideram a rotação como completada quando determinada constelação se encontra no zênite. Tal rotação do Sol, que leva cerca de vinte e nove dias terrestres, fornece-lhes um espaço de tempo que eles subdividem em sete períodos.

8 - Da obra separada de Lorber O Saturno.

11- 0 tempo do zênite é, geralmente, um tempo festivo, como também pelos habitantes do Saturno o sétimo dia é de festa. Na Faixa, o tempo festivo é festejado da mesma maneira como no planeta.

12 - Quanto à habitação, as vestes e aos alimentos dos habitantes desta Faixa, são perfeitamente iguais aos do pla­neta - (é claro que, aqui, se entendem sempre os habitantes das montanhas do planeta).

13 - Quanto aos próprios habitantes, tanto os homens como as mulheres assemelham-se perfeitamente aos do planeta, com exceção do tamanho. A este respeito, os habitantes da Faixa são um terço menor do que os do planeta.

14 - São de natureza sobremaneira meiga, receiam, sobretudo, qualquer excitação de ânimo, e nutrem, por causa disso, um altíssimo cuidado até de um amor grande demais.

15 - Por esta razão, tudo, nesta Faixa, se passa com tanto tranquilidade; em vista da grande plenitude de vida que reina nesta Faixa, alguém poderia pensar que a morte fixou aqui, sem dúvida, a sua morada. - Mas não é assim. - Entre si, os habitantes são alegres e cheios de bom ânimo. Também gostam muito dos sons e deleitam-se, segundo vosso cálculo, às vezes por muitas horas, com o delicioso canto de seus pássaros cantores. Mas eles mesmos são tão pouco cantores e músicos como os habitantes do planeta Saturno.

16 - Eles têm encontros com os espíritos, e, não raramente, Comigo Mesmo, ainda mais frequentemente do que seus irmãos no planeta.

17 - São extremamente castos e estimam suas belíssimas mulheres apenas no coração.

18 - A procriação é a mesma que no planeta. E sua vontade é ainda consideravelmente mais forte do que a vontade dos habitantes planetários. Em consequência disso, eles podem tirar do solo ate algumas plantas sem semente e domar com sua vontade qualquer animal.

19 - Os habitantes desta Faixa podem também algumas vezes elevar-se livremente para o ar, e, em caso de emergência, caminhar por poucas distâncias sobre as águas. Para trechos mais longos, eles não têm coragem, pois dizem: Trata-se, aqui, de um milagre do qual o homem só deve servir-se em caso de absoluta necessidade; não deve tornar-se uma coisa comum.

Pois o Próprio Espírito de Deus opera obras milagrosas só quando Sua Sabedoria infinita o reconhece necessário; de resto, tudo deve seguir o caminho da eterna Ordem.

Por esta razão, também não ousam fazer uso ininterrupto de sua força de vontade, servindo-se dela apenas em caso de absoluta necessidade.

20 - O que foi exposto até é agora é o que há de essencialmente diferente entre os habitantes do planeta e os desta Faixa, sendo todo o resto absolutamente igual.

21 - Não é necessário mencionar que os habitantes desta Faixa habitam, na maior parte, as montanhas; pois as terras planas são deixadas geralmente aos muitos animais.

22 - Com respeito ao chamado "Servidor Doméstico" (que, no Saturno, é um animal), está ele também aqui como em casa; porém, não mais como animal, mas como uma raça humana algo subordinada; sua relação para com os próprios habitantes desta Faixa pode ser aproximadamente comparada ao comportamento das tribos selvagens para convosco. Mas aqui não são mais destinados ao serviço, o dos próprios habitantes, e sim geralmente utilizados como ha­bitantes das terras planas, a fim de aprenderem dos próprios habitantes a justa maneira humana de viver, podendo, por esta experiência, eles mesmos se elevarem ao grau de real homem. Por esta razão, também sua maneira de viver é idêntica à dos próprios habitantes principais desta Faixa. - Mas, na procriação, a diferença é que esta classe subordinada de homens gera por uma espécie de cópula, a qual, porém, nem de longe é tão sensual como convosco na Terra.

23 - Eis tudo que é necessário relatar sobre esta Faixa. - Estamos, pois, no fim da Quinta Faixa, tanto Setentrional como Meridional, e passaremos logo para a Sexta Faixa. 44° CAPÍTULO

O SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS

- CORRESPONDENTE A URANO.

OBSERVAÇÃO DESTE PLANETA.

1 - Na descrição da Quinta Faixa Secundária foi mencionado que, depois da cintura d'água, há, em linha bastante reta, uma alta parede de rochas que a delimita. Esta cadeia de montanhas é, ao mesmo tempo, o começo da Sexta Faixa, tanto do lado norte como do lado sul; mas, do lado sul, ela é menos íngreme do que do lado norte.

2 - Qual é a altura desta parede de rochas? - Quanto ao seu declive íngreme, esse eleva-se apenas cerca de dez milhas acima do nível das águas. Depois desta escarpa, esta cordilheira anular adquire pendores mais amenos, mas não para baixo, e sim para cima, elevando-se este aclive ainda vinte milhas alemãs sobre a base íngreme. Quando estes pendores alcançaram seu ponto culminante, a cordilheira anular abaixa-se do outro lado para a Sexta Faixa. Este declive é tão suave que a queda das várias cumeeiras, muitas vezes com uma largura de algumas milhas, mal importa duzentas toesas por milha.

3 - E, assim, esta montanha suavemente se abaixa até a próxima cintura d'água; só que, aqui ou lá, se elevam de novo importantes colinas que, naturalmente, apresentam depois também uma queda mais acentuada.

4 - Esta é, pois, a estrutura de toda a Sexta Faixa, a qual é, como nenhuma outra, habitável até a mais alta região montanhosa.

5 - Dispensa-se quase mencionar que também a correspondente Sexta Faixa Meridional é da mesma estrutura, mas não com igualdade simétrica, e sim apenas em linhas gerais. Pois, em cada parte, há cordilheiras diferentes, grandes planaltos, lagos, rios grandes e pequenos, e ribeiros, e também muitíssimas e muito grandes quedas d'água que há nas duas faixas, quer aqui, quer ali, muito diferentes uma da outra, sem se corresponderem simetricamente.

6 - A largura total deste país, do cume até as planícies, deve comportar algo mais que três mil milhas, enquanto a da cintura d'água um pouco mais de mil milhas. Assim, já apresentamos as suas terras nas quais teremos que nos mover.

7 - A fim de conhecerdes mais profundamente a natureza e a finalidade desta Faixa, será necessário lançar antes um olhar sobre o planeta que corresponde a esta Faixa.

8 - Conforme a ordem mantida até agora, reconhecereis facilmente que esta Faixa corresponde ao planeta URANO. Observaremos, pois, primeiro um pouco este planeta em termos gerais.

9 - Qualquer calendário pode vos informar sobre o tamanho deste planeta e a sua distância da Terra. Mas esse é também o menor motivo por que queremos fazer breve visita ao planeta. O que nos Interessa, sobretudo, é tomar nota de como e por que ele tem esta configuração.

10 - Seu volume deve superar de mil9 vezes o da vossa Terra. Daí já podemos deduzir que sua superfície deve ser considerável, podendo Urano ser considerado um planeta quase de primeiro grau. - Sua terra habitável se encontra, como no Saturno, geralmente na zona equatorial; pois as regiões polares são totalmente inabitáveis por causa do grande frio que reina ali. Mas as regiões equatoriais têm sempre um clima bastante agradável e são muito montanhosas.

9 - Conforme nossa ciência: de cem vezes. Talvez se trate de um erro de escrita de Lorber.

11 - Nenhum planeta, de todos aqueles que conhecestes até agora, é tão cheio de montes vulcânicos como este; sobretudo as bordas setentrionais e meridionais das terras habitáveis são quase ininterruptamente circundadas de serras vulcânicas. As terras internas, porém, têm apenas raros vulcões, mas, em compensação, muitos terrenos planos e bem habitáveis.

12 - A vegetação das terras é sobremaneira exuberante. A cor principal das plantas é vermelho-azul, e a das flores geralmente passando para o branco-verde claro ou azul claro. - Aqui a vegetação não é variada e muito menos rica em espécies; mas tudo que cresce no solo é tanto mais exuberante e gigantesco.

13 - Como o reino vegetal, também o reino animal é muito inferior em riqueza de espécies, comparado com a riqueza em outros planetas. Mas as poucas espécies de animais que se encontram, tanto nas águas, como na terra e no ar, são sobre­maneira fortes e, geralmente, de tamanho gigantesco. Em ne­nhuma parte há aqui animais pequenos como junto a vós o reino dos insetos e dos vermes, com a única exceção da mosca, que tem a mesma forma e constituição que vossa mosca.

14 - No que diz respeito aos homens, são eles bastante grandes, medindo o homem cerca de oito toesas, e a mulher cerca de sete. - Seu caráter é muito impetuoso e veemente; por isso, não seria aconselhável quererdes competir seriamente com eles. São sumamente temerários e intrépidos. Não receiam nenhum perigo e o medo da morte é-lhes inteiramente estranho.

15 - Por esta razão, sempre devem ser fortemente refreados por diversos meios, para que sua virtude muitas vezes exagerada não se converta facilmente num grande vício.

16 - Também os espíritos dos mortos deste planeta devem ser mantidos muito separados, pois, em qualquer conflito com outros espíritos, eles também saem vencedores.

17 - Quem com um ou outro destes espíritos de Urano não chega a algum termo, apesar de demonstrar-lhe um íntimo amor, pronto a qualquer sacrifício, deve procurar outro meio; pois, pelos caminhos da sabedoria, estes espíritos são inacessíveis. Mas quem conseguiu cativá-los com amor, pode considerar-se um felizardo sob todos os aspectos. Pois sua fidelidade e constância são tão fortes que nenhuma prova poderá abalá-las.

18 - Por esta razão, também sua constituição e simplíssima e se limita unicamente ao amor. Eles fazem aquilo que o amor lhes sugere, e isto com tanta perseverança que por nada podem ser detidos de uma obra começada. Para que eles larguem sua respectiva atividade, seria necessário aniquilá-los inteiramente.

19 - A fim de terdes uma ideia da perseverança destes homens, vou dar-vos um pequeno exemplo.

20 - Suponhamos que alguém, no meio de uma obra preestabelecida, seja surpreendido pela morte, devendo naturalmente como espírito e alma, separar-se do seu corpo. Pensais que ele, como espírito, pode ser afastado do lugar onde deixara seu corpo frente à obra semiacabada? Nada pode removê-lo de lá; antes, como espírito, ele põe mãos à obra, e não se separa do posto antes da sua conclusão!

21 - Por isto, aos espíritos deste planeta deve ser concedida, após a morte corporal, a natural faculdade de ação até que uma qualquer obra começada seja concluída; senão, tal espírito, com sua livre vontade, não poderia ser removido do lugar em eternidades.

22 - Assim é também a perseverança em vida dos habitantes deste planeta. Se, por exemplo, fosse resolvido construir uma ponte de um alto cume de montanha a um outro, e que os habitantes do planeta tivessem acolhido este projeto com sua vontade, não haveria descanso e repouso até que os dois picos de montanha fossem unidos pela ponte projetada.

23 - Tais audazes construções não podem, pois, ser encontradas em nenhum outro planeta a não ser neste. - O que seriam lá as vossas pirâmides do Egito e as vossas chamadas maravilhas do mundo?! - Pois, neste planeta, a arquitetura se apresenta em medidas ultragigantescas. - Para que possais fazer-vos uma ideia disso, vou dar-vos alguns pequenos exemplos.

24 - Suponhamos que os habitantes deste planeta se encontrem em vossa Terra, e precisamente em vosso pais10 e que alguns deles tivessem feito uma viagem, digamos à Suíça, gostando particularmente de uma ou outra geleira. A imagem desta geleira se fixou tão profundamente no seu ânimo que os viandantes a veem continuamente diante de si. - Ao voltarem da excursão, os viandantes são interrogados com muito carinho pelos outros, o que encontraram de curiosidades nesta viagem e se pretendem reproduzi-lo? Então os dois viajantes descrevem o objeto preferido, fazendo desenhos deles em quadros. Mas, uma vez desenhado, já vale tanto como a afirmação juramentada de que tal monte terá que ser erigido também numa outra região. Para este fim, seria, por exemplo, vosso Schocke11 tomado em consideração, incluindo todas as suas ramificações; e, no mesmo dia, poderíeis ver muitos milhares de mãos em atividade e, antes de passarem dez anos de vosso cálculo, teríeis diante de vossos olhos uma verdadeira Jungfrau ou um Wetterhorn ou um Sehreckhorn no lugar do vosso modesto Schockel.

25 - Vede, este exemplo mostra até que ponto os habitantes deste planeta movem sua paixão pela arquitetura! - Contudo, vamos tomar nota de mais um caso.

26 - Por exemplo, um habitante deste planeta é proprietário de um terreno, naturalmente muito grande. No entanto, este terreno é cortado no meio por uma cumeeira bastante alta, aproximadamente das dimensões da vossa Koralpe. 12 Neste caso, decide-se tomar uma das seguintes alternativas: ou de abaixar o monte com todas as suas ramificações até a metade, utilizando o solo ganho para preencher todas as suas valas; ou de talhar o monte numa largura de uma hora de marcha ate o nível da planície, de modo que o proprietário possa passar por um caminho plano. O material ganho na ocasião do talhamento é, em parte, utilizado para delimitar o terreno, e, em parte, levado para o nivelamento de outras valas.

27 - Mas, se a tal proprietário de terras parece mais agradável e mais útil, ele constrói sobre todo o monte uma belíssima estrada, enfeitando-a dos dois lados com grandiosas pirâmides e outros enfeites do seu gosto. No entanto, a estrada não deve ter, como é de uso na vossa Terra, uma forma serpenteante, mas deve ser perfeitamente reta. Ora, tentai construir uma estrada reta sobre uma pastagem alpina e logo compreendereis o volume das despesas e do tremendo trabalho e esforço que tal arruamento exigiria.

