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Dádivas do Céu

Dádivas do Céu é quase que um diário espiritual de Jacob Lorber. Essas são mensagens que ele recebia do Pai, como respostas a questões particulares. Essa obra foi copiada por Anselmo Huttembrenner, um seguidor da doutrina. De fato, ele é o escriba da obra, pois Jacob Lorber detestava escrever e assim ditava tudo a Anselmo. Essa obra é o que chamam de “Palavras Secundárias”, pois eram ditadas, enquanto que as grandes palavras da Nova Revelação eram deitada s no coração de Lorber. Essas Dádivas do Céu foram recebidas entre os dias treze de abril de 1840 e dois de janeiro de 1851. Muitas dessas mensagens foram enviadas para pessoas que frequentavam as reuniões de evangelização de Lorber, mas como os temas são atuais, permanecem úteis para toda a humanidade. Resolvemos despersonalizá-las, para não entrar em conflito com ninguém. – A tradutora.

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Palavras de agradecimento do servo (Jacob Lorber)

1 – Por favor, aceita Senhor nosso mísero agradecimento pelos grandes segredos que Tu tão carinhosamente estás a revelar para nós pecadores, que não o merecemos de forma alguma. Observa nossos corações enternecidos e gratos pela grande felicidade que nos dás de ouvir Tuas Palavras tão plenas de Vida.

2 – Muito obrigado e louvado sejas eternamente, tanto nos céus como em nossos corações. Amém.

Jacob Lorber
Saudações do Alto – Domingo de Páscoa

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de abril de 1840

1 – Que esta mensagem seja dedicada a todos vós, Meus filhos, para que sirva de prova que vosso trabalho Me agrada. E se vós continuardes a trabalhar em nome de Meu Amor, tal como fizestes desde o começo da obra, sabereis que Minha Mão está a postos para abrir a comporta de dádivas que derramarei sobre vossas cabeças. E Minha Bênção jamais se afastará de vós, de vossos filhos e dos filhos de vossos filhos. Mas não vos preocupeis pelos filhos e suas matérias, mas sim cuidai de seus espíritos.

2 – Não é bem mais difícil tratar do corpo do que do espírito? Pois então entregai a tarefa difícil para Mim e permanecei com a tarefa mais leve, para que possais ficar livres em todas vossas outras atividades e que vossos filhinhos possam reconhecer o grande Amor do Santo do Céu, o único doador de todas as dádivas boas. Ele é, sempre foi, e o será eternamente. Isto Eu vos dou como um bom conselho, para que possais confiar totalmente em Mim, pois Eu sou fiel a todas as Minhas profecias.

3 – Também vos digo que todo aquele que auxiliar a disseminação da Luz que vem de Mim - para o reconhecimento de todo o bem que vem de Meu Amor e de toda a verdade que vem de Minha Sabedoria e para o enaltecimento de Meu Nome - Eu lhe darei o renascimento completo e absoluto. Com isto vos darei novos nomes, também vos farei Meus filhos queridos, abençoados pelo Meu Amor, igual ao que fiz com Meu amado João, o escritor oculto dessas Minhas Palavras.

4 – Que isto seja uma feliz saudação, a primeira que recebereis em palavras neste dia importante. Isto fala o eterno, amoroso e santo Pai. Amém.


Chave para as mensagens

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de abril de 1840

1 – Lá onde parece que Eu nada tenho a dizer, lá é que Eu falo ao máximo. E onde Eu pareço estar falando muito, lá Eu só digo aquilo que podeis suportar.

2 – Que isto vos sirva de chave para Minhas Mensagens e Revelações.

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O direito de governar no mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de abril de 1840

1 – Aqui quero dizer umas palavrinhas a vós, Meus filhos, que possuis um cargo administrativo. Este é um direito temporário que os poderosos se outorgaram para oprimir os pequenos e fracos, os que no mundo estão sem poder nem força, os que devem sustentar e alimentar aqueles poderosos. E tudo isto para nada serve além da manutenção das leis que colocam todo tipo de peso em seus ombros fracos.

2 – Além de Meu Amor em vós (e da Sabedoria que dele se origina, formando-se destes dois a Ordem eterna da qual se originou tudo que hoje existe, do maior ao mais ínfimo, em números infinitos), não existe outro direito. Este Meu Amor não se apodera de nada para possuir algo, mas sim só para dar e dar cada vez mais. Este Amor nada destrói, mas sim tudo conserva, para que nada, nem a mínima molécula seja aniquilada; este Amor luta para que todos consigam andar erguidos, sem o peso de sua carga; este Amor é humilde, paciente e cheio de misericórdia para as exigências de sua Sabedoria, este Amor, para o bem dos seus próximos, é capaz de suportar insultos e inverdades numa serenidade sem igual. Pensai bem se ainda é possível descobrir algo além deste Amor que se possa chamar de “direito”?

3 – Vós ainda deveis considerar que a este Amor sempre se junta a verdadeira Sabedoria, que é a única que pode legislar, a que tudo organiza da melhor maneira e tudo ilumina e vê. Sim, em todo lugar onde Meu Amor é a base lá também está o verdadeiro direito. Onde ele não estiver, também não haverá o direito, mas sim a mais pura oposição. Uma lei, quando não baseada em Meu Amor, está baseada no amor-próprio e não passa de um direito obsessivo que se impõe pela força bruta. E mesmo se as pessoas ignorantes pensarem que é Amor, de fato não o é, é o mais puro amor-próprio.

4 – Este amor-próprio gera dificuldades para reconhecerdes vossas necessidades e canta vantagens ao conseguir manipular vossas condições de vida; ele permite que tenhais só o espaço que vos concede, ou seja, o mínimo, como o de um pássaro na gaiola ou de um peixe no aquário. Deste amor, quase que um assaltante e assassino de poder fictício, é que vos são dadas as leis, inúmeras, sempre que o amor-próprio achar necessário satisfazer sua fome infinita. Para que estas leis sejam obedecidas, os cárceres, a pólvora e a morte são usados. Às vezes este amor-próprio outorga a seus escravos alguns benefícios imaginários, ou que favorecem a alguns, e assim consegue que haja paz entre os miseráveis, ou que fiquem na noite do desprezo, aguardando as migalhas que sobram da mesa dos poderosos.

5 – Vede, nestas ocasiões de miséria, muitos se veem forçados a abandonar o Meu Amor, seguir o amor-próprio e atuar na sua esfera inferior com maldade, como os poderosos o fazem na sua esfera superior. Estes mentem, roubam, assaltam, matam e, além disto, têm o atrevimento de usar Minhas Leis na sua pocilga, deturpá-las, e assim dar um aspecto de moralidade às próprias leis. Isto Eu abomino e amaldiçoo. Ai deles no futuro! Os cegos podem ser enganados com estas manobras, mas Eu vejo seus truques de cabo a rabo e tudo informo aos Meus filhos, estes que começaram a Me procurar.

6 – Esta é a razão por que vos aconselho procurar Meu Amor com todas as vossas forcas, pois só assim podereis atuar para o bem de vossos muitos irmãos e irmãs.

7 – Lembrai-vos que tudo aquilo que Minha Sabedoria vos ensinar virá do Meu Amor, e assim conseguireis realizar tudo sem que vos seja arrancado um só cabelo. Pois lá onde a sabedoria governa, lá ela tem todos os meios necessários para realizar seus atos por Mim autorizados.

8 – Isto Eu digo, o eterno Amor, somente a vós, Meus filhos, pelo Meu servo fraco que se dispõe a escrever e que não temeu mais ninguém depois que Me conheceu melhor. Amém.


O amor dos pais como deve ser

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de abril de 1840

1 – Esta mensagem é especialmente dedicada a todas as mulheres, às mães que sentem uma grande vontade de saber mais a respeito do modo de educar os filhos. Segui, então, Meu conselho, e devei segui-lo tanto para filhos como para filhas!

2 – Eu Me sinto feliz com todo aquele que se alegra Comigo. E Eu tenho muita água para dar aos que estão com sede. Minha Misericórdia também é enorme e em nenhum lugar ela diminui.

3 – Por isto vós, mães físicas, destruí vosso amor diferenciado entre os vossos, tal qual Eu faço com Minha Misericórdia, para que nenhum de vossos filhos se sinta negligenciado, não sinta inveja e não olhe seus irmãos com maus olhos. Daí a vossos filhos o mesmo quinhão, pois só assim Eu poderei dar a mesma medida de misericórdia para cada um. Se não for assim, os mais amados receberão menos misericórdia e os menos amados receberão mais misericórdia de Mim.

4 – Pois observai bem, Eu sou o Pai dos perseguidos, um consolador dos filhos aflitos, mas também um juiz muito sensato para os filhos por vós amados em demasia. Pois o exagero de vosso amor estraga vossos filhos e os incapacita a receber Minha Misericórdia e Bênção. No futuro, deixai que cada um receba o que lhe é útil: dor, miséria, bem-estar ou felicidade. Dominai vossos corações, que Minha Misericórdia vos protegerá e consolará.

5 – Tende fé, sou Eu que vos falo, Eu, vosso bondoso Pai. O que envergais de forma nebulosa, Eu vejo com total clareza e exatidão; mas onde olhais com firmeza, Eu nem olho. Tudo o que o mundo julga, Eu protejo; mas tudo o que o mundo enaltece, isto será diminuído na Minha presença. Vede a adúltera condenada pelo mundo! Sua culpa Eu escrevi na areia, para que o vento a levasse. Assim deveis fazer vós todos, se desejardes vos tornar filhos Meus, estes filhos que Eu amo muito mais do que jamais pensastes ser possível.

6 – Tal como o Sol brilha e a chuva cai para todos na Terra, assim distribuí vosso amor entre vossos filhos. Para os estranhos, que o vosso amor seja qual incêndio ou tormenta de verão, para que nenhum amor próprio exista em vós ou em vossos filhos. Com isto vossa confiança ficará cada vez mais forte, e Eu vos poderei ajudar, lá onde sentis o ponto mais fraco.

7 – Que isto vos seja um pequeno consolo. Onde Eu quero entrar, lá Eu varro em primeiro lugar. Isto fala vosso santo Pai. Amém.


Cruz, coroa e amor

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de abril de 1840

1 – Dize àquela que tanto ama Minha Pele, que idolatra as chagas de Meu Corpo, que honra e clama aos céus a madeira da cruz e o ferro dos pregos que furaram as Minhas Mãos, dize-lhe a mensagem que se segue, dada por Mim pelo bem de sua saúde.

2 – Nem ela nem ninguém deve amar a cruz mais que a Mim mesmo, nem aos pregos mais do que a cabeça coroada. Pois quem assim fizer deverá sofrer muito pelo seu amor errado. A quem ama a cruz, como também os pregos, eu darei a coroa de espinhos. E aquele que amar a cruz, os pregos e a coroa como amor a Mim, este será crucificado, tal qual Eu fui. Mas aquele que Me ama por causa da cruz, dos pregos e da coroa, este ama Minha Pele que está cheia de feridas e do sangue das chibatadas. Parece com aquelas crianças que só começam a amar seus pais, quando estes, destruídos pelo sofrimento, batem chorando à porta dos filhos.

3 – Quem quiser Me amar corretamente que Me ame pelo Meu Amor e que obedeça aos Meus mandamentos, que dei a todos sem cruz, sem pregos, sem coroa. Eu os dei com toda a pureza de Meu Ser, pois Eu sou puro. Dize a todos: Quem em verdade Me amar assim, sem cruz, pregos ou coroa, este tem toda a firmeza em seu sentimento. Mas quem Me amar cheio de dúvidas, este precisa da cruz, dos pregos da coroa ou das chagas para Me amar; Eu lhe darei um destes ou todos, pois assim ele verá seu amor fortificado. Ele verá que sofrimento é mais difícil que amor fortificado. Ele verá que sofrer é mais difícil que amar, e Eu não Me alegro com os sofrimentos de Meus Filhos, mas sim só Me causam grande tristeza no coração.

4 – Vê, Meu jugo é suave e Minha carga é leve! Só filhos do mundo precisam usar de violência com Meu reino, se desejarem apoderar-se dele. Meus filhos não devem ir à luta, expondo-se serem violentados por Meus inimigos, para Me defender. Por eles Eu irei à luta, pois o Amor está muitíssimo acima de qualquer luta aceita sem Meu beneplácito.

5 – Mas aquele que desejar lutar e tiver prazer na luta, este tem que estar preparado para os vários ferimentos que poderá sofrer, ou mesmo sua derrota.

6 – Por isto, por aquele que Me amar, por este Eu lutarei e vencerei, e seu amor será a mais linda coroa de louros que poderá me oferecer. Mas aqueles que por vontade própria desejarem lutar junto a Mim, estes Eu distribuirei aos seus postos. E terão que lutar com suas forças, com muito medo e esforço. A vitória muitas vezes lhes custará bem caro e será amarga, e também terão que prestar muitas contas.

7 – Mais uma explicação é necessária: Se alguém deseja comprar uma casa, este não deve se contentar com a vistoria de seu exterior, muitas vezes pura maquiagem. Deve ir ao vendedor e dizer: “Deixa-me ver os pilares, as paredes, o chão e o telhado!”. Se ele não considerar a casa como boa, que se afaste e não tente negociar com o vendedor esperto, mesmo que este lhe diga que a casa está em ótimas condições e aguentará bem muitos anos. No primeiro terremoto, seria destruída. Se morar numa casa velha, esteja sempre pronto a abandoná-la. Ao sentir os primeiros tremores ou rachaduras, saia de imediato.

8 – Isto vos diz o pastor cuidadoso das ovelhas mansas, habitantes da difícil seara do mundo dos servos. Amém. Eu, Jesus, Jeová. Amém.


Ave Maria

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de abril de 1840

1 – Vede, a única obrigação de todos vós é o amor, o Amor puro e divino que existe em vós por Mim e aquele por vossos irmãos e irmãs.

2 – De acordo com o grau de intensidade deste vosso amor, mais vos será dado por Mim, Eu, que sou Amor em todo o Meu ser. Vós, se Me amardes com todas as vossas forças, sereis Meus amados filhos por todo o sempre, filhos do mesmo Amor que colocou o fruto em Maria, Minha Mãe física, quando estive na Terra como o filho do homem, Jesus. Este amor, porém, é um verdadeiro irmão para todos vós, pronto a vos ajudar, forte o bastante para vos carregar, a vós todos, irmãos e irmãs adultas, este amor vos guiará com todo cuidado. E aquele que desejar chegar ao Pai, este deve dirigir-se a Mim, somente a Mim, pois Eu sou o favorito do Pai, Eu sou o único e verdadeiro irmão para vós e estou pleno de Amor e Sabedoria. Vós não precisais vos dirigir a ninguém mais do que a Mim, se desejardes expressar um pedido ou um grito de socorro.

3 – Vede, a saudação para Maria veio na ocasião da anunciação da mais elevada divindade de Deus em toda plenitude do poder e força de Seu Espírito, para que este Amor no Pai vos seja um verdadeiro irmão. Eu vos pergunto: O que quereis com esta saudação ainda hoje? Maria não precisa e também não o deseja. E ela sabe melhor que ninguém que Meus Ouvidos são mais agudos que os dela, que Meus Olhos são muito melhores que os seus e que Minha humilde Paciência e Meu Amor anulam todos os predicados do mais santo espírito de todo o céu.

4 – Em verdade, vossa tolice, vosso desconhecimento e vosso engano só lhe causam tristeza. Eu, no entanto, Me antecipo e dirijo a Mim todos os vossos pedidos e invenções que fazeis a ela ou a algum irmão bem-aventurado. Vede, é por isto que Eu torno os ouvidos destes irmãos surdos a vossas adorações errôneas e seus olhos cegos, para que sua bem-aventurança não seja perturbada por vossa enorme tolice.

5 – Mas quem Me procura, tenho certeza que este irmão terá uma grande alegria com todos os bem-aventurados. Eles também terão grande prazer em servi-lo pelo Meu grande Amor que existe neles, e é este amor que lhes informa como e quando deles alguém necessita.

6 – Vós podeis relembrar e comentar com muito carinho tudo o que aconteceu durante Minha vida na Terra, e com isto vos sujeitar a toda Misericórdia que Eu tenho por vós. Isto Me fará feliz; mas se desejais transformar tudo isto em orações decoradas e vomitadas, sem sentimento, então vos tornastes tolos cegos e enganados por guias cegos e mal-intencionados.

7 – Eu agora vos mostrei, na mais absoluta verdade, como o assunto deve ser. Deveis vos orientar com estes ensinamentos, se desejais vos tornar verdadeiros filhos do Pai e verdadeiros irmãos do filho de Maria, que vos ama tanto quanto vós Me amais. Amém.


Três perguntas

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de maio de 1840

1. A igreja católica não falha quando não dá o cálice para os leigos beberem, se em Mateus 26-2 consta: “Bebei todos deste cálice.”?

2. A hóstia pode ser adorada?

3. Devemos dar total crédito aos livros de E. Swedenborg?

1 – Para estas três perguntas que Me foram apresentadas darei três respostas bem duras e severas, pois estão perguntando antes do momento certo de perguntar; com isto querem enriquecer seu conhecimento e não seu amor por Mim, que é muito superior a todo ou qualquer conhecimento. Eles não pensam no que é necessário em primeiro lugar. A bênção da sabedoria chega ao homem de acordo com o seu amor por Mim - o que é o verdadeiro “Pão”, ou o verdadeiro “Cálice”, ou “Meu Corpo e Meu Sangue”. A bênção da sabedoria chega antes que todos os profetas - desde Moisés até João e de João até Emanuel Swedenborg - e antes que todos os Meus amados sábios testemunhem.

2 – Vós enxergais o sol na gota de orvalho e dizeis: “Esta é uma verdadeira fotografia do sol, só falta o calor!”. Eu, porém, digo: É mais fácil aquecer a gota de orvalho, do que colocar nela uma verdadeira reprodução do Sol. Já que Eu faço isto (coloco o retrato do sol no orvalho), por que não podeis fazer o mais fácil? E ainda perguntais se alguém deve adorar a hóstia? Já não vos ensinei de sobejo como deve ser feita a adoração e de que tipo é o Meu relacionamento com a matéria?

3 – Respondendo à primeira pergunta - O que estais a imaginar? Bem, vou dar-vos mais uma vez uma boa resposta, mas tratai de não esquecê-la mais! Guardai-a bem em vossas cabeças duras! Vivificai vosso coração e dirigi vossa vista para Emaús! Quando eu lá parti o Pão, os Meus discípulos me reconheceram mesmo sem a presença do cálice, e se inflaram do mais puro Amor por Mim. Segui o seu exemplo! Desfrutai o Pão no mais puro e verdadeiro Amor por Mim e não vos escandalizareis com a maneira que dizem que se deve fazer isto, pois não tem nenhum valor. Pensai sim somente no amor e na fé que dele emana. E Eu em pessoa vos apresentarei o cálice, pleno do Espírito Santo, que é Meu Sangue.

4 – O vinho no cálice é uma bebida que contém a prostituição e a impudicícia em espírito. Vós não deveis ter sede disto e deveis deixar que o bebam somente os servos que então se tornaram uns vales de impureza. Com este vinho molham seu colo infrutífero, por sentirem um amor impuro. Com isto conseguem que uma flor nasça deste solo, tal qual o girassol nasce sobre os mais imundos sepulcros de impureza.

5 – Somente o cálice que Eu vos entrego é o verdadeiro cálice, pois nele está todo o Espírito Verdadeiro da Vida. Por este cálice deveis estar cheios de sede.

6 – Para a segunda pergunta - Em relação à hóstia da santa ceia, ela não passa de pão feito de farinha. É como o pão de Emaús: somente matéria, não possui a vida, é morto e só dá a morte.

7 – Somente quem o partir e abençoar, este sim tem vida e pode dar vida a todos aqueles que o comem no verdadeiro Amor e na verdadeira fé que deste gesto simbólico se origina. Pois onde existir o verdadeiro Amor em vós, lá estará a Dádiva; onde esta está, o Doador também estará. A este, somente a este, é devido todo o louvor e adoração.

8 – Portanto, em primeiro lugar procurai o Amor em Mim pela obediência voluntária dos mandamentos. Assim, a bênção vos iluminará, e vós reconhecereis o grande doador das bênçãos e no amor por ele adorareis Sua Grande Divindade.

9 – Pois então, amai em primeiro lugar, e a dádiva será justa, iluminada e viva no pão. Só então a bênção do grande doador estará no mesmo. E vós então adorareis em espírito e verdade sua divindade.

10 – Resposta para a terceira pergunta - Em relação a Emanuel Swedenborg, os questionadores deveriam tentar, sem Minha Sabedoria, escrever o que ele escreveu. Será que conseguiriam?

11 – Ele foi por Mim chamado e foi orientado pelos Meus anjos em toda sua sabedoria que emana de Mim, sempre de acordo com o grau de seu amor. E o que ele diz é bom e verdadeiro.

12 – Meus ensinamentos e Minha Palavra viva que chegam até vós são muito mais elevados que todos os profetas e toda a sabedoria de Meus anjos. Pois o Amor é o mais alto, o primeiro, só então vem a sabedoria.

13 – Aquele que tiver o verdadeiro amor por Mim, a este também será dada a mais plena sabedoria. Mas aquele que procura a sabedoria antes do amor, este não encontrará nada além de engano, será uma cópia e não saberá jamais qual é a verdade e a realidade.

14 – Assim, amai em primeiro lugar e deixai de lado a curiosidade, e o sol nascerá em vós. Amém. Amém. Amém.

15 – Estas são as três respostas severas que vêm das alturas de Mim, Jeová. Amém.


Para Meus Amigos

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de maio de 1840

1 – Quando expressardes vossos sentimentos de amor entre os de vosso grupo, deixai espaço para Mim, para Eu vos dar uma saudação carinhosa. Como podeis ver, Eu Me “autoconvido”, quando pressinto que haverá uma boa refeição. Eu sabia que vós não vos zangaríeis, se Eu viesse ao vosso meio ficar um pouquinho entre amigos.

2 – Vede, aos que Eu amo - pois eles começam a Me procurar e a Me amar e reconheceram na voz de Meu servo a Minha Voz - para junto destes Eu venho com prazer, muitas vezes numa hora imprópria. Mas o que pode fazer o Pai, se Ele ama mais aos seus filhos do que vice-versa? Deveis por na conta de Meu grande Amor por vós, por Eu quase forçar Minha presença entre vós com tanta frequência! Ó Meus Filhos, não sabeis o quanto Eu vos amo, a todos!!! Amai-Me também, o vosso bondoso Pai, e sempre olhai o Meu exemplo. Eu serei o vosso prêmio!

3 – Ouvi - vós que apreciais Minha presença entre vós - a estes Eu colherei para junto de Mim e de Meu Amor, e eles comerão à mesa de seu Pai. Vede, hoje será a primeira vez que estarão à mesa de seu Pai. Vede, hoje será a primeira vez que estarei completamente à vontade em vosso meio; vós não podereis Me ver com vossos olhos físicos, mas vossos corações serão por Mim tocados no momento em que Meu pobre servo disser estas palavras.

4 – Não deveis vos tolher em vossa alegria, sede felizes e alegres. Quando Eu estou convosco, vós também estais Comigo, vosso Pai. Vós estareis em casa e todo embaraço acaba aqui.

5 – Já que estou convosco, recebei todos vós, Meus filhinhos e Meus filhos, um caloroso beijo de vosso Pai. E que este verdadeiro beijo seja uma verdadeira bênção, se a receberdes com tanta boa vontade, quanto o tanto de prazer que sinto sempre que vos dou bênçãos. Isto é tão certo, como Eu sou o verdadeiro Pai para todos vós. Segue Minha saudação:

6 – Paz entre todos vós. Que Meu Amor seja o único tesouro! Que Minha bênção ilumine as trevas do mundo que vos rodeia e que vos mostre o suave caminho para a vida eterna. Amém.


Espírito Religioso – Espírito do Amor

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de maio de 1840

1 – Esta mensagem é para aquele que Me teme (mais por causa da igreja do que por Mim mesmo), mas que assim mesmo gostaria de receber uma palavra de consolo, pois acha que Eu tenho algo contra ele, devido à fraqueza de sua fé, já que Eu não o tratei imediatamente igual àqueles que há anos Me procuram em seus corações. Por outro lado, a igreja material ainda o satisfaz, quando acha que o vento na gruta era o Meu Espírito, e o trovão era a voz da Vida no Filho. Bem, a esta pessoa dize:

2 – Eu olhei em seu coração e nele achei uma semente boa. Ele deve regar a mesma com afinco, com a água da vida que vem de Mim, esta água ele encontrará em grandes quantidades no Velho e no Novo Testamento. Então muitos espíritos celestiais chegarão e alegremente se instalarão em seus galhos e ramagens desta nova árvore que veio de Mim e está nele. Então também Eu virei, despertarei seu espírito completamente e habitarei em seu coração por toda eternidade.

3 – Ele não deve ser medroso, se realmente Me ama. E não deve achar que a igreja construída por pedras seja algo vivo, pois ela foi construída por mãos humana tal qual qualquer casa comum. Também não deve achar que as variadas missas existentes lhe trarão a salvação, tampouco a confissão. Esta então vos é totalmente inútil, se vós não vos modificardes totalmente em vossos corações. Todos os sacramentos são de fato um verdadeiro veneno para a alma, se não os tornardes vivos pelo grande e verdadeiro Amor por Mim em vossos corações iluminados.

4 – Ele deve saber que para os vivos tudo está vivo, e para os mortos tudo está morto. Quem possui o Meu Amor (o puro e divino amor por Mim e pelo próximo) este Me possui, a Mim, a vida de tudo que é vivo dentro de si. Mas quem não tem Meu Amor, este é igual à matéria, que é morta e que emana da morte da cólera de Deus; ele mesmo está morto, e a vida passa muda por ele, pois é totalmente mudo para a vida.

5 – Por isto, procurai todos o Meu grande Amor em todos os lugares. Onde o encontrardes, podeis estar certos, também tereis encontrado a vida. Não vos deixeis prender por nada, a não ser pelo Meu Amor; assim vivereis, por mais temores que tenhais.

6 – Não procureis a luz, pois ela é morta. Antes sim procureis o amor, e tudo será luz para vós, tudo será plenamente vivo, pois Eu sou o Amor e a Vida por toda eternidade. Amém. Eu, Jesus, Jeová. Amém.

Obs.: Jesus é a forma latina para Jeschua ou Jehoschua = Jeová = Força de Deus.


Preocupações desnecessárias

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de maio de 1840

Pergunta: Podemos te pedir, Pai que estás no Céu, para que acabe o recrutamento, no qual o marido é tirado da mulher, o pai das crianças, o filho de seus pais, o cidadão de suas tarefas, o agricultor de suas terras, onde frequentemente deve-se tomar atitudes forçadas, nas quais pouco do cristianismo existe. Por quanto tempo este mal ainda durará de acordo com Tua Vontade? Seria de Teu agrado que este mal se acabe logo, pois muito nos dói ver nossos irmãos nesta situação? Mas não é a nossa, e sim a Tua Vontade que deve ser obedecida por toda a eternidade.

