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1.° Prédica

OS SINAIS DO FUTURO

Lucas 21, 25-26. E haverá sinais no Sol, na Lua e nas estrelas; e na Terra, pavor das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Homens desmaiando de terror na expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; porque as forças do Céu estão abaladas.

Eis o primeiro texto evangélico com o qual se inicia o ano eclesiástico. Todos os anos ele é repetido aos fiéis de acordo com as ideias do pregador. Se bem que muitos falam de sinais e milagres, poucos os entendem. A maioria aproveita o texto para explicações políticas, querendo explicar coisas espirituais no sentido material. Tal tentativa é inútil, querendo explicar o mundo espiritual através da matéria, quando justamente ocorre o inverso.

Quando naquele tempo falei dos sinais e predisse a destruição do Templo, poucos Me deram crédito, porque não Me conheciam. E hoje existem os mesmos descrentes que aguardam os sinais de outro ponto de partida, menos do verdadeiro.

Anunciei a queda do Templo de Jerusalém e o fim do tronco judaico como povo independente. Predisse que pela maneira de conservarem as leis religiosas agiam contrariamente àquilo que Moisés e os profetas lhes pretendiam transmitir, e que isto tudo teria que ter um fim pela interpretação da Doutrina trazida por Mim, e entreguei Minha Vida por causa dela.

Também eles não queriam separar-se dos hábitos da religião. O Templo lhes representava a construção espiritual de sua fé. Havendo esta confusão e as prédicas sendo expressas segundo os interesses dos levitas e fariseus, o Templo tinha que soçobrar, para construir-se em suas ruinas um outro, espiritual e eterno, para o qual Eu havia dado a base durante Minha Vida.

Desde aquele tempo até hoje sempre houve sinais como advertência para uma modificação; no entanto, o tempo não parecia chegar para a destruição de Roma e suas manobras. Se em algumas pessoas um raio de luz vez por outra Iluminava o coração, a situação em Roma continuava a mesma. O que sucedeu em Jerusalém, onde o poderio romano respeitou por muito tempo a religião e os costumes dos judeus, acontece até hoje, pois os potentados não queriam impedir com a espada as manobras em Roma, mas até as aproveitavam em seus próprios interesses. Se os judeus provocaram a queda do Templo devido ao seu desatino e revolta, hoje também ruirá o trono do "infalível" apóstolo Pedro e se verão obrigados a ceder à Minha Doutrina. Haverá repetição daquilo que ocorreu em Minha primeira vinda como Homem. Haverá sinais, e felizes os que souberem compreendê-los e aproveitá-los em benefício próprio e do semelhante. Haverá — e já os houve — os mesmos sintomas. Guerras, revoltas, perseguições, temores das coisas que virão, moléstias de toda espécie eram os prenúncios daquele tempo e não faltarão na atualidade. Não sou Eu a enviá-los, pois este destino é obra do próprio homem, devido à sua incompreensão de Minhas Palavras Divinas, que serão sempre as mesmas. Atualmente o vento da liberdade espiritual sopra e penetra todos os corações. Os direitos humanos, há tanto tempo pisados, exigem que sejam respeitados e não somente extorquidos, como há mais de mil anos atrás, por uma casta ou seita.

Costuma-se dizer que o verme se torce quando pisado. Potentados eclesiásticos e mundanos já o pisaram de sobra, queriam dominá-lo e admitir o respeito humano somente para eles. Como a corda do arco foi por demais esticada, está prestes a arrebentar. Eles bem o sentem; por isso estão temerosos e procuram meios para impedi-lo. Inutilmente. Assim como em Jerusalém os potentados cavaram sua própria sepultura, qual queriam atirar outras pessoas, também aconselhei aos poucos adeptos a serem comedidos, a manterem puros alma e corpo e não abusar deles por atitudes perniciosas, a fim de que estivessem limpos quando o Filho do Homem chegasse.

Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. Fortificai-vos com a fé em Meu Amor e Minha Divina Providência que, não obstante permitir o pior, jamais castigará os que seguem Minha Doutrina com compreensão filial e muita fé.

Deste modo, os sinais dos tempos passarão sem deixar vestígios, se ensinastes vosso físico e se satisfazer com certas limitações, enquanto procurais vos tornar uma criatura psico-espiritual. Então entoareis, como fizeram Meus adeptos, uma Aleluia também sobre ruínas fumegantes de brilho mundano e campos de batalha onde a matéria sucumbiu, mas o espírito se libertou como prova de Minha Glória, Amor e Misericórdia. Amém.

2.° Prédica

A DÚVIDA DE JOÃO

Mateus 11, 2-6. 27-30. E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos do Cristo, enviou dois dos seus discípulos para indagarem: " És Tu Aquele que havia de vir, ou esperamos outro?" — E Jesus respondeu: " Anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, os coxos andam; os leprosos são purificados e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e o Evangelho é anunciado aos pobres. E bem-aventurado quem não se escandalizar Comigo. Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai. E ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim todos os que estão cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração. Assim encontrareis descanso para vossas almas. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo, leve."

A pergunta de João se sou realmente Aquele do Qual falaram os profetas surge também hoje nas almas inseguras; no entanto, têm um leve pressentimento de um futuro estado espiritual que em parte destruirá os antigos hábitos religiosos e em parte deve reconduzi-los à sua justa medida. Tais discípulos ou adeptos da verdadeira Doutrina também se sentem indecisos em virtude dos princípios religiosos gravados desde sua infância, que nem sempre elucidavam Minha Doutrina mesclada com hábitos que levavam os fiéis a dúvidas. Tais pessoas que se colocaram à frente de movimentos religiosos ainda não se acham livres de preconceitos e se perguntam no íntimo: Será justa nossa atitude? — E Eu, que ora repito a Doutrina através de Meus servos e a explico constantemente, digo apenas: Vede Meus Atos, Meus filhos que assimilam o Amor Divino e o sentimento humano; observai os milagres feitos através da sua força de vontade, não por Minhas Mãos, mas de tal modo que em muitos casos frustraram os sábios e doutores da Igreja.

Naquele tempo Eu disse: Sois como crianças! Assobiastes e vossos amigos não quiseram dançar; chorastes, e eles não quiseram vos acompanhar. E agora digo: Credes e esperais que os homens sigam vossos guias; no entanto, vereis o contrário. Todos vós clamareis e não haverá quem venha a chorar por compaixão.

É preciso que o Reino do Céu seja conquistado com violência. O antigo Adão tem que ser desalojado e vestido o novo com vontade firme; do contrário, qualquer vontade de modificação das pessoas será inútil. Impossível usar-se meios termos, aceitar em parte Minha Doutrina e ao mesmo tempo usar hábitos de instituições antigas. Eu Sou Espírito, e quem quiser adorar-Me terá que fazê-lo em espírito e verdade, quer dizer, com confiança inabalável — e violência. E quem conquistar o Céu com violência, ter-se-á apossado Dele de fato.

As criaturas daquele tempo e as de hoje têm uma ideia errônea de Mim e de Meu predecessor João. Ambos éramos aceitos segundo as suas noções e condições mundanas, apenas tidos como reformadores. Qualquer predecessor e lutador para Minha Doutrina passará pela mesma situação que João. Será tão pouco entendido como Eu, que nessa Minha Revelação há vários anos Me encontro em vosso meio por Palavras diretas ou indiretas.

Em toda parte as pessoas querem adaptar Minha Doutrina de tal modo a não lhes trazer sacrifícios e renúncias para se tornarem Meus filhos. Aquilo que afirmei referente à cidade de Jerusalém aplica-se hoje às metrópoles de vossa Terra. Lá, onde deveria existir o maior esclarecimento, rege a maior ignorância, e nas cidades onde Me comunico diretamente não se toma conhecimento de Mim, como em Caná onde realizei o primeiro milagre público. Vedes que passaram mil anos, mas as criaturas continuam as mesmas.

Outrora Eu disse: Somente o Pai conhece o Filho, e só o Filho conhece o Pai. Hoje, infelizmente, também sou levado a dizer: A Mim, o Amor ativo, só o Amor Divino mais elevado conhece.

Os homens gostariam de Me achar, mas não sabem como procurar. Guias e seguidores ainda estão acanhados, como Moisés com uma tríplice coberta sobre os olhos, e se pretendo levantá-la e dizer-lhes: Vinde aqui todos que estão cansados, para que possa vos aliviar! — eles não entendem tal chamada. Desconhecem a Voz do Pastor, são ovelhas desgarradas que somente após longo tatear nas trevas chegarão à Luz do Amor, da Verdade e da consciência livre. Aos orgulhosos será vedado o que aos pequeninos a procurarem com o coração será revelado.

Todos os reformadores que se postaram à frente dos fiéis que pressentem um destino espiritual mais positivo, terão que renunciar a certas noções preferidas. Hão de passar por várias amarguras até que entendam as Minhas Palavras: Meu jugo é suave, Meu fardo, leve. Aprendei Comigo a humildade, meiguice, amor ao próximo e a tolerância em questões de fé, que haveis de encontrar a paz para vossa alma, podendo passá-la para quem a necessita.

Se naquele tempo todos os sinais ocorreram e João pregou no deserto, atualmente, antes de Minha Volta, as Revelações dadas isoladamente também são um prenúncio pouco entendido por muitos.

O vento sopra vindo dos Meus Céus, para purificar os ares espirituais saturados de odores pestilentos. Tal brisa espiritual é um despertador, purificador e portador de uma nova era para levar a humanidade mais para perto de seu destino espiritual e compreender o significado da religião: Adorar-Me em espírito e verdade.

As criaturas se agarram a cerimônias e rituais como prova de sua inclinação materialista, pois só entendem e desejam a matéria. Quando os homens forem educados espiritualmente, reconhecendo que Eu, como Espírito, não necessito de recurso material para Me entenderem e finalmente compreenderem o que significa educação espiritual, então perceberão o quanto se desviaram do caminho certo. Obrigaram-Me a exclamar que somente Eu, o Filho, conheço o Pai e Ele a Mim, pois esse conhecimento só vos é dado para a constante união Comigo, portadores que sois de uma centelha do Meu Eu Espiritual.

As subsequentes explicações dos Evangelhos fixados para prédicas dominicais demonstrarão como ocorre a gradativa educação da humanidade. Vós mesmos, de há muito envolvidos por esse fluxo espiritual, ide ao encontro da explicação, para vos tornardes aquilo que Eu previ.

Despertai! Não tapeis os ouvidos às palavras do pregador no deserto, aos ditados trazidos por Mim. Ouvi as harmonias celestes que provam vossa meta e missão, que não é material.

A brisa espiritual está soprando e bafeja todos os corações. Ainda que milhares não entendam sua vibração, vós não sois insensíveis, podendo definir sua finalidade. Atirai para longe o mundanismo! Sois espíritos, habitantes de um outro mundo, maior, infinito e eterno! Não esqueçais que esta existência terrena, passando tão velozmente, é uma vida de provação! A parte maior vos aguarda lá onde o Sol jamais se põe, a noite foi banida e somente a Luz, idêntica ao Amor e Incentivador, penetra toda a região celeste. Aceitai o Meu Conselho de assimilardes as Palavras do Evangelho, ditas há mil anos, pois contêm todo o Meu Amor Paternal!

Já naquele tempo quis provar ao povo judeu o Amor de um Pai, mas eles não Me entenderam. E hoje, infelizmente, as criaturas Me entendem ainda menos. Disse-lhes: Meu jugo é suave! — E hoje repito: Como pode um jugo de Amor não ser outro senão suave, e o peso mais leve, quando o Amor ajuda a carregá-lo? Abandonai o mundo, que só pode vos alegrar por minutos, pois na conquista de um bem mundano termina a esperança de conquistá-lo.

Meu Reino é infinito. A posse espiritual não tem limites, nem barreiras, por isso o progresso é eterno. Com cada degrau de evolução se consegue um prazer, força e capacidades maiores. Enquanto na matéria é preciso haver encontro de situações e possibilidades para se conseguir algo, o progresso espiritual fornece sempre oportunidades para evoluir. Se no mundo material a maior parte depende de outrem, no espiritual vosso íntimo é a maior mina, onde se ocultam todos os tesouros de um mundo eterno e espiritual. É o vosso íntimo, onde Me encontro como Filho e Espírito Santo, de cuja Manifestação depende vossa paz e serenidade. Aprendereis a considerar todas as vicissitudes da vida não como castigo, mas apenas provações sábias e necessárias, então compreendereis Minha Sentença: Vinde a Mim todos, que estais sobrecarregados! Foi o Amor eterno de um Pai Celeste que vos cumulou com tal peso — mas também ajuda a carregá-lo. — Então os sofrimentos e penúrias não são misérias, mas Bênçãos de um Pai que pretende fazer dos Seus filhos não senhores mundanos, porém lutadores de vanguarda de Sua Doutrina de Amor, aqui e no Além, no Reino sem fim. Amém.

3.° Prédica

O VERBO SE FEZ CARNE

João 1, 1-27. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e Deus Mesmo era o Verbo. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens. E a Luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não a compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. Esse veio para que testificasse da Luz, para que todos cressem por ele. Ele não era a Luz, mas veio para que testificasse Dela. Esta era a Luz verdadeira que alumia a todo homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele, e o mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam. Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos; a saber, aos que creem no Seu Nome. Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós e vimos a Sua Glória, como a Glória do Unigênito do Pai, cheio de Graça e de Verdade.

TESTEMUNHO DE JOAO BATISTA

João testificou Dele e clamou: “Esse é Aquele de Quem eu dizia: O Que vem depois de mim é antes de mim, porque era primeiro do que eu. E todos nós recebemos também de Sua Plenitude, e Graça por Graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a Graça e a Verdade vieram por Jesus Cristo. Deus nunca foi visto por ninguém. O Filho Unigênito que está no Seio do Pai no-lo declarou.”

E esse é o testemunho de João quando os judeus mandaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? E confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaram-lhe: És tu Elias? E disse: Não sou. — És profeta? E respondeu: Não!

Este Evangelho trata de João Batista, predecessor e pregador, para preparar o caminho para que o povo judaico prestasse mais atenção à Minha Vinda e Doutrina; por isso suas respostas e afirmativas aos enviados do Templo de que ele não era Cristo, nem Elias, nem profeta, e que não merecia desatar-Lhe as correias das sandálias.

Nesse ponto, João era consciente de sua missão e, além disso, era o único exemplo de humildade e submissão entre os judeus.

A primeira frase do Evangelho do Meu querido João prova sua posição entre Seus irmãos. Aquilo que João Batista quis expressar através do batismo material, Meu apóstolo confessa espiritualmente, dizendo que a Palavra ou a Ideia de Deus havia espargido sobre ele o batismo espiritual, tendo assim assimilado, entre todos os apóstolos, mais profundamente a profundeza de Meu Espírito. Foi ele o primeiro a sentir que através da Palavra — expressão de uma ideia, pensamento ou vontade — fora criado o mundo visível, e que a Palavra transmitindo Vida criou a Luz não entendida por todos. Ele, Meu preferido, foi o primeiro a aceitar com o coração o que o intelecto não compreende, dando Luz e Vida somente a quem conhece o Amor conforme Eu o espargi no Universo, conservei e também exijo. Ele Me amava em espírito, enquanto os outros apóstolos Me entendiam na Verdade. Isso provam suas primeiras exclamações em seu Evan-velho, que testificam do Meu Poder, Amor e Criação, e como Eu, em Cristo, Me apresentei fisicamente como Doutrinador, vim ao que era Meu, mas não fui compreendido, porém mal-entendido.

Para tanto, muito contribuíram as confissões de João Batista. Meus Passos tinham que ser preparados. Assim como aos cegos, após a volta de sua visão, a luz do dia se apresenta mesclada e turvada, pois não podem suportar os raios do Sol, João também foi o despertador e preparador dos corações para poderem ser capazes de algo mais sublime. Por isso ele exclama: Virá Alguém Que já existiu antes de mim! Referia-se à Palavra que criou todo o Universo. Esta Palavra ou a Onipotência — Se sentiu levada a Se materializar, assim como a trazer na Criação Luz e Vida material e agora espiritual àqueles que se encontram nas trevas.

A primeira frase de João significa: No princípio era Deus, o Criador Onipotente que espargia Luz e Vida pelos espaços afora para despertar Vida. Agora é o Cristo o Mesmo Deus que envia Seu Verbo como Luz pelo Universo espiritual com a mesma intenção. Se a estrela d'Alva é a precursora do Sol, João Batista foi o precursor e preparador do caminho para o Cristo, Ele prontamente reconheceu o Senhor quando O viu pela primeira vez. Fora-lhe dada a visão interna e ele viu uma pomba — símbolo da inocência — como elo do Cristo com o mundo espiritual. João Batista efetuou em Mim o batismo externo, enquanto Eu o batizava internamente.

Também seus adeptos em breve perceberam Quem era o senhor e quem o servo; por isso o abandonaram e Me seguiram. Nathanael, que julgava que Eu lhe revelara coisas que só ele pretendia saber, foi conquistado por esse testemunho. Naquele tempo exclamei as palavras proféticas: — Em verdade, a partir de agora vereis os Céus abertos e os anjos descerem sobre a Cabeça do Filho do Homem!

Tudo que aconteceu naquele tempo, no início de Minha Doutrinação; ou seja, Meu Nascimento espiritual, se repete hoje diariamente. Hoje também existem os Joãos como batizadores e outros como Meus preferidos e apóstolos; apenas é diferente a maneira de agirem. Naquele tempo existiam entre os judeus somente Moisés e os profetas, e era preciso não derrubá-los, mas preservar suas palavras das deturpações e provar que Eu, como Cristo, não trago nada de novo, mas quero explicar espiritualmente e levar à Vida o que até então havia sido explicado ao pé da letra.

Hoje em dia, na véspera de Minha segunda e última volta a esse planeta, a cultura e o grau de inteligência dos homens é diferente. Tenho que tratar com filósofos e cavalgadores de letras, seguidores fanáticos da palavra no sentido espiritual. A vida de conforto é-lhes demasiadamente importante, de sorte que não se entregam a uma Doutrina que, em vez do proporcionar distrações e alegrias, exige sacrifícios e renúncias.

Também agora Me aproximo das criaturas: E a Luz chegou às trevas, que não A reconheceram.

Há muito tempo se fazem ouvir as vozes que concitam à regeneração, à voz interna; de diversas formas o espírito humano é despertado. Os Joãos pregam também hoje a ouvidos surdos. Mesmo aqueles que se colocaram como Meus representantes na Terra são surdos e às vezes ainda mais surdos que os que devem aceitar Minha Doutrina. Hoje também os discípulos da Palavra apostatam e procuram a Luz, a Palavra de Deus. Desse modo se dá uma forte inclinação pela Luz, pela Vida espiritual, pelo Amor a uma Doutrina acolhedora. A tendência pela liberdade de pensamento fará com que a penumbra da vida intelectual será expulsa, muito embora os esclarecidos não vejam o fanal espiritual que bruxuleia em cima de suas cabeças.

A Palavra que criou Céus e Terras, a Vida Verdadeira e a Luz do Alto se espargirá em vossos corações, com Amor e calor.

No princípio era a Palavra, e Eu era esta Palavra, e no final a Palavra e Eu continuaremos e perduraremos, espalhando Luz, Vida e Amor, trazendo alegria e felicidade aos filhos devotos a Mim.

A Palavra Se tornou carne e os que viviam naquele tempo viram Sua Glória, mas não A reconheceram. E a Palavra novamente Se tornará carne espiritual e todos hão de reconhecê-la vivendo e de Sua Plenitude tomarão Graça por Graça.

Se João batizou com água, agora o batismo será feito com o espírito. Torrentes de água celeste se espargirão nos corações, sensibilizando e despertando a muitos. Mas haverá muitos que continuarão insensíveis ou se ocultam desta chuva benéfica. Feliz aquele cujo coração é receptivo às Bênçãos celestes! Receberá do Alto um raio de Luz Divina, qual pomba que descia sobre o Cristo, espargindo paz e calma também aos que O circundam.

Muitos disseminarão a Minha Doutrina como fizeram João Batista como servo, e outros como Meus prediletos o farão, qual João Evangelista. Já existe o prenúncio para tal. Assim como a pequena onda à beira-mar é o presságio de ondas provocadas por uma camada de ar à procura de equilíbrio, o atual movimento religioso é o início de um muito maior de Vida espiritual. Imprensada entre matéria e espírito, procura uma saída, porque o último tem a tendência semelhante à água, que também se deixa imprensar, mas num excesso ela rompe as algemas.

Vós, Meus filhos, que também sois chamados a provar por ações e palavras vossa missão de condutores e aplanadores da estrada da Vida, sereis muitas vezes inquiridos: Quem sois? Qual vossa intenção? — O mundo não vos dará crédito imediato, como fez a João. Mas não desanimeis! Semeai com prazer a quem vos pede alimento e não vos preocupeis se a semente não traz os frutos desejados. Numa floresta nem todas as árvores nascem direitas. Existem as torcidas, tortas e nocivas. Nem por isso a floresta deixa de ser o que é, proporcionando proteção e alimento a milhares de seres, pois os fracassados também têm sua utilidade. O mesmo acontece na floresta espiritual das almas.

João e Eu também pregamos para muitos inutilmente; ainda assim, Minhas Palavras não se perderam, mas hão de existir eternamente, por Eu ter falado Verdades eternas.

Tratai primeiro de vos purificar do mundanismo, como fez João. Também se entregava aos prazeres da carne, veste mortal do espírito eterno. Através da moderação tornou seu corpo maleável para servir alma e espírito.

Evitai todo o supérfluo que enfraquece o corpo. Cuidai de fortalecer alma e espírito. Procurai merecer o batismo do espírito e não da água, para poderdes assistir a coisas grandiosas que aprendereis com a visão espiritual em contato dos espíritos. Tratai do vosso renascimento; então não precisareis perguntar: Rabi, onde moras? — pois vosso coração será Minha Morada. Lá acolhereis o Senhor, que desde o princípio foi a Palavra, a Luz, a Vida e o Amor, transmitindo isto tudo aos que se deixam batizar para Seus filhos, com água espiritual. Amém.

4.° Prédica. Advento

SERMÃO DE JOÃO BATISTA

Lucas 3, 2-20. Sendo Annás e Caifás sumo-sacerdotes, veio a Palavra de Deus a João, filho de Zacharias. E percorreu toda a região ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para o perdão dos pecados, segundo as palavras do profeta Isaías, que diz: Eis a voz do clamador no deserto! Dizia, pois, João à multidão que saía a ser batizada por ele: “ Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está por vir? Dai frutos dignos de arrependimento e não começais a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai. Porque eu vos digo que até dessas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo .”

E a multidão perguntava: Que devemos fazer então? E ele respondia: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos faça da mesma maneira. E chegaram também uns publicanos para serem batizados e lhe disseram: Mestre, que devemos fazer? E ele respondeu: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados também perguntaram: E nós, que faremos? E ele lhes disse: Não trateis mal, nem defraudeis ninguém e contentai-vos com vosso soldo.

E estando o povo em expetativa, pensando se João porventura seria o Cristo, ele disse: “ Eu, na verdade, batizo nas águas, mas virá Um mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar as correias das sandálias. Esse vos batizará com o Espirito Santo e com fogo. Sua pá está em Sua Mão; e limpará sua eira e ajuntará o trigo no Seu celeiro; porém, queimará palha com fogo que nunca se apaga .” — E assim, admoestando, muitas outras coisas anunciou ao povo.

Sendo, porém, o tetrarca Herodes repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe, e por todas as maldades que Herodes tinha feito, acrescentou à todas as outras ainda esta de encerrar João num cárcere.

Este capítulo trata da prédica de João Batista dirigida ao povo à beira do rio Jordão, preparando-o à Vinda daquele de Quem não merecia desatar as sandálias. Cada ouvinte perguntava a João o que devia fazer segundo seu modo de viver, oficio e posição, e a todos respondia: Praticai o amor ao próximo, de acordo com a situação.

Aquilo que João fez e pregou naquele tempo, eu também faço de há muito. Advirto a humanidade por vários meios, palavras e acontecimentos. Assim como a Minha Vinda fora predita e preparada, se repete para a Minha próxima Chegada. Da maneira como os judeus pensavam e agiam, não estavam em condições de aceitar Minha Doutrina. As criaturas de hoje ainda se encontram mais enterradas no lodo do egoísmo, portanto é preciso despertá-las e adverti-las com maior energia de que o tempo para pensar, o que é necessário fazer, é muito curto. Se para a pessoa adormecida o tempo de sua vida de sonho se desvanece em poucos minutos, o mesmo se dá para quem vive sem se dar conta do porquê. Por este motivo ocorrem tragédias, moléstias, mudanças sociais etc., para despertar as pessoas afundadas em sua letargia.

Se João afirmava Eu ter a pá na Mão para separar o joio do trigo, hoje em dia uso de outros meios para atingir a separação dos bem intencionados dos preguiçosos. Se João criticava o modo de viver de Herodes, hoje em dia o povo, condena os planos ambiciosos de seus governantes. Herodes inundou encarcerar João Batista; hoje em dia os chefes de Estado pretendem conter a língua e o pensamento do povo. Mas, tudo isto é em vão! A Palavra, portadora espiritual de Minha Vontade, é muito mais poderosa que domínio e armas. Ela ultrapassa como ser invisível as barreiras do mundo material e rege tudo espiritualmente, onde Eu Mesmo sou a Palavra.

O povo prestava atenção a João; mas, se se tratava de sacrifício e renúncia, virava-lhe as costas, como fez o jovem rico a Mim. Hoje em dia a maioria das pessoas se ri dos que recebem Mensagens diretas e com sorriso de escárnio se afasta, julgando-se mais inteligente que os outros com sua linguagem do coração.

Pobres criaturas! Virá uma época em que toda a vossa sapiência não vos proporcionará paz nem conforto. Durante os acontecimentos que cairão sobre vós, estareis entre dois mundos, acusando a Deus e ao destino das crueldades, porque o mundo material vos impelirá com escárnio e o espiritual não vos aceitará.

João previa tais sofrimentos e queria sacudir o povo judaico para sua regeneração. Hoje, quando quase todas as qualidades nobres da natureza humana já foram enterradas e apenas o egoísmo rege com todos os seus atributos, faz-se ouvir a mesma advertência positivada por desastres e calamidades, para alcançar aquilo que, com meiguice, ficou sem efeito.

Submeti-Me ao batismo físico com água; agora é preciso aceitardes o invisível batismo espiritual com Meu Espírito. A Luz Divina Se projetou sobre Mim em forma de pomba, apontando Minha Descendência e Minha Morada de antanho e do futuro.

Fazei o possível para que os eflúvios de Luz e Graça não sejam inutilmente derramados sobre vós. Mostrai-vos dignos de vossa descendência e futura filiação. Naquele tempo a Voz Se fez ouvir: Eis o Meu Filho, em Quem Me comprazo! Possa ecoar em vosso coração a mesma Voz que vos assegura do caminho certo junto de Mim.

5.° Prédica

O NASCIMENTO DE JESUS

Lucas 2, 1-14. E aconteceu que naqueles dias saiu um decreto de Cesar Augusto para que todo mundo se alistasse. E todos se alistaram, cada um em sua cidade. Então José da Galileia saiu de Nazareth à Judéia, à cidade de Belém, para alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que ela ali deu à luz a seu filho primogênito e envolveu-o em panos, deitando-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Naquela comarca havia pastores no campo que durante a noite guardavam o seu rebanho. Eis que o anjo do Senhor se aproximou e a Glória Dele os cercou de esplendor, causando-lhes grande pavor. Mas ele lhes disse: “Não temais, porque vos dou novas de grande alegria que também será para todo o povo: Pois hoje nasceu na cidade de Davi, o Cristo, o Salvador, o Senhor. Como prova, achareis o Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. No mesmo instante apareceu uma multidão de exércitos celestiais louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens de boa vontade!”

Este capítulo trata de Meu Nascimento, um dia de festa que comemorais anualmente no dia 25 de dezembro. Os pormenores que acompanharam Meu Nascimento conheceis da "Minha Infância" e também pelo relato dos apóstolos. No entanto, se ocultam certos pontos que desconheceis no seu teor de interpretação espiritual. Por isso transmitirei as minúcias, para perceberdes que mesmo elas têm uma importância elevada e se repetirão espiritualmente durante Minha Segunda Vinda nessa pequena estrela.

Se lá a Terra era destinada precisamente naquele momento e aquele povo fora escolhido a ser testemunha do grande ato de Graça e Amor que se dava para vós e todo o mundo espiritual, podeis estar certos de que na Minha Segunda Vinda visível serão escolhidos época e país mais propícios.

Neste dia entreguei-Me — o Senhor do Universo — ao sacrifício da humilhação e revesti-Me de matéria deteriorável do planeta. Em bilhões de outros seres representa o tipo mais ínfimo do homem, pois em outros mundos muitos habitantes deixam para trás a criatura terrestre na sua figura externa, como fraca imitação do Meu Próprio Eu. No entanto, não obstante os outros ultrapassarem os terrestres, espiritualmente estes se destinam para algo superior. Se para eles sorri a primavera eterna, vivendo em situações que vossa imaginação não alcançaria, carece-lhes o conhecimento claro de Meu Eu, de Minha Criação espiritual e Meu Amor Paterno. Eles são bons porque não existe nenhum mal que os possa seduzir. Reconhecem um Ser Supremo e se prosternam diante Dele, mas ninguém se atreveria a pensar, que Ele deseja abraçar um ser criado no Coração Paternal, chamando-o de filho. Isso é reservado somente àqueles que têm que conquistar tal posição através de lutas e vitórias, para se tornarem filhos de Deus. Onde se estabelece tal escola espiritual, é preciso haver, ao lado da maior elevação, o polo contrário; ou seja, o pior aviltamento e a queda do bem. Para mostrar que entre tais extremos pode haver um progresso para o bem, uma vitória sobre todos os impedimentos, Eu Mesmo Me revesti da figura mais insignificante, descendo ao vosso planeta que, no que diz respeito à formação e grandeza em Minha Criação, pode ser comparado ao infusório entre todas as belezas da Terra.

Se no Meu Universo tudo é criado com o máximo zelo e o último infusório é tão perfeito quanto o homem, é uma prova do Meu Princípio criador passando por todos os degraus, onde no mais ínfimo Eu sou Maior como Criador e Senhor. Esee foi o motivo por que escolhi o menor planeta, para mostrar Minha Grandeza Total, provando ao mundo dos espíritos e da matéria que só no menor existe a possibilidade do maior, que justamente no maior aviltamento é conseguida a maior Glória, e quem tudo dá merece receber tudo.

Assim, Meu Nascimento não ocorreu num palácio projetado para pessoas importantes, mas na mais simples situação. Em todas estas circunstâncias, era necessário indicar o elevado Espírito do Meu Nascimento.

Justamente naquela época, Herodes havia ordenado o alistamento. Não nasci numa casa construída pelo homem, mas em Minha Própria Casa, debaixo do Céu, numa gruta do mundo. Não havia testemunhas de imperadores e reis, nem outras pessoas, mas apenas animais incorruptos em seu destino. O alistamento cooperou para a viagem de Maria, a fim de realizar o que proporcionou a honra ao Rei Universo. Milhões de espíritos de luz cantavam: "Honra a Deus nas Alturas e paz aos homens da Terra!" Eles e os animais estavam presentes no Meu Nascimento, do Senhor dos Exércitos celestiais, envolto em fraldas. Devido ao alistamento, Meu Nascimento não ficou desapercebido. Justamente o cruel Herodes, como tetrarca, regia em Jerusalém para dificultar mais ainda a situação precária do Meu Nascimento, Minha educação e Minha futura Vida. Isso para, através da vitória sobre todas estas dificuldades, ficar provado que, muito embora Me tivesse colocado na situação mais penosa, Eu resolveria Minha Missão diante do mundo espiritual! Além do exemplo da humildade e renúncia, faria desse pequeno planeta uma escola para Meus filhos destinados a transformar — para os seres de outros planos — a imagem de um Grande Espírito e Criador de Toda a Natureza, na de um Pai Amoroso.

Aquilo que resolvi há incontáveis eões e iniciei há mil anos, aproxima-se do fim. Minha Doutrina, Meu Verbo — que não pode ser trocado por outro melhor — tem que atingir Seu Valor. É preciso que o Amor chegue a reinar, e todas as paixões que foram deitadas no coração a fim de merecer o Meu Amor através de lutas e renúncias têm que ser depositadas aos pés do altar do Amor. Ódio, vingança, orgulho etc., as más tendências de homem, têm que ser levadas ao silêncio. A cruz, na qual pedi perdão pela humanidade perdida, deve ser amada, venerada e em caso especial carregada como símbolo da reconciliação e prova a que Eu Me submeti, podendo levar as criaturas a alturas espirituais.

Eis a razão das situações e acontecimentos negativos que se apresentarão cada vez mais. Assim como durante Minha Passagem terrestre, quando no final as circunstâncias aparentemente trabalharam contra Mim e provocaram Minha queda e morte; no entanto, contribuíram pela volta ao Meu Reino, como Minha maior vitória e solução de Minha Missão. E haverá desastres e prenúncios de catástrofes, para que o homem, qual fênix, surja das cinzas de conceitos queimados como produto espiritual de um Criador, filho de um Pai Celeste.

Eis o destino da humanidade, que qual nau abandonada se deixa levar. Mas as paredes artificiais de proteção criadas pelo intelecto têm que ruir e devem ser destruídas as barreiras do nascimento, da posição social e noções supérfluas. O homem tem que deixar de pensar com a razão e aprender primeiro a sentir com o coração. O calor acolhedor do amor tem que aquecer primeiro a alma toda, então a sabedoria poderá fazer sentir aquilo com que Eu a dotei e criei.

Sempre que Eu, como Cristo, chamava o Meu Pai no Céu, era a Sabedoria que pedia ao Amor para frear Sua Ação ilimitada. Assim como Amor e Sabedoria só podem existir em conjunto. Eu, como Cristo, estava unido ao Pai, podendo afirmar: “Ninguém Me conhece senão o Pai no Céu, e só Eu O conheço!”, ou: “Voltarei junto de Meu Pai!” etc; quer dizer, o mundo todo foi criado por Amor, mas a Sabedoria instituiu Suas regras. O Amor cria, a Sabedoria sustenta. O Amor como Pai elaborou o máximo símbolo da pureza, e Eu, a Sabedoria como Filho, a provei pela ação. Assim como Amor e Sabedoria, somente unidos, perfazem a totalidade de Meu Eu para provar a Minha mais perfeita Semelhança, o homem também deve se tornar a expressão de Amor e Sabedoria. Deve primeiro aprender a amar e depois se tornar sábio para entender a Mim, Minha Criação e sua missão.

Eis aí Meu Zelo para convosco; sois impelidos pelos acontecimentos para realizar o renascimento de vosso Jesus no coração. Assim Ele poderá, como cópia de Amor e Sabedoria, vos guiar para poder exclamar dentro em breve, Pessoalmente, pela segunda e última vez: Está consumada a grande Obra de Salvação.

Mostrei aos Meus espíritos como o impossível se tornou possível! Dei o exemplo e fiz de Minhas criaturas terrestres cidadãos importantes do Meu Reino infinito, para Meus filhos. Ficou consumado o que iniciei na manjedoura em Belém, aquilo que milhões de espíritos angelicais cantavam, sem serem compreendidos.

Completei a Obra da Salvação, do Amor, do Perdão. O mundo está purificado dos detritos do amor-próprio, e mesmo que aflição e desastres triturassem os corpos, não poderiam prejudicar o seu espírito. O homem se encontra acima dos destroços do mundo, estendendo os braços ao Salvador Divino que exclamará: Vinde a Mim, que sois sobrecarregados, para poder tirar vosso peso e vos aliviar. Vinde a Mim, lutadores pelo Amor e a Sabedoria, para receberdes a coroa da Vida, e que as portas do mundo espiritual se abram, para verdes os anjos louvando e cantando as mesmas Palavras de antanho: Louvado seja Deus nas alturas e paz aos homens na Terra! Pois Ele veio ao que era Seu e Seus filhos O reconheceram! Amém.

6.° Prédica

DOMINGO APÓS O NATAL

A CIRCUNCISÃO DE JESUS NO TEMPLO

Lucas 2, 33-40. E José e Maria se admiraram das coisas que se diziam Dele. Então Simeão os abençoou e disse a Maria: "Esse é posto para queda e elevação de muitos em Israel e para prova que será contestada; uma espada transpassará também a tua própria alma, a fim de que se manifestem os pensamentos de muitos corações. E ali também estava a profetiza Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. De idade avançada, tinha vivido sete anos com o marido, desde sua virgindade. Era viúva de 84 anos e não se afastava do Templo, servindo a Deus com jejuns e orações, dia e noite. Ao aproximar-se, deu graças a Deus e falou de Jesus a todos que esperavam a redenção em Jerusalém.

Quando acabaram de cumprir tudo segundo a lei do Senhor, voltaram para sua cidade, Nazaré. E o Menino crescia e Se fortalecia em Espírito, e a Graça de Deus estava com Ele.

Este capítulo trata no início do Meu Nascimento, mais tarde de Minha Circuncisão e finalmente dos três dias que pasmei, aos doze anos, no Templo de Jerusalém. Omiti a chegada dos três magos do Oriente, o infanticídio, a fuga para o Egito e o retorno após a morte de Herodes, pois tudo isto consta do Evangelho de Jacó.

Fiquemos no texto acima: José e Maria se admiraram. De quê? Das palavras proféticas de Simeão e Ana que reconheceram no Menino Jesus o Salvador, não somente dos judeus, mas de toda a humanidade, que veio para libertar o espírito do jugo matéria.

É fácil compreender-se que José e Maria não entenderam proféticas, pois não sabiam como se manter diante da Concepção até o Nascimento. Muito embora os judeus estivessem habituados a receber Mensagens diretas de Mim, eles não acreditavam até que elas se cumprissem.

Aguardavam um Messias, mas a estas esperanças se prendiam desejos materiais. Ele deveria nascer num palácio e, como herói, salvá-los do jugo odiado dos romanos. Que o filho de um carpinteiro pudesse ser seu Salvador, estava fora qualquer cogitação. Eis a razão por que José e Maria se admiraram das palavras de Simeão e Ana. A própria Maria havia passado por fatos tão milagrosos, que se sentia insegura diante de tudo. Deu à luz um filho sem ter conhecido um homem como motivo de seu afeto. Era mãe sem ter sentido esta sensação em sua profundeza, pois geralmente é o filho o elo que une o casal para um todo.

Assim, Maria era Mãe e se alegrava do fruto de seu ventre; no entanto, era antes um sentimento de piedade do que o êxtase de abraçar uma prova do amor conjugal. Não entendia o que se passava com ela e agia passivamente, seguindo os sentimentos maternais. Tal sentimento oculto aumentava quando, além das dúvidas, soubera coisas ainda mais incompreensíveis ao levar o Menino ao Templo para Sua circuncisão.

As palavras de Simeão eram enigmáticas, tanto mais quanto ele reconheceu na Criança algo que ela desconhecia. Principalmente o texto: "Esse é posto para queda e elevação de muitos em Israel e uma prova que será contestada; e uma espada traspassará a tua própria alma, a fim de que se manifestem os pensamentos de muitos corações". Que seu Filho poderia Se tornar algo extraordinário seria admissível, diante das ocorrências havidas na Concepção e no Nascimento. Ter tido em seu ventre um Deus como homem, o Messias esperado como Regenerador espiritual de toda a humanidade, — isto tudo não entrava em sua mente. Até mais tarde, na Minha Crucificação, ela chorou pelo Filho, mas não por Deus. Só após Minha Ressurreição ela se positivou naquilo que Eu havia predito. A espada que fora traspassada pelo peito era apenas a dor maternal, pois, se soubesse e reconhecesse Quem Eu era, eia não deveria chorar, mas alegrar-se. Muitas vezes repeti o que Me aguardava e como havia de vencer a morte a o inferno. Mas, onde estava a convicção de que Eu, humano, fosse Deus? O Senhor de exércitos celestiais deveria morrer na cruz, prova de vexame e desonra?! Eis o motivo da admiração de José e Maria.

Não entenderam Quem viria para a queda e ressurreição dos judeus: a destruição do reino judaico cinquenta anos após Minha passagem, a "ressurreição" de muitos judeus para cristãos, e a transformação do sinal da cruz, máxima sublimação posterior.

Julgais que haverá maior compreensão entre os homens quando Eu voltar? De modo algum! Haverá quantidade de admiradores que verão em Mim, o Cristo, apenas uma criatura entusiasmada por Deus. Minha Volta se iniciará na idade adulta e haverá muitos céticos, sendo Eu obrigado a provar por milagres o que não foi possível à força do Verbo.

Assim, a História de Minha Infância se repetirá em seus traços principais, mas espiritualmente, pois o entendimento progrediu, havendo maior número de crentes do que descrentes.

Se Eu Me submeti à circuncisão segundo o culto judaico, aceitai o Batismo de Meu Amor como primeiro passo na participação de uma congregação. Afastai de vosso coração o que não deve ser alimentado e procurai diariamente entender melhor a Mim e o Meu Mundo, para que a espada não venha traspassá-lo e choreis por algo que não tem valor. Aceitai as coisas como são, cumpri vossa missão, para não vos arrependerdes de algo quando bater a hora da despedida. Assim Me compreendereis como fez Maria na Minha subida, sentindo que Aquele que conheceste como Cristo é muito mais sublime e amoroso, mas que também as exigências são muito maiores do que imaginastes.

Muitos creem e Me amam como fez Maria. Mas, isso não é suficiente. Só na cruz e na Ressurreição ela percebeu que Eu era não apenas Homem, mas Filho de Deus — a Sabedoria separada do Amor — que após três dias na tumba voltou ao Seu Reino do Céu e posteriormente Se apresentou em Espírito junto de Seus apóstolos e de Sua Mãe. Tratai que o Cristo renasça em vós, como Ele foi e ainda é, para não vos admirardes de encontrá-Lo diferente de vossa imaginação. Eis uma advertência para a imitação. Amém.

7.° Prédica

O MENINO JESUS NO TEMPLO

Lucas 2, 42-50. Tendo Jesus já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa. No regresso, o Menino ficou em Jerusalém e os seus não o sabiam. Pensando que ele viria em companhia de outros, andaram durante um dia e procuraram-no entre parentes e conhecidos. Como não o encontrassem, voltaram à cidade em busca dele. Após três dias, o acharam no Templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos que o ouviam admiravam-se de sua inteligência e respostas. Os pais, vendo-o, maravilharam-se e sua mãe disse: " Filho, por que nos fizeste isso? Eu e teu pai te procurávamos !" E ele respondeu: " Por quê? Não sabeis que devo tratar dos negócios de meu Pai?" E eles não compreenderam suas palavras.”

Este texto é do conhecimento de todos e vamos considerá-lo apenas espiritualmente, porquanto se repetirá e já está se repetindo. Muitas vezes disse que toda ação daquele tempo, de Meu Nascimento até a Ressurreição, tem dois, não três sentidos. Não falei apenas aos judeus, mas para a humanidade também futura, e se destinava igualmente para o Meu Reino dos espíritos que acompanhava atento como Eu concluiria Minha Missão.

Estando revestido da natureza humana, tive de lutar contra todas as paixões para voltar de onde Eu viera. Igual a cada criança, fui obrigado a desenvolver a Minha Alma, organizar noções e compreensões para adaptá-La ao Meu Espírito, e demonstrar finalmente aos Meus espíritos criados a capacidade de espiritualizar Minha Alma à Sua Semelhança. Deste modo, demonstrei ao grande Reino espiritual como a criatura pode chegar à Minha Filiação, dando o exemplo, pela luta e submissão, e a que preço é alcançada a união Comigo.

Se esse desenvolvimento ocorreu mais rapidamente do que nos homens comuns, se como Criança pronunciava Palavras do Espírito, se no Templo forneci explicações e efetuei até milagres, isto tudo era devido ao Espírito oculto em Mim que facilmente iluminava o físico na menor alteração. É preciso considerar que Eu não dispunha de vida prolongada, mas apenas de trinta anos, durante os quais amadureci para a grande Obra, sobrando-Me três anos nos quais era previsto deitar a pedra fundamental para a Doutrina eterna, sem a qual nem o mundo dos espíritos e da matéria poderia subsistir. Não bastava ter criado espíritos dotados de grande poder e qualidades. Também tinham que estar cientes porque lhes havia conferido tais dons, pois pelo bom uso deviam honrar-Me e entender a fundo a Minha Criação. A finalidade de Minha Descida à Terra se prendia à construção moral do Reino dos espíritos, dar-lhes seu verdadeiro valor espiritual e transmitir a noção que a matéria era apenas elemento espiritual sob fixação, que só podia voltar a Mim como partículas de Meu Eu espiritual, em longas trajetórias.

Assim, os acontecimentos de Meu Nascimento, fuga e volta à Judéia eram apenas fases previstas na evolução de Minha Alma. No Templo também confirmou-se o mesmo princípio, pois aos doze anos comecei a mostrar alguns rasgos espirituais que ultrapassavam os conceitos religiosos e vitais. Alguns dos ouvintes foram despertados para a meditação, porquanto em todo o povo judaico a atenção se dirigia à Vinda do Messias, movido pelas profecias.

Era natural que aguardassem um Messias diferente, esperado para a libertação do jugo de uma nação estrangeira. Todos estavam de olhar voltado para baixo, enquanto o Messias vinha do Alto. O que ensinei no Templo, no qual em vez de responder dava problemas aos doutores, tinha a finalidade de provar seu conhecimento escasso daquilo que pretendiam saber com exclusividade. Minha Atitude visava o efeito da Palavra, portadora do mundo espiritual, sua ação eterna e a semente para Minha futura Doutrina. Durante aqueles três dias, conquistei bons adeptos, ao passo que os fariseus e sacerdotes se tornaram Meus adversários. Justamente por esse contraste, Meu Pão espiritual perdurou e frutificou. Se todos fossem de comum acordo, ninguém mais haveria de se lembrar do Mim e de Minhas Palavras, pois Me consideravam um Menino esperto, talvez também um pouco irônico.

O fato de Me ter retraído no invólucro de carpinteiro, desviando a atenção de Minha Pessoa, devia fazer esquecer Manifestações do Meu Espírito, para — como Homem positivar o que não se acreditou quando Eu era jovem.

Maria tampouco entendeu as Minhas Palavras: " Não sabeis que devo tratar dos negócios de Meu Pai?" — Nem ela nem José as entenderam, pois, presos ao culto judaico, jugavam que religião se prendia apenas na conservação do mesmo. Não Me conheciam, muito menos ao Meu Pai; para eles existia somente um Deus Uno. Mesmo que reconhecido Meu Eu divino, não entenderiam Minha Natureza dupla: Eu e o Senhor — Filho e Pai.

Deste modo deu-se a maturidade de Meu Eu para, na época em que terminaram os laços de parentesco, dar início ao elo com a humanidade e o grande Reino dos espíritos. Minha Alma, em união com o Espírito divino doutrinou e provou aquilo que consta no Evangelho, e com traços indeléveis fora escrito no grande plano da Criação: Disposição e compreensão justa dos Atributos divinos, explicação e assimilação certa da dignidade humana e espiritual com relação ao Criador e Sua criatura. Este foi o grande resultado de Minha Doutrina divina, pois foi dada por Deus, que a legou aos Seus descendentes como única medida, demonstrando como se pode amar e se aproximar de Deus como Pai.

Depois de terdes compreendido o porquê de Minha Vinda ao mundo e porque o motivo dos acontecimentos de Minha Juventude só podiam ter aquele desfecho, explicarei a relação de Minhas Perguntas aos sacerdotes com a época atual. De um modo geral é a fase da infância e adolescência o despertar do espírito, em que a alma deseja angariar conhecimentos intelectuais, analisando as coisas externas e também não é surda para a voz interna, que geralmente se pronuncia de modo não desejado. Tal fase de adolescência, o despertar do longo sono de fé, ocorre atualmente. O movimento espiritual que se apossa de todos se mostra na crítica da fé, nas perguntas que as almas despertas fazem aos dirigentes de religião, teólogos o escribas atuais, mas que esses, por estarem cansados, procuram resolver com outras perguntas. Justamente o 12.° ano, precursor de Minha Doutrina posterior, leva alguns à calma, outros ao desespero. " No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e Deus Mesmo era o Verbo !" Novamente é a Palavra - expressão de um produto espiritual — que desperta milhares de pensamentos, dando motivo para discussão. A Palavra é qual avalanche, no início pequena, crescendo cada vez mais, levando tudo ao abismo. Assim como a avalanche liberta montanhas de sua cobertura de neve, facilitando a aproximação da luz solar, do mesmo modo chega a desmoronar a construção espiritual do mundo dos pensamentos, e o brilho da Graça divina ilumina e aquece os corações endurecidos. Assim se dá a preparação do grande processo purificador. Até as relações sociais, resultados do mundo espiritual, se manifestam e exigem compensações e respeito aos direitos humanos. Eis o 12.° ano, ou seja, a primavera que precede ao verão, no qual os frutos amadurecem para no outono haver a colheita esperada. Também para Mim o 12.° ano foi o da primavera. Meu Tempo de Doutrinação, o verão; e os últimos quarenta dias até a Ascensão, a Colheita.

Portanto, também assistireis como tudo se desenvolve paulatinamente nas mesmas leis e períodos. Após os anos da primavera e fermentação virão os anos de verão, com tempestades e trovoadas, e finalmente os anos de outono, onde Eu, como Ceifador, separarei o trigo do joio, transferindo para os Meus Céus e corpos cósmicos espiritualizados o que há de melhor, mas banindo o imprestável na matéria condensada, onde terá que ocorrer em longa trajetória o que fora rejeitado numa mais curta.

Preparai-vos — através do processo de purificação interna — para fazerdes o mesmo que Eu fiz na totalidade. Que cada um liberte seu coração do mundanismo para suportardes as tempestades e trovoadas com força espiritual. Assim surgireis como a flora no campo e o outono vos produza fruto amadurecido em ações e palavras, merecedores do Pai Celeste! Só assim conquistarei o Meu Reino, Meu Amor e vossa paz da alma, pois vos transformastes em árvores fortalecidas pelas intempéries. Considerai a Minha Chamada dada de formas tão variadas. Ela, só visa vosso bem, que podeis alcançar quando quiserdes. Amém.

8.° Prédica

AS NÚPCIAS EM CANÁ

Joao 2, 1-11. Ao 3.° dia fizeram umas bodas em Caná da Galileia, e estava ali a Mãe de Jesus. E também foram convidados Jesus e Seus discípulos. Faltando o vinho, a Mãe de Jesus Lhe disse: “ Eles não têm vinho.” Respondeu Jesus: “ Mulher, que tenho Eu contigo? Ainda não é chegada a Minha hora!” Sua Mãe, então, disse aos serventes: “ Fazei tudo quanto Ele vos disser!” Mas ali se encontravam seis talhas de pedra para as purificações dos judeus e em cada uma cabiam dois ou três almudes. Jesus lhes disse: “ Enchei de água essas talhas.” E encheram-nas até em cima. E acrescentou: “Tirai agora e levai ao mestre-sala.” E foram. Assim que o mestre-sala provou a água feita vinho, não sabendo de onde viera − se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água − ele chamou o noivo e disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando tiverem bebido bastante, então oferece o inferior. Mas tu guardaste até agora o bom vinho. — Esta foi a primeira prova feita por Jesus, em Caná, na Galileia, manifestando Sua Glória. E Seus discípulos creram Nele.

Com este acontecimento ocorrido no início de Minha Ação doutrinária, embora ainda não Me tivesse pronunciado, queria justamente chamar a atenção pelas circunstâncias nas bodas; pois em breve terminaria Meu Caminho oculto.

As bodas são fatos comuns que sempre se repetem; mas nelas se oculta algo espiritual, muito embora as criaturas as tomem como algo comum. Se fosse apenas isso, Eu lá não estaria; assim visava finalidade bem mais importante que não deveria ser conseguida por fatos extraordinários. Os judeus deveriam ser influenciados de Minha futura vida doutrinária. Todas as ações mencionadas nessas prédicas semanais contêm em sua atual repetição um sentido muito mais profundo. Agora que tudo se repete espiritualmente, as épocas também serão maiores que durante Minha curta Passagem em vosso planeta de trevas. Lá dispunha apenas de curto tempo para realizar fatos grandiosos e de duração eterna. Atualmente trata-se da futura perfeição educacional da humanidade, portanto o fluxo dos acontecimentos é mais lento, porém mais violento, vencendo todos os obstáculos que porventura queiram se antepor aos planos de Minha última Chegada.

Voltando às bodas de Caná tenho que explicar o que vem a ser um casamento celebrado por vós e como Eu desejava que isso fosse feito para reconhecerdes a importância espiritual sobre toda humanidade, isso é, a união de duas criaturas no sentido intrínseco.