28 - No entanto, tudo isto é pelos habitantes de Urano nada mais do que uma tarefa agradável; pois, quanto mais um terreno é acidentado, exigindo forças, perseverança e traba­lho extraordinário, com tanto maior ambição eles põem mãos à obra.

29 - Assim também suas habitações são, geralmente, obras gigantescas de sua arquitetura, que por vós são incompreensíveis. Pensais que um habitante de Urano se contentaria com uma casa construída com pedras, como são as casas na vossa Terra? - Absolutamente! Ali se aplica muito bem o vosso provérbio: "Tem que ser algo extraordinário!"

10 - Stiria, província da Áustria, a pátria de Lorber.

11 - Uma montanha de 1400 metros de altura, a três horas norte de Graz.

12 - uma montanha de 2.000 metros de altura, a sudoeste de Graz.

30 - Pois um habitante deste planeta escolhe para a construção de sua casa um monte qualquer que deve ser integralmente de pedra sadia. Logo se começa a escarpá-lo ao redor, a fim de dar-lhe uma forma cônica. Era seguida, centenas de mãos pegam juntamente o grande formão e o potente martelo para transformar, desta maneira, tal monte em habitação, que, pelo gosto desta gente, deve ser sobremaneira grandiosa e elegante.

31 - Tal habitação consta de vários andares, ligados entre si por largas e cômodas escadas. E não podem faltar, ao redor de cada andar, robustas galerias que dão para fora. Quando terminada, tal casa tem aproximadamente o aspecto de uma torre babilônica, naturalmente em proporção ampliada, partindo da ideia de vossos desenhos dela. Mas não deveis imaginar que cada habitação tenha o mesmo aspecto, pois cada uma tem sua própria característica.

32 - Seus templos, dedicados a Deus, são o que há de mais grandioso; pois, por eles utilizam-se, aqui e ali, inteiras cadeias de montanhas particularmente notáveis. Os habitan­tes são, pois, da opinião que Eu tenho uma complacência especial por uma ou outra montanha, - o que concluem do fato que determinada serrania de até dez milhas muitas vezes é pouquíssimo acidentada.

33 - Tal cadeia de montanhas é, pois, infalivelmente transformada num templo de Deus, mas sempre na sua metade superior; pois o templo pela Glória de Deus sempre deve ficar em lugar bem mais alto do que qualquer outra casa. Os telhados de alguns templos são tão altos que eles são cobertos de neve eterna e gelo, e isso mesmo abaixo do equador onde o calor é tão forte como junto a vós no alto verão.

34 - Destes poucos exemplos podeis facilmente deduzir de que espírito os habitantes deste planeta são filhos. Mas, apesar de gostarem de luxo em seus edifícios, são simples em seu outros hábitos e costumes. Também sua veste e nutrimento são da máxima simplicidade.

35 - Sua constituição principal determina que todos devem ajudar-se uns aos outros, sem a mínima hesitação.

36 - A base de sua religião consiste na máxima honra possível a ser tributada a Deus. E a doutrina a este respeito é tão simples como a própria religião; ela diz: “O que quer que façamos, o fazemos para a Honra de Deus! Honramos a Deus em espírito, quando nos menosprezamos, quando damos amor fraterno a todos, nos assistindo e nos ajudando uns aos outros em todas as coisas. Honramos a Deus em ação, quando dedicamos nossas forças a enobrecer aquilo que Ele nos indicou para que o completemos em Sua Honra.” Eis toda a religião dos habitantes deste planeta.

37 - Nos templos não se fazem orações como é do vosso costume: estes templos, no fundo, são monumentos da grandeza e sublimidade divinas, ou também grandiosos lugares comuns de reunião para deliberação sobre qualquer grande obra em honra a Deus.

38 - Não há aqui sacerdote ou superiores do povo. Mas o chefe ancião de uma família, que às vezes conta vários milhares de pessoas, é tudo em tudo.

39 - Os matrimônios são aqui rigidamente mantidos. - A procriação realiza-se aqui também por cópula.

40 - Os corpos dos mortos são, por toda parte, cremados e suas cinzas colocadas em vasos graciosos, sendo posteriormente transportados aos templos.

41 - Os habitantes varões se acham em contínuo contato com os espíritos, não de maneira visível, mas perceptível. -Quanto às mulheres, elas têm frequentemente visões.

42 - Quanto ao zelo profissional, as mulheres se incumbem do vestiário e das refeições. Os homens se dedicam a outros trabalhos e são também habilidosos metalúrgicos e arquitetos.

43 - Neste planeta também se escreve e se desenha; por isso, eles tem também a palavra escrita e assim Me conhecem na Figura humana como Criador e Senhor do Céu e da Terra, isto é, da sua Terra. Sabem também que Eu caminhei numa Terra semelhante como Homem na carne. Mas, como eles consideram este planeta como o Altíssimo Céu, evita-se que eles consigam localizar a posição exata deste planeta, para que não lhe tributem uma veneração divina.

44 - Eis, em geral, tudo que, por enquanto, convém saberdes deste planeta, a fim de podermos passar, para vossa vantagem, a correspondente Faixa Solar.

45 - Este planeta tem ainda cinco satélites e, ao redor do equador, um círculo de vapor que, por alguns olhos astronômicos, munidos de fortes telescópios, está sendo considerado como uma espécie de anel de Saturno. Mas isto não convém mencionar aqui, porque as luas de um planeta não entram no âmbito do Sol considerado por nós. Quanto ao círculo de vapor, ele pertence à esfera natural de um planeta, não tendo, portanto, nada a fazer com o Sol dentro da nossa observação do Sol e sua natureza.

Assim, podemos nos dirigir logo à Sexta Faixa Solar.

45° CAPÍTULO

O SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS

- CORRESPONDENTES A URANO.

SEUS HOMENS, PLANTAS E ANIMAIS

1 - No nosso primeiro encontro com esta Faixa (no começo do capítulo precedente), explicamos como é a configuração do solo nesta Faixa.

2 - Resta observarmos aqui a posição do homem, como ele vive na ordem correspondente ao habitante do planeta. - Qual é, pois, o aspecto dos homens nesta Faixa?

3 - No que diz respeito à figura, ela é a mesma que já encontramos em todas as outras Faixas, isto é, perfeitamente humana, porque ela é a proporção simétrica do Meu Ser. Apenas o tamanho é diverso e se exprime, quase por toda parte, numa outra medida. - Os homens desta Faixa têm a dupla altura dos do planeta e são dez vezes mais fortes do que seus correspondentes irmãos planetários.

4 - Por isto, também suas obras e suas construções são multo mais gigantescas do que as que conhecemos do plane­ta. Também estes homens têm um espírito sobremaneira ousado e têm grande prazer em vários empreendimentos gigantescos.

5 - Assim, avistaríeis ali edifícios que vos fariam pasmar. Também suas moradias são para vossos conceitos de tal grandiosidade que de nada semelhante ouvistes falar até agora.

- Mas, quanto a seus templos dedicados a Deus, seria até difícil dar-vos, neste ponto, uma imagem justa.

6 - Antes de conhecermos mais detalhes sobre as construções, observemos um pouco a figura do homem. - No que diz respeito ao seu tamanho, podeis reconhecê-lo facilmente sem ulterior definição, comparando-o aos habitantes do planeta; mas não é assim com a forma do homem. É ele quem queremos observar mais de perto. - Qual é, pois, o aspecto de tal homem?

7 - Os pés não são propriamente maciços, mas muito musculosos e robustos. A planta do pé é quase córnea. Mas o passo, em relação ao pé inteiro, é mais curto do que longo. O joelho é bastante pontudo, uma vez que a rótula deve ser pronunciada por causa da robustez do pé. As coxas não são muito arredondadas; mas o menor movimento do pé faz ressaltar seus músculos. Suas nádegas são proporcionalmente fortes e com notável firmeza elástica.

8 - O dorso é muito potente e de notável largura, mas os quadris são um pouco mais estreitos do que os ombros. O peito é largo e pouco fundo, e também riquíssimo em músculos que, nos movimentos dos braços, ressaltam enormemente.

9 - Os braços e as mãos não são muito grandes, mas, como os pés, de acentuada musculosidade, e os cotovelos são bastante salientes. As palmas das mãos e os dedos são particulares; a palma da mão tem um músculo do polegar fortemente proeminente, que termina num polegar largo, curto, mas sobremaneira forte. Os dedos têm quase o mesmo comprimento e a mesma força. Só o dedo mínimo é um pouco mais curto. Os três dedos médios formam, em sua ponta, quase uma linha reta. Eis a constituição da mão.

10 - O pescoço é proporcionalmente mais curto do que comprido, e mais quadrado do que redondo. A cabeça é relativamente forte, isto é, suas feições são singularmente pronunciadas. A fronte é alta, mas, de certa maneira, inclinada para a frente em direção dos cabelos e terminando para as fontes em duas saliências lineares. - Também as fontes são proeminentes como duas saliências algo alongadas. As sobrancelhas e os ossos da face abaixo dos olhos são também fortemente salientes. Os olhos são encovados e, em proporção com a cabeça, têm tamanho médio e aspecto selvagem-ardente. O nariz é robusto, com uma saliência bastante forte no meio. A boca é proporcionalmente maior do que menor, com fortes dobras musculosas nos ângulos. Igualmente, o queixo é muito proeminente e é imberbe. Também as orelhas são proporcionalmente maiores do que menores e encontram-se na cabeça mais atrás do que junto a vós.

11 - Os cabelos são desgrenhados e nunca são encaracolados, tendo mais ou menos a aparência de um de vossos negros. - Os cabelos são de cor castanho-claro.

12 - Eis, pois, o aspecto do homem. - Quase não é preciso mencionar que os genitais são proporcionais à robusta constituição restante do corpo.

13 - Quanto às vestes, o homem usa uma espécie de calca, muito semelhante às calças em uso junto aos israelitas. Estas calças são presas sobre os quadris por meio de um cordel, o mesmo se fazendo, de modo bem apertado, abaixo dos joelhos. Eis todo o vestuário usado pelo varão nesta Faixa Solar, ao passo que, no planeta, os homens se vestem como outrora os israelitas; só a cor é mais clara do que escura. - Eis o que se pode dizer do homem.

14 - Qual e o aspecto da mulher? No total, como é natural, a mulher é mais arredondada do que o homem. Contudo, para vós na Terra ela não seria incluída na categoria das belezas femininas, pois sua cor é só pouquíssimo mais clara que a do homem, e, no que diz respeito ao seu físico, a constituição da mulher é bastante magra.

15 - Seus cabelos são também mais crespos que encaracolados, e mal chegam até aos ombros.

16 - Assim também os seios são mais pendentes que redondos, e os mamilos mais volumosos que sua base.

17 - A mulher se veste com uma espécie de saia-calça, que, a moda dos turcos, se fecha abaixo dos joelhos em muitas pregas.

18 - Na cabeça, a mulher usa um chapéu com a aparência de um cone, que é preso com um cordel abaixo do queixo.

19 - Temos, assim, homem e mulher retratados da melhor maneira possível. Se considerais a forma corporal destes homens, não precisais de grandes conhecimentos fisionômicos para adivinhar seu caráter. - O que os vimos fazer no planeta, eles fazem também aqui, apenas em medida muito maior.

20 - Quanto à vegetação, ela se assemelha também à do planeta. O mesmo vale quanto ao reino animal, mas este é muito menos utilizado na Faixa Solar do que no planeta.

21 - Em compensação, dedica-se mais cuidado à vegetação do que no planeta. Devemos tomar em consideração, sobretudo, três espécies de árvores que fornecem o nutrimento principal aos habitantes desta Faixa. Uma é semelhante ao chamado coqueiro na Terra, que às vezes cresce aqui, sobretudo na altura mediana do país, a um tamanho tal que cobriria com seus ramos quase todo o vosso país. O tronco desta árvore é muitas vezes tão grosso e forte que - se fosse cortado horizontalmente - poderíeis edificar sobre o seu cepo dez cidades do tamanho da vossa.13 A altura desta árvore não se acha em nenhuma proporção com a sua robustez; pois, no máximo, atinge apenas trezentas toesas. Mas seus ramos, que são sempre carregados de frutos, são tanto mais fortes e extensos. E podeis calcular, com certeza, que tal árvore, no curso de um ano, produz, conforme o vosso cálculo, cerca de vinte milhões de frutos, dos quais cada um é tão grande como junto a vós um barril contendo vinte baldes.

13 - Graz.

22 - O fruto mesmo é envolvido de um rico e robusto líquen de fios lanosos, que os habitantes desta Faixa utilizam para a fabricação de cordas e cabos, por causa de sua força, flexibilidade e resistência. Depois deste líquen, vem uma casca firme, que se pode - como numa de vossas nozes - facilmente dividir ao meio. O fruto mesmo é preenchido de uma abundante polpa saborosa que tem um gosto aproximado as vossas boas avelãs.

23 - Quando os habitantes desejam comê-los, tomam sem­pre um fruto fresco da árvore, onde há sempre frutos maduros, semimaduros e em fase de crescimento, procedendo, para o consumo, como mostrado antes. - Primeiro, removem da casca dura o líquen de fios lanosos, dividem então a casca em duas partes, extraem a polpa por meio de facas curvas e a comem conforme sua fome. Quanto à casca, é utilizada para a confecção de vários recipientes.

24 - Esta árvore tem folhas muito grandes e macias; elas são colhidas, colocadas em grandes sacos e utilizadas pelos habitantes desta Faixa como forro de seus bancos.

25 - Igualmente notável é uma segunda árvore que nem de longe tem a mesma grandeza, mas que se encontra mais frequentemente e possui fruto muito delicioso. Este fruto assemelha-se às vossas uvas, mas num só pé não se encontram tantas bagas; mas estas são de considerável volume, tanto que poderíeis espremer de cada uma um balde de suco maduro. Os habitantes desta Faixa apreciam só o suco deste fruto, com que matam sua sede.