1 – Como vosso santo Pai, Eu sempre fico feliz quando procurais Meus conselhos para resolver vossos problemas. Mas não deveríeis fazer perguntas tolas, as quais não desejo responder, porque seria irracional e vos levaria a enganos.

2 – Estas perguntas tolas são referentes a datas, ano, dia, hora. Pois vede: Eu jamais imponho um tempo para alguma coisa, mas sim ajo de acordo com as circunstâncias da ocasião e conforme os homens estão se comportando, assim como um pai com seus filhos . Assim age Deus com as pessoas do mundo. Eu não seria um atormentador, se dissesse: “Ano que vem vou fazer Meu julgamento convosco!”... E de fato o fizesse, mesmo que vós vos tivésseis convertido totalmente? Bem, julgai por vós mesmos. E se Eu não o fizesse, Eu não seria um reles mentiroso? E como é que isto combinaria com Meu Amor e Minha Divindade?

3 – Este é o motivo por que Eu permito que todos os “profetas de datas” e “calculadores de data” se exponham, para, no fim, desacreditá-los. Eu não determinarei a hora, mas sim as pessoas o farão pelo seu comportamento, mas o farão sem saber. E eu então chegarei como um ladrão, no momento em que elas nem pensam mais no assunto.

4 – Uma segunda pergunta tola é: “Com que tipo de sacrifício Eu serei levado a fazer isto ou aquilo?” Esta pergunta Me causa muita dor, especialmente se vem de Meus filhos, pois Me mostra que eles ainda Me vêm como um tipo de ídolo, não como seu santo Pai, que de vós nada quer, a não ser o vosso sincero amor filial. Vosso amor filial é a única oferenda que dá alegria ao vosso Pai e grande prazer ao vosso Deus.

5 – A respeito do recrutamento, ele não é o pior mal do mundo, mas somente consequência do amor mundano. Ele deve ser visto como mais uma consequência do que um mal por si mesmo. O mesmo acontece com o “ser soldado (militar)”. Isto vai existir enquanto houver mundo, por causa do amor próprio das pessoas. Por isto não deveis vos preocupar tanto com o tal do recrutamento. Pois podeis ter a mais absoluta certeza que Meus Filhos jamais portarão armas, pois Eu sou sua arma contra todo o mal. Mas se excepcionalmente tiverem que atuar na guerra, coisa que raramente acontecerá, estejai certos que Eu estarei com eles, qual arma “inderrotável”.

6 – Vede, pouca importância tem o que fostes na Terra: agricultores, cidadãos urbanos, soldados, príncipes, reis ou imperadores; o que importa é pelo que fostes: por amor próprio, por amor ao próximo, ou por Meu amor, que se derrama sobre o próximo. De acordo com isto, será vossa vida na eternidade.

7 – Que no serviço militar existe pouquíssima religião, isto já sabeis de sobejo, e Eu também. Que lá há muito mais vida dissoluta do que na vida civil não é novidade. Mas por causa disto o castigo é mais severo que o do civil. E assim, muita coisa que na vida civil corre solta é evitada.

8 – A propósito, para Mim a religião como acontece entre vós é nula. Pois lá onde nada existe, ainda é possível construir algo que possa ser bom. Mas onde há coisas ruins, lá pouco lugar existe para o bem. Tudo o que pertence ao mundo está repleto de coisas infernais e por isto recheado de maldades, cujo prêmio não deixará de ser dado mais cedo ou mais tarde, tanto no civil como no militar.

9 – Porém, Meus filhos, não deveis vos preocupar com nada. Pois Eu tenho muito a dar aos oprimidos e miseráveis, se eles vierem a Mim. E aqueles que perderam algo no mundo por Minha causa, estes o reencontrarão multiplicado por milhões de vezes no seio bondoso e santo do Pai. Amém.


Como devemos ler os profetas e entendê-los totalmente?

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de maio de 1840

1 – Este tipo de pergunta sempre podeis fazer, se as levardes a sério. Elas são de Meu agrado, se desejardes ver o caminho do bem iluminado. Eu também não vou responder-vos com respostas totalmente exatas, mas elas lançarão um raio que atravessará todos os céus celestiais. Este raio se origina em Mim e ilumina vossos corações e vossa razão. Estes descobrirão coisas importantes e maravilhosas da nova vida que emana de Mim e está em vós, consequência de Meu amor em vós, tal qual tudo nos planetas é uma consequência do Sol, pela Minha Misericórdia.

2 – Se vós lerdes em uma só gotinha de água do mar da Minha Misericórdia infinita em Meus profetas, precisareis de uma enorme lente de aumento (na realidade, vossa humildade). Então tereis de colocar a gota na bandeja de vossa consciência e abaixo acender uma lâmpada preenchida com o óleo da fé, para que a chama luminosa fique bem viva. No momento em que a chama fizer sair bolhas de água da gotícula, então tomai da lente de aumento e observai a gota fervente que está sobre a bandeja de vossa consciência e que foi inflamada pela chama do amor. Não podeis imaginar quantas maravilhas podereis ver na gota e em seu contorno.

3 – Então estareis cheios da mais pura alegria e vontade de entender mais. Mas ainda não conseguireis entender a maravilha da bênção. Só quando vos voltardes, cheios de Amor e Humildade, vossos corações para Mim, Me implorardes e desejardes com todas vossas forças a bênção de Minha Luz, só então deixarei um raio, qual flecha, atingir-vos, o que não machucará nem um pouquinho vosso exterior, mas em compensação despertará vosso espírito do sono da morte. O espírito, porém, entenderá, pela Minha Luz viva, as inúmeras maravilhas da gota.

4 – E então tereis para observar eternamente, com o vosso espírito vivo, as maravilhas sobre maravilhas de todas as maravilhas, isto na vossa maior liberdade viva, pelo amor de vosso santo Pai, em e sobre todos os céus. Amém.

Eu, Jesus, o eterno amor e a eterna Vida. Amém.


Sobre o juramento e a promessa

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1840

1 – Um dentre vós está querendo saber o que há de verdadeiro com manter, exigir e fazer uma promessa ou mesmo um juramento. Pergunta muito boa.

2 – Vede, no momento em que Eu estou no coração de alguém, então ele terá a verdade em si. Ele pensa, atua e fala de acordo com a mesma. Esta atividade tripla é verdadeira e real e só precisa de Mim. Tudo além é pecado, pois tanto aquele que exige um juramento ou promessa quanto o que os dá estão colocando em dúvida a Minha Divindade intocável, fonte original de toda a Verdade e Sabedoria que está em Mim eternamente.

3 – Mas se alguém não Me possuir fielmente em seu coração, toda sua atividade é falsa e enganosa na ação, no pensar e falar. Como é que desejais obter de um falso e mentiroso um símbolo de verdade e estampar na mentira o selo de Minha Divindade, para que um juízo mundano, um julgo falso e enganoso, mantenha como plenamente correta a afirmativa egoísta de qualquer um?

4 – Agora vos darei um conselho que se origina em Meu Amor, para que poupeis a Minha Divindade. Vede, se uma promessa significa uma verdade segura, não bastaria que fosse um “sim” ou um “não”? Se vós castigais uma promessa falsa, não podeis fazer o mesmo com um “sim” ou com um “não” simples?

5 – Eu vos aconselho que exponhais o nome da pessoa que fez um falso juramento ao público, declarando-a infame e sem honra, até que reconheça sua culpa e humildemente confesse sua mentira em público, o que de fato seria a primeira verdade a sair de sua boca.

6 – Vós podeis apoderar-vos da terça parte, da metade ou até de todos os seus bens, (de acordo com a gravidade de sua culpa), para uma justa reparação dos males que seu ato egoísta e mentiroso tenha causado, pois ele não deverá possuir um pedaço de pão nem um teto, isto por ter desprezado a verdade.

7 – E vós podeis ter certeza que o mais infame meliante não se atreverá a vos mentir, ou ficará mudo como os espíritos do inferno, aqueles que não conseguem nem podem pronunciar o Meu Nome.

8 – Aquele que for justo em seu coração, a este confiai apenas com base em sua palavra, sem promessas ou juramentos, pois podeis ter certeza que ele diz a verdade e assina suas palavras com seu próprio sangue.

9 – Mas aquele que tem um coração traiçoeiro e egoísta, deste Deus está bem distante, mas o inferno lhe é bem próximo. A este podeis exigir juramento sobre juramento, mas qual a sua utilidade?

10 – Então que vossas falas sejam “sim” ou “não”! O que for além é um pecado ante o espírito da Minha Divindade intocável!

11 – Esta é Minha Lei, sem nenhuma alteração posterior! Pois Meus Mandamentos são únicos e não sofrem nenhuma modificação como vossas leis pagas. Amém.

Eu, Jeová, a mais elevada Sabedoria e Justiça em toda a eternidade. Amém.

Justiça terrena e justiça divina

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1840

1 – No que vem a seguir, vos darei uma gotícula de Sabedoria. Que vos seja de bom proveito, a vós, criaturas filiais pelo Meu Amor eterno. Pois na posição de Deus, Eu não tenho filhos, a não ser a eterna e única Palavra em Mim, a qual é o Filho único, do qual muito Me comprazo. Mas no Filho Eu estou como vosso Pai e tenho prazer convosco, logo que tiverdes adotado este Meu filho em vossas vidas e, com Ele, Minha Divindade.

2 – Mas esta gotícula de Sabedoria cai na areia quente da Terra, para que possais enriquecer vossa sabedoria. Se sois capazes de agir de acordo com isto, é a parte mais importante, pois somente a ação, jamais a pura sabedoria, condiciona a vida eterna.

3 – Vede, toda a vossa “injustiça” está baseada em tudo que é mau, na falsidade do amor-próprio que dividiu a palavra “Meu” e nunca “Teu”, do qual se originam vossos enganos horrorosos e a maioria de vossa violência. O amor-próprio causou a criação das mais terríveis leis, as quais deveriam, pela violência e força, assegurar a cada um sua propriedade suposta. Eu criei a Terra tal qual o ar, a luz, a água, a chuva e os raios do Sol para todos, sem distinção, para que os usassem comunitariamente, e ninguém – repito – ninguém obteve de Mim o menor título de propriedade.

4 – Agora, porém, a Terra está toda delimitada, feito o inferno, pois cada um tem o seu lugar definido. Por isto só podem existir leis que originam esta situação, e são leis infernais, com castigos diabólicos. Eu vos digo: Todas as leis são originárias do inferno, como o são as fronteiras que dividem a Terra e os decorrentes castigos.

5 – Vede, é difícil aconselhar dos céus, onde um tem para o outro e todos têm para um, no mais puro amor. O que vos ensina o Evangelho é que deve se acrescentar a calça quando alguém lhe pede o casaco, para evitar toda ou qualquer briga. Se todos fizessem o mesmo, como é no céu, nenhuma lei infernal seria necessária, pois ninguém possuiria nada e ficaria livre de assaltos e roubos.

6 – Em poucas palavras, vos mostrei como tudo é de fato. Por esta razão não deveis chamar vosso Pai Celestial para ajuizar vossos assuntos infernais, pois assim O ofendeis na sua Paciência e grande Indulgência, apresentando-lhe tanto horror e injúria. Especialmente porque Eu já Me encontro nas portas da Terra, armado e disposto a dar o Meu último julgamento, para que todo este agir infernal acabe de vez e seja jogado lá no local em que seu criador já habita faz muito tempo.

7 – Considerai bem estas Minhas Palavras e atuai com todo vosso amor. Assim, será demonstrado no futuro quanto ouro poderemos encontrar no lixo do inferno. Amém.


Paciência para o amadurecimento

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de maio de 1840

Mensagem para Jacó Lorber sobre um pintor de quadro.

1 – Não pode ser como tu desejas, pois o momento em que Eu dirijo Minhas palavras a alguém, sou Eu quem determina e escolhe este alguém e só Eu sei quando o farei.

2 – A ocasião para aquele por quem Me pedes ainda não amadureceu. Para isto ainda passará um bom tempo, e ele deverá beber bastante água do rico poço de Jacob Lorber. Depois, ficar bem pequenino e olhar com olhos bem abertos, ouvir com atenção e ficar bem quieto (em silêncio). Não contar somente os sóis no firmamento, mas também a erva que cresce no solo, não escalar as montanhas da Lua, mas sim permanecer nos vales da Terra.

3 – Vê, com as crianças Eu falo como uma criança e com homens, como um homem; com os senhores, como um senhor; com regentes, como Deus; com todos os superiores, como o superior de todos; com os poderosos, como o poderoso; com os grandes, como o Todo poderoso; com os pecadores, como pastor e juiz. Eu falo com cada um dos mencionados à sua maneira, ou como o Deus inalcançável. Mas com aqueles que me amam com toda sua humildade Eu falo como o Pai, Me dirijo a sua inferioridade como um irmão que vem da altura de todas as alturas, como o Mais Alto em Toda Minha Plenitude.

4 – Por isto só resta um curto espaço de tempo, para que o ferro se transforme em ouro pelo banho da água viva.

5 – Eu, o justo, único e verdadeiro Emanuel. Amém.


O mandamento principal

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de junho de 1840

A respeito da pergunta sobre Marcos 12.29.30: “Ouve Israel. O primeiro de todos os mandamentos é o seguinte: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda tua alma, de todos os teus sentidos, de todas as tuas forças. Este é o mandamento principal”.

1 – Meus queridos filhos, coisas tão pequenas vós não entendeis, coisas que são vosso pão de cada dia, que são e sempre deverão ser. Dizei-Me como é que pensais entender coisas muito maiores, como por exemplo, um evangelho das ervas, das plantas, das árvores, como também das pedras, da terra, da água, do ar, do fogo, de todos astros e também de todos os animais, tudo isto que é Meu testemunho? E muito menos conseguireis entender todo o espiritual e o celestial tão inconcebíveis! Como desejais sentar-vos à grande mesa de Abraão, se todos vossos dentes (a sabedoria da fé na Palavra) ficaram ocos por causa das loucuras mundanas a que vos entregastes e assim vos tornastes incapazes de mastigar o vosso pão de cada dia, pelo qual pedis em vossas orações diárias (infelizmente a maioria pede pelo pão dos vermes)?

2 – Vós amais mais a Sabedoria do que o Amor e por isto tendes muito pouco amor. Consequentemente, tendes menos compreensão verdadeira, que é o complemento justo do amor.

3 – Amai-Me, a Mim, mas como as criancinhas amam seus Pais antes mesmo de conseguirem falar, como uma noiva sincera ama seu noivo antes de conhecê-lo mais intimamente. Então fechos de luz fluirão de vossas entranhas.

4 – Por isto em primeiro lugar deveis vos modificar e amar em primeiro lugar! Só então vossa fé se tornará viva. Se não for assim, vossas cabeças ficarão entulhadas de coisas, como se fosse o estômago de um boi, mas vossos corações ficarão vazios feito empada de vento. Deveis aplicar todo vosso conhecimento de amor a vossos filhos e logo a seguir tornar-vos iguais a eles.

5 – Esta é a compreensão de: “o pão nosso de cada dia”.

6 – “De todo teu coração” - Aqui “coração” significa o espírito da vida, o que, como fiel exemplo de Meu Amor e no período probatório em vós, é de fato o Amor puro. “De toda a alma” - Como “alma” aqui devemos entender um corpo etéreo do espírito, o qual deve ser preenchido plenamente com o Amor original que nela se encontra como sementinha por nascer, para que se torne viva em todos seus pedaços. “De todos teus sentidos” - Aqui com a palavra “sentidos” devemos entender todos vossos conhecimentos, sendo que devem ser todos aprisionados em Meu Amor que existe em vós, para que a alma, que é o corpo do espírito, obtenha firmeza, obtenha pele e cabelos, pés para ficar de pé e para caminhar, mãos para poder apanhar e manipular as coisas, olhos para ver, boca - com todos seus elementos úteis - para saborear os alimentos mais requintados e melhores e para falar as palavras de Vida que vêm de Mim. Deveis possuir todas as forças e também deveis ser plenos de Amor.

7 – Vede, esta é a compreensão curta e simples do pequeno texto que foi dito por Meu Marcos e todos os que falam a mesma mensagem. Mas prestai atenção: Eu não vos disse isso para vossa razão, mas sim para vosso coração, para que vós finalmente Me ameis, nem que seja pela Minha boa vontade, mesmo que o resto de tudo que vem de Mim não baste para acordar em vós o Amor que desejo receber.

8 – Por isto, observai essas Minhas Palavras bem no fundo de vossos corações ainda vazios, para que eles se satisfaçam diariamente com o “pão de todos os dias” que é ofertado pelo céu. Isto desejo Eu, vosso santo e amoroso Deus, Pai no filho Jesus, Jeová.

Amém. Amém. Amém.

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Amor e sabedoria

Trecho retirado da “Criação de Deus”, que Jacó Lorber estava recebendo naquela época.

Aquele que possuir o Amor, o verdadeiro Amor a Deus - Pai de todos os homens e criador de todas as coisas – e, a partir deste amor, ama também seus irmãos na medida justa e pura, este possui tudo, possui a Vida eterna e a Sabedoria. Tal sabedoria não é aquela das trevas do mundo, que não serve para nada, nada além de levar o “homem vivo” lentamente para a morte (Criação de Deus - Vol 1 – cap. 174).

Seguem-se duas mensagens que foram traduzidas no livreto Salmos.

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O máximo

Trecho retirado da “Criação de Deus”, sendo recebido por Jacó Lorber naquela ocasião.

O máximo que alguém pode fazer é o cuidado dos pobres, a ajuda à velhice e o acolhimento dos pequeninos. Se isto for feito por amor, ainda que a pessoa tenha de pecados com número idêntico às ervas da terra, à areia do mar, estes lhe serão relegados. No momento em que alguém abrir seu coração para o próximo, Eu estarei ao seu lado e tudo que é Meu será dele. (Vol.2, cap.93)


Os sete espíritos maus

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de junho de 1840

Lucas 11-24-26 - “Quando um espírito imundo sai do homem, anda por lugares vários, buscando repouso; não o achando diz: “Voltarei a minha casa, donde saí”. Chegando, acha-a varrida e adornada. Vai então e toma sete espíritos piores do que ele, que entram e se estabelecem ali. E a última condição deste homem vem a ser pior do que a primeira. (ou, em outra versão: ... E o fim em um homem como este será pior do que o começo – A tradutora).

1 – Dizei a todos os teus amigos adultos o seguinte: Quem procura acha; quem bate à porta, esta lhe será aberta; quem pede, a este será plenamente dado o que pede.

2 – Alguém tem uma mulher, e esta ama seu marido em silêncio, para que o mundo não tome conhecimento deste fato (pois ela acha que o mundo pensaria coisas ruins dela, logo que percebesse que ela ama o marido de todo o seu coração). Assim, exteriormente ela se comporta fria, mas no fundo está cheia de desejos e ansiedades. Quando o marido, após ter usado de toda sua capacidade de convencimento e tentar fazer de sua esposa uma mulher carinhosa e ardente, vir que ela continua a agir muito tímida - seja por ser mulher, seja por suas besteiras - o que ele fará?

3 – Eu vos digo: por amor a ela, ele a deixará ficar na sua bobagem afetada, não a tocará mais até o seu fim, nem com um dedo; porém colocará sua semente em solo estranho, estando este cheio de ervas daninhas e cardos. Ele então pensará: “Está certo que não conseguirei uma boa colheita neste solo impuro, mas ao menos meu nome estará numa semente, para colheitas boas no futuro”.

4 – Eu vos digo: Este marido aplicou o castigo certo à mulher, pois o fez por amor. Além disso, Eu vos digo:

Este marido sou Eu, e a mulher tola sois vós!

5 – Muitas vezes já desejei abraçar-vos, tocar-vos e apertar-vos contra Meu Peito, mas vós vos afastais de Mim por motivos mundanos, ou por timidez tola e desnecessária à frente do mundo. Vós prendeis em vosso interior o amor que Me deve ser dado e achais que no tempo certo Eu chegarei a vós, vos darei um sopro, e assim vós podereis amar-Me plena e infinitamente; ou também achais que Eu Me darei conta deste vosso amor escondido, talvez com ajuda de um microscópio... Mas aí estais bem enganados, pois farei o mesmo que o marido e vos abandonarei em vosso pudor tolo.

6 – Por isso sede abertos em confessar vosso Amor por Mim, como Eu faço convosco. Falai Comigo abertamente, com toda a liberdade que vosso amor permite. E Meu Livro Antigo não terá uma só letra que não vos seja iluminada por sete fachos de luminosidade de Amor. E em vossas esferas podereis ler os grandes segredos do mundo espiritual, escritos em letras bem grandes.

7 – E agora ouvi e entendei os três versículos de Lucas.

8 – Se uma pessoa viver de acordo com os preceitos da lei mundana e mantiver os mesmos por sua própria vontade e pelos sentimentos corretos que neles existem, ela vence diariamente as tentações que estão subordinadas à sua razão, e então o sedutor (tanto quanto o tentador) se dá conta que naquela casa nada conseguirá. Então ele, zangado, a abandona e começa a procurar um pouso em todas as localidades da Terra. E quando vê que naqueles lugares nenhuma semente conseguirá se arraigar, então ele diz: “Onde não há humildade, já existem desertos e não há pousada para mim. Que fazer? Vou voltar a minha propriedade original e ver como tudo está lá”.

9 – Ele retorna depressa e encontra sua casa toda limpa e enfeitada com coroas de vitória e de virtude. Ele tem prazer no que vê, mas se sente fraco demais para tomar posse do local novamente, pois é um espírito da carne.

10 – Ele então retorna ao inferno e lá apanha sete espíritos, cada um mais malvado que o outro: um orgulhoso, um desprezador, um adulador, um galanteador, um usurário, um mentiroso, um mestre de artimanhas, classe na qual ele mesmo se encontra. Esta quadrilha malvada facilmente consegue entrada na casa e se apodera da mesma.

11 – E por pior que a situação original tivesse sido, sob a lei da carne esta situação será muitas vezes pior, pois o homem se entrega aos grilhões da maldade. E onde toda a sua justiça acontece não por amor a Mim, mas sim pura e exclusivamente pelo seu amor-próprio, com isto acabou toda a “unidade de vida”. Por isto ele não consegue mais dar nenhuma fruta e assim fica seco, parecendo morto.

12 – Vede, só Eu sou a vida em vós, e esta acontece só pelo amor por Mim que existe em vós e pela obediência voluntária dos mandamentos, tanto na ação como no discurso e pensamento de amor a Mim.

13 – E mesmo se trabalhardes tão ativamente como as abelhas (ou as formigas), se não o fizerdes por amor a Mim - o único a vos dar forças e vida para poderdes enfrentar as tentações do inferno - mesmo assim jamais encontrareis a paz, nem aqui nem no Além. Vai vos acontecer o mesmo que aos animaizinhos supramencionados, dos quais são retirados tanto o mel como seus derivados, apesar de seus ferrões; isto porque só são criaturas orientadas pelo instinto, como um homem que permitiu que sua vontade fosse aprisionada pela mente e se esqueceu do Amor, que é a liberdade e a verdadeira vida.

14 – Vede, isto é o que se compreende destes três versículos. Por isto, cuidado com a mente, a razão, se esta não se originar em Meu Amor, mas sim de outras fontes. Cuidai que ela (a mente) sempre seja subordinada ao Amor, tal qual a divindade é Minha subordinada; a não ser assim, sereis qual aquela casa limpa e enfeitada da qual falam os três versículos. Amém.


O Pai nos concílios, nas igrejas e junto às crianças

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de junho de 1840

1 – Toda a vez que dois, três ou mais estiverem reunidos em Meu Nome, lá Eu estarei, mas jamais estarei nos concílios. Pois nos concílios se reuniam com intenções idênticas às dos seus conselhos. E dizendo atuar sob Minha inspiração, discutiam sobre as hierarquias, sua própria divindade e infalibilidade, e calculavam o grande prejuízo econômico que o Templo estava sofrendo, mas nem uma vez pensavam em Mim. Eu Me sentia com a mesma atenção que uma ameba recebe em relação a todo o Universo. Meu nome era dito como se Eu fosse um personagem histórico. Alguns trechos de Minha Palavra eram acompanhados de uma fé pagã cega e um a um amor morto, uma adoração sistemática de ídolos e um culto cerimonial originado neles; era isto unicamente o que Me permitiram ser nestes concílios, reuniões, etc.

2 – Eu Me sinto como aquele governante que é usado pelos seus funcionários como uma cobertura para todas as suas malvadezas e engodos, colocado e mantido no trono para dar um cunho de legalidade a todos os decretos e leis deles.

3 – Vede, o mesmo acontece na maioria de Minhas igrejas. Em todos os lugares tentam Me ocultar aos olhos de Meus filhos; entopem seus ouvidos com sons vazios, para que não consigam ouvir Minha verdadeira voz paternal; Cristos de madeira são colocados na frente de seus olhos, para que não vejam o Cristo Vivo, e com os sinos tornam seus ouvidos surdos, para que não ouçam Minha voz e não deixem que Minha Palavra Viva se manifeste em seus corações.

4 – Vede, é por isto que Eu aqui Me encontro, para aconselhar-vos contra as palavras dos fariseus egoístas, para que sempre consigais olhar a face de vosso Santo Pai e ouvir Sua Voz viva que diz: Tornai-vos pequeninos feito as criancinhas, para que Meu Reino seja o vosso. Nisto se encontra a verdadeira Sabedoria, enquanto que no Amor, a mais verdadeira felicidade.

5 – Para ti, Meu querido “falador” quero dar um pouco de consolo, tanto quanto para tua mulher. Eu já inscrevi vossos filhinhos em Meu livro. Dize-lhes que Eu os adotei como Meus filhos e que Eu desejo ser seu Pai carinhoso.

6 – Então vou presenteá-los com um desejo Meu: Que aprisionem suas vontades a tudo o que Eu já revelei ao Meu servo e a tudo que ainda revelarei; que alegremente obedeçam a seus pais já iniciados em Minha Doutrina. Então começarão a perceber o que significa ter a Mim como Pai, este que tem tantos tesouros para dar aos filhos que O amam.

7 – Vós, Meus queridos, ainda de tão poucos amigos, sede alegres em vossos corações! Pois Eu estou convosco, Me alegro em vossa companhia e fico feliz com vosso amor. Esta alegria vos será uma estrela brilhante, quando abandonardes esse mundo. Ela vos acompanhará fielmente na longa viagem no Meu enorme Céu e vos levará lá, como já o faz aqui, para a Minha Cidade. Amém.