Um casamento é nada mais que o ponto final de uma combinação precedente de duas pessoas que, atraídas pela simpatia, seguem o ímpeto de sua alma. Estão dispostas a não renunciar a esta união espiritual durante toda a vida e a suportar alegrias e sofrimentos. Deste modo dá-se esse ato legal em que cessa de certo modo a individualidade isolada, tendo como consequência uma vida em comum da família. Tal ato de duas almas e sua união duradoura não se deveria prender apenas à curta existência terrena, mas servir igualmente para a vida no Além onde ambos, cada vez mais unidos pelo mesmo ideal, tornam-se um coração e um sentimento. É natural que o amor deve ser a base para constituir a família, que encerra, além do sentimento moral, também o respeito mútuo. Sabeis perfeitamente que as uniões ou compromissos espirituais para toda vida nem sempre têm o amor espiritual e o respeito mútuo por base, mas a atração sensual ou interesses materiais.

Também no Meu tempo era fato comum dar maior importância a vantagens materiais e atrações físicas. Minha Lei determinada em toda a natureza não foi o motivo exclusivo, pois desejava frutos espirituais que deveriam procriar e enobrecer as vantagens do sentimento recíproco.

Tal foi Minha lei matrimonial que depositei em a natureza pelo ímpeto da procriação como motivo de uma escada eterna até junto de Mim. Esta foi Minha Vontade, — e que vós fizestes? Um mercado de carne humana e vendedores de almas! Quando aceitei o convite às bodas em Caná, não fui movido pelo motivo material, pois queria ceder ao desejo de Minha Mãe e além disso deitar a primeira pedra fundamental do Meu grande Reino dos espíritos. O fato de ter transformado água em vinho e que os noivos o declararam como o melhor, é espiritualmente de maior importância para hoje do que lá com efeito material.

O que afirmei da união de duas almas ocorre indiretamente entre vós em virtude da tendência geral da aproximação das várias seitas cristãs na base do Verbo para, unidos como um casal pelo amor e ligadas por Mim como meta final, constituam uma união terrena e futura.

Eis o sentido espiritual das bodas de Caná. Já ocorre uma aproximação, um relacionamento espiritual, reconhecendo a diferença insignificante de credos e interpretações dos textos bíblicos iguais. Através deste intercâmbio de opiniões diminuem as pretensas dificuldades para desaparecerem no final. Na época atual dão-se os preparativos para uma vida em comum, para então comemorar a festa da união, das bodas.

Se ela se aproxima da meta final, Eu também transformarei a atual água de fé em Meu Vinho espiritual. E muitos perguntarão como fez o mestre-sala: Por que tomamos primeiro o vinho ruim, guardando o bom até o final? — Então responderei: Porque antigamente não tínheis capacidade de valorizar e apreciar devidamente o Meu Vinho do Amor, e o resultado seria apenas abuso. Mas agora que vos saciastes do vosso vinho ruim misturado pelos homens, ficastes mais calmos podendo diferençar entre o bom e o mau; então chego Eu e não vos dou algo novo, mas o mesmo vinho, apenas isolado de suas partes nocivas. Tornou-se um néctar divino, merecedor apenas dos que, deixando para trás sensualidade e matéria, reconhecem sua natureza espiritual e estão ávidos por alimento e bebida espirituais.

Eis agora a tendência das almas saturadas do caldo desagradável e que lhes fora oferecido como bebida divina. Pressentem algo melhor, cada um acredita que um outro tenha aquilo de que ele carece. Através dessa procura e pesquisa, caem os empecilhos do fanatismo religioso, e a união marcha para o fim, quando chegarei, havendo então apenas um pastor e um rebanho.

Essa é a explicação das bodas de Caná. Considerai-a e prestai atenção às alterações religiosas e vereis que em toda natureza também um elemento procura seu semelhante e... o encontra! Assim, os espíritos de índole idêntica se aproximarão para celebrarem as bodas, o dia da união eterna. Então todos unidos aspirarão ao Meu Encontro, para merecer o nome dado por Mim aos que praticam Minha Doutrina e transformaram o Meu 1.° Mandamento do Reino espiritual e material como axioma de sua vida, para se tornarem filhos espirituais de um Pai Celeste. Amém.

9.° Prédica

A CURA DE UM LEPROSO

Mateus 8, 1-4. Ao descer do monte, uma grande multidão O seguiu. Eis que veio um leproso e O adorou dizendo: Senhor, se quiseres podes purificar-Me. Jesus, estendendo Sua Mão, tocou-o dizendo: “ Quero, sê puro!” — E logo o doente ficou purificado da lepra. Então Jesus lhe disse: “ Não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta a oferta determinada por Moisés, para lhe servir de testemunho.”

Este capítulo de Mateus menciona várias curas e milagres dos Meus primeiros anos de doutrinação. Eram necessários, para dar aos judeus fanáticos uma outra ideia das leis moisaicas e de Jehovah-Zebaoth. Tive que agir ativamente, porque Minhas Palavras apenas não teriam êxito.

Aqui se menciona que curei um leproso pelo simples toque. Tal ato hoje é impossível e não se enquadra na Minha Vontade. Se interpretais a lepra espiritualmente, Eu teria que transformar pessoas nem sempre boas em anjos, de nenhuma utilidade para Mim, nem para Meu Reino espiritual, nem para a própria criatura, nem para sua alma e seu espírito subitamente transformados.

O que vem a ser a lepra, de onde vem e como pode ser curada? A lepra é aquela moléstia na qual — por abusos sexuais, ou no comer, ou na falta de higiene — foram depositados tantos elementos nocivos no organismo, que todo ele deixa de funcionar. A fim de reorganizar uma atividade normal e natural a todas as partes do corpo, a natureza humana deposita os elementos venenos no maior e muito importante órgão; isso é, na pele. Através dela se dá a maior ligação com o mundo exterior; primeiro, para se livrar do peso estranho e incômodo do elemento venenoso; segundo para, através deste recurso, acionar a pele e por ela provocar uma maior atividade em todo o organismo, ajudando-o a retornar à antiga saúde.

A fim de ajudar mais rapidamente tais leprosos psíquicos, permito certas circunstâncias para apressar o processo de limpeza da alma, proporcionando igualmente elementos positivos e espirituais.

Tanto a cura interna como a espiritual têm que ocorrer de dentro para fora. Pelo fato do nocivo se externar, sendo dissolvido pelo convívio de outros e absorvido pelo mundo exterior, o interior vazio é preenchido por recursos morais e espirituais, e a criatura é reconduzida ao estado normal como semelhança do Criador e reconquistada para o mundo espiritual.

Assim como a lepra é contagiosa para quem tem contato com tais doentes, o mesmo sucede à lepra espiritual, porque pelos maus princípios seduz também outros a ações perniciosas.

Eis o mundo imoral desta época. É impossível Eu curar espiritualmente um leproso pelo toque, pois ele tem que se curar por si mesmo. Minha Influência consiste apenas em estabelecer condições tais que ele seja liberto mais rapidamente e com violência de seus hábitos anti-higiênicos. Purificá-lo espiritualmente seria uma intervenção na dignidade do homem. Se Eu quisesse transformar demônios em anjos sem luta e renúncia, onde ficaria o seu mérito?

Portanto, não se dará mais essa espécie de cura milagrosa, para sempre. Acontece, porém, seguidamente o que ocorreu ao Comandante de Capernaum, que acreditava somente em Minha Palavra, com fé e confiança absolutas, e com as palavras: “ Senhor, não mereço que entres em minha casa; dize apenas uma Palavra, e meu servo ficará curado !” Provou como deve se constituir o verdadeiro cristão. Não obstante a aparência humilde, confiou em Minha Conduta, creu em Minhas Palavras, confessou abertamente Minha Glória, sem esquecer sua falta de mérito.

Almas que Me procuram pedindo com humildade, Eu as toco com o Meu Dedo ou as curo com Minhas Palavras de consolo e paz, curas impossíveis de se alcançar de outra maneira. Para elas aplica-se também o que Eu disse em Capernaum, pois só aos crentes humildes pertence o reino do Céus, e não aos que ainda se orgulham de sua moléstia. Esses ainda precisam se purificar, do contrário reconhecerão, às vezes tarde demais, através de experiências amargas, que teria sido melhor examinar as más tendências — a lepra espiritual — que apresentavam abertamente. Esse não é o caminho para a Vida eterna junto de Mim. Enquanto não compreenderem — como fez o Comandante de Capernaum — que humildade e amor ligados à confiança ilimitada são as únicas chaves para se alcançar tudo de Mim e ajudar a si mesmas, fatos tristes, moléstias e desavenças de toda espécie hão de perturbá-las, até que as chagas desapareçam quando substituídas internamente por elementos de Vida, Fé e Amor.

Também vós tendes certas moléstias na vossa pele psíquica que demonstram não terdes feito a purificação, nem realizado externamente o elemento espiritual que há anos vos envio. Lêdes e acreditais muita coisa, mas que ainda não mostram vestígios na pele externa de vossa pele psíquica, como prova que tal alimento de Graça e Amor a tivessem penetrado. Muitos ainda não manifestam sua indignidade como o Comandante, que disse: “Senhor, não mereço tantas Graças! Basta uma Palavra de Consolo, e até mesmo esta seria demasiado para mim, criatura pobre, fraca e insegura!”

A maioria de vós acredita — como os judeus daquele tempo — ter feito tudo agarrando-se à letra e aos ensinamentos Meus. Ainda está longe da prática das Palavras do Pai. Como os judeus só pediam o que lhes parecia mais importante, assim é também vossa atitude. Estais sempre prontos para o entusiasmo pelo Verbo e a conversão de outrem, varrendo a soleira da porta alheia, deixando o vosso detrito à vontade, e aguardais — como o leproso — que Eu talvez venha para transformar-vos em criaturas de alta moral. Eis o grande erro! Desconhecendo vossos males, sois incapazes de curá-los.

Advirto-vos: Examinai vossa pele psíquica, e ao descobrirdes tais elementos nocivos, isso vos sirva de prova que abrigais tendências heterogêneas na vossa alma. Substituí as mesmas por substâncias novas e fortes, sendo desnecessário o Meu Toque, pois basta Minha Palavra para curar vossa alma! Amém.

10.° Prédica

A PARÁBOLA DOS TRABALHADORES NA VINHA

Mateus 20, 1-16. O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores da sua vinha. Ajustando com eles a um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça e disse-lhes: Ide vós também para a vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saindo outra vez, perto da hora sexta e nona, fez o mesmo. E saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos e disse-lhes: Por que estais ociosos todo o dia? Dizem eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz ele: Ide vós também para a vinha e recebereis o que for justo. E aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário, começando desde os últimos aos primeiros. — Chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um. — Chegando os primeiros, julgavam que haviam de receber mais: mas também receberam um dinheiro cada um. Recebendo-o murmuraram contra o pai de família, dizendo: Esses últimos só trabalharam uma hora, e tu os igualaste conosco que suportamos a fadiga e o calor do dia. Ele porém respondeu: Amigos, não vos faço agravo: não ajustastes comigo por um dinheiro? Tomai o que é vosso e retirai-vos. Quero dar ao último tanto como a vós, Ou não me é licito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o vosso olho porque eu sou bom? Assim os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os derradeiros. Muitos são chamados, mas poucos escolhidos.

Esta parábola, como muitas outras tinha a finalidade de tornar mais compreensíveis aos judeus, na vida prática, algumas verdades espirituais. Além disso era o simbolismo — como hoje no Oriente — mais usado que hoje em que se prefere o realismo à interpretação. Nestas parábolas se oculta sempre um sentido profundo espiritual que serve para todos os tempos. Vamos analisar e ressaltar sua importância, por ser o sentido espiritual o cerne, e uma parábola apenas seu invólucro.

Naquela ocasião, disse textualmente: “O Reino dos Céus assemelha-se a uma vinha.” O que vem a ser uma vinha? Um pedaço de terra de cujo solo é transformado o etéreo em produto espiritual, através do plantio da vinha, e assim a uva se transforma em vinho pela transmutação de elementos mais grosseiros em espirituais. O que mais é necessário para o amadurecimento da uva? A luz do Sol, pois sem despertador do alto não se produz algo espiritual do conglomerado de elementos variados. O calor dos raios solares ajuda a despertar os elementos adormecidos na terra, depositando o máximo pela circulação na videira, raízes, galhos, folhas e flores. No seu processo de evolução se demonstra a quantidade de substância espiritual na uva, que se apresenta apenas quando deixou de ser uva. Portanto necessita a vinha da influência de três fatores: terra, água e luz, para produzir algo espiritual num degrau mais elevado.

No Meu Reino é igualmente o espírito o elemento primordial, mas materializado em elementos mais elevados só pode ser conseguido através dos produtos inferiores da Criação. Assim como todo esse processo evolutivo do vinho, desde a absorção dos humores da raiz até o mosto dentro do barril, apresenta uma constante transformação e purificação da matéria, em todo o Meu Reino todas as coisas são purificadas e sublimadas, até que no final surja o espírito de veste leve e etérea. Se a raiz da videira absorve da terra os elementos que necessita para o seguinte crescimento do vegetal, também a raiz do espírito se oculta na matéria. Lá se encontram seus primeiros ensaios, desprendendo-se o que é capaz de evoluir e surgir das trevas, da crosta terráquea para a atmosfera. Então entram em ação luz e água para completar o processo evolutivo, fluidificando o que é grosseiro, transformando elementos terráqueos em aquosos. Esses mais facilmente se entregam às influências de regiões mais elevadas, compenetradas de luz e calor.

Em sentido semelhante sucede o processo evolutivo para habitantes de Meus Céus. Por meio do raio de luz e verdade do alto é preciso libertar o que se encontra adormecido na tumba para subir sempre, após a purificação e o despertar da tendência evolutiva. Vedes na Terra como tudo se empenha, desde a matéria grosseira à existência mais leve, para subir por todas as classes no reino vegetal e animal até atingir em sua evolução o próprio homem, último rebento da Terra a alcançar o 1.° degrau espiritual para o Meu Reino. É idêntico à uva, na qual se encontram preparados todos os elementos para o saboroso vinho.

Também no homem tudo é formado de tal maneira, que a influência do alto supera a inferior. Esta foi Minha Determinação. A degeneração e queda deste traçado, por Mim serão ventilados posteriormente.

Através da dissolução do físico, a criatura passa ao reino dos espíritos, onde se repete o mesmo processo. Assim como o espírito algemado na matéria subiu ao máximo degrau possível (ao homem), ele terá que iniciar no Além como simples alma, para evoluir até ao anjo e aproximar-se de Mim. Neste aspecto, o Reino do Céu se assemelha a uma vinha, porque em ambos o progresso de purificação do grosseiro ao mais fino, do fixo ao móvel, é efetuado da matéria ao espírito.

Aquilo que o proprietário da vinha visa materialmente, Eu procuro em espírito. Também busco almas compreensivas em Minha Criação que se prestam a cumprir Minhas Leis de Amor. Por meio de seus ensinamentos e exemplos, devem contribuir a libertar os espíritos presos na matéria, reconduzindo Minha Dádiva purificadora, sublimada e espiritualizada. Assim como o pai de família sai cedo e encontrando os primeiros ociosos os contratou para o serviço, Eu também procuro influenciar as almas jovens, a fim de prepará-las para o Meu Reino. Estendo também Minhas conquistas a todas as idades, ao jovem, ao adulto e ao idoso, pois ignoravam qual sua missão na Terra e o seu futuro no Além. As mesmas fases ocorrem nos povos, pois percorrem o mesmo caminho do homem isolado.

Os princípios de uma Doutrina para o Meu Reino correspondem à fé, ou seja, à infância. Em seguida, vieram os da dúvida e das indagações: a mocidade. Mais tarde, os da consciência pura, do adulto, e finalmente, o que precede a transformação da velhice.

Minha primeira Vinda se deu na época da juventude da humanidade, onde as almas despertas começavam a criticar e explicar a religião, cujo resultado deu em vários credos e religiões. A fim de não se perder a existência espiritual desta grande questão, Eu Me apresentei e salvei o bem assimilado na infância, afastei os cismas sofisticados e devolvi aos homens sua dignidade espiritual, que teria sucumbido em outras circunstâncias pelo mundanismo egoísta.

Na época da juventude com suas particularidades, onde se entrelaçam o maior entusiasmo e a maior humilhação, procurei Meus trabalhadores para a Vinha celeste. Muitos mártires subiram a fogueira, na qual outros deveriam perecer, a fim de cumprir sua missão.

Neste vai e vem entre as grandes ideias, espirituais e materiais, amadureceu a humanidade para a idade adulta. Minha Semente deitada na juventude trouxe seus frutos, se bem que desvirtuada em vários pontos. Novamente convoquei lutadores para o Meu Reino, encontrando-os parcamente. Alguns tentavam separar o joio do trigo, a fim de impedir que na idade adulta toda semeadura espiritual fosse abafada por interesses mundanos. Começaram as guerras e perseguições religiosas, pois se pretendia combater com fogo e espada, ódio e vingança, o que só podia ser vencido por amor e tolerância. Também, esta fase passou com sua séria característica. Os que pretendiam embrutecer e cegar o mundo segundo suas ideias caíam na cova que haviam preparado para os outros. Se encaminhavam para uma reforma, totalmente diversa do que imaginavam.

Deste modo, Meus trabalhadores, se bem que não realizassem tudo, contribuíram muito para que a planta do espírito que contém o vinho mais puro do Céu, fosse preservada da destruição e deterioração.

Agora volto na velhice da humanidade madura para enfrentar em breve uma transformação espiritual. Procuro Meus colaboradores e encontro vários. Não obstante haja na velhice muitos hábitos dificilmente exterminados, a força das circunstâncias fará o pior para afastar o que não se prontifica a ceder à meiguice e ao amor. Assim contrato Meus servidores, e quando chegarem no Além, poderão se juntar aos precedentes, para com eles comemorarem a vitória e dividir a coroa do mérito.

Havia chamado todas as criaturas para este caminho purificador. Mas poucas conseguiram ser escolhidas que, triunfando sobre miséria, dor, sofrimento, preocupações e lutas, sempre carregaram a Minha Bandeira. Muitos também sofreram em seu fanatismo beato, mas errado. Serão no Além os reclamantes, quando virem receber primeiro o prêmio os que foram desprezados por eles. Eram também escolhidos, mas faltava-lhes a força para tal tarefa. Assim terão que se conformar de que os últimos serão os primeiros e vice-versa.

Mas, o Amor eterno que tudo nivela, há de encontrar meios para curar as feridas do orgulho ofendido no qual se fundamentavam erroneamente. Todos vós, a humanidade toda, entrastes na velhice. Aproxima-se a época da dissolução e Minha última Chegada. Eis o motivo da inquietação das almas, pois pressentem a mudança breve dos fatos materiais e espirituais. Procuram às pressas exterminar o mal antes do tempo, para não serem surpreendidas por acontecimentos nos quais não há lugar para a crença atual. Por isso o afinco dos servidores à noite, para reporem nestas poucas horas o que até então não conseguiram realizar. O Dono da Vinha está, portanto, ocupado com o pagamento deles. Hei de distribuir as coroas e palmas de vitória aos que — cedo ou tarde — foram os verdadeiros representantes e divulgadores de Meu Verbo. Tratai de serdes não apenas chamados, mas escolhidos que, na senilidade da humanidade, contribuíram para a conquista de valores espirituais que trarão frutos valiosos após o processo de fermentação, no Céu. Amém.

11.° Prédica

A PARÁBOLA DO SEMEADOR

Lucas 8, 4-15. Ajuntando-se uma grande multidão de todas as cidades, Ele transmitiu a seguinte parábola: Um semeador saiu para lançar sua semente. Uma parte caiu junto do caminho e foi pisada, e as aves do Céu a comeram. Outra parte caiu sobre pedras e, após nascida, secou porquanto não tinha umidade. E outra parte caiu entre espinhos, que a sufocaram. Outra parte caiu em boa terra e produziu fruto, cem por um. Dizendo estas coisas, Jesus clamava: “ Quem tem ouvidos, que ouça!” — E os Seus discípulos: “Que parábola é essa?” E Ele disse: “ A vós é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros são dados por parábolas, para que, vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.”

Eis a explicação: A semente é a Palavra de Deus. Os que estão junto do caminho são os que ouvem; depois vem o diabo e lhes tira do coração a Palavra, para que não se salvem, embora crendo. Os que estão sobre pedras são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria; mas não têm raízes, pois creem por algum tempo e na hora da tentação se desviam. A que caiu entre espinhos, são os que ouviram e, vindo as preocupações, riquezas e deleites da vida, não dão frutos perfeitos. E a que caiu em bom solo são os que, ouvindo a Palavra, a conservam num coração honesto e bom e dão fruto pela perseverança.

Essa parábola é de fácil compreensão, pois consta no Evangelho. De acordo com a explicação, é a semente a Minha Palavra. Caindo no caminho e sendo pisada, refere-se à indiferença dos que a ouvem sem preocupar-se com ela, preferindo os interesses mundanos. A parte rochosa na qual cai a semente aponta aqueles corações — como teólogos e filósofos — que a aceitam à medida que ela se adapta a seus sistemas científicos. Tão logo manifestem outras opiniões intelectuais, a semente encontra pouco alimento e seca. Se ela caiu entre espinhos e brota, quer dizer que se crê e se pratica o Meu Verbo enquanto Ele se aplica a pareceres mundanos. Dando-se um choque ou ela exigindo sacrifício e renúncia, é posta de lado e não frutifica. Quando muito, há o pronunciamento de belas palavras, mas nunca aparecem as ações.

Veremos como a parábola se presta para a época atual. Antes de mais nada: O que é a semente, qual é a sua finalidade e qual a intenção do semeador?

A semente é algo pequenino no grande Universo, mas sempre contém algo grandioso, pois nela reside o Infinito. De um grão surge eternamente o mesmo produto original. Deste modo se fundamentou a Criação material na qual criei apenas uma vez. Depositei em tudo o germe da reprodução, de sorte que o primeiro efeito do desenvolvimento próprio jamais terminará enquanto existirem no solo terráqueo e no ar os elementos para o progredir da semente.

Assim como a semente de uma árvore contém todos os germes de sua futura finalidade, a Minha Palavra, Produto do Meu Espírito, cria constantemente algo novo e perdurará eternamente. Por isso, João pronunciou: No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus.

Também Eu sou a semente da qual há de surgir sempre algo divino. Onde ela cai como semente, estimula suas bases para a atividade, às vezes perdurando, outras, passageiramente. Como sou também o Semeador que despeja o recipiente de sementes sobre todo o Universo, acontece que nem todas germinam de modo igual. Uma produz muita, outra menos, e a terceira nenhum fruto. Os mundos cósmicos com seus habitantes não se encontram no mesmo grau evolutivo, pois têm seu livre arbítrio para agir à vontade. Este é o motivo dos mais variados resultados em todos, justificando os caminhos mais longos ou curtos, necessários para alcançar a espiritualização da alma.

Se Minha Semente distribuída é tratada com indiferença, cabe a culpa às almas se passam por uma escola dura e amarga. Se Ela cai em corações endurecidos, não pode permanecer ali, porque qualquer vento mundano a leva sem deixar vestígios; mas, com o tempo, tais corações serão amainados. Quando a semente cai em espinhos e cresce com o joio, destino será igual ao do joio que com o tempo será arrancado. Então nada restará para tais criaturas — nem mesmo os espinhos mundanos que desejam adocicar — senão campo estéril de seu coração no qual nada progride, nem o nem a virtude. Somente lá onde Minha Palavra cai em bom solo a Semente germinará, dará flores e frutos, um exemplo para outrem. Minha Palavra, como Semente, é espargida diariamente para tornar os homens merecedores Semelhantes ao Meu Eu Divino, o que é sua finalidade.

Desde Minha Passagem na Terra, Minha Palavra de Amor foi disseminada pelos Meus escolhidos. Como naquele tempo Meus ouvintes também se constituíam de várias classes, quis demonstrar pela parábola a fraqueza de cada um e provar o resultado negativo dos que apenas ouvem, mas não praticam a Minha Doutrina. Hoje repito: Quem tem ouvidos, que ouça! — pois em breve voltarei como Semeador para recolher os frutos. Mais do que nunca o Meu Verbo, semente espiritual para a bem-aventurança eterna, é tão pisado em todos os caminhos e comido pelos pássaros, sendo que esses querem aproveitar a Palavra em seu próprio interesse. De há muito caiu somente em solo pedregoso de corações egoístas, onde morrerá sem nutrição. Se às vezes floresce algum vegetal, ele se encontra entre os prazeres do mundo, onde é admitido e tratado enquanto harmoniza com os conceitos mundanos. Basta se apresentar um sacrifício, e todos acabam desistindo. São poucos os que guardam a Minha Palavra no coração, não obstante todas as vicissitudes, lutas e sofrimentos. Se disse outrora que muitos são chamados para conquistar uma bem-aventurança segura por meio da semente de Meu Verbo, existem poucos escolhidos entre eles para conquistar a palma da vitória que Eu Mesmo alcancei pela cruz.

Dei Meu Exemplo para a humanidade. Assim como Minha Existência não se destacou por um nascimento de nobreza e outras condições vantajosas e finalmente abandonei Minha Vida no madeiro como reles criminoso, todos os que Me seguem terão que passar o mesmo. Mas, Minha Ressurreição e a Volta ao Meu Reino destruíram todos os planos dos homens, chegando Eu transfigurado em Meu Céu; e assim também os que ofereceram o seu coração à Minha Palavra hão de colher Minha Semeadura. Serão recompensados com a consciência de terem lutado, sofrido, mas também vencido. Hão de receber o prêmio, porque nunca pisaram o Meu Grão de Amor em seu caminho, nem deixaram endurecer seu coração, nem pelos prazeres do mundo, que são os espinhos para o espírito. Hão de produzir, como bom solo, frutos nobres, como disse certa vez: Pelos frutos, haveis de reconhecê-los.

Deste modo a semeadura amadureceu, para finalmente o trigo ser separado do joio, os cardos e abrolhos entregues à purificação do fogo e o produto ser levado aos Meus Celeiros. Em toda parte vedes o início da seleção. Então virei para exigir responsabilidade pela Semente espalhada — e o prêmio corresponderá ao trabalho.

Meu Verbo é Semeadura Divina para toda a eternidade. Ainda que seja desprezada, pisada, nascida entre espinhos, Ela continuará sempre a Mesma, e basta uma semente para produzir o bem para todo o mundo. Por isso, não importa se milhares de sementes se perdem. As que caíram em bom solo, em corações crentes, hão de difundir luz sobre os ignorantes. Jamais será destruído o que Eu criei e firmei como Jesus com a morte na cruz e o que em breve colherei como Semeador nos campos de ação espiritual. A colheita sendo pequena, prova que o que é grande jamais fenece quando ainda no invólucro pode produzir os maiores efeitos.

Não deixeis endurecer vosso coração, nem permitais o nascimento de joio e espinhos. Estejai sempre preparados para fazer germinar Meu Verbo, para não compartilhardes do destino dos que O aceitam superficialmente e, quando chega a ação, provam que eles apenas O guardavam na superfície de seu coração, sem nunca tê-Lo penetrado.

O Semeador semeia para colher! A colheita se aproxima! Preparai-vos para serdes aceitos em Meus Celeiros, não necessitando um caminho mais longo, coberto de espinhos e abrolhos. Quem tem ouvidos, que ouça enquanto é tempo! Amém.

12.° Prédica

A CURA DE UM CEGO

Lucas 18, 35-43. Aconteceu que, chegando Jesus a Jericó, estava um cego sentado junto do caminho, mendigando. Ouvindo passar a multidão, perguntou o que era aquilo. Disseram-lhe que Jesus de Nazaré passava. Então clamou: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!" — Os que iam passando repreendiam-no para que se calasse; ele, porém, bradava ainda mais: "Filho de Deus, tem misericórdia de mim!" Então Jesus, parando, mandou que lho trouxessem e perguntou-lhe: " Que queres que te faça?" — Ele respondeu: "Senhor, que eu veja!" E Jesus disse: "Vê! A tua fé te salvou!" — E logo viu e seguiu-O, glorificando a Deus. E todo o povo dava louvores a Deus.

Eis um exemplo no qual a fé segura de um cego em Minha Onipotência lhe restituiu a luz dos olhos. Quantos cegos não existem agora na Terra muito necessitados de luz, no entanto, poucos com vontade de adquiri-la! — A maioria está satisfeita com sua cegueira espiritual e se acostumou tanto quanto um cego de nascença que, privado da visão, aperfeiçoou especialmente o tato, que quase substitui aquela. Estão satisfeitos com sua situação porque desconhecem outra e não lastimam a falta de visão pela falta de noção da luz e seu efeito.

Assim como esses cegos vivem materialmente nesse mundo, milhares passam sem uma existência espiritual. Nem por educação e circunstâncias lhes fora dito algo da luz espiritual e dos degraus mais elevados da compreensão material. Para eles só existem as noções da matéria; creem nela por ser o próprio mundo do qual tudo surgiu e para onde tudo há de voltar.

A esses completamente cegos pertencem aqueles filósofos e naturalistas que perderam a última centelha de luz espiritual pela orientação errônea de seus estudos. Os primeiros são cegos e desconhecem a razão de sua cegueira; os outros querem ser cegos, porque se porventura a Luz os invadisse, não haveria de combinar com seu modo de pensar e agir.

Além desses, existem outros cegos desejosos de luz. Como mendigos no caminho da vida, pedem um alimento espiritual dos transeuntes. Esses encontraram certas circunstâncias que os levaram a pensar, desejando orientação, mas não conseguem se livrar de sua ignorância. Homenageiam as cerimônias religiosas e lhes atribuem maior valor do que realmente possuem, mas em certos casos sentem que além do culto deve haver algo superior que lhes poderia proporcionar consolo nos casos em que a sapiência humana os abandona. Tais criaturas estão sentadas no grande caminho da vida dos espíritos empenhados na evolução. São os mendigos a pedirem um óbolo espiritual, para não ficarem eternamente presos à Terra onde o destino os colocou, mas também devem iniciar seu voo espiritual recebidos por aqueles que sentem rumorejar perto deles. Muitos caminham por essa grande estrada da evolução espiritual, mas nem todos se acham imbuídos a atender os pedintes. Como nem todas as pessoas dão uma esmola a um pedinte e sim poucos compreenderam mais profundamente a noção do amor ao próximo, os pedintes espirituais também são parcamente favorecidos. Ninguém — seja por falta de força ou conhecimento — pode proporcionar a visão espiritual, que aliás só poucos possuem na íntegra. A fim de que a esses famintos por alimento divino, ansiosos pela luz da verdade, seja finalmente concedido seu pedido, e também aos que de há muito aguardam a devolução da visão espiritual, com fé inabalável — Eu Mesmo Me pus a caminho.

Assim como o mendigo de Jericó reconheceu de longe a Minha Voz — clamando: "Filho de Davi, tem Misericórdia comigo!" — também muitos Me chamam em seu ímpeto psíquico, confiantes de Eu atendê-los. A esses poderei dar toda a Minha Luz da Graça, pois sua fé os ajudou, convictos de ser Eu Aquele que lhes pode dar a Luz do espírito e mostrar o caminho certo para a bem-aventurança. Eu faço com que vejam e digo em seu coração: " Tende visão, pois vossa fé vos ajudou!”

Todos vós fostes tais cegos que encontrei entre muitos, procurastes e sentistes que a simples crença da religião cristã não é capaz de dar o justo consolo em todos da vida. Dei-vos certos remédios amargos para vos curar mais depressa dos conceitos errôneos que o mundo vos proporcionou. Eduquei-vos para lutadores paladinos de Minha Doutrina como ela deve ser reconhecida em breve — a única em todo o Universo — a fim de que proveis não só por palavras, mas também pelas ações, aquilo que preguei.

A alguns dei a faculdade de ouvir a Minha Voz em seu Coração, para evitar que seja novamente deturpado e falsamente interpretado o que deixei como Testamento para Meus discípulos. Naquele tempo, para aquele povo e suas gerações, precisei ocultar o Meu Verbo em parábolas e símbolos; sabia o que as gerações futuras haveriam de fazer com tal Verbo; sabia das transformações na vida social e quantas perseguições e mártires inocentes seriam atingidos. Falei em parábolas para evitar que os oponentes destruíssem a Semente de Minha Doutrina, conseguindo roer somente sua casca.

Agora que a humanidade amadureceu, pois em vez de desligar certos fatores da construção religiosa está inclinada a fazer o edifício com seus moradores, chegou o momento em que o vinho puro só fortifica. Agora os cegos no grande caminho para o Meu Reino estão aptos a receber a Luz que de há muito os envolvia. Chegou a hora onde o edifício sacerdotal — como em Jericó — será demolido pelas trombetas de Minha Doutrina divina, para proporcionar aos cegos a visão livre do Jordão, em cujas águas Eu Me deixei batizar e a Voz do Céu clamou: " Eis o Meu Filho, em Quem. Me comprazo!"

Também vós deveis ser batizados por Minha Palavra da Fonte eterna, para que Eu possa exclamar: Sois Meus Filhos, com os quais Me alegro, batizados com o Meu Espírito, e dotados de visão espiritual. Deveis passar adiante a Luz dada há tanto tempo aos cegos na estrada. Preparai-vos para serdes almas dignas do Filho do carpinteiro, Doutrinador e Consolador na cruz, de Deus e Pai, que por todos os espaços gravou com letras luminosas Seus dois Mandamentos de Amor!

Preparai-vos para distribuir Luz onde os cegos vos abordam, para também participarem da Graça que usufruis há muito tempo, a fim de que, através de Mensagens diretas, recebam por um caminho mais curto, o que outros reconheceram muito tarde, após sofrimentos e lutas: o conhecimento de que Eu — Criador do Universo — também sou Pai que não nega Ajuda ao pedinte (quando é para o seu bem) e com alegria abre a visão ao cego, para que ele possa ver e honrar o Pai na simplicidade de Jesus e na Glória do Criador! Amém.

13.° Prédica

A TENTAÇÃO DO SENHOR

Mateus 4, 1-11. Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, Ele teve fome. E o tentador chegou-se a Ele, dizendo: "Se és Filho de Deus, manda que essas pedras se transformem em pães!" — Ele, porém, respondeu: " Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que sai da Boca de Deus!" Então o diabo O levou à cidade santa e colocou-O sobre o pináculo do Templo e disse: "Se és Filho de Deus, lança-te lá em baixo; porque está escrito: Aos Seus anjos ordenará a teu respeito e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra." Disse Jesus: " Também está escrito: Não tentarás Deus, teu Senhor." — Novamente o diabo O levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse: "Tudo isso te darei, se, prostrado, me adorares." — Então Jesus disse: " Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás !" — Então o diabo O deixou. Eis que vieram os anjos e O serviram.

Essa tentação, conforme consta nos Evangelhos, não deve ser tomada literalmente, pois é natural que Satanás Me conhecia e via em Jesus o Senhor. Não teria havido tentação por parte dele a aconselhar-Me a transformar as pedras em pão, ciente de que Eu era capaz de coisas bem diferentes. Aconselhou-Me a queda do cimo do templo, pois como Filho de Deus nada haveria de Me acontecer. Foi ele a transportar-Me do deserto até o Templo, sabendo Eu não pertencer inteiramente à Terra, tampouco a força de atração do planeta teria um efeito sobre Mim, se Eu não o quisesse. — Levando-Me a um monte para mostrar o panorama e o mundo conhecido dos judeus, ele sabia que não podia oferecer ao seu Senhor e Criador nem a Terra toda, pois conhecia o Meu Reino espiritual melhor que qualquer outro espírito.

O sentido dessa tentação repousa muito mais profundamente, pois poderia exercer influência sobre os homens, mas nunca para Deus e Criador, ainda que em figura humana. O motivo e a explicação se encontram na concepção espiritual, naquilo que tais palavras ocultam.

Se um estudante se prepara para um exame, ele se fecha no quarto e estuda dias e noites. Renuncia a apetites mundanos, bebida, comida ou prazeres, para evitar que o estômago influencie seu raciocínio e as diversões dispersem seus conhecimentos. Tudo isto que uma alma ou qualquer pessoa faz na vida quando se prepara para algo importante, Eu também fiz.

Chegado o tempo em que precisava iniciar Minha Doutrinação, também tive que Me preparar, reduzir ao mínimo os alimentos, porque Meu Espírito queria projetar algo espiritual, sem influência da matéria. Meu corpo jejuava enquanto Meu Espírito Se deliciava com todas as bem-aventuranças, das quais só usufrui um Ser espiritual renunciando a toda a grandeza e poder e, como verme, Se oferece por Amor a todos os seres e espíritos.

Naquele momento senti todas as influências das paixões humanas. Somente pelo retraimento de Minha Natureza Divina pude dar aos Meus espíritos o exemplo como se pode reagir contra todas as influências. Quis, com este exemplo eterno, provar que quem quer se tornar Meu filho só o conseguirá pelo domínio das influências mais poderosas.

Foi, portanto, a fome a primeira tentação que Me molestou fisicamente. A vitória se manifestou nas Palavras dirigidas ao demônio: " Não somente de pão vive o homem, mas de cada Palavra pronunciada pela Boca de Deus!"

Com outras palavras: Quando a alma é assolada por inclinações físicas, a criatura deve se lembrar deste pronunciamento, pois o "eu" espiritual está acima da matéria e deve ser alimentado e educado em detrimento daquela. Considerai sempre que não fostes criados para o cuidado do físico, mas para o aperfeiçoamento da alma!

A segunda tentação simbólica se prendia a desafiar a Onipotência Divina, quer dizer: Vi-Me tentado a Me vangloriar de Minhas Faculdades divinas. É semelhante à vaidade do homem que, muito embora dotado de capacidades e conhecimentos maiores, às vezes até com poderes excepcionais, quer aproveitar estes dons, não para ajudar o próximo ou aumentar a Glória do Doador, mas para abusar e se vangloriar dos mesmos.

Eis a Minha Resposta a Satanás: " Não deves tentar teu Deus e Senhor!" — isso é, não te deves entregar à ideia de que o Senhor, embora te tenha proporcionado poder, não esteja em condições de tirá-lo, uma vez que queiras usá-lo para o teu próprio benefício. Tal desejo é enaltecimento de suas capacidades humanas e abuso de uma Dádiva divina, que alimentaria somente o orgulho em vez da humildade. Satanás experimentou despertar a Minha vaidade, julgando que Eu, como Homem, sairia de Minha situação modesta da qual dependia exclusivamente o êxito de Meu grande Plano.

A terceira tentação devia despertar Minha tendência dominadora, pois no coração da criatura se acham localizadas, como base para todas as demais paixões: 1.0 - A inclinação ao bem-estar; 2.0 - O desejo de desfrutar de uma situação social brilhante, na qual se acha a satisfação da primeira inclinação; e 3.° - O desejo de poder reger em vez de obedecer, ser o primeiro a prescrever leis, enquanto ele mesmo se coloca acima de todas elas.

À terceira tentação, Satanás recebeu a seguinte resposta: " Afasta-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás! " — quer dizer: Afasta a tendência imunda de domínio que no seu bojo contém todas as demais paixões, como sejam: orgulho, ódio, vingança e ira! O espírito ordena humildade, amor, perdão e amor ao próximo. Ele exige de ti que desças de tua posição, tornando-te pequenino, para servir a todos, se pretendes receber uma chefia maior. Deves renunciar totalmente a elevar-te acima dos outros. Aprende a obedecer, para poder ordenar, não com Palavras condenadoras, mas com paciência e a convicção de que só por este caminho a ordem não contém dureza e será cumprida, pois o outro compreende que é para o seu bem. Deste modo, a criatura serve a seu Deus e Senhor, e seguindo o Meu Exemplo alcançará os maiores resultados na desistência de seu "eu".

Se Eu, como Homem, tive que vencer todas as paixões pessoais que Eu havia depositado em vossa natureza, tereis que fazer o mesmo, se quereis seguir-Me. Deveis lutar contra a forte tendência do bem físico e submeter todos os prazeres a uma finalidade superior, para vos libertar de algemas que tolhem o voo de vossa alma. Deveis afastar a vaidade — a primeira mentirosa — porque vos apresenta mais atraentes do que sois, atirando um véu sobre os defeitos e desculpando as piores inclinações com sofismas, julgando-vos melhores do que realmente sois, o que impede o vosso progresso.

Não confieis em forças que não possuís! Imaginai-vos fracos e sem mérito, a fim de vos fortalecerdes na fé e confiança em Mim, e assim a terceira tendência do domínio não vos vencerá no sentido de vos tornar escravos de vós mesmos! Não existe coisa pior do que a presunção de ser melhor que os outros, escapando sempre a qualquer pressão de obediência, querendo sobrepujar-vos, quando então sereis os senhores e os demais apenas escravos. Para dirigir e reger são precisas qualidades diferentes das que atualmente se apresentam no mundo.

Olhai para Mim, para terdes um Exemplo! De que maneira Eu vos dirijo? Com violência? Por acaso ajo com punições imediatas ou por julgamentos inclementes sobre criaturas pecaminosas? Aplico ira, vingança ou punição? Por certo que não! Vedes que emprego somente Meu Amor que tudo abrange, sendo o perdão Meu primeiro Princípio, e que não persigo o culpado, mas lhe faculto todos os meios para se regenerar.

A maldade não foi criada por Mim, mas é produto do abuso do livro arbítrio dos homens. Podem fazer o que quiserem, mas também são responsáveis pelas consequências, pois afirmei: “Existe somente uma Verdade, e quem peca contra ela sofrerá os efeitos da mentira!”

Este Evangelho é um exemplo de Minha luta contra as paixões, não obstante Minha enorme posição de Poder, mostrando a vós e a todos os espíritos que todo o mal permitido por Mim só serve para o bem e o progresso.

Deveis servir unicamente a Deus; para tanto é preciso seguirdes os grandes Mandamentos de Amor que vos devem instigar ao domínio físico e à luta contra a vaidade e o orgulho. Pela abdicação e o combate a estas fortes tendências, haveis de compreender no Meu Reino o que significa grandes tarefas, pois "quem se humilha será ressaltado!”

Lá também encontrareis as mesmas inclinações, a primeira no sentido espiritual, querendo saber e compreender tudo. As outras duas se apresentarão mais fortemente do que aqui, porque a consciência de uma força é maior. Isso percebeis em Lúcifer e suas falanges que, cônscios de sua força, perderam o equilíbrio, passando da humildade à arrogância, querendo dominar sobre Mim.

A fim de conhecer a medida justa de como e quando se pode usar sua força e para compreender quanto conhecimento é necessário para cada empreendimento (também para descobrir que no Além, muito embora se receba uma grande missão, é possível tornar-se um servo para a criatura mais ínfima), é indispensável combater e dominar na vida terrena tais paixões, tornando-se senhor em condições de grande poder.

Guardai Minhas Palavras no coração! Desconheceis a metade de vossa missão e nem um terço de vossa natureza e o seu porquê. Andais quais cegos. A Luz de Minha Sabedoria ainda não pode penetrar no vosso âmago, apenas um lampejo do amor move vosso coração, fazendo-os sentir algo superior. Nem bem ele chega a iluminar o recôndito de vosso coração, apresentam-se as três paixões — egoísmo, vaidade e domínio — para obscurecer aquele lampejo. Elas vos sussurram: "É impossível renunciar-se totalmente ao mundo! Assim ninguém pode viver!" — e outras desculpas mais de vossa preguiça, porque quereis apenas ser ouvintes e não praticantes de Meu Verbo!

Justamente nessa época em que de semana em semana vos é explicado o Meu Evangelho como nunca ouvistes, quero vos forçar a pensar sobre Minha Encarnação, para poderdes assimilar Sua Grandiosidade e Importância, e o que significa: Deus, o Criador do Infinito, desceu à Terra nas condições mais humildes e deixou-Se perseguir e até matar por criaturas cegas e transviadas! Ele passou por todas as fases de vossa vida, lutou contra as tendências humanas para Se tornar um Fanal para todos os seres e homens. Mostrou que a criatura, querendo assemelhar-se a Ele, precisa considerar o espírito e lhe oferecer tudo para, vencendo as paixões, se tornar merecedora de guiar outras almas, provando que ela não vive apenas de alimento material, muito mais, porém, espiritual. Não se deve tentar a Deus, mas servi-lo exclusivamente pelo respeito às duas leis de Amor, levando outros também ao Seu Reino, onde de há muito deseja vos receber! Amém.

14.° Prédica

A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS

Mateus 17, 1-13. Seis dias depois, Jesus levou Consigo Pedro, Thiago e João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte. E Ele Se transfigurou diante deles; Seu Rosto resplandeceu como o Sol e Suas Vestes se tornaram brancas como a luz.

Eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Ele. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: "Senhor, é bom estarmos aqui; se queres, faremos aqui três tabernáculos, um para Ti, um para Moisés e um para Elias." — Enquanto ele assim falava, uma nuvem luminosa os cobriu e uma Voz disse: " Esse é o Meu Filho Amado, com Quem Me comprazo. Escutai-O" — Ouvindo isso, os discípulos caíram sobre seus rostos e sentiram grande medo. Aproximando-Se deles, Jesus tocou-os, dizendo: " Levantai-vos e não tenhais medo." -- Ao erguerem os olhos, viram unicamente a Jesus.

Ao descerem do monte, Jesus lhes ordenou: " Não conteis a ninguém a visão, até que o Filho do homem ressuscite dos morto s." — E os discípulos perguntaram: "Por que dizem os escribas que é mister que Elias venha primeiro?" — Jesus respondeu: " Elias virá primeiro para restaurar todas as coisas. Mas, digo-vos que ele já veio e não o reconheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também padecerá deles o Filho do homem ." — Então os discípulos entenderam que Ele lhes falava de João Batista.

Obs.: Jacob = Jacó = Iacó = Tiacó = Tiagó = Tiago = Thiago

O “I” e o “J” já tiveram o mesmo som. Ex.: INRI = JNRJ = JESUS NAZARENO REI DOS JUDEUS

Obs.: Jesus; Moisés; Elias ≡ João; Pedro; Jacó

Eis uma simples ocorrência de Minha Passagem terrena que contém sentido profundo e celestial, não apenas para os Meus apóstolos, senão para toda a humanidade, em sua interpretação espiritual e grande projeção para o futuro. Vamos analisar primeiro sua importância para os discípulos e em seguida passaremos para a espiritual de grande alcance; como, quando e onde ela se repete nestes dias, formando um elo para a grande obra de regeneração, como também influenciando a atitude de Meus seguidores.

No Evangelho consta que Eu levei Pedro, Jacó e João a um monte, onde Me viram transfigurado; isso é, eles Me viram pelos olhos do espírito como Aquele Que Eu Sou, Fui e Serei. Depararam-se com um Espírito Elevado, cuja veste, a Verdade, era branca e cuja Face resplandecia qual Sol; quer dizer, de Amor. Além diso, viram dois fortes esteios de Minha futura Obra doutrinária, facilitaram-na, tornando-se precursores: Moisés e Elias, com os quais falei. Em seguida ouviram uma Voz de uma nuvem, as mesmas Palavras que Se pronunciaram durante o Meu Batismo no Jordão: " Eis o Meu Filho Amado, em Quem Me comprazo! Dai-Lhe atenção!"

Esta visão devia proporcionar aos apóstolos uma prova para sua própria finalidade. Pedro, a quem chamei de "rocha de fé", sobre a qual Eu queria construir a Minha Igreja, tinha tarefa semelhante à de Moisés, que preparou o povo israelita para Minha Vinda, prescrevendo leis e ordens de conduta, fazendo-o o povo escolhido em cujo meio decidi encarnar. Elias, após sua reencarnação em João Batista, realizou o mesmo, porém de forma mais moderada. E João, Meu predileto, se destinava a uma vida mais longa que todos, e nos últimos anos escreveu no Apocalipse o trajeto espiritual do mundo até sua purificação. Deixou, portanto, um testemunho de que as Leis deitadas por Mim em a Natureza —físicas ou morais — não devem ser pisadas.

A estes discípulos encarnados e a Moisés e Elias em espírito, foi dado ver-Me em toda a Minha Glória, reconhecendo-Me como Aquele para Cujo Reino espiritual os primeiros eram paladinos e os outros verdadeiros lutadores, obrigados a sacrificar tudo pela estabilidade de Minha Obra.

Viram-Me naquela. Glória que um coração humano suporta apenas por alguns instantes e justamente esta felicidade inédita levou Pedro a exclamar: "Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, construiremos três tabernáculos!"

Como tais momentos só servem para despertar, entusiasmar e fortificar a criatura quando ameaça qualquer perigo ou instabilidade de coração, eles eram de pouca duração. A fim de que uma duração fosse maior, soaram da nuvem branca, embora espiritual de Minha Pessoa, as Palavras místicas e importantes: " Eis o Meu Filho Amado em Quem Me comprazo; deveis ouvi-Lo!" — A Voz concitava os discípulos a prestarem atenção às Minhas Palavras e a guardá-las no coração, para delas surgir uma árvore verde da Vida que uniria em suas sombras toda a Humanidade, encontrando proteção e reação para todos os sofrimentos e distúrbios.

Aconselhei silêncio aos apóstolos até que Minha Construção doutrinária fosse coroada com a Ressurreição, porquanto os outros haviam de duvidar ou não entender, pois não tinham o mesmo discernimento.

Eis a ocorrência solene naquele tempo que deverá se repetir nesta época.

A atuação de Moisés, que preparou o povo israelita para o Meu Verbo, deu-se mais tarde com Pedro, fundador da Igreja católica cristã. O papel de Elias como João Batista se repete pelo grupo daqueles homens incumbidos de purificar aquela Igreja, para não perder seu valor espiritual.

Aquilo que Pedro foi como futuro esteio de Minha Doutrina, será repetido por outros que A erguerão novamente. Assim como o povo israelita foi enganado pelos fariseus e escribas, todo o gênero humano vive hoje em rituais e cerimônias, pela letra, sem entender o sentido espiritual de Minhas Palavras tão simples. Deve, portanto, haver outro grupo de homens que reconduzirá o Verbo à base primitiva.

Ainda que eles não obtenham uma vitória imediata na tentativa de doutrinar a Humanidade toda, destinam-se à semeadura. Não importa se a Semente cai em bom solo, no caminho ou em pedras e rochas. A Semente brotada há de suplantar o que se perdeu e preparar o solo psíquico, para tornar-se merecedor de assistir à Minha Volta.

Assim como levei os discípulos a um monte para lhes facultar uma pequena prova do prêmio que os aguardava caso Me fossem fiéis, também hoje conduzo o devoto que em seu recôndito, no silêncio da noite, se entregar a Mim, para além do mundo terráqueo, e lhe mostro qual o panorama glorioso e futuro que ele merece. Às vezes faço com que o coração sinta toda a bem-aventurança de Minha poderosa influência. Então lhe mostro o brilho da máxima Verdade na Luz rosada do Amor, uma felicidade suportável somente em esferas superiores e espiritualmente evoluídas.

Moisés construiu em sua lei os princípios jamais abalados pela religião judaica na seguinte ideia: Existe somente um Deus. Justamente por isso aquele povo se prestava para contar-Me entre eles. Como naquele tempo dominava em toda parte o culto aos deuses, teria sido impossível destruí-los de uma vez, colocando um outro em seu lugar. Nos judeus prevalecia o fundamento de um Deus, portanto a projeção de uma religião divina era mais fácil entre eles.

Moisés fez o trabalho do lavrador na vinha, cavando o solo. Em seguida veio Elias, que cortou e enxertou os galhos, conseguindo melhores frutos para satisfazer o Vinhateiro. Assim João Batista foi o segundo operário na Minha Vinha, até que Eu vim Pessoalmente e completei as falhas, levando o fruto à maturação; isso é, fiz surgir nova vida da terra que envolvia o tronco da vinha em decomposição, que pela purificação foi transferido da matéria grosseira para a uva espiritual.

Assim como Moisés, Pedro também foi a rocha sobre a qual foi fundada a Igreja. Nenhuma revolução ou tempestade conseguiu destruí-la. Foi de fato muitas vezes deturpada pelo domínio e o poder de pessoas isoladas. Assim como a Minha Transfiguração foi permitida, pela qual Minha Forma física ficou iluminada pela divina, atualmente ocorre o mesmo: a pompa material e as cerimônias do culto católico e sua heresia começam a refletir a veste espiritual. O esclarecimento e a transfiguração se iniciam. A noite se torna crepuscular, e em seguida surgirá o dia!

A Luz há tanto tempo retida irrompe. Em todas as almas se faz sentir o pressentimento de um êxtase superior, uma transfiguração. Todos sentem a brisa espiritual que penetra o mundanismo e desperta os adormecidos. A transfiguração é como se um facho de luz atingisse o adormecido, que começa a se mexer no leito, ignorando o que ocorre. Está se fazendo luz crepuscular em muitas mentes.