26 - Também uma terceira árvore merece ser mencionada. Esta árvore tem quase a forma da vossa figueira, cresce também até gigantesca altura e produz um fruto que, em sua forma, se assemelha muito a vossos figos. Quando plenamente maduro, sua polpa é semelhante a uma mistura de migalhas com mel. Este fruto é muito apreciado pelos habitantes desta Faixa; por isso dedica-se grande zelo à cultura desta árvore.

27 - Mas comem-se também os frutos de outras árvores, como os de plantas. Mas os frutos das três mencionadas árvores constituem a principal fonte do seu nutrimento.

28 - Dos animais, cria-se somente a grande, peluda chama­da vaca, que tem certa semelhança com vosso camelo; apenas não tem corcova sobre o dorso. Quanto ao seu tamanho, supera quase cem vezes o vosso elefante. Mas os pelos deste animal são tão abundantes que, quando tosquiados, dez dos vossos mais fortes carros não poderiam transportá-los. Dis­pensa-se mencionar para que finalidade os habitantes desta Faixa utilizam estes pelos.

29 - Assim, terminamos nossa descrição do homem, como também do mundo animal e vegetal, considerado do ponto de vista mais importante. Podemos, assim, dirigir-nos às obras dos homens desta Faixa.

CAPÍTULOS 46 a 52

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE

O SEXTO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS DO SOL.

1 - Extração e utilização do minério. Arquitetura e casas de habitação na Sexta Faixa Secundária.

Nos montes solares desta Faixa, encontra-se um metal cujo aspecto é de uma liga de ouro e ferro duríssima e, apesar disso, muito maleável, portanto largamente utilizada nas indústrias metalúrgicas, sobretudo na fabricação das pesa­das ferramentas necessárias à construção dos gigantescos edifícios.

Cada "casa", ou melhor, cada conjunto de "Casas de habitação" ocupa um quadrado de setenta milhas (cerca de quinhentos quilômetros) de cada lado; é, portanto, maior do que a maior cidade terrestre. Estas casas são muito distantes uma da outra. Nos seus imensos sete a dez andares, moram de cinco a dez milhões de pessoas, cada família dispondo de um grande quarto simples, mas de bom gosto em seu interior, com entradas próprias, interna e externa.

Não se trata, porém, de uma casa compacta, mas, em verdade, de sete ou dez casas, correndo a do primei­ro andar ao redor de toda a área, no lado mais externo, e tendo altura de trinta toesas e largura de cinquenta toesas. Depois segue, ao redor de toda a área, um espaço livre de cinquenta toesas que encosta na "casa" de dois andares, novamente ao redor de toda a área, e com a mesma altura (por andar) e largura como no primeiro andar.

Após um novo espaço livre de cinquenta toesas ao redor de toda a área, segue-se a "casa" de três andares, que, assim, já atinge altura de noventa toesas. Na mesma sequência e proporção de espaços livres e casas cada vez mais altas de um andar, chega-se a "casa" de sete andares e, em alguns casos, até de dez andares. A partir do sétimo andar, as casas têm largura de cem toesas, devido a uma galeria de colunas de suporte. - Nem podeis imaginar o esplendor de uma destas "casas de habitação". Quanto às construções de estradas, pontes e templos, são ainda mais grandiosas.

2 - A grande Estrada Circular na Sexta Faixa Secundária

Os habitantes desta Faixa construíram uma gigantesca estrada anular de duzentas mil milhas alemãs ao redor de toda a Sexta Faixa do Sol, tanto na Faixa norte como sul - obra humanamente quase inconcebível, dado os muitíssimos profundos vales, os grandes rios, as cataratas, os lagos e até as sinuosidades do mar que era preciso vencer, sobretudo quando se toma em conta que esta estrada tem, por toda parte, largura de duas mil toesas.

Mas é só observar um grande formigueiro, um favo de abelhas ou uma teia de aranha para se convencer de que estas pequenas criaturas conseguem efetuar obras que não têm nenhuma proporção com o seu tamanho corporal. O mesmo vale dos habitantes de Urano. - Por exemplo, pontes sobre extensos vales profundos exigem construções em vários an­dares, onde milhões de mãos devem colaborar.

E, para cruzar rios, lagos e golfos do mar, recorre-se à construção de gigantescas balsas, se necessário repetidas para serem superpostas, a fim de suportar o material da estrada. Em caso de necessidade, a saída é a construção de uma ponte de navios. Esta estrada anular já é mais antiga do que há homens na Terra; tem uma idade de sessenta mil anos, mas está ainda em pleno funcionamento, exigindo apenas ocasionais consertos.

3 - Um templo na Sexta Faixa Secundária. - Os baluartes do templo

Existe, nesta Faixa, um templo excepcional para a veneração de Deus, que nem caberia na vossa Hungria. E vossos montes mais altos seriam apenas um enfeite no seu exterior. Trata-se de um conjunto de edifícios parecido com uma cidade gigantesca. É circundado por um muro anular com altura maior que cem toesas, dentro do qual se encon­tram a certa distância várias torres que se assemelham à ideia que se tem da Torre de Babel e que são o sepulcro de milhares de pessoas.

Mas, pelo interior do conjunto, encontra-se um gran­de edifício circular de altura de mil toesas, constando de muitos arcos pelos quais passa a "Estrada da Honra Divi­na", que serve para as procissões do povo. - Perto de lá, há uma coroa de altíssimas torres, semelhantes a gigantescos obeliscos, que servem para a contemplação da força da Sabedoria Divina.

Passando por uma larga fossa, chega-se ao átrio do próprio templo e, após um vasto portal em forma de arco, ao templo mesmo, que é o verdadeiro edifício escolar, onde os alunos são ensinados em várias matérias e classes. - No fundo dos corredores, podem-se observar vários fogos: é a escola dos ferreiros, onde os alunos aprendem a manufaturar vários objetos.

4 - O museu de arte do templo na Sexta Faixa Secundária

Depois de uma perfumada alameda e um largo fosso d'água, levanta-se um edifício mais colossal que o anterior, sendo, em princípio, um museu de arte. Serve para contem­plações espirituais, sobretudo no campo da mecânica. Mas lá são expostos apenas modelos, não as verdadeiras máqui­nas das mais diversas espécies: máquinas de elevação, de tração, de coesão, de empurrar, de impressão, catapultas e várias outras máquinas necessárias à construção de tais imensos edifícios.

Mais adiante, chega-se a um largo campo com árvores frutíferas e, entre elas, a pequenas construções de experiência no campo da edificação - É o lugar da escola de arquitetura; assim, há também muitas habitações pequenas, tanto para os alunos como para os mestres.

5 - A Universidade dos conhecimentos espirituais e o Templo principal interior na Sexta Faixa Secundária

A uma milha das árvores, encontra-se um edifício cons­tando de setenta degraus, cada um de altura de mil toesas. Ele serve para a formação dos conhecimentos espirituais superiores e também como habitação dos servidores do verdadeiro máximo santuário interno do templo.

Cada degrau está provido de um jardim que fornece todos os frutos, plantas e raízes comestíveis para os habi­tantes. A água é fornecida por viadutos de uma serra vizinha. Este edifício assemelha-se mais a um monte com altura de vinte milhas, ou ainda a uma gigantesca torre gótica.

Apesar de a Grande Estrada Anular poder ser considerada a mais gigantesca construção nesta Faixa, um templo como aquele agora descrito, onde vivem vários milhões de pessoas, representa, comparativa­mente e do ponto de vista artístico, o ponto culminante do gênio arquitetônico dos habitantes desta Faixa. Cada um dos cerca de dez desses Templos na Faixa possui uma área maior que o total da Europa, da Ásia e da África na Terra. Na mesma área, encontram-se também as cerca de dez mil imensas casas de habita­ção descritas anteriormente e localizadas somente em regiões pedregosas. O resto da faixa - com exceção das mais baixas regiões litorais - é utilizado para o cultivo das árvores e plantas frutíferas e, nos vales, das gigan­tescas árvores necessárias às construções.

Ao longo da Grande Estrada Anular existem ainda habitações menores, em cada uma das quais vivem não mais de uma centena de pessoas, incumbidas da manutenção e dos necessários consertos da estrada.

6 - Constituições domésticas, públicas e religiosas na Sexta Faixa Secundária

Apesar do extraordinário tamanho das casas, os regu­lamentos, tanto domésticos como públicos, são muito sim­ples: cada família cuida da boa ordem e limpeza de sua habitação e participa das despesas para eventuais consertos.

Além disso, os habitantes de cada andar devem sempre utilizar as áreas mais contíguas. Só há canalização de água a partir do sexto andar, quando então é permitido cultivar pequenas hortas nos terraços.

Os mais jovens devem sempre habitar nos andares mais altos das casas. Os progenitores, porém, utilizam sem­pre a parte mais interna da casa que é, ao mesmo tempo, a mais alta e mais vistosa.

Conforme a constituição doméstica-pública, todas as crianças do sexo masculino devem ser levadas ao templo a fim de serem ensinadas. O sexo feminino é educado em casa sobre a economia doméstica.

Quando os jovens voltam das escolas templárias, de­vem fazer exames diante dos patriarcas, a fim de serem declarados aptos para o matrimônio. Passando os exames, recebem habitação própria. Se forem reprovados, voltam à escola.

Os mestres de escola gozam de grande prestígio, poden­do até morar no jardim do templo. - Conforme um regula­mento particular, cada morador tem o direito de se dirigir a dois moradores vizinhos, se precisar de ajuda, que então deve lhe ser prestada.

Quanto à religião, ela deve ser considerada sob dois aspectos: o material e o espiritual. A parte material, ou melhor, ativa, consiste apenas em que tudo seja feito em honra a Deus. Isto obriga cada um a examinar se qualquer empreendimento previsto obedece a este critério. Em caso de dúvida, o patriarca da residência ou o sumo-sacerdote do templo deve ser consultado. Se a resposta for negativa, o requerente deve pagar uma multa em forma de prestar, por certo tempo, um serviço subordinado no templo.

Outra regra obriga cada habitante de uma casa a encon­trar-se no templo uma vez a cada sete, ou também dez "tempos de luz estelar", a fim de ouvir, nos diversos locais do templo, os ensinamentos sobre Deus pela boca do sumo-sacerdote. - Além disso, cada pessoa deve uma vez na sua vida subir a mais alta ponta do templo para agradecer a Deus por tudo que recebeu e formular seu respectivo pedido para o futuro.

Também a manutenção da Grande Estrada Anular, que é propriedade dos templos que se encontram no seu trajeto, se enquadra pela sua tripla finalidade na parte ativa da religião:

Primeiro: assegurar a comunicação e união entre todos os habitantes desta Faixa;

Segundo: todos os varões que querem se tornar sacer­dotes superiores devem ter viajado por toda a estrada, a fim de conhecerem todos os templos no seu percurso;

Terceiro: possibilitar a qualquer um fazer as mais rápidas e cômodas viagens para aumentar seus conhecimen­tos e aptidões.

Tudo isso é possível com ajuda de carros especiais que, graças a certa máquina, viajam com maior rapidez do que uma bala de canhão. E cada habitante das menores habitações ao longo da estrada deve ter em reserva vários destes carros para servir a eventuais viajantes até a próxi­ma estação.

7 - Outras informações sobre a religião dos habitantes da Sexta Faixa Secundária

O templo exige ainda que todas as estradas laterais devem desembocar na estrada principal. - Outra determina­ção proíbe a passagem sobre a alta circunvalação montanho­sa no limite da Faixa, cuja escarpa representa imediato perigo de vida. Do alto da circunvalação só se vê um mar imenso, mas nada da Quinta Faixa; então os habitantes pensam que acaba o mundo e começa o mar infinito.

Mais uma exigência da parte ativa da religião prescreve que todas as casas, ao longo da estrada anular, sejam sempre providas de alimentos para os hóspedes em viagem; o respec­tivo fornecimento deve ser garantido pelas grandes casas de habitação.

A parte espiritual da religião consiste em simples princípios fundamentais sobre Deus, que cada um deve co­nhecer e seguir na prática. Ei-los:

Deus é um SER ÚNICO, não havendo outro Ser igual a Ele. - Portanto, somente ELE é Potente sobre tudo, Santo sobre tudo, e pleno da máxima Honra. Sua atividade é a Liberdade de Sua Vontade. E Sua Sabedoria é a observân­cia de Sua própria Ordem Eterna. Ele é o Criador de todas as coisas. Tudo que faz, o faz pela Sua Vontade. Os ELE­MENTOS são os Seus Pensamentos, e a Sua Vontade os forma para seres. Ele não precisa de nenhuma matéria quando cria um mundo, pois a matéria são Seus Pensamen­tos, e a Sua Vontade é o arquiteto conforme a Ordem Eterna Nele.

Por enquanto não podemos reconhecer Deus senão pelas Suas Obras, que nos anunciam o Seu grande Poder e a Sua grande Honra. Por isso, não podemos imitar Deus senão imitando Sua natureza e produzindo, da matéria por Ele dada e em Sua Honra, obras conforme a liberdade do nosso conhecimento. É verdade que Deus não precisa das nossas obras, pois Ele cria num átimo coisas maiores do que nós com toda nossa força em muitos milênios. Contudo, construí­mos obras tão grandes e sublimes quanto podemos para mostrar-Lhe, por nossa atividade, que somos compenetra­dos, em todo nosso ser, pela Sua eterna, infinita Honra. Mesmo se realizamos algo muito grande sem receber nenhum elogio de Deus, isso, todavia, não deve nos deter de continuar fazendo coisas maiores. Pois, como poderiam nossas obras, por grandes que sejam, merecer um louvor divino, uma vez que todas elas. juntamente, nada representam aos Seus Olhos? - Mas ainda que Deus não considere as nossas obras, Ele considera, certamente, a nossa vontade e a nossa perseverança em Sua Honra. E assim, Ele nos abençoará, não por causa das nossas obras, mas por causa da cons­tância de nossa vontade.

Considerando, porém, que sabemos em que se baseia o beneplácito de Deus, nós também nos esforçamos a fim de nos tornarmos sempre dignos deste beneplácito. Mas a fim de agradar a Deus, cada um deve constantemente observar as seguintes virtudes principais em si:

Primeiro: Por Deus ser o Altíssimo, nós devemos ser os mais baixos.