8 – Bem, agora sede alegres. E aquele que desejar falar Comigo, que fale. Eu soltarei a língua e abrirei a boca deste Meu servo! Mas que fique bem longe de vós toda curiosidade que se manifeste. Amém. Eu, vosso amado Pai, em Jesus, Meu Filho. Amém.

Conselho sobre o casamento

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de julho de 1840

1 – Essa mensagem é para o irmão que é prefeito daquela cidade dissoluta, onde a prostituição espiritual e física impera, pois Eu aceitei com alegria o seu pedido e vou dar-lhe um ensinamento que se origina em Meu amor.

2 – Mas ele deve acreditar que Eu posso ajudar, e sua fé deve estar viva na força de sua vontade e do mais elevado amor. Também não deve temer sua mulher pelo dinheiro que ela possui e não deve dar-lhe sempre razão, mesmo a constrangendo, tal como não o faria se tivesse uma mulher pobre. Ele deve se lembrar do jovem rico do Evangelho e lá verá como é difícil a entrada de um rico em Meu Reino. Porém, o que para os homens parece ser impossível, para Mim é um nada. Vede o curso da Terra em volta do Sol, como Eu o dividi em dias e noites, para resolver o círculo completo do ano. Eu vos afirmo: Até agora nenhum matemático conseguiu calcular a “quadratura da elipse” que é usada por Mim como base do curso de todos os planetas e sóis.

3 – Os homens não vêm à floresta por causa das tantas árvores. Por isto também não veem a floresta numa semente. Meu filho não enxerga bem o grande mal. Eu o aconselho a pegar o boi pelos cornos sem medo nem dó! Pois aquele que atua em Meu Nome e no Meu Amor verdadeiro, este nada deve temer. E aquele que Me adora nos corações de seus irmãos, de suas irmãs e mais ainda de sua mulher e filhos, em verdade vos digo: a este nada de mal acontecerá.

4 – Este, porém, é o conselho: Tudo aquilo que Eu te chamar a atenção deves apresentar a tua mulher, chamar o testemunho da Palavra e mostrar-lhe que tu és a cabeça e ela é o corpo, que ela deve te obedecer segundo Minha Vontade, como Sara obedeceu a Abraão e Maria a seu querido José. Esta é a razão pela qual Eu sempre dei Minhas ordens a José e jamais a Maria, que Me carregou nove meses em seu ventre: para que Minha Ordem, da qual todas as coisas se originam, não fosse afetada nem um pouquinho.

5 – Depois disto feito, mostra a tua mulher que a verdadeira felicidade num casamento se encontra num relacionamento igual ao de Deus com os homens, entre o Espírito e a alma, entre a verdadeira igreja viva e um estado do mundo, e outros similares.

6 – Além disto, dize-lhe que àquelas mulheres que se acham superiores aos seus homens acontece o mesmo que aos ateístas, ou àqueles que negam Deus: as noites se tornam verdadeiras torturas, ainda mais se junto a isto ainda perderem suas fortunas materiais. Isto frequentemente acontece por Minha Vontade, para que, se não tiverem caído demais, ainda exista uma possibilidade de salvação.

7 – O homem aprende a Me conhecer pelo seu amor por Mim. A mulher, porém, no amor de seu homem. Como ela pode dizer “Eu amo meu marido”, se os desejos dele não lhe são santos? Por isto num casamento é importante que o homem se conheça totalmente em primeiro lugar, para que ele veja bem em que situação se encontra a mulher a ser desposada e para conseguir levá-la pelo caminho certo.

8 – Mas se o homem, em sua absoluta cegueira, é um verdadeiro fracote em sua vontade e cede à mulher em assuntos errados, então ele encontrou um verdadeiro câncer, e em pouco tempo nada de sadio e verdadeiro existirá neste casamento.

9 – Por isto o homem não deve se casar antes de se conhecer completamente.

10 – Que o dinheiro dela não tenha importância para ti, pois possuis a Minha Misericórdia. Tu, porém, te torna indispensável para tua mulher, pois ela ainda não possui Minha Misericórdia. Que utilidade tem seu dinheiro e seus bens sem Minha Misericórdia? Mas se ela a tiver por meio do coração devoto do marido, ela olhará seu dinheiro com olhos vendados.

11 – Meu querido filho, Eu conheço tua mulher muito mais do que tu jamais a conhecerás. Acredita, tua mulher tem um orgulho tríplice. Ela se orgulha de seu dinheiro e ela se orgulha de ser tua esposa pela tua posição social, pois se tu não fosses o prefeito e sim um funcionário comum, ela jamais seria tua mulher. Já que ela se acha bem rica e, além disso, é bastante casta, ela também tem orgulho com relação a ti e vosso relacionamento; mas tu não te dás conta disto devido a um antigo hábito. Mas toca nela em lugares diferentes, que logo te lembrarás dessas Minhas palavras.

12 – Por isto, em primeiro lugar, mostra-lhe que és a cabeça e Eu sou o Senhor. Em segundo lugar, mostra-lhe que seu dinheiro te é completamente dispensável e que ela deve ser grata a ti e até a Mim, pois administras sua fortuna sem nada cobrar, e esta gratidão deve constar do verdadeiro amor e no respeito que te é devido. Em terceiro lugar, mostra-lhe o Evangelho do glutão rico e do jovem rico, pede-lhe que explique o que entendeu de forma amigável e alegre, mas ao fim explica-lhe o seu real significado, no que Eu te ajudarei.

13 – Apresenta-lhe a Nova Revelação e mostra-lhe no que consta a morte eterna e a vida eterna, o que é o renascimento, o que é necessário fazer para conseguir tudo isto e como o espírito eterno é afetado com a morte material sem o renascimento.

14 – Faze assim logo, e com Minha ajuda tudo se aplainará. Dentro de um ano terás uma outra mulher em teu lar. Terás êxito maior, se não a tocares e orares por ela no fundo de teu coração.

15 – Depois de certo tempo, podes trazê-la para as reuniões de Jacob Lorber. Ele tem muito poder em seu peito.

16 – Atua, pois, e Minha Misericórdia não tardará. Amém.

Eu, Jesus, o melhor conselheiro. Amém. Amém. Amém.


Caridade falsa e caridade verdadeira

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de julho de 1840

1 – Cada miserável é o Meu irmão mais próximo, como cada rico avarento o é de Satã.

2 – No momento em que Eu envio a vossas portas, a vós - ricos, afortunados e proprietários - um pobre irmão Meu, podeis considerar-vos amados por Mim. Eu ainda não retirei Meu amor de vós.

3 – Mas se conseguistes - e aqui falo em geral - que os pobres não se atrevam mais a chegar a vossas moradias, aí sabei que Meu Amor se retirou para sempre. E um destes ricos se encontra materialmente sob a proteção do inferno, mas em toda sua felicidade aparente não existe nem uma mínima chama de Meu Amor, muito menos de Minha Misericórdia.

4 – Este fato também acontece com aqueles ricos que fazem donativos somente para aparecer ou então para conseguir vantagens. Para Mim são verdadeiros horrores aqueles donativos conseguidos pela prostituição, danças, jogos, etc., todos estes meios por Mim detestados, pois isto é instalar uma capela de oferendas em Meu louvor no inferno.

5 – Por isto, Meus filhos, não deveis atuar como o fazem os filhos do inferno, mas sim que vosso donativo não seja visto por ninguém mais do que Eu, os pobres e vós mesmos. E que cada um dê o máximo, de acordo com sua possibilidade.

6 – Pois em verdade Eu vos digo: Recebereis uma Terra por um centavo, um Sol por um copo de água viva e lá sereis reis. Mas se o fizerdes pelo mais puro amor por Mim, aí sim Meus amigos, Eu vos prometo: Nunca vereis a morte ou senti-la-eis em vossos corpos. Pois a doce morte será um acordo sereno nos braços do Santo Pai e sabereis o que é ser um “amigo de Deus” por toda a eternidade. Isto Meus amigos, isto não podereis imaginar jamais.

7 – Agora Meu servo vos mostrará um homem pobre. Ele é duplamente pobre, no físico e no espiritual. Ajudai-o, tanto material como espiritualmente. O primeiro a fazer isto terá uma grande alegria. Atuai e não pergunteis a quem. Mas aquele que vos for apresentado, a este ajudai sempre. Ele é vosso irmão e não vos preocupeis por nada mais, se quiserdes ser filhos verdadeiros Daquele que permite que o Sol brilhe sobre bons e maus e que alimenta até os animais mais ferozes. Amém.

Eu, Jeová, vosso Pai. Amém. Amém. Amém.


Bailes e locais de diversão

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1840

1 – Isto Eu te digo, meu querido e preguiçoso servo, para que entendas o mal-estar que te ataca quando ouves falar dos antigos e novos locais de danças e diversão diversa.

2 – O teu mal-estar é bem compreensível, pois ele vem do espírito. Pois o baile e tudo o que o acompanha são uma vala aberta cheia de lixo. Os cassinos são um lixão cheio de anfíbios mortos, e o clube é um precipício em cujo fundo Satã depositou um tanque grande e ornamentado com flores, para que um nariz ainda um pouquinho espiritualizado não sinta o mal cheio do lixo em que se encontra.

3 – Com estas poucas palavras creio que já satisfiz tua sabedoria, mas Eu quero que teus amigos também obtenham uma explicação satisfatória e é por seu pouco conhecimento do Evangelho que devo dar mais explicações.

4 – Satã viu, com muito sofrimento e irritação, que algumas famílias virtuosas desta cidade não se dobraram a seus desejos, pois detectavam o mau cheiro que emanava de seus locais de diversão. Por isto ele inventou um meio no fundo do precipício. Ele colocou um tanque bem fechado na parte inferior (o precipício do inferno) e o cobriu com lindos assoalhos lisos. Toda saída foi ornamentada com flores bonitas e perfumadas, para que ninguém detectasse alguma coisa errada ou algum mal.

5 – Pois ele disse: “ Aqui vou preparar uma boa refeição para mim e começarei a viver da carne tenra das crianças. Já estou cansado de devorar somente as carnes endurecidas das prostitutas; estas deverão ser devoradas pelos meus anjos infernais. Eu vou me ocultar atrás das atraentes flores bonitas e perfumadas, lá, onde ninguém me notará. No momento em que uma criancinha, atraída pelas flores, se aproximar, eu a apanharei, engolirei e a digerirei, deixando seus restos como lixo no tanque e no precipício. Os pais que “se virem” para tirá-las de lá. Em verdade, retirar uma estrela fixa do firmamento lhes será uma tarefa muito mais fácil, do que recuperar esta criança do precipício”.

6 – Aqui tens a declaração bucólica de Satã. São suas próprias palavras e seu próprio plano. Qual satisfação Eu posso ter num destes estabelecimentos de prazer?

7 – Aqui vos mostrei o grande perigo em toda a Minha Verdade. Essas palavras vos diz o Pai que se preocupa com vosso futuro. Satã está a vossa frente, totalmente descoberto e com toda a sua maldade à vista para vós, Meus pouquíssimos filhos. Observai no fundo de vossos corações estas palavras que se originam em Meu Amor e na Misericórdia deste vosso Pai e estai sempre atentos, pois aquele que enxerga o inimigo pode fugir do mesmo. Ai dos cegos e surdos e dos que não querem se converter ao Meu conselho. Eu prefiro mandar todos Meus anjos aos infernos para converter os perdidos, do que dar uma só olhadinha de comiseração neste tanque imundo. Amém.

Atenção! Isto Eu falo Eu, o Deus da eternidade. Amém.


Um conselho importante para a educação

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1840

Uma mensagem em resposta a um irmão que deseja saber se poderia confiar a educação de seus filhos a um jovem professor.

1 – Dize a teu irmão que escutei seu coração e vi que ele era puro e decente. Vou dar-lhe o seguinte conselho:

2 – Ninguém pode dar o que não possui! Para educar, não basta um coração bom e cheio de boa vontade, mas sim um caráter por Mim educado e orientado. Pois se alguém nunca foi por Mim orientado e educado, se este alguém não sabe quem Eu sou e como atuo, como conseguirá educar as criancinhas?

3 – Por isto trata deste jovem como se ele fosse duplamente pobre. Podes deixar tuas crianças em suas mãos, para aprenderem a ler, escrever, fazer contas e as outras matérias mundanas. Mas no que Me cabe, na Minha alçada, ele nada poderá fazer. Quanto à educação religiosa que a igreja materialista exige, contrata um capelão inteligente; mas seus corações só tu deves ensinar, seguindo Meus ensinamentos.

4 – Com respeito ao jovem, ele tem o Meu amor para com todos os seres por Mim criados. Se desejar, poderá - como qualquer outra pessoa - facilmente encontrar Minha Misericórdia e nela a Vida Eterna.

5 – Leva-o para a presença de Meu servo, para que este lhe mostre o caminho. E se ele desejar andar no mesmo, isto lhe será de grande utilidade, na vida terrena e na eternidade.

6 – Mas não deve ser obrigado de nenhuma maneira, mas sim considerar o conselho de Meu servo como o meio mais elevado para chegar à bem-aventurança e para que Eu Me torne uma necessidade, mesmo que ele tudo possua.

7 – Tu, porém, observa-o sempre com um carinho severo. Mas se encontrares algo que te desagrade, fala com ele, mas sempre só em particular.

8 – Ele deve se orientar de acordo com os conselhos de Meu servo e deve te obedecer, só a ti. E esta obediência deve ser observada pelos teus filhos com relação às tuas determinações. Mas que tudo sempre seja iluminado pela Minha Vontade.

9 – Se tu Me obedeceres, os outros aceitarão as tuas determinações, e com pouco tempo podereis estar como um pequeno rebanho sob Minha orientação; Eu, que sou o único e verdadeiro pastor. Amém.


Sobre a visão espiritual e sua compreensão

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de julho de 1840

1 – Vede, ainda existem muitos segredos sobre Meus Ombros e muitas palavras em Meu Peito sagrado, cheio de vida, força, Amor, Misericórdia e graça, dos quais não tendes a mínima noção e sobre os quais diríeis “ O que eu não sei, não me atinge”. Sim, isto provavelmente está correto e esta afirmação seria aplicável em muitas ciências mundanas, mas jamais para a Minha enorme Misericórdia, infinita no infinito de todos os infinitos, a fim de dar-vos cada vez mais a bem-aventurança que aumenta cada vez mais no íntimo de tudo e todos.

2 – Amigos, acreditai, sou Eu quem voz diz tudo isto. Acreditai, mesmo que eternidades passem, um dia chegará em que direis: “ Não haverá um único número, por mais ínfimo que seja, com o qual poderemos comparar nosso conhecimento ao de Deus? ” E uma voz sairá de vosso peito, esta voz que se origina em Meu coração, e responderá: “ Não existe tal número. Por toda a eternidade vossa sabedoria será nada, mas Eu sou tudo no todo. Vós podereis ser tudo em Mim e por Mim, por vós e em vós, porém, jamais .”

3 – Vede, é por isto que Eu ainda tenho muito a vos dizer, coisas que não disse mesmo aos apóstolos, pois não o suportariam, já que eram quais frutos temporões, amadurecidos pela Minha presença física. Mas vós, que Me amais e tendes fé mesmo sem Me ver fisicamente, estais prontos para ouvir algo bem mais importante e maior. Por isto vos contarei mais coisas, coisas que farão que vosso espírito se espante e fique maravilhado. Observai bem o que Eu vos vou dizer e guardai-o bem em vossos corações.

4 – Vede, tudo o que jamais pensastes ou sonhastes, o que estais a pensar ou sonhar e tudo o que pensareis ou sonhareis no futuro jamais se perderá; tal como aconteceu em vosso íntimo, um dia vereis acontecer de fato e logo reconhecereis a ação, e isto vos alegrará ou entristecerá. É necessário tocar neste assunto, para que vosso entendimento futuro se concretize. Pois aquele que existe e atua em seu interior, este jamais conseguirá entender seus próprios pensamentos, desejos e tendências.

5 – Vede, em vosso espírito está enterrado todo o infinito em totalidade e cada partícula específica do mesmo. Esta é a razão por que podeis imaginar infinitas terras, sóis, árvores, pessoas, animais, etc. Quero dizer que conseguis multiplicar ao infinito todas as terras, sóis, animais, vegetais, etc, etc; pois se não fosse assim, vossos pensamentos em pouco tempo acabariam. Vou explicar como isto acontece:

6 – “Se colocásseis dois espelhos bons, um na frente do outro, um se refletiria totalmente no outro. Este reflexo se refletiria por sua vez ao outro e assim em diante infinitamente. A em B, B em A continuamente. O mesmo acontece convosco. Vossa alma é um tal espelho para o mundo exterior e vosso espírito o é para o mundo interior espiritual. Esta é a razão por que cada coisa se encontra em vós infinitamente, como também para o espírito, o qual obtém rapidamente o que desejou ou pensou”.

7 – Vós, porém, sabeis que quanto mais limpo e polido o espelho é, tanto melhor é o reflexo que ele apresenta. Assim, se polirdes o espelho de vossa alma com a humildade, para que ela se torne uma superfície lisa onde qualquer elevação lhe tenha sido retirada, logo começareis a perceber coisas maravilhosas em vós: pela alma, as coisas exteriores; pelo espírito, tudo que vem de Mim. Notareis também que de fato alma e espírito são o total conteúdo de cada objeto.

8 – Aqui vai um exemplo: Se vós pensais numa pedra, numa árvore, em um animal ou qualquer outra coisa, conseguireis ver o seu exterior em primeiro lugar. Mas se a luz do espírito se derramar sobre a alma e iluminar esta figura completamente, vós podereis então ver este objeto na sua totalidade. Quando este espelho da alma se tornar bem brilhante pela luz do espírito, as partes internas começarão a se refletir na alma e se tornarão visíveis a vossa razão, como se as tivésseis vendo com vossos olhos físicos. E se desejardes conversar com um destes objetos, Meu espírito que está em vós – para o qual tudo, do maior ao mais infinito, não passa de pensamentos materializados – penetrará no objeto pensado e falará de sua fonte interna e original.

9 – Eis a explicação clara e simples de como Adão, Abel e muitos outros conseguiam falar com toda a criação e de como vós podereis vos comunicar com o mundo espiritual, se o desejardes de verdade.

10 – Por isto deveis “polir” vossa alma com muita vontade, pois ainda existem muitas coisas que vão dar testemunho de Mim. Mas ainda sois demasiado insensatos e disparatados para verem o Meu Nome na Criação. Por isto poli, limpai, lapidai vossa alma, que em pouco tempo começareis a ver e entender o mundo de uma forma bem diferente, e a Minha maravilhosa Criação não terá fim aos vossos olhos.

11 – Um bom escrevente vá com Meu servo para junto de uma rocha ou outra coisa da natureza, e Eu farei com que ela fale por intermédio de Meu Servo (Jacob Lorber). O que for dito o escrevente deverá anotar e redigir como testemunho de Minha Palavra.

12 – Pois nada importa o lugar e o tempo que algo ocupa no espaço, mas sim tudo depende de como vossa vida é fora do espaço e tempo, quero dizer, no eterno ser. Com os olhos físicos vós conseguis ver as coisas que se encontram em vosso mundo exterior. Com os olhos da alma que se encontra em vós e com os olhos do espírito vós observais tudo, desde o centro das coisas e também do centro de vosso lar. Mas somente com a aproximação de Meu Espírito é que tudo se tornará vivo e falará convosco.

13 – Eu, vosso Santo Pai, vos mostro muitas coisas. Por isto, sede ativos em vosso amor, para que Minha Misericórdia não fique no meio do caminho. Amém.


Uma Palavra sobre um pedido

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de julho de 1840

Senhor eu te agradeço humildemente pela Espanha. Posso continuar a orar pela mesma? E eu estava certo em ter orado pela mesma?

1 – Por acaso não dizes: “Se a arte começa a brigar pelo pão, ela é de pouco valia”, e ainda: “Não se dá à arte o pão, só após ela ter encontrado a sua verdade”?

2 – Como achas que seja Meu serviço no momento em que Meus servos começam a brigar por assuntos mundanos, por pão, ouro e poder na Terra?

3 – Não existe nenhum país como o que tu mencionaste (Espanha) que tenha promovido a prostituição de tal porte, tanto física como espiritual, e que tenha queimado e assassinado Meus filhinhos em todos os tempos. Se pudesses contar, como Eu contei, quantas jovens inocentes foram violentadas e logo depois enterradas vivas ou emparedadas por hordas de falsos monges, quantos rapazes foram sacrificados por rituais impudicos e sodômicos, quantos milhares e milhares de ações inimagináveis de violência, mentiras e terror foram acobertadas pelas assim ditas razões religiosas e espirituais, para conseguir se obter uma mísera vantagem temporária, como se amaldiçoava publicamente a Minha Palavra escrita (Bíblia), pois ela não combinava com todo horror que lá se praticava em Meu Nome..., então tu claramente verias pelo que Meu trabalho lutou.

4 – E já que cada operário deve receber pelo seu trabalho, Eu dei a estes operários o seu salário há tempos já merecido.

5 – Que tenhas orado de vez em quando foi muito bom. Faze sempre o mesmo, mas com continuidade. Tu obterás muitas vantagens, se praticares em meu Grande Amor. Mas sempre tem em mente que Meus julgamentos sempre são corretos e que só se abatem sobre os que há muito o merecem.

6 – Se Huss (um reformador tcheco) não tivesse sido tão teimoso e tivesse seguido Meus conselhos - como fez Nicolau Copérnico, um matemático muito inteligente no estudo da Minha Criação - ele não teria sido morto na fogueira. Pois Eu falo: “Deveis sempre enganar Satã com a esperteza de vossa mansidão”. Amém. Eu, o juiz correto. Amém.


Um Evangelho de uma fonte de água

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de julho de 1840

Lorber e três escreventes estão na nascente de uma fonte nas cercanias de Graz, onde o Senhor fala pela fonte:

1 – Antes que eu (a fonte) vos mostre minha essência, é necessário que vós saibais de onde e como eu me origino.

2 – A mais de 4.000 braças de profundidade, em direção ao nascente do sol, existe, entre várias montanhas, uma larga e grande abertura criada pelo fogo divino. Lá nesta abertura juntam-se todas as águas que foram captadas do ar pelas montanhas. Como este grande buraco está sempre cheio de água, com o peso das montanhas (que são em grande quantidade), as águas subterrâneas emergem nesta abertura que estás vendo neste momento e também afloram ainda em outras várias aberturas maiores ou menores. Vede, eu sou levada da superfície às profundezas da Terra e não sou jogada sobre a mesma direto da atmosfera, como muitos de vós acreditais. Isto acontece porque a base desta minha morada subterrânea é composta de rochas duras e impermeáveis, nas quais eu me encontro como que descansando num caldeirão.

3 – Mas neste caldeirão existem três veios do tamanho de um braço de um homem, os quais se alastram embaixo destas montanhas, a três milhas de profundidade, em direção norte. E lá se encontra um caldeirão cheio de água, muito maior, o qual também foi criado pelo fogo divino no momento da criação desta cadeia de montanhas. Este fogo divino é o mais puro amor do Pai.

4 – Este fogo permaneceu queimando no interior desta abertura por muitas e muitas centenas de anos. E quando a água avançou pelas brechas criadas por este fogo, eu quase fui destruída e vaporizada. E minha força em descanso (pressão da vaporização) foi ativada pelo fogo e eu precisei auxiliar no transporte da água para a superfície. Mas as brechas ficaram maiores, e a água conseguiu ocupar espaços cada vez maiores e pôde assim acalmar o fogo que chamava pelo Amor do Pai. Mas como o fogo ainda representava uma grande parte da ira divina, começou a se apagar lentamente, e isto ainda durou mais de duzentos anos.

5 – Mas finalmente, quando pela Vontade do Senhor as montanhas adquiriram o tamanho, formato, altura, largura e peso desejados, o grande Amor enviou um pequeno anjo e apagou totalmente o fogo.

6 – Ninguém se atreva a duvidar da existência destes pequenos anjos que dominam tudo pela Vontade do Pai. Pois sob o amoroso poder do Eterno existem hordas e mais hordas destes pequeninos auxiliares, cujo maior prazer é satisfazer os desejos do Amor do Senhor, em todos os lugares e ocasiões, e o Pai alegremente lhes permite atuar.

7 – Para que vós me enxergueis desta maneira, eu me esguio por pequenas veias e por mais de cem braças, até o lugar que chego à superfície e me apresento a todos. E se não houvesse um espírito pleno de boa vontade a me acompanhar na minha viagem, se ele não limpasse os caminhos que devo seguir, desde há muito tais caminhos já teriam sido destruídos ou obstruídos pela minha grande falta de jeito. Mas este espírito que me foi designado mantém estes caminhos limpos e desobstruídos por milhares de anos, numa ordem bonita e suave. Daí muitos vêm me visitar pela minha beleza, pureza, meu alegre frescor e limpidez. Eles também devem se lembrar (se tiverem um mínimo de fé em Deus) que a introspecção pura e luminosa só acontece no silêncio e na calma da solidão, o que junto a mim podem encontrar.

8 – No passado moravam nesta vizinhança várias pessoas piedosas, em cujas mentes Deus era o mais puro amor, e que atuavam neste amor divino. Estas pessoas vinham, diariamente a este lugar com seus corações cheios de fé e amor. E quando tinham ofertado o seu dia ao Senhor e se encontravam em oração, meditação e humildade, sempre aparecia na direção do monumento (que infelizmente foi destruído faz pouco tempo) este meu espírito guia. Ele ensinava estas pessoas piedosas sobre o amor divino, sabedoria, obediência e humildade, também sobre o grande Amor de Deus e muitos segredos e maravilhas da natureza.

9 – Estas pessoas conversavam por horas com este espírito. Ele só se afastava, se uma tarefa urgente o chamava. Vós deveríeis ter estado aqui e visto meu espelho d’água, então teríeis visto que ante Deus tudo é alegria, tanto em dar como em receber. Eu vos afirmo, mas, por favor, não acheis graça, que eu pulava feito uma bailarina na minha pequena bacia, e as pessoas riam e aplaudiam.

10 – Mas as pessoas que agora aqui moram, muito mais materialistas que as pedras envelhecidas que me rodeiam, não mais podem assistir este espetáculo alegre e natural. Pois aquele que não vivificou a vida do seu espírito pela influência dos espíritos divinos, pela humildade e obediência, este só tem uma vida material e só é entretido pelos espíritos da matéria, que chegam a ele através da alimentação e bebida . Uma pessoa igual a esta, que eventualmente volta à matéria, não consegue ver, ouvir ou sentir nada com sua mente material a não ser matéria, matéria e matéria.

11 – Bem diferente acontece com uma pessoa espiritualizada que é humilde e obediente. Esta não vê somente a matéria, mas sim vê na mesma o seu bem conhecido espírito vivo e sábio; vê na natureza não apenas a matéria mais grosseira, mas sim muitos espíritos da natureza, de onde obterá grandes conhecimentos.