Moisés preparou o povo israelita para a Minha Chegada, Pedro fez o mesmo com o gênero de seu tempo, e os doutrinadores entusiasmados de hoje serão os "Joãos" que se tornam Meus prediletos, testemunhas de Meu Amor e Graça, até a idade avançada. Repete-se sempre o mesmo processo purificador; primeiro, transforma-se o sólido em matéria mais leve, esta passa ao volátil e dali ao espiritual. Assim como fui crucificado, Minha Doutrina escarnecida e os apóstolos imitados e perseguidos, as criaturas crucificarão o Meu Verbo escarnecido. Meus lutadores enfrentarão muitas injustiças, mas sairão vitoriosos vendo Minha Transfiguração quando Eu voltar e a consciência lhes disser: Sêde abençoados pela felicidade, a prática e a transmissão de Suas Palavras como Ele as queria ouvir!

A Transfiguração não será passageira, pois Meus lutadores hão de Me ver para sempre, face a face, alegrando-se de nossa vitória com todos os que os precederam.

Esse é o sentido espiritual da Transfiguração. Procurai, também vós, obter essa Graça, pertencendo aos que, pela renúncia, fizeram de Mim e Minha Doutrina a finalidade de sua existência! Agindo deste modo, haveis de ver Transfigurado Aquele Que vos cumula de há muito com Suas Palavras abençoadas e quer que sejais Seus filhos. Amém.

15.a Prédica

A EXPULSÃO DE UM DEMÓNIO

Lucas 11, 14-28. E Jesus estava expulsando um demônio mudo. Assim que o demônio saiu, o mudo falou e a multidão maravilhou-se. Alguns, porém, diziam: Ele expulsa os demônios com Beelzebu, príncipe dos demônios." —Outros, tentando-O, pediam-Lhe um sinal do Céu. Conhecendo os seus pensamentos, Ele disse: "Todo o reino dividido contra si será assolado; e a casa, dividida contra si mesma, cairá. Se Satanás também está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Afirmais que Eu expulso os demônios por Beelzebu. Se Eu expulso os demônios por Beelzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Eles serão vossos juízes! Mas, se Eu expulso os demônios pelo Dedo de Deus, o Reino de Deus terá chegado junto de vós.”

“Quando o homem valente guarda a sua casa, tudo quanto tem estará seguro. Mas, sobrevindo outro mais valente e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava e reparte seus despojos.”

“Quem não está Comigo é contra Mim, e quem Comigo não ajunta, dispersa. Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos buscando repouso, não o achando, diz: — Tornarei para minha casa, donde saí! — Chegando lá, acha-a varrida e adornada. Então ele vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele, e todos habitam ali. E o último estado do homem é pior que o primeiro."

Enquanto dizia estas coisas, uma mulher entre a multidão levantou a voz dizendo: "Bem-aventurado quem Te trouxe e os seios em que mamaste !" Ele, porém, disse: " Bem aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam!"

Para entenderdes e respeitardes este acontecimento, é preciso saberdes o que são os demônios e como penetram na criatura. Para Me tornar mais explícito, tenho que vos conduzir àquela época em que não havia mundo material, mas existia o dos espíritos.

Por arrogância e teimosia o primeiro anjo, portador de luz nos mais distantes espaços do Céu espiritual, abusou de seu poder e com sua falange rebelou-se contra Mim. Como não quisessem tomar conhecimento de um retorno, foram banidos na matéria, para iniciar a longa caminhada de volta de gradativas purificações. Este processo ainda perdura hoje, até que todos voltem a ser o que eram: Conscientes da Minha Onipotência e Amor, para se tornarem propulsores ativos do Meu grande Plano criador. Existia e ainda hoje existe a liberdade individual do espírito, podendo Satanás e seu séquito voltar ou não de sua falsa direção. Como os espíritos não eram iguais em conhecimento, bondade e compreensão — como também não existem duas criaturas espiritualmente iguais — a maneira de pensar e agir era muito diferente. Um se satisfazia com seu grau evolutivo, o outro não. Um era persistente e reagia contra as influências dos maus, enquanto um outro protestava contra a tentação daqueles. Não havia, portanto, uma fileira organizada e homogênea, mas todos os seres tinham compreensões diversas a Meu respeito, do mundo e da necessária evolução.

Essa grande variedade, entre bons e maus, que consideram Satanás seu chefe, condiciona precisamente a vida e o movimento necessários para a existência do Reino dos espíritos.

Muito embora a grande massa de espíritos caídos tenha tomado outra direção que não a determinada, suas atitudes contrárias a Mim e aos Meus Princípios do bem tinham que servir às Minhas finalidades, para não se desviarem por completo em resultados opostos e que não correspondiam aos seus desejos.

A mesma vida e movimentação dos espíritos ocorre com todas as almas desencarnadas, também em outros mundos. Também elas têm livre arbítrio. Podem fazer o que querem, podem num minuto passar do suplício infernal de uma consciência martirizante à bem-aventurança de um anjo; podem continuar o que foram no mundo, ou, pela convivência com almas maldosas, piorarem consideravelmente. Seu raio de ação é apenas limitado pelos recursos das existências que cada grau espiritual traz consigo.

Os espíritos primitivos ainda não encarnados, bem como as almas desencarnadas sem vontade de progresso, procuram ocupar-se pela atração de outros espíritos ou criaturas vivas cuja inclinação possibilita atraí-los e ensinar-lhes suas tendências. Esta é a razão por que o homem que alimenta suas paixões perniciosas é mais facilmente sujeito a tal influência e finalmente se torna posse de espíritos martirizados pelo tédio. Assim como em toda parte os espíritos podem influenciar por meio de escrita, por batidas e outros recursos, as almas receptivas contribuem à conjetura dos descrentes dizendo: Existe um outro mundo! Também as almas desencarnadas agem sobre a psique e o organismo humano, resultando a loucura e outras moléstias.

Se tivésseis o dom da visão espiritual, veríeis um mundo totalmente novo que procura dificultar vossa caminhada para junto de Mim. Por isso exclamei em Gethsemani: "Orai e vigiai, para não serdes tentados!" Tais influências são no começo tão suaves, ocultando seu veneno sob motivos sofisticados do amor-próprio, de sorte a serem necessárias intuição e constante vigilância para a criatura não ceder à vontade alheia. Havendo persistência e o mau espírito percebendo que não é atendido, ele desiste, porque não quer perder seu tempo.

Essa insuflação e mutação da matéria, o surgir e desvanecer de tudo, poderiam ser vistos se tivésseis a visão espiritual num grau maior, porque poderíeis pressentir as intenções dos espíritos e seus motivos. Neste mundo espiritual é preciso usar de outras meios que na Terra, pois lá já se pesam os pensamentos, enquanto aqui milhares passam despercebidos até que talvez o último denuncia a ideia de um outro ser, através de sua atitude.

Ficaríeis admirados de ver como as almas recém-chegadas são recebidas com amor ou ódio, e as lutas morais por que passam até que possam caminhar sozinhas. Ocultar, mentir e simular de nada adiantam. O espírito é apenas a cópia de seu eu interior conquistado no mundo, não pelas ações, mas pelos pensamentos, pois foram os causadores das atitudes, dando seu cunho no Além. Todo pensamento mais sutil que passa pela cabeça ou coração é impregnado na vossa futura veste.

Se as criaturas soubessem o que alguns fazem ao partir com raiva deste mundo, ou quando os que ficam ainda amaldiçoam um desencarnado, ficariam estarrecidas diante das consequências. Tais pensamentos são capazes de proporcionar martírios espirituais incríveis e lhes despertam o desejo de receber com ódio os ainda vivos. Sede, portanto, rigorosos com vossos pensamentos. Com apenas um pensamento atraís um exército de elementos maus e, enquanto julgastes apenas recordar tal auto, os espíritos afins procuram vos prender em suas redes e tentam destruir as boas qualidades, para alcançarem intento maldoso com repercussão para milhares de almas.

Esta ocorrência é expressa no Evangelho de Lucas, onde declarei que o mau espírito expulso do mundo percorreu desertos para depois voltar acompanhado de outros sete, piores que ele.

Eis o quadro espiritual de um homem que, pela vitória sobre uma paixão, acredita ter afastado um demônio, entregando-se novamente aos seus pensamentos prediletos. Alimenta uma pequena chama que, como os mosquitos atraídos pela luz, representa um ponto de atração para espíritos das trevas. Dirigem-se para lá e começam seu jogo infernal com forças dobradas até que a criatura cai em suas malhas e está perdida para o Meu Reino por muito tempo, aqui como no Além.

O Além não é tão belo como vossos sacerdotes pregam, nem tão diabólico como certos fanáticos procuram pintá-lo. O quadro é este: Seu mundo espiritual corresponde ao seu estado de espírito.

Um coração enobrecido, puro e devoto nada disso verá, porque não se identificou com o que é negativo. Ele há de ver — como aqui — almas necessitadas e ajudará a todas como fez durante a vida. Levando a paz, ele verá a paz; se ódio e orgulho forem seus defeitos, ele sofrerá e aplicará o mesmo em outras.

Existe somente uma Lei válida em Minha Criação — a do peso, da atração. A matéria é fixada e mantida por ele e o espírito também. Quanto mais pesado e compacto um corpo, tanto maior é a força que consolida seus elementos básicos: é uma pedra em solo firme. Quanto mais leves as substâncias e sua força de coesão, tanto mais fácil é sua elevação. Quanto mais compactos os átomos, menos capacidade possuem para a luz e o calor; sendo mais leves, mais receptivos são para o que vem do Alto.

O mesmo acontece no mundo espiritual. O peso moral prende os espíritos à matéria; quanto mais leve, tanto mais rapidamente conseguem afastar-se da mesma. No primeiro caso, eles são obscuros; no segundo, mais claros. São portanto os primeiros que se querem vivificar e aquecer, porque lhes falta o calor. Querendo permanecer nas trevas, procuram atrair os outros ou, em caso contrário, escapar-lhes.

Assim é o constante vai-e-vem espiritual em todo o éter: Eterna luta ao lado da calma, perseguição e repulsa junto de união e atração amorosa, pois os espíritos têm que completar seu processo evolutivo. Não importa o tempo, porquanto a eternidade é longa. Ninguém é coagido, como diz o apóstolo Paulo: “A árvore caída permanece no solo.”

Esforçai-vos de alcançar bastante força para reagirdes à tentação, juntando-vos aos espíritos bons que desconhecem luta e tentação. Precavei-vos das maldições e pragas, pois os espíritos ofendidos e impedidos de progresso procuram vingar-se. Se não o conseguem aqui, vos aguardarão na certa no Além, para pagar a injúria sofrida.

Disse expressamente no Evangelho: “Quem não está Comigo, é contra Mim; quem não ajunta, dissipa! Existem apenas dois caminhos: junto ou longe de Mim. Felizes os que ouvem e praticam Minhas Palavras, pois se pouparão de muitas coisas como consequência de sua atitude condenável.”

Quanto aos casos extremos em que um ou vários maus espíritos se apossam de uma criatura a ponto de envolver o próprio físico, são eles raros e permitidos com bons motivos. A fim de curar tais obsedados, é preciso a ação de uma pessoa forte e religiosa, conhecedora de Minha Onipotência e que confia em Minha Ajuda. Então pode-se curar pelo passe em Meu Nome, como Eu fiz durante Minha Vida — com a ressalva: Que seja feita a Minha Vontade!

Eis um esboço da grande vida espiritual, que proporcionei para orientação maior. Não basta conhecer o que vedes; deveis aos poucos aprender o que existe além da matéria, que tipo de elementos perfaz a parte maior e mais importante de Meu Reino.

Eu sou Espirito, vós sois espíritos e a própria matéria terá que se espiritualizar. É vossa tarefa conhecerdes o grande circuito com todos os seus degraus e conquistar vossa própria posição. Não meço nenhum recurso para uma solução mais fácil, a fim de amenizar e encurtar vosso caminho imprescindível para vencerdes aqui o mais difícil, encontrando no Além poucas falhas a corrigir. Amém.

16.° Prédica

A ALIMENTAÇÃO DOS CINCO MIL

João 6, 1-15. Em seguida, Jesus partiu para a outra margem do Mar da Galileia, à cidade de Tiberíades. Uma grande multidão O seguia, porque via os sinais que Ele operava sobre os enfermos. Então Jesus subiu a um monte onde assentou-Se com os discípulos. A páscoa, festa dos judeus, estava próxima. Eis que Jesus, levantando os Olhos, viu a grande multidão que vinha ter com Ele e disse a Filipe: " Onde compraremos pão para eles comerem?" — Dizia isso para experimentá-lo, pois bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: "Duzentos dinheiros de pão não serão suficientes para que cada um tome um pouco." E André, irmão de Simão Pedro, disse: "Aqui está um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas, que é isso para tantos?" Disse Jesus: "Fazei assentar os homens!" Havendo muita grama naquele lugar, todos se sentaram, em número de quase cinco mil. Então Jesus tomou os pães, deu Graças e repartiu-os pelos discípulos, e esses pelos que estavam assentados; e igualmente dos peixes, quanto queriam. Quando já estavam saciados, Ele disse aos discípulos: " Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca!"

Assim, eles os recolheram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães que sobraram dos que haviam comido. Vendo o que Jesus tinha feito, os homens disseram: "Esse é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo!" Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para fazê-Lo rei, retirou-Se, Ele Só, para o monte.

Eis uma ação que causou grande alarde entre os judeus, a ponto de as testemunha Me quererem nomear rei e por isso Me obrigaram a Me afastar para o monte. A ação em si foi para Mim, Senhor e Criador em forma humana, não de grande importância, pois fiz com que os pães e peixes se repusessem pelo éter, de sorte que se alimentaram cinco mil pessoas e ainda sobraram doze cestos cheios. Os judeus interpretaram o fato materialmente, obrigando-Me ao afastamento. Primeiro, porque tal não era Minha Intenção; e segundo, o tempo de Minha "Elevação" não tinha chegado, pois esta expressão nunca fora compreendida, até que a própria crucifixão deu o esclarecimento, trazendo Minha Elevação espiritual.

O repartir dos pães e peixes representa o motivo dessa Mensagem. Já vos disse anteriormente que Minha Passagem terrena, especialmente os anos de doutrinação e tudo que fiz e disse, havia de se repetir na Minha Volta espiritual.

O que serviu para cinco mil pessoas vale hoje para cada criatura. Lá, Meu círculo de Ação era o povo judaico, a parte acessível da humanidade, e seu país o mundo escolhido para Minhas Ações. Hoje, que Minha Doutrina Se espalhou sobre o orbe — se bem que não aceita, porém conhecida por muitos — aquela Ação deve ser tomada em sentido mais amplo e espiritual.

Qual foi o significado dos peixes e por que havia apenas cinco pães e dois peixes? Para explicar-vos, sou obrigado a chamar a atenção de sua origem. Os pães vêm da Terra, da qual a semente do trigo tenta escapar da escuridão para o Sol. Assim amadurece o elemento absorvido pela luz e o calor, e o fruto contendo energias espirituais é preparado para o pão com a finalidade de sublimar tais elementos dentro do corpo humano. Os pães, portanto, são o resultado de processos telúricos e celestes.

Os peixes são produtos da água que os faz nascer. A água é um elemento maleável, ou seja, ar sólido. Se o ar é éter condensado e esse é a origem de todos os elementos, ele é criador dos valores aquáticos, e a água produz as partes terráqueas, sua flora e fauna. A água é a grande Mãe da qual se formou nosso planeta, e se fordes examinar quimicamente os corpos animais e humanos, vereis que ela é portadora, alimentadora e sustentadora de tudo.

O que os peixes são na água, os pássaros são no ar. Assim como a semente do trigo é capaz de ser assimilada pelo corpo, o peixe é igualmente parte integrante dos elementos diluídos na água que se unem ao físico. Precisam primeiro serem separadas as partes sólidas das voláteis pelo calor ou o fogo; isso é, têm que ser secadas ou cosidas para serem úteis ao corpo humano. O trigo, por sua vez, tem que ser triturado, misturado com água, e pelo calor se liberta dos elementos líquidos.

Agora veremos porque se tratava especialmente de cinco pães e dois peixes. Somando-se, temos o número sete, que se encontra em quase todas as partes e perfaz com o número três um fator necessário para a criação, conservação e transformação daquilo que deve evoluir.

O sete é, tanto quanto o três, um número básico representado por Mim como Deus, Criador e Senhor. Observando o número sete, vereis que três se acham de cada lado do quatro, que fica no centro. Quer dizer: O divino número três se encontra duas vezes no sete e perfaz com o quatro Meu Eu espiritual.

Se em todos os seres o número três é principal para sua existência, ele se encontra duas vezes em Deus com o acréscimo de mais um, em torno do qual tudo se movimenta.

Os seres e espíritos angelicais podem atingir o três em sua máxima perfeição — mas a Divindade possui o mesmo na medida dupla e um Centro jamais alcançado que O faz Senhor de tudo.

Que o sete se encontra em tantas coisas da Criação se explica pela sua maior proximidade de Deus como Suas puras Emanações. O sete se encontra nas cores e nos sons, porque a refração dos raios de luz se enfeixa nos sete Atributos divinos e nas sete grandes leis da harmonia na Vida espiritual. Se quereis ver expresso o sete de pães e peixes, é o seguinte:

Amai a Deus acima de tudo e ao próximo como a vós mesmos! As quatro primeiras palavras definem os pães que alimentam espiritualmente a criatura e devem levá-la a um grau superior, enquanto as primeiras três expressam o grau de amor para com Deus, e as outras três, a medida do amor ao próximo. As palavras "tudo e" indicam o ponto central do Amor divino. Não podeis amar-Me sem o amor ao próximo, e não podeis amar-Me acima de tudo, se não amardes o próximo como a vós mesmos. As três primeiras e as três últimas podem ser alcançadas; somente a central "tudo" e a conjunção "e" apontam o estado inalcançável da meta, muito embora haja progresso eterno.

"Tudo" e o maior Amor Paternal e ao próximo se encontram em Mim. Somente Eu estou saturado desse amor. Eu somente represento "tudo" no Infinito, e em Minha Paciência e Indulgência vedes o amor ao próximo e ao Pai unidos em Mim em seu máximo grau.

Disse há pouco que a semente passa pela terra escura à luz, para apresentar o seu fruto; o mesmo se dá com o Amor de Deus que deve elevar e conduzir o homem de suas paixões negativas à maior luz moral.

Se os peixes são o produto do ar condensado, o amor ao próximo deve afastar-vos da matéria dando lugar a sentimentos mais elevados, espirituais e belos em vosso coração, expressando a Semelhança do Amor de Deus. Apenas no amor ao próximo podeis demonstrar vosso amor a Deus, e o não alcançável "tudo" recebe uma medida aproximada às palavras "como a vós mesmos".

Se o pão é preparado do trigo triturado sob influência de água e calor, também o amor a Deus deve nascer da destruição da matéria e aquecido por Minha Doutrina. Os peixes que devem ser secados ou cozidos são o estímulo do amor ao próximo que surge no Sol do Amor Eterno, renunciando a qualquer pensamento de egoísmo, dedicando-se ao bem do semelhante, não havendo outra exclamação senão: “Para ti e não para mim!"

Com estas poucas palavras de Minhas Leis eternas, iniciei o caminho para os homens. Haverá cada vez maior tendência ao seguimento destas duas leis. Além disso, chegará o momento em que toda a humanidade Me clamará para o seu Rei, uma vez saturada pelas sete Palavras celestes. Então não hei de Me ocultar e Me desviar dos desejos de Meus filhos, mas visitarei em toda Glória e Poder aqueles que Me procuraram e conquistaram.

Não encontrarão um Rei, mas um Pastor que levará Suas ovelhas às plagas da luz onde termina toda a pressão material. E num progresso eterno, se cumularão as bem-aventuranças para provar que aquilo que fiz com cinco pães e dois peixes também alcancei com sete Palavras pela saturação espiritual de Meus filhos. Na menor Palavra foi depositada uma pedra para o futuro grande edifício espiritual, onde tudo encontrará seu final, o Ponto Central entre os três, Meu Eu, que perfaz "tudo" na Criação material e espiritual, e para tudo há de voltar. Amém.

17.° Prédica

OS JUDEUS TENTAM APEDREJAR JESUS

João 8, 59. Então pegaram pedras para atingi-lo; Jesus, porém, ocultou-Se e saiu do Templo, passando pelo meio deles.

Eis outra prova da pouca compreensão da maioria dos judeus a Meu respeito, Minha Missão, Minha Origem e Doutrina. Fazendo a leitura do começo ao fim, deveis convir ter Eu espargido torrentes de Luz sobre os ouvintes no Templo; mas foi em vão! A maioria tomava Minhas Palavras ao pé da letra; os fariseus e levitas, atingidos pelo Meu Pronunciamento com relação à adúltera, se evadiram, e o resto, de compreensão fraca, não Me entendeu. Tal desnorteamento e a má interpretação de Minhas Palavras existe ainda hoje e talvez em proporção maior. Se naquele tempo o intelecto de cada um aceitava a Bíblia e Meus Ensinamentos literalmente, hoje em dia vossos estudiosos e naturalistas querem provar pela natureza a inexistência de um Deus e Criador e que nenhuma Palavra pronunciada pelos profetas ou por Jesus tinha origem divina. Lá queriam matar-Me não apenas por lhes ter dito a Verdade, mas porque Me atrevia a falar de uma Origem Divina que desconheciam.

Os judeus respeitavam rigorosamente seus estatutos, mas empregavam os Mandamentos de Moisés o mais comodamente possível. Por isso, Minha Doutrina não lhes podia agradar, pois teriam que restringir em tal caso suas paixões. Educaram o povo nestes moldes, para não lhes escapar relativamente à extorsão.

Ao lerdes a História com atenção, vereis que a partir do momento em que surgiu uma igreja com seus sacerdotes, os ensinamentos dos apóstolos foram explorados de forma a proporcionar poder e destaque, o que também foi a ordem principal dos templários. A educação dos jovens dessa casta era bem planejada, para não aprenderem nada além do benefício trazido pelo seu desempenho. Assim surgiram, em virtude dos grandes abusos, as guerras religiosas, perseguições e a separação em dois campos: católicos e protestantes. Procurando sua salvação pela interpretação literal, se desintegraram em várias seitas cuja base — Minha Doutrina — era a mesma, mas se combatiam na sua explicação.

Como se reiniciou o processo de purificação, surgem as mesmas lutas em termos mais pacíficos. Alguns homens exigem a simplificação das quantidades de hábitos religiosos, que ocultam quase a total construção religiosa. Querem reconduzi-la ao culto original, simples, onde uma cerimônia prescrita só tinha base espiritual entendida pelos ouvintes. Por ora ainda não se apresentam tais renovadores que também sentem o peso da educação e não compreendem que Meu Verbo é Espírito e Verdade, e quem quiser Me adorar terá que fazê-lo neste sentido.

Vários apóstolos desaconselharam às comunidades os rituais cerimoniosos. Pela cerimônia se mata o espírito, não havendo entendimento; dá-se-lhe uma importância inexistente que afasta a criatura de Mim.

A ânsia que atualmente se apossa de muitos e tem como meta o culto religioso, que manifesta a época e sua educação da cristandade, é apenas a transferência para o culto máximo, iniciado por Minhas Mensagens diretas que recebeis há trinta anos. Ainda existem muitos aos quais Minha Doutrina não Se esquadra em seus conceitos mundanos e desejam exterminá-la como os judeus pretendiam fazer Comigo. Mas, também agora Ela passa por todos os empecilhos para − através de ocorrências tristes, misérias e sofrimentos − chegar à humanidade quando o momento for propício, quando todas as esperanças vãs de poder e grandeza se apresentam em sua nudez como fogo fátuo que levaram os incautos ao brejo. Só então se apresentará a compreensão clara de Meu Verbo, forçando à fé os que se baseavam no seu intelecto e julgavam não existir Deus, pois eles mesmos se outorgaram tal disparate. Meu Verbo os aniquilará, e serão obrigados a confessar que sua afirmativa da inexistência era apenas consequência de seus estudos intelectuais.

Assim como Eu Me afastei de Meus assassinos porque o Meu Tempo não havia chegado, hoje Meu Verbo é desviado dos críticos. E se alguém pretende condená-lo, só prejudica a si mesmo, pois o tempo o ensinará que acontece aquilo que Eu quero, e não o que ele deseja em seu escasso entendimento.

Haverá os que atirarão pedras à Minha Doutrina, pedras de palavras duras, que devem sufocar o doce Verbo do Amor. Não é preciso haver receios de sua vitória! Como também Eu fui designado a passar por provas duríssimas antes de Minha Transfiguração, alcançando o término de Minha Missão, hoje Minha Doutrina é apedrejada, condenada e crucificada, para, aparentemente vencida, ser colocada na tumba, da qual há de surgir gloriosa, vencendo a morte.

Quanto maior for o terreno de Meu Verbo, tanto mais numerosos serão os empecilhos, pois Ele ataca muitos em seu bem-estar material e espiritual dentro do conceito individual. Assim tem que ser para que tudo se repita até Minha Chegada, o que naquele tempo era visível durante Minha Peregrinação. Deitei a Semente entre cardos e abrolhos e pouco terreno bom a recebeu. No entanto proliferou em partes isoladas. Hoje ela também cai — o Verbo libertador — em base rochosa, pouco considerada e pisada por muitos, sendo ameaçada de destruição por parte dos abutres. Contudo há de amadurecer até se tornar uma flor celeste, trazida por Mim Mesmo como uma rosa que alegra os sentidos, mas também pode ferir o descuidado com seus espinhos!

A rosa é a flor mais bela porque reúne o perfume à cor, o primeiro expressando o amor e a outra, a sabedoria. Meu Verbo do Amor também faz sentir Seus Efeitos a todos que agem como manda.

Os espinhos são as paixões mundanas que precisam ser afastadas pela luta e o sofrimento. Assim a rosa fala: Não posso existir sem espinhos! Como esses absorvem a eletricidade empregando-a ao embelezamento, todos que querem seguir Minha Doutrina devem aproveitar as vicissitudes para fazer nascer coisas belas e elevadas.

Não lede Meu Verbo para a distração, pois virá uma época que tornará amargo tal prazer, se não for enobrecido por pensamentos e ações. Agi de acordo, protegidos pela certeza das boas ações, sorvendo na Fonte da Vida as delícias do Amor. Não esqueçais vosso Pai por causa das misérias, erguendo bem alto a bandeira da fé e confiança quando voltar para entregar a palma da vitória aos que sofreram. Amém.

18.° Prédica

A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM

Mateus 21, 1-9. Ao chegarem perto de Jerusalém, em Bethphage, no monte das Oliveiras, Jesus chamou dois discípulos e lhes disse: “ Ide à aldeia em nossa frente, e logo encontrareis uma jumenta e um jumentinho com ela. Soltai-a e trazei-mas. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor necessita delas e logo as enviará.”

Isto tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: “ Dizei à filha de Zion: Eis que o teu Rei aí vem, manso, sentado sobre uma jumenta, e um jumentinho, filho de animal sujeito ao jugo.”

Então os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara; trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram em cima as suas roupas, e Ele Se assentou em cima.

E muita gente estendia suas vestes pelo caminho, e outras cortaram ramos das árvores e os espalharam pelo caminho.

E a multidão que ia na frente e a que seguia clamavam: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em Nome do Senhor! Hosanas nas alturas!

Este capítulo começa com Minha entrada em Jerusalém. Em cima de uma jumenta, figura da humildade. Recebi — como o Homem mais Humilde — as ovações de vários crentes e Me dirigi para os mais orgulhosos: os sumo-sacerdotes e fariseus no Templo. Lá, Eu limpei externamente aquela casa de oração de seu detrito material, quando enxotei os vendilhões e agiotas; mas quanto à purificação dos detritos espirituais nas mentes dos dirigentes, tive de entregar ao tempo qual dentre eles um dia chegaria ao Meu Reino.

Todas as ocorrências daquela época tinham seu significado espiritual em todo o Reino de espíritos e almas. Eu, como Filho do Homem em vossa Terra, representava o grande princípio de Minha Doutrina de Amor, passando por todas as fases da vida, para, como Exemplo e Meta alcançável, não ser apenas Estímulo para os seres criados, mas também um Orientador na longa caminhada do aperfeiçoamento espiritual, na Glória de Minha Onipotência, Amor e Sabedoria.

O que fiz no Templo — a purificação e Minhas Parábolas dirigidas aos escribas e fariseus — é, falando espiritualmente, o mesmo que se dá em cada coração quando a criatura começa a se interessar por Minha Doutrina. Penetro na figura da humildade e meiguice, e a alma, animada pelo espírito, Me recebe com loas de alegria. Minha primeira atenção é dirigida ao extermínio das paixões, principalmente do egoísmo, representado pelos vendilhões. Então começo a dar alimento espiritual à alma de acordo com a sua individualidade, o que corresponde às parábolas que disse aos fariseus e escribas, que não entendiam tudo, mas não podiam negar a Verdade das mesmas.

Qual foi a reação deles? Negaram Minha Doutrina e tentaram matar-Me. E o que fazem tantas pessoas que Me receberam em triunfo? A mesma coisa! Quando se apresenta a necessidade da renúncia e sacrifício, viram-Me as costas e preferem desmanchar as impressões de Minha Vinda, a submeter sua tendência pelos bens materiais e o conforto a uma vida espiritualmente elevada.

Minha Entrada em Jerusalém e no Templo representa igualmente a época da conversão individual e da humanidade. Iniciaram-se os trabalhos preparatórios para o renascimento por meio de condições externas; aos poucos deu-se o ataque ao coração para completar a vitória sobre a fortaleza; isso é, contra todas as vicissitudes da vida.

Também durante Minha Peregrinação passei por outras cidades e aldeias, procurando entre o povo incorrupto e os pagãos conquistar alguns crentes. Somente na proximidade do fim de Minha estadia terrena Me dirigi àquelas localidades onde sabia encontrar a maior reação. Previ igualmente que, não obstante os resultados obtidos, tudo haveria de piorar, garantindo o triunfo da Doutrina da Verdade e do Amor. Sabia perfeitamente que Minha Aproximação dos adversários não podia impedir seus planos vingativos. Mas assim estava determinado por Mim, para a durabilidade eterna do Meu Verbo.

A Semente espalhada na Judéia, Palestina e outros pontos não tinha caído em solo imaturo. Com Minha Ressurreição, coroei a Minha Obra total e toda perseguição posterior. Cada sofrimento e tristeza que atingia os Meus fiéis apenas aumentava seu número e os firmava. Toda ocorrência neste sentido representava um tijolo para a grande construção de Minha Criação espiritual, que será no futuro o ponto central de toda a vida espiritual e celeste.

O que Jerusalém representava para os judeus será Minha Criação para almas e espíritos; e o que o Templo representava como Morada de Jehovah na arca, terá que ser um dia todo coração vivo, quer dizer, o Templo onde posso erigir Minha Morada sem Me envergonhar da mesma.

O que se deu Comigo acontecerá de um modo geral com todos. A medida que a criatura voltar o seu coração para Mim, tanto maiores serão as contradições encontradas; pois com a evolução espiritual aumentam os inimigos que querem impedi-la.

Após Minha última Aparição no Templo, enfrentei o maior sofrimento que um homem pode suportar. Assim, também o homem enfrenta no progresso espiritual dificuldades sempre maiores. O mundo se lhe torna cada vez mais estranho. Mas, o mundo se vinga deste desprezo. Apresentam-se empecilhos no aspecto social e protestos no mundo espiritual que dificultam à alma a caminhada evolutiva. Tudo será um quadro fiel de Meu próprio Sofrimento e Luta, até que no ponto crítico o mundo deve ser abandonado para conquistar a Vida eterna. Então se verá de um lado a bandeira do triunfo espiritual e a das alegrias temporárias; e do outro lado o homem terá que se decidir a ficar Comigo, ou a se afastar de Mim. Se ele seguir o Meu Exemplo, participará da ressurreição em seu renascimento espiritual; se acompanhar o mundo, seu destino será o de Jerusalém que, insistindo nos prazeres materiais, em pouco tempo se transformou em um montão de escombros, sendo seus moradores obrigados a viver como escravos de outras nações.

A Entrada em Jerusalém é para toda a humanidade de uma importância muito maior do que ela imagina. Ela representa a aproximação do Meu Eu à humanidade, sendo a Sagração dos homens e espíritos. Santifiquei aqueles muros e os declarei como Posse Minha, provando que, não obstante Senhor da Criação, pedi Humilde e Meigo a aceitação entre os homens, sentado numa jumenta e em veste simples.

Esta Entrada significa que quero tomar morada no coração dos homens. Lá quero ser honrado e amado pelo cumprimento de Minha Doutrina. Assim como o Templo fora erigido para Minha Honra como casa de oração com toda pompa e luxo daquela época, o coração e a alma humanos devem ser ornamentados com todas as virtudes que testemunham o homem como Minha Semelhança, razão por que foi criado.

O Templo era um edifício de luxo mundano onde deveria existir a Glória espiritual. E o homem deve se tornar um ser no limite entre dois mundos: pousando o pé na matéria, deve dirigir olhar e coração para o espírito. É missão do homem — como também Minha e dos espíritos — purificar-se da matéria e revestir-se do espirito.

Por toda parte sopra o vento espiritual para purificar os corações dos vapores mundanos, pois o Senhor e Pai está bem perto. Sentado na jumenta, Ele aguarda o momento de entrar triunfalmente em vosso coração, para que possais também cantar Hosanas a Ele!

A grande época do renascimento está à porta, exigindo entrada nos recintos organizados para tal fim, desde o início da Criação. Abri as portas de par em par, para que a brisa do Amor vos purifique! Virá o tempo em que o Senhor pedirá contas do Bem conferido e das Dádivas espargidas. Se o Templo de Jerusalém se destinava a ser uma Casa de Deus, vosso coração deve se tornar Minha Morada.

Percebei como o tempo voa, e em breve o anjo da morte exigirá o relato dos bens recebidos! Explorai-os, para que a entrada na grande Jerusalém espiritual vos seja concedida, não necessitando perambular quais escravos nos Meus Espaços.

Naturalmente encontrareis tudo aquilo que vos alegrava; no entanto, sentireis falta do prazer muito maior do Meu Amor, Graça e Misericórdia. Se vosso coração não for Minha Morada, então não serei vosso Companheiro em toda parte, não havereis de Me encontrar nem na Grande Jerusalém Espiritual.

Considerai vossa época, os acontecimentos e tendências, com olhos do espírito, e compreendereis que chegou o momento em que Eu, o Senhor, em cima de uma jumenta, quero celebrar Minha Entrada no mundo espiritual das almas! Feliz daquele que estiver preparado, pois não será surpreendido com Minha Chegada! Não se assustará, pois se lhe apresentará a festa da Entrada em Jerusalém como era comemorada por Meus seguidores! Preparai-vos para organizar a devida Entrada para Mim e Meu Verbo, clamando: Hosanas! Amém!

19.° Prédica

Domingo de Páscoa

A RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Marcos 16, 1-8. Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem ungi-Lo. E no primeiro dia da semana foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do Sol. E diziam entre si: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? E, olhando, viram que a pedra já estava revolvida; pois era muito grande.

Entrando no sepulcro, viram um mancebo sentado à direita, de roupa branca e comprida; e ficaram espantadas. Ele, porém, lhes disse: “ Não vos assusteis; procurais a Jesus de Nazaré, que foi crucificado; Ele já ressuscitou e não está aqui; eis o lugar onde O deitaram.

Avisai os Seus discípulos e a Pedro que Ele irá na vossa frente para a Galileia. Ali O vereis, conforme vos disse.”

Elas fugiram do sepulcro, possuídas de temor e assombro, e nada disseram a ninguém, por temor.

O texto anterior tratou de Minha Entrada em Jerusalém e no Templo. O texto acima se refere a Meu enterro e Ressurreição, bem como Meu Aparecimento entre vários discípulos e Madalena. Entre Minha Entrada em Jerusalém e Meu sepultamento ocorreu Minha condenação, as dores mais atrozes que um ser humano pode suportar; a maior humilhação como Criador e Senhor do mundo e a prova de Meu máximo Amor. Somente Eu tinha essa capacidade, pois Me submeti a tudo para dar um exemplo a todos os seres e espíritos, os quais viram o que é preciso para se tornar filho Daquele capaz de criar mundos, sistemas solares e o grande Reino espiritual; também poderia tudo eliminar, caso Sua Onipotência não fosse estimulada pelo Amor à conservação e não à destruição.

Os últimos dias de Minha Vida terrena deviam provar a todos os espíritos que os portadores da centelha divina são capazes de sacrifícios e renúncias maiores em benefício de outrem.

Em parte alguma se evidencia e completa o segundo Mandamento de Amor como nos últimos dias de sofrimento. Eu Me rebaixei e suportei todas as torturas, morte e desonra pública, considerando a todos como irmãos que agradeciam Meus benefícios prestados com ingratidão e vingança; mas, no último suspiro, Eu supliquei o perdão para os que Me viam expiar na cruz.

Que mais podia fazer o amor ao próximo? Mas, como agi deste modo, enalteci tal Mandamento que se destina ao convívio social, pela seguinte frase: “ Não faças aquilo que não desejas que te façam!” — ligando-o ao Amor do Criador acima de tudo!

Minha partida da Terra pequenina, escolhida entre bilhões de corpos celestes para palco de Minha maior Ação, somente possível a Mim, selava com a última respiração a Divindade dos dois Mandamentos do Amor. Eu os pratiquei em sua máxima extensão, deixando um ideal para a Humanidade e como Espírito mostrei aos seres e anjos do que eram capazes, quando chegasse o momento da provação. Na Terra, a Ressurreição era a pedra final para a certeza de Minha Divindade; sem ela, Minha Doutrina e Ações em breve estariam esquecidas. Meus discípulos se teriam dispersado, talvez ainda presos a Mim, mas sem efeito para os semelhantes.

Eles acreditavam em Mim e em Minha Divindade, mas o faziam sob a influência de Minha Presença. Minha Presença, Palavras e Ações eram por demais importantes para outros não impressionarem Meus acompanhantes. Uma vez livres de Minha Pessoa e da pressão moral, o mundo teria aos poucos exigido seus direitos e finalmente apagado a impressão deixada por Mim. Se, portanto, nada restasse de Minha Vida senão a recordação do passado — embora milagroso e inédito — Minha Atitude teria sido em vão, em virtude da reação contra as leis em vigor; de sorte que a Ressurreição firmava a fé dos apóstolos, para lhes dar a maturidade de sua missão futura.

Deste modo, foi Minha Ressurreição a pedra final da construção de fé e religião, que reagia contra todas as investidas negativas, e dentro em breve iluminará em toda sua pureza e brilho, tornando-se Mediadora entre dois importantes fatores: matéria e espírito.

Isso tinha que acontecer, para que se reconheça em vosso orbe que a matéria é apenas invólucro do espírito e só foi criada por causa dele. Toda a matéria tem que se espiritualizar para as criaturas poderem se aproximar do Meu Reino espiritual, a fim de que os demais seres criados imitem vossa ação até que o planeta, livre de sua solidez, não necessite um elemento mais forte, mas apenas uma suave transformação.

Para compreenderdes claramente este processo evolutivo, lembro-vos que todas as Minhas Ações e Palavras, mesmo os acontecimentos mundiais, hão de se repetir até a Minha Volta bem próxima, em quadros interpretativos e não em Minha Pessoa.

O que EU passei como Filho do homem, se aplica também ao progresso de Minha Doutrina, que Me representa agora espiritualmente. Ela também foi deturpada, ridicularizada e vergonhosamente maltratada; finalmente foi enterrada em várias igrejas — os grandes sepulcros c e lacrada com uma pedra pesada de culto vazio. Lá pretendiam que ela ficasse e servisse aos que Dela queriam tirar proveito mundano e não espiritual.

O trajeto da História da Humanidade é uma cópia fiel de Minha Passagem. Mas, havendo em vossa vida três fases importantes espiritualmente, quer dizer: a infância - que prova a fé incondicional; a adolescência - que corresponde à crítica sobre a fé; a maturidade - como seleção entre aparência e verdadeiro ser também Minha Doutrina passou por essas fases, em parte durante Meu Ensino e mais tarde após Minha Subida para sempre.

No início, através dos milagres, Eu também forcei à fé os que Me rodeavam e os eduquei como crianças. Quando Me entenderam melhor, descobriram no seu conceito a Verdade certa do que antigamente apenas acreditavam; isso é, chegaram à adolescência. Tão logo fé e conhecimento se haviam firmado, alcançaram a maturidade e Me aceitaram com convicção, o que lhes parecia o máximo e mais sagrado.

A História de Minha Religião e sua divulgação vos mostra as mesmas fases, com a diferença: quando Eu Mesmo doutrinava, não havia motivo para protesto. Mas quando pessoas inclinadas a paixões humanas e conduzidas por conceitos e interesses pessoais quiseram Me imitar, transformaram o divino em mundanismo, deram a casca no lugar da semente da vida espiritual, o que resultaria num completo afastamento da maioria.

Assim surgiram os extremos dos crentes e não crentes. Agora que essa manifestação espiritual se torna mais forte, em que o corpo no sepulcro, coberto e lacrado, se prepara para a Ressurreição, ainda pretendem preservá-lo com aro-mas e ungüentos, como fez Madalena. Ela se enganando — pois encontrou o sepulcro vazio — os zeladores do sepul-cro espiritual de Minha Doutrina também se verão logrados. Encontrarão a tumba vazia e verão somente a mortalha na qual haviam envolvido o corpo. Mas Aquele, a Quem julgam ter guardado sob chaves e tr'ncos, terá ressuscitado e pro-curará Pessoalmente Seus discípulos, insuflando-lhes nova coragem e zelo.

À medida que se aproxima tal época, maior é o cuidado de conservar o corpo. Se antigamente soldados romanos, como descrentes, vigiavam Meu sepulcro, também se pretende ago-ra que potências estrange'ras amparem os difamadores e juízes de Minha Doutrina de Amor. Tudo em vão! Já irrompeu o primeiro raio que atinge a pedra do sepulcro. Se toda pedra começa a vibrar ao primeiro raio solar até que se aqueça e transmita seu valor à sua base, também a lápide está vi-brando. Isso aumentará à medida que a parte reacionária a quer condenar à morte eterna. O raio do Sol do Amor afas-tará a pedra, enxotará as potências adormecidas, deixando apenas a mortalha, e vivificará o morto para conduzi-lo ao seu futuro aperfeiçoamento na trilha da Luz.

No sepulcro há treva; mas o Deus da Luz da Verdade divina só quer aquela luz que produz calor. Assim, também o Corpo de Minha Doutrina ressuscitará da tumba em que egoísmo e o domínio O colocaram. Aumentará Luz, Calor e Vida onde já existem em corações palpitantes e talvez viessem a faltar totalmente.

Eis o quadro de Minha Ressurreição — a Doutrina do Amor — que preguei há mais de mil anos e que em breve se espalhará pelo orbe todo. Se naquela ocasião Meus discípulos e seguidores se alegravam, a ressurreição da Doutrina será festejada por todos os corações, quando todas as mortalhas serão atiradas para longe, inclusive o culto religioso, acreditando e praticando apenas o Espírito do Verbo.

Tal Ressurreição será o Renascimento, o último passo para o rompimento com o mundo e o início de uma vida espiritual onde não haverá mais laço material para tentar o homem ou impedir sua evolução.

Despertai, Meus filhos! Abri olhos, ouvidos e coração! Jesus, Que em Sua Doutrina de submissão e amor não somente amava o Seu próximo, mas pedia por Seus inimigos, esse Jesus deve renascer em vós! Assim como a Terra deve se tornar Sua Igreja de oração onde devem prevalecer paz, calma e felicidade, também vosso coração tem que apresentar apenas flores de amor a Deus e ao próximo.

Preparai-vos para a comemoração da Ressurreição em vosso íntimo! Será a festa da espiritualidade e da transfiguração de vosso eu.

Também deveis surgir transfigurados e enobrecidos, deixando para trás as paixões e desejos, tornando-vos dignos de Minha Pessoa. Se até então o mundo, a educação e as condições sociais vos envolveram com mortalhas, aromas e unguentos para impedir a deterioração, atirai para longe tais recursos inúteis, pois são instrumentos da matéria e não do espírito. Não sois desse mundo! Fostes espíritos e sereis novamente espíritos! Lá é vossa pátria, onde vos chama Aquele Que morreu por vós, porém ressuscitou para a vossa Ressurreição. Assim retribuireis um pouco pelo muito que Ele fez, tornando-vos Seus filhos. Considerai o que representa a filiação do Criador e Senhor e ser um irmão daqueles espíritos que já passaram por essa escola. Saíram vitoriosos e agora observam o constante Renascimento de irmãos da Terra!

Eu Me desfiz da matéria após ter vencido a natureza humana e Me revesti do Espírito. Fazei o mesmo, que o dia de vossa ressurreição ou renascimento será o mais importante em vossa vida: o ponto final da missão terrena e a base para a espiritual. Amém.

20.° Prédica

A APARIÇÃO DO SENHOR ENTRE OS APÓSTOLOS

João 20, 19-31. Chegando a tarde do primeiro dia da semana e cerradas as portas onde os discípulos se tinham reunido com medo dos judeus, chegou Jesus. Pôs-Se no meio deles e disse: “ A Paz seja convosco!” E mostrou lhes as Mãos e o Lado. Com isso, os discípulos muito se alegraram, e Jesus prosseguiu: “ A Paz esteja convosco; assim como o Pai Me enviou, Eu também vos envio.” Dito isso, Ele soprou sobre eles e disse: “ Recebei o Espírito Santo! Aqueles a quem perdoardes os pecados lhes serão perdoados; e aos que os retiverdes, lhes serão retidos.”

Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava presente quando Jesus chegou. Então os outros lhe contaram: “Vimos o Senhor! “

Ele, porém, disse: “Se eu não vir o sinal em Suas Mãos e não meter o dedo no lugar dos cravos e a minha mão no Seu Lado, de maneira alguma crerei.”

Oito dias depois, os discípulos estavam outra vez reunidos, e Tomé com eles. Neste instante, chegou Jesus, a portas fechadas, e disse: “ A Paz seja convosco!” Virando-Se para Tomé, prosseguiu: “ Chega aqui o teu dedo e vê as Minhas Mãos e mete tua mão no Meu Lado; não sejas incrédulo, mas crente .”

Tomé respondeu: Meu Deus e meu Senhor! Disse Jesus: “ Creste, porque Me viste, Tomé; bem-aventurados os que não viram, mas creram.”

Jesus operou ainda muitos outros sinais na presença dos discípulos, que não estão escritos nesse livro. Esses foram escritos para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e crendo, tenhais a vida em Seu Nome.

Este capítulo confirma Minha Ressurreição e mostra também a importância e necessidade da mesma, condição única para o êxito de Minha Doutrina conquistada com tão grandes sacrifícios.

Vistes os discípulos temerosos, sem fé nem coragem, trancados dentro de casa. Tudo que disse em outras Mensagens se repetirá aos poucos, na Minha próxima Vinda.

Todos os crentes em Minha Palavra hão de passar por todas as fases do entusiasmo, dúvida, incredulidade e todos os abalos da vida espiritual, pois as relações humanas testemunharão muitas vezes contra Mim.

As criaturas que continuarem em seu desatino mundano hão de iludir, perseguir, odiar e possivelmente vingar-se.

Haverá os de fé fraca como Tomé, que, desencorajados, atiraram para longe a paz de sua alma e que só poderão ser salvos através de Minha Presença Pessoal.

O que naquele tempo era feito atrás de portas cerradas representa futuramente o coração dos que não permitem a entrada mundana e espiritual. Então serei também obrigado a sussurrar no coração de Meus seguidores: “ A Paz seja convosco! Não vos amedrontais!” — pois sem pouso e amparo estarão prestes a perder tudo e sucumbir em dúvidas eternas.

Haverá muitos descrentes como Tomé que, não dando ouvidos à Minha Voz, só poderão ser reconduzidos à trilha anterior por provas irrefutáveis.

Assim, também os fiéis e futuros filhos terão que passar pela última prova de fogo da verdadeira confiança; pois se foram convocados a transmitir confiança e fé, terão que possuí-las em alto grau. Eu Mesmo afirmei: Haveis de Me reconhecer pelas Palavras e Ações! Portanto, os Meus filhos também terão que ser reconhecidos como tais, provando que confiança e fé são a primeira condição para se tornarem dignos de Mim.

Naquele tempo disse a Tomé: Agora crês; mas, felizes serão os que não veem, mas creem. Também vós, que há tanto tempo recebeis o Pão espiritual, não sois melhores que Meus discípulos. Sois desanimados, desencorajados, começando a duvidar de Minhas Palavras e voltando-vos para o mundo com seus prazeres, quando as coisas não correm como desejais. Vós vos trancais em vossa casa, nada querendo saber interna e externamente, quando aparentemente surgem contrassensos, não podendo unificar certos acontecimentos com Meu Amor que tudo envolve. Então serei obrigado a dizer como fiz a Madalena no sepulcro: " Por que chorais? Guardai vossas lágrimas para outras ocasiões! Aquele que julgais longe, está perto, espiritualmente!"

Fui obrigado a dizer para Madalena: Mulher, não Me toques! — pois ela via Meu Corpo espiritualizado que não podia ser tocado! Quando entrei nas casas de Meus discípulos, permiti que Me sentissem fisicamente. Mas, na realidade, assim não foi. Quando Minha Missão terminou na cruz, a matéria deixou de ser Minha veste, pois estava transfigurada para retornar após alguns dias à Fonte Divina.

Conforme consta nesta Prédica, Eu operei ainda outros sinais; isso é, abri-lhes olhos e ouvidos para que, mais convictos de Minha Divindade, recebessem a coragem para reagir contra todas as vicissitudes e perigos que sua profissão futura haveria de trazer.

Enquanto caminhava fisicamente em seu meio, não tinham a firme convicção de ser Eu Um Ser Divino e que possuía poderes incomuns entre os mortais. Observavam Meus Milagres, mas viviam sob esta coação. Tão logo Eu Me afastei, cessou aos poucos essa influência direta, apagando-se a fé e a confiança firmes. Se Eu não tivesse ressuscitado, se não tivesse cumprido todas as Promessas, não passaria um mês e todos, voltando aos antigos afazeres, tomariam o que passaram Comigo como simples sonho, do qual restaria apenas uma recordação cuja realidade não podiam passar a ninguém.

Se naquele tempo precisei fortalecer Minha Obra com a Ressurreição, os quarenta dias no deserto e Min ha Ascenção, também hoje tenho que conduzir e fortificar os Meus filhos na fé e na confiança.

Se passei aos apóstolos o Espírito Santo, se lhes dei o poder de apagar e atar os pecados — poder esse que o sacerdócio posterior deturpou — foi porque tinham chegado à firme convicção da Existência de Um Só Deus, acima de qualquer matéria, e como Espírito só podia ser aceito como Tal, sendo Jesus o Guia deles. Assim foi possível transmitir-lhes Meu Poder, pois aspiravam Minha Meta espiritual em fazer do semelhante um filho Meu.

Se eles puderam efetuar milagres e curas pelo Poder do Meu Verbo, também sereis capazes disso, confiantes no Meu Poder e Ajuda, o que para a criatura comum é inteiramente impossível. O tempo e as condições de vida vos educarão para tanto. Muitos foram chamados para esse fim; a realização depende de vós.

Não cerreis vosso coração à Minha Voz Paternal! Não desanimeis, mesmo quando se apagarem os últimos raios da esperança. Estou e ficarei com os que o desejam a qualquer preço! Não aguardeis Minha Presença como fez Tomé, mas preparai-vos para a fé e confiança, para que Ela seja apenas a confirmação de vossas esperanças.

Não deveis permitir que vosso coração seja assaltado por dúvidas, nem enfraquecer vossa confiança com lucubrações! Meus filhos devem olhar para o Alto cônscios de Meu sacrifício, Amor e Zelo Paternal para todos os seres vivos, para que seu coração se torne um Templo perene de Meu Amor e da fé inabalável, um apoio em todas as vicissitudes da vida e um tesouro contra todas as fraquezas provindas da dúvida e da incredulidade. Então haveis de escutar em vosso íntimo: “A Paz seja convosco!” Onde a Paz do Amor já impera no coração, Eu só preciso confirmá-la.

Que ela nunca se afaste de vós, para Eu encontrar livre acesso, não sendo obrigado a penetrar pelo Poder de Minha Vontade, mas Me defrontando com vossa alma preparada para aceitar Aquele Que também foi Guia e Pai para os discípulos. Amém.

21.° Prédica

JESUS, O BOM PASTOR

João 10, 1-16. Em verdade vos digo: Aquele que não entra pela porta do curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre, e as ovelhas ouvem sua voz, e ele chama pelo nome as suas ovelhas e as traz para fora.