Segundo: Por somente Deus ser Onipotente, devemos sempre confessar a nossa impotência diante Dele.

Terceiro: Por Deus ser pleno da máxima Honra, deve­mos sempre ser cheios da mais profunda humildade.

Quarto: Por Deus ser Santo sobre tudo, devemos sem­pre dobrar os nossos joelhos diante do Seu Nome.

Quinto: Por só Deus ser o Dono de todas as coisas, nunca devemos apropriar-nos delas, agradecendo-Lhe sem­pre por cada dádiva, nem que fosse uma única gota d'água.

Sexto: Por ser unicamente Deus a Força e o Poder, cada um deve saber que também a sua força vem de Deus, razão por que ninguém pode fazer algo sem Deus; mas a quem Deus empresta Sua Força, este pode tudo. Mas Deus não negará a ninguém a força implorada, quando se quer empregá-la somente para Sua Honra.

Sétimo: A máxima honra que podemos testemunhar a Deus consiste em que nos amemos e estimemos uns aos outros e, partindo deste amor e desta consideração, ousemos também amar a Ele Mesmo no Seu Santuário com toda a humildade do nosso coração.

Vede, nisso consiste toda a essência espiritual da reli­gião dos habitantes desta Faixa, mas não apenas em palavras, e sim com a máxima seriedade na ação. - Eis por que, para todos os habitantes desta Faixa, a máxima felicidade consiste em visitar o templo e poder honrar a Deus no próprio coração.

Tudo, o que foi exposto aqui vale tanto para a Faixa Setentrional como a Meridional.

53° CAPÍTULO

O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS

- CORRESPONDENTE AO PLANETA NETUNO (MIRON),

POR MUITO TEMPO DESCONHECIDO.

1 - Esta Sétima Faixa que vamos visitar agora corresponde a um planeta ainda desconhecido de vós. Para que possais ter um conceito perfeito desta Faixa, será necessário fazer uma breve visita também ao planeta, - pois, em primeiro lugar, sem o conhecimento do planeta, a Faixa Solar ficaria sem correspondência, e, em segundo lugar, ela não poderia ser observada e reconhecida tão a fundo, se antes seu planeta correspondente não fosse um tanto observado e reconhecido.

2 - Assim, vamos nos dirigir logo a este planeta. - Mas, para termos um ponto de referência a fim de enquadrá-lo com os outros planetas, será necessário dar-lhe primeiro um nome. Mas pergunta-se, como deveria ele ser chamado, visto que não tem ainda nome da vossa parte? - Poderíeis dizer que isto é indiferente; importante é apenas que tenha um nome qualquer para imaginar-se sempre a mesma coisa com ele.

3 - No fundo, teríeis razão. Mas, admitindo ser o nome de uma coisa não tão indiferente como alguém poderia pensar, será também aqui importante dar a este planeta não um nome honorário, mas verdadeiro. - mas onde achá-lo? Certamente não na Terra, que ainda não sabe nada dele. - Ou talvez na Faixa Solar correspondente? - Mas essa nos é ainda desco­nhecida. O melhor é dar a este planeta o nome que seus habitantes lhe dão. - Certamente objetaríeis aqui não conhe­cê-los. - Mas Eu digo: Ainda que não os conheçais, Eu os conheço e sei muito bem conto eles chamam o seu planeta. - Como é, pois, que este planeta se chama? - Seu nome é MIRON, o que significa: "Mundos dos milagres".

4 - Vede, deste justo nome já provém o primeiro conceito que diz, de certo modo, com uma palavra, o que se passa com este planeta. O seguinte o justificará ainda mais. - E assim, já podemos meter-nos nos primeiros elementos do planeta Miron.

5 - Qual é sua distância do Sol? - Algo mais de mil milhões de milhas no maior afélio (distância do Sol). - E quão grande é ele? Este planeta deveria estar com sua grandeza no meio entre Urano e Saturno, isto é, ser mil vezes e meia maior do que vossa Terra. - Mas, quanto à sua atmosfera, ela é maior do que a atmosfera do planeta Júpiter e tem diâmetro de quase cem mil de vossas milhas.

6 - Com que velocidade orbita ele o Sol? - Tendo um movimento muito lento, este planeta precisa de quase quinhentos anos para completar uma órbita ao redor do Sol.

7 - À vossa pergunta informo que este planeta tem dez14 luas que giram ao seu redor em diferentes distâncias, iluminando-o de noite bastante bem devido às suas várias posiçõ­es. Estas luas são bastante distantes do planeta, a mais próxima umas sessenta mil milhas, e a mais afastada mais de um milhão de milhas.

Segundo a duração da órbita desta última lua, que é de quase treze meses terrestres, contam-se lá também os anos. Os anos solares lá não são contados; primeiro, porque não produ­zem neste planeta diferenças sensíveis; segundo, porque os anos solares teriam duração longa demais; e, terceiro, porque seria difícil contá-los, devido à duração de vida dos homens aí não ser suficientemente longa, sendo que um só ano solar abrange no mínimo de cinco a seis gerações humanas.

8 - Também neste planeta somente as regiões equatoriais são habitadas, pois suas regiões polares são tão cobertas de neve e gelo perpétuos que as tornam inabitáveis.

14 - Em realidade só três, ao redor dos quais giram ainda sete luas Secundárias.

9 - Se vós vos encontrásseis neste planeta, mal avistaríeis o Sol no tamanho de um pequeno taler.15 Contudo, os habitantes deste planeta o veem no mesmo tamanho de vós na Terra. A razão deste fenômeno encontra-se na formação maior do olho, pela qual a pupila aparece mais achatada, podendo assim captar maior faixa de raios do que o vosso olho. A segunda razão deve-se ao fato de que a sua região atmosférica eleva-se extre­mamente alto sobre o solo planetário, o que também faz a extrema zona fronteiriça captar ainda uma significativa quanti­dade de raios solares que, conforme a lei da refração dos raios, que conheceis, caem sobre a superfície do planeta de maneira cada vez mais concentrada, causando ali, sobretudo nas regiões equatoriais, temperatura bastante agradável.

10 - Como este planeta se acha, no mínimo, mil milhões de milhas, mais perto de outro sol do que a vossa Terra - encontrando-se aquele sol, é verdade, a uma distância de sete bilhões e novecentas mil milhas - e como também a atmosfera do planeta é de tanta importância como já frisamos, acontece que o planeta recebe também luz e algum calor daquele outro sol. Contudo, a diferença entre o calor do próprio Sol e do sol estranho é comparável à do pleno inverno e do alto verão.

11 - Desta maneira, o planeta utiliza também os raios de outros sóis, o que impede que, nas regiões polares, o gelo aumente desmesuradamente; pois o gelo se estende então somente a determinada altura das montanhas, como tal é também o caso na vossa Terra. Mas, acima daquela região onde começam os raios de todos os lados a se reencontrarem, a temperatura do ar se ameniza de novo até o ponto em que nem a neve nem o gelo podem mais se formar. Como disse, podeis observar o mesmo fenômeno também na vossa Terra. Pois, se ali um pico qualquer de montanha excede a altura de dezesseis mil pés, ultrapassa também a região glacial. Por esta razão, avistareis os pontos mais altos do Chimborasso, na América, bem como do Himalaia na Ásia, e ainda um número de vários outros picos de montanha, sem neve e gelo. - No que diz respeito às condições polares desse planeta, são iguais às reinantes em vossa Terra.

12 - A própria terra habitável assemelha-se a uma cintura e é cercada, no sul e no norte, de cordilheiras quase intranspo­níveis, através das quais ninguém pode facilmente alcançar as regiões marítimas, onde reina constantemente um frio como na parte setentrional da vossa Sibéria. O mar é inces­santemente carregado pelo gelo flutuante, o que o torna perigoso para a navegação.

13 - Dado que esta Faixa, de uma largura de mais de mil milhas, forma assim um vale fechado, acidentado por apenas poucas serranias pequenas, e dado ainda que este planeta gira ao redor do seu eixo dentro de dez horas, o que reduz a duração de uma noite para apenas cinco horas, - segue-se que esta Faixa é tão bem temperada como junto a vós um verão agradável. Mas esta temperatura só é sujeita a alguma alteração pelos ventos e as frequentes lunações. Evidentemente conclui-se disso que a habitabilidade deste planeta, apesar de sua grande distância do Sol, não é das mais desagradáveis e se presta muito bem à produção e manuten­ção da necessária flora e fauna.

15 - Antiga moeda alemã de prata.

14 - Conhecemos assim os mais importantes elementos des­te planeta. - É provável que alguns astrônomos objetem: Se existisse ainda mais um planeta em nosso sistema solar, com certeza o teríamos descoberto há muito tempo, já que desco­brimos até cometas muito menores, embora invisíveis a olho nu. - Mas Eu explico: O movimento tão lento deste planeta é a razão por que ele não pôde ser detectado pelos instrumen­tos astronômicos, devido à grande distância e, mais ainda, ao espaço de tempo breve demais para a observação. Por isso, esta estrela continua sendo observada como estrela fixa - naturalmente de grandeza insignificante - não podendo, as­sim, ser reconhecida como planeta. O mesmo caso aconteceu também com o planeta Urano, de multo menor distância, que, durante vários milênios, foi considerado como estrela fixa mal vista devido aos fracos instrumentos de outrora. Aos cientistas deveria, pois, ser compreensível que. apesar de suas agudas observações, pode haver mais um planeta que não puderam ainda reconhecer e precisar por causa da insuficiência de seus instrumentos. 16

15 - Terminada esta exposição, podemos justamente passar à constituição deste planeta. Com o termo "constituição" não pretendemos nos referir à análise do próprio planeta, mas apenas ao seu solo habitável, à sua natureza, à sua vegetação e, em seguida, aos seus habitantes.

16 - Jakob Lorber recebeu a comunicação profética deste escrito em 24.10.1842. Somente em 23.09.1846, isto é, quatro anos mais tarde, por solicitação do astrônomo parisiense Leverrier, este planeta foi procurado com um instrumento particularmente forte do observatório astronômico de Berlim por GALLE, que o descobriu na mesma noite, chamando-o NETUNO. Não pode haver maior prova de veracidade pelo caráter divino de uma revelação.

CAPÍTULOS 54 a 65

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS CORRESPONDENTE AO PLANETA "MIRON" (NETUNO).

Primeira Parte: SOBRE O PLANETA MIRON (NETUNO).

1 - Vegetação maravilhosa no planeta MIRON (NETUNO} - mutabilidade das formas de vida

O terreno deste planeta é mais plano do que montanho­so, com muitos riachos e rios, mas poucos lagos. É bastante vulcânico, com frequentes fontes em ebulição, o que ajuda a aumentar a temperatura da Faixa. Tanto o fogo dos vulcões como a própria luz solar são de uma quentura branco-esverdeada, igual ao ar atmosférico. Mas as folhas das árvores e das plantas, em geral, assim como o capim, são de cor azul.

A flora deste planeta é extraordinariamente maravilho­sa. Assim, determinada árvore frutífera, ao alcançar a idade de cerca de trinta anos, passa por total transformação: ou desaparece e, em seu lugar, há de repente um mundo de novos insetos; ou ela perde todos os ramos e, em seu lugar, crescem outros ramos que dão fruto totalmente diferente.

No caso de a árvore virar insetos, após a morte deles cresce do seu mofo nova espécie de plantas, sem nenhuma afinidade com a planta original. Também os anfíbios, todos os insetos e pássaros são sujeitos a esta lei de transmutação.

Acontece, por exemplo, que um pássaro, uma borboleta ou outro inseto voador põe seus ovos, dos quais nasce nova espécie de plantas ou vice-versa. É, pois, com toda razão que este planeta se chame "MIRON" (Mundo dos milagres). Os próximos capítulos reforçam esta característica.

2 - A "Árvore da fidelidade" ou "Árvore eterna"; a "Cana viva" e a "Árvore voadora de pão".

Entre as muitas espécies de árvores, destaca-se aqui a chamada "Árvore eterna", a qual, como única deste planeta, nunca muda de forma e constituição, razão por que é consi­derada símbolo de fidelidade. O crescimento desta árvore do solo é comparável ao crescimento de corais do fundo do mar. Mas não é de madeira, e sim de uma substância mineral semelhante às conchas; atinge altura de 300 a 400 toesas. Os seus ramos terminam em canudinhos que soltam gotas aglutinantes como sobras da própria substância e que se transformam em alimento saboroso.

A "Cana viva" atinge altura de até cem toesas e tem o aspecto como se fossem encaixados muitos funis. Também soltam uma seiva aglutinante que atrai os insetos, que após o consumo morrem e se transformam em troncos vegetativos que produzem frutos em parte comestíveis. É, pois, um vegetal notável cuja expressão passa do reino da flora para o da fauna, voltando de novo ao da flora.

Uma das árvores mais estranhas é o chamado "Pão voador". Nas regiões pantanosas, cresce uma espécie de árvore semelhante a fungos de corais. Atinge altura de até cinquenta toesas. Com a idade de cerca de dez anos, fecham-se seus canais de sucção (que têm o papel de raízes), o que faz murchar a seiva nas células e canudinhos, pelo que se forma um ar que, devido à tenacidade elástica dos canudi­nhos, não pode escapar. Este ar é muito mais fino e leve do que o ar atmosférico do planeta, o que arranca a árvore do solo e a faz levantar-se qual um balão aerostático, mantendo-se no ar por vários dias. Escapando o ar rarefeito no curso de vários dias, a árvore volta ao solo onde os habitantes já a esperam para comê-la, pois é para eles um pão muito apre­ciado. Daí a denominação da árvore como "Pão voador".

3 - Florestas relampejantes. - A "Árvore vesicante"

Nas montanhas perto de importantes fontes minerais ou de vulcões surgem, em breve tempo, florestas inteiras de arvores relampejantes, com duração máxima de três anos,

durante os quais ninguém pode passar na região sem perigo de vida; nas vizinhanças, o incessante estalo impede qualquer comunicação. Não se trata de árvores naturais, mas de uma manifestação eletroplástica oriunda de excessiva saturação do ar com partículas elétricas e mineral-atômicas. O fenômeno aparece e desaparece devido a uma moderada corrente de ar.