12 – Enquanto estiveres a olhar meu espelho d’água, podereis descobrir um sem fim de movimentos em minha superfície, mas especialmente um bem organizado movimento circular que se origina de meu interior; pode haver um outro desorganizado, sem forma regular, que não é constante e que irá perturbar minha superfície por motivos externos.

13 – Se vós não estivésseis tão mergulhados na matéria, veríeis no primeiro movimento não só uma agitação ordenada material, mas descobriríeis mensagens maravilhosas escritas pela mão de Deus. Já que não sois videntes, farei um pequeno resumo deste ABC espiritual e seu significado mais profundo.

14 – Este movimento circular se forma de uma pequena bolha material-espiritual que vem de meu interior, pela qual (não vos surpreendais com o que vou dizer agora) é libertado um espírito amansado que se libertou da matéria morta. Não fiqueis surpresos, mas uma vez vosso espírito (a alma) se libertou da mesma maneira da matéria, e mesmo em vós (que sois uma outra classe de matéria, mas sois matéria) um dia deverá fazer o mesmo: do intimo da matéria para o exterior, para vossa superfície, e que lá se revelará num movimento circular semelhante, em volta de vosso ser, que como já disse é matéria, para colocar o mesmo em atividade ordenada, como acontece com minha superfície . Que meu exemplo vos sirva, para que reconheçais que esta vida espiritual divina fica cada vez mais linda e pura, quanto mais vos afastais das atrações malignas do mundo.

15 – Esta pequena lição que aqui obtivestes é o que eu posso vos informar nesse momento. Mas no momento em que começardes a observar estes movimentos circulares regulares em vossa superfície, cheios de vida e felicidade, tal como estais a ver em meus espelhos d’água, então voltai para cá, para que aprendais mais e mais sobre o Amor e o poder divino que vos estarão sendo revelados na minha superfície. Amém.


A vida de uma árvore

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de agosto de 1840

Na floresta Freiberg, em São Leotando, perto de Graz, composta de pinheiros, foi revelado a Jacob Lorber:

1 – Aqui nessa floresta em que vós vos encontrais e no seu interior, no qual desejais adentrar, já existiram outras florestas por dez vezes, e cada uma sempre composta com o mesmo tipo de árvore, cada qual combinando com a natureza do solo local, pois nenhuma outra árvore diferente conseguiria se desenvolver aqui.

2 – Pois vede, cada árvore está em seu lugar e espalha suas raízes no solo, raízes grandes e pequenas raízes chamadas capilares, que se distribuem no solo poroso do local. A cada árvore é dada uma alma vegetativa, ou - como compreendeis mais facilmente - cada árvore possui um espírito mudo; ou seja, em cada árvore habita um espírito silencioso.

3 – Este espírito é dotado por uma inteligência bem simples. Com este meio que Eu lhe outorguei, ele reconhece na natureza o alimento a ela destinado e cria mais raízes. Nestas ele também habita confortavelmente e com muitos braços, segundo Minha vontade. Com estes milhares de braços, ele suga a seiva e a leva até a copa, para todos os seus galhinhos.

4 – Porém aqueles sucos que ele debaixo do solo reconhece como sendo úteis para sua natureza, ele os segrega nos galhos, direcionando-os às diferentes partes. Os mais espessos vão para o tronco, e mesmo lá os mais impuros são depositados na crosta, que é um vestido ou a pele da árvore.

5 – Os mais fluidos são utilizados para a criação dos galhos. No local onde emerge um galho, podereis ver uma massa bem mais compacta e que vai até o centro do tronco. Isto acontece devido à simples inteligência do espírito da árvore, que tomou os canudos dos galhos, cerca de dez vezes mais finos que os do tronco. Por estes tubinhos tão finos, somente sucos bem mais fluidos podem passar, os quais são muito mais substanciais.

6 – Quando observais os galhos, podeis observar uma grande quantidade de raminhos emergindo deles. Ali também acontece o mesmo, como foi entre os galhos e o tronco. A seiva nos ramos é então novamente dez vezes mais forte, do que a que vai do tronco aos galhos.

7 – Destes ramos, seguindo uma ordem severa, ficam abertos vários tubinhos dos quais se originam as folhas ou agulhas, de acordo com o tipo de árvore. A seiva aí é novamente dez vezes mais fina. Quando esta folha adquirir o seu tamanho original, então estes canais que vêm dos ramos serão obstruídos lentamente, deixando somente um aberto, para que a folha seja alimentada.

8 – Finalmente este único canal será fechado. E como esta folha não tem mais alimento, ela cai seca e morta da árvore.

9 – Na parte mais externa dos ramos encontram-se milhares de minúsculos órgãos que possuem uma vida animal. Quando os sucos chegam a este ponto, lá acontece formalmente uma luta, uma guerra, pois o espírito, na sua impureza, quer abandonar a prisão (a árvore), quer se libertar e abandonar a matéria da árvore. Mas nesta ocasião os canais se estreitam de tal maneira, que impossibilitam sua passagem.

10 – Já que com isto, na sua curta inteligência, o espírito se dá conta de sua prisão, ele lentamente abandona seu desejo de fugir e se refugia na humildade, e assim todo o seu ser começa a se transformar em amor.

11 – Quando tal acontece, estes órgãos estreitos começam a amolecer e se estender por causa do calor do amor, e o espírito fica etéreo e realmente vivo.

12 – Após isto acontecer, ele - com sua inteligência bem mais evoluída - pensa na bondade do amor, se coloca na parte mais externa destes órgãos e se transforma em fruto da árvore. Após ter se tornado este minúsculo fruto, invisível aos vossos olhos físicos, Eu permito que uma pequena centelha seja insuflada no mesmo pelo Meu Amor misericordioso e pelo calor do Sol.

13 – Ele se apodera avidamente desta minúscula centelha e a envolve numa pequena bolsa. Quando este casamento de espíritos da natureza se realiza, então a flor, o órgão da procriação, é criada. Logo a seguir, o fruto correspondente à arvore será levado ao amadurecimento pelo aumento gradativo do calor do amor da centelha.

14 – Às vezes acontece que este local onde acaba o canal é esquecido pelo espírito, devido a sua falta de atenção. Então esta pequena centelha foge, após um certo tempo de espera, de volta para sua origem. Daí os órgãos a fecham e não dão mais alimento a esta base do fruto, o qual logo murcha, morre e cai da árvore.

15 – No fruto perfeito, esta pequena centelha de amor é envolta numa bolsinha e colocada bem no centro da semente, onde permanecerá protegida. E como é uma centelha que se origina no Meu Amor misericordioso, ela assim contém - como a sua origem primária que sou Eu - a vida e o infinito, desde o mais minúsculo átomo ao maior do universo.

16 – Vede, aqui, pois, tendes uma árvore, ou quantas vós desejais em todo o seu ser. Agora tenho que vos mostrar a sua criação e o seu fim.

17 – A criação de uma árvore é bem simples: uma destas sementinhas cai ou é colocada no solo. Quando se encontra no solo, ele chama um destes espíritos primitivos (da natureza), para que entre nele e com isto este espírito recebe o primeiro hálito de vida e a inteligência mais ínfima de todos os seres. Como este está muito zangado, deseja apoderar-se e matar aquela centelha divina que se encontra na semente, mas a centelha sempre foge com sua aproximação. Por isto este espírito procura no solo seus semelhantes e aumenta cada vez mais, o que podeis observar facilmente no crescimento das árvores. O crescimento de uma árvore se deve a esta perseguição assassina de um espírito ou de uma legião de espíritos.

18 – A centelha foge deste espírito cada vez mais para cima. No seu ódio, milhões e milhões de espíritos (atraídos pela centelha) se endurecem e tornam a ser uma matéria morta e silenciosa, o que podeis observar na madeira e na crosta da árvore. Com esta longa perseguição, estes espíritos começam a ficar humildes, conseguem se unificar com a centelha e assim obtém sua liberdade.

19 – Um espírito como aquele que, com amor e humildade, conseguiu unir-se a esta centelha viva, se torna etéreo e livre com o amadurecimento do fruto e entra numa inteligência mais elevada, de acordo com Minha Ordem eterna. Assim, sobe a escada, podendo até alcançar o estado humano ( ao ser consumido).

20 – Quando, por meio desta árvore, for libertada uma boa quantidade deste tipo de espíritos primitivos e quando estes espíritos libertos de vários tipos de árvores se unirem em amor, de tal maneira que eles representem um espírito mais evoluído, eles então serão transferidos para o reino animal e assim elevados ao segundo degrau evolutivo.

21 – Se estes espíritos do mundo animal novamente se unirem por amor, este novo espírito poderá galgar mais um degrau e tornar-se um espírito bem primário (seria a alma) de um humano, do qual poderá se libertar e se afastar, para observar e ver, com todo o amor, sua Fonte Original: Eu. Um espírito deste tipo sempre será influenciado pela matéria, e somente com a nova ira dos espíritos deste humano, onde nenhum amor consegue dar frutos, um caminho longo e similar ao anterior será reiniciado.

22 – Uma árvore que acaba desta maneira, pois entregou seus elementos espirituais para um degrau superior, morre, seca e apodrece; ou - o que é muito melhor para ela - é queimada como madeira.

23 – Vede, este é o segredo da criação, crescimento e fim dos vegetais.

24 – Mas, como Eu disse no começo aqui, essa floresta é a décima que cresce neste local. Vou dizer-vos o seguinte: tantas vezes também esse solo esteve coberto de água, cem anos por vez, para acalmar o fogo satânico do inferno que aqui reinava. Por isto, se escavásseis só algumas braças, encontraríeis árvores bem conservadas, fósseis em camadas de 10, 100, 200 a mais braças de profundidade.

25 – Vede, tudo isto Eu faço por causa de um único anjo orgulhoso (Lúcifer). Eu vos digo: Jamais existiria uma Terra, um Sol, ou alguma outra matéria, se este anjo singular tivesse permanecido humilde. Somente por amor Eu, o Eterno Amor, preenchi o infinito com sóis e mundos, para poder salvar até o último átomo deste anjo caído.

26 – Pensai bem o que Eu fiz por vossa causa, o que ainda faço e farei por toda a eternidade. Amém.

Eu, o Eterno Amor. Amém.


Evangelho da videira

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de agosto de 1840

Numa vinha situada na vizinhança do mosteiro das carmelitas.

1 – No local em que vos encontrais havia, há algumas centenas de anos, uma densa floresta com vegetação rasteira. E há dois mil anos atrás as ondas batiam no sopé das pequenas montanhas e preenchiam os baixios.

2 – Esta elevação que se sobrepõe ao vale e onde desde muito tempo vinhas são plantadas foi criada da mesma maneira que as grandes montanhas: pela explosão de fogo do interior da Terra. Mas a sua superfície é composta por detritos de montanhas que os depositavam no baixio e também por aluviões.

3 – De acordo com Minha Ordem, sempre um degrau mais nobre da vegetação afasta um menos nobre, às vezes pela influência da atmosfera e especialmente pelos homens. Em qualquer lugar onde tenha havido uma floresta virgem com toda sua vegetação rasteira, lá o solo é enriquecido e fértil, pois esta vegetação anterior foi abandonada pelos espíritos que evoluíram e, como consequência, apodreceu e fertilizou assim o solo com seus elementos mais nobres. Nestes locais, os homens, sob Minha orientação, plantam vegetais mais nobres, e assim as inteligências apodrecidas e decaídas encontram um novo caminho para sua evolução.

4 – A vinha é um vegetal nobre e só o foi após o dilúvio misericordioso (na época de Noé), pois então Eu a modifiquei e a abençoei. Isto porque, quando foi criada, originária da vontade de Meu Inimigo, ela derrubou Adão, que vagava no mundo embevecido por suas tentações e totalmente afastado de Mim em seu coração, motivo pelo qual voltou para sua casa levando os frutos venenosos com os quais se embriagou.

5 – Devido a esta volta (motivada pela queda que a vinha lhe ocasionou), Eu, após o dilúvio, retirei o veneno de seus frutos e a abençoei quatro vezes. E também abençoei a água vinte e nove vezes. Com esta quádrupla bênção, a vinha pertence às mais nobres espécies vegetais.

6 – Porém antes de vos poder dizer algo nobre sobre sua composição interna, o mais profundo de sua fruta, tenho que vos explicar tudo sobre o que chamais de “composição botânica”.

7 – Em cada um de seus frutos encontrareis uma ou mais sementes de formato de coração. A partir deste formato de coração, quanto mais ou menos parecido com o mesmo, podereis deduzir a pureza e nobreza do fruto. Quanto mais parecido, mais nobre. Isto também acontece com o reino animal: quanto mais parecido ao vosso coração, tanto mais evoluído é o animal; assim também acontece com as sementes dos frutos do reino vegetal. Os espíritos unidos destes tipos de vegetais nobres podem pular etapas no reino animal e algumas vezes conseguem até alcançar o reino humano. E, além disto, eles têm a graça de alimentar a alma dos elementos aos quais servem de alimento durante sua jornada evolutiva.

8 – Frutos, cereais e outros frutos e vegetais mais nobres servem somente para o alimento do corpo, mas o fruto da vinha, quando usado em quantidades adequadas, serve para o prazer e alimento da alma.

9 – Vede, a semente da uva está situada no centro do fruto, como criança no ventre materno, e ela amadurece junto com a fruta. Então acontece que, pela medula da videira, sobe um suco etéreo como fogo. Quando observardes a videira, vereis que ela está cheia de ramificações. Em cada uma destas ramificações, o canudo que leva este suco fica cada vez mais fino e leve. É quando chega ao local onde se estabelece o início da divisão em tantas partes quantas sementes encontrardes na uva, pois cada uma delas está ligada a um destes canudos.

10 – Mas não é só a semente que é crida por este suco de fogo e também não somente o elemento oleoso que se encontra no interior da semente. Dentro deste elemento oleoso encontra-se ainda um saquinho muito tenro e frágil, que é mui pequenino e ocupa somente dez milésimos deste órgão oleaginoso. Esta bolsinha é, pois, preenchida pelo suco ardente da misericórdia.

11 – Após acontecer isto, é fechada totalmente. Em volta da mesma formam-se canais secundários que a envolvem totalmente e lhe dão um gosto adocicado, pois está plena de Meu Amor misericordioso, ainda que tudo tenha se originado de plantas não-nobres.

12 – Ao término desta segunda etapa, então este casulo e seu invólucro serão novamente fechados. Aí é que se forma a semente dura, o que acontece da seguinte maneira: como o casulo está cheio do suco, este destrói as paredes do mesmo no local onde ele está mais fraco (onde foi amarrado) e corre, cheio de amor e felicidade, a juntar-se ao fruto oleoso, que é sua vida e seu altar.

13 – Quando este núcleo tiver adquirido uma certa solidez, ainda está fluindo suco para ligar-se ao mesmo. Mas este suco só encontra seus semelhantes e não mais encontra o calor do amor misericordioso, então novamente ele explode o casulo e começa a envolver o núcleo como um lagarto.

14 – Mas ao mesmo tempo, por canais maiores que se originam diretamente da videira, se forma uma bolsa maior, e tudo isto acontece pela inteligência simples dos espíritos desta planta.

15 – Quando esta bolsa adquirir uma determinada solidez, a bolsinha oleosa explode e se veste para o interior desta nova bolsa. Como esta está com um líquido mais seco e áspero, o que é necessário para que a bolsa consiga a solidez exigida pela natureza, ela se encontra, pois, com dois tipos de fluidos: um doce e oleoso, outro seco é áspero. Esta é a razão por que uma uva não madura tem um gosto bem ácido e com cica.

16 – Com o tempo o ácido e seco vai sendo derrotado pelo doce e gostoso, sendo gradualmente deslocado para a parte externa da bolsa. Isto vos sirva de exemplo, pois em primeiro lugar a vida evolutiva é conservada na total liberdade e depois, lentamente se torna um núcleo no centro de tudo. E o que não é bom, o que não foi evoluído, também começa a melhorar. No fim, também faz parte indispensável da fruta nobre e espiritual.

17 – Quando observardes a vinha, vereis nela folhas, galhos e também muitos braços. Podereis descobrir nesta planta muito mais características animais do que em qualquer outra.

18 – Estes braços se formam da mesma maneira que a uva, mas eles ainda possuem muita pouca bondade e pouco amor em seus espíritos, como consequência, muito pouca vida para tornar-se fruta. Quando se dão conta disto, e quando alcançam o tamanho devido, eles, na sua pouca inteligência, acham que a centelha da vida fugiu. Então começam a se estender, até tocarem em algo. Eles acham que é a vida e rapidamente se enroscam nela, para que não fuja de novo. Não se dão conta que, ao invés de vida, abraçaram a morte e lentamente vão a encontro da mesma.

19 – Isto vos sirva de alerta, pois aquele que deixar de lado o seu interior, pensando encontrar a vida no amplo universo, este homem estendeu seus braços e seus olhares para a morte, enquanto que Eu constantemente vos ensino que o mundo é cada vez mais belo e cada vez mais iluminado, quanto mais vós vos afastais do mesmo. Vós podereis concluir isto quando observardes um local à distância. Uma montanha distante vos parece algo lindo e digno de admiração, mas o que vos parecerá quando chegardes à mesma e verdes que ela nada mais vos dá além da visão linda de uma outra montanha distante?

20 – Vede, é por isto que quanto mais vos retraís do mundo e bem vos afastais do mesmo, mais ele vos parecerá bonito e mais evoluído. Só então aquele que observa Minhas obras terá prazer.

21 – A vida existente no interior é a morte do exterior. Quem anseia pela vida e a alcança, a este tudo se ilumina e se torna vivo. Pois quem possui a vida, este vivifica com seu hálito tudo que o rodeia, e ao vivo, a morte deve entregar seus prisioneiros.

22 – Mas aquele que procura no exterior, seja o que for, este procura a morte. Ela logo alcança o primeiro que apresenta o que nele se aloja; para um é isto, ao outro aquilo, mas tudo não passa da mera morte. Esta pessoa destrói sua vida, fica cada vez mais fraca e no fim morre totalmente. Como consequência, tudo é morto para ele, nada mais é considerado vivo. Esta é a razão por que tantas pessoas me perdem de seus corações, como algo que não existe e que jamais existiu, a Mim, que sou o Princípio e o mais elevado Criador da Vida.

23 – Vede, Eu já vos tinha mencionado algo sobre o evangelho das plantas, e aqui está um pequeno evangelho da vinha. Vamos, então, continuar com esta mesma vinha.

24 – Como já vos contei na criação e crescimento de uma árvore, aqui encontramos uma busca bem maior: a centelha misericordiosa que se encontra encerrada no núcleo da semente. E quando estes espíritos primários da natureza pressentem a presença desta centelha no casulo central da vinha, todos correm para juntar-se à mesma. Quando a centelha se elevou a uma certa altura, rápida feito um relâmpago, ela se apodera destes espíritos primários dos casulos secundários, mas estes não se dão conta disto e continuam a perseguir a centelha sem saber para onde esta vai. Mas a certa altura se encontram em algum lugar, explodem em sua potencialidade e iniciam o talo de uma folha.

25 – Após procurarem a centelha da vida neste talo, eles começam a interrogar sua inteligência simples e assim se estendem para todos os lados, à procura do objeto de seu amor. É assim que se forma a folha com suas nervuras.

26 – Nada, além de sua esperança errada, faz com que eles corram em todas as direções. E quando a centelha descobre que já existe suficiente massa na folha, ela fecha os casulos, só deixando aberto o meio. Isto alimenta a folha até seu fim, quando a pequena centelha novamente foge e o processo se reinicia.

27 – Cada membro de uma vinha é assim formado.

28 – A formação das folhas serve para que a centelha possa prosseguir seu desenvolvimento numa agradável proteção e também para extrair da luz que ali se de seu núcleo. Lá há a seiva etérea do sol misericordioso, que ela tanto precisa e que é de fato a bênção quádrupla já mencionada.

29 – Esta bênção é que será o espírito do vinho, quando a uva madura for espremida. Mas isto não acontece antes que o suco tenha expulsado de si todas as impurezas. Só então o espírito aparece no vinho.

30 – Aqui podeis ver um parâmetro de como a matéria só consegue se tornar pura e limpa, após ter feito um grande esforço para livrar-se de todos os parasitas (claro que só consegue com a Minha poderosa ajuda). Só então a uva (que aqui é o símbolo da matéria) se tornará pura e transparente no tonel ou garrafão.

31 – Com uma retirada similar, do mundo para o vaso da humildade, também vossa matéria será purificada pela influência do espírito cada vez mais ativo. Nesta humildade acontece a mesma fermentação que acontece nos tonéis de vinho, onde todas as impurezas mortas do mundo são devolvidas ao mesmo. A vida, unificada com a sua matéria santificada, se torna igual a um bom vinho no vaso da humildade eternamente cheia de poder e força.

32 – Isto é o que podeis aguentar de informação sobre a vinha. Muito ainda existe oculto, mas ainda não estais preparados para absorver. Mais tarde conseguireis entender e então vos será dito pelo Meu servo (Jacob Lorber) ou na vossa voz interna, se estiverdes atentos para ouvi-la. Amém.

Um crime

Recebido por Jacob Lorber,em 09 de agosto de 1840

1 – Vou contar-lhes sobre um crime que aconteceu aqui (na vinha perto de Graz) há mais de setenta anos. Mas não deveis usar o mesmo para nada no futuro.

2 – O proprietário deste local tinha uma legítima esposa, com a qual vivia em desarmonia por mais de três anos, devido a uma linda prostituta.

3 – Ele tinha uma casa na cidade e lá morava, mas deixava sua esposa e filhos aqui no campo, por causa de sua impudicícia.

4 – Após ter dilapidado sua fortuna própria, quis apoderar-se dos bens de sua mulher, pois a atraente prostituta não mais o queria, por estar arruinado.

5 – Por isto veio para cá e atormentou sua mulher, para que ela lhe entregasse sua fortuna. Como esta se negou sob todos os tormentos, ele achou que conseguiria arrancar-lhe o documento, aplicando-lhe a tortura.

6 – Era justo nesta época do ano, e às nove horas da noite ele começou com a tortura. Ela se defendia como podia, e como nada a demovia, ele apanhou uma corda, a colocou no seu pescoço e começou a enforcá-la, achando que ela cederia no temor da morte.

7 – Mas ela, em seu coração religioso, tinha firmemente decidido não apoiá-lo na sua impudicícia. Por isto ele a torturou até meia noite, quando ela expirou sob fortes dores.

8 – Quando ele viu que ela estava morta, ele se assustou e desmaiou.

9 – Mas finalmente, com medo da justiça, ele cavou uma sepultura, a jogou na mesma e a enterrou. Tudo isto debaixo da prensa de vinho, aonde quase ninguém chegava. Aos parentes e amigos ele mentiu, dizendo que a esposa o tinha abandonado.

10 – Foram feitas algumas investigações pela polícia local (a seu pedido), mas nada foi encontrado.

11 – Naquela época estes crimes eram facilmente ocultos, pois ninguém sabia bem quem era o senhor e quem era o servo.

12 – Bem, eis a história. Mas não vos preocupeis em saber os nomes das pessoas, não é de vossa alçada, pois em Meu livro tudo está anotado e nem a asa de uma mosca é perdida.

13 – Essas linhas contém um ensinamento grande, com respeito à maldade que existe no ser humano, mas ela é dura de se engolir. Por isto só ouvi e ainda não procureis entender. Amém. Amém.


O essencial (sobre o crime)

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de agosto de 1840

1 – Prestai atenção vós, abelhudos, surdos e mudos! Achais, pois, que eu seja um contador de histórias de fadas, feito uma velha avó, ou um fofoqueiro tolo, como vós o sois, pois dos milhares de palavras com que poluis a atmosfera, nem meia palavra tem algum valor? Eu não sou nada disto! Minhas palavras possuem poder, força e vida e são essencialmente verdadeiras.

2 – Quando Eu vos der uma visão que se coaduna com momento que estais vivendo, não deveis pesquisas sobre o ato que já aconteceu há mais de setenta anos, mas sim deveis vos esforçar e pesquisas pelo Meu Reino, o qual eu vos apresento das mais variadas formas, para tornar vosso coração mais aberto e sensato. O mesmo Eu fiz para os apóstolos, quando conviva fisicamente com eles.

3 – Como sois tolos... Eu vos apresento os tesouros mais lindos do céu, mas vós correis atrás do lixo e dos excrementos, despertando com isto os vermes. Tolos! Por acaso achais que Eu vos darei material para um julgamento mundano? Vós vos enganais totalmente a este respeito. Eu próprio sou o juiz e não preciso de vossos julgamentos mundanos. Pois aquilo que for por Mim julgado, o será pela eternidade. Vossos julgamentos, porém, são injustos e cheios de maldade (não existe amor) e destroem espiritualmente tudo que julgam.

4 – Eu, porém, julgo a cada um de acordo com o seu amor, não como vós, que na vossa cegueira matais tudo aquilo que julgastes ruim.

5 – Este é o motivo que não deveis julgar jamais, para que não sejais julgados, mas sim deveis ensinar, melhorar e desfazer a maldade dos ladrões, assaltantes e assassinos.

6 – É por isto que Eu vos dou este conselho, para finalizar o assunto: Lede este crime como uma parábola e procurai a vós mesmos nela, na humildade e no verdadeiro amor por Mim. Aí sim Eu chegarei ao vosso auxílio e vos guiarei na Minha Misericórdia. Pois vossos corações devem ser educados, e os sentidos de vossos espíritos esclarecidos e ensinados. E com isto, todo vosso ser será vivificado em Meu Amor.

7 – Deixai que os mortos permaneçam mortos, não vos preocupeis com os seus nomes, mas sim desejai de todo coração que vossos nomes constem em Meu livro, no livro da Vida. Ansiai acima de tudo pelo Meu Reino e a sua verdade eterna. Tudo o mais vos será dado na hora certa. Amém. Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém.


Ficai despreocupados

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de agosto de 1840 – à tarde

Neste dia um amigo de Jacob Lorber recebeu uma carta de um desconhecido. A carta dizia o seguinte: “Mui nobre senhor! Os escritos que forem enviados ao exterior para serem impressos também devem ser submetidos à censura, como manda a lei. Como fomos alertados de sua intenção por um funcionário (a impressão das obras de Lorber), eu o alerto, ao senhor e aos seus companheiros, com toda a minha consideração, para não desobedecer estas leis e não se expor a situações desagradáveis”.