Depois que as deixou sair, ele vai em sua frente, e elas o seguem, porque conhecem sua voz.

Mas, de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, pois desconhecem a voz dos estranhos.

Jesus lhes disse essa parábola, mas eles não a entenderam. Prosseguiu Jesus: “ Em verdade vos digo que Eu Sou a Porta para as ovelhas. Todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. Eu Sou a Porta; se alguém entrar por Mim, salvar-se-á, podendo entrar e sair, e encontrará o pasto.

O ladrão não vem, senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham a Vida em plenitude.”

Este capítulo trata do verdadeiro Guia para a Luz da Verdade e dos falsos guias que alegam que só por eles se chegará à Luz, enquanto são a mais densa treva. Ladrões e assaltantes representam espiritualmente a tendência de tirar ou até exterminar o que pertence à alma humana.

A Porta, ou seja, Eu Mesmo, indica o único Caminho certo para o Conhecimento. Somente as pessoas que, apesar do mundo e sua inclinação, não perderam o instinto espiritual, ou se o perderam novamente o encontraram, sabem distinguir entre Minha Voz e Doutrina dos falsos profetas. Estas Me seguirão, apenas porque conhecem a Minha Voz.

Precisamente agora vos encontrais na situação em que, simbolicamente falando, ladrões e assaltantes entram por todas as janelas de Minha Casa, a fim de se apossarem do tesouro oculto. Percebeis nas almas agitadas o movimento religioso despertando e puxando-as para todos os lados. Quanto mais a intuição leva as pessoas junto de Mim, tanto maior é a reação dos outros que visam apenas suas vantagens, sendo então vitoriosos, e não Eu. Esta força negativa de pressionar, injuriar e odiar vai crescendo cada vez mais; à medida que Minha Influência cresce, aumenta a reação. Meus filhos serão por isso experimentados duramente, e nestas provas serão atacados na insistência, fé e confiança. Só tenho uma Doutrina, o Amor, enquanto os ensinos dos outros são múltiplos, pregando ódio em lugar do amor, orgulho em vez da humildade, impaciência contra a paciência. Assim se repetirá o que lestes no Evangelho, onde os judeus Me perseguiram e queriam apedrejar-Me. Hoje também se atiram pedras em Mim e Meu Verbo; hão de classificá-Lo como obra de Satanás e a Doutrina deles como ensino vindo diretamente do Céu. As almas se alterarão em vez de se entusiasmarem. As ideias serão manifestadas pelos pulsos, e o fanatismo abanará seu final sangrento, fazendo muitas vítimas.

Assim se cumprirão as Minhas Palavras: Eu não vos trago a paz, mas a espada!

Se em toda a Criação se dão luz e calor através da fricção e esses dois fatores sustentam e conservam o Universo, o atrito espiritual terá que realizar o processo de purificação, para que se desenvolvam a Luz da Verdade e o Calor do Amor.

Precisamente a tendência dos "ladrões e salteadores" apressarão a vitória de Minha Doutrina e Meus Planos. Através de sua apresentação apaixonada, eles estimulam as almas à reflexão e comparação. Se no início muitos seguiram a chamada falsa dos seus guias, hão de prestar maior atenção à doutrina errônea. Nela não hão de encontrar aquilo que lhes fora apresentado em vivas cores, e o resultado será a descoberta do Guia e da Porta certos, justamente porque os outros pretendiam desviá-los da procura. Deste modo, Meus adversários trabalharão em Meu benefício, realizando o que queriam impedir: a união de Meus filhos Comigo, de Minhas ovelhas com seu Pastor Único. Se retirarão como mercenários em grandes perigos, enquanto darei a verdadeira proteção aos Meus filhos, e nela reconhecerão o verdadeiro Senhor, Pastor e Protetor.

Assim será. Não vos assusteis e não vos desespereis quando vossos maiores inimigos acumularem os empecilhos mais fortes, pois acrediteis estardes bem perto de Mim pela fé e confiança, contando com um acréscimo de vossos adeptos.

Não procureis converter alguém. Não é tão fácil como pensais conduzir outros ao caminho da Doutrina do Amor. Ela exige renúncia das coisas agradáveis no mundo, enquanto Minha Doutrina não é daqui nem para esse mundo, mas para o grande mundo espiritual.

A fim de desistir dos hábitos, crenças e conforto, e iniciar a luta crescente consigo e o mundo, preciso é um grande amor, uma grande capacidade de sacrifício, dirigindo-se apenas para o Alto. Durante Minha Peregrinação, tivestes a prova quando aconselhei a um interessado à renúncia de todos os bens, e ele se afastou entristecido. Isso acontecerá convosco na intenção de estimular alguém para a verdadeira Doutrina; ele, em vez de vos seguir, afastar-se-á e talvez se tornará vosso maior inimigo. Eis o resultado quando as pessoas não possuem maturidade para a compreensão do Verbo. Aguardai a chegada de famintos e dai-lhes o pão na medida de sua compreensão; do contrário, não será assimilado e até prejudicará!

Não é tão fácil ouvir a Minha Voz e segui-La. Vós mesmos, conquanto há muito tempo alimentados por Mim, vos portais às vezes tão fracos, como se nunca tivésseis ouvido uma Palavra direta.

Até quando pretendeis ligar o mundanismo ao espírito, pois o último exige muito sacrifício e cansaço?! Se agirdes deste modo, o que aguardar de outros que mal chegam à porta, não têm coragem de atravessar o limiar e deixar para trás tudo que antigamente lhes parecia tão importante? Sede precavidos na escolha das amizades!

Não ligueis aos oponentes! A medida que o tempo passar e Minhas ovelhas aumentarem, Minha Doutrina não continuará desconhecida, mas também crescerá o número dos oponentes. A luta tem que surgir! A vitória será dos persistentes: Meus filhos, que não somente acreditam em Minha Voz, mas também sabem que Ela leva à meta certa, pois somente Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida para chegarem ao infinito Reino dos espíritos, sendo agraciados não com sofrimentos, mas com bem-aventuranças pelas lutas travadas.

Assim se desenvolve o processo da vida. É preciso separar o espírito da matéria, a alma do mundanismo, para finalmente se dar a finalidade do homem, como também a Minha Vida com os sofrimentos e lutas em prol da Ressurreição.

O mundo deve acolher somente Um Pastor com Suas ovelhas; não se pode servir a dois senhores. Quem quiser dar honras à matéria, nela se afundará; quem almeja o encontro com o espírito, terá que abandonar o peso. A matéria é compacta e não deixa transparecer a luz. Somente o espírito é capaz de aceitar a Luz do Amor Celestial, que produz calor vital e desenvolve a centelha divina dentro da alma e a reconduz junto da Fonte Original.

Esta é a finalidade de Minha Doutrina, Minha Encarnação e Retorno para futuro breve.

Quanto mais Ele Se aproxima, tanto mais se desafiarão os polos contrários, Luz e treva. Todavia, assim como o Sol vence diariamente a noite escura, Minha Luz em Ascensão afugentará os ladrões e assassinos que praticam o seu ofício à noite. Terão que se afastar, converter-se ou voltar à treva eterna, até que em sua alma irrompa de espontânea vontade a luz crepuscular.

O mundo há de se opor aos Meus Planos e Intenções; Mas justamente essa reação apressará Meus Planos, e finalmente Eu e Meus filhos ocuparemos o campo de batalha.

A persistência leva à meta final! A denominação "Meu filho" tem que ser conquistada com renúncias e sacrifícios, pois o prêmio vale a luta. Não Me abandoneis! Deixai o mundo e as criaturas correrem à vontade, nem vos preocupeis com os conflitos políticos! Milhões de criaturas devem ser levadas à Luz pela Porta certa; por isso deve haver acontecimentos e relações diversas, para conduzi-las segundo seu grau de inteligência — uma tarefa que não podeis imaginar e cabe somente a Deus, que saberá alcançar os maiores efeitos com a possibilidade mais ínfima.

Isso vos sirva para o entendimento melhor, observando a evolução do Evangelho de João, percebendo como há mais de mil anos o desenrolar da História da Humanidade em vosso planeta estava prescrito e determinado.

Por isso também a Bíblia está sendo reservada para dar a maior prova que lá estava anotado tudo o que se desenrolaria gradativamente em épocas posteriores, o que porém se destaca somente para o renascido em espírito.

Dirigi vosso olhar para Mim, lembrando-vos de que quem não Me abandona, não será abandonado por Mim. Ficai Comigo, que haveis de ouvir mais nitidamente a Voz do Pastor, podendo colaborar com palavras e ações, indicando também a outros cegos o único Caminho da Salvação, para que no fim haja somente Um Pastor e um rebanho! Amém.

22.° Prédica

PREPARATIVOS PARA A SUBIDA DO SENHOR

João 16, 16-23. “Dentro em pouco, não Me vereis; mas, passado um pouco, ver-Me-eis, porquanto vou para junto do Pai.”

Então alguns dos Seus discípulos disseram: Que é isto? Dentro em pouco não Me vereis; e passado mais um pouco, ver-Me-eis, porquanto vou para junto do Pai. Que quer dizer isto? Passado um pouco? Não sabemos o que diz...

Jesus, percebendo que queriam interrogá-Lo, disse: “Indagais entre vós sobre o sentido de Minhas Palavras. Em verdade vos digo que chorareis e vos lamentareis; o mundo se alegrará e vós estareis tristes; mas vossa tristeza se transformará em alegria.

A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora. Mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem ou uma mulher no mundo.

Assim, também sentis tristeza; mas em outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos tirará vossa alegria.

E naquele dia nada Me perguntareis. Em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a Meu Pai, em Meu Nome, Ele vos dará.”

Neste e no capítulo anterior dei aos discípulos uma prova do que aconteceria quando não mais estivessem debaixo de Minha Orientação e Influência. Certa feita Eu Me comparei à videira e os apóstolos às uvas que frutificam somente enquanto estiverem ligadas à primeira.

Mostrei-lhes o destino dos que Me abandonaram e que somente são pecadores os que sabem o que crer e fazer, no entanto agem em contrário, ao passo que os ignorantes não merecem punição. Expliquei por meio de parábolas que o crente não é servo de Minha Lei, mas livre praticante, como um amigo deve seguir os conselhos do amigo. Haveriam de entrar em conflito com o mundo, que os odiaria. Além disso, estimulei a esperança de que Meu Espírito haveria de proporcionar compensações através de alegrias espirituais, enquanto as do mundo se fechariam paulatinamente.

Tive que lhes predizer isto tudo, pois ainda não tinham noção de sua missão. Viviam sob constante influência de Minha Pessoa, sem terem uma ideia certa de Minha Missão, nem da importância de Minha Vinda e de Minha Partida. Eram humanos e pensavam materialmente. Por isso fui obrigado a falar repetidamente de Minha Partida, conforme consta nos versículos acima de João, Meu predileto.

Disse-lhes literalmente: “ Muita coisa teria para vos dizer, mas não sois capazes de suportar ou entender! ” Este é o motivo por que não compreendiam o seguinte: “ Dentro em pouco, não Me vereis; mas passado mais um pouco, haveis de Me ver, pois vou para junto de Meu Pai!"

Como teria sido possível que Meus discípulos acreditassem numa possível prisão e morte, pois viram por várias vezes Eu Me desvencilhar de qualquer perigo? Como poderia um Enviado de Deus ser morto? Isto não entrava em suas mentes, até que a dura realidade os convenceu de Minhas Palavras. E só então compreenderam qual era sua missão, a Minha Pessoa e o próprio mundo.

Aquilo que preguei do Reino de Deus, a importância de Minha Doutrina e sua prática, tudo isto é do conhecimento em todos os idiomas e por milhares de acontecimentos. Convido a todos a não Me abandonarem, pois sem Mim não há consolo nem salvação! Se anunciei Minha Partida em breve, não lhes tirei a confiança de Me reverem pouco mais tarde. Repito hoje as mesmas advertências, pois longe de Mim existe treva, e só haverá felicidade para quem tiver a Graça de Me rever após curto tempo. Ai dos que Me virarem as costas! Caminharão por trevas da matéria onde serão precisos muitos processos de purificação para reconquistar a perda e melhorar o que foi pisoteado.

Comuniquei aos discípulos que Minha Partida estava dentro de Meu Plano. Seria um afastamento curto, para se habituarem a um tempo mais longo; em compensação prometi o Consolador ou o Espírito de Deus.

Se em certos momentos digo às criaturas: Não Me abandoneis! — o sentido é o mesmo daquele tempo; quer dizer, não desanimeis durante Minha ausência, se o mundo e os acontecimentos se atiram sobre vós e não sentis Minha Mão, nem ouvis a Minha Voz! Perseverai, se o mundo vos paga a dedicação com escárnio, ódio e perseguição. Dentro em breve haveis de Me ver, sentir e ouvir dentro da linguagem da natureza, pelo desvio de atritos, ouvindo novamente a meiga Voz da Paz reconquistada no coração!

Também vós passareis por horas amargas de dor, se vos dedicais a Mim e não ao mundo; mas a volta ao coração sofrido, a firme convicção de que o Sol — muito embora obscurecido por nuvens — finalmente ressurgirá vitorioso, isto tudo vos fará esquecer as dores passadas e firmará vossa fé e confiança em Mim.

A missão de Meus apóstolos após Minha Partida era muito séria, de sorte que precisavam aprender a suportar o pior. Tinham que se habituar à Minha Ausência para se apresentarem de própria iniciativa. Hoje este caminho é de todos os que querem acompanhar as Minhas Pegadas. Também hoje sou obrigado a vos dizer: O mundo vos odiará e perseguirá por não pertencerdes a ele. Quanto mais Me amem os Meus filhos, tanto mais forte será o choque com as pessoas materialistas, até que Eu as prepare para algo melhor.

Tais consequências são naturais e necessárias, pois não é tão fácil querer se tornar um filho do Criador da natureza visível e invisível. Se alguém progride espiritualmente, têm que ocorrer atritos com o mundo, pois o seu ódio cresce com o amor para Mim. Por isso, não desanimeis quando dentro em pouco não Me vereis; passando esse pouco, voltareis a Me ver.

Às vezes sou forçado a vos deixar entregues às próprias forças; tereis que provar se sois realmente capazes de confessar abertamente aquilo que entusiasma durante a leitura de Meu Verbo. Tem que surgir a pergunta sobre o quanto Me amais e qual o vosso medo diante do mundo.

Não penseis possuir coragem tão grande como vos parece. Vede Meu apóstolo Pedro. No Jardim de Getsêmane ele Me defendeu com a espada e pouco tempo depois ele Me negou. Se ele pôde errar, podeis imaginar vossa coragem em momentos decisivos. Por isso, têm que ocorrer seguidamente circunstâncias tais, que devem vos fortalecer na fé em Mim. Se quem Me conhecia Me negou, o que esperar de vós que nunca chegastes a Me ver, conhecendo-Me apenas pela meiga Voz do coração?

Eis a razão por que tenho que vos deixar seguidamente para lutardes contra as investidas do mundo, reconhecendo o que já conseguistes e o que ainda vos falta.

Lembrai-vos sempre que a vontade é forte, mas a carne fraca. Em momentos de entusiasmo, julgais poder deitar um elefante em vossas costas, e quando chega o problema, uma mosca já é incômoda.

Analisai seguidamente quanto de amor e confiança possui vosso coração, para não desanimardes ao sentir Minha aparente Ausência, aguardando a Volta de vosso Guia e Pai!

Uma vez descobertas vossas fraquezas, sabereis quanto amor é preciso para realizar o que pensais ser tão fácil, e então conhecereis o caminho que leva junto de Mim, treinados pela Minha Ausência, e sabereis também qual a missão como criatura e filho do Pai!

Digo-vos isso como advertência, para não pensardes que podeis carregar pesos insuportáveis, como uma temeridade sonhadora. E para vosso conforto, deveis vos lembrar numa aparente Ausência do Pai Celeste que: “Por um pouco não Me vereis; mas dentro em pouco Me vereis novamente!” Amém.

23.° Prédica

A PÁTRIA ETERNA

João 16, 5-6. " Agora vou para Aquele Que Me enviou; e nenhum de vós Me pergunte: Para onde vais? ” — pois tendo dito estas coisas, os seus corações se encheram de tristeza.

Embora este texto pareça de fácil compreensão, ele contém sentido mais profundo do que imaginais. Expressei-Me dessa maneira — falando de Pai e Filho — porque queria preparar os discípulos para os próximos acontecimentos, finalizando Minha Passagem na Terra. Não havia outro meio de ensinar-lhes Minha Relação com Jehovah, pois tal quadro correspondia à relação de Sabedoria e Amor; como Sabedoria, Me tornei Homem; mas continuei como Amor, o eterno Conservador e Criador do Universo.

Essa predição de uma separação não se coadunava com a compreensão deles, deixando-os tristes e não sabiam o que dizer ou perguntar. Por isso lembrei-os de que ninguém Me perguntasse: Para onde vais? Além do mais, não acreditavam que Eu Me pudesse ausentar. Aceitando-Me como Deus Que desceu para salvar a humanidade dos laços materiais, não podiam saber para onde Eu iria. Muito conscientes de Minha Origem divina em virtude de Minhas Palavras e Ações, eles transformavam muitos conceitos espirituais em ideias materiais. Daí surgiam seguidas definições errôneas quando não Me entendiam, então Me acusavam de falar com dureza e sem clareza.

Eu disse textualmente: Agora vou junto Daquele Que Me enviou! E agora, depois de tantos séculos Eu vos pergunto e à humanidade toda: Para onde ides vós, e quem vos enviou?

Assim como Eu tive Minha Missão, Minha Finalidade ou o Porquê da Vida, todos os seres têm a mesma finalidade, inclusive a matéria mais sólida e crua, pois também tem sua missão, como expressão visível de espíritos algemados.

Agora que chega ao fim o tempo de provação, pergunto por meio de acontecimentos políticos, religiosos e naturais: “Para onde ides?” E o faço a fim de cada um refletir sobre si mesmo e qual a razão de sua existência na Terra.

O vento espiritual que precede Minha breve Chegada anima todos à atividade. Em toda parte se pergunta: Por que estou aqui? Quem sou? Qual minha finalidade? Para onde vou? — Quem reflete a respeito vê-se subitamente colocado entre dois mundos, o visível e o invisível. Os escassos pontos de referência oferecidos pela efemeridade não servem à criatura ávida de consolo e paz. Tudo que vê surgir, ela vê se desvanecer e transformar. Estes fatos a estimulam a indagar a tudo e a si mesma: De onde viestes, seres cheios de milagres e mistérios, para onde caminhais?

Desta maneira, o homem recebe quem vem e quem parte. Mas, é obrigado a perguntar a si próprio, pois se refletir um pouco, descobre ser ele um enigma muito maior do que as coisas visíveis. Tais perguntas sempre voltam e forçam as pessoas para um critério mais profundo. Se o resultado de tal pesquisa não fornece verdade e clareza suficientes, surgem as dúvidas que a todo preço querem maior orientação.

Esta insistência foi sempre o prenúncio de transformações mundanas e espirituais. Era o indispensável vento espiritual que despertava a natureza humana sempre que pretendia entregar-se ao agradável sono dos prazeres.

Havendo dois fatores a estimular este vento — Minha breve Chegada como coroação de Minha Missão na Terra e a tendência da humanidade de gozar a vida e negar o espírito — novamente se faz ouvir a chamada em todas as almas: Para onde vamos? Por que estamos aqui?

A resposta insatisfatória dada pela atual orientação espiritual, desperta a ânsia por algo novo e verdadeiro.

As criaturas não podem negar o Reino invisível. É inútil se alguns Intelectuais se esforçam para provar apenas a matéria, pois os homens não sentem seu coração preenchido, não obstante atirarem nele tanta matéria pelo intelecto.

Assim sendo, a humanidade é forçada a se despojar das algemas que muitos desejam aproveitar em seu próprio benefício.

Este conflito tem que preceder a Minha Chegada, para finalmente contar somente com os que deram preferência ao espírito e também ao conhecimento de onde vieram, por que vieram e para onde têm que ir.

Serão os que, sobrevivendo a todas as tempestades, conseguiram manter-se puros no lamaçal do egoísmo e leviandade; pois serei Pastor somente para esses e eles Minhas ovelhas.

Também vós, escolhidos entre muitos e guiados pela Palavra direta para dar um exemplo aos demais, ouvireis tal pergunta: “Para onde ides?”; quer dizer, considerais a responsabilidade de querer ouvir a Palavra de Deus, vosso Pai. Ao ouvi-La, vos comprometestes também a praticá-La.

Vós, que ouvis Minha Voz e sabeis como pô-La em prática, sois duplamente responsáveis pelo desleixo. O coração de Meus discípulos se entristeceu quando falei de Minha Volta junto Àquele Que Me enviou. Qual será o vosso sentimento quando fordes voltar a Ele? Cuidai de voltar com o capital bem empregado, rendendo juros em Meu Reino, pois o servo preguiçoso enterrou o seu. Do contrário, chegareis imaturos a um mundo no qual haveis de sentir o peso da imaturidade e sereis infelizes entre bem-aventurados!

Se tendes que voltar junto Daquele Que vos enviou, que seja na consciência plena de terdes feito tudo que aprendestes. Aproveitai Minhas Palavras em vosso benefício e de outrem, de sorte que somente boas ações e poucos erros perfaçam vosso número da Vida. Se um irmão perguntar: “Para onde ides?” — apontai a Aurora da Eterna Luz de Amor, dizendo: “Vamos de onde viemos e onde é possível a constante aproximação espiritual do Criador e Pai.”

Eu também dei esta resposta na consciência plena de ter cumprido rigorosamente Minha Missão, muito embora Me aguardava o pior.

Também tereis que falar deste modo e desde já vos alegrar do triunfo, quando podereis apanhar a palma da vitória após lutas e tentações vencidas.

A quem tem compreensão negativa ou talvez ignore o Meu Verbo, não posso responsabilizar como os que O conhecem e sabem como devem agir. Esses que pecam conscientemente são responsáveis e condenados pela própria consciência, pois embora tivessem tanta ajuda espiritual, deixaram-se emaranhar nas teias dos prazeres mundanos, perdendo sua dignidade espiritual.

Conquanto Minhas Palavras soem agradáveis, é preciso tomá-las a sério, pois somente o cumprimento de Meus dois Mandamentos de Amor pode classificar-vos de filhos do Criador do Universo!

O prêmio prometido não pode ser compreendido em toda a sua extensão e profundeza, porque desconheceis o Meu Reino dos espíritos. Se pudésseis observar como anjos e espíritos elevados vos invejam por esse privilégio, ficaríeis orgulhosos de ter partido Daquele e de voltar a Ele, Que é e Próprio Amor.

Que Sentimento incrível é manifestado pelo Amor divino querendo fazer de vós os Seus filhos! Assim provarão o que disse Jesus: “ A Sabedoria quer Se unir ao Amor após missão cumprida de onde partiu, e também vós o podeis alcançar .”

Voltei junto de Meu Pai, Que Me havia enviado à Terra. Cuidai de vosso retorno, para receberdes da Mão Dele a coroa da vitória pelas lutas e sofrimentos, como fiz Eu há mais de mil anos! Amém.

24.° Prédica

O PEDIDO JUSTO

João 16, 23. Em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a Meu Pai em Meu Nome, Ele vos dará.

Este versículo transmite que os Meus discípulos haviam de receber tudo que pedissem ao Pai, como consolo pela perda de Minha Pessoa. Prometi-lhes esta alegria, pois por ela podiam continuar ligados a Mim, porquanto Eu havia de ouvir e cumprir seus pedidos. O versículo é de fácil compreensão; mas, se o considerardes com rigor, descobrireis algo muito profundo. A fim de vos levar à interpretação espiritual, vamos responder a perguntas. O que é um pedido?

Muitas Palavras foram proferidas sem saberdes o seu sentido real. Por isso sou às vezes obrigado a chamar vossa atenção à análise, pois enquanto não fordes capazes de interpretar as Palavras da Bíblia, não se pode cogitar de compreensão. Podem, quando muito, trazer consolo e paz para quem as lê superficialmente.

Pois bem, um pedido é uma súplica dirigida a alguém mais forte e poderoso, porquanto as forças do necessitado são insuficientes. É a solicitação de um recurso ativo para si ou outrem necessitado de ajuda. Isso prova a impotência que leva ao pedido, porquanto não se pode exigir nada.

Se alguém pede algo de pessoas benevolentes ou amigas e pretende causar boa impressão pronunciando o nome prestigioso de terceiros, prova que o pedinte espera ser atendido pelo pronunciamento do nome. Levando isso em consideração, compreendeis porque recomendei aos discípulos a pedirem ao Pai no Céu, em Meu Nome, e lhes havia prometido que nenhum pedido lhes seria negado. Queria lembrar-lhes sua impotência e conservar a recordação de Meu Empenho e Vida, pois só assim seriam capazes de considerar o pouco valor das coisas materiais.

Esse modo de pedir devia provocar uma crescente confiança em Mim, que estaria espiritualmente sempre com eles. Isso também aumentava sua fé em Minha Origem divina, podendo transmitir a outrem a proteção do Ser Supremo, Senhor e Pai.

Subentende-se que Eu, como Deus, não necessitava ouvir os seus pedidos, pois sabia desde sempre o que necessitavam em seu próprio benefício. O pedido tinha apenas a finalidade de despertar a confiança em Mim, que não sou um Deus que faz tremer o homem fraco, mas um Pai acessível para os Seus filhos.

O fato de ter recomendado os pedidos dirigidos em Meu Nome se baseava no Meu Exemplo de Amor, Entrega e Paciência com as erros dos homens, e assim podiam ter uma leve ideia do Pai Que sempre provou Seu Amor como Jesus. Só assim estabeleciam um relacionamento com Jehovah e tinham coragem de elevar seu coração a Mim, cônscios de que Eu havia de atender aos seus pedidos.

Deste modo, o intercâmbio entre Jesus com Meu Amor nunca foi perturbado. Confiantes, ensinavam o Meu Evangelho em toda parte, realizavam milagres e sacrificavam a própria vida, porque sua união Comigo sempre os afastava do mundo. Deram, portanto, um exemplo eterno do poder da fé e da oração, quando nascidas num coração puro que exige apenas a união com o espírito e Me agradece antecipadamente pelos benefícios que Eu lhes reservava, mesmo que não Me tivessem pedido.

Eis o sentido de um pedido e quão grande é a dádiva recebida. Assim como na vida material um pedinte se entrega à doce esperança que lhe seja concedido um favor que aumenta a confiança em relação ao doador, a aproximação espiritual a Mim, o Pai, é a única esperança e conforto de que um Deus de Amor só visa o bem e concede um pedido justo.

Assim, a relação entre Criador e criatura é constante. Não se fundamenta no medo, no rastejar diante do trono de um Deus Onipotente e Irado, mas na confiança e amor alimentados por um filho a seu protetor. Este laço é o mais belo na natureza, o do amor paternal e filial, com o qual é conservada e aperfeiçoada toda a Criação, única união que condiz com o Meu Espírito e enobrece a criatura.

Compreendei o que significa: pedir, orar e se dirigir a Mim em Nome de Jesus, pois Ele enfeixa Minha maior Ação e Sacrifício que fiz por Amor a vós e a todos os espíritos.

Não podeis ser orgulhosos pela recordação de Meu sofrimento, nem avarentos, nem alimentar ódio lembrando-vos de Meu Amor, mas imitar estas Minhas Virtudes, pronunciando o Meu Nome.

Vosso pedido a Mim deve elevar-vos acima do mundanismo e vos conduzir ao Meu Reino espiritual, onde concedo aquilo que é útil para vós ou vosso próximo. Agora resta saber o que podeis pedir na esperança de aguardar um atendimento. Muitos cometem erros neste ponto, pois pedem somente quando o sofrimento os obriga a tanto; outros ainda o fazem em se tratando de privilégios materiais etc. Daí podereis deduzir o que seja um pedido feito a Mim e lembrai-vos que afirmei várias vezes: “Meu Reino não é deste mundo e quem quiser orar a Mim deve fazê-lo em espírito e verdade.”

Estas frases provam que não se trata de coisas materiais e que testemunhais pouco respeito e amor, julgando-Me juiz comum ou monarca qualquer, ao qual se dirige apenas uma petição para obter seu pedido.

Quanta tolice é pedida a Mim nesse mundo conturbado! Quantos intercessores são importunados para mediadores em favor do pedinte! Se as pessoas pensassem um pouco a respeito de seu comportamento, haviam de se envergonhar, pois querem atrair Deus, Criador e Senhor do Infinito, para junto de suas futilidades. Não percebem que a maioria de seus problemas e desgraças provêm de sua própria atitude.

Se as deixo agir e assim, atraem moléstias e acidentes dos quais devem tirar benefício superior; por que deveria impedir o que lhes serve para a salvação espiritual? Viso somente esse progresso, mas nunca o conforto material como finalidade principal de sua vida. Como poderia Eu proporcionar-lhes o que seria um prejuízo para os Meus filhos?

Criaturas de pouca visão! Às vezes Me pareceis crianças que a todo custo querem meter a mão no fogo, porque ainda não fizeram a experiência que ele não só ilumina, mas também queima!

Quantos pedidos absurdos são dirigidos a Mim! Um quer dinheiro, outro saúde, o terceiro sucesso em suas empresas, o quarto se desespera porque a morte deixou uma lacuna em sua família, o quinto gostaria de ver seus filhos se atirarem no inferno através do luxo e do conforto etc. Mas ninguém se lembra que, com o atendimento de seu pedido, a vida espiritual dos participantes só poderia piorar. Não se lembram que precisamente os sofrimentos e as desgraças representam as pedras nas quais se ferem enquanto se entregam ao mundanismo, desconsiderando a evolução espiritual.

Os pais só visam o cuidado para os filhos, querem tudo de bom para eles: saúde, riqueza, vida longa e elevada posição social. Bem, o que almejais como pequenas criaturas em Minha Criação deve também ser permitido a Mim. Quero educar os Meus filhos no sentido de gozarem todo o bem e o belo em Minha Criação, para se tornarem espiritualmente sadios, ricos em Meu Amor e recebendo grandes missões futuras.

Vêde, Eu quero o mesmo que vós; existe apenas a diferença que precisais frequentar outras escolas que vossa prole, se quereis vos tornar Meus filhos.

Além disso, vossa preocupação é curta para o bem de vossos filhos, enquanto Eu cuido que a vida eterna de Meus discípulos seja plena de bem-aventuranças e prazeres espirituais.

Concluireis, portanto, que Eu às vezes sou inexorável e escrevo vossos pedidos na areia para serem apagados pelo vento, enquanto Minhas Diretrizes estão anotadas em pedras da eternidade. Considerai vossos pedidos e não exigi vossa ruína! Eu criei os Meus filhos para a Vida Eterna, Vida de espíritos e anjos, e não para o conforto entre detritos para finalmente Me entregarem uma alma ainda mais poluída.

Se pedis a Minha Ajuda, considerai que sei antecipadamente o vosso problema. E se não fosse de Minha Vontade, não permitiria ocorrências amargas que devem justamente corrigir vossos defeitos. Vosso único consolo sou Eu — e vossa confiança em Mim. Quando Me encontrava no Jardim Getsêmane, no momento de grande aflição, pedi: “ Pai, afasta de Mim este cálice!” — Ainda assim, fui obrigado a sorvê-lo até a última gota. Além disso, exclamei: “Que Se faça a Tua Vontade e não a Minha!” — Que seja esta Minha Atitude vosso único conforto e guia para a vida terrena!

Deveis pedir com insistência, pois a súplica vos consola e dá paz, e tereis cumprido vosso dever para Comigo. Entregai o resultado a Mim! Sei melhor o que vos é útil e não posso satisfazer a todos os desejos de crianças inexperientes. Também não presenteais os filhos com tudo o que pedem, por serdes mais compreensivos. A relação de vossos filhos com os pais se repete com a vossa junto a Mim.

Confiai em Mim, Eu sei dar e tirar quando for necessário. Meus Caminhos são insondáveis e às vezes, quando vossas lágrimas correm de dor, Meus anjos comemoram uma festa de alegria.

Quero despertar em vós a mesma confiança que recomendei aos discípulos, pois sem ela não podeis progredir e talvez desesperareis com o vosso destino, chegando mesmo a negar a Existência de Deus. A confiança é o fio da meada que vos conduz com segurança deste labirinto da vida até as Mãos do Pai, que estava tão próximo, no entanto O julgáveis afastado.

Orai e vigiai! Mas não peçais coisas impossíveis e mundanas. Eu sou Espírito, e vós também o sois! Só posso julgar como Ser Espiritual, e tereis que vos habituar a preferir o espírito à matéria. Então também vos direi: “O que pedirdes em Meu Nome vos será dado”; e agora o repito! Amém.

25.° Prédica

A PROMESSA DO CONSOLADOR

João 25, 26 e 16, 7. É conveniente para vós que Eu vá; porque se Eu não for, o Consolador não vos procurará; mas, se Eu for, enviá-lo-ei. Disse-vos estas coisas por parábolas; mas chegará a hora em que vos falarei abertamente acerca do Pai. Naquele dia pedireis em Meu Nome e não digo que rogarei por vós ao Pai, pois Ele vos ama, pois vós me amastes e crestes que vim do Pai.

Estes versículos contêm a promessa de que enviarei para os Meus discípulos o Consolador, o Espírito da Verdade, provando a veracidade de Minhas Palavras, e que além disso era preciso Meu afastamento para confirmação daquilo que afirmei de Minha Missão espiritual. Minha Volta junto ao Pai provava o final de Minha Missão e o início da dos apóstolos, segundo Meus Planos, para salvação da Humanidade.

Quando um mestre deixa seus alunos antes de sua maturidade para continuarem os estudos, ele geralmente nomeia um substituto para concluir o término. O mesmo fiz Eu.

Minha Missão na Terra ou a Permanência entre os discípulos era apenas útil enquanto não estavam inteiramente iniciados na Minha Doutrina. Tive que finalizar Minha Vinda com a maior ação de Humildade e Amor, sendo ela a parte prática de Minha Doutrina. Tive que provar pela ação quais os sacrifícios exigidos por Ela e o que deveriam suportar, isso é, deixar a própria vida pela fé, destino esse ao qual posteriormente muitos sucumbiram. Mostrei-lhes pela Ressurreição como era fraco o poder da morte sobre Mim. A fim de se equilibrarem no tempo até Minha Ascensão ao Meu Reino, era preciso prometer-lhes um substituto após Minha perda. Assim, garanti-lhes um Consolador que eles imaginavam antes uma Pessoa do que uma Força. Eram homens muito mundanos e não entendiam o sentido espiritual de Minhas Palavras de Despedida. Por isso, disse: Muita coisa teria para vos dizer, mas não o suportaríeis. — Não posso transformar ocorrências espirituais em conceitos humanos. Sois crianças crentes, mas não adultos, e tereis que aguardar a última sagração; ou seja, a maturidade que vos capacitará a valorizar Minhas Palavras e transmiti-las a outrem.

O sombreamento através de Meu Espírito constitui o seus renascimentos, pois Ele realizou este ato como separação do espírito e da matéria. Terminava a razão e dava-se o início da vida do espírito, ou seja, do coração. Deste modo, os Meus discípulos estavam munidos de força espiritual para falarem e agirem segundo Minha Doutrina, a fim de garantir para sempre a Obra da salvação.

Aquilo também se repetiu com pessoas escolhidas de séculos em séculos. Nunca faltaram os que, devotos a Mim, morriam por sua convicção. Destinavam-se a impedir o esquecimento de tudo em meio de abusos incríveis feitos à religião e sustentavam a Doutrina da fé verdadeira.

Atualmente também existem tais entusiastas, justamente quando a humanidade se atira ainda mais ao mundanismo e que se aproxima o fim desse período de provação. Crescem os prosélitos para o Meu Verbo e proporcionam as primeiras pedras da construção do Meu Reino, para que Eu encontre corações devotos à Minha Chegada. Pela segunda vez não hei de pregar a ouvidos surdos, pois já deve haver a luz da aurora e os olhos de Meus amigos devem estar preparados para suportar a Luz total de Meu Amor sem prejuízo.

Também hoje insuflo o verdadeiro consolo em todo coração devoto, o que somente Meu Verbo, a verdadeira religião e profissão de fé, pode proporcionar.

Agora, o verdadeiro Consolador se encontra em cada criatura. Ele surge somente do justo seguimento de Minhas duas leis de Amor, quando forem empregadas neste sentido.

A fim de apressar a Minha Obra, venho há muitos anos explicando por Mensagens diretas o que era incompreensível aos homens. Assim sendo, já desci para junto de Meus filhos e os ensino como outrora. Falta apenas Meu Aparecimento direto, o que, todavia, forçaria os descrentes, o que é contra o livre arbítrio da criatura.

Novamente escolho os Meus discípulos que devem lançar as sementes douradas do Meu Verbo de Amor. Apenas não necessito conduzi-los como antigamente. Naquele tempo tive que empregar outros meios. Eu vim Pessoalmente, para provar a real Existência de Deus por Palavras e Ações. Agora não há necessidade destes recursos. A ciência com suas descobertas no Cosmo proporciona vários caminhos para o espírito e coração do homem, a fim de Me encontrar em toda parte e reconhecer Minha verdadeira Existência.

Hoje em dia, o ensinamento da convicção é paralelo ao de fé. Só o voluntariamente cego há de negar a Existência de Deus, que Se evidencia em toda parte e no coração da criatura, não obstante todas as tentativas em contrário. Só quem duvida há de negar a Existência de um Deus e Pai que perdoa todos os erros, usa paciência no lugar do julgamento severo e quer apenas espalhar a vida e não a morte espiritual.

Justamente por isso o Consolador Se encontra em vosso coração, e sois senhores de vossa paz e tranquilidade. Não preciso enviá-Lo, pois já O recebestes de Mim. Depende de vós pôr em prática a dádiva recebida, pois só assim mostrareis que sois Meus filhos desta época.

Não vos preocupeis com os excessos no campo das religiões. Embora sejam despertadores, dentro em pouco lhes faltará o Consolador prometido aos discípulos e ao qual também devem seguir.

Que se levantem várias construções religiosas; quem não voltar ao Meu simples Lar sentirá falta do Consolador em momentos difíceis; além da verdadeira fé, falta-lhe a convicção segura, o Espírito da Verdade que prometi e enviei.

Existe apenas uma Verdade, e quem não a considera terá construído em areia. Quando se apresentarem as grandes tempestades mundanas e espirituais, imprescindíveis à purificação da vida psico-espiritual nessa Terra, tal construção erigida na areia da sapiência e raciocínio desaparecerá como se nunca tivesse existido. Somente aquilo que foi edificado em Meu Verbo, a Palavra de Deus e Criador do Universo, estará firme, desafiando todas as tempestades. Não pode enganar e mistificar aquilo que a Divindade disse e provou com tantos sacrifícios para todo o Reino espiritual. Enganados estarão os que taparem os ouvidos à todas as advertências e chamadas da natureza visível e invisível, procurando o Consolador no seu intelecto, quando Ele existe apenas no coração.

Meditai a respeito dos versículos acima, pois são os mais importantes e profundos. Eram Palavras de Despedida de vosso Pai que, antes de realizar o último ato de Amor, havia depositado a pedra fundamental de Sua Construção espiritual, cujo sentido ultrapassa a compreensão daquele tempo e de hoje.

Meus discípulos não entenderam a palavra "Consolador". Mas vós, há tempos preparados e educados para o entendimento de Meu Verbo, podeis descobrir naquelas Palavras o Consolador que vos iluminará e fortalecerá para o futuro, como também preparei Meus apóstolos a suportarem seus destinos com a força psíquica necessária.

Se bem que não passareis por momentos tão amargos como eles, vossa luta será com o mundo, seus prazeres, com vosso próximo, cuja maioria caminha pela estrada falsa.

Passareis o que disse: O mundo vos odiará por não serdes obra dele, porque considerais outros axiomas e princípios. Por isso mesmo o Consolador está mais próximo de vós e vos oferece a bem-aventurança eterna por suportardes esta curta vida de provação. Assim Jesus, vosso Pai, ofertou Sua Vida para salvar criaturas terráqueas da ruína espiritual.

Que seja o melhor Consolo que deposito no coração de cada um após uma boa ação, o maior prêmio por terdes seguido Meu Verbo, o qual − não obstante todo o brilho e poder mundanos − será o único esteio que resta ao lutador no grande oceano dos acontecimentos do mundo.

Não abandoneis o Consolador, e Ele também não vos abandonará. Isso vos assegura Aquele Que espargiu tanto Pão e Bênçãos espirituais e também o verdadeiro Consolo. Amém.

26.° Prédica

DOMINGO DE PENTECOSTES

João 14, 23. " Quem Me ama guardará a Minha Palavra; e Meu Pai o amará, e iremos morar com ele."

Bastam poucas palavras para se explicar este versículo, já que é natural; pois se alguém alimenta amor por uma pessoa mais elevada e sábia, ela fará tudo para merecer tal afeto através de ações, como resultado de seu amor e fiel cumprimento dos ensinos e conselhos do amigo. Neste caso, o sentimento de um é correspondido pelo outro, surgindo um entendimento espiritual, como acontece entre famílias pacíficas.

O versículo era uma advertência para os discípulos, a fim de continuarem no caminho encetado e viverem segundo Meus Ensinamentos, após Minha Partida. Predisse-lhes isso, sabendo das tentações e influências do mundo que haviam de enfrentar para cumprir sua missão.

Por isso chamei a atenção a um ponto jamais compreendido; quer dizer, que Eu e o Pai somos Um e quem Me viu, também viu o Pai. Eram incapazes de imaginar um Ser Superior, um mundo espiritual e a sua influência no invólucro físico. Às vezes acreditavam que agora teriam compreendido o assunto; mas tal disposição era passageira e quando ela corria perigo de se perder, Eu era obrigado a reanimá-la em seu coração, principalmente quando se aproximavam os últimos momentos, os mais amargos, e se lhes aplicavam os golpes mais duros, por verem acontecer o que nunca achavam possível.

Por isso lhes prometi o Consolador, amenizando o pensamento da perda de Minha Pessoa.

O mesmo efeito ocorrerá em épocas futuras, para os que iniciaram o caminho certo da fé e do amor. Todos os que querem Me amar o farão apenas pelo cumprimento de Minhas Palavras. A aceitação através de ações são a prova do rigor da criatura de Me seguir pelo caminho da humildade e renúncia, dirigindo sua atenção somente para as coisas do espírito.

Há muitos no mundo que não entendem "amar-Me" ou procuram interpretá-lo a seu gosto; mas com esses Eu não estou. Não posso tomar morada em seus corações, nem como Pai nem como Filho; pois dão às preocupações mundanas o maior espaço. Lembram-se de Mim e de Meu Verbo somente num feriado religioso, ou quando ocorrem experiências amargas ou acidentes, não cogitando que além do mundo material ainda existe o do espírito, do Legislador de ambos que, não obstante o desleixo por parte dos homens, deixa-Se descobrir como Pai Amoroso.

A esses não prometo morar em seus corações, pois não Me amam como devem. Alimentam uma certa benevolência para Minha Doutrina e Pessoa, mas duvidam de Sua Existência, pois Eu lhes recomendo apenas o bem espiritual. Entregar-se e sacrificar tudo para Mim, seu amor não consegue; teriam que renunciar a muitos prazeres e alegrias mundanas, com o que não concordam, pois vivem nesse mundo do qual não podem se esquivar.

Milhões de pessoas têm que fazer um longo caminho de experiências, até compreenderem que seu namoro Comigo não tem valor, pois é preciso se decidirem entre Mim e o mundo.

Hão de procurar paz e tranquilidade, queixando-se de Mim, da Natureza, do destino etc., mas nunca hão de se descobrir como causadores de sua desdita. Então não haverá para eles nenhum Consolador e Pacificador, porque não compreendem que aqueles têm que nascer dentro da criatura.

Se vedes atualmente que a situação do mundo piora cada vez mais, que os semelhantes se tornam mais desgostosos, cruéis e egoístas, é prova de que ninguém mais reconhece o caminho para a paz, a modéstia e a total entrega a Mim. À medida que prossegue essa ânsia pelos bens materiais e posições vantajosas, os homens se afastam da Fonte de todas as virtudes e a palavra "amor" conhecem apenas nos prazeres que querem conquistar a qualquer preço.

Eis a causa dos suicídios, consequência da saturação, por não ter sido possível alcançarem seu intento. É igualmente uma prova da fraca noção de religião ou da vida espiritual e eterna. Lá haverá o prêmio para o bem e o mal da alma desencarnada, pois encontrando-se limitada em si mesma, terá que extirpar a maldade e o erro de seu coração antes de conseguir uma posição mais benéfica no Reino espiritual.

Na convivência de tais pessoas, as que querem provar a aceitação do Verbo encontram grandes dificuldades, pois lutam contra a opinião da maioria e colhem apenas ódio e escárnio.

Mas essa luta, que também fora o destino dos discípulos, é necessária para se conquistar a filiação divina. Se não existisse Um Ser Supremo querendo educar-vos para filhos, seria suficiente viverdes como a maioria; isso é, se Me dais a honra de ter proporcionado os melhores Ensinos, dependendo de vossa disposição como e quando devem ser praticados comodamente com as necessidades materiais.

Hoje repito como naquele tempo: “ Quem Me ama terá que prová-lo por ações.”

Se Meus apóstolos lidavam com pagãos ou judeus fanáticos, também tendes à vossa frente pagãos, incrédulos e cavalgadores de letras, dos quais os primeiros nada acreditam, por ser mais cômodo, e os outros julgam ter feito tudo com o culto religioso.

Se a Promessa do Consolador não fosse de Deus e Criador que quer recompensar todo o sofrimento, seria perdoável se os mais empenhados fracassassem em sua missão, perdendo a esperança de salvar um pequeno grupo da ruína total. Como tenho as rédeas do mundo inteiro nas Mãos, hei de morar com os que Me amam e cumprem Meu Verbo, pois serei seu Conselheiro e Guia. Encaminharei as almas acessíveis e cansadas que pelo sofrimento provaram o perecível do mundo e, embora forçados, procuram algo melhor.

Hei de fortalecer Meus atuais discípulos na fé e na confiança, e Minha Presença em seus corações será a recompensa por tudo que sofreram, para não perderem a segurança em meio às conturbações e paixões, mantendo firme a meta diante de sua alma.

Por acaso sabeis por que vos transmito Minha Vontade? O motivo é o seguinte: Chegou o momento em que o mundo atingiu o ápice das aberrações pelo desvio dos Meus Planos Criadores. A fim de não se perderem todas as criaturas, determinei que a partir de agora algumas recebam Minhas Palavras, clara e compreensivelmente.

No Meu tempo, a disseminação da Doutrina era mais difícil. Hoje, pelo emprego da impressão tipográfica, a situação é mais fácil para penetrar a Luz do Amor Eterno nas trevas do poder mundano.

Quero abrir os olhos aos incréus e explicar o sentido da Bíblia aos cavalgadores de letras, para que não venham a se desculpar da falta de conhecimento, querendo acusar-Me quando a culpa é somente deles.

Sêde fortes, vós que isoladamente conservais Minhas Pérolas em vários setores! Confiai em Mim! Habito convosco e vos guiarei e não vos abandonarei enquanto Me amardes e cumprirdes Minha Palavra. Mostrei o Meu Eu Intrínseco, Minha Criação e as relações humanas. Não tendes, portanto, desculpas; mas acontece que alguns dentre vós não assimilam Meu Verbo em sua profundeza. Por isso enviarei o Meu Consolador e Espírito em forma de experiências amargas e dúvidas, para afastar do vosso coração esta última sombra. Quem é escolhido para trabalhar em prol do semelhante tem que ser seguro e saber qual sua atitude.

Minhas Palavras são simples e claras, apenas não devem transparecer vaidade e falsa interpretação.

Analisai-vos e considerai que não faço gracejos, tampouco aceito negociatas. A vida é algo muito sério e Minha Missão é Santa! Além dessa vida passageira existe outra, eterna, na qual não são aceitas desculpas e evasivas. Trata-se do Reino de Deus único que conhece somente uma Verdade e Amor.

Fazei crescer vosso amor para Comigo e mantende firme o Meu Evangelho. Sereis os maiores beneficiados, pois pela conquista deste amor tereis a consciência serena da boa ação e uma posição melhorada e um progresso mais fácil no Além.

Não sou e não quero ser Juiz implacável. Sou um Pai Amoroso, um Pastor Previdente que deseja conduzir o Seu rebanho em boas veredas, bem longe dos abismos e outros empecilhos a vos ameaçarem. Só quero o bem porque sou a Própria Bondade! Só desejo Amor, porque sou o Próprio Amor. Quero vos transformar em seres mais elevados, pois, como Ser Supremo, desejo somente a convivência de filhos que Me honram e procuram sua paz, tranquilidade e alegria Comigo. Eis o significado do versículo: “ Quem Me ama, cumpre Minha Palavra!” Fazei-vos dignos da Mesma, para que se cumpra o Evangelho também em vós. Amém.

27.° Prédica

A DESPEDIDA DO SENHOR

Mateus 28, 18-20. Jesus então lhes disse: " É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra; portanto, ide e ensinai todas as nações, batizando-as em Nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Ensinai-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; eis que Eu estou convosco todos os dias até a consumação do mundo. Amém."

Estas Palavras foram ditas quando apareci aos Meus discípulos, após Minha Ressurreição, no monte da Galileia. Foram pronunciadas não pelo Filho do carpinteiro, mas por Deus e Senhor de toda a Criação − para Seus filhos, únicos devotos e crentes de Minha Doutrina.

Com a morte na cruz, terminara Minha Passagem em vosso planeta, e com a Ressurreição ficou confirmada Minha Divindade.

Em outra ocasião, já lhes havia dito que Eu, o Filho, e o Pai no Céu éramos Um e quem Me via, também via o Pai. No entanto, os discípulos não o entendiam no seu todo, porque Me tomavam como um homem dotado de uma força de vontade maior e alimentavam outra Imagem de Deus em seu coração, não podendo identificá-Lo com Minha Pessoa.

Após Minha Ressurreição — um ato extraordinário à compreensão humana — sua ideia de Minha Divindade cresceu algo mais; mas somente no dia da Ascensão ela atingiu o ponto culminante, pois Me reconheceram como Aquele tantas vezes explicado.

Tenho que Me referir a tal explicação para compreenderdes melhor a relação dos apóstolos junto a Mim e para que possais também assimilar o texto ante a época atual e futura.

Se eles, após Meu sepultamento, andavam perdidos e desconsolados com a partida de seu Guia e até começavam a duvidar da Minha Missão Divina, a humanidade de hoje — crente ou descrente — se encontra insegura se deve ou no que deve crer, ou talvez rejeitar tudo.

Os Meus seguidores não eram todos de igual compreensão e zelo pela Doutrina, nem convictos de Minha Divindade. Por isso, tive que lançar mão — mesmo após a Ressurreição — de Manifestações extraordinárias para convencer os fracos que Eu era realmente Aquele que Eu representava e que Meu Verbo servia não somente para eles, mas para o mundo todo e o Reino espiritual.

Atualmente também sou forçado a despertar os adormecidos, a fortificar e a proteger os sonolentos, para evitar que dúvidas e lucubrações impeçam que a semente lançada venha a brotar.

Por acaso julgais que Eu seria aceito se Me apresentasse hoje sem provas irrefutáveis? De modo algum. Haveria muitos descrentes e contestadores, perseguidores e adversários. Se naquele tempo os sacerdotes pagaram aos soldados romanos para testificarem que Meu Corpo havia sido roubado, hoje em dia os intelectuais e sacerdotes fariam tudo para convencerem os homens do contrário de Minhas Palavras.

Não deveis imaginar que essa multidão que hoje se ajoelha com devoção em altares e igrejas se convenceria tão rapidamente de Minha Volta, principalmente ouvindo onde e como Eu lhes dirigiria a Palavra!

Quando naquele tempo em que os fenômenos e outros milagres poderiam ter convencido os fariseus, Eu pude apenas Me mostrar aos discípulos e provar aos verdadeiramente convictos que Minhas Palavras — às vezes ocultas em parábolas e que falavam da Vitória sobre a morte e de Minha Ressurreição — eram verdadeiras.

A História se repete. No início será dada a um grupo pequeno a compreensão de que a Volta de Jesus era igualmente a do Próprio Deus e Criador. Junto desses Eu Me apresentei, dizendo: “A Mim foi dado o Poder no Céu e na Terra! Ensinai as nações e batizai-as; quer dizer, orientai-as em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Mas também ensinai-lhes a manter a Verdade pela prática e estejai convictos que estarei convosco desde o início até o fim! Amém.”

Assim acontecerá que também os novatos são dotados — como renascidos — de todo o Meu Poder, para confirmarem e aplainarem o Meu Caminho, a fim de que Eu encontre apenas corações voltados para Mim.