Quando as árvores de tal floresta começam a perder sua eletricidade, os habitantes começam a derrubá-las e pô-las em cestas, utilizando-as como ótimo adubo para seus campos. Na Terra não há nada semelhante.

Outra raridade no Miron é a "Árvore vesicante", que cresce nas margens dos lagos. Trata-se de um tronco de trinta toesas de altura e três toesas de diâmetro, com muitos ramos retos que terminam numa espécie de funil do qual passam tubinhos percorrendo a árvore toda. Nos orifícios dos ramos, exsuda uma espécie de seiva aglutinante que, pelo ar do tubinho, é soprado até formar um balão de várias toesas de diâmetro, que é utilizado pelos habitantes como lindos sacos ou bolsas extremamente duráveis.

A árvore mesma é usada como combustível, por ser muito resinosa e exalar ura perfume agradável na combustão, sendo a chama também de grande beleza verde-clara.

São estas as mais raras plantas do planeta, que não se encontram noutro lugar.

4 - A Fauna no planeta MIRON. - "O grande Vapor" - "O Trovão" - e "O Ventilador"

Um quadrúpede, conhecido sob o nome de "O grande Vapor", é um dos mais raros animais deste planeta. Com altura de trinta toesas e circunferência do ventre de trinta e seis toesas, tem os pés de um elefante, terminando em garras de urso. Tem cauda semelhante à do leão e cabeça semelhante à do rinoceronte. Em vez do corno, no nariz possui um funil de várias toesas de circunferência, e, na fronte, duas trombas que se podem estender até trinta toesas. Com estas trombas, ele recolhe raízes e diversos frutos, e, colocando-os no funil, rega-os com vapor quente através de suas narinas até os frutos se tornarem cozidos. Neste processo forma-se forte vapor, razão por que este animal ganhou o sobrenome de "O grande vapor".

Outro animal notável é o chamado "Trovão". É um terço menor do que o precedente, tendo um ventre particularmente grande, podendo aumentá-lo de dez para quarenta toesas. Tem certa semelhança com o canguru, nutrindo-se de ervas e tam­bém de frutos de árvores.

Quando perseguido por inimigos, ele dilata o seu ventre, entra na água, afasta-se umas dez a vinte toesas da margem, e começa a tamborilar com suas patas dianteiras sobre o ventre fortemente tenso, o que provoca tal barulho a pôr em fuga seus inimigos. Eis a razão por que o animal é chamado "O Trovão".

Um terceiro esquisito animal tem o nome de "o Ventila­dor". Sua figura é tão ridícula que não há semelhança em toda vossa Terra. É dez vezes maior do que um cavalo e sua cor é de um vermelho sujo. Tem certa semelhança com um babuíno, menos os pés e a cauda. Sobre o corpo volumoso eleva-se um delgado pescoço de cisne com a cabeça semelhante a um mulo. Quando este animal é provocado por causa de sua figura ridícula, ele empavona-se, enrola sua língua em forma de um tubo e sopra com tanta força a derrubar um homem desprevenido. Prefere ainda soprar pequenos objetos ao seu alcance contra seus inimigos. Os habitantes gostam do cenário, mor­mente pela posição extremamente ridícula que o animal adota no ato. Eis por que o animal se chama "o Ventilador".

5 - A Cabra de Miron. - O "calcador do solo".

Um animal doméstico muito útil em Miron é a cabra comum, que é dez vezes maior do que uma grande vaca terrestre. Seu corpo volumoso atinge circunferência de até doze toesas, contrastando com magras pernas de pau. A longa cauda trombuda termina num moderado penacho. O estra­nho deste animal consiste em que procura seu alimento nos três reinos elementares: na água, na terra e no ar. Esta cabra pode nadar em águas, consumindo as ervas aquáticas que aí encontrar. Pode também levantar-se livremente no ar, comen­do as folhas e outros objetos que o vento traz. Para defender-se contra animais inimigos, levanta-se no ar e golpeia de cima, com seus cornos, os inimigos abaixo dela. São muito amigos dos homens que os sustentam em manadas.

São de cor vermelho-esverdeada, com cabelos azul-escuros; o pescoço, a cauda e os três cornos são de um branco ofuscante.

Outro animal doméstico bastante esquisito é o chama­do "Calcador do solo". Tem a figura dum elefante, menos a tromba e os pés. Estes se assemelham a quatro cones, largos embaixo, e metidos com as pontas no corpo. Seu nome de "calcador de solo" já indica sua utilidade, pois onde se detém, calca o solo até formar uma superfície lisa. É usado, pois, pelos habitantes para preparar os fundamentos das casas. No lugar escolhido, os habitantes fazem apenas um sulco. O animal, levado aí, começa a cavar com suas longas presas o terreno, o aplaina desta maneira e o calca, em seguida, até assumir uma firmeza total. - O animal se nutre de ervas e raízes, e não tem inimigos. Sua cor é de verde-pálido.

6 - A Vaca de Miron

A Vaca de Miron corresponde à vaca terrestre, mas a supera muito em utilidades diversas. Mede vinte toesas de comprimento e dez toesas de altura. O seu ventre é desproporcionalmente grande, mas os pés são magros e fracos. Possui longa, espessa cauda, coberta de rica crina semelhan­te a dos cavalos terrestres. O dorso do animal lembra um camelo. Na região dos dois ombros, elevam-se dois cones achatados ovalmente, o que dá ao animal em movimento aspecto rude. A cabeça relativamente grande acima do estrei­to pescoço assemelha-se a uma mula. Da cabeça ergue-se um só corno em posição ereta.

A pelagem do corpo é da mais linda, fina e rica lã de cor branca. A primeira particularidade deste animal consiste em que se pode comunicar com os habitantes do planeta por algo semelhante a uma língua. É com sinais que dá com as patas dianteiras, com a mímica da cabeça, da língua e dos olhos. Trata-se de uma qualidade inata, não aprendida pela convi­vência com os homens. Eles são verdadeiros profetas de fenômenos meteorológicos, como grandes tempestades, obscurecimentos do ar, terremotos, o surgimento de árvores relampejantes, etc... Por esta faculdade eles são muito esti­mados e até idolatrados.

A segunda particularidade é a maneira de defender-se contra seus numerosos inimigos. Sente onde um inimigo está à espreita. Estica a língua espinhosa para fora, acumulando assim uma ingente quantidade de eletricidade positiva que descarrega contra o inimigo, fazendo com que se retire.

Outra característica consiste em que os habitantes não precisam ordenhar as vacas para obter o leite. Colocam apenas um recipiente no local, e o animal se posta sobre ele, deixando correr o leite das mamas até o esvaziamento.

Mais uma notável qualidade das vacas é que, na ocasião de grandes tempestades, elas funcionam como para-raios naturais. Quando se aproxima uma nuvem carregada de eletricidade, estes animais se juntam em maior número, num ponto mais elevado, esticam suas línguas para fora contra a nuvem, privando-a de toda sua eletricidade.

Seja mencionado ainda que as vacas provêm os habitan­tes com sua rica lã para confeccionar suas vestimentas.

7 - A grande riqueza da fauna no Miron. Os animais bípedes.

No Miron existem tanto os animais da Terra como os dos outros planetas, se bem que em variedades de tamanho, de forma e de cor. Em suma, vivem aí mais de cem mil espécies dos quadrúpedes de formas estáveis, além do exército dos animais sujeitos à mudança de forma; e mais o numeroso reino dos bípedes. Há, pois, uma convivência enorme de seres ani­mais, sem que eles interfiram na esfera dos homens.

Quanto aos bípedes, não pertencem eles aos pássaros ou macacos, mas eles representam a repetição de todos os animais quadrúpedes, movimentando-se apenas em dois pés em vez de quatro. Eles são cinco vezes menores do que os quadrúpedes, mas com patas mais fortes do que aqueles. Distinguem-se das pernas humanas pelo fato de seus joelhos dobrarem para trás, ao passo que os dos homens dobram para frente. - Seu organismo está equipado para se movimen­tar tanto na terra como no ar. Constituem, pois, de certa maneira, uma forma de transição para o homem, e, ao mesmo tempo, um fator purificador do ar. Pois, à tarde, a atmosfera do planeta é muitas vezes saturada de seres meteóricos e metamorfoseados da fauna e flora, provocando o mesmo efeito que um eclipse solar. Na iminência de tal fenômeno, os animais bípedes levantam-se aos milhões para dentro da nuvem ameaçadora, devorando, dentro do espaço de poucas horas, o conteúdo de uma nuvem de cem milhas cúbicas, tornando-se, assim, os maiores benfeitores do povo daquela região, para o qual nunca causam qualquer moléstia.

8 - Os homens de Miron. - Casas de habitação e aldeias.

Os homens deste planeta são menores do que os habi­tantes do planeta Saturno, mas maiores do que os de Urano. Os maiores podem atingir quarenta toesas, os menores ape­nas vinte toesas.

O homem, medindo cerca de trinta toesas, tem aspecto sério, mas não desagradável. Usa longos cabelos encaracolados de cor verde escuro, sendo o verde-claro predominante também na barba e na cor dos olhos e das unhas. A voz do homem é sonora, mas muito grave que a uma distância de duas a três milhas percebe-se qual trovão.

A mulher, muito atraente para os homens, tem voz mais melodiosa. Ela é, geralmente, de grande beleza. Doçura e meiguice, formas arredondadas e suaves são suas caracterís­ticas. Seus cabelos, de tom preto-verde, cintilam como penas de pavão. Seu rosto é de perfeito equilíbrio.

As moradias dos habitantes deste planeta são seme­lhantes às da Terra e são construídas de pedras talhadas. - Cada casa tem três quartos, um para o sexo masculino, um para o sexo feminino, e o do meio para a convivência. Mas, em cada quarto, cabem facilmente cem pessoas.

Além das moradias, há casas para os animais domés­ticos e para vários fins econômicos. Ainda há casas de um só quarto para crianças. Os habitantes moram, geralmente, em aldeias.

9 - Regulamento de propriedade em Miron. - Propriedade coletiva e particular.

Cada aldeia possui uma propriedade rural comunitária suficientemente grande para fornecer a toda a comunidade frutos de toda espécie. E cada um dirá: "Isso é nossa propriedade!"

Uma propriedade particular existe apenas para certas áreas que um habitante cultivou pela própria mão para produzir pequenos frutos. Estas áreas são marcadas até o tempo da colheita; depois voltam a ser propriedade coletiva.

Os frutos grandes, produzidos pelas árvores não sujeitas à metamorfose, são um bem comum de toda a aldeia.

Quanto ao "Pão voador", quem o apanha é o proprietário principal, que o distribui amigavelmente a outras casas.

Os animais domésticos são propriedade coletiva; para seus produtos, como leite e lã, vale o direito do "primeiro ocupante", isto é, do que primeiro toma posse. Produtos minerais, como também de caçadas, são considerados pro­priedade de todos os aldeões.

Produtos de arte doméstica, porém, como instrumen­tos musicais, pertencem à respectiva casa e só podem ser adquiridos por outros por troca ou amizade.

Os vários profissionais, como tecedores, alfaiates e sapateiros, trabalham sem serem remunerados por cada serviço; a comunidade da aldeia garante seu sustento.

Basicamente, não possuem prefeito, mas, em caso de necessidade, sacerdotes e professores são consultados, e seu parecer é por todos aceito.

Mas não possuem imperadores e reis? Absolutamen­te! Cada aldeia é, no seu conjunto, seu próprio senhor. Por esta razão, tanto impostos como guerras são desco­nhecidos!

10 - Regulamentos domésticos; boas regras de sociedade. - Música e instrumentos musicais no Miron.

Sob regulamentos domésticos entende-se o conjunto de regras de convivência social, como relações amigáveis e ações recíprocas na vida prática dentro da comunidade familiar.

A primeira regra é, pois: respeito por respeito, amor por amor e amizade por amizade!

A segunda regra é: olho por olho, mão por mão e coração por coração!

A terceira é: passo por passo, orelha por orelha e caminho por caminho!

Tudo, na casa, se conforma com estas regras.

Os pais são os chefes da família; o pai para a parte masculina; e a mãe para a feminina. E, como pai e mãe formam um só corpo, o que o pai quer, quer também a mãe. A primeira regra "Respeito por respeito!" é a base da convi­vência - o pai respeita a mãe, e vice-versa: as crianças respeitam os pais, e vice-versa; os irmãos respeitam as irmãs, e vice-versa, e assim por diante. A base do respeito recíproco é fundada no amor mútuo, o que já significa o cumprimento das demais regras.

"Olho por olho" só pode significar: ver e viver de um só coração, ajudar-se mutuamente com as mãos, ouvir um ao outro, tomar o mesmo caminho que o outro.

Por esta razão, eles amam a música que mais cor­responde ao seu caráter, sendo ela também a ocupação principal em cada casa. - Mas seus instrumentos musi­cais não têm nenhuma semelhança com os vossos - os instrumentos de sopro e de corda sendo lá desconheci­dos. Em seu lugar, encontramos aí três instrumentos bem diversos:

a) O instrumento a campainhas:

Várias campainhas em forma de hemisférios são fixa­das num fuso; afinadas cromaticamente, as campainhas são batidas ou com um martelo macio, ou tocadas pelos dedos. Quem os toca são os homens para acompanhar o canto das mulheres.

b) O instrumento a discos de vidro:

Estes discos são também fixados num fuso, e o som é provocado pelos dedos resinados, sendo o som muito pene­trante, o que permite reforçar a harmonia do instrumento a campainhas.

c) O instrumento a esfera:

O mais primoroso instrumento, usado também para exibição "solo", é o instrumento a esfera. Devido ao seu complicado mecanismo, será descrito separadamente.

11- Instrumento a esfera. - A música e sua escrita. - Ótica, mecânica e arte de escrever em Miron.