Jacob Lorber e seus amigos apresentam então ao Senhor a seguinte pergunta:

Senhor nós te pedimos humildemente, cientes de nossa fraqueza pela qual não conseguimos realizar nada, mas certos que com Teu Amor somos capazes de fazer tudo de acordo com Tua santa vontade. Tu conheces tudo que fazemos e que deixamos de fazer, e sobre nossa cabeça não existe um fio de cabelo que não tenha sido contado. Tu sabes que o mundo não mais exerce nenhuma atração sobre nós, especialmente os eternamente agitados assuntos políticos. Sabes que só procuramos seguir tua Palavra Viva, que levamos uma vida calma e silenciosa - de acordo com Tua amorosa orientação - e que desprezamos todos os assuntos materiais. Dize-nos, por favor, o que existe por detrás desta carta. Bondoso Pai, eterno Amor em Jesus Cristo, ouve nosso pedido! Tua vontade se faça! Amém.

A seguinte resposta foi dada:

1 – Escreve: Eu afirmo que não é nada! Mas quando uma grande luz se derrama dos céus mais elevados sobre a Terra, como seria possível que não fosse detectada? Vede, um lampejo de um longínquo sol bem fraquinho é visto por vós na Terra; então como seria de se esperar que esta luz infinitamente grande não fosse vista, que chegasse a Terra sem ninguém tomar conhecimento?

2 – Mas não vos preocupeis. Tudo acontece de acordo com Minha Vontade. A nenhum de vós um único fio de cabelo será entortado sem o Meu consentimento. Por isto, permanecei alegres e de bom humor. Eu estou convosco sempre!

3 – Amai somente a Mim e sempre olhai em Minha direção. E tornai vossa confiança mais firme que um diamante, pois aquele que construir em Meu solo, terá uma construção firme. Eternidades não conseguirão destruir nenhum cômodo da casa que foi construída no Meu solo e no verdadeiro Amor por Mim.

4 – Em verdade Eu vos digo: Toda a Terra terá desaparecido feito pó com todas as suas maravilhas materiais. Sim, em todo o infinito cada sol terá desaparecido, mas aquilo que Eu falei permanecerá vivo em espírito e substância, enquanto Eu, Deus eterno e infinito, existir.

5 – Ai daquele que maldosamente se atrever a modificar uma só virgula nas Minhas Palavras... Teria sido bem melhor que jamais tivesse nascido. Pois maldito será aquele que necessita do Espírito de Minha Enorme Dádiva.

6 – Eu não os coloco em seus lamaçais, mas isto Eu falo: Os blasfemos, Eu jogarei nos sepulcros das trevas; os desprezadores, Eu castigarei com a morte repentina, e aquele que quiser se opor aos Meus passos, este será esmagado feito um verme. Aquele que, por interesses imediatistas, quiser olhar Meus caminhos com olhares destruidores, este encontrará Meu olhar destrutivo a meio caminho, e um diabo cego terá mais misericórdia do que este irmão de Satã.

7 – Uma vez cheguei à Terra como um mendigo pobre e fraco, e fui crucificado. Agora venho como um herói poderoso, e Meu julgamento vem Comigo. Aquele que Me encontrar com amor, este viverá para sempre, mas aquele que apontar só um dedo contra Mim, este será crucificado no fogo de Minha ira.

8 – Que isto vos sirva como uma certeira confirmação que sai direto de Minha Boca: Nada deveis temer, pois Eu adoto cada um a quem Eu visitar e que Me receber. Aquele que ouvir Minha voz, este viverá; o surdo, porém, será destruído.

9 – Isto Eu falo, a Eterna Verdade, do meio de Minha Eterna Verdade. Amém.


O caminho para o Renascimento

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1840

Este trecho foi extraído do terceiro volume de “Dádivas do Céu” (a tradutora).

1 – Com isto vos dou regras de comportamento claras e bem concisas, que devem ser observadas com exatidão, para que vos sintais seguros ante todo tipo de atração que o mundo vos presenteie. Elas também são o caminho mais curto para logo conseguirdes obter Minha Bênção e com isto merecerdes o completo renascimento. As regras são as seguintes:

2 – Em primeiro lugar, todos devemos observar totalmente todo tipo de lei política e suportar as pressões que nos estão testando, pois não existe nenhum poder que não venha de Mim e por Meu intermédio. Tudo Me é subordinado, poucas vezes conscientemente, mas a maioria das vezes inconscientemente; pois bons ou maus governantes existem sempre de acordo com a vida de seus súditos, pois tudo isto depende de Mim. Mas se no povo o vício impera, como é no vosso caso, infelizmente, como poderia Eu vos dar regentes desprendidos e bons, pois eles derramariam mais fogo de prostituição entre o povo, para que as pessoas se destruíssem e se afogassem totalmente no crime e no ócio? Ai do rebelde que se atrever a se opor às minhas determinações... Este será castigado com sua morte material imediata e muitas vezes também se encontrará na morte eterna.

3 – Pois os governantes se encontram em patamares extremamente elevados para os terem alcançado por si só. Nenhum deles lá se encontra sem a Minha Vontade justa. E o bom e suave é um consolo, o severo e despótico, um chicote justo em Minhas Mãos. Quem a ele se opor se aporá a Meu flagelo e se ferirá severamente com o espinho. Mas aquele que viver em Meu Amor e da Misericórdia que dele flui jamais terá que sentir a dura mão deste déspota, nem sentirá as chicotadas de Meu flagelo. Mas, tal como o elmo, quanto mais tormentas o atingem, tanto mais forte fica, e nada o dobrará. Mas o renascido, este sentirá todo o bem que emana de Meu Amor.

4 – Meu reino não é deste mundo, por isto daí a César o que é seu, e a Mim o que é Meu: vosso coração em humildade, obediência e puro amor. O resto não vos deve preocupar, pois Eu, vosso Pai, Me encontro entre vós. Por isto obedecei a vossos governantes, aceitai a vossa leve cruz sobre vossos ombros sem reclamar e renegando a vós mesmos em toda a mansidão. Seguis Meus passos e só assim vivereis e vivificareis tudo aquilo que olhardes em Minha Graça e em Meu Nome. Amém.

5 – Em segundo lugar, com respeito à igreja externa, todos devem submissão à mesma da mesma maneira que se submetem ao governante, só que quem abandoná-la não sofrerá castigo, como é quando se rebela contra o governo. Mas Eu aviso que olharei com olhos zangados aquele que desprezar sua mãe espiritual mundana. E este não terá melhor destino do que aquele que repudia a religião na qual vossas almas adquiriram as primeiras impressões que as alimentaram. Então deve existir uma despensa com alimentos, o que de fato a igreja mundana é. E não é assim que vosso corpo deve ser trabalhado, como acontece com uma criança deste o ventre materno? Humildade e obediência são o alimento da alma, para alcançar o renascimento do espírito. Já que a igreja romana vos ensina isto - e em verdade o faz muito bem - o que vos afasta do corpo de vossa mãe espiritual?

6 – Permanecei então cada um fiel a sua igreja, e cada católico romano será abençoado noventa e nove vezes, enquanto permanecer obediente à mesma. E cada um que seja de outra crença será abençoado só uma vez, pois ele é um julgador cheio de amor próprio, nele há muito pouco amor e não há humildade. Em verdade Eu vos digo: Não será mais fácil alguém alcançar Minha Palavra Viva em alguma seita que não na igreja romana, pois lá são pregadas a humildade e a obediência de acordo com Minhas Santas Palavras, constantemente e com afinco. Com respeito às cerimônias dela, ninguém deve se escandalizar, pois para o vivo tudo está vivo, para o puro tudo é puro, para o humilde tudo é santo, para o obediente tudo está certo. Somente um porco rola na lama e procura o ar da vida nos excrementos. Desta maneira o morto encontrará tudo morto e sujo, enquanto que o puro olha tudo com olhos bem diferentes.

7 – Como alguém que se diz estar em Minha Luz poderá julgar os assuntos da igreja e do estado? Ele por acaso acha que Eu não possuo suficiente poder e inteligência para modificar a situação, se ela não estiver de acordo com Minha Vontade? Estes juizes se encontram bem mais no fundo do que um crente fraco, pois eles acham que Eu preciso de sua ajuda julgadora. Em verdade vos digo que estas coisas são um verdadeiro horror para Mim. Pois tudo acontece no momento certo, e só Eu sou o juiz de tudo e todos, pois só Eu sou Santo e Meu julgamento é cheio de Amor. Vós todos, porém, sois mentirosos e cheios de vícios. Por isto, segui vossa igreja nos seus fundamentos de Amor e deixai que Eu oriente os vossos corações. Em breve chegareis à Vida abençoada e com isto ao renascimento do espírito e assim vivificareis vossa igreja mundana em vossos corpos. Amém.

8 – Em terceiro lugar, com respeito às cerimônias, nelas não há nada vivificador, nem também algo mortal a alguém. Já que no mundo quase tudo acontece sob uma cerimônia, é bem permissível que a igreja tenha suas cerimônias de representação. Só o que vos peço é que não procureis encontrar nela nada vantajoso ou que seja útil para a vida eterna, pois para isto só conta um coração humilde, contrito e cheio de Meu Amor e Misericórdia. Só então é surgida a igreja viva em vós, pela qual a igreja morta se torna viva e cheia do mais profundo sentido, seja de um jeito ou de outro: ou elevando-se para a Vida, ou então caindo para as profundezas da morte. Isto quer dizer que vós podeis, pela obediência, nela chegar à Humildade e então à Misericórdia. Por esta Misericórdia chegareis ao renascimento, ou podereis vos enterrar sob as cerimônias mortas, como o faziam os pagãos, e desta maneira sereis destruídos pelo brilho orgulhoso das mesmas.

9 – Pois da mesma maneira como uma árvore cresce, se enche de galhos, ramos e depois brotos, folhas e flores vestidas do pólen feminino ou masculino – sendo que tudo isto será descartado como algo inútil, para que o fruto cresça livre e cheio de viço na forca de seu ser completamente organizado – isto também acontece na igreja cheia de cerimônias. Se alguém então gulosamente comesse tudo, este morreria de indigestão, pois somente o fruto maduro está apto a ser consumido, mesmo que às vezes já encontremos seivas vivificadoras na flor, como muitas vezes observastes no efeito curativo da igreja nas tantas doenças que tivestes. Vede, estes processos vegetativos são iguais às cerimônias mortas. Mas não deveis dizer: “Elas são, pois, necessárias pela Ordem, pois se a árvore não tem flores, ela também não terá frutos.”?

10 – A igreja judaica foi uma preparatória, puramente cerimoniosa, para transformar folhas e flores em fruto vivo da palavra do eterno Amor. Eu vos pergunto: Ela não estava certa, quando ela foi o que tinha que ser? Quando vos são dados filhos, como podereis ensiná-los a Me reconhecer melhor, do que a observação de cerimônias sacras para ajudar-vos.

11 – No começo todos vós éreis como as crianças e os judeus, precisáveis das cerimônias da igreja. Mas preciso é que entendais que não deveis estacionar neste estágio, pois aquele que passou pela classe fundamental deve ser levado a uma classe superior, onde aprenderá a ler, escrever e fazer contas em Meu Amor e agir na bênção de Minha Misericórdia. E quando o coração deste filho estiver completamente puro, este então que venha para Minha escola, somente na qual ele conseguirá alcançar a vida eterna pelo renascimento. Mas aquele que desconsiderar seu interior e ficar preso às cerimônias mortas, este morrerá, por ter sido tão tolo em procurar nos elementos mundanos e materiais o sentido de seu ser, o que é uma grandessíssima tolice que quase chega a ser loucura. Se alguém jogar fora a criança que estiver banhando junto com a banheira, ele é um tolo e louco; aquele que distraidamente joga fora a criança, mas fica com a banheira, este já está morto devido a sua maldade cheia de ignorância. O sábio, porém, fica com a criança e com a banheira e só joga fora à água, pois a criança é um fruto vivo, e com a banheira pode-se banhar a criança várias vezes.

12 – Por isto, já que desejais vos tornar Meus filhos verdadeiros na Minha Misericórdia e Amor, não vos deixeis escandalizar pela flor, pois ela pode parecer de forma qualquer, mas isto não pode vos incomodar. Pensai no fruto e assim a flor vos será santa também, pois sabeis bem que não deveis estacionar nas folhas e nas flores. Mas se alguém chegar ao fruto, nunca deve deixar de olhar para trás (de vez em quando), para recordar o caminho que o trouxe até este ponto. Não Me agrada de jeito algum aquele que despreza seu jardim-de-infância e feito abutre se eleva orgulhosamente, cheio de desejos assassinos, esperando a queda do mesmo para obter vantagens.

13 – Sabeis que sem Minha permissão nada acontece nem nada poderá acontecer, e tudo vos parecerá bem diferente. Todo homem tem a mais completa liberdade na sua vontade, mas a condução dos povos é obra Minha. Isto Eu vos disse, para que tenhais a mais absoluta calma em vossos corações, sem a qual não conseguireis chegar a patamares mais elevados. A calma do Sabat vos seja a maior das bênçãos, pois o amor verdadeiro é uma mulher grávida que precisa da mais absoluta calma na hora do parto. É por isto que Eu vos digo isto, para que tenhais total calma em Mim, vosso Pai que é eternamente santo. Amém.

14 – Em quarto lugar, um outro assunto: É o que se refere à leitura dos assim chamados livros proibidos. Eu não vos ordeno não os ler, se por acaso eles chegaram às vossas mãos, como também não proíbo ninguém de usar o nome do príncipe das mentiras e, se for necessário, usá-lo como advertência. Mas dizei-Me que utilidade tem tudo o que já lestes? O que existe de bom nos livros que se originam na mente orgulhosa dos homens? Eu vos digo: nada mais que bobagens, delírios da mente, sem utilidade, que enchem vossas cabeças com todo tipo de fogos-fátuos e vossos corações e espíritos com o mais variado lixo encerrado nas trevas.

Dizei-Me se está certo àquele a quem Eu digo: “Vem a Mim, tu, que estás triste e oprimido, que Eu te aliviarei. Pede, que a porta te será aberta.”; ou quando Eu ainda mais o ensinar: “Tudo aquilo que pedires ao Pai em Meu Nome te será dado imediatamente. Procura o Meu Reino em primeiro lugar, e tudo além te será dado gratuitamente como complemento”?

15 – Como é que fico Eu, se - mesmo sabendo tudo isto - não vierdes a Mim, para que possais obter Minha Misericórdia, bem como o caminho que leva à Minha Bênção e à vida eterna que vos dou pessoalmente. Será que vós Me considerais um mentiroso - como muitos de vós sois - ou achais que Eu sou surdo e de coração endurecido, porque não vos dou Minha palavra viva, e assim permitis que o mundo vos ensine mentiras? E daí morreis de fome na vossa loucura, em vez de virdes cheios de confiança e amor ao Meu encontro, para receberdes a Verdade de toda a Vida e do Ser original, em vez de procurardes a vida na morte? Tolos! Eu vos dou o pão da vida, mas vós preferis morder a pedra dura. Eu vos chamo a Mim, e vós correis atrás de cachorros loucos e vos comportais como eles. Eu grito dia e noite, mais que um guarda noturno, mas vós entupis vossos ouvidos com o algodão do lixo dos livros, para que não vos seja possível ouvir Minha voz. O que podemos chamar este tipo de tolice? Eu vos digo que chorareis eternamente por esta vossa tolice, pois desprezastes ouro e preferistes chumbo, mesmo que o metal nobre vos tenha sido oferecido em grandes quantidades.

16 – Por isto, lede menos e orai mais. Assim Eu chegarei a vós e vos darei mais em um minuto, do que todas as bibliotecas no mundo todo. Tenho certeza que já vos dei suficientes provas a este respeito.

17 – Não vos preocupeis, pois, pela proibição da liberdade literária. Pois aquele para quem Eu apresentei o grande livro da vida, este automaticamente desprezará as outras leituras, especialmente as proibidas, pois Meu livro não depende de nenhuma censura mundana; ele sempre será aberto nos corações dos fieis, ao qual nenhum olhar do censor jamais conseguirá penetrar e onde nenhum limite será possível. Amém.

18 – Em quinto lugar, com respeito à Bíblia Sagrada, deve ler a mesmo aquele que tiver um coração simples e puro e um caráter obediente e submisso; e ele não deve ler a palavras sagradas por mera curiosidade e com o ânimo cheio de contestação, pois se for assim encontrará a morte em cada letra. Aquele que as lê deve usá-las como guia para a Palavra Viva e atuar de acordo com a mesma. Também não deverá pesquisar e cismar sobre o Livro, mas sim se orientar em Meu Amor e evoluir cada vez mais. No tempo certo lhe será dado o conhecimento e será revelada em seu coração a razão celestial do espírito e da vida eterna; como acontece contigo - Meu querido servo – que, apesar de não teres lido o Santo Livro em sua totalidade, és o professor dos professores na revelação e na bênção. Isto o que tu és e o que tu entendes qualquer um poderá ser e entender, se não trabalhar com orgulho e não se considerar superior aos outros, mas sim trabalhar pelo reconhecimento do Meu Amor e da bênção que dele flui para seu coração simples e humilde.

19 – O mesmo acontece com os tais livros místicos, cuja leitura não vos é de nenhuma utilidade nem vos traz qualquer tipo de fruto, tal qual se tivésseis lido um romano tolo que pode ser comparado a uma poça cheia de lama. Se não conseguirdes extrair nada de bom, somente tornareis vossa mente mais pesada e oprimida. Em vez de torná-la sedenta e faminta por amor, caridade e sabedoria, vós a alimentais com lixo e lhe retirais assim todo ou qualquer apetite por um alimento da Vida! Como sois tolos!

20 – Eu sou a escritura sagrada que vos vivifica, sou o melhor editor da mesma e ao mesmo tempo sou o mais profundo místico de todos! Por isto lede pouco, mas atuai de acordo, e tudo vos será esclarecido. A semente da mostarda é pequenina, mas dela poderemos fazer uma enorme plantação, na qual pássaros celestiais farão ninhos. Amém.

21 – Em sexto lugar, com relação aos sacerdotes, Eu vos digo: Existem muitos deles e só poucos merecem usar este nome. Existem sacerdotes que o são por causa do poder e do prestígio e os que têm repulsa da Minha pobreza extrema e total desinteresse em relação a assuntos mundanos, pois Eu não desejei ser um príncipe, mas sim o salvador do universo. Há outros que são sacerdotes por causa da dignidade espiritual da casta. Estes consideram ser só eles a igreja e amaldiçoam de modo veemente tudo aquilo que um pescador de almas disser em Meu Nome. Consideram-no opoente aos Meus ensinamentos e ensinam estas suas ideias aos seus seguidores. Cheios de pompa, dizem que Eu (o Pai) não Me revelo a ninguém, a não ser a igreja à qual eles pertencem. Com este ato maldito, eles fecham as portas de Minhas Palavras Vivas para milhares de pessoas.

22 – Em verdade vos digo, este tipo de atitude traiçoeira Me é um horror, pois agride Meu Amor (indigno, na opinião daqueles sacerdotes) pelos pecadores. Eu, porém, vos digo: Estes jamais ouvirão de Mim nada mais do que: “Afastai-vos de Mim, vós malditos, pois Eu jamais vos reconheci; vós sempre fostes desprezadores de Minha Palavra Viva e vos opusestes sempre ao Espírito Santo. Minha Palavra escrita sempre cobríeis com a condenação. Vós tínheis Me apresentado como um mentiroso, pois está escrito: “Quem observar Meus Mandamentos, este é aquele a quem que Me envio de fato como Santo Pai, e irei a ele e morarei em sua casa, Me revelando completamente a ele.” Isto Eu disse a todos sem exceção, mas vós amaldiçoais e desprezais esta Minha profecia eterna. Com isto vós vos opusestes ao Espírito Santo, e por isto Minha maldição se abateu sobre vós, pois sempre fostes servidores de Satã. Por isto afastai-vos de Mim e recebei o prêmio daquele ao qual servistes em sua capela, construída para si, no portal de Meu Santuário.

23 – Vede, estes são os tais sacerdotes da pomposa casta espiritual maldita.

24 – Há ainda outros que se tornam sacerdotes por causa de seus estômagos, para poderem se deleitar numa chamada “vida boa”. Esta classe não tem espírito e se vende por um leitão assado ou um bom churrasco de boi. Eu tenho nojo ante estes sacerdotes, pois o seu deus é o estomago. O grunhido de seus porcos gordos, o balir de suas ovelhas e cabras, o mugir de suas vacas e bois bem cevados lhes é bem mais agradável, do que ouvir a Minha Palavra Viva, pois ela certamente lhes seria extremamente desesperadora e desagradável, se Eu permitisse que a ouvissem. Mas eles não precisam se preocupar com isto, pois Eu jamais jogo minhas pérolas aos porcos. E para o horrível serviço que Me prestam, eles já foram bem pagos, pois Eu lhes dei, em demasia e por quase nenhum serviço, tudo que desejavam seus estômagos gulosos durante suas vidas na Terra. Já que foram tão modestos, após o fim de suas vidas na Terra eles devem na morte descansar os estômagos de tantas agressões e lá aguardar até que o último sol seja desmaterializado, para que suas carnes e seus estômagos consigam ressuscitar.

25 – Há outros que são sacerdotes pelo dinheiro. Estes outorgam indulgências a torto e a direito e vendem o céu feito um loteamento. Mas eles são muito mais generosos com o purgatório e o inferno, e aquele que não comprar muitas indulgências e pagar muitas missas será jogado neles sem dó nem piedade.

26 – Vede, estes quase que se matam de tanto berrar suas pregações e se debatem feito loucos, para conseguir extrair do mendigo sua última moedinha, e aquele, apavorado, se deixa envolver nas suas artimanhas malditas. Estes vorazes transmissores de Minha Palavra receberão um enorme prêmio: Seu céu será um coração dourado, uma alma prateada e um corpo de cobre. A mesma quantidade de vida que estes metais possuem, este tanto eles possuirão eternamente.

27 – Há outros que são verdadeiros hipócritas e embusteiros acéticos. Tentam assim obter a atenção de um pastor, conseguir a sua confiança e proteção e com isto conseguir uma sinecura bem atraente. Estes quase que ficam sem joelhos de tanta humildade e adoração, dobram seu corpo até o chão, oferecem seu ofertório bem devagar, e seus lábios sempre estão em movimento (como se estivessem a rezar), falam com voz alquebrada, quase que morrem ao pronunciar o Meu Nome, jejuam e só observam o exterior, para obter o aplauso das outras pessoas; mas quando estão a sós, riem e fazem pouco de tal encenação. Seu coração é duro como uma pedra. Quando fingem estar orando, não veem os irmãos miseráveis que por eles passam implorando ajuda. Assim faziam quando eram capelães e queriam ser decanos, mais adiante quando queriam assumir uma posição de cônego, assim seguindo até o bispado, talvez o cardinalato ou a tiara pontifícia. Mas a Meu respeito, eles jamais deram a menor importância. Têm verdadeiro terror do livro sagrado, das Minhas Palavras Vivas não querem nem ouvir falar, e Me colocam - a Mim, a Vida de todas as vidas - em cerimônias mortas.

28 – Este tipo de “puxa-saco” existe em grande quantidade na atualidade da igreja romana. Eles são sacerdotes que não escandalizam muito o povo, mas seus frutos são escassos e só têm valor externo, pois não têm a semente viva e seu interior é vazio; são logo jogadas ao solo, onde apodrecem. Este solo corresponde aos corações das pessoas do povo. Eu permito que alguns alcancem sua meta, mas nunca deixo de dar-lhes conselhos e advertências em seu íntimo. Eu sempre lhes digo: “Toma tua cruz em teus ombros e segue-Me. Assim viverás em verdade e vivificarás os corações do rebanho a ti entregue.” Mas em vez de ouvir Meu clamor e agir de acordo, eles preferem comprar um crucifixo e pendurar o mesmo em algum lugar. Quando alguém os observa, adoram o crucifixo, fazem o sinal da cruz, fingem rezar... Mas por eles, este crucifixo ficará muito tempo esquecido num canto. Também compõem oraçõezinhas que distribuem entre o povo, mas no seu íntimo rezam para que aquele que ocupar o lugar que desejam logo morra. Para isto pedem a intervenção de algum santo, mas nunca falam Comigo.

29 – Este tipo também é um horror para Mim. Eles muito se surpreenderão, ao ver o resultado de suas vidas no Além.

30 – Outros são mais lascivos que cachorros, pecadores extremos que enterram seus próprios filhos, às vezes ainda vivos, para não serem vistos como tal aos olhos dos bispos ou outro superior hierárquico, ou frente ao povo ao qual foram entregues como líderes, sendo, porém, verdadeiramente monstruosos. Eu vos digo que estes terão uma vida digna de pena no Além. Vestidos em chamas, as prostitutas serão alimentadas por eles.

31 – Igual a eles ainda existe uma grande quantidade que se autodenomina sacerdote, mas Eu nunca os reconheci como tal, especialmente os monges nos mosteiros, que por puro “amor ao próximo” vivem juntos como cachorros ou gatos selvagens, e cada um deseja comer o outro.

32 – Porém existem sacerdotes que merecem usar este nome abençoado. Estes são simpáticos e bondosos com todos, o que possuem dão aos pobres, não amaldiçoam ninguém, mas, ao contrário, procuram salvar o perdido. Eles confortam o atribulado, acolhem os estranhos e lhe dão um lugar aconchegante para dormir; cheios de amor, usam uma pedra como seu travesseiro sob sua cabeça santificada. Não permitem que ninguém lhes pague por algum sacrifício; muito ao contrário, a quem desejar pagar dizem: “Irmão, o sacrifício é sagrado e de valor incalculável, pois representa a grande obra da salvação na fé e no amor. Por isto não pode ser pago nem pode ser ofertado para o bem de um único, mas pelo grande poder da redenção ampla todos serão renascidos para a vida eterna, e é assim que atua o poder e a forca do sacrifício implantado por Cristo para este fim. Dá o teu sacrifício e, se ainda sobrar algo, leva-o ao altar do Senhor. Ora pelos teus inimigos, só então o Senhor considerará teu sacrifício e o aceitará com grande prazer e alegria e te retribuirá com o que tu precisares.”

33 – Este é para Mim um sacerdote verdadeiro, cuja oferenda Me causa grande prazer. Em verdade Eu vos digo: Ide lá e ouvi sua prédica, pois nenhuma palavra que sair de sua boca lhe pertence, mas sim são Minhas Palavras que são colocadas em seu coração e transmitidas a vós, Meus filhos. Este sacerdote logo conhecerá o valor de sua recompensa, pois Eu falo: Ele habitará Comigo, seu santo Pai, eternamente. Mas não preciso vos dizer que nas suas obras reconhecereis o Meu sacerdote, assim como reconheceis a árvore pelo seu fruto.