Desde já foi iniciada a Minha Volta, pois influencio invisivelmente vários seguidores que terão de fazer espiritualmente o que fora determinado para os apóstolos. Repito: “Todo o Poder Me foi dado no Céu e na Terra! Não duvideis do Meu Amor, Doutrina e Promessa dados à humanidade. Eu fui, sou e sempre serei o Senhor que protegerá, guiará e recompensará a persistência de Seus filhos.”

Foi dado a Mim todo o Poder, de Mim tudo partiu, e para Mim tudo tem que voltar. Lançai Minha Semente nos corações que apresentam bom solo para tal fruto! Aumentai o número de Meus seguidores, passai-lhes o entendimento de Meus Dois Únicos Mandamentos de Amor, para poderem diferençar o verdadeiro do falso, reagindo contra as heresias! Meu Poder consegue converter e amolecer as almas mais empedernidas com a mais suave Doutrina de Amor.

Batizai vossos irmãos e irmãs com o espírito da tolerância, do sacrifício e do perdão! Ensinai-lhes a benevolência, como Eu a empreguei em todos! Ensinai-lhes a submeterem os prazeres mundanos aos do Espírito e que não percam a eternidade do além-túmulo por fúteis caçadas aos bens materiais.

Desta maneira deveis disseminar Meu Verbo, como Semente espiritual, para também participardes da obra de renovação de Meu Reino dos espíritos, que deve dominar após Minha Chegada à Terra.

Fareis espiritualmente o que Meus apóstolos fizeram de fato. Assim como Eu lhes prometia a sua futura convivência Comigo, cabe-vos atingir o direito de sentirdes junto de Mim o amor e a bem-aventurança dos que praticaram Meus Ensinamentos, tornando-se seu segundo "eu".

Eu vos prometo muita coisa, mas, repito: “É-Me dado todo o Poder! Sou o Senhor e Criador, mas também vosso Pai amoroso e indulgente que sente Sua Alegria glorificada nas Graças e bem-aventuranças de Seus filhos.”

Se porventura nem todos participarão de Minha Presença Pessoal nesta Terra, poderão acompanhar-Me de onde vim e gozar Minhas Alegrias Paternais, no que também contribuístes.

Então haveis de louvar a Mim e aos Meus Desígnios, sabendo como as Palavras eram ditas aos apóstolos. Serei visto em todo o Meu Poder, Amor e Glória, aceitando novamente a veste visível, para Me tornar o Único e Verdadeiro Pastor das ovelhas saudosas. A Terra seguirá o quadro do mundo espiritual, tornar-se-á novamente um paraíso com a paz da alma; ou seja, o Éden espiritual habitará em todos os corações.

Impossível é a descrição de prazer e alegria tão excelentes; não o suportaríeis nem o compreenderíeis, mas vô-lo garanto, e Minha Palavra não falha.

Desde já tal transformação está se preparando em vosso planeta. Íntima saudade pela primavera espiritual faz vibrar os corações. Muitos não compreendem o que se passa. Alguns agem com finalidade prevista, outros sem. Todos são impelidos à maturação espiritual. Os piores materialistas, os mais endurecidos ateus e indiferentes não sentem paz. Assim como um raio de Sol que passa pela abertura da janela em cima de um adormecido, também Meu Raio de Amor que precede a Minha Volta atinge a todos. Procuram dar calma aos corações. De nada adianta. Surgem novas dúvidas, novos porquês. São tocados pelo espírito que já envolveu o mundo inteiro em sua esfera. É inútil querer livrar-se dessa coação espiritual. As relações mundanas e os acontecimentos pessoais fazem com que as criaturas cheguem a sentir que tudo aquilo considerado como meta final, razão de sua vida etc., não o era em síntese. São impelidos ininterruptamente para a frente. Numa velocidade tempestuosa, aproxima-se a época em que Minha Descida lhes provará não ser a matéria a finalidade, mas a conquista do espírito deve ser conscientizada, pois não é a curta vida terrena e sim a do espírito — com sua perspectiva da eternidade — que é de fato a razão dos seres por Mim criados.

Sem interrupção, marchamos ao ponto final, onde repetirei as Palavras: “Meu é o Poder, no Céu e na Terra! Preparai-vos, Meus filhos, onde estiverdes — aqui ou lá — para celebrardes a comemoração da Ressurreição espiritual da dignidade humana, pois não é somente a maior de todas, mas a mais importante para todo o Meu Reino espiritual. Este final será a prova do porquê de Minha Encarnação escolhendo criaturas simples e modestas em um grão de areia do Infinito, para se tornarem Meus filhos.”

Como sempre, quero provar que Sou o Máximo no mais Ínfimo. Se não Me tivesse sido dado todo o Poder, não poderia ter realizado o que fiz, tampouco seria Deus que eleva toda a Criação para cada um, se bem que é inatingível para o maior espírito angelical.

Aceitai estas Palavras, filhinhos de um grande Deus, como prova de Seu Amor. E relembrai as Suas Palavras como Jesus: “ Quem chefia algo simples, receberá grandes tarefas.”

Se realizei entre vós, os mais ínfimos seres da Criação, o Meu maior Ato de Amor, deveis também seguir os Meus Mandamentos de Amor, mesmo em coisas sem importância, para confirmardes vossa força psíquica. Então sereis dignos de trabalhos maiores, podendo espargir paz e bem-aventurança em planos superiores.

Fazei com que outros participem dos segredos de vosso coração. Ensinai-lhes o Evangelho, para merecerdes em Minha Presença toda a força do Amor de que é capaz um Coração Divino. Amém.

28.° Prédica

A PARÁBOLA DA GRANDE CEIA

Lucas 14, 16-24. Jesus então disse: Certo homem deu uma grande ceia e convidou a muitos e mandou o servo a dizer aos convidados: “Vinde, pois já está tudo preparado”. Eis que um a um começaram a desculpar-se. O primeiro disse: “Comprei um campo e convém ir vê-lo; rogo-te que me desculpes.” O outro afirmou: “Comprei uma junta de bois e vou experimentá-los; rogo-te que me desculpes.” O terceiro explicou: “Casei, portanto, não posso ir.”

O servo então voltou e contou essas coisas ao seu patrão.

O pai de família, indignado, respondeu: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, aleijados, mancos e cegos!

O servo retrucou: Senhor, já fiz o que mandaste, e ainda há lugar. E o patrão insistiu: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que se encha a minha casa. Pois Eu vos digo que nenhum daqueles varões que foram convidados provará a minha ceia.

Esta parábola vos mostra Meu Esforço em conquistar a humanidade para a Minha Doutrina, bem como num outro versículo afirmei que Eu vim para curar os enfermos e não os de boa saúde. Quem quiser se aproximar de Mim ou de Minha Mesa deveria ser modesto e humilde, e antes de mais nada é preciso afastar o coração de tudo e se submeter a Mim.

Antes que alguém resolva seguir-Me, terá que se testar se possui força e persistência de se declarar Meu adepto em todas as circunstâncias e contingências. Daí se conclui quão séria é a leitura e a prática de Minha Doutrina, pois somente são responsáveis os que pecam muito embora conheçam a Lei ou a Minha Vontade, ou quando a voz da consciência os desaconselha. Por isso afirmei: “Quem tem ouvidos, que ouça! Pois Minhas Palavras não devem entrar por um ouvido e sair pelo outro, mas convém meditar no seu sentido!”

Vamos à explicação deste versículo: O que vem a ser uma ceia? É a última refeição tomada após um dia de trabalho em que se realizou a tarefa programada.

Subentende-se que o homem ativo durante todo o dia procure refazer suas energias, para no dia seguinte voltar ao trabalho. Corpo e alma procurando recompor suas forças, ele se alimenta na hora do almoço e da ceia. Apenas existe a diferença entre ambos: o almoço pode ser comparado a um pequeno descanso, enquanto a ceia, no fim do dia, também estimula a uma revisão do trabalho realizado, e só pode proporcionar calma e satisfação para quem conscientemente se senta à mesa, pois concluiu o que seu dever ou consciência lhe exigiram.

O convite feito a outrem para participarem de uma ceia se baseia no fato e na qualidade de que o homem não é apenas matéria, mas também espírito e, mesmo trabalhando fisicamente, espírito e alma não devem ser desconsiderados. É mais uma prova profunda do dualismo no organismo humano, no qual depositei a centelha divina. Até os irracionais sentem esta necessidade de convívio com outros da mesma raça, sentindo-se assim alegres e felizes.

Os naturalistas e materialistas que querem negar tudo acreditam que o mundo é só movimentado e acionado por força e consiste de matéria — dois fatores que não conseguem definir. Bastaria que eles se escutassem durante uma simples refeição, para descobrirem que o homem consiste de dois fatores: material e espiritual. Assim sendo, só pode haver saúde física, quando a alma é participante. Se convenceriam que um alimento só é saudável, quando mesclado com amor, correspondendo assim aos dois elementos principais da natureza humana.

Este impulso inconsciente da maioria em querer alimentar-se também espiritualmente é o motivo pelo qual preferem tomar uma refeição em companhia de outros, e assim se mostra claramente o desejo do convite para outros.

Que esta necessidade de alegre convívio também pode cair em extremos, onde o homem esquece seu eu espiritual e às vezes até o perde pela embriaguez, não entra em nossas cogitações, porque falo apenas de pessoas cujo espírito tem a supremacia.

Nos versículos precedentes foi mostrado como quis aconselhar aos fariseus e superiores de que a modéstia — não o orgulho — deve ser o predicado do homem. Seria preferível dirigir-se ao fim da mesa, para evitar o vexame de Minhas Palavras: " Quem se enaltece será humilhado, e quem se humilha será enaltecido" ; com outras palavras: Não convém seguir ao amor-próprio, para se ouvir o valor ou conceito dos outros à pessoa; é melhor que tal critério seja feito pelos mais sábios! Assim escapais de qualquer corrigenda, pois quem se expõe desta maneira já está julgado.

Se afirmei que a pessoa ao convidar alguém deve externar também um ato de amor ao próximo, foi para mostrar que em todas as ações, as mais simples, deve considerar sua nobreza de espírito, a fim de sentir uma consciência meritosa. Por isso acrescentei: “Não obrigueis quem quer que seja à retribuição de um ato de amor, pois se assim fizerdes, o efeito da boa ação se desfaz como se nada tivesse ocorrido. Agi de modo tal, que o beneficiado nunca ou fracamente poderá recompensar-vos, mesmo se a ingratidão for a vossa paga. Assim mostrais que seguistes princípios mais elevados e não a interesses mundanos.”

As consequências dos convites na parábola, nos quais cada um se desculpava com um pretexto, deviam provar a pouca gratidão e o pouco reconhecimento alcançados quando se distribui benefícios ou vantagens aos que não os necessitam. Por isso o anfitrião se viu obrigado a mandar o servo em todas as ruas, para juntar pobres, coxos e sedentos a participarem da ceia, que assim não se perderia.

No caso acima, ele não praticou um ato de amor ao próximo, pois não era sua intenção chamar tais convivas; mas, a necessidade ou a realidade dos conceitos humanos o forçaram a tanto.

A grande Ceia que pretendo dar em breve à humanidade é facilmente compreendida pelas Palavras acima. De há muito Eu a convidei para tal Ceia, a fim de se sentir satisfeita após tarefa terminada, podendo se alegrar de sua conduta. Depois de um descanso espiritual, poderá se preparar para a aurora de um dia infinito.

Todavia, passo pelo mesmo dissabor que o anfitrião. A maioria se desculpa em virtude dos negócios e despreza a Minha Mesa, Meu Pão celestial do Amor, humildade, meiguice e confiança incondicional. Por que? Porque em toda a sua conduta homenageou as tendências contrárias à Verdade. Assim sendo, só Me resta enviar todos os Meus servos fiéis para procurarem no mundo inteiro os pobres, coxos e entrevados que tiveram muitas oportunidades de praticar a tolerância e a meiguice. Pelo fato de desconhecerem os bens materiais, são eles mais pacientes e mais acessíveis a saborear com alegria os alimentos de Minha Mesa. Em seu sofrimento físico e psíquico, tal Ceia representa o fim de todo o sofrimento e privações.

Os coxos e entrevados se referem à vida psico-espiritual, pois existem muito mais aleijados desse jaez, do que os que vedes fisicamente. Também eles receberão ajuda, porque abandonados — mas não perdidos — aceitarão o Alimento puro, verdadeiro e espiritual antes dos que se julgam esclarecidos, dispensando qualquer ensinamento. Durante a Minha Ceia, passarão o mesmo que os judeus, aos quais disse que a Doutrina lhes seria tirada e entregue aos pagãos.

Deste modo, a grande Ceia antes de Minha Volta separará os dignos dos indignos. Aos primeiros, o caminho será encurtado, enquanto os outros ficarão entregues ao seu próprio destino até que surja alguma luz dentro deles. Só depois de terem trabalhado o dia todo, sofrido e lutado, após longas épocas, poderão participar de uma Ceia.

A Ceia que tomei com Meus apóstolos antes de Minha Partida tem o mesmo sentido. Durante a Minha Peregrinação, convidei todo o povo judaico, os pagãos e quem quisesse Me ouvir. A maioria se desculpou, sobrando apenas os fracos e abandonados. Esses estavam mais aptos a disseminar a Doutrina em todo o mundo, muito embora não fossem dotados de bens materiais, muito mais, porém, dos do espírito.

Vós vos encontrais na mesma situação. Por enquanto não se apresentou nenhum rico ou ilustre para compartilhar da Minha Mesa, na qual Eu lhe poderia oferecer os manjares de um grande mundo espiritual. Todos se desviam de Mim, e somente os sofridos e abandonados pelo mundo prestam atenção ao Meu Verbo. Formarei deles uma equipe de trabalho que deve procurar nas estradas da vida os ainda mais necessitados. Serão conquistados mais facilmente para o Reino do Céu, pois seu sentimento filial e confiante em Mim facilitará sua conduta, pois nunca lhes fora despertada a tendência do orgulho dos que atingiram uma situação privilegiada, na qual negam ou pensam poder dispensar as coisas do espírito.

Aceitai essa parábola como aviso de que deveis aplicar o cunho espiritual a todas as atitudes e que só conseguireis despertar amor, meiguice e paciência pelos mesmos atributos! Que a Paz e a satisfação temperem vossa ceia, não havendo motivo de medo para enfrentardes a grande Aurora da Vida eterna, quando tereis que enfrentar a Ceia da responsabilidade. Agi todos os dias de modo tal, como se fosseis partir hoje! Analisai-vos à noite e perguntai: “Estaria eu em condições, se o Senhor, meu Deus, me convidasse para a Ceia?”

Assim, melhorando diariamente, podereis erigir uma construção psíquica para se tornar a casa, interna e externamente, de uma alma enobrecida pela Minha Centelha, com mérito de se tornar um filho do Senhor do Universo.

Percebeis que Eu, com cada versículo, vos ajudo a espiritualizar vossa matéria, para Me servirdes como instrumentos para a grande tarefa que previ convosco. Permiti que entre muitos podeis usufruir da Graça de serdes educados para o grande Reino espiritual através de Mensagens diretas. Repito, como sempre: “ Perseverai, pois o final vos ensinará que Minhas Palavras não são passageiras, mas eternas, Como Eu Mesmo fui, sou e serei Eterno! Amém.”

29.° Prédica

PARÁBOLAS DA OVELHA E DA DRACMA PERDIDAS E DO FILHO PRÓDIGO

Lucas 15, 3-32.

Todo esse capítulo trata da perda de algo e a alegria do reencontro. Foi explicado aos escribas e fariseus, pois Eu viera por causa dos enfermos e pecadores, enquanto os sadios não necessitavam de Mim. Nessas três parábolas − da ovelha, da dracma e do filho perdido − vamos analisar o que significa "perdido", porque a pessoa anseia por achar o que perdeu e qual o motivo da alegria extraordinária que às vezes ultrapassa o valor daquilo que ainda sobrou em bens. Tais perguntas têm que ser analisadas antes de passarmos à explicação espiritual e prática de toda a humanidade e da Criação visível.

Então vamos começar com a expressão "perdido" que se refere ao pensamento da pessoa que descobre a ausência de sua posse, da qual não pode mais fazer uso. Perdido é tudo aquilo que seguiu uma outra direção, desconsiderando a sua finalidade.

Se este significado pode penetrar tão profundamente na alma, surge a segunda pergunta: Por que a criatura tem tanta saudade pela perda?

Porque a paz psíquica foi perturbada e ela anseia reconquistar seu equilíbrio moral. Assim, o objeto tem um valor espiritual muitas vezes maior do que seu valor efetivo.

Procura o homem atrair o objeto perdido à sua esfera pessoal e se alegrará ao encontrá-lo novamente, porque poderá levá-lo à finalidade prevista.

Tal anseio requer aplicação de todos os recursos, às vezes ligados a esforços que despertam a terceira questão: Por que a pessoa se alegra mais com o achado do que com sua posse real? Porque o achado estava ligado ao esforça e valeu a pena pelo resultado.

Como toda alegria — seja qual for — se torna real quando repartida, tais versículos são importantes, porque não esquecem este prazer psíquico, mas também expressam a dor da perda.

Inicialmente vem a comparação do pastor à procura de uma ovelha e se dirige contra a objeção dos judeus, que alegavam Meu Interesse por pessoas pecadoras.

Um pastor tem a incumbência de conduzir e proteger certo número de animais ao pasto. É responsável junto ao dono pelo seu bem-estar.

Se Eu participava da refeição de pecadores, provando Minha Preferência pelos enfermos, esta parábola servia para elucidar o motivo de Minha Atitude; pois uma ovelha perdida — falando simbolicamente — é semelhante a uma criatura não convertida, espiritualmente enferma.

Se uma ovelha é exposta a toda sorte de acidentes, ataques de feras etc. que ela não pode prever, uma pessoa psiquicamente enferma e tentada pelo mundo, ignora seu destino espiritual, correndo o risco de não se tornar um membro do Reino eterno, para, talvez passadas longas épocas, atingi-lo após grandes sofrimentos e experiências amargas.

Eu também tive o dever de reconduzir as criaturas despreocupadas dos caminhos errados à verdadeira trilha da vida e sua finalidade. Por isso empreguei o exemplo do pastor, compreendido por todos, pois Eu — a Encarnação da Sabedoria — procurava trazer de volta os filhos de Meu Pai. Minha Alegria também é grande pelo encontro de uma alma perdida. Para explicá-lo ainda melhor, contei o caso de uma pessoa que havia perdido um dinheiro, fazendo tudo para encontrá-lo. Sabia perfeitamente o valor que os fariseus davam ao dinheiro, portanto aceitavam a procura daquela mulher. É possível a preocupação por uma pequena moeda que leva o proprietário a um grande empenho, até que a encontre novamente.

Acrescentei ainda a perda da dignidade espiritual do filho perdido, apontando as perdas psíquicas facilmente reconstruídas, o que não acontece com as da matéria.

No primeiro caso, pode-se afastar uma pessoa errada por circunstâncias, podendo retornar ao primitivo caminho certo. Perdas materiais causam uma pressão tão forte sobre a alma, a ponto de vacilar sua confiança em Mim, fazendo desesperadamente tudo para reconquistar os prazeres materiais.

A mulher podia ter ficado satisfeita com o restante do dinheiro; mas a moedinha lhe era tão querida, que preferiu remexer tudo para completar a soma original.

É natural Eu ter em mira somente o fator espiritual e não o da matéria. Por isso afirmei no encontro da moedinha que a pessoa transmitiu o achado às vizinhas e amigas, e que no Céu também haveria alegria imensa por um pecador penitente; ou seja, uma alma salva da perdição.

Quanto à terceira parábola, do filho pródigo, Eu já havia atraído Meus ouvintes à Minha Esfera espiritual, de sorte que pude fazer o relato da perda da dignidade humana de um homem. Desconsiderando seu próprio valor, entregou-se somente aos prazeres mundanos, rompeu os laços de família, atirou-se ao mundo, dando vazão a todas as paixões, até que, cansado e espiritualmente aniquilado, reconhece na pior desgraça a profundeza do abismo no qual se atirou espontaneamente.

No primeiro exemplo foi um pastor que salvou uma ovelha, entregando-a à manada. No segundo caso, tratava-se de uma mulher, feliz por ter achado seu bem material. Em ambos só aproveitei fatores do mundo. Na terceira parábola acresce a todas essas perdas a do pai que sofre um dano maior e mais precioso pela ausência do filho. Essa se aplicava a Mim, Pai de todos os seres, porque representa o arrependimento de uma alma perdida e o Amor misericordioso com todas as suas consequências.

O exemplo do filho perdido era o mais importante, pois demonstrei, além dos laços de família, a figura de um pai que infelizmente poucos imitaram. Queria provar, pela alegria do pai com o retorno do filho, qual seria a do Criador e Senhor, quando percebe as criaturas retornarem junto Dele voluntariamente. Que a alegria ainda é maior no mundo espiritual, fora fácil descrever quando relatei a festa que o pai mandou preparar pela volta do filho.

Estes três quadros da vida humana se repetem até hoje. Não poupo os recursos para salvar ovelhas e filhos, transportando as primeiras Pessoalmente e animando os outros à volta espontânea. Advertências, aflições várias, moléstias e mortes devem testemunhar a existência de um outro mundo que não o visível. A própria Criação é um exemplo da maneira pela qual o filho aos poucos terá que voltar junto de Mim. Há eões esse processo está em função. Em vossa Terra, ele se aproxima do fim. Com isso, terminará um grande passo para facilitar a libertação de elementos presos e destinados a atingirem a finalidade determinada por Mim.

Tudo dentro do Universo tem que se espiritualizar e evoluir. Mas vós, por cuja causa Eu vim ao mundo, tendes uma missão maior que milhões de espíritos em outros corpos cósmicos. Não foi por acaso que escolhi a vossa Terra como exemplo de Minha maior humilhação para todo o Reino espiritual.

Por isso sois rodeados por maiores tentações, porque o prêmio de vossa existência futura é muito mais importante, do que entre seres que passam seu processo de purificação e transformação vagarosamente. Vós, munidos da grande Luz do Verbo e de Meu Exemplo, podereis com firme vontade alcançar em curto tempo o que outros só farão em eras inimagináveis. Na Terra existem todos os meios e organizações para os homens espiritualizarem sua alma e por ela o corpo, instigando os espíritos presos nas trevas a um progresso mais rápido. Para almas rudes, é preciso haver uma matéria mais rude e pesada; para outras, mais sensíveis e espiritualmente desenvolvidas, basta uma base mais leve. A maneira pela qual a humanidade se espiritualiza é acompanhada pelo mundo como morada.

Apressai-vos na cooperação deste processo evolutivo! Começai em vós mesmos! Quanto maior a renúncia pelo mundanismo, tanto maior é o desenvolvimento interior. Ele irradia através da forma externa e cria o reflexo do conteúdo interno.

Quanto mais se pronunciar futuramente este caminho, mais ele provocará a grande solução de Minhas parábolas, quando serei o Pastor que entregará às Minhas ovelhas todo o elemento espiritual — aquilo que um Pai Amoroso vos preparou desde eões.

Cuidai de corresponder a essa finalidade! Lembrai-vos da alegria dos espíritos e seres que participarão de vosso destino! Se bem que lutas e sofrimentos têm que acompanhar esta evolução, a meta final compensa tudo. A alegria individual de ter passado por tudo, a do espírito no Além, a recompensa de Meu Amor Paternal e o constante aumento de bem-aventuranças, de gozo em gozo, farão esquecer vossa vida de provação.

Acompanhai o Pastor e não entreis em atalhos depois de Ele ter tido tanto trabalho para mostrar o Caminho certo para a Vida eterna e Sua filiação! Amém.

30.° Prédica

A GRANDE PESCA

Lucas 5, 1-11.

Neste capítulo não se encontram parábolas e símbolos, pois o apóstolo relata apenas a conquista de um dos mais interessados, Pedro − antigamente chamado Simon − e seus colaboradores Jacó e João, filhos de Zebedeu. Consegui esta vitória por lhes ter mostrado que quem alimenta confiança integral em Mim jamais se verá logrado em suas esperanças, na hipótese que seus desejos se justifiquem perante Mim, visando somente o progresso espiritual.

O lançamento da rede por parte de Simon, não obstante sua convicção da inutilidade, e depois a pesca abundante tem dois sentidos: primeiro, ele se convenceu de que Meu Poder é maior que as circunstâncias reinantes; além disso, provou que sua confiança em Mim teria sua recompensa. Quando Pedro se certificou da diferença entre nós, ele exclamou: “ Senhor, afasta-Te de mim, pois sou um pecador!” E Eu, prevendo sua futura profissão, respondi:“Não temas; de agora em diante serás pescador de homens!”

O fato de Eu escolher Meus apóstolos entre pescadores se motivara no seguinte: seu trabalho nas águas em movimento e seus perigos se prendia a uma crença em Deus e Sua Previdência; portanto eram mais religiosos e pacíficos (devido igualmente ao alimento de peixes), do que pessoas que se alimentam de carne.

Geralmente Eu proporcionava as circunstâncias de tal modo, que eles Me seguiam sem perceberem Minha Intenção e Influência. Queria conquistar seus corações através de um milagre e movê-los a abandonarem tudo, seguindo somente a Mim, o que não é tão simples como parece. Todavia, tive que representar esta condição como fator principal; naquele tempo era impossível Me seguir sustentando uma profissão futura e ao mesmo tempo pertencer à família ou ao mundo.

Hoje em dia não necessito impor tais condições aos Meus seguidores, porque as condições de vida são outras; se exigisse tal coisa, poucos haviam de Me seguir. Numa vida familiar e suas relações seria uma impossibilidade abandonar-se tudo, como fizeram Meus adeptos.

Entre vós, que vos julgais tão entusiasmados por Mim e Meu Verbo, haveria poucos com a força de caráter de dar tal passo, ainda que Me vissem agir em seu meio. Mas, não necessito de tais meios e sei como alcançar Minha finalidade tão bem quanto naquele tempo, quando o cumprimento pontual transformava Meus seguidores em discípulos.

Hoje exijo de todos que Me querem seguir as qualidades de Pedro, isto é: sua confiança ilimitada em Mim e a noção clara de sua própria indignidade. Justamente por acreditar não possuir mérito de permanecer ao Meu lado, isso transformou o pescador Simon em rocha de fé; ou seja, Pedro, no qual quero construir a Minha Igreja, jamais destruída por Céus e Terras. Sua firme confiança desde nosso primeiro encontro se solidificou, transformando-se em rocha, como a sua fé.

Escolhi este texto, para vos mostrar um homem que deveis imitar.

Também João, o amor personificado, é uma estrela guia de primeira grandeza no Céu espiritual; mas, querendo vos tornar iguais a ele e merecer o nome de "Meu Predileto", tereis que passar pela escola de Pedro, isto é, o mundo e suas tentações.

Entre os penhascos do mundo, onde todas as condições e acontecimentos contribuem para a criatura achar belo, agradável e especialmente importante aquilo que brilha, mas não contém consistência e sim somente mofo e deterioração, precisamente em meio de tais tentações a fé e confiança têm que ser fortalecidas. Então vereis vossa fragilidade e a fraqueza da própria moral. Dentro dos conflitos mundanos, Minha Onipotência e vossa impotência devem ser constantemente lembradas! Do contrário, é impossível chegardes à paz de João que sentia somente amor e veneração filial para Mim.

Essas suaves vibrações, a vida somente dedicada ao espírito não são tão facilmente realizáveis, por serem muito poderosas a queda do mundo e sua constante penetração na vida espiritual, de sorte a ser difícil alguém libertar-se dela totalmente.

Vossa tarefa e a de futuros adeptos deve-se apoiar na confiança em Mim e na fé firme que não abandonareis ninguém, sejam as circunstâncias quase invencíveis a parecerem levar-vos a outros caminhos.

Aquilo que sou como Filho e Pai, Sabedoria e Amor, espiritualmente na Criação, foi representado por Pedro e João. Pedro era a prudência frente ao mundo, e João, a bondade do coração que jamais desaparece, não obstante todos os enganos do mundo.

Deveis interpretar espiritualmente as Minhas Palavras: “ Sede prudentes como as serpentes e meigos como as pombas!” A astúcia da serpente representa a prudência mundana, e a meiguice da pomba aponta a virtude incapaz de pensar ou fazer algo de mal.

Vedes, portanto, que nas Palavras, obras e milagres de vosso Jesus tudo tem sua origem e finalidade espiritual. É suficiente pesar-se espiritualmente a motivação interna dos acontecimentos, onde o espesso véu da incompreensão é levantado aos poucos, para aparecer a Verdade pura, onde anteriormente só havia palavras místicas e desconexas. Assim como a natureza é um livro vivo para o renascido − do qual não tira apenas privilégios mundanos, pois encontra advertências e avisos espirituais para a alma − a Bíblia é também um manancial onde se encontram as Verdades mais gloriosas para os que, como Pedro, passaram pela sua escola e atingiram a de João.

Esforçai-vos para atingir vossa meta, em meio a espinhos, que no final é o Amor ilimitado na Criação e espiritualmente junto de Mim que recompensará a confiança e fé demonstradas.

Lembrai-vos do que disse a Pedro antes de Minha prisão: “Antes que o galo cante, Me negarás três vezes!”; recordando-lhe sua natureza fraca, mostrada no barco: “ Senhor, deixa-me, pois sou pecador!” No jardim do Monte das Oliveiras, mostrou-se forte fazendo uso da espada, cheio de fé e confiança; pouco depois, negou-Me três vezes por medo! Eis a natureza fraca do homem!

Por isso, não vos julgueis os escolhidos e infalíveis! Não largueis o Meu Braço! Confiai em Mim e não na vossa força. Às vezes basta uma pequena rajada de vento espiritual, para fazer ruir toda a construção da autoconfiança e força moral, e tereis o mesmo resultado que Pedro passou como rocha junto de Mim: “Sem Mim nada é realizado, mas Comigo se, fará tudo!”

Se sois destinados a vos tornar pescadores de homens, é preciso começar convosco mesmos, considerando que somente as atitudes praticadas com nobreza levarão vossos irmãos às Minhas Mãos.

Antes disso, tereis que alimentar a prudência de Pedro e o amor de João e estar conscientes de vossa fraqueza e de Meu Poder. Deste modo, fazeis a Minha Vontade com relação a vós e a outros, no que não faltará a Minha Bênção. Amém.

31.° Prédica

A VERDADEIRA JUSTIÇA

Mateus 5, 20. Eu vos digo que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.

Este versículo contém toda a Minha Doutrina com relação à vida do homem. Vede de que forma vossos sofrimentos, renúncias e lutas terão um valor espiritual e como deveis usar vossa consciência como orientadora e norma de todos os pensamentos, palavras e ações, para vos tornardes filhos Meus.

Este sermão da montanha foi o mais grandioso durante Minha Passagem na Terra e explica tudo que Me levou a descer a esse planeta trevoso e sofrer o pior vexame, para maior triunfo de Minha Doutrina.

Prometi aos ouvintes todas as bem-aventuranças para os que cumprem os meus Mandamentos de Amor e suportam injustiças e sofrimentos. Mas também, em quadros, a importância de sua missão, pois não queria pregar em vão, e cada um deveria praticar e disseminar a Minha Doutrina. Falei do sal da Terra, da cidade do monte e da luz que deveria iluminar e não queimar apenas debaixo do alqueire.

Eles mesmos representavam este sal que corresponde à parte estimuladora do mundo psico-espiritual, por ser necessário à eliminação do elemento nocivo e ao metabolismo.

Não havendo sal ou estímulo, também não há vida, movimento, calor e luz. O sal se tornando insípido e deteriorado, apresentam-se resultados contrários, razão por que tem que ser expelido do processo da criação, para ser pisado pelas criaturas. Tornando-se pó e areia, será útil para outras criações em bases diferentes, para a evolução; assim como a maldade dos homens tem que contribuir, através de Meus Desígnios, para o progresso e reforma de seres espirituais, apenas em formas diferentes e em outras circunstâncias.

Por isso recomendei ao povo e aos discípulos que deviam praticar e transmitir o Meu Verbo. Não trazia nada de novo, mas apresentava os ensinamentos de Moisés e os profetas em sua luz verdadeira. Diferençava o sentido e a palavra, provando que Minhas Predições divinas visavam sempre a mesma finalidade: Ensinar aos homens seu valor espiritual e prepará-los ao caminho mais curto, a fim de poderem ingressar no grande Reino espiritual, pois tinham uma centelha divina em seu coração. Minhas Palavras eram eternas, pois eram dadas pelo Ser Supremo, portanto, só podiam trazer o Cunho do Seu Doador.

Preveni a todos que puniria qualquer ultraje de Minhas Leis, aqui e no Além, pois sabia que posteriormente os homens iam usar Meus Mandamentos de Amor como pretexto para poderem seguir seus próprios interesses e empregariam no semelhante o ódio e a vingança já no Meu Tempo e dos profetas. Por isso disse em frente à multidão: “Se vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus!”

Como mencionei a justiça falsa e hipócrita daquela casta, que usufruía de todo o poder e direito humano, praticando tudo segundo seus planos e não dentro do Meu Sentir, fui obrigado a explicar melhor estas Leis e tornar mais sensível a consciência dos ouvintes. Isso também porque os fariseus as explicavam de modo cômodo, não se tornando difícil sua aplicação, e em tal jogo praticavam as piores ações, sem aparentemente se chocarem contra aquelas Leis; ao contrário, davam a impressão de que as praticavam no sentido mais rigoroso.

Por isso seguem ao vigésimo versículo todas as demais Leis de Amor consideradas como contraste à fé antiga, pois vingança, desforra, ódio e perseguição se justificavam aparentemente em textos isolados. Era bem mais fácil usar vingança e ódio, a perdoar o inimigo ou cumular de benefícios a quem arquiteta maldades.

Por isso é essa Prédica, principalmente a partir do vigésimo versículo, a mais importante, pois o símbolo do Amor, a bandeira do amor ao próximo e o perdão, eram o lema para a vida, de sorte que disse a todos: “ Somente com esse Amor Universal que envolve todos os seres do Criador podereis vos tornar cidadãos de um Reino espiritual, dos Meus Céus!”

Nos versículos seguintes, citei várias situações em que o homem pode e deve praticar esse amor ao próximo, a que ponto deve chegar como valor espiritual. Fundei a Pedra de Escândalo da Renúncia, na qual até hoje muitos se ferem.

Disse aos ouvintes: “Assim como Eu, como Deus, faço com que o Sol irradie sua luz sobre bons e maus e abençoo os seus campos com a chuva fertilizante, também Meus seguidores devem imitar o Meu Exemplo, ajudando a todos, mesmo que não recebam gratidão.”

Apresentei o ideal de um homem espiritualmente superior e provei pela prática ser possível se viver assim, bastava querer. Todo o conteúdo dessa prédica serve até hoje e nunca se perderá enquanto Eu, o mundo espiritual e o mundo material existirmos. Somente pelo cumprimento destas Leis, as criaturas são enobrecidas como testemunhas de sua Origem divina; mas, no caso contrário, pelo caminho comum, cairão no abismo material.

Também nos seguintes versículos de Mateus, a Doutrina é dilatada, para que ninguém caia na dúvida, procurando desculpar-se da ignorância do Amor divino e do próximo. No sexto capítulo encontrais a única prece ensinada por Mim e que pode ser considerada como compêndio de todas as orações. É preciso entender cada palavra no sentido espiritual. É coisa diferente ao pedirdes com vossas palavras e as insufladas por Mim em momentos de aflição, até diariamente, para que Eu possa estender Minha Mão. Assim serão evitadas as quedas, lembrando-vos do Sermão da Montanha, como única norma na vida de provação para participardes das bem-aventuranças prometidas.

Dirijo também para vós as Palavras: “Se vossa justiça não excede a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus!” Se não considerardes mais rigorosamente os conceitos da justiça, amor, humildade e perdão, não chegareis à Minha filiação. Só posso contar como filhos os que seguem Meu Exemplo e carregam sua cruz, renunciando aos prazeres mundanos, defendem a tese principal: “ Meu Reino não é deste mundo!”

Meus filhos não podem pertencer a ele. Têm que se esforçar a atingir a mais elevada culminância moral de que um homem é capaz. Devem dominar suas paixões e aceitar confiantemente o que lhes envio para o seu bem. Não devem fugir do mundo como perigo, mas interpretar suas propriedades, prazeres e tentações segundo seu valor real, a fim de não sucumbirem. Têm que se apresentar em pensamentos, palavras e ações de consciência pura, a fim de que outros vejam a prova de sua índole purificada. Serão um fanal que irradia sua luz serena além de todas as vicissitudes da vida, a Luz do Amor, da confiança e do perdão.

Somente deste modo, mais justos, amorosos e confiantes, servirão de guia para outros, podendo no final defender seus direitas como Meus filhos que ingressam no Meu eterno Reino do Espírito, para receberem as Dádivas prometidas no início da Prédica.

Lede-a seguidamente, dada por Mim há quase dois mil anos. Ela contém um Reino total de promessas e exigências para todos os seres!

Quem não quiser aceitar tais condições se igualará a um livro bem encadernado, mas de páginas brancas. Cuidai de trazer para a outra vida vosso livro da vida cheio de pensamentos, palavras e ações boas. Mostrei nestes versículos como os pensamentos podem se tornar um pecado contra Minhas Leis de Amor; às vezes só faltam oportunidades para executá-las.

Precavei-vos de pensamentos pecaminosos! Eles desonram vossa alma. Lutai contra eles e sereis vitoriosos! Basta alimentardes um pensamento negativo, que sereis algemados pelo reino do pecado; basta um momento oportuno, e vossa alma já é despojada de sua pureza, calma, satisfação e de seus bons propósitos!

Pela frequente leitura do Sermão da Montanha muita coisa é apontada em que ainda fraquejais, pecando também contra Mim; portanto, estareis longe da participação celeste.

Não reclameis, se vos proporcionar constantes oportunidades de vos exercitar no que mais careceis: a confiança em Mim e o controle sobre o vosso coração, para abafardes o maldoso germe.

Pela prática, se exercitará vossa força e sereis capazes de dominar todas as tentações no momento preciso.

Lembrando-vos do Sermão, também obtereis o prêmio de Meus discípulos quando terminar vossa passagem aqui. E com a vitória conquistada, sereis aquinhoados de tarefas maiores! Quem aqui cuidou de coisa pouca, receberá trabalho maior!

Lembrai-vos de vosso Pai que não vos dá estas Mensagens para passatempo. Quer vos transformar para Seus filhos e seres que no Além hão de espalhar a Luz do Amor e da Graça de seu Pai eterno! Subentende-se que para tais missões são necessárias criaturas experimentadas no sofrimento e desgraças, porque levaram na sua fronte a pureza de pensamentos e ações pelos quais poderão atrair outros seres.

Minhas Explicações extensivas têm por objetivo não dardes oportunidade às influências do amor-próprio que desculpam o maior pecado: o jogo de pensamentos como sementes para ações prejudiciais. Amém.

32.° Prédica

A MULTIPLICAÇÃO DE PÃES E PEIXES

Marcos 8, 1-9.

Esta prédica trata do suprimento de quatro mil pessoas, do qual sobraram sete cestos de pães, conquanto tivesse havido apenas sete pães e alguns peixes.

Já havia realizado milagre semelhante, no qual alimentei cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes, dos quais sobraram doze cestos de pães. Sabeis que essas multiplicações têm sentido espiritual.

Os doze cestos do primeiro milagre representam as doze tribos de Israel e os doze Mandamentos que perdurariam após Minha Partida. Os sete cestos do segundo milagre indicam Meus sete Atributos principais que deviam ficar para orientação futura dos homens, ou sejam: Amor; Paciência; Ordem na Humildade; Sabedoria no Perdão; Persistência ou Rigor; Sacrifício na Firme Vontade, e Misericórdia. (*)

Durante Minha Pregação, Eu tinha que aconselhar o povo judaico: “Quem tem ouvidos, que ouça!”; pois era uma prova real de que muita coisa entrava num ouvido para sair no outro, e que a maioria não assimilava a Doutrina como Eu queria. O simbolismo da multiplicação prova que as sobras eram o mais importante. Como se alimentaram materialmente, deixando sete cestos de pães, provaram a aceitação supérflua de Meu Verbo, deixando de lado o seu conteúdo principal que Eu queria gravar em seus corações através de parábolas e milagres.

Se isso tudo devia abrir-lhes os olhos, não faltavam escribas e fariseus que faziam tudo para enfraquecer ou diminuir a impressão de Minha Atitude junto ao povo. Como os rituais da Igreja não eram considerados por Mim e pelos apóstolos, encontravam motivo para suspeita. Escandalizavam-se com as boas obras e as curas de enfermos quando ocorriam num sábado ou outro dia consagrado. Criticavam Minha abstenção dos jejuns ou a convivência com pessoas pecadoras ou desonestas segundo a opinião deles. Deste modo, levantavam suspeitas de tudo que Eu falava ou fazia.

Por isso fazia várias advertências a todos, pois queria provar que para Mim só vale o espírito e não a matéria. Disse-lhes textualmente: “ O que entra pela boca do homem não pode macular, mas sim aquilo que profere o vilipendia!” Preveni os apóstolos do fermento dos fariseus e de Herodes, e repeti: “ Esse povo Me honra com os lábios, mas seu coração está longe de Mim!”

As sobras dos sete cestos de pães têm um sentido espiritual. Se bem que os homens estavam saciados também em espírito, desconsideravam os predicados mais elevados. Cada cesto com seu conteúdo de grandes e pequenos pedaços de pão representa as várias maneiras pelas quais Meus Predicados, enunciados há pouco, podem ser realizados, caso o homem não tiver preenchido seu cesto da vida com coisas materiais, não havendo espaço para o Meu Pão e Minhas Virtudes.

São poucos os que pensam como a mulher da Sirofinícia, pois às Minhas Palavras: “Não se deve atirar o Meu Pão aos cães!”; ela retrucou que, no entanto, era permitido eles se saciarem com as migalhas que as crianças deixavam cair debaixo da mesa. Com outras palavras: Se os fracos e menores não merecem alimentar-se de justo Alimento celeste, deve-lhes ser permitido saciar-se das sobras, à procura daquilo que no momento serve para seu estado espiritual. Almas com tal fé havia poucas, e no dia de hoje são uma verdadeira raridade.

Assim como lutei contra concepções dominantes — mundanas ou religiosas — e aguardava menos dos judeus que dos pagãos, o mesmo ocorre hoje, quando os pretensos católicos julgam fazer tudo, bastando respeitarem os hábitos prescritos. Justamente eles, que deveriam ser o campo melhor e mais fértil para a Minha Doutrina, são os piores antagonistas de tudo que os pudesse despertar de sua religião tão cômoda, pois ela exige sacrifícios e renúncias que ultrapassam sua força moral de submissão.

Procuram-Me apenas nas igrejas, mas não no Caminho da Vida, onde teriam que provar aquilo que pregam. Também são famintos, mas desconsideram os sete cestos, ou seja, a Essência da Doutrina, comendo somente o que lhes agrada no momento.

Esta explanação se dirige a cada indivíduo como advertência de não se satisfazer com a impressão superficial de Minhas Palavras, pois deve procurar o alimento oculto, pô-lo em prática e animar outros à mesma atitude.

Sabia perfeitamente que Meus ouvintes representavam pequeno campo frutífero; no entanto, falava e agia para toda a Humanidade. Meus Planos ultrapassavam aquela época, pois eram divinos e de ação e duração eternas.

À exigência de um milagre por parte dos fariseus e escribas, respondi que aquela geração não receberia qualquer prova, pois lá onde Minha Presença Física constituía o maior milagre era desnecessário algo mais para provar Minha Divindade, a Verdade e sua eterna duração.

O mesmo serve para os hipócritas de hoje: Não verão qualquer prova, porque não querem aceitar a maior, a Voz de Deus e Pai no próprio coração. Tampouco muitos de vossos cientistas acreditam na existência de um Legislador, não obstante as constantes descobertas de leis da natureza. Preferem discutir a ausência de sua alma, a declararem-se convictos da Existência de Deus através de provas irrefutáveis.

Hoje também existe a luta feroz entre cerimônias e espírito, Verdade e mistificação que enerva todas as almas. Todas as seitas e crentes se cansam em misturar a Boa Nova com o conhecimento antigo e habitual; mas em vão... Não se pode servir a dois senhores, mas é preciso definir-se entre matéria e espírito. Como muitos não querem ou não podem se definir, isso prova que, não obstante Eu desejar alimentar os homens com o Pão espiritual, são poucos a saborearem o essencial e espiritualmente verdadeiro.

Deste modo, Meus atuais seguidores têm que recolher as sobras de Minha Doutrina celeste e tentar sua sorte junto de outros famintos, até que se esvaziem os sete cestos de Meus Predicados divinos, para passarem ao grande Cesto da Vida individual.

Cuidai de vos apossardes dos Meus sete Predicados! Não considereis a saturação espiritual como algo superficial, julgando ser o bastante fazerdes a leitura do Verbo. Um dia enviarei os colhedores e deitarei as Sobras em cestos para criaturas mais capazes de valorizar o conteúdo espiritual, enquanto julgais saber de tudo e, no entanto, não atingistes o primeiro degrau de conhecimento espiritual.

Tornai-vos merecedores de Minhas Mensagens diretas e divulgai o Meu Verbo de tal modo, que a semeadura caia em bom solo. Tudo que ora recebeis se destina também a outros!

Subitamente ocorrerão condições de vida em que a leitura terá que ser praticada, provando a sua assimilação e transmissão para o semelhante.

Evitai as Sobras de Meus Pães e digeri-as espiritualmente. Serão vossa segunda natureza, provando não somente o Verbo, mas que o amor, paciência, humildade, perdão, persistência, sacrifício e misericórdia são os esteios de vossa fé. Serão os sete cestos nos quais quereis colher as boas para um dia entregá-las Àquele que vos saturou com tantas Graças e Luzes de Seus Céus! Amém.

(*) Na tradução original para o Português constou: “Amor; Paciência; Humildade; Perdão; Persistência; Sacrifício, e Misericórdia”. Como em muitas traduções consta o atributo da “Misericórdia” sendo chamado de “Perdão” ou mesmo “Humildade”, a tradução original desse livro ficou confusa e posteriormente foi melhor elucidada, como consta acima.

33.° Prédica

OS FALSOS PROFETAS

Este versículo trata das regras, uma vez baseadas em Minha Doutrina, a serem consideradas pelos discípulos e demais ouvintes para a prática diária. Como as interpretações das Leis mosaicas não eram idênticas ao Meu Sentir, fora preciso Eu vir Pessoalmente, para salvar a árvore espiritual dos judeus e para esta poder novamente produzir frutos.

Orientei os ouvintes a usarem de condescendência com os erros alheios, bem como o cuidado de não atirarem Minha Doutrina às mentes inexperientes, mas praticarem a bondade e o amor ao próximo. As exigências da Lei do Amor ao próximo não são tão facilmente cumpridas, porque se defrontam com as tentações do mundo e do amor-próprio.

Não ensinei nada de novo, apenas exemplifiquei o verdadeiro conteúdo dos Mandamentos. Fui obrigado a dar certas regras, para que os ouvintes pudessem diferenciar os doutrinadores dos profetas falsos. Palavras apenas não eram suficientes para se converter a outrem, mas as ações tinham que provar que o doutrinador estava compenetrado da Verdade de seu pronunciamento.

Esta orientação — a diferenciação entre guias verdadeiros e falsos — deve servir de norma para todas as ocasiões, do contrário, pode-se ser levado a metas falsas.

Previa que com Minha partida haviam de surgir outros doutrinadores que, sob o manto de Meu Verbo, haviam de procurar apenas seus benefícios. Predisse também o destino dos que construiriam seu bem espiritual em tais heresias. Então tempestades materiais e espirituais haviam de trazer perigo para sua nave da vida, as quais só podem enfrentar com paz interna os que praticaram Minha Doutrina. Comparei-os aos homens entre os quais alguns haviam construído sua casa em uma rocha e outros em areia.

As Minhas Palavras de antanho se aplicam até hoje e se destinam à eternidade, pois, edificadas na rocha da Verdade, representavam o Templo de Meu Céu espiritual.

Muitos abusos foram praticados com o Meu Verbo, e muitos tombaram como vítimas das heresias; mas agora o machado se encontra na árvore que sombreava os perdidos e impedia que a Luz Divina chegasse junto deles.

Antes de Minha Chegada, todas as sombras negativas têm que ser afastadas; pois Eu Sou Luz e não suporto sombras. Minha Doutrina se destina a iluminar todos os recantos da Criação material e espiritual. Vossa vida apresenta Luz e sombra necessárias, porque precisais de paz além da atividade na qual o desgaste tem que ser recomposto e o organismo necessita de reforço. Mas tal não se dá na vida espiritual. Lá só existe a treva provocada pelos próprios espíritos; enquanto sobrepuja Luz eterna, calor, amor e atividade.

Observai vossa alma que, muito embora presa ao físico, não dorme e trabalha dia e noite no seu corpo espiritual, para levá-lo ao Além em estado perfeito.

A mesma inclinação ocorre em toda a Criação espiritual, e qualquer elemento que se lhe opõe é sujeito à destruição, como se vê claramente na época atual. Instituições, por mais inteligentemente elaboradas e conservadas durante séculos, trazendo aparentes benefícios, nada mais são que edifícios construídos em areia, não podendo resistir às chuvas e tempestades de Minha Luz da Verdade espiritual.

Assim como o cálcio se desmancha na atmosfera, muda de forma e se perde como pó exposto aos ventos sem deixar o menor vestígio (caso não for misturado com areia e obrigado a cooperar em outra forma), o mesmo acontece com as instituições terrenas. Como tal edifício existente de há muito não se entrega tão facilmente às circunstâncias, Eu vos advirto: Precavei-vos dos falsos profetas que vos procuram em pele de cordeiro, mas intimamente são lobos vorazes!

Sei perfeitamente que Minha Doutrina transmitida atualmente será por muitos ridicularizada e escarnecida e, se não é possível atingir seus intentos, a usarão como pretexto para sua existência; mas haveis de conhecê-los por suas obras, se são realmente obreiros do Verbo ou simples divulgadores.

Em parte alguma se torna tão necessário usar de cautela quando tais mistificadores perceberem que todos os esforços são inúteis; pois terão que aceitá-Lo, ou sucumbir. Hão de usar de todos os recursos, para reconduzi-los à antiga pompa e poder.

Sede precavidos com as serpentes e simples como as pombas, para poderdes sentir de longe a astúcia dos oponentes, desviando as setas venenosas. Ainda que vos atinjam, fa-lo-ão para a vida e não para a morte.

O sentido deste versículo deve levar-vos a chamar a atenção dos amigos aos perigos do mundo, para não culparem a vós pelos enganos sofridos.

Sede precavidos com as serpentes e não acrediteis cegamente nos que vos procuram para pedir o Pão Celeste, exclamando: Senhor, Senhor! Suas intenções são bem diferentes que não o seguimento do Verbo; querem descobrir o que lhes seja útil para sua finalidade.

Repeti esta parábola que contém muito maior sentido espiritual do que imaginais! Considerai o que foi dito, para construirdes vossa casa em rocha firme; do contrário, passareis o que acontece a muitos que perdem o equilíbrio diante do menor temporal espiritual ou moral, sem saberem como agir.

Com estas prédicas recebeis igualmente a chave para as Palavras dirigidas aos apóstolos e primeiros seguidores. Faço-o porque sei como se apresentarão as condições no mundo, nas quais haverá necessidades sempre maiores de força, segurança e perseverança.

Os tijolos resistentes para a nossa futura morada espiritual são justamente as ações praticadas na base do amor a Deus e ao próximo. Eles fornecem paz e serenidade e iluminam como belos exemplos para outros, que reconhecerão em vós os verdadeiros profetas, cujo coração é idêntico ao de cordeiros, respirando apenas amor, para disseminá-lo e colhê-lo.

Deste modo sereis os Meus escolhidos que dispersarão todas as sombras, espargindo a Luz de um elevado mundo espiritual, para que haja Um Pastor e Um Rebanho, e vosso planeta se transforme no paraíso que se perdeu pelas próprias criaturas criadas por Amor. Segui o Meu Conselho para terdes serenidade e paz, transmitindo-as como consolo a outrem.

34.° Prédica

A PARÁBOLA DO MORDOMO INJUSTO

Lucas 16, 1-13.

Este capítulo trata de um mordomo injusto que, sabendo que seu senhor havia sido informado de sua infidelidade, pretendia ao menos sua garantia material. Referi-Me a esta parábola por causa dos fariseus e escribas ávidos pelo dinheiro e que não se envergonhavam de usar quaisquer recursos para angariá-lo. A atitude do mordomo infiel, reduzindo à metade a importância dos devedores a fim de conquistar a benevolência deles, também era usada pelos fariseus, que aliviavam as leis religiosas dos ricos quando estes os indenizavam por tal fraude. Eram eles rigorosos com os pobres e condescendentes com os ricos, como o sacerdócio de hoje também.