Este instrumento de construção complicada é tocado de maneira semelhante aos órgãos terrestres, mediante um teclado, mas de feição diferente. A escala básica consiste somente de sons integrais, entre os quais há semitons. O teclado consiste em duas filas de hemisférios, adaptadas à forma dos dedos dos habitantes.

O som produzido é semelhante ao som da flauta, mas muito mais poderoso e ajustável do fortíssimo ao pianíssimo.

Este instrumento não falta em nenhuma casa, e muitos habitantes são verdadeiros artistas que gravam suas compo­sições em tábuas de metal ou de pedra, às vezes também em finas tábuas de madeira.

As notas são muito mais simples do que na Terra, pois os seis sons integrais são designados por grandes zeros da mesma cor do respectivo som básico. Por sinais abaixo das notas indica-se a duração e o ritmo dos sons.

Todas as composições ficam dentro de três oitavas, o que dispensa mais do que uma chave.

Uma orquestra completa consiste, além dos cantores, só de três pessoas e mais um que tange os foles para o instrumento a esfera. O efeito acústico é favorecido pelo ar carregado e elástico do planeta, e a música e sons dos cantores podem ser plenamente ouvidos a uma distância de três horas. Suas composições são raramente em "tom maior", mas predominantemente em "tom menor".

Também na ótica os habitantes são tão eficientes como na acústica, o mesmo valendo para a aritmética, a astronomia e a mecânica, sobretudo os cronômetros que superam os terrestres em precisão.

Também usam sinais gráficos, pelos quais podem escrever palavras sobre o mesmo material usado para o registro do som.

12 - Religião interior, aberta para obras externas no Miron. Procriação e sepultura. - Astronomia como meio do conheci­mento de Deus.

Neste planeta não existe um chamado "serviço divino" cerimonial; toda sua religião consiste no reconhecimento interno de um Deus. Tampouco há orações, pois o que agrada a Deus é viver conforme a destinação da nossa existência. Viver e agir em conformidade é, pois, o verdadeiro "serviço divino".

Não há "dias festivos", sendo que cada dia deve ter este caráter. Sendo Deus sempre "Santo", não é com orações ocasionais que O veneramos, mas toda nossa vida deve ser a expressão da honra que Lhe tributamos.

Eis o "Serviço Divino" em Miron, que todos os habitan­tes, com raríssimas exceções, cumprem vivendo, sendo que os raros faltosos são ajudados por seus irmãos e irmãs a voltar ao caminho justo.

Como atos cerimoniais em Miron, podem ser conside­radas a procriação e a morte. A procriação também é por cópula de maneira edificante; efetua-se sempre de manhã, mas nunca em casa e sim num templo no alto de um monte vizinho..

Também os corpos dos mortos são levados a outro monte alto e colocados na terra com os rostos virados para o alto e cobertos com erva ceifada; a decomposição é rápida; após três dias não há mais nenhum vestígio do corpo.

As formas principais de veneração divina consistem na música (já mencionada antes) e na astronomia, pela qual os habitantes aprendem a admirar Minha Onipotência, Grande­za e a perfeita Ordem.

Na astronomia eles prestam especial atenção às Luas que circundam Miron, já que - devido à grande distância do Sol - não veem outros corpos celestes móveis, com exceção de ocasionais cometas.

O que preocupa mais o seu espírito na sua astrono­mia lunar é o fato de que o seu planeta tem apenas três luas, mas, de outro lado, também dez luas. Como se explica isso?

A primeira lua principal de Miron possui ainda duas luas secundárias que a orbitam e que, juntamente com a primeira lua, orbitam o Miron.

A segunda lua, que é mais alta, tem também duas luas secundárias; e a terceira lua, a mais alta, tem até três luas secundárias, totalizando assim três luas principais, mais sete luas secundárias, o que dá dez luas no total.

Com esta explicação, o enigma de "três luas" ou "dez luas", encontra-se plenamente solucionado.

66° CAPÍTULO

O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS E SEUS GIGANTESCOS HABITANTES.

1 - A sétima e última Faixa habitável do Sol não é separada da Sexta Faixa por um alto baluarte montanhoso, mas, em compensação, por uma tanto mais larga cintura aquática.

2 - Quanto aos montes, são eles aqui quase sempre de natureza vulcânica. - O tamanho de suas crateras já vos foi comunicado.

3 - Depois da larga cintura d'água, segue-se uma terra firme habitável, não muito montanhosa. Esta zona é, ao mesmo tempo, a mais firme de todo o Sol, tanto no sul como no norte, e tem até o maciço polar de montanhas, sem calcular a extensão do mar, uma largura de seis mil milhas.

4 - As regiões polares do Sol, ou melhor, seus polos, são, por todos os tempos, inabitáveis, semelhantes aos polos dos planetas. Por isso, elas são separadas desta última Faixa habitável por uma altíssima cadeia de montanhas, sumamen­te escarpada, de pedras brancas. Os montes são tão altos que não raramente ultrapassam com seus picos a luminosa at­mosfera solar, em média com altura de cerca de seiscentas milhas acima do próprio solo solar. Mas esta cifra não deve ser considerada como norma, pois do mesmo modo como existem, no vosso corpo telúrico, grandes diferenças entre as alturas atmosféricas sobre a Terra, tais variantes encontram-se ainda mais no Sol, que, na sua essência, é muito mais vivo do que qualquer planeta.

5 - Estando diante desta Faixa, não observaremos por muito tempo a terra morta, mas nos dirigiremos logo a seus habitantes.

6 - No que diz respeito aos habitantes desta Faixa, eles se distinguem de seus irmãos correspondentes do planeta Miron em quase mais nada do que no seu tamanho que é, para vossos conceitos, realmente fabuloso. Pois os homens desta Faixa são tão grandes que, na vossa Terra, poderiam facil­mente usar vossos picos do Himalaia ou Chimborasso como bengalas. Mas não deveis pensar que aqui todos os homens sejam igualmente grandes. Pois, em quase nenhuma Faixa e em nenhum planeta existem tantas variantes de estatura como aqui. - Contudo, homens com altura de duzentas a trezentas toesas são considerados pelos verdadeiros habitan­tes desta Faixa como minúsculos anões. Pois o próprio tamanho de um homem perfeito desta Faixa não raramente é, da planta do pé até o alto da cabeça, de altura de quatro, cinco e até seis mil toesas. Mas tais gigantes, também nesta Faixa, não são homens normais, cuja altura varia entre oitocentos e mil e duzentas toesas.

7 - Na maioria dos casos, estes gigantes vivem perto da cintura polar de montanhas, onde encontram também nutrimento suficiente. Mas mais para junto dos mares desta Faixa, os homens tornam-se sempre menores. E, nas numerosas ilhas de importantes extensões moram os chamados anões, mas que ainda são maiores do que todos os habitantes das outras Faixas do Sol. Vossa fantasia não deve, pois, imaginar estas ilhas como se fossem muito pequenas.

8 - Se tomais como a medida da menor delas o total da Ásia e da Europa, não estareis enganados. Na maioria dos casos, estas ilhas são unidas à terra firme por línguas de terra; mas elas só servem aos nossos anões. Os habitantes de maior tamanho não poderiam passar por tal língua de terra, ou melhor, istmo, porque este já seria estreito demais para seus pés; mas onde isto não seria um impedimento, outro o seria: o solo deste istmo não seria suficientemente sólido para suportar uma carga de milhares de quintais em movimento, sem afundar. - Mas os homens anões podem facilmente pôr seus pés sobre a terra firme e ir até os grandes gigantes, que os acolhem sempre de maneira muito amável. Com plena razão, pode se dizer aqui: os grandes os levam realmente nas palmas de suas mãos.

9 - Como nesta Faixa variam os tamanhos dos homens, assim também variam as cores de sua pele; e dificilmente encontraríeis o mesmo fenômeno noutro lugar, sobretudo no Sol. Com exceção do puramente preto, facilmente encontraríeis aqui todas as tonalidades de cor. Assim, os gigantes de maior tamanho são de cor rubro-escura que desce até a cor rosa. Existem também pessoas de cor verde e azul, Indo até o amarelo pálido. E há ainda um monte de tonalidades cuja enumeração exigiria um livro inteiro.

É verdade que há também, em outras Faixas solares, pequenas declinações de cores, apesar de sempre ser predo­minante a mesma tonalidade básica da coloração. Mas, aqui, não tendes apenas uma escala cromática de tons, mas pro­priamente inarmônica de pigmentações.

10 - A linguagem destes homens é de dupla natureza: mími­ca e oral. E digno de reparo como um gigante fala a um anão. Quando nota que um anão quer dizer-lhe algo, ele o levanta e o encosta ao seu ouvido. Mas, se o gigante fala ao anão, ele o afasta o mais possível da sua boca, e lhe fala o máximo possível de modo agudo e baixo, para não prejudicar o anão com sua voz. Pois, se tal gigante falasse com o costumeiro tom grave e forte, o pequeno anão não só não perceberia a palavra por causa de sua gravidade, mas as várias vibrações de voz o chocariam demais. Para evitar isso, os grandes usam da máxima precaução nas suas relações com os pequenos.

Se tal gigante pronunciasse uma palavra em voz muito alta na vossa Terra, provocaria um terremoto tão forte que o estremecimento causaria, em vários países, a ruína de todas as suas cidades; também os picos de montanha sofreriam um grande dano.

11 - Alguém poderia perguntar: como são suas habitações? - Aqui respondo: Primeiro, estes gigantes assim tão grandes não têm outra moradia do que o solo solar. Eles moram, pois, inteiramente ao ar livre. E o solo, sendo muito firme, facil­mente pode sustentá-los.

12 - Além disso, estes homens, apesar de tão maciços, são extremamente sensíveis, e, assim, sua maneira de andar e toda sua conduta são de extrema delicadeza. Vivem pacifica­mente uns com os outros e, se vão a algum lugar, eles o fazem, em proporção à sua grandeza, com passos pequenos e bem pausados, pisando o solo sempre muito suavemente como se receassem destruir algo com seus passos. - Por isso, a cada passo, observam cuidadosamente o solo para ver se algo se movimenta. Se notam algo, eles se inclinam para ver o que é; tendo encontrado algo com vida, eles o colocam com o máximo cuidado de lado, pisando, em seguida, com muito cuidado.

13 - Por esta razão, esses gigantes vão muito raramente às movimentadas regiões marítimas, pois ali deveriam sempre prestar atenção para não destruírem algo com seus passos. - Mas se empreendem tal viagem, escolhem como seu cami­nho geralmente os largos rios, pois ali têm pouco para tirar do caminho. Mas, na terra, sobretudo nos firmes litorais marítimos, quase nunca são vistos.

14 - Certamente quereis saber de quê vivem estes homens e de quê consta seu nutrimento? - Eles vivem de frutos de árvores que crescem nas gigantescas, permanentes17 árvores em riquíssima quantidade. - Outra fonte são produtos que eles tiram pela sua vontade do solo solar - já conhecemos este processo de outros habitantes solares. Pois, nesta última Faixa, a vegetação provocada pela vontade é geral.

17 - Permanentes em sua forma, independentemente da vontade humana.

Uma terceira fonte de alimentos, nesta Faixa, é o ar solar, riquíssimo em vários meteoros, mostrando-se o ar quase na mesma circunstância como no correspondente planeta Miron, naturalmente tudo em formas muito mais gigantescas do que no planeta. Também existe aqui um pão volante; às vezes, tal peça volante poderia muito bem servir de pequeno Satélite de um planeta.

15 - Considerando tudo isso, é certamente evidente que o Grande Dono da casa que deve nutrir tantas miríades e miríades de Sóis Centrais para saciá-las, terá também meios para saciar estes homens. Pois a manutenção natural de um Sol Central, frente ao qual a Terra nem pode ser considerada um pozinho, sem dúvida precisa de mais recursos do que a manutenção de um homem, mesmo se seu tamanho se esten­desse da Terra até a Lua. - É a mesma coisa, se um; corpo é grande ou pequeno; na Minha infinita despensa, certamente não perecerá.

16 - Assim, não deveis vos preocupar com a manutenção de seres de tamanha grandeza; pois, diante de Mim, nada há que seja grande. O que vós considerais grande, e até infinitamente grande, é aos Meus Olhos nem digno de ser chamado um átomo. O Grande Homem Cósmico, que consta de inúmeras multidões de Invólucros Globulares Universais diante de Mim não é maior do que um pequeno ponto nas profundezas do Infinito.

17- Do pouco que vos foi exposto, homens de altura de algumas mil toesas da Sétima Faixa Solar certamente vos parecerão ainda muito modestos. Por isso, não vamos mais falar de seu tamanho corporal e manutenção, mas dirigir-nos às suas condições de vida, às suas constituições e, finalmente, à sua religião. Basta, pois, por hoje!

CAPÍTULOS 67 a 71

SUMÁRIO DOS DEMAIS CAPÍTULOS SOBRE

O SÉTIMO PAR DE FAIXAS SECUNDÁRIAS CORRESPONDENTE AO

PLANETA "MIRON" (NETUNO).

SEGUNDA PARTE: SOBRE AS FAIXAS SECUNDÁRIAS CORRESPONDENTES A MIRON

1 - Condições de vida e natureza espiritual dos habitantes do Sétimo Par de Faixas.

No que diz respeito às condições sociais dos habitantes dessa Faixa, são quase idênticas às do planeta correspon­dente, exceto que não há aqui casas de habitação e tampouco aldeias. Mas os homens vivem em distritos socialmente unidos, usando a propriedade coletiva de um terreno que não é, pois, propriedade individual de ninguém.

O que o solo produz pertence a todos; mas o que alguém conseguiu fazer crescer pela sua vontade é propriedade dele, fazendo, porém, aproveitar um terço do produto à comunidade. Como já foi relatado, a atmosfera do planeta Miron produz, de alguma maneira maravilhosa, alimentos para o homem. O mesmo fenômeno se repete na respectiva Faixa do Sol, mor­mente na Setentrional.

O clima desta Faixa é bem mais fresco do que nas outras Faixas, mas o ar é repleto de vários vapores frutíferos, o que beneficia os habitantes de acréscimos alimentícios.