34 – Com isto vos mostrei toda a doença do sacerdócio romano, de como ele de fato é; mas Eu vos digo: Isto não deve preocupar-vos, pois cada um deve limpar sua própria porta e jamais querer limpar a do vizinho, muito menos a de um sacerdote. Porém sede sempre obedientes e cheios de boa vontade, não vos escandalizeis com a atuação dos maus sacerdotes e não permitais que seu mau exemplo vos influencie; mas, como bons filhos, segui os ensinamentos corretos que devem existir no espírito católico, mesmo que existam ervas daninhas no meio dos mesmos, pois no tempo certo estas serão destruídas. Não julgueis estes maus sacerdotes, pois Eu já Me encontro sobre seus ombros e em algum tempo os quebrarei. Mas não permitais serdes usados como seus leva-e-trás, pois o fofoqueiro é por Mim amaldiçoado, já que é como o mal semeador que joga ervas daninhas junto ao trigo. O mau sacerdote vai certamente julgar a si mesmo e a todos vós, mas vós, Meus verdadeiros seguidores, de acordo com vossa humildade e obediência, só julgareis a vós mesmos, sempre pensando no amor ao próximo.

35 – Por isto não deveis vos escandalizar com a igreja por causa dos sacerdotes, pois entre eles existem muitos fiéis e honestos. Muito menos deveis vos escandalizar com os bispos, pois estes já estão em posição bem mais elevada frente ao povo. Já podeis concluir que eles não se encontram lá por sua única vontade, mas sim que cada ação ou passo deles é por Mim observado e contado com total exatidão. E a situação exterior de todos os assuntos deve ser por eles preservadas.

36 – Mas com respeito ao interior, sabeis bem demais que ele depende somente de vós e de Minha Bênção e Misericórdia, a qual nem os anjos do Céu nem qualquer bispo poderão dar-vos, mas só vós mesmos o conquistareis com vosso amor ao próximo, vossas ações de caridade, vosso arrependimento e especialmente por vosso verdadeiro Amor por Mim e pela obediência exata aos Meus mandamentos.

37 – Pois em cada ação que realizardes, o Amor por Mim e pelo próximo deve transparecer. Não vos preocupeis e nem pensai sobre um mau sacerdote, mas sim mantende um laço fraternal entre vós, e assim Eu virei a vós e vos vivificarei totalmente. Amai aqueles que vos odeiam e perseguem, abençoai de coração aqueles que vos amaldiçoam e desprezam, somente assim começareis a reconhecer a ação de Minha Luz em vossos corações trevosos. Amém.

38 – Em sétimo lugar, com respeito à confiança e aos sete sacramentos, Eu vos digo: Não, Eu vos peço que não vos escandalizeis com os mesmos. Usai tudo corretamente e no sentido certo, assim vivereis. Pois ao julgador nada é certo, mas ao justo tudo é certo e santificado, até o ninho provocará ao pássaro cânticos de louvor em seu coração, no entanto não passa de um ninho morto de um pássaro. Mas é muito mais importante que reconheçais que existem coisas criadas para vossa cura e que elas não apareceram do nada. Tudo depende da maneira como a usais.

39 – Aquele que se confessar e se arrepender de seus pecados ante o sacerdote, este apresentou seus pecados ao mundo e se arrependeu dos mesmos perante o mundo, e isto lhe será reconhecido, contanto que não repita seus pecados. Mas aquele que continuar a pecar após a confissão, este transformou o confessionário num banco onde deposita seus pecados, porém mais tarde terá que pagar altos juros pelos mesmos. Por isto aquele que se confessa, se arrepende de fato e não mais peca, este está completamente certo; no entanto totalmente equivocado se volta a pecar, pois encontrará um precipício a sua frente, ao qual não conseguirá ultrapassar.

40 – Mas se vós dizeis: “Se tudo fosse como no tempo dos apóstolos, certamente nós seriamos pessoas completamente diferentes, pois poderíamos (como Judas) apanhar tudo com nossas próprias mãos”. Eu, porém, vos digo: Eles chamavam a viva voz por uma missa (cueto) organizada e por meio de um local onde pudessem melhorar, um local visível e material (feito aquele que tinha feito o povo judeu, quando chamava por um rei), porém muitas vezes eles se engalfinhavam quais lobos selvagens durante a ceia.

41 – Já que Eu vos dei leis, organização e sistema, o que vos desagrada nisso? Usai tudo isso com retidão e respeito, tal como vos é apresentado. Não o queiras diferente, pois já foi dito que o exterior pouco valor tem. Tudo pode ser muito bom, mas também pode ser ruim e falso, depende da maneira como vós o utilizais. Mas sob o sol crescem tanto ervas venenosas como também as curativas. Não está no sol, mas sim na constituição da planta, se boa ou venenosa, se esparge bênçãos ou venenos. Tudo depende de vós, se bom ou ruim. Amém. Eu, vosso Pai amado. Amém. Amém. Amém.

42 – Este, porém, é o caminho mais curto para o renascimento. Acontece com o homem justo o mesmo que com a árvore cujo fruto não amadurece de repente, mas sim lentamente. Mas se a primavera foi de temperatura agradável e não houve muita chuva, dizeis: “Este ano teremos frutos maduros bem cedo”. Isto acontece também convosco. Se alguém passar sua juventude feliz e cheio de Amor por Mim, seu verão com certeza será bom, cheio de vida, com chuvas redentoras do céu, e pode estar certo, que o eterno dourado não deixará de estar presente para o verdadeiro amadurecimento do fruto abençoado e imortal. Pois se alguém desejar ser por Mim renascido, ele precisa reconhecer seus pecados, e reconhecê-los publicamente, para sua humilhação; quero dizer: em público pela confissão e no íntimo a Mim, para pedir pelo Meu Perdão, como vos é mostrado na Minha Oração e tal qual Pedro o fez. Deve sentir verdadeiro arrependimento, luto e medo. Deve chorar pela perda de Minha Misericórdia e, com todo coração, deve se propor a não mais pecar.

43 – Também tem que decidir romper com o mundo, se entregar totalmente ao Meu Coração e sentir uma imensa saudade de Mim, pois muito Me ama. Nesta saudade, deve se afastar diariamente e cada vez mais dos afazeres mundanos, nem que seja permanecer em meditação e em total calma, nem que seja sete quartos de hora por dia. A única tarefa nestes momentos deve ser relacionada Comigo, nem orações nem leituras, nada, só Eu. Ao fim desta meditação, nada de discursos agitados, mas sim:

44 – Senhor! Aqui estou. Eu Te deixei esperando por muito tempo, Santo Amado Pai, pois desde minha infância Tu me chamavas: “Vem a Mim, pois Eu quero Te aliviar”. Agora, Santo Pai, chegou a hora em que Meus ouvidos se abriram e minha vontade teimosa, cheia de humildade e obediência, se entregou totalmente a Tua, como também aconteceu para Meus irmãos mais evoluídos, conforme Tua vontade. Por isto vem a mim, meu amado Jesus, e alivia minha alma doente e fraca com o bálsamo de Teu Amor infinito. Permite que eu encontre minha grande injustiça na Tua amarga morte e sofrimento. Permite que eu veja as cinco chagas e nelas reconheça meu horrível crime. Jesus, Tu, vencedor da morte e do inferno, vem a mim e me ensina a entender corretamente Tua Vontade, ensina-me a reconhecer minha nulidade e a Tua Grandiosidade.

45 – Tu, meu doce amado Jesus - Tu, Senhor de todos os exércitos - vem a mim, um pobre, fraco, cego e surdo; vem a mim, leproso; vem a mim, cheio de gota; vem a mim, inválido; vem a mim, possuído; sim, meu sempre amado Jesus, vem sim; vem a mim, um morto, e permite que eu toque a fímbria de Teu manto, pois assim viverei. Senhor, não demores muito, pois eu Te necessito demais. Eu não consigo existir mais sem Ti, pois Tu és tudo para mim. Tudo o mais se tornou nada, por meu amor por Ti. Sem Ti não consigo mais viver, por isto, bem-amado Jesus, vem logo a mim. Mas, como sempre, que se faça também desta vez a Tua Santa Vontade. Amém.

46 – Após esta oração retirai-vos para vosso interior e crescei na saudade e no amor por Mim. Se praticardes isto por um curto tempo, Eu vos digo: Logo vereis relâmpagos e ouvireis trovões, mas não vos assusteis e não vos atemorizeis, pois agora Eu venho a cada um como juiz, sob tormentas, raios e trovões; só mais tarde virei na suave brisa santa, como Pai.

47 – Quem desejar fazer uma confissão ampla e geral no sentido verdadeiro e sagrado, este deve se preparar para uma longa luta, pois para fazer isto é preciso muita humildade e desprendimento. Com isto entende-se que deve existir um propósito amplo e total de não mais pecar, e a santa ceia deve ser tomada na mais viva fé e no mais puro amor por Mim. Só então as maravilhosas consequências se farão presentes em vós, todas plenas de felicidade, alegria infinita e prazer divino.

48 – Vede, este é o caminho mais curto e mais eficaz para um novo renascimento, somente no qual poderemos encontrar a vida eterna. Todo outro caminho é mais demorado e é inseguro, pois existem muitas rotas de ladrões, onde os mesmos vos acoitam atrás dos arbustos, à beira do caminho. Lá também podereis encontrar assaltantes e mesmo assassinos. Aquele que não transitar por estes caminhos bem armado, dificilmente chegará ao fim do mesmo. Observai bem Quem vos diz isto!

49 – Eu acho que é bem melhor observar e desfrutar a calma do sábado e reuniões onde ele, o Sábado, é realmente observado, em vez de atirar-se a reuniões ruidosas do mundo, a conversações materialistas e a companhias impuras. Nas reuniões de sábado podereis conversar diretamente Comigo, sem ter que pagar entrada nem usar dinheiro para praticar o bem.

50 – O que achais que será melhor para vós e que é mais de Meu agrado? Pois, como Eu já falei aos apóstolos, ninguém pode servir a dois senhores. Pensai bem Quem vos está advertindo. Amém. Eu, vosso santo Pai eterno. Amém. Amém. Amém.

51 – (Lorber) E eu, servo, digo: Aleluia, honra e glória a Deus nas alturas, como Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

A evolução natural da alma no reino animal

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de agosto de 1840

1 – Para que possais entender o tema que hoje apresentastes - O interior (espiritual) de uma pomba - é necessário darmos uma olhada rápida no tema de ontem (a ostra).

2 – Embora os habitantes do ar e da água já comecem a apresentar degraus de evolução mais superiores, é necessário darmos uma olhada na superfície da Terra quando abandonamos o elemento água. Só então poderemos nos elevar para o ar e lá tomar conhecimento de seus habitantes alados.

3- Na água existe um habitante bem esquisito, com um corpo bastante disforme, que mais parece um galho de árvore cheio de ramos, o qual vós chamais de polvo. Este polvo se abriga, como uma parasita de árvore, em qualquer lugar. Finca raízes e apanha com seus quatro, cinco, seis ou oito braços (ou trompas) todos os insetos e vermes que se lhe aproximam e os engole velozmente.

4 – Quando os órgãos digestivos se firmam cada vez mais, como uma árvore, ele começa a definhar em partes, e só permanecem vivas suas trompas recém criadas no exterior. Mas mesmo assim, aos poucos, por falta de alimento, ele termina de morrer totalmente.

5 – Quando isto acontece, seu ser disforme se desfaz em milhares de vermes vermelhos e pequeninos. Estes vermes começam a se multiplicar velozmente e se alimentam do disforme corpo morto do polvo. E quando, de certa forma, se matam de tanto comer, as suas múltiplas vidas se unem em uma só vida, da qual se origina um tipo de peixe.

6 – Este peixe é o que vós conheceis por lula ou calamar (sépia) e que habita as profundezas dos mares.

7 – Seu alimento consiste no verme de um marrão quase preto, que tem o tamanho de um grão de árvore, possui duas nadadeiras nos lados de sua barriga e conhece seu inimigo muito bem. Quando nosso calamar deseja se alimentar, ele escurece a água com um suco quase preto, e este suco também anestesia os pequenos animaizinhos aquáticos.

8 – É desta maneira que ele sempre prepara deliciosas refeições para si. E após anos e anos de comilança ele morre, tendo absorvido milhares de vidas no seu corpo.

9 – Nestas potenciadas vidas de vermezinhos, não devemos pensar na união dos corpos. ( sempre devemos pensar na alma destes animaizinhos, quando falamos na sua potencialização e na sua união ), pois só as almas têm continuidade em seres superiores. Os corpos são desintegrados em seus átomos e só em parte servem para a construção do corpo de espécies superiores. Já as almas se unem novamente, como já sabemos, e desta união de vidas se forma um outro ser que se chama “peixe voador”.

10 – Este peixe voador se alimenta em parte com os insetos do mar e também com os insetos aéreos que ele apanha quando sai da água. Com isto ele tem uma constituição interna com função dupla: a de peixe e a de um pássaro. Ele tem uma bolsa no interior de seu abdômen a qual pode encher com ar e, de acordo com sua necessidade, esvaziar totalmente.

11 – Novamente o pesquisador vai encontrar aqui um nó instransponível para ele, pois ele não consegue saber como o peixe, no meio da água, consegue ar. Para Mim isto não é nada. Prestai atenção.

12 – Por um canal especial, o peixe permite a entrada de água na bolha, mas debaixo dela encontra-se um tecido escuro, parecendo metal. Este tecido tem a possibilidade de chegar a oitenta graus de temperatura, tão logo uma gota de água entre na bolha. Com este aquecimento, a água se transforma em vapor, o que preenche a bolha. Isto acontece (por Minha Vontade) em todos os peixes, como em vós humanos é o movimentar dos pés e mãos.

13 – Bem, nosso peixe voador possui então este tipo de órgãos, mas ele ainda não conseguirá voar, mesmo que tivesse asas quilométricas. Mas junto a esta bolha ele tem uns canudos que cruzam todo seu corpo e seus órgãos, os quais se enchem de um gás muito leve, quando o peixe quer voar.

14 – O ar atmosférico é partido por um processo elétrico interno, e a parte pesada do ar cai na bolha como gota líquida e é expulsa por um canal específico, de imediato. O gás tão leve (parte leve do ar) flui então para os canudos e retira da carne do peixe o seu peso, de tal maneira que o seu corpo fica com o mesmo peso da atmosfera. Então o peixe estende suas asas e consegue voar feito um pássaro. As barbatanas laterais, com sua inteligência própria, lhe dão a direção desejada, e as asas o elevam.

15 – Vede, esta é a constituição mecânica deste animal. Mas como este animal vive de alimentos duplos, ele também tem inimigo duplo: no mar, uma grande quantidade de peixes assassinos; no ar, uma grande quantidade de pássaros aquáticos que em todos os lugares castigam com a morte este usurpador aéreo, pelo seu atrevimento.

16 – Já que este peixe é uma constituição totalmente mansa, quando ele sai da vida, acontece o seguinte: a parte feminina, a mais ignorante, se une para uma nova espécie de pássaro que é por vos conhecida como gaivota; a parte masculina se une também como seus semelhantes e forma o pássaro que chamais de pomba.

17 – Eu vos digo: o que é cordeiro entre os animais quadrúpedes é a pomba entre as aves; por esta razão ela foi por Mim instituída como exemplo de mansidão da paz; sim, até como a figura da Santidade de Deus. Estão este animal se encontra na ponta superior do reino das aves e, devido a sua mansidão, também no degrau superior onde seus espíritos (elementos das almas) se unem aos espíritos de outras criaturas nobres e se tornam “seres humanos”. Sua parte feminina corresponde ao suave amor, e sua parte masculina às bênçãos que dele fluem.

18 – Vós vos perguntareis como que os milhares de espécies existentes no mar conseguirão chegar a evoluir até a pomba. Eu vos digo: aquele polvo também é muito variado, e para cada espécie de peixe existe um tipo de polvo. E os polvos não são de jeito algum o degrau inferior dos animais aquáticos, como dizem vossos naturalistas, mas sim institutos purificadores que continuamente engolem o se lhes aproxima. Eles assim são um degrau intermediário entre os vermes e todo tipo de espécie de peixe. Pois só por eles é que o mundo dos vermes é elevado a um degrau superior.

19 – Os peixes já se encontram em grande quantidade neste degrau mais elevado, já que eles, por meio da união de suas vidas, estão prestes a se tornar habitante da atmosfera. E assim cada espécie de peixe corresponde a uma espécie de pássaro.

20 – Porém existe no mar uma outra espécie de peixe que se aperfeiçoa pela vida do vosso conhecido crustáceo, cujo último degrau já está assim aperfeiçoado e pode sobreviver tanto na água como na atmosfera na superfície da Terra. Tipos deles são as tartarugas e muitos outros, como as espécies de sapos ou rãs que já possuem os sentidos da visão, audição, olfato e até do paladar. Mais tarde aparecem os lobos marinhos, os elefantes marinhos e ainda muitos quadrúpedes que habitam tanto a água como o solo firme, que de fato são os degraus que iniciarão as espécies de quadrúpedes terráqueos.

21 – Ainda existe uma terceira plataforma evolutiva no mar que é bem mais rara, mas, por isto, muito mais maravilhosa. Eu vos darei explicações em outra ocasião.

22 – Bem, voltemos para a pomba, a qual vamos estudar com mais atenção.


A história da origem e do destino da pomba

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de agosto de 1840 (continuação)

1 – Mesmo que a pomba se eleve do mar da maneira explicada anteriormente, ela pertence à espécie das aves que pode se alimentar quase que igual ao ser humano, formado dos três reinos da natureza. Ela pode digerir grãos, ervas, vermes, insetos e até pequenas pedrinhas, e nisto ela se iguala às galinhas.

2 – No seu gênero ela decai, como muitas outras aves, em uma variedade de espécies. Existe uma tal de pomba torcaz ou brava, a pomba rola, a pomba rola das Índias, uma pomba do campo, outra doméstica, e esta ainda se divide em pomba pérola, pomba ouro, pomba de papo, etc, etc, e em outros países existem muito mais tipos de pombas.

3 – No entanto, a mais nobre desta espécie de aves é a pomba doméstica (comum) a que se conhece facilmente pelo colorido diferente de suas penas. Isto é algo que deveis prestar atenção no mundo animal: a espécie onde houver uma grande variedade de cores, esta aí está mais próxima da espécie humana. Pois a cor é uma característica da constituição interna variada, e este é o motivo pelo qual devemos preferir o branco a todos os outros, pois no mundo animal ela registra a presença de uma alma sem mácula. Aqui tendes, pois, uma característica pela qual podeis avaliar o grau de evolução de uma espécie animal.

4 – Bem, vamos à pomba comum. Como já foi dito, ela é a mais evoluída de sua classe e é a meta vital de todos as espécies inferiores a ela, e mesmo de aves mais mansas. Este é o motivo pelo qual ela também é um receptor de vida do reino vegetal e também do reino mineral.

5 – Quando uma pomba morre, então se une ao seu princípio vital (com seu ser anímico-espiritual) a vida de todo tipo de espécies de aves, animais terrestres, como também vegetais e pedras; assim reunido, o complexo entra no reino humano como uma nova vida.

6 – Porém não deveis pensar que esta passagem (ao reino humano) acontece unicamente a partir da pomba, mas sim existem milhares de espécies, tanto das aves como dos quadrúpedes da Terra, pelas quais se realiza esta passagem. E mesmo que vos pareça muito estranho, isto é assim, pois ninguém conhece Meus Caminhos, nem mesmo os anjos no Céu, a não ser Eu mesmo e o crente ao qual Eu informar.

7 – Àquele que tem fé, a este serão reveladas muitas maravilhas. Mas àquele que não crê, a este não se pode ajudar ou aconselhar. Inutilmente olha com seus olhos cegos a Minha enorme oficina criadora da vida. Eu vos digo: ele não encontrará nada além de excrementos da morte. Pois a Vida é espiritual, e não se pode ver a mesma nem com a ajuda de um microscópio, como os materialistas tentam, mas somente com o olho do espírito e é na fé, aí se pode olhar nas profundezas do milagre da vida.

8 – E acrediteis, por mais que vos foi dito e mostrado por Mim, isto não chega a ser um infinitésimo da vida de um ácaro! Acreditai, vosso Pai ainda oculta muito, e isto vos será dado de pouquinho, tudo mais bem acabado e explicado, quanto mais vos entregais na verdadeira humildade, que é de fato a mais livre obediência.

9 – Vede, a pomba é um animal muito ingênuo. Mas justo por esta ingenuidade é que ela consegue voar com suas asas em todo tipo de atmosfera e de lá se dirigir a todos os lugares, se elevar nos raios da luz e então alimentar seu ser com novos fluidos de vida.

10 – Isto vós também podeis fazer! Se vos tiverdes tornado idênticos a uma pomba (mansos e ingênuos), então com vosso espírito, da mesma maneira que este exemplo, no reino da vida que emana de Mim, em voos rápidos, podereis alcançar alturas das quais nenhum mortal da Terra tem a mínima ideia.

11 – Todas as vezes que enxergardes uma pomba, lembrai em vossos corações este pequeno evangelho. E acreditai que o Meu Reino da Misericórdia se aproximou de vós, que o tempo amadureceu, pois a figueira está suculenta e cheia de galhos e folhas.

12 – Mais tarde ainda recebereis explicações sobre um outro pássaro; como ele voa, sua alimentação, etc.

13 – Nisto, vós podereis ver coisas extraordinárias e reconhecê-las em vós. Mas quando Eu tiver desmembrado isto tudo até a mais simples unidade, não acheis que Eu vos quero ensinar a voar materialmente, mas sim voar espiritualmente. Amém.

14 – Eu, o Eterno Amor e Sabedoria. Amém.


A ostra e os primeiros degraus da vida animal

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de agosto de 1840

O tema “A ostra” só foi escolhido no momento em que nos sentamos à mesa. Nosso Senhor falou pela boca de Jacob Lorber.

1 – Antes que Eu vos fale algo sobre esta ostra, é necessário que tenhais o conhecimento de assuntos mais rudimentares, pois um degrau mais elevado não pode ser compreendido sem termos absorvido os anteriores com uma certa clareza.

2 – Entre os chamados letrados e pesquisadores da natureza ninguém sabe - e com certeza nunca conseguirá saber por si só - onde uma classe de seres acaba na Criação e onde a seguinte se inicia. Assim, ninguém sabe onde o reino mineral começa e onde ele termina, ainda menos sabe onde o reino vegetal começa e onde está seu final. E muito menos ainda se sabe onde o mundo animal começa e onde ele acaba. Pois ao pesquisador tudo parece ser interligado, enquanto que Eu conheço os limites bem definidos. Não existe em toda a Criação duas coisas que sejam exceções desta Minha Ordem.

3 – Ao pesquisador a passagem do dia para a noite parece uma união que flui incessantemente (o que não é percebido), um para dentro do outro. Mas esta afirmação do naturalista se deve somente à fraqueza de sua visão interior.

4 – Para que possais entender e compreender com mais facilidade, vou dar-vos umas diferenças bem concretas.

5 – Para um naturalista cego o dia e a noite se amolgam simplesmente. Ele não enxergará nenhuma diferença entre a noite e a suave luminosidade do amanhecer. Se vós observardes uma montanha à distância, especialmente se o ar estiver um pouco nebuloso, não vereis lá nada mais que uma parede lisa. Mas estas montanhas não são de maneira alguma somente uma parede lisa, o que vós já vos certificastes várias vezes. O mesmo acontece se observardes um plano totalmente liso, como por exemplo, num diamante. Se observardes este plano com um microscópio que pode aumentar a escala por dez milhões de vezes, então lá vereis verdadeiros precipícios e abismos, o que mostra definitivamente como os pesquisadores da natureza se enganam com tanta frequência sobre a própria natureza, quando acham que as coisas em suas diversas classes, formas e características se amolgam fluentemente.

6 – Esta explicação preliminar foi necessária, para que possais entender o que vem a seguir, pois é melhor não saber nada sobre um assunto, do que ter um conhecimento errôneo. Pois aquele que se encontra parado sobre um degrau podre, este não elevará seu pé ao outro degrau, pois sabe que antes o podre o levará para o abismo.

7 – Bem, observai onde começa o reino animal e vós podereis pensar que a água é a mãe dos animais, mas não é assim. Pois quando encontrais algum resquício de animal numa gota d’água que observais com um microscópio, lá já está o reino animal no seu milésimo degrau evolutivo.

8 – A primeira classe do reino animal são os infinitamente minúsculos habitantes do éter. Eles são no éter aproximadamente o que chamais em vosso idioma de “átomos” e são tão extraordinariamente pequenos (mas atenção: só para vossos olhos), que se observásseis um único ponto com um enorme aumento, trilhões deles lá se acomodariam facilmente.

9 – Se quisésseis ver um destes pontinhos, deveríeis ter um microscópio que aumentasse tudo trilhões de vezes, o que vos jamais será possível na vida na Terra. Os olhos materiais nunca conseguirão ver isto, mas sim os espirituais.

10 – Agora questionais: De onde vêm estes animaizinhos e como se originam? Bem, estes animais têm origem do encontro dos raios de luz do sol, os que constantemente se encontram no espaço universal imensurável. Com isto se tornará claro para todos vós a razão de tanta luz que emana dos sois de imensos espaços, os quais parecem vazios e que são por Mim usados de uma forma definitivamente sábia.

11 – O formato destes animais é o de uma bola, cuja superfície é totalmente lisa. Seu alimento é a essência da luz e a sua vida dura um átimo de segundo. Após o fim de sua vida, trilhões deles se unem para formar o segundo degrau dos seres predecessores. Mas sua vida se torna tão concentrada, que eles necessitam de alimentos e, consequentemente, de um órgão para se alimentar.

12 – Esta classe de animais já tem seu lugar na esfera planetária; que dizer, no espaço em que os planetas circulam em volta de um sol. A sua vida é um mili-milionésimo de segundo. Vede como aumentou a duração de sua vida, comparada com o primeiro degrau; mas isto para vós e para os pesquisadores naturalistas não é nada, pois não conseguis entender estes números com vossos sentidos. Porém, se calculardes bem, vereis uma enorme diferença. Bem é assim que se criam as diferentes classes de animais, cada vez mais potencializadas a cada degrau de evolução, até que a vida chegue a uma potência tal, que começará a se estabelecer como uma névoa azulada na superfície da atmosfera.

13 – A duração da vida destes seres lentamente chegou à casa do milionésimo de segundo. Nesta ocasião, a união de trilhões e trilhões destes serezinhos azulados contribui na formação de uma classe superior.

14 – Este tipo de processo se apresenta a vossos olhos na forma de uma estrela cadente. A vida de muitos destes animaizinhos sai de suas tênues larvas e se une para uma nova classe de vida. As larvas, devido à compreensão de sua força vital, visíveis às vezes como bem moles e outras duras como pedras, caem como meteoritos, ou se multiplicam sobre a Terra na sua substancialidade morta”.