Meus Conselhos foram dados aos discípulos: “ Angariar amigos através do dinheiro, para não passar necessidades”; “Quem for fiel com pouco, também o será na abastança”; “Se não for fiel com o estrangeiro, quem lhe garante sua posse?”; “Não se pode servir a Deus e ao dinheiro” etc. Todos esses versículos dizem o mesmo. Somente o nono está em aparente contradição, porque aconselha os discípulos a fazerem amizades através do dinheiro, para num caso de necessidade uma mão amiga os amparar; mas no décimo terceiro, é afirmado ser impossível servir-se a Deus e ao dinheiro.

Vedes aqui duas aparentes contradições, pois Deus e os prazeres materiais são duas coisas opostas. A fim de esclarecer tais enigmas, vamos analisá-los mais de perto.

Se afirmei que o mau mordomo reduziu os títulos de dívida de seu patrão, este versículo nada mais diz espiritualmente senão que os erros praticados contra Mim devem ser reduzidos, considerando sua natureza e as circunstâncias de sua vida. Se Eu fosse julgar ou punir vossas ações sem tomar em consideração o que vos rodeia, a humanidade estaria em situação precária. O final seria uma segunda destruição do Gênero Humano. Para recriar os seres, teria que fazer deles máquinas, caso não quisesse que cometessem os mesmos erros.

Conquistar amigos por meio de dinheiro quer dizer: Aliviai os pecados e remorsos dos que neles se acham soterrados. Muito embora sua falha contra Mim seja grande, não deve considerá-la inextinguível. Provai-lhe que a criatura não pode viver no mundo sem ligação com ele, pois tem que viver com o semelhante; deve praticar apenas o bem, mesmo que influências negativas o impeçam. Ensinai-lhe que não Me deve considerar um juiz inclemente, mas um Pai Amoroso que bem sabe a quem cabe a culpa de tais delitos.

Deste modo aliviais o peso dos aflitos, apaziguando-os com o mundo, do qual talvez se quisessem afastar por excesso de zelo. Tal atitude corresponde ao conselho: Fazei amigos com o dinheiro!

O seguinte versículo que afirma: “Quem é fiel no mínimo, também o será com o muito”; quer dizer: Se um crente compreender que pode resistir ao mundo e lhe dá apenas o valor que merece, não se deixará ofuscar pelo brilho material caso as condições de vida o favorecerem, continuando fiel aos seus princípios provados quando ainda se encontrava em situação menos vantajosa.

Isto também fica provado no versículo 12, pois o "alheio" significa vossa finalidade material, "o que é vosso", a espiritual. Entregar-se inteiramente a uma ou outra só é possível quando se dedica exclusivamente a uma determinada finalidade, enquanto é possível que se aproveite uma para atingir a outra! Só assim é viável que as criaturas se aproximem de Mim para conseguir seu aperfeiçoamento espiritual. Aproveitando seus bens e posses, visam apenas provar como praticam Meus dois Mandamentos de Amor. Pois o rico pediu em sua aflição a salvação de seus irmãos pobres, ao que Abraão respondeu que quem não crê em sua religião, nem os mortos — caso voltassem ao mundo —haviam de convencê-los; pois quem, se entregou ao mundo ou ao dinheiro pouco havia de ligar a influências espirituais, em virtude de tê-las negado por atitudes e palavras.

Nesta parábola do mordomo infiel conclui-se que, se quereis conquistar amigos, não deveis dificultar os caminhos por exigências absurdas, e se vós mesmos cometeis erros e faltas, entregai-as à Minha Graça. O excesso de zelo é sempre prejudicial. Não deveis querer ser Meus espíritos, enquanto sois criaturas fracas. Podeis empregar amor a Mim e ao próximo e em meio ao tumulto mundano e conservar vossa pureza moral; podeis servir-Me sem virar as costas ao mundo.

Não vedes como Eu Mesmo aproveito as circunstâncias do mundo para educar espiritualmente a humanidade? Não posso desprezar e odiar o que criei. Acontece que todas as manifestações negativas têm que Me ser úteis ao aperfeiçoamento espiritual da humanidade. Deveis aproveitar as acontecimentos em vossa vida de tal forma, que contribuais à Minha finalidade com os homens. Então não será preciso invocar desencarnados, quando sois as melhores testemunhas de que a alma, ciente de sua missão, não pode servir a dois senhores. Pode a alma servir exclusivamente a Mim e aproveitar as circunstâncias que se destinam a apressar e levar a bom termo a grande tarefa dos filhos desta Terra.

Vistes que se pode extrair grande benefício das circunstâncias aparentemente injustas, mas cujo resultado final é mais glorioso do que Eu, como Deus e Jesus, almejei. Aguardo, por isso, vossa cooperação. Amém.

35.° Prédica

A TRISTEZA DO SENHOR POR CAUSA DE JERUSALÉM

Lucas 19, 41-46. E vendo a cidade, Jesus chorou, dizendo: “ Se conhecesses, ao menos neste dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos!

Dias virão em que teus inimigos te cercarão de trincheiras e te sitiarão e te estreitarão de todos os lados. E te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão pedra sobre pedra, porquanto não conheceste o tempo de sua visitação.”

Entrando no templo, começou a expulsar todos os que nele vendiam e compravam. E disse-lhes: “Está escrito: A Minha Casa é casa de oração, mas fizestes dela covil de salteadores .”

Estas palavras expressam espiritualmente a dor mais atroz de Deus, que trouxe Seu Reino celeste para junto de Seus filhos. Mostrou-Se como Homem, muito embora não fosse aceito; ao contrário, praticaram o pior e mais deprimente sofrimento que uma criatura pode passar e também pisotearam Sua Doutrina de Amor. Esta cegueira motivou as lágrimas de dor em Jesus, o Criador. Ele chorou sobre a ruína de Jerusalém e previu a completa extinção do povo judaico como nação, conquanto tivesse sido escolhida para a maior de todas.

A alegria de Meus discípulos, que supunham Meu ingresso na metrópole como ápice de Minha Missão, não foi do agrado dos fariseus e escribas. À sua exigência para Eu admoestá-los, respondi: “ Deixai que exultem, pois se silenciarem, as pedras falarão!”

Com isto queria dizer que quando a alegria dos discípulos se transformasse em tristeza, as pedras das paredes e de seu templo, após destruídas, mostrariam não terem aceito Quem entrava com a palma da paz, nem Sua Doutrina celeste, pois ansiavam por um Messias mundano que os deveria positivar em seu conforto material.

Ainda não se haviam passado cinquenta anos após Minha morte, e Minha Advertência se cumpria. O povo escolhido deixava de existir como nação independente. Assim como Eu enxotara os vendilhões e compradores do templo que o transformaram em feira livre, os judeus foram expulsos de Jerusalém, porquanto haviam esquecido a vida espiritual, cuidando apenas do poder e da riqueza. Deste modo se cumpriu Minha Profecia pronunciada pela dor.

Também hoje gostaria de pronunciar as Mesmas Palavras às criaturas desse tempo, pois estou outra vez entristecido com o destino de certas almas que não posso salvar por causa do livre arbítrio.

Vejo como a embarcação da humanidade se atira contra rochas e recifes, prevejo a destruição de suas esperanças e aspirações, e milhares descobrirão tarde demais o que deveriam ter feito, mas deixaram de fazer. Tenho vontade de lhes dizer: “Considerai o que vos é útil para a paz, pois tempos virão em que sentireis amargamente o que deixastes de aceitar quando Minha Graça e Misericórdia vos procuraram!”

Poderia repetir hoje os lamentos sobre o destino inevitável de Jerusalém, pois a tola humanidade também ainda não percebe sua missão, destino e a razão de sua existência atual e futura. Deste modo, a reação tem que ocorrer de maneira natural, que reconduzirá os espíritos, almas e seres aos seus limites, nos quais unicamente poderão alcançar o grau de aperfeiçoamento instituído por Mim como meta superior.

Às vezes é triste a situação de um pai ao ver que seus filhos enveredam por caminhos errados, não obstante todo o sacrifício, amor e zelo, em vez de se tornarem consolo e alegria em sua velhice. Mas, que poderia ele fazer? Não pode dominar a sua individualidade, pois são livres e podem pensar e agir como querem. Muitos pais vêm por isto se desvanecerem suas esperanças, sem poderem ajudar. Tudo isto ocorre Comigo em grau mais intensivo. Eu, o Criador do Universo, sou obrigado a ver o mau caminho encetado pelas criaturas, embora se destinassem para a mais sublime dignidade; pisoteiam as coisas espirituais, escarnecendo-as como fantasmagorias de pessoas beatas, enquanto consideram os prazeres materiais como o mais importante e o exterior como ponto principal, desconsiderando o conteúdo espiritual nele contido.

Repetir-se-á o que disse aos fariseus: “Ainda que Meus seguidores silenciem, as pedras — o reino da natureza — dirão: Desperta, ó criatura, de teu devaneio! Em vão procuras negar tua finalidade e teu Criador. Se não queres dar crédito aos Seus Mandamentos e procuras abafar a voz em teu coração, observa a natureza!”

Os mais zelosos pesquisadores, naturalistas e estudiosos da matéria finalmente compreendem que além da matéria existe um Grande Espírito que une os mínimos átomos e os grandes corpos celestes, sendo apenas Deus de Amor, Graça e Paciência, que Se alegra mais com o reencontro de um filho transviado, do que com noventa e nove justos que dispensam consolo.

Deus existe! Até os conflitos políticos e sociais mostram ao atento observador que nem sempre ocorre o que o homem pretende, mas tanto no indivíduo como nos povos os resultados não correspondem aos planos desejados. Em toda parte, nota-se a Onipotência divina! Com Amor aos amorosos, irada aos raivosos e apaziguadora aos pacíficos.

Se naquele tempo verti lágrimas de dor por causa da cegueira dos fariseus — pois previa que aqueles filhos transviados haviam de ultrajar o Meu Físico e Minha Doutrina e que finalmente deixariam de existir como nação — hoje também o Meu Coração Se enche de tristeza diante da ignorância do gênero humano.

Faço espargir em toda parte faíscas de Minha Luz celeste e clamo: “Voltai atrás, cegos! Ouvi a Voz do Pai Celeste que vos anuncia a aproximação da grande catástrofe! Quero abrir vossos olhos, para verdes quão levianamente cambaleais no abismo da eternidade, correndo perigo de serdes tragados por muito tempo. Imaturos, haveis de alcançar em eões e sob grandes dificuldades aquilo que aqui é tão facilmente conquistado!

Se a destruição de Jerusalém ocorreu pouco tempo após Minha Subida, também hoje não demorará e as condições sociais hão de ruir, não obstante as considerardes duradouras.

Hoje não se trata apenas de uma cidade e de um povo, mas de todo o orbe e de sua humanidade.

Naquela época terminava de um modo geral o culto judaico depois da destruição de Jerusalém, e Minha Doutrina começava a apresentar os primeiros frutos entre os pagãos. Do mesmo modo, os ditos representantes de Meu Verbo deixarão de praticar seu jogo pecaminoso com Ele. Hoje ruirão as paredes espirituais, e aquilo que até então era posse de uma casta será bem comum. Do templo não ficou pedra sobre pedra; horror e devastação sugerem o local onde o Grande Deus era erroneamente venerado, e as muralhas da cidade destruída são os únicos remanescentes.

O mesmo acontecerá no dia de hoje. Com dificuldade se perceberá onde se encontrava a Verdade, oculta sob teias da mentira. A treva se dissipará, e o poderoso Sol da Luz espiritual há de iluminar e aquecer tudo; nas ruínas da falsidade e da mistificação se plantará a Árvore eternamente verdejante da esperança, como símbolo do caminho do restante da humanidade.

Uma vez que a Minha Luz da Graça se irradia em vão sobre a grande massa dos desviados, aceitai-a apenas vós e considerai que vos escolhi entre milhares para vos tornardes os primeiros alicerces do novo templo de uma nova Jerusalém!

Não fui reconhecido quando caminhei entre os Meus filhos. Hoje, que tendes oportunidade de Me aceitar como Pai, tratai de vos salvar da ruína geral, quando cairão as muralhas dos hábitos antigos. Provai pela perseverança e confiança que, embora Eu seja obrigado a derramar lágrimas de dor pelos transviados, ainda existem alguns que compreendem o Olhar de Amor do Pai e poderão tornar-se um ponto de referência de uma alegria eterna.

Se outros merecem lágrimas de compaixão, cuidai que no Meu mundo espiritual sejam vertidas as da alegria e da bem-aventurança como prova de vossa vitória. Amém.

36.° Prédica

A PARÁBOLA DO FARISEU E DO PUBLICANO

Vários trechos do Evangelho explicados até agora tratam de ocorrências diárias, interpretações de Minha Doutrina ou dos dois Mandamentos do Amor.

Tais explicações visam principalmente evitar que as criaturas, seguindo ao pé da letra, julguem não ser proibido o que não é expressamente mencionado nas Leis.

Ciente da limitação a respeito dos conceitos de Meus seguidores, escolhi muitas vezes exemplos e comparações entre matéria e espírito, para evitar dúvidas em sua interpretação.

Neste trecho vedes uma parábola dirigida aos fariseus que apontavam seu conceito individual; enquanto cumpriam os hábitos religiosos, o seu Deus deveria estar satisfeito.

Frisei o exemplo de dois homens dos quais um respeitava aparentemente os estatutos de sua religião e olhava o outro com despeito e orgulho, porque sua profissão não merecia o conceito de honestidade.

A comparação do orgulhoso que julgava nunca ter pecado e o outro ciente de seus erros se prestava para humilhar o primeiro. Ao mesmo tempo, esclarecia os ouvintes sobre vários Atos Meus que se chocavam com os hábitos judaicos, pois deviam compreender a diferença entre o cumprimento maquinal e o sentido espiritual da Lei.

Como explicação, naquela ocasião disse aos discípulos: “Quem se eleva será diminuído, e quem se humilha será enaltecido!”

Nos versículos seguintes, mencionei que, além de Deus, ninguém pode ser chamado "bom"; como Filho do homem, Me incluí naquele grupo. Todos deviam entender que a palavra "bom" como predicado não é tão facilmente conquistada, pois é comparável ao conceito de "livre de pecado".

Quando trouxeram as criancinhas junto de Mim, expliquei que as pessoas querendo fazer jus ao Meu Reino deviam ser como os pequeninos em sua simplicidade de coração, inocência e confiança ilimitada para com os pais. Somente quem possuir tais dons infantis poderá forçar, através da prece, o ingresso em Meu Reino, pois tudo deve ser feito em consideração a Mim e Meus dois Mandamentos. Para tanto é preciso a capacidade de renunciar aos hábitos mais íntimos e sacrificar o que se tornou inclinação mais enraizada. Por isso exigi do comandante o sacrifício daquilo que lhe era mais caro.

A parábola de que seria mais fácil um cordame passar por uma agulha a um rico entrar no Céu aponta a impossibilidade de alguém entrar no Reino do espírito enquanto se achar preso a coisas mundanas. Somente quando todo o mundanismo é submetido à finalidade espiritual, considerando-o no seu justo valor, então é realmente possível um progresso para o renascimento.

Aquilo que levou Pedro a dizer ao comandante que todos eram Meus discípulos, tendo abandonado tudo para Me seguir, prova claramente como a pessoa superestima seus sacrifícios, aguardando ainda na Terra a recompensa, enquanto essa talvez lhe será dada no Além, com a consciência do dever cumprido. Sendo assim, eles alimentavam outra compreensão, pois se encontravam sob Minha Influência Pessoal, não podendo alcançar sua maturidade. Quando lhes predisse toda a Minha História final, não conseguiram compreendê-la. Acreditavam que, se a eles se prometiam bem-aventuranças aqui e no Além, tanto mais Eu havia de merecê-las, caminhando sem pecado e puro.

Eram cegos como o cego a caminho de Jericó; ouviam Minhas Palavras, mas não as entendiam. Como restituí a visão àquele grupo que acreditava fielmente na cura pela Minha Mão, eles receberam a visão espiritual através da Emanação do Espírito Santo e então compreenderam o sentido claro das parábolas ditas durante os três anos. Entenderam Quem Eu era, o sentido de Minha Doutrina e qual a missão deles.

O Evangelho vos diz sempre o mesmo: a dificuldade de a pessoa ser boa e sem pecado, e como a capacidade de renúncia traduz tantas variações. O sentido do Verbo reduz o conceito humano do egoísmo. Por isso foi apontada a humildade que se apresenta no publicano como virtude, no comandante como a maior exigência, e nas criancinhas como inocência inconsciente. Ela seria o futuro prêmio para os discípulos, e Eu fui, como Homem, o Maior Exemplo vivido! Eis os degraus da humildade, a degradação da própria Natureza, para alcançar o mais alto ponto de vista apresentado por Mim.

Considerai este Evangelho no qual se oculta a Doutrina, mais elevada. Não vos julgueis melhores por terdes recebido o Meu Verbo antes de outros. Também entre vós existem ainda muitos iguais ao comandante. Quando chegar vossa hora em que deveis renunciar ao mais caro nessa vida, estejais certos que muitos se afastarão tristonhos como o comandante. Então será exigida de vossa natureza a prova da conquista espiritual que mesclastes com o Pão do Espírito. Continuai orando sempre, para dispordes da força de não vacilardes em todas as situações e circunstâncias, mantendo-vos firmes ao Meu lado. Só quem persevera receberá no Além o resgate pelas perdas sofridas!

Ponde a veste da humildade e orai constantemente, para que o orgulho vos abandone em todos os momentos. Confiai nas Minhas Promessas; não vos digo algo novo, pois já vos falei há mais de mil anos! Sois quais cegos como o mendigo de Jericó e não vedes a Luz que Se projeta dessas Palavras! Em vossa aflição, também pedis: “Senhor, dá-me a visão!”; e sereis atendidos segundo vossa fé!

É impossível alimentardes dúvidas a respeito da prática e que agora, na evolução social e política do mundo, o resultado final caminha para a evolução do espírito.

Se bem que predisse Meus sofrimentos e morte, não disse aos discípulos que justamente eles eram o maior triunfo e vitória do espírito sobre a matéria. Silenciei, porque não Me teriam entendido. Mas agora digo abertamente que tudo caminha para a colheita daquilo que semeei naqueles três anos, e que o Verbo — não obstante todas as ocorrências sangrentas às quais teve que servir durante muitos séculos — no final surgirá vitorioso quando a Humanidade for obrigada, por sofrimentos e tristezas, a se libertar dos detritos ainda presos a ela.

O que Eu sofri — dores, lutas e morte, todavia coroada pela Ressurreição e Ascenção — ocorre também com a Humanidade.

O mundanismo tem que ser ridicularizado, desprezado e crucificado, caso deva surgir o espírito no homem, para uma aproximação ao Meu Reino espiritual!

É preciso que as criaturas sigam o Meu Exemplo, e feliz daquele que ainda jovem se desfaz de todo o peso mundano que impede sua subida em alturas celestes! Há de lucrar muito, e os que não querem ouvir a Minha Chamada sofrerão o que aconteceu com as muralhas de Jericó, que ruíram com os sons das trombetas. Não poderão fugir, por serem apenas materialistas. Não serão admitidos no Reino espiritual.

Essas prédicas foram escritas para os sedentos de Água Viva. Um dia hão de descobrir a plenitude de amor, verdade e calor humano que nelas se ocultam. Para vos abrir o Evangelho lacrado com sete selos e abrir o caminho para os Meus Céus e a Minha Presença, Eu vos forneço essas Mensagens que trarão apenas benefício se forem postas em prática, a fim de que haja paz e consolo para todos os que desejam se tornar os Meus filhos. Amém.

37.° Prédica

A CURA DO SURDO-MUDO

Marcos 7, 32-37.

A rápida cura daquele surdo-mudo foi uma das Ações com as quais Eu tinha que positivar a Minha Doutrina, para convencer Meus seguidores de Minha Ordem divina. Devia igualmente provar que Minha Passagem na Terra era mais importante do que a de um profeta e vidente. O povo habituado a ver aparentes obras milagrosas de magos e essênios que não entendiam, costumavam depositar nomes e forças a determinadas pessoas, razão porque Eu efetuava curas e milagres de que os outros eram incapazes.

O milagre da cura tem um sentido profundo e não apenas para mostrar Minha Força curadora. Proibi-lhe, bem como às testemunhas, de falarem a respeito. Mas isso poucas vezes foi cumprido, pois pela proibição, a vontade para o desrespeito se torna maior. Meu apóstolo Paulo bem o sentia, pois dizia suspirando: Não houvesse a lei, não haveria vontade para infringi-la! Com isso confessava a fraqueza humana e ao mesmo tempo advertia contra a segurança de se ter alcançado certa força, pois a queda para o erro seria ainda maior.

Todas as Minhas Palavras e Ações continham sentido muito mais profundo do que a maioria dos pesquisadores bíblicos supõem. Por isso esclarecerei as duas palavras "surdo e mudo", pois pela interpretação espiritual se descobre a razão de todos os acontecimentos. Não foi por acaso que um surdo-mudo foi curado de tal maneira, enquanto em outras ocasiões devolvia a saúde a cegos, coxos, leprosos etc., apenas por uma palavra ou pelo passe.

Um estado como o de surdez, em que a alma é mais pobre num sentido, obriga-a a privar-se de coisas agradáveis e impressões espirituais. A uma pessoa normal ficam garantidas coisas muito mais grandiosas e espirituais na vibração da matéria que produz o som. Ela fornece uma grande escala de prazeres, explicações e mensagens, do mais leve ruído até a mais sublime música. Provocadas por Minha Divindade em eternidade no Universo, escapam ao mudo; assim também as cores ao cego, principalmente quando a falha vem desde o berço.

"Mudo" quer dizer o contrário de surdo. Enquanto o surdo é privado de milhares de impressões externas, o mudo sente a cadência das insuflações externas, não podendo manifestar seu mundo interior. Quando muito, pode comunicar-se por gestos e sinais.

Se já vos disse que palestras são algo indispensáveis como meio de progresso espiritual, compreende-se que o mudo é privado de enorme quantidade de alegrias, do que é ciente quando pretende devolver a manifestação recebida.

As comunicações do mundo exterior variam segundo a possibilidade de expressão que se dirige ao estado espiritual do indivíduo.

Com essa explicação, podeis fazer uma ideia das pessoas que às vezes são privadas de ambos os sentidos. Falta-lhes a receptividade das harmonias e a troca das impressões recebidas pela alma. Tal carência é um enorme impedimento para o progresso espiritual, pois quem só pode receber e transmitir as vibrações com grande dificuldade carece de muita coisa que outros desfrutam a granel.

Não foi sem motivo que o povo Me pediu a cura deste enfermo. Desejava que ele também ouvisse Minhas Palavras e, quando fosse alimentado psiquicamente por um grande tesouro de plenitude jamais sonhada, havia de compreender a Minha Missão e também a dele. Quantas pessoas andam de ouvidos espirituais tapados para a Minha Criação e Doutrina, e para quantas Minha Criação é apenas um conglomerado de elementos e matéria cujas leis, segundo sua opinião, se baseiam no acaso. Quantas vezes exclamo: "Ephata!" — abri vossos ouvidos e escutai o canto de júbilo de toda a natureza que desde o último átomo até o maior Sol central só prega amor! — Abri vossos ouvidos e escutai a profundeza espiritual dada em Minha Doutrina, a fim de vos educar para algo superior que não apenas a animais dotados com inteligência algo maior.

Diariamente, a cada hora, a cada instante, Minha Voz Se faz ouvir, e cada vibração psíquica, cada ideia que ainda não pode ser produto da matéria provam claramente que no homem animal se oculta um ser espiritual que deveria espiritualizar primeiro, até se tornar uma veste digna do interior e uma criatura merecedora de dar honra ao Criador.

Milhares se condenam à surdo-mudez e não compreendem o grande tesouro de felicidades espirituais de Minha Natureza que deseja influenciá-los. Todas as harmonias espirituais passam despercebidas aos seus ouvidos, e seu íntimo é tão vazio..., apenas impregnado por impressões derivadas da esfera mais ínfima da matéria e sensualidade, fazendo de homens, animais.

Também hoje coloco Meus Dedos nos ouvidos das criaturas, para salvá-las enquanto é tempo e antes que a natureza os perturbe com seus sons de trombeta aquilo que agora não querem entender pelo caminho pacífico.

Não criei os homens para serem mudos e não dotei Minha Criação com tantos milagres, para serem apenas um livro silencioso!

Tudo que vive deve ouvir a Palavra de Seu Criador e Pai, que deseja preencher a alma com impressões espirituais tantas, a ponto que na transmissão da visão, do sentir e do ouvir repouse toda a bem-aventurança da vida!

Minha Natureza não pode ser muda! Com júbilo, tudo deve provar a vida e alegrar-se com o conhecimento de seu Criador em todas as maravilhas do Universo! Deste modo, a Criação material deve ser a base da espiritual e esta deve espiritualizar a primeira!

Deixai-vos curar como fiz ao surdo-mudo, para poderdes transmitir a outrem que Minhas Ações e Milagres deviam apenas comunicar o Meu Plano para os homens dessa Terra!

Queria educar-vos para o Meu Reino com ouvidos e línguas normais, para clamardes: “Hosanas nas alturas! Salve Aquele Que nos proporcionou a imensa Graça de ouvi-Lo e também de transmitirmos Suas Palavras, para que se tornem posse comum dos que querem ser os Seus filhos!” Deste modo desejo que Me apresenteis diariamente as loas, provando ao mundo inteiro, por palavras e ações, que não fostes surdos-mudos durante Minha Pregação. Amém.

38.° Prédica

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

Lucas 10, 25-37.

Com este versículo, quis ensinar ao fariseu quem era o seu próximo e como se deve interpretar em sentido espiritual o 2. ° Mandamento: "Ama o teu semelhante como a ti mesmo".

Os homens sempre fizeram diferenciações entre o amor fraternal, o amor físico e o amor ao próximo, que devem se unir a um só.

Como no Meu Tempo as opiniões se distanciavam muito em virtude das posições sociais e religiosas, compreende-se que fui obrigado a dar um exemplo de quem é realmente o próximo, para acabar com as dúvidas neste problema. Com a simples benevolência ou com desejos beatos não se ajuda a ninguém, muito menos a Mim.

A definição é simples, pois toda a humanidade é Meu próximo, e com a Lei que Me obriga a amá-lo como a Mim Mesmo, tudo está claro. Mas depende de que maneira a humanidade ou qualquer pessoa é o próximo e o que significa amar a si próprio na justa medida.

Nestes dois conceitos se encontra a chave para o Meu Reino, razão por que determinei esta lei do amor ao próximo como a segunda, não somente para a Terra, mas para todo o Universo e o grande Reino dos espíritos.

É antes de mais nada o Mandamento do Amor, pois sem ele não há calor e, estando ausente, não há vida na Criação. O amor é o primeiro incentivador para a ação que produz calor. Esse — expressão de movimento e vibração— se apresenta como vida, e a vida é o surgir, existir e desvanecer como sinal visível da Criação em sua total extensão.

O amor enobrece quando praticado, pois sem ele não haveria medida nas ações, tampouco Eu existiria, nem algo criado com futuro destino. Assim como o Amor em Mim criou espíritos, seres e a matéria, — e com o mesmo ímpeto os abraça, alimenta, conserva e conduz para o destino mais elevado: o máximo amor — também o homem deve abraçar seu ambiente, o mundo em que vive. Tudo que foi criado por Amor e com Amor deve provar que serei plenamente Pai somente quando Meus seres forem Meus próximos, cumpridos seus deveres e missões. E desejo recebê-los de livre vontade e não por coação. O livre arbítrio enobrece a criatura, em confronto com um ser forçado pelo instinto.

Este Amor universal deve ser a medida para o amor humano que deve habitar em todos os corações, como um monumento de uma descendência superior que exemplifica todos os pensamentos, palavras e ações. Tal amor deve, assim como o Meu, ser a medida para o amor humano, erigindo em cada um sua morada e testemunhando um monumento duradouro, uma origem superior, com todos os pensamentos, palavras e ações. Ele só conhece a motivação do melhor bem para o próximo; naturalmente nem sempre é aconselhável permitir todas as coisas, pois poderia prejudicar.

Observai-Me! Amo a todas as criaturas com um sentimento incompreensível e não correspondido, no entanto, nem sempre concordo com os vossos desejos, e digo: Não! — Por que? Porque muitas vezes pedis coisas espiritualmente prejudiciais. E se a negação provoca sofrimentos, lutas, desastres e mortes, são eles apenas emanações de Meu Amor, de vosso Pai Celeste, que por vossa causa tudo criou e muito sofreu, e ainda recompensa a ingratidão, desprezo e calúnias apenas com bênçãos.

Vedes, portanto, como o amor deve ser interpretado quando se trata de fazer o bem. Deveis aceitá-lo da mesma forma. Um pai na Terra também não cede a todos os pedidos de seus filhos menores, pois é preciso ter em mira uma educação aprimorada. Assim sendo, deveis fazer o bem ao próximo somente convictos de não alimentardes um vício, senão estimulais o semelhante à preguiça, em vez de animá-lo ao trabalho.

Eis o Amor com o qual conduzo Meus mundos através da Sabedoria. Também deveis controlar com vossa razão a tendência da excessiva caridade, para não surgir o resultado oposto ao de vossa boa-vontade.

O segundo ponto a ser considerado é: Deveis amar ao próximo como a vós mesmos! As noções são variadas, correspondendo aos degraus espirituais da natureza humana, que podem crescer da renúncia ao máximo egoísmo. Então surge a pergunta: Quando o meu amor-próprio é justo, útil a mim e outrem?

Somente após a resposta a tal problema, pode-se usar a medida sobre qual é o amor e sua graduação aplicável ao semelhante. Quando se analisa as palavras "amor" e "a si mesmo", chega-se a outras noções mais profundas.

No entendimento do amor-próprio, deveis saber como e o que deveis amar em vós, para transferir tal sentimento a outrem e julgar como deve ser empregado.

Toda pessoa tem a tendência da conservação e o prolongamento de sua vida, tornando-a o mais agradável possível. Este sentimento de conservação tem que ser muito profundo, para evitar que com o menor aborrecimento lhe venha a ideia de se libertar do corpo antes do amadurecimento interno. Esta tendência é tão forte e necessária, que somente pessoas sem fé e religião, ou enfraquecidas por conceitos errôneos ou perturbações psíquicas, chegam a destruir o amor tão enraizado na vida, pondo término à mesma antes de realizar Meu Plano Divino e as leis gerais (extrema carência de amor próprio).

Tais almas suicidas terão que encetar um caminho cheio de dificuldades, porque partiram imaturos e lá chegaram do mesmo modo.

A segunda espécie de amor-próprio é superior, pois trata-se da conservação e aperfeiçoamento espiritual. O homem procura igualar seu eu espiritual com Aquele que lhe conferiu tal centelha de consciência divina e colocou-o além da matéria, no limite de dois polos, de sorte que ele pertence fisicamente ao mundo e, pelo espírito, ao Reino Espiritual.

Mas neste ponto ele também se torna suicida quando alimenta apenas a matéria, negando sua meta espiritual, quando pisa todas as leis divinas, caindo na tendência animal. Isto pesa muito mais, porque o irracional vive preso à natureza segundo sua finalidade, enquanto o homem, livre desta prisão, abusa das leis da natureza, onde o animal nunca ultrapassa.

Em contraposição ao extremo de carência de amor-próprio, nos deparamos com o excesso do mesmo. Considerando somente o bem-estar físico, a criatura só quer gozar o pior egoísmo. Apossa-se de todos os meios para alcançar seu propósito. Para ela só existe seu próprio eu e, negando qualquer laço de amor ao próximo, ela mesma é sempre sua mais semelhante. Tais pessoas se encontram no mais ínfimo grau evolutivo, pois se excluem de todas as lutas e sacrifícios. Desejam apenas gozar sozinhas, e todos os recursos permissíveis e proibidos, divinos ou diabólicos são aproveitados; basta chegarem ao seu propósito. Tal amor-próprio exclui qualquer sentimento para com o semelhante.

O amor-próprio também existe quando a criatura se quer desenvolver e aperfeiçoar de tal maneira, que o próprio corpo se torna um peso do qual deseja se libertar quanto antes.

Eis os dois extremos! Carência e abundância de amor-próprio, seja material ou psíquico. Se é preciso encontrar o meio termo onde não pode haver aproximação aos extremos, é necessário analisar como deve se constituir o amor ao semelhante pelo respeito ao amor-próprio.

Já vos disse que o amor equilibrado pelo raciocínio, visando apenas a meta espiritual e física, deve conduzir o amor-próprio de tal forma, que o corpo não venha a sofrer sob a influência do espírito e vice-versa. Se o homem considerar sempre que o corpo lhe foi confiado como um tesouro, e se no Além terá que prestar contas da alma, ouvirá igualmente a pergunta: Aproveitaste o corpo segundo sua finalidade, ou praticaste abuso? Assim, a prestação de contas que o homem terá que enfrentar sobre seu espírito e os dons conferidos será a mesma que sobre a vida material. Usar ambos, educá-los a ponto que todas as ações ocorram com a Minha Presença, o Cunho espiritual, deve também ser a medida aplicada no amor ao próximo. Este deve permitir todo o bem ao próximo, enquanto se coadunando com Meus Princípios morais.

O homem tem que descobrir em si mesmo do que é capaz, para poder medir a capacidade do próximo. Tem que aprender a discernir o bem e o mal consigo mesmo e aquilo que beneficia ou prejudica espírito e corpo, antes de praticar por amor cego o que leva à ruiria do semelhante.

Por isto, organizai primeiro vosso amor-próprio dentro de peso e medida justos, e o amor-próprio equilibrado vos levará ao semelhante. Só onde existem noções claras, podem surgir atitudes certas; do contrário andais às escuras, abusando de vosso amor em prejuízo do semelhante. No mundo inteiro os extremos são prejudiciais e não levam a nada: tanto no amor como no ódio, no dar e recusar, no falar e silenciar.

Em todas as vossas ações, considerai vossa finalidade elevada e não esqueçais que sois criaturas, não deuses. Não esqueçais que tanto o excessivo quanto o diminuto amor leva a resultados negativos, assim como noções exageradas ou reduzidas de amor ao próximo antes prejudicam do que beneficiam.

Reconhecei primeiro vossas próprias fraquezas, para serdes indulgentes com os outros. Analisai se a concessão de um pedido produz o bem ou o mal e depois regulai vossas dádivas e sacrifícios ao próximo. Em parte alguma há tanto prejuízo como na noção literal do amor ao próximo.

Eu sou vosso Próximo e faço tudo para vos tornardes Meus irmãos, irmãs, Meus filhos! Todavia, não sou tão condescendente — não obstante todo Amor e Sabedoria — a ponto de dar tudo que as criaturas Me pedem em sua infantilidade. Como o Máximo Espírito, sei o que de melhor se presta para elas e desejo educá-las, não prejudicá-las.

Vede como Eu mantenho Minha Criação e conduzo suas partículas à grande meta da salvação da matéria e haveis de encontrar o caminho certo entre dar e receber, permitir e negar. Em tal caso, o segundo grande Mandamento encontrará sua expressão espiritual não somente na palavra, mas também na ação, quando fazeis ao próximo aquilo que julgais o melhor como criaturas espirituais.

Considerando o motivo espiritual mais importante que tudo, tereis que procurar o ponto de partida e o final em todas as vossas ações, para concordarem com Meus grandes Planos espirituais. Assim vos enobrecereis, reconhecendo-Me como vosso Querido Pai cada vez mais sublimado; quer dizer, vosso Guia e Pai Celeste. Amém.

39.° Prédica

A CURA DOS DEZ LEPROSOS

Lucas 17, 5-19.

Neste versículo se descreve como Eu curei dez leprosos pela simples Vontade. Quando, fortalecidos pela fé em Minhas Palavras, se dirigiram ao Templo, a moléstia desapareceu, pois atacados por este mal lhes seria vedada a entrada. Por cuidados sanitários, todos se afastavam de tais pessoas também fora do Templo.

Este milagre prova a força de fé e confiança, quando a alma é dominada por elas. Por isso, disse também aos discípulos: “ Se tiverdes fé do tamanho de uma semente de mostarda, dizei a esta amoreira: “Arranca-te e te atira ao mar!”; e ela obedecerá!”

Através do Meu Milagre, quis dar um exemplo aos discípulos cuja fé muitas vezes vacilava.

Vamos analisar a palavra fé, muito usada, mas pouco sentida. Após esta explicação, podemos igualmente lembrar-nos de um samaritano que voltou sozinho para dar honras ao Senhor.

Muitas vezes repito as explicações, porque as criaturas se distraem, enquanto milhares de milagres passam pela sua retina e sem que a alma tome conhecimento deles.

Naquela época, Meus apóstolos pouco entendiam de fé, e tive que prová-la sem que tivessem compreendido seu sentido. Por acaso também sabeis o que significa fé, pois quase diariamente tendes oportunidade para tanto?

O que vem a ser a fé?

Muitos responderão que ela ocorre quando se é obrigado a crer naquilo que foi explicado: “Creio, porque o explicador está convicto de suas palavras.”

Tais respostas são comuns e provam que a fé é tão fraca, que o menor vento a derruba.

Nunca Me referi a tal fé, pois aquela de que fiz menção em várias ocasiões (“Se acreditardes, as montanhas têm que desaparecer!”) é bem diversa daquela que diz: “A fé traz a bem-aventurança!”, um estado bem diferente e ensinado pelos sacerdotes, porém duvido que alguém se torne bem-aventurado com tal fé.

A que Eu ensinei aos discípulos e exemplifiquei pela cura dos dez leprosos tem um poder muito mais potente do que imaginais. É a firme convicção que isto ou aquilo tem que acontecer, pois dá-se uma intervenção pelo Meu Poder, uma divisão de Minha Onipotência e que aprecio naqueles filhos que realmente merecem este nome. Mas também nunca abusarão deste Poder enorme, porquanto sentem a grandiosidade da Dádiva do Pai.

Os dez leprosos foram tomados desta fé, pois embora ainda acometidos do mal, se dirigiram aos sacerdotes convictos de que Minha Palavra — divina — não enganaria e se cumpriria; porque assim Eu o quis, e eles confiaram e creram firmemente.

Quem de vós teria tal fé? Deitai a mão no coração e perguntai a vós mesmos, e o efeito será o mesmo dos discípulos, pois haveis de confessar: − Não compreendemos tal fé; falta-nos totalmente tal convicção e confiança em Tuas Promessas Divinas. Nós não o conseguimos!

Respondo: − Sei que estais longe de tal fé, do contrário sentiríeis a bem-aventurança e a Onipotência vos faria quais deuses! Que imenso campo de atividade se vos abriria, quanto benefício poderia ser feito, e estaríeis cônscios de vossa elevação sobre o mundo material. Haveríeis de sentir o suave ingresso de vosso eu no Meu Eu intrínseco, dotados de tamanho poder, como era dado às primeiras criaturas desse mundo, mas o perderam por culpa própria.

Devido à ausência desta fé em todos, desejo transmiti-la ao vosso coração, para vos incentivar. Embora não seja fácil sua aquisição, pois necessita de muito controle e pureza moral, sereis capazes de participar em momentos de maior êxtase, quando tereis compreendido a ideia desta grande manifestação de Minha Onipotência e Amor.

Ainda não entendestes a palavra "eu quero!”; pois ela se baseia na fé de que tem de acontecer o que se quer. Este poder da vontade é a tal fé que remove montanhas e até conquista as leis mais secretas da natureza, realizando-se coisas consideradas impossíveis.

Mas — como já disse — é preciso que haja um motivo espiritual e só pode ser efetuado por Minha Onipotência. Sem Ela, sois ineptos; mas com Ela, sereis poderosos!

O que vem a ser o magnetismo, senão a força de vontade ou a fé que, confiante em Minha Ajuda, em pouco tempo cura um mal pelo passe, que de outra maneira demoraria muito mais?

A tal fé, tudo tem que ceder! O efeito não se encontra fora do âmbito das leis da natureza, mas estas, que até então se haviam afastado do poder humano, tornam-se úteis e obedecem a ele como a um ser espiritual, um descendente Meu, enquanto ridicularizam as lucubrações e análises do materialista.

Quando tal fé se positivar no coração, segue também o que consta do Evangelho: a gratidão e o reconhecimento pelo bem recebido, pois um dos dez curados voltou para Me agradecer.

Foi justamente um samaritano, que os judeus não toleravam, atribuindo-lhes todas as más qualidades.

Na prédica anterior também foi um samaritano que serviu de exemplo para os fariseus, pois não se devia menosprezar ninguém, seja a origem qual for. E desta vez foi um samaritano a provar que ninguém é tão inferior, que não possa empregar o amor ao próximo; um exemplo também para a nossa época na qual muitos desclassificam o seu próximo.

O fato que um dos dez leprosos voltou, justamente aquele de quem não se esperava, prova que nele a fé havia deitado raízes e, tocado pela Graça Divina, deu honras a Quem cabia.

Assim será com todas as dádivas na vida cotidiana. Só se alegrarão dos belos resultados de sua fé e confiança firmes os que confessarem o sentido das palavras: “ E se tiverdes feito tudo o que foi ordenado, confessai que fostes servos inúteis, cumprindo apenas vossa obrigação.”

Durante esta cura fiz com que, além da fé e confiança, não fosse esquecida a gratidão. Um benefício recebido sem gratidão deixa de ser benefício. Em vez de o recebedor se humilhar por uma Graça recebida, ele se orgulha pela falta de gratidão. O primeiro expressa amor, o outro ódio; o primeiro confessa abertamente sua fraqueza, o outro manifesta remorso pelas circunstâncias de ser grato a alguém. Um vem do Céu, o outro do inferno. Por isso quis despertar, após milênios, a recordação do pesquisador de que o poder da fé, ainda que seja belo, nada representa se a pessoa não elevar o pensamento a Deus antes e depois da ação, reconhecendo primeiro sua fraqueza e em seguida a Onipotência Daquele Que provê o homem, pequeno verme na Criação, com tais meios de força.

A criatura consciente de sua origem divina, que sempre se dirige ao Alto aceitando com humildade as dádivas e depositando-as no altar do amor, sentirá o fortalecimento de sua vontade através da Minha. Em tal coração vive a justa fé como fruto da convicção que transmite pela consciência de sua força. É a felicidade sentida somente pelo filho que reconhece o Poder de seu Pai de Amor e se sente digno Dele.

Procurai esta dignidade, e onde houver gratidão, a realização do pedido coroará os desejos.

Aceitai esta prédica como guia pelo labirinto da vida! Construí em tal base sólida e segura, pois o telhado a cuidar de vossa casa toda será Meu Mundo espiritual. Segundo vossa fé, sereis levados de degrau em degrau a educar seres superiores, como filhos que creem e confiam no Meu Amor como Pai e no infinito Poder. Amém.

40.° Prédica

ADVERTÊNCIA DO SENHOR SOBRE A INCLINAÇÃO MATERIALISTA

Mateus 6, 24-34.

Estes versículos fornecem regras de conduta para a vida dos Meus apóstolos. Contêm um caráter todo especial, pois, adaptando-se à sua existência, deviam inspirar confiança para o futuro, quando Eu não estaria mais em seu meio. Todo o sexto versículo contém diretrizes para a futura vida profissional que os discípulos haviam de enfrentar. Fiz-lhes Minhas últimas Advertências paternais, para que aprendessem a assimilar Minhas Palavras em seu sentido espiritual e não literalmente, o que muito ocorria. Eles tinham que ter clareza a respeito, antes de doutrinarem outros e levá-los ao caminho do verdadeiro conhecimento.

Este trecho contém dissertações explícitas de como se deve dar esmolas, como orar e praticar os rituais religiosos de modo espiritual e em benefício da alma. Além disso, é mostrado o real valor dos bens temporais, materiais e espirituais e a maneira pela qual se pode ligar as preocupações da vida à confiança em Mim.

Justamente esse era um ponto importante, porque os discípulos tinham que se decidir entre o espírito e o mundo, conforme consta, entre Deus e o dinheiro.

Eles abandonaram tudo que os prendia ao mundo e Me seguiram, sacrificando os bens e os laços materiais às posses do espírito. Portanto, é compreensível que lhes vinha o pensamento: “Que será de nós? Na Companhia Dele, nada havia para nos preocupar; mas se Ele um dia nos deixar..; que acontecerá?”

Ante tais pensamentos, Eu tinha que acalmar suas almas agitadas, não somente durante Minha Peregrinação, mas também para o futuro. E tinha também de fortalecê-los na confiança e fé em Minhas Palavras, para que a preocupação como alimento e vestimenta não lhes pesasse tanto, com que sua missão espiritual teria sido bastante abalada. Por isso, chamei a atenção aos lírios no campo e que o Pai não esquece o que Ele criou, portanto, não abandonaria os escolhidos para Minhas maiores finalidades!

Aquelas Palavras tinham um sentido literal nas condições em que viviam, mas só podem ser interpretadas por vós e todas as futuras gerações através do espírito. Viveis sob outras circunstâncias e não precisais vos desprender de tudo para seguir-Me em espírito.

Se afirmei: “Não se pode servir a dois senhores!”, queria explicar ser impossível a pessoa abraçar duas coisas diferentes com o mesmo amor. "Servir a Deus ou ao dinheiro" quer dizer: considerar uma das duas coisas como finalidade mais elevada, ou dedicar-se com toda alma àquilo que se ama de preferência.

É neste sentido que se aplicam aquelas Palavras para todo o gênero humano. Quem vive apenas para o mundo e seus prazeres, almeja unicamente a satisfação dos mesmos e emprega todos os recursos para alcançá-los, só pode ter uma noção medíocre de Deus e de Seus Bens e há de submetê-la às demais noções, porquanto só visa o bem do mundo, e não do espírito, como único desejo. Por isso é verdade que não se pode servir a Deus e ao dinheiro.

Coisa diferente é quando o homem utiliza bens e posses para fins espirituais, não lhes atribuindo maior valor do que realmente têm, pois aplica-os em benefício próprio e dos semelhantes, mormente quando Eu dotei alguns com posses especiais.

A Meu tempo havia ricos, bem situados e de alta categoria, que todavia se dedicavam a Mim e consideravam o mundo como Eu o desejava. Os bens confiados eram apenas um meio para certo fim, mas não a exclusiva finalidade de seu zelo.

Por isto é tão necessário o justo entendimento para a frase: “ Não se pode servir a dois senhores”, do contrário o empenho exagerado facilmente leva a outros enganos.

As demais afirmações consoladoras não podem ser hoje tomadas literalmente; pois nas condições atuais é até mesmo um dever de cada cidadão cuidar das necessidades terrenas. Tal preocupação não deve, porém, impedir que a pessoa siga sua meta espiritual e faça o bem ao próximo.

É bem verdade que os pássaros não semeiam, não colhem nem guardam em depósitos, e ainda assim o Pai cuida deles. Mas os animais são irresponsáveis e sua manutenção vem do instinto que leva os famintos para a nutrição e os sedentos junto à fonte. Além do mais, eles só têm que zelar para si ou sua pequena família, e isso por pouco tempo.

O mesmo não acontece com o homem. Ele é livre. Não é a voz da natureza, não o instinto, mas o espírito que o impulsiona com o raciocínio a melhorar sua situação e a não ser perturbado no trabalho de sua evolução através da matéria. Ele tem também que cuidar de sua família para o futuro, porque ela necessita de cuidados prolongados.

Naturalmente, a finalidade de sua existência tem que ser o Reino de Deus e seu destino espiritual que perdura para sempre no Além, após esta curta passagem de provação. É, portanto, dever da criatura valorizar os dons confiados — talentos e bens materiais — de tal modo, a não perder sua veste espiritual para a vida eterna.

Consta também: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois cada dia traz sua preocupação!”, mas isso tinha um sentido diferente para os discípulos em relação aos dias de hoje. Quer dizer que o homem não deve estender demais suas preocupações e não interferir no destino ou a Vontade de Deus, pois com Ela termina seu âmbito de ação. Devem as criaturas dar expansão às preocupações e esforços somente dentro de Minha Doutrina, cuja Palavra concorda e promete bom êxito. Deste modo elas se justificam, mas não em demasia, pois devem cumprir as pequeninas coisas, enquanto Eu tenho que realizar a parte maior de vossos desejos. Se, além disso, considerardes que vosso discernimento é limitado, ao passo que o Meu não tem limites, tereis que convir que nem sempre pode ser realizado o desejo por meio da prece, pois muitas vezes sou obrigado a negá-lo, por ser mais Previdente que vós.

Pela explicação deste versículo, muitos mal-entendidos ocorrem pela interpretação parcial entre a Minha época o tempo atual. Lá eles se adaptavam à futura profissão e posição social dos discípulos. Hoje — embora Verdades pronunciadas por Mim — deve o sentido espiritual ser a estrela guia de vossas ações. As Palavras de consolo dadas aos primeiros adeptos têm que ser interpretadas de modo diferente entre os atuais, talvez últimos.

Tudo que falei continua verdadeiro, mas o ponto de vista individual dá o norte para a Verdade. Pois se ela se volta sempre às reais condições dirigidas a Mim, pode vir a trazer os resultados pretendidos, e Eu quero repeti-los no sentido espiritual. Repito que o justo entendimento de Minhas Palavras — de duração e beleza eternas — revela fatores que em certos momentos são pressentidos, mas não podeis afastar totalmente o seu véu.

Cuidar de atingir a compreensão espiritual, para que a Luz possa iluminar totalmente vossa alma, aquecê-la, vivificá-la e uni-la com Meu Espírito! Então terá chegado o momento em que a coberta da Criação material não existirá mais para o vosso olhar, pois afastou-se, permitindo a noção do mundo espiritual e que Eu, Senhor de tudo, sou vosso Pai eternamente Amoroso.

Então florescerá a paz e a calma como meta final de todas as preocupações justas e fúteis; haverá a recompensa por toda a amargura sofrida, o prêmio pelo merecimento justo. Os últimos elementos construtivos do mundo material foram transformados nos primeiros do mundo espiritual, no qual repousa a grande construção de um mundo invisível e eterno. Às coisas materiais será indicado seu paradeiro espiritual, e aos seres espirituais, o caminho material para sua purificação. Subindo de degrau em degrau, dos mundos a outros planetas, de sóis a sóis, receberão crescente capacidade para saborear maiores bem-aventuranças e finalmente atingirão, como meta final, aquele degrau onde o Pai é cercado como Um Pastor de Seus filhos, de um rebanho cuja concentração começou na vida física e terminou no plano espiritual.

Eis vosso destino e a finalidade de todas as Minhas Mensagens! Como vedes, faço todo o possível. Depende, portanto, de vós as assimilardes como Eu, em Espírito, as pronunciei.

Esforçai-vos no entendimento, e o resultado final provará que somente um Pai pode conduzir os Seus filhos neste caminho! Amém.

41.° Prédica

A RESSURREIÇÃO DO JOVEM DE NAIM

Lucas 7, 11-17.

Eis mais uma daquelas Ações milagrosas destinadas a fortalecer o povo e os discípulos na fé de que Eu não era um simples homem, um profeta, mas sim Alguém muito mais elevado; para que todos seguissem os Meus Caminhos, deixando-se conduzir com maior facilidade.

Os essênios também despertavam mortos; no Grande Evangelho de João expliquei como agiam. Se Eu, portanto, pretendia efetuar um milagre, tinha que agir diferentemente dos outros. Só por este caminho e as provas mais irrefutáveis, pude modificar a educação daquele povo preso às leis de Moisés e às cerimônias.

A ressurreição do jovem de Naim era algo inédito, daí sua admiração justificada a respeito de Meu Poder sobre vida e morte.

Deste modo eduquei Meus discípulos e vários populares, inclusive pagãos, para a continuação de Minha Doutrina de fé e de amor. A veracidade de Minhas Palavras, a importância de Minha Missão, o motivo de ter vindo a essa Terra, e qual a finalidade de Minha Encarnação foram provados por meio de parábolas, palestras e milagres. Poucos Me compreendiam; todavia, a Semente tinha sido depositada em seus corações, e aos poucos foi germinando e começando a produzir frutos, embora parcamente. Sempre Me adaptei às circunstâncias; ora pronunciava imponentes discursos, ou fazia milagres que tinham de cooperar para anunciar o Filho do Homem como Ele era.

A ressurreição do jovem de Naim tem que ser interpretada espiritualmente, caso deva ser útil como prédica. Temos que despir o lado natural do ato, para descobrirmos sua importância válida para todas as épocas, para descobrirdes que se oculta algo em todas as Minhas Ações com efeito para toda a eternidade.