Estes maiores habitantes do Sol não possuem casas, mas escolhem, em colinas, lugares planos e macios, fazendo crescer, no local, erva espessa e elástica, e plantando em volta do terreno escolhido gigantescas árvores frutíferas. Este ter­reno é, pois, a "moradia", sendo uma parte reservada aos homens, a outra às mulheres.

A vida social é baseada num relacionamento amigável, tanto nas famílias como nos encontros com pessoas de outra cor, nas quais os habitantes sempre tentam descobrir as intenções do Grande Criador.

Industrialmente, os habitantes da Faixa são bem me­nos ativos do que os do planeta, tendo muito menos exigên­cias, já que não possuem casas e dispensam a indústria do vestuário.

Mas, quanto aos conhecimentos mais profundos, espi­rituais, e às ciências, são muito superiores aos habitantes do planeta.

Do lado material, eles não dispõem de instrumentos musicais, mas têm o poder interno de viver e comunicar concertos espirituais aos outros. É o mesmo fenômeno quan­do um sonâmbulo percebe nitidamente sons e harmonias que o magnetizador pensa e sente.

Eles experimentam algo semelhante na astronomia. Devido às emanações, eles nunca veem astros no firmamento fisicamente, mas tanto mais em seu espírito.

Eles sabem até - ao menos os mais sábios - como é constituído o Perfeito Planeta SOL, e que tipo de vida ele abriga.

À pergunta, por que estes homens são corporalmente tão gigantescos, enquanto, no campo espiritual, ficam na média, a resposta dada é que os Desígnios de Deus são, como em todas as coisas, inescrutáveis.

Está na hora de passarmos ao campo da religião nesta Sétima Faixa Solar.

2 - Princípios fundamentais da religião dos habitantes do Sol. - A natureza de revelações divinas.

Num planeta, a religião passa do material para o espi­ritual; o material predomina, pois, sobre o espiritual. No Sol, porém, vale o inverso: a religião passa do espiritual para o material, sendo em todas as coisas a base prevalecente. Estando diante de alguma coisa, o primeiro olhar não se dirige a este objeto como tal, mas procura conscientizar-se de sua origem e dos seus degraus de desenvolvimento pelos quais atingiu a forma atual.

Em cada revelação, podemos constatar esta passagem do espiritual para o material-formal; as formas externas estão em contraste com a suprema Ordem encontrada na origem.

Um exemplo da natureza prova isso: Comparando entre si várias bolotas dum carvalho, constatamos que quase não há diferenças importantes entre elas, nem na forma, nem no peso. Numa floresta de carvalhos, porém, não encontramos duas árvores mais ou menos iguais - tanto os ramos como as raízes são totalmente diferentes uns dos outros. A lição disso é que o espiritual é certa força baseada na máxima ordem. Transpondo-se esta força espiritual para o material, deve adaptar-se aos dados reinantes na matéria e adquirir, forço­samente, aspectos bem diferentes da sua origem espiritual.

Assim, quando Eu, como a Força Original, quero manifestar-Me para o mundo exterior, o Divino-Sagrado em Sua plenitude não pode sofrer qualquer diminuição, ao passo que Sua manifestação no mundo exterior deve adaptar-se aos dados existentes naquela esfera. A continuação desta exposi­ção mostrará quão importante é o que foi explicado até agora para compreender plenamente a religião dos habitantes da Sétima Faixa.

3 - A verdadeira chave para a compreensão de todas as religiões e revelações

A verdadeira religião para os habitantes do Sétimo Par de Faixas de todas as partes consiste em exprimir ao Ser Divino um máximo louvor. Por esta razão, todas as coisas devem ser pesquisadas do interior e possuir sempre a mesma e única causa. Diferenças só podem ser constatadas, quando vistas do exterior; vistas do interior, sempre se igualam.

Com referência às inúmeras coisas ou criaturas ao vosso redor, usais, para denominá-las, as palavras genéricas: "seres" ou "criaturas", nas quais as grandes diversidades das coisas individuais são reduzidas à sua única origem que, para tudo que há de diversificado, é o Amor Divino que é em si perfeitamente UM.

Poder-se-ia objetar: Não é a Infinita Sabedoria que cria todas as coisas? - Entre os homens, a objeção seria justificada; mas não podemos equiparar o amor manifesta­do por um ser humano com o Amor Divino, que é o Centro da Divindade do qual procede a Sabedoria.

Assim também, o homem, cujo germe original é o seu amor interior para Comigo, vê a si mesmo e a todos os seres sempre dentro da mesma unidade estabelecida na Eterna Ordem, que se manifesta por toda parte no complexo universal.

Observai, por exemplo, a "Árvore da Vida" ou a Palavra escrita, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Podeis encontrar nele inúmeros ramos e raízes que não mostram entre si semelhança alguma. Exteriormente, tudo parece se contradizer. Teses sobre o mesmo assunto soam diferente­mente; predições proféticas sobre o mesmo acontecimento contêm diferentes detalhes. Até os quatro Evangelhos relatam a mesma coisa com palavras diferentes, distinguindo-se em divergentes indicações numéricas.

Quem quiser chegar da apresentação externa à cone­xão interna será malogrado, como o será quem quiser chegar por uma broca ao cerne da árvore. Mas quem primeiro abater a árvore e furar do cerne para fora, poderá ele falhar o córtice? Certamente que não, pois só no cerne tudo vem a reunificar-se.

Vedes, assim, que a quase antissolar sabedoria exterior não leva a nada. Mas quem com sua broca, pelo caminho solar, fura a árvore abatida a partir do cerne, jamais falhará o córtice.

Vede, esta é a verdadeira chave, não apenas para ilus­trar e abrir a verdadeira sabedoria interna, não apenas no que diz respeito à religião dos habitantes da Sétima Faixa Solar, mas muito mais para vós com respeito à vossa religião revelada, e também a esta Nova Revelação atual, para que possais, por esta chave ou a verdadeira broca interna de sabedoria, contemplar não apenas o revelado, mas todas as coisas e aparências a partir da verdadeira causa interior e ponto de vista principal da sabedoria interna, isto é, do centro do vosso amor para Comigo.

4 - O amor profundo a Deus - como traço fundamental da religião e da vida no Sétima Par de Faixas.

Cortar a árvore para chegar ao seu cerne é mais laborioso do que tentar atingi-lo com a broca a partir do córtice. Mas a Verdade o exige. E preciso procurar a Vida onde está, e não onde não está, pois partindo da morte jamais se chega à Vida.

Quem quer seguir o caminho certo deve fazê-lo pela via solar, e não a antissolar.

Para poder cortar o tronco da árvore, é preciso serrar primeiro sua copa, que são os pretensos conhecimentos mundanos fixados na inteligência exterior.

E o que serão as raízes? São os interesses e as vantagens mundanas. O caminho é, pois: Tirem a copa! Tirem as raízes! Cortem o tronco para que o amor-próprio se vire para fora e se torne amor ao próximo e a Deus! E mesmo que, nesta operação, a árvore exterior se perca, a interior se salva. Pois quem ama a Vida a perderá, mas quem foge dela a ganhará. Isso quer dizer: Quem ama a vida mundana perderá a Vida do espírito; mas quem despreza a vida mundana por amor ao espírito ganhará a Vida do espírito!

Com estas considerações, conhecemos quase tudo so­bre a religião dos habitantes da nossa Sétima Faixa Solar, que consiste em ver tudo de dentro. Expressando-Me por esta contemplação interior um verdadeiro, interno e vivo louvor!

E este louvor consiste na perfeita união pela volta de tudo que é exteriormente material para o simples material. Ainda que as coisas externas sejam confusas, no interior devem ser de perfeita, idêntica unidade.

Como Deus é o Amor, tudo que existe é uma irradiação deste eterno sacrário. E este sacrário se encontra, tanto na Sua infinita totalidade, como também em nós, que somos Sua Imagem e Semelhança.

Amamos, pois, a Deus, quando possuímos o Seu Amor, pois Deus não pode ser amado por nenhum outro Amor do que o Seu!

Eis, pois, o verdadeiro princípio da religião desta Séti­ma Faixa; consequentemente, é também o princípio básico de todas as ações dos habitantes. Eles são exteriormente nus, porque não dão atenção ao exterior. Mas, interiormente, são tanto mais vestidos, pois o que conta para eles é exclusivamente o espírito. São de grande tamanho corporal, dando testemunho de levar todo o exterior para o interior, a fim de uni-lo. - Têm várias cores, o que corresponde à divisão da luz do exterior das coisas, para que todas estas cores sejam unidas no seu espírito numa única luz. - Habitam as mais exteriores faixas do Sol como sinal de que todo o exterior deve ser levado ao interior, unindo-se com ele. Alimentam-se de vários frutos como dádiva das árvores e arbustos ou como produtos de sua vontade, e, em parte, também dos alimentos que o ar lhes fornece como por milagre, como sinal de que o homem deve acolher a plenitude das graças divinas. Toda a sua tendência é de unir em si tudo no amor de Deus. O que é o máximo no exterior lhes vale como o mínimo. Aqui, na Sétima Faixa, não encontramos, em nenhu­ma parte, esplendor exterior; em compensação, seu interior é o mais beneficiado!

Tudo que foi dado aqui pode ser contemplado de duas maneiras, de fora e de dentro. Onde encontrais uma falha no exterior, pensai que também esta falha encontra sua unificação em seu âmago. Mas, contemplando o dado pela visão interna, seguimos já o caminho certo, e, de antemão, sabemos que excrescências e irregularidades externas de­vem se encontrar unificadas no centro.

5 - Procriação, matrimônio e morte no Sétimo Par de Faixas.

A procriação humana nesta Faixa se efetua por três modos unificados, o que também na Terra é o caso, mas geralmente de maneira inconsciente, sendo primeiro a sen­sual, seguida da psíquica e da espiritual. Nos homens do Sol, a primeira procriação é a espiri­tual, seguida da psíquica e, finalmente, da corporal. A pro­criação espiritual se faz entre o casal pela palavra interna à palavra interna; a psíquica pela vontade à vontade, e a corporal assemelha-se a um abraço fraterno. Após este abra­ço, o homem sopra sobre a mulher, e, assim, todo o ato da procriação é concluído. O que João diz do Verbo que se faz carne, aqui é completado literalmente.

Também o matrimônio se conclui de três maneiras. Jamais um motivo exterior une dois esposos, mas unicamen­te o interior. Se estão de acordo na palavra e depois na vontade, tornam-se um também no corpo.

Quando um homem de cerca de cem anos conheceu a filha de um pai, tendo encontrado nela a sua palavra e a sua vontade, vai ao pai e lhe diz:

"Vê, encontrei nesta tua serva a minha palavra e a minha vontade; é, pois, a Vontade do Grande Deus que ela seja minha mulher, Peço-te, pois, que perscrutes a tua serva e aproximes o corpo dela ao meu, para que a abrace e gere nela um novo fruto de vida."

Em seguida, o pai chama sua filha e lhe diz: "Eis aqui o homem cuja palavra e vontade portas conforme a Vontade de Deus Onipotente. Sê, pois, dele e deixa-te abraçar pelo teu esposo! A Bênção de Deus seja convosco e a Sua Palavra seja a vossa vida agora, para sempre e eternamente!" - em seguida, ele conduz sua filha ao noivo, e o matrimônio está concluído.

Como é que estes grandes homens, que chegam a ter mil anos de idade, vão morrer? O ato da morte é sempre um acontecimento maravilhoso, e nenhum homem ou mulher tem medo dele; antes, é o ponto culminante da mais bem-aventurada vivência.

Lá se desconhece qualquer doença. Mas cada um sabe, com certa antecedência, sobre o próximo fim da vida e prepara tudo para a passagem ao puro espírito. Sendo imi­nente a data, costuma-se fazer uma grande festa de agradeci­mento com uma ceia amigável. É quando aquele cuja hora chegou saúda toda a sua parentela e vizinhança que moram na área delimitada pelas árvores.

Em seguida, ele se afasta rapidamente da sociedade, correndo para uma altura onde se deita com o rosto para o alto. Dentro de poucos minutos ele desaparece totalmente, não deixando nenhum vestígio de si.

Pouco depois do seu desaparecimento, ele volta em espírito para os sobreviventes, quando cada um pode vê-lo pela visão interna. Esta visão dura apenas poucos minutos e, a partir daí, seu espírito é arrebatado, e nunca mais se vê algo dele.

Pouco depois da despedida, toda a sociedade se reúne num monte para, a uma só voz, agradecer e louvar a Deus. Em seguida, voltam animadamente a casa, felizes pela grande graça que um dos seus recebeu de Deus.

E notável que o homem desaparece antes da mulher, e os gigantes antes das pessoas menores. - O que foi comuni­cado sobre a morte dos habitantes de Miron vale tanto para o norte como para o sul da Sétima Faixa.

72° CAPÍTULO

OS SÓIS INTERNOS E SEUS HABITANTES.

SUBIDA, DENTRO E FORA DA ORDEM, DOS ESPÍRITOS SOLARES DE LUZ FUNDAMENTAL.

1 - Desde o começo, ouvimos que o Sol não é um corpo perfeitamente compacto, mas que consiste de sete sóis Internos (encaixados um no outro), entre os quais se encontra um permanente espaço oco de várias mil milhas.

2 - Também já foi mencionado que estes sóis internos são habitados. Pergunta-se: de quê espécie de habitantes? - São estes habitantes verdadeiros homens corporais, ou têm eles apenas semelhança com os chamados espíritos do ar, do fogo, da água e da terra? Ou trata-se, eventualmente, de uma espécie totalmente particular de seres que não se encontram em nenhum outro lugar, senão exclusivamente no Sol? - As três possibilidades são válidas, das quais nem uma nem outra pode ser rejeitada ou confirmada. Aparentemente, estes habitantes têm muita semelhança com o que foi indi­cado como hipóteses, mas, na realidade, - no significado interior - não têm nenhuma!