15 – Estas almas (animaizinhos), agora livres, juntam-se na superfície lisa da parte superior da atmosfera em grupos enormes, e vós os podeis ver como as “nuvens carneirinhos” (nimbos). Com estes animaizinhos, que ainda são tremendamente pequenos para vossos olhos, já podemos constatar a reprodução entre seus iguais, a qual não é permanente, mas sim intermitente. Pois, após ter alcançado uma massa ou um tamanho determinado, então se tornam cada vez mais pesados, por causa da morte de suas cápsulas vitais. Daí saem para debaixo da superfície do mar atmosférico, e com isto acontece novamente um tipo de casamento entre as tais massas de animais e a luz concentrada e calorífica que se encontra no ar. Esta luz calórica é conhecida como “elemento elétrico”.

16 – Com isto é criada uma classe bem mais completa e bem viva, e esta enche o ar com uma grossa camada de nuvens.

17 – Quando então, o que acontece somente por períodos, houver uma maior ou menor alteração na luz do Sol (o que acontece por processos diversos na superfície do sol que ainda vos são desconhecidos), estas nuvens se expandem cada vez mais e mais, e aí novamente se observa uma nova mudança de classe. A vida parte ainda destas larvas em formato de bolinhas, as quais agora já são tão grandes, que já podem ser observadas com um microscópio bem forte. E elas então se desprendem com grande velocidade e muito barulho em direção a Terra, como o que é conhecido por relâmpago (visível a vossos olhos), ou então atravessa partes úmidas do ar e se parte em matéria mineral, vegetal, ou animal, isto tudo em elevadíssima velocidade e sempre à procura de uma espécie vital idêntica.

18 – Após a saída da vida das larvas, imediatamente a umidade do ar se apossa das mesmas. Esta umidade de fato é uma substancia abençoada por Meu Amor Misericordioso, então estas larvas abençoadas caem sobre a Terra em forma de chuva.

19 – Só agora é que se inicia uma vida animal terráquea e isto acontece nos espaços existentes entre estas larvas cheias de água, e esta vida extrai seu alimento de Meu Amor Misericordioso.

20 – Quando as plantas do reino vegetal inferior tomam conhecimento dos espíritos libertos, elas correm para se unir a eles, saindo de suas cápsulas. E milhões delas criam um novo ser, um degrau mais evoluído, animaizinhos elétricos, como os já mencionados e por vós conhecidos como “infusórios”. Disto podeis vos convencer, se repousardes uma gota e a observardes com uma lente de aumento. Vereis nela uma série de seres livres a movimentar-se para todos os lados; e quanto mais tempo passar, maior numero deles se formarão. Esta é a primeira criação animal que um observador atento conseguirá ver como matéria animal.

21 – Porém com o passar do tempo não vereis somente uma classe, mas sim milhares de classe diferentes de animais numa gota. Eles se diferenciam no formato e no comportamento. Mas não acheis que eles se formam esporadicamente; não, cada nova classe é o resultado da união de classes existentes anteriormente.

22 – Se tivésseis instrumentos bem preciosos, poderíeis observar características de uma classe nova de elementos das classes inferiores. Pois então se realiza uma segunda criação, e isto acontece da seguinte maneira:

23 – Uma classe de animais engole, ao se alimentar, um número infinito de seres de uma classe inferior. Com isto serão reproduzidos do substrato material seres idênticos e extraordinários, que possuem as características da classe superior. Estes, ao se unirem novamente entre si, formam a cada vez uma nova classe superior, ato este que jamais poderá ser visto pelos olhos materiais, pois é totalmente espiritual.

24 – E assim se vai subindo de degrau em degrau, até que exista novamente um círculo de mil criações; aí então acontece novamente um processo maravilhoso, mas visível, representado por tormentas ou outro tipo de revolução nas águas, quando estes espíritos - agora já poderosos - bem se fazem sentir nos ventos.

Então acontece uma divisão. Alguns se unem para formar muitos vermes das águas. Aí esta criação ocorre pelo movimento de cápsulas maiores e já visíveis, a que vós chamais de “óvulos,” dos quais se reproduz uma espécie idêntica, a fim de assumir milhões de elementos de classes inferiores.

25 – Logo após estes vermezinhos aparecem as espécies de pequeninos animaizinhos de conchas. Os primeiros são os caramujos e logo a seguir os animais tipo ostras ou mexilhões. Estas duas espécies se criam ao mesmo tempo, com a diferença que o elemento masculino se torna caramujo e o feminino se torna mexilhão ou ostra.

26 – Nesta espécie de animais de concha se realiza novamente uma evolução milenar até a tartaruga, mas por agora não seguiremos adiante com o processo da evolução animal. Vamos, porém, nos dedicar à chamada “ostra”.

27 – Na evolução, a ostra se encontra no 990º degrau e se criou da unificação espiritual da madre pérola com o caramujo-pérola, já conhecido por vós. Aqui uniu-se uma dupla classe de vida: uma masculina com uma feminina.

28 – A vida feminina se encontra numa cápsula dupla (parte exterior áspera e dura; parte interior com uma linda cobertura suave e de brilho metálico, onde ela vegeta alegremente). Ela se alimenta de larvas de calor, das quais extrai o substrato alimentar. O resto da larva ela usa para aumentar sua casa da seguinte forma:

29 – Quando a ostra tiver sugado todo o alimento por meio de suas trompas sugadoras, ela fica com o substancial para alimentar-se. Daí pelo suor expele as larvas vazias e moles, que seguem por estas trompas para sua superfície, onde se grudam à casa e com o contato da água salgada se tornam duras e ásperas.

30 – Quando um destes “caramujos-pérolas” toma conhecimento desta ostra feminina, ele se arrasta em sua direção, se atraca à casca e começa a furar buracos na mesma, para chegar ao seu interior. Quando a ostra toma conhecimento deste gesto do caramujo, ela começa a deslocar as larvas inúteis para aqueles orifícios, para obstruí-los. O caramujo procura evitar isto com todas as suas forças, e ela injeta seu lixo nestes orifícios pelo suor, o que origina uma espécie de bola no interior do orifício. Esta bola se forma, pois, pelos excrementos da ostra e do caramujo, e nela podemos observar as feridas desta luta.

31 – Esta luta às vezes dura muitos anos. Após um certo tempo o caramujo abandona seu lugar e ataca a chamada boca da ostra, onde perfura a carne da mesma com um esporão. Com isto ele abre as portas para libertar a vida da ostra, que a abandona, se unifica a outras e cria uma espécie mais evoluída o chamado “caramujo nautilus”. Este alegremente constrói uma linda casa, toda enfeitada, tanto no interior como no exterior; casa esta em que, cheio de felicidade, levantaria uma bandeira colorida, especialmente em águas tormentosas.

32 – Esta é a criação natural da ostra e pode vos servir como uma figura exemplar de como, pela tenacidade e pelo esforço, uma vida cada vez mais bonita e melhor pode ser alcançada, como a unificação do bem e do verdadeiro que emana de Mim, que se pode transformar as tormentas da vida em algo prazeroso. Pois ao vencedor o sinal do poder é uma coroa, e Eu lhe outorgo uma calma visão de sua tenacidade; mas ao vencido estes troféus são verdadeiros tormentos.

33 – Por isto deveis cavar em vosso interior com o espinho da humildade e com isto abrir a porta para o espírito da vida que habita em vosso interior. E igual à pérola valiosa que representa a nobre luta e que permanece no interior da ostra morta, vossas obras, se tiverem se originado em Meu amor, permanecem como exemplo vivo para a posteridade. E nenhuma será pequena demais de modo a não encontrar um lugar no maravilhoso colar da vida, onde pérolas são vossas ações.

34 – Bem, este é novamente um pequeno Evangelho, o qual vos é pregado por uma ostra e, como em toda Criação, também nela se oculta um traço do Meu enorme e eterno Amor e Sabedoria.

35 – Sede, pois, alegres, que o dia novamente raiou entre vós. Ide, colhei óleos vivos das Minhas oliveiras vivas, para quando chegar a noite com suas trevas, possais ascender vossa lamparina e aguardar a chegada de um novo dia e a Mim, vosso Prometido, vossa Vida. Pois quando Eu chego, Eu não chego durante o dia, mas sim sempre à noite, e só entro nas casas onde vislumbro a suave luz de Meu Amor.

36 – Pois o amor é o verdadeiro óleo da vida. Quando colocardes este óleo em vossos corações, Eu o acenderei com Minha Misericórdia. E quando a noite de vossas almas for por ele iluminada, só então Eu, vosso Prometido, chegarei para tomar posse do que é Meu.

37 – Por isso, sede sempre ativos e aplicados! Eu, o eterno Amor e Sabedoria, vos falo! Amém.


Vossa posição em relação à igreja

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de agosto de 1840

1 – Uma palavrinha para aqueles que acharam que na mensagem “o caminho para o renascimento” tivessem ouvido a voz de Satã e não a Minha (pela boa relação que aparentei ter com as igrejas, especialmente a romana), ou pelo menos que olham aquilo como uma obra fútil de poder. Eu dirijo estas linhas para eles.

2 – Eles duvidam da autenticidade de Minha Graça. Mas se Eu for considerado duvidoso, então posso duvidar muito de seu amor. Eles possuem a fé da razão, mas muito longe de seus corações está esta fé, e seu coração está totalmente vazio de fé. Em vez de tornar o coração receptivo pela razão e compreensão, eles enchem somente a razão, cada vez mais. Esta está parecendo uma bola bem cheia de tanta leitura. Esta bola está conectada ao coração por um barbante, que é a vontade. Este coração agora deseja se expandir e assimilar plenamente Meu Amor Misericordioso, especialmente quando Eu vos transmito algo bem humilhante e de forma bastante oculta, mas que, devido à cobertura, não consegue mais ultrapassar os poros da superfície.

3 – Mas este balão cheio de gases da razão começa a puxar o cordão (devido à sua leveza) da vontade e assim estrangular a entrada para a câmara espiritual do coração, e as dádivas não conseguem mais entrar nela. Qual a consequência? Nada mais do que dúvidas, pois a graça viva começa a se escorrer de um lado para o outro no cordão da vontade e não consegue entrar, nem na razão, nem no coração. Então Eu tenho que dar uma esvaziada na razão, para que o balão comece a cair. E assim o cordão ficará murcho e possibilitará ao coração estrangulado receber novamente ar.

4 – A situação organizada deve ser a seguinte: o coração é cada vez mais ampliado pela degeneração da razão que é absorvida pelo mesmo, então a razão é aquecida pelo amor e se expande no coração. Com isto o amor fica cada vez mais tenso, se inflama em seu santo calor espiritualizado, e a luz de sua chama suave ilumina carinhosamente a razão. Então os tesouros do céu brilham na razão, aumentam constantemente pelo calor da luz, e dela então se origina o bonito e amoroso entendimento entre o amor e a verdadeira fé; a sementinha da mostarda se transforma em árvore e nela os pássaros do céu veem morar; finalmente, Eu venho morar em seus galhos acolhedores.

5 – O que foi dito agora que te sirva de consolo, quando houver mais desavença no futuro. Parece que tu (Jacob Lorber) tens uma personalidade dupla, ou que Eu desejava utilizar qualquer instrumento de Satã para Minha Dádiva. O pouco que se segue que sirva para solucionar a mente dos duvidosos.

6 – Por ocaso é bonito quando os filhos abandonam sua velha mãe doente, e desejam a sua morte devido às suas muitas enfermidades? Eu vos digo: a igreja romana é uma prostituta, mas vós nascestes nela e sugaste o primeiro leite materno de seu peito. Ela foi a primeira a vos ensinar o Meu Nome, vos alimentou como uma mãe extremosa, vos proibiu usar alimentos que vos estragariam o apetite ou então fariam mal ao vosso estômago. Ela acordou em vós o apetite por alimentos fortalecedores que alimentassem a alma e o espírito e que por Minha Vontade nunca vos foram negados, e dela abusastes ao bel-prazer, e daqueles alimentos ainda abusais no seio dela.

7 – Como é possível que agora clameis como fizeram Jacó e João: “Deixai que chuvas de enxofre caiam sobre sua cabeça!”? Vede o caminho da evolução! Vós estais a vos enganar horrivelmente! Isto era o que pensavam os fundadores de seitas, mas eles também se enganaram e a consequência foi: separação de irmãos, guerra, tortura, matança de tudo quanto é jeito. Esta melhoria poderia ter sido abençoada? Ou é possível uma seita dizer: “Meu ensinamento não está manchado com o sangue de irmãos.” ?

8 – Vede, a romana é aquela mulher adúltera que deveria ser apedrejada até a morte; mas como lá, aqui Eu também digo: “Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado”. Também é a mulher cananita que tem uma fé enorme e muito amor. Também é aquela que sangrou por doze anos e roubou a sua saúde de Mim ao tocar Meu manto, mas ela a merecia, pois tinha fé e muito amor. Também é igual à grande prostituta e arrependida pecadora Madalena, que cobriu Meus pés com óleos. Sob todos estes aspectos a igreja romana pode se apresentar.

9 – Ao contrário existem muitos “discípulos” que ficam cheios de ódio e rancor quando ouvem falar de “Minha Carne e Meu Sangue”. Eles acreditam no que querem e se contentam com as migalhas de pão que caem da mesa de seus senhores (que é Minha Palavra despedaçada). Querem provar, em seus loucos devaneios, que Eu não sou Quem sou. E se apesar de tudo, se ainda sobrar algo de Minha existência, Eu só poderei ser quando eles se dignarem a Me aceitar na sua “ideia”. Em verdade Eu falo: Se alguma seita estiver em pleno poder de Minha Doutrina e levar à Minha Doutrina total destruição (material e espiritual), então Eu até prefiro os turcos na sua cegueira honesta e severa, pois eles Me consideram ainda superior ao seu ídolo. A Mim, como Deus e Senhor, fazem sacrifícios e oferendas, mesmo que muitas vezes só para satisfazer o mundo, este sacrifício que para muitos é um manuseio de Minha salvação.

10 – Pois é assim a situação de Roma! Eu não tenho nenhum prazer no Vaticano nem na igreja de Pedro. Eu teria muito mais prazer em ver um asilo no seu lugar. Roma é uma cidade que se prostituiu com os reis do mundo; ela é uma prostituta e age como uma prostituta. Ela enfeita seu rosto caricato, veste seu corpo semiapodrecido com lindas vestimentas, para parecer ser uma bela virgem. Vede, tudo isto e milhares de coisas mais Me são bem conhecidas. Mas não são vós que dizeis: “Uma prostituta às vezes educa seus filhos melhor do que uma mãe orgulhosa, que acha que comeu toda Minha sabedoria com uma colherada.”? Pois Eu falo: Esta prostituta já criou muitos filhos bons e com isto ungiu Meus Pés em óleos. É por isto que Eu vou ajudá-la e reconhecê-la, para que se arrependa, pois ela pecou muito, mas também amou muito.

11 – Para vós, porém, Eu digo: Vós que nela nascestes e fostes batizados, por isto não deveis desejar destruição, mas sim a sua salvação. Eu vos dou o bálsamo e curo em vós o pecado original. Se viverdes de acordo com os mandamentos, a igreja vos respeitará e, no momento em que ouvir coisas milagrosas que acontecem em vosso meio, vos pedirá espontaneamente por este bálsamo que silenciosamente curará muitas de suas feridas. Mas se desejardes vos tornar rebeldes, poucas bênçãos cairão sobre vossos irmãos.

12 – Vivei como Eu vos mostrei e jamais tereis problemas por Minha causa, pois Eu vos protegerei, e Minha Obra aparecerá à luz do dia sem nenhum impedimento e será como um enorme magneto que atrairá tudo para si. Mas vós não deveis enfraquecê-lo com vossa desobediência e dúvidas.

13 – No momento que perguntardes: como pode me existir noventa e nove bênçãos nisto? Então Eu vos falo: nos céus os anjos se alegrarão noventa e nove vezes mais por um pecador arrependido do que por noventa e nove justos pela Minha Palavra Plena. Pois Eu vos digo: em verdade, Lutero, Calvino, Melanton e outros não pesam uma grama mais do que um João da Cruz, um João de Deus, um Francisco, um Tomás de Kempen, um Taulero, uma Teresa e muitos, muitos outros, pois em sua fé a justiça e a divindade da fé, primavam com a íntima ligação de amor dos místicos. Podemos comparar a discussão dogmática de Lutero e Zuvigli, em Margurgo, sobre a Santa ceia.

14 – Sim, os chamados protestantes poderiam ter aprendido muito. Mesmo Swedenborg aprendeu muito em Roma, o que lhe permitiu que se lhe abrissem amplamente as portas para sua intimidade, pois ele era alguém que sabia extrair a quinta essência de tudo e disto colhia muitas coisas úteis.

15 – O sábio vai ao quartinho de despejos e lá encontra muitos tesouros cobertos pela poeira das cerimônias. Ao afastar a poeira, toma o ouro puro e coloca em seu cofre. Fazei o mesmo vós também! Pois está escrito: “Deixai os pequeninos virem a Mim, não os afasteis, pois deles é o Reino do Céu!” E aquele que não se tornar igual a eles, não chegará tão depressa a Meu Reino, só quando for como eles, que não questionam, mas que creem inocentemente em tudo que seus pais dizem e agem de acordo, e mesmo que ultrapassem os conhecimentos dos pais, pela Minha Misericórdia ainda honram suas palavras, mesmo que não as necessitem.

16 – Noé falhou quando se embriagou, mas ele amaldiçoou o filho que riu dele. E aos outros dois que amorosos cobriram sua nudez, ele abençoou. O mesmo (como os dois filhos melhores de Noé) fazei vós também, se desejardes ser abençoados noventa e nove vezes. Isto, falo Eu, o Eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.


A razão da Nova Revelação

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de agosto de 1840

1 – Com respeito à razão desta revelação, é que desejo mostrar ao vosso extremamente versado conhecimento material como é tolo o esforço de querer pesquisar estas coisas espirituais e desejar uni-las ao reino das coisas explicáveis, pois estas ficarão eternamente longe do mesmo, devido a sua profundidade, grandeza e divindade. Pois estas revelações só são colocadas nos corações cheios de fé dos inocentes e, para grande vergonha da ciência mundana, também é dada à criancinha no berço.

2 – Em segundo lugar, é para mostrar-vos e a todo o mundo os verdadeiros caminhos de Meu Amor Misericordioso, quais caminhos ele toma para instituir a salvação eterna de todos os seres e como, quando e por que tudo isto acontece. Para acabar com todos os questionadores do mundo e para que tudo seja visto na sua verdade original. Como um bom construtor bem sabe para que este ou aquele objeto ou material serve, só Eu posso saber o porquê, por que isto, por que aquilo acontece, como e quando foi originado e por quê.

3 – Aquele que pesquisa e medita sem a Minha Bênção, este sempre falhará. Mas aquele que vier a Mim, aprender Comigo no seu coração, este tudo tem na grandeza da verdade, da qual não se muda nem uma vírgula jamais.

4 – Em terceiro, é para que a enorme maldade das pessoas de todo tipo de classe e posição seja posta à vista com toda a claridade; como estas pessoas, pela sua maldade cega, conseguem atrair tudo o que é bom, mais puro e divino a sua pocilga e transformam tudo horrivelmente, para buscar seus objetivos.

5 – Para ser bem claro, tudo deve ser exposto ao mundo, para que cada um saiba qual a sua situação. Sim, o centro oculto da Terra será exposto ao mundo, como é exposto o alimento que servimos aos nossos hóspedes. E nenhum sol deverá se encontrar afastado demais, que não possa ser observado em todas as suas partes pelo olho microscópico da fé viva e inocente da ingenuidade, mesmo que sua circunferência fosse maior que o maior pensamento que jamais conseguireis imaginar. E não deverá haver nada tão pequenino que não possa ser visto pela luz de Meu Sol Misericordioso. Sim, de pequenos pontos farei planetas transparentes, e o sol central será decomposto em pequeninos pontos, para que o mundo veja que, no fim, Eu estou em tudo.

6 – Se com isto o mundo chegar à conclusão que sem Mim não se pode esperar a Salvação, só então a paz renovará na Terra, cada um terá a sua posição assegurada tanto no mundo temporal como na eternidade, por puro Amor por Mim. Só então o imperador será verdadeiramente um imperador, nomeado e imposto pelos Meus Olhos; o rei será o rei; o príncipe, príncipe, sem nenhuma destas malditas constituições, a não ser a constituição do Amor por Mim e da Bênção que a todos cobre com seus fluídos. E o lobo será o enfermeiro do cordeiro.

7 – Com isto Eu desejo aplainar tudo, para que não existam mais “quedas d’água” ou “desabamentos”, mas sim somente o mar de Meu Amor e os rios de Minha Bênção.

8 – Vede, tudo isto deve acontecer, para que a verdadeira igreja das pessoas seja purificada, e sua vitória brilhe mais que a luz de todos os sóis, onde então haverá “um pastor e um rebanho”, cujas ovelhas ouvirão continuamente Minha Voz até o fim dos tempos. Então toda matéria será destruída no fogo de Meu Amor Divino, ou no fogo da Minha Ira, se deixarem apodrecer as Minhas Palavras de Advertência.

9 – Vede, agora chegou “o tempo dos pequenos tempos” (em contraste com “o grande tempo dos tempos”, quando o Senhor se tornou homem). Quem o observar com atenção, a este serão dadas coisas incríveis pela eternidade. Mas aquele que se escandalizar e começar a questionar a Minha lealdade, a este o “pequeno tempo” logo acabará e a magnitude da ira eterna o capturará. Bem, ou é assim, ou é assado. Se alguém quiser, que o faça. Nós, porém, sempre estaremos juntos. Amém. Isto, falo Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.

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A constituição interna da pomba e outras aves

(continuação da mensagem de 16/08/1840)

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de agosto de 1840

1 – A respeito da constituição interna da pomba e seu voo, ambos são idênticos aos outros habitantes do ar.

2 – Seu exterior é coberto de penugem e vários tipos de penas. Seu interior consiste num coração semelhante ao dos humanos, num estômago bem peculiar, nos intestinos, pulmões e num fígado bastante grande. Estes órgãos são recobertos em sua parte superior e metade da parte inferior por membros bem suaves e leves, como são necessários, e no resto da parte inferior por uma pele suave.

3 – Pela sua constituição natural, o coração tem as mesmas funções do coração humano e de todos animais de sangue quente, e o mesmo acontece com o pulmão. Mas em relação ao estômago e fígado, estes são completamente diversos dos humanos e dos animais de sangue quente.

4 – A massa de carne das aves consta de filamentos leves, embranquecidos, que se entrelaçam com um tecido nervoso leve; por isto ela tem a capacidade de se estender ou encolher de maneira extraordinária, muito mais que a carne dos outros animais.

5 – Sobre o corpo dos pássaros, geralmente sobre um pescoço bem longo, há uma cabeça pequena, mas que possui sentidos extremamente aguçados. Uma águia vê, como quase todos os outros pássaros, muito melhor do que vós enxergaríeis com um telescópio potente. Sua audição é bem mais aguçada que a vossa, e seu olfato bate de longe o de um cão farejador. A águia consegue detectar uma carcaça durante o vôo, também sabe exatamente de onde vem o odor e voa exatamente na direção certa. Seu paladar é tão forte, que ela sobe e descobre nas rochas as raízes o sal de que necessita.

6 – Os seus órgãos de sentido são muito excitados, a um grau bem elevado; e o mesmo acontece com o seu cérebro, que além de bem excitado é muito ativo. Nele existe bem mais inteligência, do que em todos os outros animais, mesmo o enorme elefante. Esta é a razão por que algumas espécies de pássaros retêm ordens na memória e às vezes frases inteiras que os humanos lhes ensinam, coisa que nenhum outro animal consegue fazer, por mais domesticado e adestrado que seja. Disto pode-se concluir que esta espécie animal vos está mais próxima que qualquer outra que se locomove com pés e com dificuldade sobre o solo, assim como vós.

7 – Tudo isto acontece, porque um pássaro, devido a seu interior, consegue assimilar as impressões do mundo exterior com uma capacidade extremamente elevada; e com seu cérebro extremamente ativo, consegue fazer uma abstração já bastante organizada das impressões que o exterior lhe transmite. Esta é a razão por que a voz natural de vários pássaros já é bem articulada.

8 – Agora a pergunta: Como acontece a reprodução das aves? A resposta se encontra na sua procriação e nos ovos.

9 – Por Minha Vontade, a fêmea tem a capacidade, por intermédio de sua inteligência interna instintiva e inconsciente, de se autorreproduzir no chamado ovário, no qual existem pequenas bolhas. E isto acontece da seguinte maneira:

10 – Saem de seu coração uns filamentos muito finos, pelos quais é transportado um líquido branco. A partir do local de onde partem, forma-se um tecido (com base no líquido branco expelido) que parece uma rede. Quando este tecido adquiriu sua forma prevista, que parece uma quantidade de pequenos funis, uns grudados aos outros, então tal tecido é amarrado à espinha dorsal pelos filamentos. Estes então se soltam do corpo do tecido e direcionam suas extremidades livres para o interior dos pequenos funis.

11 – Após isto e do mesmo modo, partem vasos do estômago, os quais passam pelo fígado e são levados às bocas dos pequenos funis. Finalmente, quando todos estes vasos forem um pouco alargados pelo coração, então de cada um destes vasos cresce mais um vaso, o qual também direciona sua extremidade aberta para estes pequenos funis. Quando todo este aparato estiver completo e bem desenvolvido (o tempo que isto demora depende das leis da natureza e do tamanho da ave) então dos sucos do estômago é colocada uma gotinha muito resistente, com as extremidades dos dois tipos de vaso bem no seu centro.

12 – Após acontecer isto, sucos aquosos brancos que se originam no coração começam a fluir através do exterior daquele órgão, isolam a gotinha originária do estômago e a enchem até que adquira o tamanho de uma avelã ou de uma maçã (depende do tamanho do pássaro). Então outros sucos que vêm diretamente do sangue começam a penetrar nestas bolas e formam a assim chamada gema.

13 – Enquanto isto, originando-se no canal do intestino, desenvolvem-se certos filamentos muito finos e que de um certo modo preferem este novo fruto branco.

14 – A fêmea tem dois canais de deságue, um para os excrementos e outro para a saída do ovo. Mas este último canal se une com o de excrementos um pouco antes da sua extremidade aberta, por meio dos já anunciados filamentos originados no intestino. Forma-se então um cano que se divide no ovário em tantos braços quanto for o número de funis.

15 – Por este cano é levado ao centro da gema, no momento do acasalamento, um tecido elétrico-espiritual. Esta substância é a que Eu já denominei como uma substância anímica natural, que se encontra na união da vida animal, tanto na água como também na terra.

16 – Após isto ter acontecido, então o tecido que vem do coração envolve este novo hóspede da vida, que tem a forma de um minúsculo pássaro nu e que se expande por todo o ovo, e assim abre o caminho para a alimentação.