Nesta explicação apresenta-se um simples enterro, ao qual uma mãe acompanhava, chorando os restos de seu querido e único filho. Isso pode ocorrer diariamente; sempre encontrareis um corpo inerte e os acompanhantes chorosos.

Para explicar este acontecimento espiritualmente, é preciso saberdes o que precede a um enterro. Cada desenlace é uma passagem de um extremo a outro, da vida para a morte, uma transformação do corpo sólido em simples elementos, uma separação entre espírito e matéria; ou seja, o início da vida espiritual e o fim da material.

Existe na Criação uma morte materialmente aparente e uma verdadeiramente espiritual. Em tal caso, um enterro é o abandono do mundanismo ou sepultamento da alma do homem.

Uma mãe chora a morte de seu filho único e o acompanha à sepultura. Nesta cena dolorosa, Eu Me aproximei, pois senti pena dela. Mandei que parassem o cortejo e ressuscitei o seu filho, para ele prosseguir como esteio de sua querida mãe.

Falando espiritualmente, isto quer dizer: Por muitas vezes os pais chorarão pelos filhos que enveredaram por um mau caminho. Chorarão ao verem que eles — não obstante todo cuidado e zelo — qual defunto, nada possuem de espiritual, seguindo apenas ao mundo e a seus prazeres, atirando-se à morte psíquica.

Então Me aproximo dos pais chorosos, que reconhecem tarde demais sua própria culpa na prematura morte espiritual de seu filho. Desperto-o lentamente para a vida espiritual, após enterrado no pecado e no vício, deixando que saboreie as consequências de sua intemperança. Faço-o voltar à vida através de sofrimentos e moléstias, destruo sua saúde física e suas condições de vida. Assim, devolvo ao filho defunto o elemento espiritual, para que possa reconquistar sua perda, aliviando os pais em sua conduta arrependida de autoacusação.

Enterros como esse ocorrem na vida material e espiritual. Na vossa Terra existe agora mais podridão do que vida espiritual, pois quase toda a humanidade está enterrada em apetites materiais e inerte no esquife de preocupações e prazeres mundanos. Os acompanhantes são os únicos a possuírem vida espiritual, implorando Minha Ajuda e Salvação, pois se compadecem dos mortos, seus semelhantes, mas não os podem salvar.

Tais cortejos fúnebres de todos os matizes, bem como o choro dos poucos de índole melhor, Me levam junto ao caixão a despertar os adormecidos ou aparentemente mortos, para não se perderem para a vida espiritual. Desperto pessoas isoladas como também povos inteiros por meio de acontecimentos e acidentes de toda espécie, fazendo-os sentir os efeitos da vida errônea, pois desconsideram a espiritual e se entregam somente à matéria.

Este grande cortejo fúnebre se movimenta vagarosamente ao local de seu destino, onde ocorre a decomposição, como acontece ao corpo. O estado psíquico de muitas criaturas e também povos começa a apodrecer e se manifesta num processo geral de decomposição, purificação e libertação. Isto sucede também com o físico abandonado pela vida e tem que servir e se submeter às leis naturais, a outras formações como base e a outro elemento vital.

Em meio a este processo geral de dissolução de toda a humanidade que simbolicamente repousa no esquife dos prazeres mundanos, Eu Me aproximo e mando que Meus Mensageiros e escrivães projetem nova vida, força e espírito nas veias da alma humana e lhes digo, como fiz ao jovem de Naim: " Ordeno que te levantes!"

O mundo de hoje se assemelha, com sua curta duração de vida, a um jovem que está longe de completar sua missão. A humanidade terá que entrar na idade da responsabilidade e finalmente na velhice, para amadurecer e se aprontar a despir as antigas vestes de conceitos mofados. Depois usará uma vestimenta espiritual que jamais se deteriora, prestável para a outra vida, maior e eterna. A esta humanidade ordeno: "Levanta-se, pois não foste criada para seguir o caminho longo da matéria, e sim o mais curto, do espírito! Levante-te e considera Minha Chamada antes que a ruína total de todos os laços sociais te ensine amargamente que existe um outro mundo, pois o teu consiste apenas de especulações, fraude e domínio!"

Como naquele tempo, também Me compadeço deste estado de podridão. Sinto pena dos acompanhantes de melhor índole, mas também dos mortos, pois desconhecem o Meu Verbo, cairiam irreparavelmente no processo espiritual de decomposição e teriam que iniciar, de livre vontade, o caminho longo e difícil do conhecimento interno. Sofro ao ver a Humanidade qual defunto, pois dei como dote a cada criatura uma centelha de Meu Próprio Ser e posteriormente evidenciei tal centelha com a Minha descida à Terra, o que paguei com humilhações e sacrifícios. Além disso, vos escolhi dentre tantos outros para conhecer-Me, não somente como Espírito Máximo, mas também como Pai, para cooperardes Comido na evolução de outros mundos aos quais levareis bem-aventuranças e verdades novas. A permissão de dá-las a outrem aumentará vossa felicidade e só como filhos de Meu Amor sentireis o que representa serdes privilegiados do Criador Onipotente e Senhor do Universo!

Justamente por isto Me dói este cortejo fúnebre e Me leva a expressar Minhas Palavras e Dádivas do Céu que há anos emito sobre toda a Humanidade: “Despertai de vosso sono mundano! Acordai para a Vida eterna, pois somente lá se encontra a solução de vossa própria existência! Lá está o início e o fim do gênero humano! Não há necessidade de vos dissolverdes como corpo físico para pertencerdes a outros seres e coisas! Deveis, cônscios de vossa origem simples, passar pela fase de adolescentes, jovens e adultos, como almas menores, para poderdes ingressar naquele mundo, já na velhice, cônscios de boas obras e da sublime sensação de não serdes tristes acompanhantes, mas somente espíritos alegres atingidos pela decomposição; pois lá tudo é espiritual, é amor e luz, onde tudo respira calor e Vida eterna exultantes. Eles devem ser conduzidos convosco à grande meta final, Meu Reino Celeste, e Eu — como Pai — levarei os despertados à Fonte eterna da Vida. Então Me compreenderão totalmente como Pai.

Esta ressurreição da matéria, o esquife mundano, é o motivo de Minhas Palavras, assim como outrora quis protegê-los e prepará-los com Milagres e Parábolas, a fim de não perecerem espiritualmente.

Naquele tempo eram os profetas, apóstolos e outros crentes os enlutados. Hoje sois vós, a quem dei a Palavra de Salvação e da Vida eterna, a fim de poderdes cooperar igualmente na Obra de Salvação.

Para tal finalidade, trabalhai no ambiente familiar! Não permiti que surjam defuntos ou deteriorados! Lançai a Semente da Vida, que o Meu Verbo espiritual a levará aos corações preparados pelo sofrimento e pelos acidentes, para que se repita a festa da Ressurreição. Então não sobrará do corpo inerte da humanidade nada mais que o esquife, o próprio mundo que, querendo ser útil aos homens, também será forçado à espiritualização através da humanidade salva. Ressurgirá o antigo Éden, no qual a criatura formada por Minha Mão Criadora como ser espiritual será novamente senhora sobre todos os próprios elementos, possível somente ao jovem de Naim, vivo e não morto. Amém.

42.° Prédica

A VERDADEIRA COMEMORAÇÃO DO SÁBADO

Lucas 14, 1-6.

O início deste capítulo fala da cura de um hidrópico na casa de um dos principais fariseus, precisamente num sábado, no qual, segundo as prescrições dos judeus, só era permitido considerar-se hábitos e cerimônias religiosos.

Esta cura tinha seu bom motivo. O fariseu mencionado era adepto de Minha Doutrina e assimilava as instituições do Templo apenas no sentido literal. Apreciava Minhas Dissertações, enquanto Eu nada fazia que se chocasse contra suas opiniões e seu prestígio como fariseu. Por isso permiti que um hidrópico entrasse pedindo-Me que o curasse.

O Evangelho confirma a cura. Mas o fato de fazê-lo num sábado judaico tornou-se uma pedra de escândalo.

Queria justamente provar aos fariseus a falsa compreensão de suas próprias instituições e quão erradamente as ensinavam ao povo. Por isso afirmei: “Se um boi ou um burro cai no poço num sábado, tirais os animais visando vosso próprio interesse. Mas considerais pecado praticar uma boa ação a outrem.”

Com isso quis provar-lhes que tais atos de caridade não desonram o dia santo ou sábado, mas o enobrecem muito mais que hábitos e cerimônias vãs praticados com negligência.

Entre o povo judaico havia muitos de tais inconvenientes. Embora de posse das Leis de Moisés e dos profetas, não sabiam interpretar o texto espiritualmente. Além disso, eram as pessoas encorajadas pelos fariseus e escribas que preferiam sua própria interpretação das Leis, pois assim não era cansativo ser um judeu na acepção da palavra.

Eis a razão de Minha Vinda justamente em meio deste povo, donos de uma religião que se prestava como base para Minha Doutrina. Era preciso não derrubar as antigas Leis, mas devolvê-las purificadas, dando seu sentido espiritual, para salvar a dignidade humana prestes a soçobrar nos rituais do Templo e nos prazeres mundanos.

Sempre visei esta finalidade durante os três anos de Doutrinação. Procurava ou permitia oportunidades que davam motivo de lutar contra os falsos conceitos e preconceitos dos judeus.

Assim sendo, a comemoração do sábado era uma questão que Eu não podia deixar passar como Fundador de Minha Religião divina unicamente verdadeira. Para exterminar tais preconceitos, comecei a agir contra eles na casa do chefe dos fariseus, dando oportunidade para um diálogo. Como os fariseus queriam ser os primeiros a entender tudo melhor — segundo eles — tinham que ser orientados de suas ideias errôneas, caso o povo devesse ser esclarecido. Por isso pratiquei esta cura diante de seus olhos e lhes respondi de modo a emudecê-los.

Estes dirigentes do Templo alimentavam conceitos totalmente diversos a respeito das obras de caridade, de sorte que Me via muitas vezes forçado a explicar o conceito do amor ao próximo através de exemplos e símbolos. Segundo sua opinião, os benefícios só deviam ser prestados a eles e ao Templo. Todo o resto feito ao próximo não merecia sua atenção.

Já naquele tempo, a comemoração do dia do repouso semanal era mal interpretada; hoje em dia, ele também não é dedicado à educação espiritual. Por isso se justifica se Eu acrescento alguns tópicos à cura no sábado e mostro que também estais longe de comemorar tal dia como Moisés pensava e Eu Mesmo o desejava.

No mundo sempre houve chefes e subalternos, e os primeiros, visando apenas os seus lucros, abusavam dos empregados. Concediam-lhes pouco descanso, para ao menos deixarem de lado suas tarefas uma vez por semana, a fim de ouvir uma Palavra de sentido espiritual ou fazerem uma introspecção a respeito da verdadeira finalidade de suas próprias existências e o que deveriam se tornar como criaturas dotadas de um espírito divino.

Esse foi o motivo por que Moisés instituiu como Ordem divina aquilo que poderosos não queriam fazer de livre e espontânea vontade. Em seu relato simbólico sobre a História da Criação ele determinou, por Deus Mesmo, o sétimo dia para descanso.

Esta ordem, necessária para a conservação da dignidade moral, foi também aceita por outros povos e existe quase em toda parte. Ainda que a semana de antanho fosse organizada de modo diferente de hoje, sempre ficou um dia fixo para descanso físico, autoanálise e reflexão sobre a missão espiritual da criatura.

O abuso dos judeus no que se refere à compreensão literal de seus estatutos, há muito tempo é empregado inversamente nos povos cristãos. Se lá havia ordem determinada para a santificação do dia, os cristãos se satisfazem com a ida temporária à missa. O resto do dia é aproveitado para diversões e intemperanças. Aos domingos e feriados se cometem maiores abusos que durante a semana toda, pois aí falta tempo, oportunidades e dinheiro etc.

As atitudes dos fariseus foram posteriormente imitadas pelos sacerdotes cristãos. Os fariseus pensavam somente em seu próprio prestígio e poder e consideravam o Templo em primeiro lugar. Os sacerdotes cristãos fizeram o mesmo com sua igreja. Os primeiros estendiam a comemoração do feriado por 24 horas, mesmo fora do Templo; os cristãos se limitaram a algumas horas na igreja. A maioria julga ter-se satisfeito Comigo, porque ficou algumas horas numa igreja, em pé ou sentada, murmurando sonolentamente algumas orações e enfrentando o sacerdote com o silêncio. O orgulho dos sacerdotes é satisfeito quando as igrejas estão repletas, mas as almas e espíritos se ocupam de nada, ou com algo diferente daquilo que a igreja fundada por Mim exige.

Deste modo, o abuso aumenta e agora já se começa a não mais considerar este dia para meditação, porque se acalma a consciência dos seguidores por meio do dinheiro, tirando-lhes a fé pela discussão, sem oferecerem algo melhor.

Assim, a decadência prossegue constantemente. Os orientadores julgam ter alcançado um lucro pelo fato de seu egoísmo ser amparado pela classe operária, que por sua vez também trabalha por egoísmo. Mas eles se enganam muito! Observarão o resultado quando se extrai aos de posse menor os poucos elementos espirituais e, através do lucro, se aumenta seus vícios. Eles desprezam tudo que se relaciona a Mim e à Minha Doutrina. E este exemplo é fielmente aceito pelo operariado. Assim, a matéria vence o espírito, até que Eu organize as circunstâncias de tal modo que os chefes colham os frutos de seu egoísmo, os quais, todavia, não corresponderão ao esperado.

O domingo e feriado deveria ser um certo obstáculo, pois teria que ser o dia em que os dirigentes proporcionassem um reconhecimento pelo trabalho feito. E para os trabalhadores tal dia deveria fazê-los recordar que nunca se torna demasiada a oportunidade para constatação de sua própria existência. Em tal dia, não se deveria cuidar de negócios.

Até a natureza tem a sua linguagem para os corações: “Não esqueçais o Criador no afã do trabalho, pois Ele criou tantas maravilhas e grandezas nessa Terra, para vos lembrardes que não fostes destinados para esse mundo somente e que vosso trabalho não deve ser apenas material, mas também espiritual! Reconhecei Aquele Que conduz os filhos fracos com tanto amor e paciência e vos colocou em meio de tais maravilhas que deveriam vos fazer esquecer o trabalho cansativo, ao menos em um dia da semana!”

Eu, como Criador, institui o sétimo dia para descanso; o símbolo de que deixei surgir no sétimo dia o espírito preso na matéria, depois de Me ter ocupado com ela. E tal dia em que elevei a matéria para algo espiritual, deve ser o dia da comemoração ou sagração. Por isso, ele também deve ser respeitado pelo homem, após — como Eu — ter trabalhado durante seis dias.

No sétimo deve ele olhar sua obra, para nela perceber a ideia espiritual que o induziu à realização. Deve tal dia se tornar comemorativo, reconhecendo a criatura que seu trabalho semanal e sua própria existência têm uma base espiritual da qual se deve lembrar mais que nos outros. Tem de se recordar que não havendo um dever, um horário prescrito que o obriga a trabalhar, chegou o momento de levar em consideração a Minha Criação, Minha Doutrina, Meu Amor, Meu sacrifício para toda a humanidade.

É, portanto, necessário transformar tal dia em sagração, pois agora se pode dedicar à meta espiritual que toda a Criação deve alcançar.

Deste modo deve cada um festejar o domingo, em memória do Meu Amor e na recordação de tudo que foi feito por Mim. Então esse dia proporcionará para os demais dias um sentimento suave e religioso com o que o trabalho material também é santificado; o homem dará então à sua tarefa o cunho de sua própria divinização.

Deste modo deveis interpretar e comemorar o domingo ou dia de descanso. Deveis vos lembrar sempre que tal dia existiu para Mim e que cada um receberá tal dia festivo. E será quando chegardes no Além levando na consciência a recordação de ter impregnado o cunho espiritual em todas as vossas ocupações materiais, o que vos enobrecerá condignamente.

Conservai também vós tais dias de descanso num sentido espiritual. Vede como o espírito transpassa a casca dura da letra. Espiritualizai tudo, vosso ambiente, a vós mesmos, ações e palavras!

Não somente o sétimo, mas cada dia em que caminhais espiritualmente será então um dia de festa, um domingo que, como o Sol, irradiará luz, calor e vida sobre vós e vosso ambiente. Cada dia será um dia comemorativo, de bem-aventurança e digno de vosso Criador, conhecendo a meta final, caminhando de degrau em degrau, até participardes do feriado eterno naquelas regiões onde o Pai aguarda os Seus filhos desde sempre. Amém.

43.° Prédica

O MAIOR MANDAMENTO

Mateus 22, 34-40.

Já fostes por várias vezes orientados a respeito do Mandamento mais importante, de sorte a não haver mais nada para acrescentar. Tratando-se de uma Prédica dominical na qual os fariseus procuravam um meio de Me acusar, vamos analisar os dois Mandamentos de Amor mais de perto. Farei uma síntese entre a situação de antanho com a de hoje, para poderdes chegar a uma definição de como Minhas Palavras e Ações se assemelham.

Lá a casta sacerdotal era tão orgulhosa e egoísta, como o foi também em todos os tempos, e quem pretendesse reduzir ou finalizar o seu poderio era inimigo da Igreja, oponente dos sacerdotes. Estes temiam serem descobertas suas traficâncias e que isto os desviasse do povo, cujo afastamento lhes traria prejuízo material e financeiro. Quando se apresentava um Doutrinador como Eu, com o Qual não podiam argumentar, eles apenas tratavam de entregá-lo à jurisprudência por meio de qualquer acusação, o que também conseguiram após terminada Minha Missão na Terra. De todas estas tentativas Eu Me esquivava Pessoalmente e por meio de respostas bem formuladas.

Neste versículo se encontram várias perguntas, ou tentativas para complicar Minha situação com o sinédrio. Queriam alcançar seu fito como se não fossem eles os causadores de Minha prisão, pois temiam o povo que Me seguia. Por isso formulavam perguntas como a do versículo acima: “Qual é o Mandamento mais importante?”

Esperavam uma resposta que traduzisse Meu desprezo pelas leis mundanas, e assim os servos e esbirros do Prefeito teriam motivo de sobra para Me entregar às autoridades. Sabendo de suas intenções, Eu tinha cuidado de não oferecer motivo para falsas acusações antes do tempo. Minha resposta estava de acordo com as leis, somente Minha Interpretação divergia deles, como também o respeito decorrente delas; quer dizer, como Eu queria que fossem seguidas.

Nas leis mosaicas também eram consideradas estas duas Leis importantíssimas, pois formavam a síntese de todas, Mas a explicação dada pelos fariseus se dirigia somente ao povo e transmitia pouca luz para o homem espiritual, tornando-se difícil descobrir sua posição frente a Mim e ao próximo, inclusive para com toda a Criação, e até hoje poucos as entendem espiritualmente. Lá o povo estava preso à letra, e hoje, passados mais de mil anos, a situação é a mesma, pois não têm forças para se libertar dos conceitos errôneos.

Muito embora tivesse apontado estas duas únicas Leis como sendo as maiores, o fariseu não as compreendeu, tampouco como a resposta à Minha Pergunta: “Que pensais de Cristo?”

Minha resposta foi tirada de um salmo de Davi e demonstrava que tudo estaria submisso a Mim como Criador, servindo de escabelo no qual Meus Pés haviam de repousar: isto é, em que Minha Doutrina seria edificada.

Muitas pessoas de todos os tempos não compreenderam o sentido de: "Amar a Deus acima de tudo", e o complemento: " e o próximo como a si mesmo".

Facilmente se diz "Amar a Deus acima de tudo", mas a compreensão e a prática são dificilmente realizadas. Por que devemos amar Deus acima de tudo? Vamos analisar isto antes de falarmos a respeito do amor e sua medida.

Pelo conceito racional, surge outra pergunta: “Por que devo amar Deus?”

O intelectual responderá: “Pensando bem, não vejo motivo para amar-se um Deus, pois não posso amar algo invisível e, além disso, não devo gratidão ao Deus que me criou, por não ter consultado antes a minha vontade. Ele visava apenas a satisfação de criar sem perguntar se eu, criatura, estou realmente feliz e satisfeita de minha situação. Daí se conclui não existir nenhum dever, por parte do homem, de amar o seu Criador, mesmo se me tivesse colocado numa situação privilegiada, muito menos ainda considerando as aflições, sofrimentos e aborrecimentos contra os quais a criatura tem de lutar desde o nascimento até a morte. Seria exigir demais o amor a Deus acima de tudo! Muitos teriam vontade de protestar: Se não me tivesses feito homem, ainda poderias exigir amor de mim; mas nestas tristes circunstâncias, é preciso uma excessiva dose de ingenuidade para amar-se Aquele que materialmente me colocou abaixo do irracional e somente me deu a faculdade para julgar minha situação e talvez chorar!”

Deste modo, o materialista opina — e não injustamente — a respeito da realidade fria daquilo que vê e percebe com os seus sentidos. Tal maneira de pensar foi sempre a base das ações humanas desde que existe o mundo. Na época atual, os intelectuais assim falam sem receio e encontram um grande público que os aplaude.

Se repito o Mandamento: “Deves amar Deus acima de tudo”, é porque quero apresentar à maior parte dos homens seus falsos conceitos sobre Mim e o mundo; também por causa dos que ainda alimentam outras ideias além de serem amantes da matéria, sentindo no íntimo existir algo diferente que os instiga à vida espiritual.

Todo Mandamento tem sua motivação, e isto ocorre justamente com a Lei do Amor, sendo ela a mais importante e maior em Minha Criação, responsável pela conservação, união e aperfeiçoamento.

Facilmente se pode julgar se um Mandamento foi dado por amor em benefício do próximo, ou se o legislador visava algo no amor-próprio.

Se prescrevo como Criador o primeiro Mandamento de Amor a Deus, é natural que o motivo deve ser encontrado em todos os Meus Desígnios; quer dizer, sempre e em tudo o Amor é o motivo.

Que vem a ser o amor? Ele nada mais é que uma certa inclinação para um objeto vivo ou inerte. Tal pendor condiciona primeiro a conservação do objeto na medida em que ele exige nosso amor. Entre os seres vivos, o amor é uma atração para com outros que harmonizam com os seus sentimentos. Entre as criaturas acresce que quem dá amor, o recebe de volta. Quem ama deseja ficar ligado ao outro pela troca de seus sentimentos e nesta união fazerem um só. O amor que só tem como objetivo a felicidade do amado nos capacita a darmos tudo, guardando apenas a consciência de fazê-lo feliz dentro de nossas forças.

Se o homem compreendeu e se apossou deste amor por parte de Deus, Criador e Senhor, facilmente entenderá a Lei do Amor que lhe ordena a amar Deus com toda a sua alma e força, pois Ele deu tudo aos seres para fazê-los felizes.

De que modo Deus prova este Amor ao homem Jesus que Ele sacrificou, para estimular o amor humano que ensina a amar o Criador acima de tudo que existe?

Existem dois caminhos, que demonstram o Amor de Deus: primeiro, o amor íntimo, espiritual, o mundo que habita nele; segundo, o mundo material que o circunda. Ambos, embora diferentes em sua expressão, levam à mesma meta: reconhecer o Criador como Senhor e Pai Amoroso.

Vejamos o primeiro caminho. Em tempos passados, quando os estudiosos descobriram certos indícios de Infinito no Macrocosmo e no Microcosmo, era o homem interior que interessava aos legisladores entusiastas, como Moisés, os profetas e videntes. Chamavam a atenção ao interior do homem e instituíam como Lei o que deveria ser feito espontaneamente.

Existia a Lei do Amor, e não o Mandamento para o homem. Por isso, o fariseu perguntou qual era o Mandamento mais importante, pois não o considerava de tamanho peso e talvez acreditasse receber uma resposta que indicaria uma lei terrena. Amor como Eu o determinava era desconhecido àquele fariseu e a muitas outras pessoas; assim como hoje, que este sentimento per si é algo desconhecido para milhares, não obstante todo esclarecimento.

A fim de fazer valer tal Lei de Minha grande Criação, Eu desci Pessoalmente à vossa Terra escura e mostrei por Palavras e Ações o que é o Amor a Deus e ao próximo. Desviei o homem de sua trilha material e o ergui a um ser espiritual, que tem as raízes na matéria, mas pode elevar sua cabeça a regiões que nada têm a ver com a mesma.

Assim como explicava aos conterrâneos o Amor de Deus, Eu também lhes mostrei por meio de parábolas, Palavras e Ações o que vem a ser o amor ao próximo, que só pode ser cumprido após assimilação da primeira Lei, e esta apenas é pura e verdadeira quando se expressa ao próximo em geral.

O segundo caminho, isso é, provar o Amor de Deus através da Natureza e nela perceber a Linguagem de Deus a cada passo, se destinaria a séculos mais tarde, embora também ao Meu tempo e ainda antes de Mim as castas sacerdotais eram tão bem entendidas nos segredos da Natureza, como há pouco hoje em dia. Por muito tempo a Voz — pela qual queria dar milhares de provas do Meu Amor Universal — ficou desapercebida. E hoje também há poucos a ouvirem esta Voz durante suas pesquisas. Infelizmente, a maioria dos estudiosos nas Ciências Naturais só conhecem a matéria e suas leis impostas por Mim, em vez de escutar a suave Chamada do Amor que o vento lhes sopra a cada átomo, pois nele se oculta o sopro do Amor de Meu Eu Divino que igualmente aguarda sua evolução segundo as Leis do Amor.

O telescópio vos abriu os espaços longínquos; o microscópio vos revelou os milagres mais ínfimos. Por ambos os instrumentos, podeis pressentir o Infinito, mas não compreendê-lo.

A astronomia e as ciências naturais foram dadas ao homem para abafar o seu orgulho e sua presunção, elevá-lo como espírito acima de todos os espaços, pois ele se capacita à assimilação e ao pressentimento do Infinito.

As duas ciências devem levar ao Amor de Deus, Este à dignidade humana, e esta ao amor ao próximo, o qual levará tudo de volta Àquele que organizou as coisas de tal modo, que cada centelha divina consegue completar seu ciclo pelo retorno a Mim.

Assim, deve o Amor divino criar-se de modo próprio no coração dos homens e se expressar no amor ao próximo, que expressa o ciclo como confirmação das únicas Leis verdadeiras. São elas as mais nobres, construídas no amor, na afinidade de ideias homogêneas, produzindo harmonia, paz, felicidade e bem-aventurança.

Ainda que a criatura suporte lutas e sofrimentos, uma vez espiritualizada, percebe que são treinos para uma vida superior. Antes de conceber a vida espiritual, as tentações têm que ser vencidas e servem como estímulo para o progresso, não para desilusão. Então o homem se sente como filho espiritual de um Deus Eterno, forte para vencer os obstáculos, como foi o Meu Exemplo.

Nesta consciência, o homem compreende porque deve amar Deus acima de tudo e respeitá-Lo, razão por que também deve amar o próximo, também um filho surgido da Mão do Pai e semelhante a Ele.

Assim deveis amar Deus e exemplificar este amor ao próximo, como descendentes Daquele Que vos inspirou tantos milagres.

Então compreendereis que um mundo só pode subsistir quando o Amor é sua base, estímulo de conservação e aperfeiçoamento.

É isto que pregam Meus dois Mandamentos, o que vos dizem desde o berço até a morte em milhares de formas e condições, repetindo sempre que sem Amor não existe Pai, nem filhos. Amém.

44.° Prédica

A CURA DE UM PARALÍTICO

Mateus 9, 1-8.

Esta passagem vos relata vários milagres e como Eu rechaçava as objeções e observações dos fariseus, sempre prontos a criticarem Minhas Atitudes. Já o primeiro milagre operado num paralítico os importunava em seu zelo sacerdotal, porque, antes de fazer a cura, disse ao enfermo: “Teus pecados te são perdoados!” Fiz isto em virtude de sua fé, manifesta também por parentes e amigos; além disso, Eu lhe perdoei primeiro os pecados, pois estava suportando as consequências dos mesmos. A maioria dos doentes provoca sua moléstia, porque pecou contra a natureza.

Os fariseus e sumo-sacerdotes julgavam que só eles tinham o direito de perdoar os pecados; por isso se alteraram. Mas Eu quis demonstrar que não apenas posso relevar os pecados, mas também tinha o Poder de curar as suas consequências, o que eles não eram capazes de fazer.

O motivo de sua inveja e ódio era Minha Conquista do povo pelos milagres, o qual, aos poucos, se afastava deles.

Naquele tempo, era preciso provar Minhas Palavras por tais fatores, porque a maioria do povo não se encontrava naquele degrau de evolução religiosa de modo a poder alcançar o justo Caminho da Salvação somente por motivações espirituais. Havia entre os sacerdotes muitos preconceitos que Eu precisava afastar primeiro, visando a aceitação geral de Minha Doutrina. Para Mim, todas as criaturas eram iguais, com os mesmos direitos à Filiação divina, através de sua centelha divina dada por Mim.

Fui obrigado a contestar as opiniões errôneas e anular as enfermidades através de milagres, como prova de Meu Poder. Eis por que Eu e Meus discípulos muitas vezes fazíamos o contrário das prescrições religiosas dos judeus; era para chamar a atenção do povo, pois o cumprimento das leis templárias não era religião e não correspondia àquilo que Moisés, os profetas e Eu queríamos.

Assim, trabalhei na apreciação justa dos hábitos mal interpretados, a fim de dar lugar à Minha Doutrina puramente espiritual. Por isso disse: “ Os sadios não necessitam de médico mas sim os enfermos! Não sinto agrado na misericórdia e nas oferendas! Aqui vim para chamar os pecadores, não os beatos, à penitência!”; e à objeção por causa do jejum, disse: “Como podem os convivas ao casamento andarem tristes, enquanto o Noivo Se encontra entre eles? Tempo virá em que o Noivo lhes será tirado, então jejuarão! Ninguém conserta um vestido velho com remendo novo! O mosto não é colocado em odres velhos!” — etc...

Por aí vedes como lutei contra os antigos preconceitos, por meio de Palavras e parábolas, para que Minha Doutrina fosse reconhecida espiritualmente, não podendo ser suplantada por cerimônias e idas ao Templo, a fim de que se tornasse um axioma verdadeiro o Meu Pronunciamento: “Quem quiser Me adorar, que o faça em espírito e verdade!”.

Também recomendei isso aos apóstolos. Mostrei-lhes o grande número de filhos transviados e disse que a colheita era grande, mas havia poucos ceifadores! Deviam pedir ao Senhor da Colheita que enviasse operários para Sua Colheita!

Antes de curar o paralítico, Eu lhe disse: "Teus pecados te são perdoados!", pois sua enfermidade era a consequência de pecados contra seu próprio organismo. Eu lhe perdoei, pois ele ignorava ter atraído sua enfermidade pelos prazeres sensuais. Todavia, Eu não acrescentei: "Vai e não peques mais!”, em virtude de ele se encontrar longe de compreender e se arrepender de suas fraquezas.

Sua súbita cura com uma simples Palavra Minha devia forçá-lo a meditar e lhe provar que aqueles prazeres que tanto sofrimento lhe trouxeram não perfazem a própria vida, porquanto existe coisa muito superior no íntimo da criatura que tenta atraí-la a regiões mais belas e onde reinam outros prazeres.

Quis justamente erguer o paralítico e rebaixar o orgulho dos fariseus, para sentirem sua impotência, não mais podendo dar tanta ênfase às suas próprias palavras. Elas se desvanecem, mas a ação perdura, falando por si mesma! Deste modo eram Minhas observações, feitas em várias ocasiões, destinadas a demonstrar ao orgulhoso intelecto humano sua limitação e positivar o alto poder do espírito, caso o homem se humilhe.

Tudo que falei e fiz naquela ocasião encontra sua aplicação em todos os tempos. Em toda parte existem entrevados, cegos, paralíticos e mortos, pois a treva é mais intensa que a luz; quando muito, nota-se apenas penumbra. Também hoje há muitos paralíticos espirituais em virtude da falsa conduta de sua alma, presos às coisas passageiras da natureza e desprezando o fator espiritual. A consequência desta paralisia psíquica provém da concepção errônea sobre espírito e matéria. Esses são os pecados que sou obrigado a perdoar diariamente, caso a maior parte das criaturas não deva sucumbir.

Hoje em dia também ocorrem muitos milagres; mas as criaturas não os aceitam como tais. Procuram explicar com o intelecto todas as ocorrências naturais e políticas com origem natural e não percebem como Eu os ajudo a saírem do problema depois de se terem envolvido num labirinto de hipóteses e acontecimentos trágicos, devido à sua teimosia. Eu Me dedico, como naquele tempo, aos doentes, fracos, artríticos, cegos e acometidos de vários males, aproveitando seus próprios pecados como escola de purificação da qual devem sair, possivelmente fortificados. Consigo curar muitos em virtude de sua fé firme. Proporciono então condições de vida que lhes deem tempo para meditar sobre sua vida e seus enganos, a fim de corrigi-los.

Também a vós, que sabeis da finalidade do homem, tenho que perdoar os pecados, porque não estais conscientes da origem dos contratempos que afligem vossa existência. Ainda não vos posso dizer: " Ide e não pequeis mais!" — pois nem todos têm a maturidade de compreender que sempre são apenas servos imprestáveis, embora de boa-vontade e dispostos aos maiores sacrifícios.

Neste instante há alguns que suspiram debaixo da pressão do conhecimento de suas fraquezas. Basta vos dirigir a Mim, como fez o enfermo no Evangelho, com a firme convicção de Minha Cura, e em breve haveis de ouvir a voz interna dizendo: " Vossos pecados ou enganos são perdoados! Tomai o vosso leito e ide para casa!" ; quer dizer: "Não confieis a outrem, não aguardeis acontecimentos futuros e melhores condições de vida, mas atirai para longe as fraquezas em cujo leito deitastes até agora. Colocai em vossos ombros os falsos conceitos e enganos e encaminhai-vos de passo firme ao aperfeiçoamento! Eles não hão de perturbar vosso progresso e em breve estareis livres! Apenas deve ocorrer o inverso: antigamente vos deitastes em cima deles, agora tereis que carregá-los nas costas sem que possam incomodar com seu peso!

Tendo o privilégio de conhecimentos de Minha Doutrina, tereis que começar a cura convosco mesmo. Eu proporciono as condições nas quais vossa força psíquica deve ser testada e praticada. Tenho que ajudar os enfermos para, uma vez curados, poderem servir de bom exemplo a outrem.

Não posso pregar um remendo novo numa velha veste de pecados, nem encher os antigos odres com mosto fresco. A veste rasgaria e o odre arrebentaria. É preciso afastar ambos e despir o velho Adão, caso o novo deva tornar o seu lugar. É preciso primeiro serem perdoados — quero dizer: extirpados — os pecados como causadores do mal, para o ex-enfermo prosseguir sua trajetória. A tudo isso tem que haver a cooperação de cada palavra, ação e acontecimento para aumentar os trabalhadores para a colheita.

Já disse certa vez: Muitos são chamados, mas poucos escolhidos! Todos os aleijados, cegos e paralíticos têm que sarar. Para tanto, é preciso fortes trabalhadores na Minha Vinha, prontos para qualquer serviço. Isso só será possível, quando também eles tiverem passado pela escola do conhecimento que pretendem passar a outrem.

Assim se cria uma cadeia de provações, sofrimentos e lutas, cujo resultado se representará pela extirpação dos hábitos e a renovação com a veste da Verdade divina, para também seguirem ao convite: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa!” Todos vós estivestes mais ou menos enfermos, e Eu vos forneci os meios de cura. Isto acontecendo, sereis os operários para a colheita que em breve será aumentada. Cuidai que cada um cumpra seu dever como Eu espero, porque não faltam os meios de cura! Amém.

45.° Prédica

A PARÁBOLA DAS BODAS

Mateus 22, 1-14.

Eis aí a parábola de um casamento com a qual queria que os fariseus entendessem suas próprias traficâncias e suas consequências, pois acreditavam que ninguém as percebia. Como pretendia a sua melhora, encobria Minhas Palavras e Advertências por parábolas que eles bem compreendiam, enquanto isso não se dava com o povo. Eu não quis destruir totalmente o seu prestígio e autoridade enquanto ainda estavam em condições de melhorar. Mas como muitas vezes Eu atingia seu ponto nevrálgico, sua raiva contra Mim aumentava, até que finalmente foi-lhes proporcionada a oportunidade e o poder de praticarem em Mim o que os profetas haviam predito desde sempre e que também Eu anunciei aos discípulos como destino futuro.

Neste caso, comparei o Reino Celeste, ou o Pai no Céu, com um rei que enviara convites aos amigos e conhecidos para as bodas de seu filho, porém só encontrou evasivas ou respostas negativas. O rei, irado, vingou-se queimando posses e bens dos convidados e mandou que fossem aniquilados.

No segundo convite, mandou os servos trazerem todos os que se encontravam em ruas e praças, e assim se apresentaram bons e maus à Mesa do Senhor. Entre eles, um se achava sem roupa para as bodas. Como nada dizia para se desculpar, foi expulso nas piores trevas, a fim de se penitenciar. O fim da parábola diz: ”Muitos são chamados, mas poucos escolhidos!”

Eis o conteúdo desta parábola. A fim de compreendê-la espiritualmente, temos que analisar primeiro as circunstâncias para encontrarmos sua aplicação para aquela ocasião, o tempo de hoje e o futuro. Deveis sempre considerar que Minhas Palavras contêm importância maior do que todos imaginam.

Comparei o Reino do Céu a um soberano que pretendia oferecer um banquete nupcial para o seu filho. Essa comparação significa, no sentido espiritual, as núpcias ou a total união da matéria com o mundo espiritual; ou seja, a sua dissolução e a libertação do espírito preso nela, para realizar a união com o Ser Supremo.

O primeiro quadro — as núpcias — significa a união de dois seres num só, embora separados em dois corpos. O casamento é a imagem da época mais importante, na qual os elementos homogêneos se fundem e realizam aquilo que não seria possível isoladamente.

Para esta união, que na Terra é comemorada com um banquete, todos os que mereciam foram convidados. Mas a parábola menciona que os convivas se negaram a comparecer.

Tal banquete significa o período de criação do homem até o dilúvio. A Terra, brilhando em suas joias nupciais, convidava todas as criaturas para a união espiritual. Como reprodução material do feliz processo evolutivo da Criação total, ela procurava atrair os homens, os seres espirituais. Eles, porém, homenageando mais ao mundo dos sentidos e seus prazeres do que ao espírito, desconsideraram o convite de se elevar, preferindo a atração negativa. A fim de que a unificação do Meu Reino espiritual com a matéria fosse de qualquer modo realizada, o dilúvio deu fim precisamente aos que Eu havia dotado com todas as vantagens, ensinando-os e educando-os por todos os meios possíveis.

Após essa catástrofe, efetuou-se outro convite para os remanescentes, em épocas posteriores, e a humanidade assustada pelo antigo julgamento pedia, levada por um sentimento íntimo, uma união espiritual com as regiões superiores do mundo invisível. Tal desejo não era bem definido, mas também diversamente interpretado. Por isso se apresentaram bons e maus à mesa do banquete.

Além disso, encontrava-se neste grupo uma pessoa sem veste nupcial que foi expulsa para a mais densa treva. Isso quer dizer que todos que ao menos sentiam um desejo do melhoria aguardavam cheios de esperanças que fossem realizados seus anelos, pois cada um vestia sua melhor roupa. Os bons, portanto, apresentavam abertamente sua inclinação verdadeira para a purificação; até mesmo os menos bons e os maus apresentavam mostras de beatos, porque queriam ser tomados por melhores do que eram na realidade.

Apenas um dos convidados pouco ligou para as aparências. Mostrou-se como era, querendo participar da reunião, na hipótese que correspondesse aos seus conceitos. Este único que Me enfrentou tão atrevidamente era precisamente o espírito expulso, Lúcifer ou Satanás, que — como polo contrário do Meu Eu — personificava o princípio do mal. O pior dos espíritos, de vontade maldosa, foi enxotado às trevas de sua própria alma, onde poderá ficar até que uma melhoria surgida dentro dele possibilite seu retorno.

Satanás, como indivíduo, representa na Terra as pessoas que conhecem o bem, mas amam e praticam apenas o mal. Com a denominação "bons e maus" sentados à mesa nupcial entende-se todos os pecadores, fracos e dominados pelas próprias fraquezas, que, no entanto, não perderam a vontade de melhorar. Os piores e incorrigíveis, mais atrasados na Criação, são aqueles espíritos e almas que conhecem o bem, mas não o praticam e possivelmente querem convencer outros a desistir dele. Esta tendência é satânica, porque o incentivo do amor colocado por Mim em todos os seres se inclinou para o mal.

Os fariseus estavam enraivecidos, porque se sentiam apontados pelo personagem sem veste nupcial. Perceberam estar excluídos de todos os prazeres no Reino espiritual, enquanto a abstenção voluntária do mal não os dignificava ao retorno junto de Mim. Por isso conta: “Muitos são chamados, mas poucos escolhidos!” As portas de Meu grande Reino estão abertas a todos os espíritos, mas poucos conseguirão penetrar nos âmbitos onde reinam paz, calma e bem-aventurança. Isso não será possível enquanto não expulsarem do coração todo o mundanismo e sensualidade. Só então serão, como escolhidos, admitidos a participarem no Meu Reino e sua visão espiritual poderá suportar o brilho do Meu Céu de Amor e Luz, pois verão o reflexo do grande Céu espiritual, encontrando sua satisfação total. Eis o sentido espiritual desta parábola, válido até hoje.

Desde aquele tempo envio Meus servos para convidarem todos ao banquete nupcial em Meu Lar; mas muitas vezes eles têm voltado sem êxito. Um século depois de outro, desapareciam no abismo do passado, e Eu não deixava de convidá-los. Às vezes apareciam alguns convidados que tolamente esperavam de Mim e de Meu Reino aquilo que Eu exigia deles. Viravam as costas ao Reino espiritual, preferindo a caminhada longa ao trajeto curto, porém mais difícil.

Não desisto de enviar mensageiros que transmitem a Minha Vontade. Devem explicar às criaturas qual a finalidade de sua existência e que cedo ou tarde terão de chegar lá onde Eu os quero, não obstante toda a sua relutância. Muitos desviam a atenção, para não ouvirem a Voz do Amor; assim agindo, se perdem por muito tempo.

Noto com tristeza que a maioria começa a Me virar as costas, seguindo o caminho do mal.

Assim como a Meu tempo tive que salvar a humanidade pelo dilúvio, também agora serei forçado a mandar uma catástrofe semelhante, para não perder a finalidade do gênero humano. A água natural será substituída pela Água Espiritual de Minha Verdade luminosa. Se as criaturas queriam se salvar da enchente, hoje serão inundadas com Luz, despertando espíritos mais indicados para divulgá-la. Quando então houver apenas Luz, os maldosos só poderão fugir do brilho e se ocultar nas trevas de suas próprias fraquezas. Assim se realizará agora espiritualmente o que disse simbolicamente aos fariseus. Hoje também haverá muitos revoltosos por causa desta potente Luz, porque iluminará sua construção oculta na obscuridade. A Luz terá que se fazer, ainda que Satanás reaja com teimosia. Meu Reino é um Reino de Luz! O destino dos espíritos obtusos será a treva eterna de sua alma, qual matéria, prevendo um longo processo purificador diante de si, ou caminhando o trajeto mais curto do conhecimento com sacrifícios, energia, sofrimentos e luta. Eis também o resultado para a humanidade total.

São todos convidados como espíritos; mais ai de quem quiser entrar no Reino da Luz sem veste nupcial! Sofreria o mesmo destino que consta na parábola: seria enxotado para as trevas, até que se manifeste alguma penumbra! Assim como no Meu tempo queria iluminar, por Minha Doutrina, todos os recintos escuros dos corações humanos, também na Minha próxima Vinda todos terão que ter Luz, ou pelo menos capacidade assimiladora para poderem comemorar a festa nupcial da reunião. Preparei a mesa como Rei e Pai ao filho, Meus espíritos, e celebraremos a maior comemoração espiritual, um Coração e uma Alegria, razão pela qual vos dei o máximo exemplo da Humildade e do Amor. Amém.

46.° Prédica

CURA DO FILHO DE UM RÉGULO

João 4, 47-53.

Este capítulo menciona um milagre, pois pela simples Palavra restituí a saúde a uma criança agonizante. Prova quão poderoso é o Verbo, podendo com a firme vontade efetuar coisas impossíveis ao homem.

Aquele régulo, ao chegar em casa, foi informado pelos empregados que seu filho voltou à vida no momento em que Eu Me pronunciava.

Com esta ação visava três motivos: Quis provar aos apóstolos e adeptos que o régulo era: primeiro, um homem de origem régia; segundo, era pagão; terceiro, que sua experiência como crente seguro devia abrir os olhos de todos sobre aquilo de que careciam.

Já havia dito aos judeus que lhes seria tirado tudo e entregue aos pagãos, pois precisamente eles judeus, os primeiros escolhidos, eram tão obtusos, de modo a não perceberem Minha Pessoa Intrínseca e a Minha Missão.

Além disso, quis mostrar-lhes que Eu não era procurado somente pelo povo, pois pessoas de alta linhagem, dotadas de educação científica, não se envergonhavam de Me procurar e suplicar a Minha ajuda.

No caso acima, não foi somente a convicção do Meu Poder, mas o amor ao filho que influenciou aquele romano. A certeza se manifestou somente após a cura. Por isto Eu lhe disse: " Não credes sem verdes milagres e sinais!"; pois sabia que ele só podia crer por causa da cura do filho, voltando da morte para a vida.

Mais importante é o terceiro motivo visado por Mim. Quis provar a todos que o fator principal para todas as ações era a confiança em Minha Palavra e que ninguém sairia logrado pela fé e confiança.

O régulo tinha que vencer boa caminhada até chegar em casa; mas ele Me deixou convicto de que o filho tinha que viver, por Eu lhe ter afirmado isto.

Assim, este milagre foi bem positivo para os que Me acompanhavam, pois não deixei de explicar os três motivos acima e qual Minha Intenção.

Naturalmente, havia os duvidosos, até mesmo o régulo duvidava, não obstante sua fé em Mim. Perguntou aos empregados quando se dera a mudança do estado enfermiço de seu filho. E só depois de saber que foi no mesmo momento em que Eu o afirmava, ele se convenceu de Minha Divindade, e toda a sua família e empregados acreditaram em Mim e em Minha Missão.

Este exemplo vos mostra que um resultado feliz só pode ocorrer quando participa a confiança plena do pedinte, portanto serve também para vós. Assim como num tratamento físico o médico somente não traz a saúde, mas a confiança nele e a plena certeza do efeito dos remédios são os principais fatores para vossa melhoria, a confiança e a fé num pedido espiritual ou material são uma alavanca poderosa para apressar a realização. Tal firme confiança Me compromete a permitir o que o filha aguarda de Mim.

Já vos dei uma explicação sobre a confiança, uma outra sobre a fé e agora vamos tratar de ambas, num outro sentido. A confiança e a fé não devem ser a poderosa alavanca que faz a própria pessoa realizar milagres, mas se explicam pela firme convicção da importância de Minha Palavra e Promessa.

Aquele capitão estava convicto de que Minhas Palavras não podiam enganar, por isso foi calmamente para casa sabendo que encontraria seu filho com saúde.

Não compreendeis que a fé poderosa pode agir tão poderosamente, a ponto de o pai desistir de Minha Ida à casa dele, acreditando apenas no Meu Pronunciamento firme, pois se tratava da vida de seu filho único?

Quando teríeis vós apresentado tal confiança, cumulados que sois de tantas Mensagens e aos quais provei muitas vezes a Minha Presença em vosso meio? Confessai abertamente que estais longe deste homem no Evangelho, no tocante à fé e confiança.

Vacilai com a menor perturbação, pedindo ao Meu instrumento algumas Palavras diretas, pois ainda estais surdos à Minha Voz que tantas vezes vos procura transmitir consolo. Eis vossa atitude, e pretendeis contar entre os escolhidos! Este exemplo vos reconduzirá à justa medida da autoconfiança, para saberdes o que vos falta para atingir a meta de um renascido.

Se vós, privilegiados, ainda vacilais, o que posso aguardar dos outros que carecem desta Graça e são atirados à confusão do mundo e, não obstante todas as advertências e sofrimentos que Eu lhes envio, não conseguem acordar?

Quero demonstrar onde se encontra o limite das perguntas dirigidas a Mim, para evitar vosso abuso constante.

Cada pergunta externada a Mim é uma prova de falta de confiança, de fé, de compreensão do Meu Verbo e falta de conhecimento. Se tivésseis a justa noção de Minha Grandeza e Santidade, a verdade de Minhas Palavras seria evidente, pois nos Evangelhos vos dei respostas às vossas perguntas pueris e considerações sobre vários problemas, onde Eu visava apenas a finalidade de esclarecer todos os segredos de Minha Natureza, Minha Descida e futura Volta.

Todavia, ainda não chegastes a compreender o que é o Criador e Senhor do Universo, e abusais com perguntas que respondo pacientemente, não como Senhor, mas como Amoroso Pai de Seus filhos. Compete-vos meditar com mais profundeza para que servem Minhas Mensagens dadas até hoje. Não devem ser apenas lidas, copiadas e encadernadas, mas realizadas em vosso "eu"! Deveis compreender melhor a Minha Criação, o verdadeiro valor dos bens materiais e vossa missão no Cosmo. Deveis reconhecer vosso Pai no menor átomo e poeirinha solar que flutuam no ar, até na mais poderosa e distante estrela que vos envia sua luz como Sol central; pois muito embora o Pai seja Grande, por serdes pequeninos, Ele Se apresenta no mais ínfimo e insignificante, bem como no mais Poderoso.

De todas estas ponderações, deveis colher a prova que Suas Palavras são tão verdadeiras e ativas como a linguagem de Sua Criação, e como Ele é tão infinitamente Bom e Amoroso.

É preciso alimentar a máxima fé em Suas Promessas e Predições, pois são as Expressões do Ser Supremo que Se rebaixou a dar-vos o Exemplo da maior humildade e renúncia de Si Mesmo.

Aprendei do capitão do Evangelho o que significa confiar em Minhas Palavras! Ele as colocou acima de sua dor pela perda do filho, atirou-se nos Meus Braços e não foi logrado em suas expectativas.

Usei essa Ação do Evangelho de João não para ensino da humanidade, mas para apontar aos Meus escolhidos uma medida para o entendimento e a fé em Meu Verbo. Só assim poderão realizar coisas semelhantes em outrem. Do contrário, se assemelharão aos sacerdotes de vosso tempo, que pregam o que não creem e cuja convicção é menor que a dos outros.

Nesta base Meu Reino na Terra não poderá ser firmado, nem mesmo fundado.

É preciso dar um bom exemplo, se quereis registrar alguns seguidores! Segui o exemplo do régulo! Fortificai vossa confiança e fé que tereis sossego e paz, podendo distribuí-los. Amém.

47.° Prédica

PARÁBOLA DO SERVO INCOMPASSÍVEL

Mateus 18, 23-35.

Muitas vezes falei que Me via obrigado a esclarecer separadamente aos Meus seguidores tudo que consta nos Meus dois Mandamentos de Amor e no Decálogo de Moisés, pois havia pessoas que queriam tudo especificado, para não deixar dúvidas a respeito do comportamento recíproco.

Meus apóstolos eram como crianças que no início não conseguiam assimilar as noções mais elevadas de Mim e Meu Reino, bem como após a descida do Espírito Santo. Assim, formulavam muitas vezes perguntas tão simples e ingênuas, a causar admiração. Como era possível indagarem: “Quem é o maior do Céu?”, muito embora estivessem sob Minha constante Influência! Se isso ocorria com eles, podeis imaginar as ideias dos menos orientados. Por isso, Minha Resposta é muito simples.

Comparei a ingenuidade infantil à compreensão angelical dos seres mais achegados a Mim. Assim como os anjos não devem ser ofendidos, as almas sensíveis também não devem ser irritadas, pois nelas não há falsidade e as crianças geralmente recebem confiantes a todos que se lhes aproximam. Por isso é o pior pecado enfrentar tal ingenuidade com mentiras, ironia, desprezo e ódio. Isso se refere aos demais versículos onde consta que, se uma paixão domina uma alma humana, é melhor procurar vencê-la antes que toda a alma se perca.

Após ter explicado aos apóstolos ser melhor perder uma parte do "eu" do que a alma toda, ventilei a alegria que sinto, como Criador, quando nada se perde daquilo que foi projetado por Mim, pois retorna purificado e espiritualizado, o que consta nos símbolos do pastor e de sua ovelha perdida.

A fim de conquistar os desviados, dei aos discípulos os recursos para tanto, sem ofender o seu amor-próprio. Dei conselhos sobre o que fazer com os pecadores empedernidos e que, se duas pessoas se tivessem harmonizado e pediam Minha Bênção, Eu nunca a negaria. Se duas estão juntas em Meu Nome, Eu também estou participando como Espírito de união e paz. Exemplifiquei que deviam perdoar ao irmão arrependido, não somente uma vez, mas inúmeras vezes; e se, amparados pela virtude da conformação, perdoasse os erros do irmão, Eu também o faria e esqueceria.