3 - Falando do Sol, deveis sempre ter em mente que, nele, há exclusivamente seres de espécie primordial, ou solar; nos planetas, porém, de espécie secundária, ou antissolar. Se vossa observação se dirige à forma, ela se manifesta, sem dúvida, da mesma maneira como nos planetas; mas sua constituição interior e sua base estão em rude contraste com tudo que existe desta espécie nos planetas.

4 - Passemos, pois, a observar os habitantes destes sóis internos. - Entre si, eles são tão diversos como as cores do arco-íris. No sentido real, não se trata de gnomos nem de espíritos do ar, da água, da terra ou do fogo, e muito menos ainda de homens naturais com corpos físicos, mas de homens espirituais que só com o tempo podem passar para a vida física natural, seja na superfície do Sol ou, em caso desfavo­rável, nos planetas, fora do Sol.

5 - Quem quiser dar um nome comum a estes seres espi­rituais melhor será chamá-los de "espíritos solares de luz fundamental". Estes espíritos se veem, reciprocamente, como homens naturais e podem, para este fim, formar um corpo do ar presente, como e quando o desejam; podem fazer isto devido à sua plena liberdade no espaço que Eu lhes indiquei como moradia.

6 - Se eles fazem um justo uso deste estado de inde­pendência e plena liberdade, eles se tornam, com o tempo, mais sólidos e estáveis em todo o seu ser, podendo, em seguida, passar, por via da procriação e do nascimento, para a superfície do Sol. A partir de lá, abre-se-lhes a ulterior viagem espiritual rumo à consumação final.

7 - Mas, quando estes espíritos do Sol interno não usam adequadamente este estado de liberdade inteligente con­forme a Minha Ordem, eles assumem uma figura desorde­nada, e suas formas são então de molde inexprimível. Vendo, então, o bom resultado obtido pelos espíritos submissos à Ordem, os desordenados amotinam-se, em bandos de trilhões e trilhões, querendo sublevar-se e conseguir pela força o que os ordenados alcançaram pelo caminho curto e justo, - isto é, a final superfície do Sol, e com ela a mais absoluta liberdade a que estão acostumados.

8 - Estas diferenças mostram-se, no sentido mais grave e forte, no último Sol interno, que é o primeiro depois do verdadeiro Sol visível. Pois, nos demais sóis internos, as diferenças não são, de longe, tão salientes; - quer dizer, os espíritos lá são, ao menos na aparência, mais homogêneos do que no último sol interno.

9 - As diferenças são menos impressionantes no sol mais interno, compacto, que representa, em certo sentido, o coração do Sol. - Partindo deste coração, esses seres espirituais sobem, em variadas formas, até ao Sol superior - semelhante ao sangue que, saindo do coração, se difunde por todas as partes do corpo, levando para lá os elementos nutritivos e reconduzindo o que menos presta.

10 - Não raramente - em geral constantemente - acontece, então, que os espíritos desordenados, ainda que tendo che­gado até a superfície do Sol, devem voltar atrás sob variadas formas - e isso pelos polos. Desta maneira, são de novo unidos com o coração do Sol e, após longo tempo, recomeçam aí, de maneira ordenada ou desordenada, a sair e a subir.

11 - Este subir pelos sóis internos é mais de cunho espiri­tual e, na maior parte, os espíritos nem o sentem. Por isso, não é acompanhado de erupções. - Mas a subida do último sol interno à verdadeira superfície do Sol se manifesta sempre de maneira extremamente violenta.

12- O efeito de tal subida forçada já vos foi mostrado, na ocasião da explicação das manchas solares. Resta só discutir como isto se efetua, não somente pelo modo mais natural que já conhecemos, mas antes pelos caminhos espirituais-inteligentes.

13 - Estes seres espirituais contrários à Ordem reúnem-se, como já dissemos, em inúmeros trilhões, de preferência numa região equatorial do último sol interno. Quando se sentem suficientemente fortes, eles se levantam em massas sobre massas e penetram até a superfície interna do próprio Sol, procurando descobrir, pelos seus sentidos, o ponto mais fraco, que geralmente é permeado por todos os lados por uma multidão de veias e canais. Tendo-o encontrado, não demo­ram em penetrar nele e começam a incendiar-se cada vez mais intensamente. Com isso põem sucessivamente em brasa também a superfície onde se fixaram, e formam uma associação com os espíritos ainda presos nesta matéria. Pouco a pouco, inflamam-se cada vez mais e exercem, em conjunto, uma potência tal, que, finalmente, a crosta solar externa, de espes­sura de várias mil milhas, cede e incha, da maneira já conhecida, até finalmente rebentar.

14 - Pelos seus esforços sumamente desordenados, eles adquirem, de certa maneira, também um peso material; este lhes serve para sua atividade, pois podem aproveitar assim também da rapidíssima rotação do Sol ao redor do seu eixo, aplicando-se agora literalmente o seu dito: "Agora ajude quem quer e pode; devemos alcançar a nossa meta!"

15 - Comparando tudo isso com a explicação sobre as man­chas solares, muita coisa que, de contrário, teria ficado turva, vai se aclarar, - ao menos teríeis com o tempo incorrido numa contradição que, dificilmente, teríeis podido solucionar; e mais do que uma douta raposa teria tido bom nutrimento para seus dentes afiados e seus agudos olhos e garras.

16 - Vou só aludir a uma destas contradições; se as conhe­cidas inchações no equador do Sol fossem originadas apenas pela força centrífuga da rotação do Sol ao redor do seu eixo, queria conhecer aquele que fosse capaz de construir um templo sobre um monte onde a força centrífuga é ainda maior do que nas baixadas, sem que tal templo não fosse logo arremessado, juntamente com os habitantes! Aliás, seria possível pensar na construção de qualquer templo nas con­dições mencionadas?! - A força centrífuga do Sol se acha, pois, em princípio, na justa proporção com a sua grande força de gravidade, mas, apesar disso, ela pode favorecer tais empreendimentos espirituais e ser útil, e não danosa, ao respectivo ato de violência.

73° CAPÍTULO

DESTTINOS DOS REBELDES DO SOL.

DESENVOLVIMENTO DE COMETAS E PLANETAS.

A ETERNA, INCOMENSURÁVEL OBRA DA CRIAÇÃO - CONCLUSÃO.

1 - Que tais espíritos conseguem por este caminho sua finalidade, já vimos na explicação sobre as manchas solares. Mas, para onde vai conduzir o fim alcançado será logo explicado de maneira mais evidente do que até agora.

2 - Quando estes espíritos conseguem, por meios violentos, a desejada liberdade, eles se dispersam aos milhões e milhões pelo espaço infinito. É verdade que a primeira consequência desta excursão forçada é benéfica só por pouco tempo, pois todos os espíritos são, de certo modo, arrefecidos neste espaço e, portanto, também abrandados na sua tendência.

3 - Mas qual é a segunda consequência deste estado de absoluta liberdade? - Isto não pode ser compreendido antes que saibais que cada espírito, qualquer que seja sua espécie, a fim de ter uma robusta e agradável permanência, precisa de nutrimento. Se não o tem, acaba se tornando cada vez mais fraco, de maneira que, no fim, ele entra numa espécie de estado inconsciente que se equipara a um sono profundo. - Tal estado é, pois, também a consequência da liberdade absoluta alcançada por tais espíritos solares, desordenados e violentos.

4 - Qual será a consequência deste segundo estado? - Adivinhar esta consequência não causará preocupação a ninguém. Pois, se alguém estivesse em condição de esfomear um tigre e deixá-lo assim cair em sono profundo, não lhe será difícil capturar este animal feroz, - já que, devido à sua fraqueza, não poderá se defender e, devido ao sono, também não perceberá quando cair presa de um caçador. - Vede, esta é mais ou menos a consequência segura para tais espíritos do Sol que alcançaram a absoluta liberdade! Também se tornarão presa da força da atração dos planetas que, por todos os lados, estão á sua espreita, e aos quais servirão com grata saciedade.

5 - Uma parte de tais "absolutistas espirituais" já é forçada à volta durante sua erupção, pela força do mundo dos espí­ritos solares, sendo que uma parte cai nos grandes mares solares para aquietação e arrefecimento; uma parte maior, que ousou afastar-se mais do Sol, é apanhada pela potente polaridade do Sol e reconduzida por ela ao estado originário, isto é, para o próprio coração do Sol. Também aquela parte que é acolhida pelas águas do Sol faz com o tempo um movimento retrógrado através dos muitos poros, veias e canais, às vezes até o último sol interno, que é o mais próximo após a superfície do Sol. Alguns destes espíritos caídos nas águas são utilizados como alimento e maturação da superfície solar externa.

6 - Os espíritos do sol interno que já passaram várias vezes por tal movimento retrógrado não se unem facilmente com os espíritos que querem novamente fazer uma erupção equatorial, mas procuram escapar, de certo modo, clandes­tinamente por caminhos laterais perto das regiões polares. Mas, como encontram também ali resistências, acontece que, unindo-se em pequenos grupos, recorrem à violência e conseguem sua meta, ora numa Faixa ora noutra, mas, geralmente, não longe das regiões polares. Quero só cha­mar vossa atenção para os vulcões que já conheceis, e facilmente podereis deduzir onde se encontra para estes seres uma escapatória. Mas também este buraco não lhes é de grande ajuda, pois desta maneira muitas vezes eles podem se afastar tanto do Sol quanto dista a superfície de sua atmosfera do solo firme.

Pouco após tal constante repetida tentativa, tais espí­ritos liberais recebem a forte chamada dos polos solares de não renunciarem a uma breve visita ao íntimo Sol, ou pro­priamente ao coração do Sol, a fim de ganhar tempo sufi­ciente paira deliberar sobre o que é melhor: seguir a boa Ordem ou arruinar-se, de maneira autocrática, mas impoten­te, piorando consideravelmente o estado ordenado por longuíssimos tempos.

7 - Eis como estão as coisas. Pergunta-se ainda se estes são os únicos espíritos que gozam da fatal honra de ser de novo acolhidos pelos polos solares, - ou há ainda outros? - Sim, existem vários outros, em parte fugitivos dos plane­tas que orbitam o Sol, mas em parte também semelhantes executores de atos violentos de outros sóis. Pois tais espí­ritos, se chegam ao sistema planetário deste Sol, são logo agarrados pela força polar do Sol e puxados por ela para o Sol mesmo. Só se formam associações em alguma vasta esfera do Sol pela maneira já conhecida tornando-se apa­rentes cometas, podem às vezes, por mais tempo, se movi­mentarem desajeitadamente ao redor do Sol à maneira de planetas. Aproximando-se, porém, - assim desajeitados - demais do Sol, serão em todo caso por eles devorados por inteiro. Mesmo se alguns se tornam com o tempo verdadei­ros planetas, não se pode excluir que sirvam um dia como nutrimento ao Sol. Pois o que o Sol uma vez apreendeu com sua força polar, praticamente já é sua presa perfeita. Pois, em primeiro lugar, ele se alimenta pela sua força constantemente de tal hóspede, o enfraquece de milênio em milênio e o faz, finalmente, findar com todos os haveres no seu seio de fogo.

8 - Podeis reconhecer tal fato pela posição atual dos plane­tas. Pois outrora, há muitos milhões de anos, o planeta Mercúrio se encontrava ainda no lugar de vossa Terra, o planeta Vênus, aproximadamente no lugar do atual planeta Marte, a vossa Terra mais ou menos no lugar de Júpiter. Calculai agora, de quanto o Sol se aproximou com sua força destes planetas. É fácil deduzirdes disso que o Sol, se bem que depois de muitos milênios, vai se apoderar destes planetas em suspensão livre, quando então somente os espíritos mais obstinados de tais corpos cósmicos alcançarão de novo sua redenção ordenada, às vezes, porém, desordenada por causa de sua recuperada liberdade inteligente.

9 - O lugar de tais planetas totalmente incorporados pelo Sol será, então, ocupado por outros planetas. Isso podeis deduzir da circunstância de que uma multidão de, ao menos, dez mil milhões de cometas vagueiam ao redor do Sol, e que, deste enorme número, sempre um ou outro cometa mais desenvolvido pode passar ao estado de planeta. Atualmente existe grande número de cometas bem desenvolvidos na vasta esfera do vosso Sol, os quais, na maior parte já são habitados, - se bem que não por homens, mas sim por plantas e variados precursores de animais.

10 – Vede, esta é a Ordem reinante. Para os vossos conceitos, sua duração é infinita, mas para os Meus Olhos, o começo como o fim estão determinados. Assim como o Sol finda com seus planetas, assim também Sóis Centrais podem findar com seus sóis secundários, e, finalmente, o Sol Central Principal, multidões de Regiões de Sóis e Universos de Sóis. - No lugar dos consumidos, são novamente colocados novos, de maneira que o andamento da Ordem das Minhas coisas nunca sofra interrupção. Para tudo isso, deveis, de fato, admitir que em eternidades Eu não vou parar de criar, pois, como Deus, eternamente não vou parar de pensar. Pois os seres são Meus Pensamentos.

11 - Alguém poderá perguntar: Mas, no fim, qual o destino da infinita multiplicidade das criaturas? - E Eu pergunto, em contrapartida: Um número de criaturas e seres, conquanto, em princípio, grande, mas finalmente limitado, em quê pro­porção estaria ele com um Deus Infinito?

12 - Mas que ninguém se inquiete! Pois, no Meu infinito, certamente há lugar para coisas infinitas que, em eternida­des, não o preencherão, - mesmo se o constante aumento de seres fosse ainda inefavelmente maior e mais numeroso do que é, devido à Ordem constante.

13 - Esta orientação quer vos dar a tranquilidade que vosso Bom e Santo Pai é maior, mais potente e mais perfeito do que um fraco espírito terrestre possa imaginar, mesmo em seus momentos mais solenes e claríssimos!

14 - Chegamos assim ao término com O Sol Material. Por isso, dirigir-nos-emos na próxima vez para "O Sol Espiritual", ou melhor, Celestial.

<- Voltar para página anterior

Home | Prefácios dos Livros | Transmissores | Obras | Quem era Jesus? | Algumas Imagens | Links | Fale Conosco