Com a parábola do servo incompassível deviam considerar o que consta na Minha Prece: “Perdoai as nossas dívidas, assim como também as perdoamos aos que nos prejudicaram!”; pois em casos extremos não deviam perder a paciência, nem condenar onde deviam perdoar, nem amaldiçoar, mas abençoar.

Por isto apresentei o exemplo do servente incompassível em cores tão vivas, para não encontrarem motivos para a inclemência — nem mesmo por palavras — seja por excessivo zelo, critério errôneo e intolerância com as falhas humanas. Assim compreenderiam Minha Benevolência e Paciência ilimitada, provando porque deixava que o Sol surgisse para bons e maus, pois sou apenas Amor que deseja somente melhorar e não punir.

Neste capítulo encontrais o relato da vida como deve ser: a criatura conduzida somente com amor deve primeiro dirigir seu olhar, qual criança, confiantemente para Mim e fazer tudo sem simulação nem segundas intenções, visando apenas a finalidade: Me agradar e se tornar digno do nome "filho". Além disso, é preciso o homem despertar — com ingenuidade infantil — apenas amor. Assim deve ser interpretado o amor ao próximo, com delicadeza e com meiguice, chamando a atenção do outro sobre seus erros; somente em casos extremos usando de recursos drásticos, mas sempre perdoando, esquecendo e pagando o mal com o bem.

Nestes versículos se destaca toda a missão espiritual da criatura. Deve educar-se para a criança que Eu desejo, podendo influenciar as que a cercam, a fim de levá-las aos Meus Braços, e no Além será uma cópia fiel de Minha Pessoa.

Deste modo deveis ler e entender os Meus Evangelhos, que sereis iluminados pela Luz da Graça, encontrando nas parábolas a semente oculta da Verdade divina. Para tanto, é preciso haver visão espiritual e profundo conhecimento. A Bíblia será uma mina de ouro e uma fonte de luz para todas as situações humanas, e o leitor compreensivo descobrirá a existência milenar dos maiores tesouros, para se tornar um guia único da humanidade, provando que nada se perde daquilo que foi dito para todos os tempos.

Atualmente, aproxima-se a época em que as criaturas serão perguntadas se conhecem a razão de sua existência e por que Eu vim à Terra. É preciso afastar a casca material dos Evangelhos e mostrar aos homens o luminoso rio de Luz divina, para conquistarem nesta última oportunidade aquilo que perderam, a fim de transmiti-lo a outros que também devem cumprir sua missão. Por esse motivo vos dirijo Minhas Explicações e todas essas prédicas, para que ninguém alegue a falta de conhecimento.

Eu sou um Deus da Luz, do Amor e da Sabedoria. Quando Eu voltar, não pode haver mais treva; por isso os corações de todos devem ser iluminados. Têm que aprender a amar a todos, para transferir ao próximo este amor, ligado à sabedoria.

O motivo de Minhas Palavras e Advertências e a finalidade de Meu Zelo se prendem ao desejo de vos transformar para Meus filhos e o mundo em um paraíso igual ao das primeiras criaturas. Lá não haverá ódio, raiva e ironia, mas apenas amor, paz e calma, como naquele tempo em que o homem reunia em seu íntimo todos esses predicados divinos.

Todos devem se esforçar para atingir essa meta! Cuidai de cumprirdes vossa missão pelo aperfeiçoamento. Cooperai na demonstração do Caminho para uma só finalidade; então Minhas Palavras não terão sido inúteis e, como merecedores do título "filho", no Além encontrareis o Pai Que procurou salvar Suas ovelhas perdidas com tanto Amor e Paciência! Amém.

48.° Prédica

POSIÇÃO DO SENHOR FRENTE ÀS AUTORIDADES

Mateus 22, 15-22.

Esse capítulo também contém muito simbolismo que apresentei aos fariseus e escribas para enfrentar todas as suas abjeções. Trata de uma das armadilhas empregadas para poderem Me entregar às autoridades por uma resposta imprudente.

Os romanos se interessavam somente pela sua soberania no país judaico; quanto à religião — sejam profetas ou pregadores, como foi João, Meu predecessor — eram totalmente indiferentes, enquanto tais inovações não abrangessem a política. Por isso os fariseus se empenhavam principalmente em descobrir uma pergunta cuja resposta certa só seria possível, se Eu considerasse a política.

Deste modo, eles enviaram seus adeptos com mais alguns servos de Herodes junto a Mim com a pergunta capciosa: "É lícito pagar-se o tributo a Cesar?"

Esperavam que Eu afirmasse que a oferenda ao Templo tinha primazia, e o tributo ao Imperador era injusto e um peso vindo do poder da espada.

Como teriam, por tal resposta, as provas insofismáveis de que Eu seduzia o povo, instigando-o contra o regime, julgavam poder complicar-Me com a justiça. A fim de que as aparências não caíssem sobre eles e no caso de Minha negação também tivessem testemunhas, eles enviaram também alguns servos de Herodes que deveriam confirmar Meu Pronunciamento.

Confesso que a pergunta era sutil. Como os romanos não eram senhores legais, mas apenas donos desse país devido às circunstâncias, os fariseus supunham que Eu, judeu nato, naturalmente desprezasse a soberania estrangeira e a enfrentasse. Como analisava o íntimo das criaturas, sabendo de sua intenção, respondi com poucas palavras que impossibilitavam outra pergunta. A resposta: " Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus!" explicava tudo, mas não era do agrado deles. Tendo mostrado a imagem do Imperador de um lado da moeda, só pude dizer: " Por aí vedes de quem sois súditos; não querendo entender o sentido da imagem, a inscrição no verso o prova ainda melhor. Essa moeda usada no comércio é divisionária, satisfazendo vossas necessidades mundanas. O espírito está acima de todas as moedas — sejam de ouro ou outro metal — pois ele tem outra origem, motivo e meta final!" Com isso separei o tributo legal do poderio interno do espírito.

Minha Resposta lhes dizia: Com o tributo ao Imperador comprais a ordem do mundo, paz e segurança. Com os sacrifícios espirituais conseguis ordem no íntimo, a calma de uma consciência limpa e a segurança no agir, sabendo o que e por que fazeis alguma coisa. Em ambos os caminhos atingis a mesma finalidade, espiritual e material. Ambos têm que existir, pois sem eles não há possibilidade de convívio, tampouco expressam o que seja mais importante: os tesouros do mundo ou os do espírito.

Aquelas Palavras são válidas enquanto houver comunidades, religião e fé em um Ser Supremo. Assim como é preciso haver um soberano como chefe mundano, também há necessidade de um Deus que mantém todo o Universo. Ambos são fundadores e conservadores da Ordem, portanto os únicos legisladores. Os soberanos do mundo, sejam quais forem, não poderão cometer abusos, pois o poder executivo será apenas de uma pessoa; também espiritualmente falando, só pode existir Um Deus e não vários.

Sempre haverá criaturas que abusam de suas prerrogativas e outras que não querem aceitar um poder a impedir suas manobras — justas ou injustas. Assim também existiram povos aos quais Um Deus não era bastante, criando um exército de deuses e deusas, a fim de viverem comodamente segundo seus apetites mundanos, quando também toda ação era sancionada por uma Determinação divina. E ainda hoje há pessoas que não querem um soberano ou um deus, mas respeitam somente o seu próprio "eu".

Sejam como forem, em toda parte terão que pagar o seu tributo e sacrificar ao chefe mundano uma parte de seus lucros, e a Deus todas as paixões pessoais, caso pretendam viver em bom conceito junto ao primeiro e no segundo alcançar a meta por Ele imposta.

Em toda parte ameaça a punição pela falta de pagamento — aqui material, lá espiritual — de sorte que tive razão quando disse aos fariseus: “Dai a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus!”; isto é: Cumpri vossos deveres sociais, tanto quanto os espirituais! Acertai vossa situação de criatura para com o próximo e junto de vosso chefe mundano! Mas não esqueçais das obrigações que tendes para com Aquele Que vos colocou no mundo, dando-vos talentos dos quais Ele exigirá um dia o vosso tributo! Não deveis confundir os deveres querendo satisfazer ambas as obrigações em um só caminho, pois isto é impossível. Não podeis fugir totalmente do mundo, nem do espírito.

Meu Pronunciamento dado aos fariseus vos esclarece que não deveis sonegar o tributo ao mundo sem perder o lado espiritual de vossa alma, nem tampouco pretender ser exclusivamente espirituais, enquanto encarnados neste planeta. É preciso conhecer o justo caminho, tanto na Terra como no Além, para que ninguém venha a cair nos extremos onde nunca poderá ser útil, mas prejudicando a si e ao próximo.

Considerai este versículo, cujo sentido profundo ilumina tanto vossa vida física como também a espiritual, a fim de que uma interpretação errônea não produza resultados negativos. Disse-vos que o amor apenas só prejudicará se não for conduzido e amainado pela sabedoria, de sorte que cada virtude — mesmo a melhor — pode prejudicar quando ultrapassa os limites do possível.

Não esqueçais de dar ao mundo o que de direito, mas não deixeis que tendências mundanas se infiltrem no campo espiritual. Espiritualizai todas as ocupações, mas materializeis vossos dons espirituais que devem durar além dessa pequena existência peregrina. Dai a Deus o que é de Deus e considerai os bens materiais como dádivas do Céu; mas, não esqueçais os bens do espírito em virtude dos bens perecíveis. Muito embora Deus e o mundo sejam dois fatores diversos que seguem metas diferentes, é possível não somente satisfazê-los, mas também uni-los. Deus criou o mundo como recurso para estimular e fortalecer os predicados espirituais de Seus seres e, deste modo, reconduzir a matéria grosseira à sua Origem.

O tributo tem que ser dado ao mundo, pois ele é o condutor para o espírito. Como se aprecia a luz por conhecer a treva, haverá maior apreciação do eterno quando se conhecer a matéria. O tributo dado ao mundo consiste no combate às tentações e no justo valor dos bens, que serão bem aplicados na medida em que conseguirem fornecer um produto do amor. O tributo ao imperador dá ao súdito a calma para cuidar de seus afazeres pacíficos, podendo zelar pelo bem-estar de sua família. Assim, o juiz trata do bem comum e o cidadão de seu próprio bem-estar.

A vida eterna é apenas o fundamento de uma instrução superior iniciada em pedras rústicas da realidade material e que deve terminar nos últimos elementos de Luz de um mundo espiritual. Para atingi-lo, é preciso deixar fluir abundantemente o tributo, para poder realizar muita coisa boa e elevada. Deste modo, pode se unir o que é de Deus e o que é do mundo. Torna-se um estímulo para a vida espiritual e traduz a finalidade de vossa encarnação, munidos de tendências boas e más. Na vitória sobre estas últimas, fortalecer-se-ão as primeiras, transformando-vos em Minha Semelhança.

A criatura sensata e prudente poderá tirar regras importantes na apreciação deste versículo. Não exigirá extremos de si, do próximo e do mundo, usando o meio-termo, porque facilita-lhe o pagamento do tributo. Cumprirá sua missão e a finalidade de Minha Criação, porque a matéria como união do espírito terá que se dissolver e reunir o que Eu projetei separadamente.

Tratai de caminhar e cooperar na espiritualização da matéria que justifique Minha Volta à Terra, quando se definirá o que destes a Cesar e a Deus, e qual a medida certa de vosso tributo. Somente pela compreensão de todas as Minhas Palavras é possível uma união Comigo e o mundo espiritual. Para tanto, aplico todos os meios possíveis; mas também vos faço lembrar o que é Meu e o que é do mundo, e como ambos, separados, podem ser ligados na prática. Amém.

49.° Prédica

RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO

Mateus 9, 18-19, 23-25.

Este capítulo trata igualmente de curas efetuadas pelas Mãos ou através da fé firme dos sofredores e menciona a ressurreição da filha de um capitão cuja fé e confiança em Meu Poder era grande, de sorte que Me pediu para ir à casa dele, a fim de ressuscitar sua filha.

Quando há tanta confiança em Mim, só posso atender ao suplicante, para mostrar a todos o que é possível alcançar pela confiança incondicional. É dispensável repetir o que é a fé segura, pois todos estes exemplos mostram qual o caminho a tomar para a criatura estar segura da realização de seus desejos, na hipótese que sejam justos.

Se naquele tempo efetuei pessoalmente tal cura, hoje também ela pode acontecer; pois não é o Meu Físico que decide, e sim o Meu Espírito. Atualmente, falta apenas a visão de Minha Pessoa, o que, no entanto, só perturbaria, pois sabeis Quem Sou. Entre os apóstolos e o povo, a situação era diferente, pois viam em Mim o profeta excepcional ou talvez o Messias esperado, mas não o Criador. Quanto à ressurreição da filha de Jairo, era o prêmio pela fé incondicional do pai e uma prova para a filha ressuscitada.

Aquela ressurreição física corresponde à espiritual de nosso tempo. Eu caminhava de cidade em cidade, de vila em vila, pregando, curando, fazendo caridade, estimulando os meio-adormecidos e despertando os física e espiritualmente mortos. De há muito ocorre o mesmo neste tempo. Em toda parte estimulo as qualidades íntimas das almas por um impulso inconsciente, desperto as criaturas por meio do entrelaçamento das relações pessoais, acidentes e vários sofrimentos, para não se esquecerem de que foram formadas por várias substâncias, não podendo, portanto, negar o elemento psico-espiritual. Expulso de casa os assobiadores e comilões que pretendem dar a uma cerimônia fúnebre o cunho de uma cena alegre e feliz. A vida e sua finalidade são sérias demais, não permitindo que se brinque com seus períodos e correlações.

Antes de chegar o verdadeiro entendimento é preciso que a casa fique serena, para a alma ganhar tempo de se equilibrar. Aos poucos, será orientada do fraco conteúdo e duração do mundanismo, preferindo assim a parte espiritual, sem temer esforço e sacrifício para angariá-la.

Coloco Minha Mão sobre a adormecida, ou toco-lhe apenas com um dedo, para não se perder totalmente e encontrar na matéria sua ruina espiritual. De tal treva, só há possibilidade de um despertar muito lento.

Assim como disse aos presentes: “A menina não morreu, dorme apenas !”, hoje também mostro aos homens que muitos aparentemente pervertidos encontram-se apenas submersos no sono espiritual e basta certa chamada para erguê-los da letargia, transformando tal dorminhoco em operário ativo no Meu Reino.

Quantos já despertei e que agora Me agradecem, se bem que a maneira de receberem o conhecimento não era de seu gosto. Mas, segundo a individualidade espiritual, havia necessidade de recursos estimuladores capazes de atingir a finalidade prevista. Também vós, que estivestes envolvidos num sono espiritual querendo tornar bem cômodo vosso conceito de fé, fostes despertados para estimular as qualidades adormecidas da alma. Muitos receberam o Meu Passe, outros foram tocados com o Dedo, de acordo com a necessidade suave ou mais forte, para compreenderem sua situação e o que ainda lhes falta para alcançarem a meta determinada. Não estando esta tão perto e não tão facilmente atingida, tenho que extirpar os antigos preconceitos — que correspondem aos músicos comuns em enterros — antes de poder iniciar o conhecimento de Minha Doutrina. O mesmo acontece com povos inteiros, dos quais também expulso os músicos barulhentos que por cima dos túmulos ainda tentam celebrar dias felizes. Por meio da miséria, os povos se tornam sóbrios, pois os arranco da ilusão que o homem deve procurar antes de mais nada a tendência para o gozo. Através de acontecimentos desagradáveis, mostro-lhes a efemeridade dos bens materiais, os males decorrentes do orgulho, e do amor-próprio, provando a duração eterna dos tesouros do espírito.

Todos são orientados de que acima deles ainda Se encontra Alguém que os deixa agir, mas mantém o entrelaçamento das circunstâncias em Suas Mãos e que tudo — mesmo o mal praticado — é aproveitado em benefício do indivíduo e da comunidade.

Assim, o processo evolutivo caminha devagar, mas se aproxima de sua meta final. Desperto todas as criaturas, povos, regentes e sacerdotes; têm que compreender que até então estavam dormindo e que o sono, como na natureza, só é bom e útil quando repõe as energias gastas. Deste modo, o sono espiritual no qual foram envolvidos é apenas uma grande perda na trilha da evolução. Eis porque o despertar é tão necessário nesta época em que a solução da determinação espiritual da humanidade está à porta. A maioria se envolveu de tal maneira nesta convulsão egoísta, que o simples toque com o Dedo não consegue despertar ninguém e é preciso usar meios drásticos para arrancá-la do lodo mundano.

As criaturas tanto se afastaram de seu próprio destino, que não há poder humano capaz de despertá-las e arrancá-las da caça aos prazeres. Tenho que agir com maior energia, pois os próprios regentes também estão envolvidos. Por isso se ouve em toda parte e de diversas formas o toque de despertar para todos.

Por ora ninguém está seguro daquilo que quer. Paciência! Tão logo os músicos tenham sido enxotados, o bom-senso e o rigor se apresentarão! As condições de vida se aclararão e a imoralidade, o ilegítimo e a extravagância terão que ceder à realidade e ao imperecível. Haverá muita reação, mas o remédio tem que ser tomado e o cálice da amargura vertido até o fim.

Se as pessoas se afastaram tanto do justo caminho, a volta terá que ser mais longa! Elas têm que compreender que existe apenas Um Deus e Seu Reino espiritual, ao qual tudo tem que servir de escabelo, e que a matéria, por mais homenageada que seja, não tem consciência duradoura, tampouco pode oferecer gozo permanente.

Milhares de desajustados morrem prematuramente. Partem imaturos deste mundo e chegam no Além ainda mais carentes de maturidade. Que será deles? Aqui não podiam ficar e lá também não estão à vontade. Oh, desconheceis os martírios de tais almas que vagueiam sem rumo! A matéria perdida é-lhes vedada, e o ambiente espiritual não se condiciona à sua natureza nem às suas opiniões.

Eis o resultado quando pessoas e povos inteiros pisam sua felicidade espiritual, inclinados apenas ao mundanismo, incapazes de se apossar do espírito. A culpa é deles mesmos e é o motivo de Minha Chamada. Não foi em vão que disse: “Se um olho te aborrece, arranca-o; é preferível chegares num mundo melhor com um olho apenas, do que te expores ao pior sofrimento com dois olhos!”

Aceitai todos os acontecimentos como dádivas do Amor, pois Eu sei melhor como e quando posso conduzir ao justo caminho criaturas abandonadas, para salvá-las da ruína total!

Falaram-vos de um purgatório no qual as almas devem se purificar das más tendências antes de poderem ser admitidas no Paraíso. Digo-vos: “Tal é um verdadeiro absurdo, pois existe dentro da própria criatura. Lá tudo deve ser varrido, até que seja possível se acomodar em condições melhores. E para esta limpeza Eu contribuo em várias lutas e sofrimentos. Assim, desperto na alma as boas tendências adormecidas, para que se possa erguer, lutar com energia contra o mal e varrer tudo que a prejudique.

Quando disse naquela ocasião: “ A menina não morreu, apenas dorme! “, fui ridicularizado pelos outros. Hoje também sou compreendido apenas por poucos quando os quero despertar, embora seja para o seu bem. Compreendei Minhas Chamadas e Advertências, para perceberdes o Meu leve Toque com um Dedo! Um Pai Amoroso que visa somente o bem-estar de Seus filhos só pode melhorá-los, mas nunca puni-los! Amém.

50.° Prédica

O APAZIGUAMENTO DA TEMPESTADE

Mateus 8, 23-27.

Este capítulo vos relata como Eu certa feita subi a um navio. Quando se levantou uma grande tempestade e, Me encontrando dormindo, os discípulos Me despertaram para que Eu a mandasse serenar.

Este fato ocorreu somente na frente deles, conquanto também pessoas na praia verificaram que as vagas serenaram à Minha Ordem. Deste modo, provei que não era apenas Senhor da Vida e da morte, mas também da natureza.

Muito embora este milagre devesse abrir os olhos de muitos sobre Aquele com Quem estavam lidando, poucos compreenderam que Eu era mais que um simples homem, pois sou Filho de Deus ou Ele Próprio.

Quando a tempestade aumentou, até mesmo os discípulos perderam a coragem e Me despertaram, julgando estarem para morrer. Não deviam pensar assim, pois Me viram dormindo calmamente. Também para eles a noção de "Filho de Deus" não era clara, por isso muitas vezes se atemorizavam, duvidando de Minha Onipotência, embora poucos instantes antes tivessem Me visto realizar fatos somente possíveis Àquele que, além da matéria, mantinha em Suas Mãos os laços de toda a Criação. Eles não conseguiam aceitar o pensamento de estarem lidando com Deus-Homem. Então Eu dirigia as circunstâncias de tal modo, que, além da Doutrina, Minhas Ações testemunhassem mais nitidamente Aquele que Me havia enviado. Até mesmo após Minha Subida, quando Me apresentei entre eles, havia quem duvidasse, como por exemplo, Tomás.

O que naquele tempo sob Minha Influência direta era tão difícil, tornou-se hoje ainda mais difícil, quando falo através de psicógrafos ou pelo coração individual. Agora Minhas Palavras devem ser suficientes, pois passou a era da fé obrigatória, não havendo mais milagres com ajuda de outras pessoas. A maioria que atualmente crê em Minha Palavra nem por isso está convicta de sua infalibilidade. Ao menor perigo, duvidam de Minhas Promessas.

Aquela situação em que Me encontrava com os discípulos num navio corresponde ao barco da vida de cada um, no qual durmo como Centelha Divina até que toda sorte de acidentes impele as criaturas a pedir socorro a Mim.

Enquanto elas não passam mal, não Me procuram. Os discípulos se julgavam perdidos e Me chamaram; e hoje a pessoa procura conseguir consolo e paz no coração assim que a fragilidade da matéria mostra a máscara da realidade nua e crua. Até então, Eu também dormitava junto dela. Ela Me considerava não como algo necessário e verdadeiro, mas como algo imaginário, transmitido por sacerdotes. Não possuindo base, bem espiritual era por eles ensinado para aumentar o seu prestígio, enquanto era totalmente desconsiderado.

Quando o barquinho da Vida é açoitado por tempestades mundanas, apresentam-se medo, dúvidas e pavor. Então procura-se todos os ensinamentos que foram inculcados pela educação e se percebe, com pavor, que todos estes dogmas e lindos versículos não se prestam para dar paz e sossego à alma. Então a criatura se dirige ao seu espírito adormecido, procurando um apoio no lado interno da vida, para não sucumbir sob o poder das circunstâncias. E quando tiver encontrado tal tesouro interior, compreendendo quão fraca é a ação de toda a matéria comparada a um raio de pensamento deste santuário, então, as vagas serenam. Os ventos das paixões e preocupações silenciam, paz e calma voltam com ele do mundo exterior; pois não estava embaçado, somente a visão estava turvada. Então o espírito desperto dentro da alma aflita lhe diz: “Por que estás tão desanimada, se tens dentro de ti um Senhor que rege sobre todo o físico?” Assim, este milagre no mar tem sua interpretação espiritual também em vidas isoladas. Também na vida dos povos existe uma centelha de Força Divina que vez por outra os leva a meditar, para que também se conscientizem de sua missão na Terra. Tudo que se passa neste mundo é apenas simples ação do Amor, para influenciar a tendência psico-espiritual da criatura.

Tal processo também se dá na fauna, flora e no mineral, mas é somente visível para o espírito. O surgimento, a formação e a dissolução de toda matéria são movidos pelo impulso do espírito desperto que se encontrava adormecido. A subida de degrau em degrau, o seu aperfeiçoamento, não ocorreria se não existisse no centro da matéria o espírito desperto por circunstâncias externas.

Como naquele tempo, com a pequena embarcação transportando a Mim e aos discípulos, perfazendo o mundo todo e sendo atirada na água movediça, o mesmo sucede ao espírito preso na matéria através da influência externa que impulsiona ao progresso e ao aperfeiçoamento. Meus seguidores tinham que ser também movidos à evolução pela fé e confiança. Tinham que se tornar fortes, para que em futuras tempestades da vida não duvidassem, mas confiassem.

O espírito preso na matéria sólida é um impulso inconsciente e se manifesta no animal como instinto, e no homem como perfeita centelha divina. Ele deve se fortalecer na consciência de não ser apenas cidadão do planeta, mas também do Universo. Encontra-se entre dois mundos, tendo na Terra a veste material, mas também possui a Imagem Espiritual do Criador Supremo que habita no Infinito. Ele quer educar Seus descendentes para o enobrecimento da matéria e sua espiritualização em moradores eternos de um mundo espiritual onde ela teve o seu início e lá há de encontrar seu fim. Sede também empenhados no despertar do espírito dentro de vós, para cultivá-lo e entender que não deveis perder a coragem nas vagas agitadas da vida, sob as tempestades das paixões e acontecimentos, lembrando-vos que o Pai está sempre convosco. Ainda que Sua Voz nem sempre seja audível, Ele não dorme, tampouco Meu Espírito estava adormecido no navio, esperando pacientemente que o desânimo mostrasse a fraqueza dos apóstolos.

Lá Eu ordenei calma aos ventos e ao mar; assim também encontrará calma e paz quem Me procura em seu coração através do espírito atento, podendo transferir tal serenidade a outrem.

Lembrai-vos disto e não desanimeis quando vossos desejos nem sempre se realizarem como esperáveis. Sede mais fortes na fé e na confiança em vosso espírito divino! Amém.

51.° Prédica

A PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO NO CAMPO

Mateus 13, 24-30.

Jesus lhes apresentou outra parábola dizendo: “O Reino dos Céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas enquanto os homens dormiam, veio um inimigo dele, semeou joio no meio do trigo e retirou-se. Assim, quando a erva cresceu e deu fruto, então apareceu também o joio.

Chegando os servos do dono do campo, disseram-lhe: − Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Pois donde vem o joio?

Respondeu-lhes: − O meu inimigo é quem fez isso.

Os servos continuaram: − Queres, então, que vamos arrancá-lo?

− Não, respondeu ele, para que não suceda que, tirando o joio, arranqueis juntamente com ele também o trigo. Deixai crescer ambos até a ceifa; e no tempo da ceifa direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar, mas recolhei o trigo no meu celeiro.”

Este trecho contém a História total de Minha Doutrina e da Criação, do começo até o fim. Demonstra a História da Doutrina que caiu em vários terrenos e da Criação, porque a Palavra Divina, subindo de degrau em degrau, encontra Sua Expressão em bilhões de mundos. Como a aceitação é diferente em cada um, também o processo evolutivo de um mundo é diferente do outro. Os ouvintes não entendiam quem entre eles podia ser comparado ao bom solo, ao pedregoso e ao caminho onde caia a semente lançada.

Prova esta parábola que Eu queria convocar as pessoas para algo melhor, mas a semente infiltrada por prazeres mundanos não dava os resultados desejados. No final, a colheita haveria de separar o joio do trigo; os bons haveriam de receber o prêmio justo, enquanto os maus e teimosos teriam que seguir o longo caminho da matéria, até se desfazerem de toda impureza e se juntarem como som espiritual às harmonias no Meu Reino Celeste.

Desde a queda de Lúcifer, o bem ou espiritual tem seu oposto no mal ou na matéria. O incrível número de espíritos caídos que o acompanharam e foram fixados na matéria classifica a Criação pelo conteúdo espiritual, e os mundos são, moral e espiritualmente falando, leves ou pesados; pois em todos se expressa o grande princípio de Meus Atributos como o máximo Amor com todas as suas qualidades.

Se vim Pessoalmente e ensinei os discípulos, visava apenas a finalidade de expressar a todos os seres o Meu Reino, Suas Leis e Princípios básicos. Na Terra, Eu disse o mesmo que no início do mundo: a finalidade e a meta para todos os espíritos. Incuti à própria matéria com seus espíritos algemados o desejo de aperfeiçoamento, para espiritualizá-la até que, em concordância com sua índole, pudesse elevar-se para potências mais evoluídas da vida, da pedra até a criatura consciente. Esta, ciente de sua missão, tem que espiritualizar sua própria matéria, para se tornar madura ao ingresso no Meu Reino.

As parábolas correspondem a estas fases, pois a semente lançada caindo em solo diferente produzirá produtos diversos, segundo os elementos encontrados para o seu progresso. O livre arbítrio condiciona a interpretação diversa de Minha Doutrina tal como a preguei aos discípulos e atualmente a transmito a poucos. As criaturas se encontrando entre o bem e o mal tinham que apresentar resultados diferentes, segundo sua assimilação da Verdade.

Tal como os mundos da Criação apresentando milhões de variedades, o mesmo sucede com as criaturas, cada uma um mundo espiritual à parte.

Percebeis o extenso significado da semente, da palavra " Que assim seja!" que ainda hoje perdura e há de unir todos os espíritos em um só Reino, muito embora alguns mundos e indivíduos tenham que percorrer diversos caminhos.

A expressão de Meu Amor contém a Criação total e o Meu Verbo. Isso prova que dei apenas as duas Leis do Amor, que só têm valor quando se completam.

Tais Leis são a semente lançada na Criação e espiritualmente no coração de pessoas racionais. O germinar condiciona o progresso para o bem ou o retorno do mal, de acordo com a influência do mundo material.

Por isso, tinha que aparecer o joio entre o trigo. As pessoas não querendo seguir o caminho certo, hão de perceber no final da vida o quanto se distanciaram de sua salvação. No outro mundo, esta luta terá que ser reiniciada sob outras condições, poucos meios e grandes empecilhos.

O que para cada criatura significa a morte física é para a humanidade em nosso planeta o fim da matéria, de todas as tentações mundanas. Isto terá que ocorrer antes de Minha Volta; após esta, se iniciará o Reino espiritual, e Meu Verbo produzirá os mesmos frutos em toda parte.

Para este fim se destinam todos os Meus Preparativos de vosso tempo; pois na Terra predomina o joio entre o trigo, o solo quase se reduziu a areia e pedras, e cardos e abrolhos são os vegetais principais a cobrirem a superfície terrestre. Meus ceifadores já se encontram em atividade, arrancando o joio vicejante por todos os meios; mas a situação ainda piorará, porque o homem livre adquiriu um coração de pedra no qual um toque apenas não deixa vestígios.

Precavei-vos para, que não germine em vosso coração o joio das paixões prejudiciais, favorecidas por influências mundanas! Digo-vos: “Quem tem ouvidos, que ouça; e quem tem olhos, que veja!”; pois muitos existem com ouvidos, mas não escutam o vento espiritual que passa por toda a Criação, e os olhos não registram o raio luminoso de Meu Reino eterno que se manifesta em todos os cantos de vosso planeta escuro, para que na Minha Volta como Rei não haja mais sombra nem treva.

Há muitos que correm atrás de prazeres e bens materiais, não querendo reconhecer um mundo espiritual nem o Princípio Supremo: Deus, como Criador. São semelhantes aos cardos e abrolhos. Afastai-vos deles, pois seus espinhos vos provam que convém vos aproximardes de tais filósofos e sábios apenas com cuidado. Serão atirados ao fogo das aflições e sofrimentos. Só depois de purificados através de longa batalha, poderão participar do Reino Celeste. São responsáveis pelos fenômenos da natureza e as epidemias, e estes os dizimarão em massa. Outros serão advertidos, com a perda de entes queridos, de que ainda existe outro mundo além desse. Seu despertar será triste; no entanto, tenho que acordá-los, porque não quero perder um átomo, muito menos uma alma criada segundo a Minha Imagem.

Ouvi com ouvidos espirituais o que Eu, os acontecimentos e toda a matéria vos dizem: “Existe um Deus de Amor!”

Desconsiderando o solo, Ele lança Sua Semente em estradas militares, solo pedregoso ou entre cardos e abrolhos. O homem é livre, e a Semente pode agir segundo a individualidade de cada um. No final, se cumprirá a finalidade visada por Mim.

Apresentar-se-á uma rica colheita, se bem que não de imediato; mas a eternidade garante o sucesso. O Meu Verbo, depois de ter percorrido todas as fases, pois foi pisado e também aceito por outros, tem que apresentar o mesmo resultado. A Semente é Palavra divina e terá que melhorar e espiritualizar o solo no qual caiu, se não aqui, mas certamente no Além.

Minha Intenção e Finalidade destas Mensagens se prendem a encontrar este caminho para os homens e facilitar-lhes a evolução.

Por isto repito sempre: “Quem tem ouvidos, que ouça!”

Assimilai-o bem e agi de acordo, para sentirdes se a Semente caiu em solo bom ou pedregoso! Amém.

52.° Prédica

A PARÁBOLA DO REINO DO CÉU

Mateus 13, 31-33, 44-50.

Neste trecho o Reino do Céu é comparado simbolicamente a várias coisas, explicando que o Reino esperava a todos depois da morte, como podiam participar Dele, mas também qual seria o seu destino se agissem contra as Leis divinas.

As criaturas alimentam noções totalmente confusas do mundo espiritual; pois se tivessem a compreensão certa fariam tudo para conquistá-lo.

Tudo que no mundo é visível e palpável tem mais elemento comprobatório, do que uma potência espiritual que não pode ser vista, tocada nem pesada. Eis a razão da influência maior do mundo material sobre a alma humana. De fato, se as criaturas tivessem noções certas, podendo analisar o mundo como realmente é, sua consistência, conservação e finalidade, poderiam tirar conhecimentos deste grande Livro de Minha Criação, abrindo-lhes a porta para o mundo espiritual.

Quando se observa e compreende o funcionamento de uma máquina, sentir-se-á crescente respeito pelo construtor, à medida que se penetra em seus segredos. Finalmente, chega-se à conclusão que não foi o acaso, mas um sistema bem calculado que a dirige.

O mesmo deveria ocorrer com Minha Natureza, mas tal não se dá! Cada descoberta no campo das ciências naturais é explicada pelos cientistas erroneamente e explorada para fins materiais, de onde se apresenta pouco lucro para o Criador dessa máquina artística. Ainda que alguém descubra vestígios de um Poder espiritual e não os elementos já conhecidos, ele se esforçará para negar por longas explicações científicas aquilo que está diante dele, ou então dá outra versão, porque não quer aceitar uma Divindade. Se é preciso existir um Deus, ele mesmo deseja sê-lo!

Esta falsa compreensão de Minha Natureza é culpada pelo fato do maior Livro, aberto diante dos olhos da humanidade, levar a enganos. Qualquer pessoa poderia se cientificar do que faço, para ensinar o Meu Amor. Além disso, saberia quão curto é o caminho para junto de Mim, se não abandonar a Natureza e suas leis e não barrar o mundo espiritual eterno pela compreensão errônea da matéria.

Quando proporcionei essas parábolas para alimento espiritual do povo, tive que omitir todas as comparações científicas e empregar as que se apresentam na vida prática, tornando-se mais fácil sua aceitação.

A primeira parábola da semente de mostarda provou o conhecimento como semente e planta. Quis demonstrar que, se na menor semente se oculta uma planta tão grande, no coração humano também passa todo o Reino e Céu espiritual.

Necessitava apenas da humildade e do poderoso Amor como despertador espiritual, para desenvolver o germe de Origem Divina que progride de tal forma, que os próprios pássaros tomam morada em seus galhos. Isto significa que até os anjos, habitantes leves e felizes das esferas espirituais — como os pássaros, habitantes do ar — participam do Céu que emana de um coração entusiasta de Deus e transmite paz e alegria em toda parte.

Com esta parábola da pequena semente de mostarda e sua evolução quis provar quão infinito é o Poder da Palavra Divina, quando cai em bom solo e encontra a substância certa para o desenvolvimento.

O Reino do Céu comparado ao fermento significa o processo espiritual que ocorre em todos os corações quando, pela aceitação do Verbo, começa a separar o bem do mal, assim como o fermento provoca na farinha, misturada com água, um processo de fermentação. Tal processo faz com que o pão se torne menos prejudicial ao organismo, fator indispensável entre as várias qualidades de trigo. Assim se inicia a luta que começa quando o coração deixa o mundanismo e se volta para o espírito.

A parábola do homem que encontrou um tesouro no campo e dele se torna proprietário com a venda de suas posses significa que, se alguém descobre os prazeres e alegrias da bem-aventurança jamais sonhados, pela aceitação e prática da Doutrina, abandona tudo para não precisar se privar deles.

O primeiro quadro mostra a grande evolução do Reino Celeste após ter criado raízes no coração. O segundo, a luta que o Reino do Céu desperta entre mundo e Céu, matéria e espírito. O terceiro, o valor do Reino Celeste, sua calma e serenidade. Nenhuma matéria pode se medir ou concorrer com tal tesouro.

Falta ainda a parábola da rede atirada ao grande mar para conseguir boa pescaria, e prova que a Palavra Divina é acessível para todos, fracos e fortes, bons e maus; só no fim se apresenta a pesca e os bons recebem o seu prêmio, enquanto os desprezadores do Verbo serão culpados das consequências negativas.

Consta que haverá uma seleção entre os que aceitarem espiritualmente a Verdade e os que não lhe derem atenção. Isto deveria esclarecer os Meus ouvintes que não podem determinar a aceitação ou recusa, mas que os homens podem ser forçados por várias circunstâncias a darem outra direção ao livre arbítrio.

Mencionei este fator com a expressão "atirou ao fogo e à treva eterna", o que representa as acusações torturantes de si próprio e um coração desleixado. Meu Espírito devia espalhar Luz e não treva!

Predisse-lhes o fim ou a separação entre luz e treva, para que compreendessem que Deus visa uma finalidade com Sua Criação à qual Ele não pretende renunciar pela teimosia de alguns.

É natural que tais Pronunciamentos despertassem sensação entre o povo, pois o caminho para o futuro gozo de bem-aventuranças espirituais e as atitudes segundo seu entendimento tinham sido muito facilitados pelos sacerdotes e intelectuais, enquanto Eu lhes prometia os mesmos prazeres, mas não apresentava a conquista dos mesmos tão facilmente e os advertia das consequências da violação das Leis.

Eis seu pavor e aborrecimento com Minha Linguagem, o que Me levou a dizer: “O profeta nada vale em seu país!”; o que hoje ainda está em uso, confirmado por milhares de exemplos.

O mundo é o mesmo do Meu tempo. Lá Eu preguei a ouvidos surdos, e agora a surdez em assuntos espirituais também está em moda. Todos acreditam serem incultos, se não se vangloriarem dessa surdez. Antigamente, acontecia vez por outra que a pessoa ocultava sua deficiência com palavras retumbantes. Atualmente, ninguém se envergonha da surdez espiritual; pelo contrário, se faz questão de ser totalmente surdo, desafiando-Me para uma competição que possa lhes provar algo melhor.

A tais espíritos fortes Eu apresento uma paciência ilimitada, e no fim veremos se não descobrimos um recurso para curar sua surdez. Aos outros — em número muito maior — que já possuem um leve pressentimento do Reino Celeste, faculto uma sementinha de mostarda. Então fico observando se ela tem o poder de crescer no coração, desencadear uma luta idêntica ao processo de fermentação da levedura e fazer com que a alma reconheça o valor oculto do tesouro no coração, para se desfazer de tudo que é supérfluo. Em seguida, aguardo aquilo que volta a Mim da semente lançada. Dar-se-á um estudo se a criatura é digna da bem-aventurança, ou se precisa chegar ao conhecimento por um longo tatear no escuro, posto que existem Leis Divinas que não se pode enfrentar com teimosia. De há muito foram feitos os preparativos para levar as criaturas, de um modo geral, a tal compreensão, para que não lhes faltem oportunidades de conservarem a menor fagulha de seu eu espiritual. Há tempos todos os acontecimentos mundiais, bem como o destino de pessoas isoladas, se destinam a preparar o solo para que Meu Verbo finalmente seja aceito e se inicie o desenvolvimento poderoso da semente de mostarda.

Já percebestes pessoalmente como e quando desperto as criaturas de sua letargia. De fato, os meios nem sempre são agradáveis. Mas como o Único Médico das almas, sei quais os estímulos necessários para tal fim.

Depois de vos ter despertado, depositei em vosso coração sangrando a Sementinha do Amor através de Mensagens diretas. Se bem que no primeiro momento não tenha sido agradável, percebestes finalmente que deveis ser gratos pelas compensações.

Assim se deu vosso processo de fermentação, descobrindo vós mesmos o valor do tesouro oculto, trocando tudo que possuístes pela valiosa pérola. Deste modo, facilitastes a pescaria com a redada e a separação do bom e do nocivo, pois pelo vosso exemplo salvastes outros da ruína espiritual, encurtando e facilitando o caminho para junto de Mim.

Prossegui no zelo da Sementinha do Amor, pois o Reino do Céu está dentro e não fora de vós! Haveis de encontrá-Lo em toda parte, se Ele vos acompanha. Através do vosso íntimo, tudo se espiritualizará quando o coração manifestar o espírito.

Com o progresso evolutivo, surgirão prazeres e conhecimentos. Estareis então em condições de ingressar no mundo espiritual, para o qual toda ação e efeito têm que servir como base, devolvendo-Me os talentos confiados por Mim e com bênçãos muito ricas.

Preparai-vos e não vos amedronteis! Quem está Comigo e confia em Mim não desanimará com todos os pavores que talvez ainda irromperão sobre vosso planeta como processo purificador, pois deitei nos povos o Meu Verbo como Sementinha de mostarda. Sabeis que o Pai lançou Sua Rede no grande Mar de almas e espíritos, e se fordes também pescados, o bem só pode ser o resultado.

Munidos com a Pérola da confiança e do amor, conservai vosso tesouro até a transfiguração! Então trocarei o mesmo em outros mundos e circunstâncias, com um maior, complemento do anterior, representando a grande árvore em cujos galhos os anjos entoarão o canto de louvor do amor e gratidão. Amém.

53.° Prédica

O FIM DOS TEMPOS

Mateus 24, 15-28.

Esta será a última parábola que vos explicarei, e trata dos últimos momentos do judaísmo, bem como as situações finais da humanidade e do mundo que iniciarão um novo ciclo em outras formas e degraus superiores.

Primeiro predisse a ruína do Templo em Jerusalém, o primeiro ato do fim dos judeus como povo. Deixaram de representar o seu papel e não mereciam fundar um reinado nesta Terra após sua intenção de destruir o Meu Reino eterno e espiritual. Muito embora tendo sido escolhidos para o povo em cujo meio pude efetuar Minha Encarnação, mostraram-se completamente inaptos para aceitar e disseminar a Minha Doutrina.

A Luz da Verdade só foi dada aos discípulos e alguns escolhidos deste povo. Os demais a desprezaram, preferindo a treva e a conservação na letra morta, qualidade esta até hoje não extinta, conquanto fossem obrigados a viver espalhados entre todos os povos.

A História vos explica claramente que tudo predito por Mim aconteceu pouco tempo após Minha Ascenção. Com o Templo, terminou também a história de um povo por Mim escolhido como portador e propulsionador de Minha Verdade eterna.

Também predisse como Minha Doutrina, estimulando seus admiradores, havia de se fortalecer na luta com o judaísmo, enquanto aquele estacionou com seu culto, aguardando ainda hoje o Messias com as mesmas ideias de mais de mil anos atrás. Procurei esclarecer o engano de suas ideias, mas encontrei em sua teimosia o maior adversário.

Tudo evolui na Minha Criação, se transforma e aperfeiçoa. Somente os judeus não queriam inovações, de sorte a serem eles próprios responsáveis pela situação atual, pois veneram unicamente o dinheiro, sendo desprezados por todos os povos. Eis o castigo de quem aspira a matéria, desconsiderando o espírito. Meu Reino, embora se apresente visivelmente dentro da matéria, é apenas espiritual. Aquilo que ocorreu aos judeus em Jerusalém se repetirá agora como fim da humanidade, pois os pavores da guerra e destruição surgirão outra vez, apenas em outras formas. Assim como naquele tempo somente os poucos que acreditavam em Mim tinham uma sorte melhor – e, ainda que fosse dura, conseguiam suportá-la mais facilmente, não vacilando na fé e na confiança em Mim − assim também se repetirá antes de Minha Volta. Não haverá fé nem fidelidade, porque a maior parte da humanidade prestigia o mundo, a matéria e seus prazeres.

Assim sendo, tem que ocorrer a purificação do Reino psíquico conforme Eu disse da figueira. Quando começa a brotar e se tornar suculenta, ocorre o prenúncio do verão, do período do desenvolvimento e da formação do fruto, o que nos faz lembrar do tempo da provação em que se exige contas do bem confiado aos homens.

Os fenômenos da natureza, acidentes e moléstias que precedem tal época são as últimas tentativas de salvar o que puder ser salvo para evitar que todos sufoquem no lodo do egoísmo. Somente por meio de desgraças e provações amargas, o orgulhoso coração humano se rende.

A verdade terá que se mostrar como realidade, para não haver ilusão. Só assim ela curará. Se o mundo se mostrar em sua veste passageira do engano quando repelir a criatura com escárnio, então o espírito exercerá sua influência, despertando pensamentos melhores e sentimentos mais puros. Deste modo tenho que conduzir o homem para ele conhecer o verdadeiro valor das coisas, encontrando Aquele Que é a Paz perene.

Subentende-se haver tentativas crescentes para pressionar o homem com todos os meios possíveis: ironia, vingança e perseguição atingem os fiéis; profetas falsos e verdadeiros procuram insinuar o povo; no final, uma total confusão das noções entre a maioria. Todas as Minhas Advertências não surtirão efeito em muitos, e só poucos se converterão como no Dilúvio. Entretanto, a maioria agradecerá por Eu a ter salvo da ruína geral, embora por recursos drásticos.

Quem será culpado quando tais ocorrências desastrosas irromperem sobre a Humanidade, como se deu para os judeus na destruição do Templo? Por acaso sou um Deus de vingança que exige o sangue e a miséria de tantas criaturas? Ou seriam elas mesmas que pretendem subjugar tudo sob seu domínio e também gostariam de derrubar as grandes Leis do mundo material e espiritual?

Aqui está sendo anotada a Verdade, para que todo o mundo venha a sabê-lo! Assim como predisse a queda do povo judaico e assim aconteceu, tendes nestas 53 prédicas advertências e predições sobre aquilo que ocorrerá, como e quando, para levar os Meus filhos ao justo Caminho. Naquele tempo, disse aos apóstolos: O Evangelho do Reino do Céu será divulgado no mundo inteiro, e ei-Lo aqui; entrego-o a vós como Prova de Meu Amor e Graça.

A época do horror e devastação é mais espiritual que material, como por exemplo: “Quem estiver no telhado, não deve descer!”; quer dizer: Renunciai ao mundanismo e firmai-vos no espírito transcendental! Nele se encontra a âncora que segurará vosso barco da vida nas tempestades das desgraças e da miséria psíquica! Sem esta árvore, não encontrareis sossego nem paz!

Reuni-vos em torno de Mim e prendei-vos a Mim e à Doutrina! Céus e Terra desaparecerão; Minhas Palavras jamais! Eles se dissolverão, para surgirem outras formas e mundos. Toda a Criação passará pelo mesmo processo submetido ao povo judaico, que com suas tradições e religiões foi a base de Minha Doutrina!

Depositei o Meu Espírito em tudo, inclusive no menor átomo, a fim de capacitar a matéria ao desenvolvimento para algo mais elevado e sublime. O povo judaico foi o elemento apropriado no qual pude realizar Minha Encarnação e finalmente Minha grande Obra espiritual. Assim como aquele povo deixou de existir após terminada sua missão, a humanidade deixará de ser portadora de todas as paixões após sua purificação, para dar lugar a algo melhor. Também a Criação total, que até então foi a Base de Meu Amor para todos os seres, deixará de ser a expressão de Meus Pensamentos divinos.

Quando os seres espiritualizados atingirem o ponto no qual a matéria mais sutil ainda se apresentará concreta, essa Terra, munida de tantos milagres e belezas, será um portador pesado para o elemento puramente espiritual. Toda a Criação terá que ser organizada para seus habitantes, o que exigirá uma dissolução. Em tal época o Filho do homem surgirá, porquanto os seres se encontrarão num estado espiritual que os capacitará a suportar tal Brilho e Glória. Os espíritos e anjos mais elevados se juntarão de todos os pontos celestes.

Isto se dará em esferas mais luminosas, proporcionando maiores bem-aventuranças, pois Eu só posso Me mostrar à medida da assimilação espiritual de cada um. Eu sendo Infinito, as assimilações também o são, e Meu Reino não seria eterno se não houvesse uma constante sublimação das potências espirituais.

Disse isso tudo aos discípulos, para provar que Minhas Palavras eram eternas e sempre o serão! Não penseis que vim apenas por vossa causa, que suportei tudo pelos habitantes terrestres; Minhas Ações pertencem ao Infinito! A Bíblia, que contém parte de Minhas Palavras, não se destina somente para vós, pois pertence à Criação total.

Mesmo que milhões de mundos ainda ignorem Minha Existência, tempo virá em que essas Palavras divinas chegarão junto deles, sendo compreendidas segundo sua educação espiritual. Então desaparecerão a casca dura da letra e a compreensão literal, e o sentido puro e profundo das Palavras Divinas, claras e luminosas, compreensivas para toda a Criação, exclamará: “Amai-vos! Por Amor criei o mundo, por Amor realizei o maior Ato de humildade, e por Amor purifiquei a humanidade com aflições e sofrimentos, para que Minhas Palavras continuem sempre verdadeiras!”

Após o horror e devastação, o Sol da Graça iluminará para todos em seu brilho total! Quando a atmosfera espiritual estiver purificada de todos os miasmas nocivos, tudo se preparará para uma Vida nova e ativa. Amém.

EPÍLOGO

Assim terminaram as 53 prédicas, proporcionando-vos um tesouro que, embora muito apreciado, não o entendeis totalmente. Minhas Palavras contêm o Infinito. Falando individualmente, também sois infinitamente diferentes, de sorte que a assimilação, embora espiritual, permite sempre uma mais elevada.

A Palavra se assemelha ao grão de mostarda que produz sempre algo novo e desenvolve de um milagre, o seguinte. Esse livro também se destina pa demonstrar milagres sobre milagres, à medida que progredis no conhecimento.

Lede aos domingos uma prédica e comemorai entre milhares o domingo como dia de descanso que honra a Mim e a vós. Assim fluirão calma e satisfação em vosso coração; às vezes percebereis que uma ou outra prédica se presta justamente para restabelecer o equilíbrio espiritual, não conseguindo de outra forma.

A criatura precisa de consolo! O mundo com seus acontecimentos, a confusão nos meios sociais e familiares facilmente roubam, às vezes num momento, esperanças alimentadas há muito tempo, deixando apenas desilusões. Onde poderia o homem, perseguido por sofrimentos e aborrecimentos, encontrar um consolo melhor que nas Minhas Palavras?

Cada dia tem suas preocupações, cada semana traz mais amarguras que alegrias. Onde poderia a florzinha meio quebrada da confiança e do amor encontrar um apoio melhor e alimento mais forte que em Meu Verbo, pelos Consolos do Pai Amoroso que as destinou a vós há mais de mil anos?

Ele Se encontra na Bíblia; mas como sois míopes, não percebeis o que resplandece de suas palavras. Por isso, ajudo a levantar este véu. Por que olhais desanimados para o Céu, se Ele Se encontra tão perto de vós com Seu Brilho e Luz? Lede essas prédicas começando com os versículos dos Evangelhos, aprofundai-vos no texto e percebereis o calor e a claridade que irradiam. Se às vezes vos sentis tocados no íntimo por notardes quão longe estais da Verdade, consolai-vos sabendo que todo erro só pode ser corrigido quando a pessoa o conhece. Agradecei-Me se a prédica desvendou o erro, pois está em vossas mãos afastá-lo.

Essas Palavras hão de criar paz e consolo, se bem que não instantaneamente. Servirão de impulso e seta para conquistá-los.

As Prédicas assemelham-se a degraus que pouco a pouco ensinarão e dilatarão a vossa compreensão. Elucidar tudo que se oculta em Meus únicos Mandamentos de Amor levaria eões.

Tu, Meu caro escrivão — que levaste essa Obra a bom término e nem sempre em condições favoráveis, porquanto lutas íntimas e externas te deixavam descontrolado — consola-te! Se Eu mandei algo amargo, é porque assim se pode alcançar a melhor cura.

Serás curado, e aquilo que ditei para outrem também facultará cura e conhecimento próprio. Assim, realizaste duas coisas na mesma Obra. Da escrita em circunstâncias amargas surgirá, todavia, grande bênção. Proporcionaste aos semelhantes algo elevado e divino que lhes dará calma e paz em momentos de luta.

O futuro gênero humano encontrará neste livro a chave para melhor compreensão de sua missão e finalidade, para o que Eu darei Minha Bênção a todos. Amém.

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