17 – Depois, pedrinhas originárias do estomago formam uma massa calcária, a qual, pelo calor do interior do ovo, endurece e forma a casca do ovo. Agora o ovo está pronto para sair.

18 – Isto também pode acontecer sem o acasalamento, mas aí não existe vida. Os ovos acasalados são aquecidos pelo calor da mãe que os chocam (o tempo também depende de cada tipo de ave); e após o término desta incubação, quando o embrião comeu todos os nutrientes que existem no interior do ovo, o embrião rompe a casca e chega ao mundo exterior como uma ave perfeita, que por um curto período deve ser cuidada e alimentada pelos pais, para logo ser capaz de fazer tudo que seus pais fazem. Esta é, pois, a história da formação de um pássaro.

19 – Como já mencionamos o estômago de um pássaro, sabei que o mesmo é composto de grossas placas musculosas.

20 – Este estômago não é um órgão que serve de dispensa de órgão digestivo, como são nos animais terrestres. Para a dispensa se presta o papo ou um pré-estômago nos animais de rapina. O estômago propriamente dito só se ocupa da digestão, que acontece da seguinte maneira nas aves que comem grãos:

21 – O estômago sempre tem uma pequena quantidade de pedrinhas no seu interior. Ele então se abre e retira uma quantidade de alimentos do papo. Quando este alimento estiver entre suas placas, estas começam a se esfregar umas nas outras, como esfregamos nossas mãos. O alimento então é moído com a ajuda das pedrinhas, as quais também são desgastadas. Nesta atividade origina-se calor, que destrói quimicamente os pedacinhos que se soltam das pedrinhas. O calcário é levado para a formação da casca. O mitral, porém, serve como alimento e para conservação e fortificação das placas do estômago, e o resto é expelido com os excrementos.

22 – Pergunta-se: Para que este alimento mineral dos pássaros? Em primeiro lugar, para o que foi para dito acima (casca). Além disto, o alimento mineral se comporta como um arco voltaico na digestão, para a liberação dos mais finos gases de hidrogênio, o qual também pode ser conseguido na ingestão de água ou derivado de um processo químico da respiração.

23 – O hidrogênio se amalgama com os minerais das pedras e também com elementos pesados de gases e líquidos; ele será desagregado por filtros orgânicos extremamente finos. O gás puro vai para os canos e dos canos às penas, que já foram criadas por elementos que vêm do sangue. Nestes canos encontra-se, pois, a “alma”, a “mãe das penas”, composta de milhares de pequenas bolhas.

24 – Quando o pássaro quer voar, ele enche estas bolhas com os gases (como também outros órgãos de seu corpo) e assim fica mais leve que o ar; estende suas asas se eleva no ar, tomando a direção com sua cauda. Ele precisa das asas para voar só no começo, mas durante o voo fica cada vez mais leve e só precisa delas para se movimentar, não mais para se elevar.

25 – Se ele desejar retornar ao solo, ele solta o gás e enche o cano da pena com ar. Este é o segredo do voo da ave.

26 – Ainda temos seu pulmão e seu fígado para olhar. O pulmão é de tal modo construído, que é muito mais elástico que os de todos os outros animais. Uma ave pode inalar cem vezes mais ar do que um ser humano.

27 – Com o ar acontece um processo similar ao da água no estômago. O gás que ele produz entra nos ossos ocos. Oxigênio se une ao sangue para a formação dos nervos, músculos, tendões e ossos. O hidrogênio é expulso pela respiração e pode servir como base para a formação da voz do pássaro.

28 – O fígado é nos pássaros idêntico ao tecido que existe debaixo da bexiga do peixe. Ela é composta de uma variedade de pequenas bolhas em forma de pirâmides que são conectadas umas às outras por filamentos muito suaves e cartilaginosos. Estão células piramidais ou bolhas têm a qualidade de serem quais garrafinhas elétricas. Aspiram o fluído magnético elétrico que se forma da fricção das placas do estômago e parecem umas baterias elétricas. Este fluido é usado para a produção do gás por vós já conhecido, que o pássaro usa para voar.

29 – Com respeito ao gás carbônico produzido por este processo, ele se concentra na bílis e é absorvido novamente pelo estômago quando necessário digerir algo muito pesado, o que acontece principalmente na pomba.

30 – Bem, agora temos todo o processo natural de uma ave, desde sua procriação até seu amadurecimento. Só nos falta explicar as diversas colorações de sua pena e o seu voo veloz.

31 – A diferente coloração das penas é às vezes causada pelos diferentes tipos de alimentos, ou também devido a Minha Vontade, para indicar uma maior ou menor mansidão e para vos dar uma indicação de quais os animais podem se tornar vossos “amigos”.

32 – Com respeito à velocidade do vôo, esta depende da maior quantidade do elétrico-magnético da ave. Este é facilmente detectável na velocidade que cada pássaro apresenta.

33 – Agora já sabeis tudo o que é necessário para satisfazer vossa esfera naturalista. Mas quanto aos outros assuntos, estes ainda se encontram muito longe do que vossa razão obtusa pode entender. Dai tempo ao tempo. Primeiro a semente, logo o broto, a seguir a planta, as raízes, o tronco, as folhas, flores e finalmente o fruto maduro de vosso espírito, que se desenvolveu pelo calor do amor de Meu Sol Misericordioso em vossos corações. Amém.

34 – Eu, o mestre de todas as coisas, cheio de Amor e Sabedoria. Amém. Amém.


Preocupações pelo irmão

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de agosto de 1840

De uma carta de Jacob Lorber a seu irmão Michael.

1 – Querido irmão, tem certeza que eu sempre te abençoo e oro por ti a meu e a teu Deus, que agora se tornou meu melhor e mais querido amigo e que te manda a seguinte mensagem:

2 – Tu deves estar sempre em sintonia com teu amor e justiça. E por amor a Ele, deves evitar ao máximo fazer sexo, se este só for para satisfazer teus desejos. Dentro em pouco possuirás um espírito tão ativo e aguçado, que o centro da Terra será como um livro aberto ante teus olhos.

3 – Pois o Senhor fala: “Dize-lhe que Eu sou um verdadeiro Deus a todos aqueles que Me amam e que seguem Meus Mandamentos! Quem se purifica em Meu Amor, este jamais verá a morte, mesmo que seu corpo morra mil vezes. Pois em verdade vos digo, não existe vida em lugar algum do que em Mim. E agora a grande época das épocas já está bem próxima. Mas aquele que Me amar, Eu chegarei junto a ele e permitirei que usufrua a força de Meu Amor e o enorme poder de Minha Misericórdia”.

4 – Querido irmão não aches que estas palavras são invenção minha, não. Elas vêm do Céu mais alto e por isto observa-as bem em teu coração. Nelas existem, ocultos e infinitos, meus amados irmãos.

Jacob Lorber

teógrafo (servo escritor de Deus).


Da montanha “Strassenengel”, perto de Graz

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840

“Strassenengel” significa anjo da estrada. É uma montanha nas imediações de Graz, cidade onde Lorber morou muitos anos e onde recebeu a maior parte da Nova Revelação.

1 – Por mais desorganizada e inoportuna que uma paisagem possa parecer aos vossos olhos, lembrai-vos que nenhuma partícula de poeira se acomoda ou então se move sem consentimento de Meu eterno Amor e Sabedoria.

2 – Vede, esta montanha na qual vos encontrais neste momento está circundada de uma série de montanhas, umas mais altas, outras mais baixas, em uma desordem total. Se perguntardes a vossos pesquisadores da natureza: “Por que acontece isto?”, eles não conseguirão vos dar outra resposta que aquela que já se encontra em vossas mentes: “Isto tudo acontece pela falta de jeito como a natureza atua; as montanhas foram por ela criada e ao longo do tempo serão modificadas pela mesma de forma bem acidental”. E outros ainda dirão: “Este tipo de montanha foi feito pelo fogo e por aquelas outras pelas forças originadas do choque dos ventos que vêm do sul contra os que vêm do norte”.

3 – Mas o que aconteceria se Eu abrisse um destes morros ao meio e o partisse seguidamente em duas partes, até ficar totalmente plano? E se fizesse cortes em diversas direções, desde seu vértice? Os sábios, com sua teoria de alusões, caminhariam por estes vales a observar as entranhas da montanha, o que destruiria totalmente sua teoria da origem da mesma, pois entre camadas de argila e areia existem toneladas de rochas concretas, e logo a seguir outra camada de pedregulhos, cal, carvão mineral; existem também outros lugares com animais fossilizados, tanto animais terrestres como animais dos mares, e ainda sítios com ferramentas nas quais se descobre a mão humana na sua feitura.

4 – O que vos diriam os sábios naturalistas? Eu acho que dariam de ombros e não conseguiríeis obter nenhuma explicação dos mesmos. Justamente esta montanha onde estais é um conglomerado como vos apresentei. E é por isto que deveis entender por que e como este morro foi criado e, além disso, ainda será acrescentada uma pequena história a respeito.

5 – De revelações anteriores, especialmente do reino animal, já sabeis de onde, como e por que isto é criado e por que existe. Mas em vosso conhecimento ainda existe uma pequena falha, e é esta que irei esclarecer.

6 – Vós bem sabeis que a matéria não é nada mais que a grande humilhação para os espíritos e que a água é uma corrente seguida de bênção de Meu Amor Misericordioso. Vós sabeis que a luz do Sol se origina na Minha Misericórdia e o seu calor no Meu Amor.

7 – Vede, pois, em locais onde existe muita água (quanto mais água, tanto mais misericórdia) é que Eu enxergo um grande amadurecimento da matéria humilhada. Eu então permito que uma torrente bem grande da Vida que se origina em Mim flua sobre esta matéria. Isto é reconhecido pelos espíritos das águas, espíritos bons e livres; e eles se enchem de alegria que inunda toda a sua vida comunitária. Então eles voltam de suas comunidades e começam a brincar livremente com as águas, e assim elas frequentemente são agitadas em grandes extensões.

8 – Quanto mais esta torrente da Vida que vem do alto se aproxima, tanto mais as marés se elevam alegremente. Da mesma maneira que acontece nos homens, esta grande alegria se expressa num movimento circular (não estou falando de vosso bailar em festas, mas do que fez David na frente da arca). Estes espíritos também se unificam na água, colocam a mesma em movimentos circulares rápidos e, quando descobrem que a Vida se apresenta na forma de uma nuvem que estendeu seu braço, então os alegres espíritos duplicam, em seu entusiasmo, os seus movimentos circulares e se elevam até encontrar os Meus Braços misericordiosos.

9 – Este tipo de movimento é detectado por miríades de espíritos, mesmo as bem afastadas, que velozmente correm a unir-se à coluna principal. Ao mesmo tempo isto também acontece na terra firme, e muitas vezes estes espíritos da natureza viajam velozmente de distâncias bastante grandes, para unirem-se à coluna principal. Nesta viagem carregam tudo, tudo é arrastado pela frente: árvores, casas, animais, etc.; tudo, no seu alegre devaneio, é arrastado sem nenhuma consideração.

10 – Então estas aparições que acontecem na terra firme apresentam dois elementos de diferente caráter. Existem aqueles que são bem modestos na sua agitação. Estes acabam se tornando a chamada tromba, rajada ou redemoinho. Os outros são mais selvagens na sua alegria. Estes se inflamam na sua agitação e se tornam os conhecidos “jogos fátuos”.

11 – Bem, quando estes turbilhões se unem junto a tudo o que arrastaram consigo nas suas andanças, numa velocidade impossível de ser concebida pelo homem, estes movimentos circulares soltam a matéria em grandes proporções, e esta matéria pode ser areia, pedra, animais aquáticos, animais terrestres. Eles organizam e amontoam tudo bem no local onde acontece a maior salvação e formam um morro, como é o caso desta montanha.

12 – Aqui tendes a explicação do como; ao entenderdes, o porquê não vos será difícil captar.

13 – Pois um dos porquês já foi explicado no contexto e vos será bem claro, se olhardes o que foi dito sobre a criação da árvore, se olhardes bem a madeira da mesma, onde as maldades destes espíritos são mantidas em novas prisões. A mesma coisa acontece numa tão grandiosa libertação, pois onde for oferecido um banquete, lá sempre haverá “penetras”, ou outros que ainda não colocaram a roupa festiva e ainda não estão maduros para a Vida. Estes devem retornar às provações de humildade que vos são conhecidas e também às trevas da periferia.

14 – Mas também devemos corrigir uma ideia errada que existe entre vós. Não deveis pensar que a matéria visível, tal como pedras, terra, plantas, árvores e similares, sejam os próprios espíritos. Não, tudo isto não é nada mais que o cárcere para os mesmos, o qual contém o cordão da Minha Vida que existe neles. E só na extensão que a Minha Vontade permitir, lhes será aberta uma portinha, para que consigam se libertar aos poucos da morte, por intermédio da inteligência espiritual que existe em cada um. Mas a respeito do que a matéria de fato é, Eu vos digo que ela não é nada mais que Minha Ira suavizada pelo Meu Amor Misericordioso .

15 – O porquê desta matéria se expressar desta maneira às vezes, vos será explicado quando fordes visitar esta montanha ( a mensagem foi dada no dia 30/09/1840). O mais importante, porém, será a explicação do centro da Terra ( ver “A Terra e a Lua”, de Jacob Lorber) e também do que ela é formada. Bem, agora vamos falar um pouco sobre a história desta montanha.


História da montanha “Strassenengel”

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840

1 – No ano 1263, entre os habitantes desta região havia muita violência, assaltos, assassinatos e luxúria. Assim, foi necessário enviar para cá o anjo da morte com sua tocha preta de ira, para destruir e queimar os malfeitores dentre estas pessoas.

2 – Isto era o que se chamava a “morte preta”, que não só acontecia aqui mas também em muitos lugares dispersos na Europa.

3 – Aqui, porém, morava uma família de camponeses que Me era muito cara, e sua casa estava no sopé deste morro. Ao dono da casa Eu dei, devido a sua fé, o poder da visão.

4 – Num dia bem abafado de verão, juntaram-se no céu imensas nuvens de tormenta, e logo elas se esvaziaram bem sobre este morro, acompanhadas de milhares de raios e trovões horrorosos.

5 – O camponês viu nesta tormenta algo de diferente do que vossos pesquisadores da natureza atuais conseguem observar, e falou a seu povo crente:

6 – “Queridos filhos, nada temais! O Senhor, mesmo em Sua ira, não esquece daqueles que O amam de todo coração, de todos os sentidos e com toda sua alma. Pesada é a mão direita do eterno Criador, que se deita justiceira sobre essa nossa região, mas Sua mão esquerda está sobre a cabeça dos Seus filhos, abençoando-os e protegendo-os. Tende certeza que o mesmo anjo que Ele envia ao mundo como flagelo, para nós ele virá como o Salvador”.

7 – Quando o camponês disse a sua família estas palavras tão agradáveis aos Meus ouvidos, ele ouve alguém gritar por ajuda na estrada castigada por raios, trovões, chuva forte e granizo. Depressa sai do quarto em que estava, pega um galho de pinheiro como bengala e corre ao encontro do desesperado. Encontra um homem caído semimorto na estrada, o coloca sobre seus ombros, o leva até sua casa e dele cuida durante toda à noite.

8 – No dia seguinte, o estranho fala ao camponês: “Segue-me para cima do morro”. E o camponês o seguiu com seu galho. O estranho então lhe disse: “Enterre o galho na terra”. O camponês assim o fez e milagrosamente o galho tornou-se uma verdejante árvore.

9 – Ao que o estranho falou: “Que isto te seja o sinal de Minha missão e de tua fidelidade”. Pois eu, um mensageiro do Senhor para a Terra, venho destruir estes humanos teimosos. Mas já que tu tomaste do galho, correste em minha ajuda e salvaste, na tua simples inocência, a vida de uma pessoa, vê, eu tomo a metade de tua amizade, e com ela minha ira será bem suavizada.

10 – O anjo então quebrou a árvore ao meio e disse ao camponês: “Vê, esta será a tocha negra da morte, na qual milhares de pessoas perderão sua vida, tanto a material como também a eterna”. Enquanto eu agir, estarei te protegendo de acordo com a Vontade do Senhor, e não deves temer nada. Durante o dia tu deves ir a diferentes localidades e dizer aos que desejam livrar-se da morte que devem se refugiar neste morro, nesta a árvore que plantamos, e devem praticar penitência e jejuar durante três dias e três noites. Depois cada um deve tomar de um raminho da árvore, o qual lhe servirá de sinal e o protegerá de Minha Ira.

11 – Esta é, pois, a história original. O camponês foi chamado pelos muitos que se salvaram graças a ele de “o anjo na estrada”, mas ele não o queria e deu a Mim este nome, pois era muito religioso e humilde. O nome dele mudou para “o anjo da morte”.

12 – Por esta razão os descendentes, em profundo respeito e amor, plantaram Meu retrato nesta árvore quebrada e mais tarde construíram uma igreja.

13 – Com respeito à religiosidade deste local, podeis encontrar informações nas crônicas do lugar, pois só tem valor histórico, nada de valor moral.

14 – Observai, pois, bem o galho do camponês, que ainda pode ser visto no interior da igreja, e sede sempre plenos de amor e humildade; assim podereis ter certeza de sempre Me encontrar, a Mim, “o anjo salvador da estrada”. Amém.

Eu, o eterno Amor e Sabedoria. Amém. Amém. Amém.

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Cura de doenças

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de agosto de 1840

Para um irmão que deseja saber sobre um pobre doente, se é possível ajuda-lo ou não.

1 – A pergunta se origina em um coração puro, mas que ao mesmo tempo é um coração fraco, pois ainda não reconhece que Eu sempre posso ajudar, se o homem estiver procurando a vida eterna.

2 – Eu ainda ajudo com mais rapidez, se vejo que Me é apresentada uma confiança forte e total de uma pessoa piedosa e se ela estiver pedindo pela ajuda. Mas em primeiro lugar fazei vossa obrigação, que Eu farei a Minha a contento. E que assim seja o certo para a vida eterna.

3 – O corpo daquela pessoa é torturado por um mal triplo: primeiro é uma lepra nervosa interna ou escrófula oculta, em segundo é gota e em terceiro é um tipo de gripe que se acomodou no seu peito. Se um mal melhora, o outro fica mais agressivo. Aqui se deveria servir a três senhores, o que é muito difícil, quase que impossível. Não fossem os banhos que estão sendo ministrados, uma cataplasma comum com leite, pão de trigo fresco e água teria sido melhor, e à noite, um chá de tília com mel. Mas agora de pouco servirá, ainda que mal não faça.

4 – Nestes casos é muito complicado ajudar, já que os doentes só confiam nos médicos e não em Mim. Assim que fizerdes vós a vossa obrigação, Eu farei a Minha, ou aqui ou em Meu Reino, pois Eu sou sempre o Senhor da vida e da morte. Amém.


Prólogo para “A mosca”

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de setembro de 1840 – à tarde

1 – É bom usar os olhos internos e observar as Minhas criações, vendo lá Meu Amor e Sabedoria; pois sempre há algo infinito em tudo e, por isto, digno de receber uma olhada espiritual, pois tudo aquilo que abriga algo do infinito é um átomo Meu, no qual atua um Ser Eterno.

2 – Já que Eu permito que uma pequena mosca vos cante uma cançãozinha, ela não faz parte dos excluídos. Pois como até os átomos da luz e as mônadas do éter são conhecidas por Mim, um a um, em toda a eternidade, como não o seria uma mosca, para cuja constituição são necessários mais de bilhões de átomos.

3 – Deixa, pois, a mosca zumbir um pouquinho.

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A mosca

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de setembro de 1840 – à tarde

A mosca zumbe alegremente

Uma canção bonita em Meu louvor.

Ela zumbe alegre e cheia de amor

E rodopia no mar do amor por um impulso interno

E fala direitinho palavras de salvação

E vos anuncia e mostra os caminhos da humildade.

Vede como este bichinho rodopia alegremente.

E como se entrega livremente a este impulso interno.

Agradeçamos as orientações que Eu lhe dei,

E ela jamais, como vós fizestes, irá desejar o proibido.

Eu vos digo: não em vão ela foi colocada tão próxima a vós,

E mesmo que seja meio pequena, ela foi escolhida por Mim.

Um par de asas tenras, feitas o éter, Eu lhe dei,

Para que ela pudesse se elevar nos ares com facilidade

E rodopiar em vôo alegre nos raios do sol

E sugar a luz com os olhinhos cheios de delícia

E levar a mesma (a luz) para a vida dos elementos mortos

E testemunhar à dureza, Minha doçura vivificadora.

Sabiamente lhe dei seis pés bem leves,

E para que conseguisse sentir a doçura da vida,

Eu lhe dei um tromba sugadora.

Vede o que Eu vos disse agora; observai como uma chave e em vossos corações e meditai sobre a mosca. Eu vos digo: a mosca, a mosca canta canções de vitória para vós.

Que isto seja uma pequena lição de casa (para meditar), que deveis elaborar em momentos a Mim dedicados.

Este tema pequeno e insignificante Eu vos dei para que vossa humildade seja bem alimentada. Mais tarde este bichinho vos dará Meu testemunho sobre assuntos da natureza bem melhor explicados ( Em março 1842, o Senhor revelou a Jacó Lorber a mensagem “A mosca”, livrinho já traduzido por Yolanda Linau ).

Eu, que conheço tudo e todos. Amém


A grandiosidade da Criação e do Amor de Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de setembro de 1840 – à tarde

1 – Quando observardes a grandeza da Terra e de vosso Sol com os olhos espirituais, podereis ter uma ideia do quanto Eu tenho que Me preocupar e o quanto Eu tenho que cuidar, por Amor. Pois tanto o menor quanto o maior, como consequência, dependem da poderosa e divina Ordem, pois a conservação de todo o universo depende da conservação do menor dos átomos. Sim, Eu vos digo, se alguém fosse capaz de destruir uma única mônada, toda a criação logo seria destruída.

2 – Porém isto só seria possível a Deus, se Ele não possuísse o Amor. Mas na plenitude do Amor, nem Eu posso ir contra a Minha Ordem Divina, sem e afastado da qual Eu não poderia ter criado absolutamente nada, e nem em um infinitésimo de segundo poderia ter perdurado.

3 – Eu vos digo, num globo de espectro solar central há bilhões de sóis. Meditai um pouco sobre este campo enorme da morte. Sabeis ainda pouco sobre o campo enorme da morte. Sabei ainda mais: no Meu espaço, entre um globo e outro, bilhões de globos teriam lugar. Considerai ainda mais: que um bilhão de bilhões de globos compõe um Universo de Criação, e que Minhas criações continuam a acontecer, e que todo o infinito de Criações assim constituídas são nada mais que uma gota de orvalho pousada na Minha Mão, e que destas gotas existem inumeráveis; aí tereis uma pequena idéia do quão grande Eu sou, quão grande é Minha Preocupação e quão grande é Meu Amor, o qual mantém tudo isto como um pontinho minúsculo, o qual sopra vida em tudo e em todos de acordo com sua necessidade para existir.

4 – Vede, pois, que Eu sou um Pai bastante grande e que possui muito. E Meus queridos filhos não deverão sentir falta de nada, nem do mínimo. Mas atenção: isto vale para aqueles que Me amam, pois Minha Casa tem muitas moradas! Amém.

Eu digo isto, vosso Grande e Santo Pai!

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Do fogo do sal do amor

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de setembro de 1840 – à tarde

Marcos 9.49.50: Porque todo homem será salgado pelo fogo. O sal é uma boa coisa, mas se ele se tornar insípido, com o que lhe restauras o sabor? Tende o sal em vós, e vivei em paz com os outros.

1 – Em primeiro lugar escreve a seguinte afirmação: “Senhor, nós todos não sabemos nada, e nosso coração é mais obtuso que uma pedra, pois nós o endurecemos com nossa ilimitada torpeza e maldade ímpar, e sem Tua Misericórdia não o conseguimos abrandar ou amolecer. Sê, pois, Tu, bem amado Senhor Jesus, nosso único refúgio em todas as ocasiões e abranda nosso coração endurecido qual pedra com o fogo do sal de Teu infinito Amor, para que nós possamos Te Amar, a Ti, eterna Bondade, cada vez mais, por toda a eternidade. Amém”.

2 – Bem, agora escreve a explicação.

3 – Quão fraco é o vosso amor, pois não consegues entender o que é o sal e muito menos o que é o fogo do sol.

4 – Aquele que achar que o sal é a sabedoria, este ainda é muito ignorante. Não aprendestes o seguinte: “O oxigênio é o ar da vida na atmosfera.” ? E se este não existir em algum lugar, vós bem sabeis que a chama da tocha se apaga e que o fogo não se expande no ar rarefeito. Vós dizeis que se a lenha não está bem seca, ela não absorveu bastante oxigênio e por isto não queimará facilmente e não produzirá chamas; também sabeis que no oxigênio puro até o ferro se queima com faíscas; sim, até sabeis que o fósforo é um ácido e que possui uma chama esverdeada e branca. Vede, tudo isto vós sabeis! Mas não sabeis nada, nem o que é o fogo do sal da vida! Como acontece isto?

5 – Cegos e surdos, olhai e escutai bem! O fogo do sal não é nada mais nem menos do que o verdadeiro Amor por Mim, com o qual deveis ser totalmente salgados, se desejardes entrar em Meu Reino.

6 – Pois, tal como o sal, o tempero vital de todas as criaturas é ao mesmo tempo o conservador de todas as coisas, devido ao seu fator adstringente, e é também o puro Amor do espírito por Mim, como o sal do fogo de toda a Vida, o único mantenedor da força da vida eterna.

7 – Mas como somente o oxigênio é incandescente e produz chamas luminosas que iluminam qualquer local por mais tenebroso que seja, assim também o verdadeiro amor é todo chama e fogo e assim é capaz de produzir luz; esta luz é a verdadeira luz, pois é o produto luminoso final de Minha eterna Luz da Sabedoria.

8 – Mas como um sal insípido é inútil e não serve para acirrar a chama, mas sim somente produz uma brasa completamente deteriorada, pois a oxigenação se tornou impura, o mesmo acontece com um amor “morno” que não pode ser inflamado. Ele não passa de um braseiro mortal que produz o monóxido de carbono e que, em um ambiente fechado, ao contrário do sal da vida, traz a morte a todos que dele se aproximam para se aquecer.

9 – Não é vosso habito dizer a vossos serviçais que defumem vossos lares, mas antes espalhem sal sobre as brasas? Pois fazei o mesmo com o Meu sal de Meu Amor. Espalhai o mesmo sobre as brasas mortais deterioradas, para que a chama do Amor as encubra e destrua o verme da morte que vos habita, vos ilumine e vos aqueça para a vida eterna.

10 – Este “verme” é Satã e sua ira é a brasa deteriorada, mas ela não possui nenhuma chama e, como consequência, nenhum Amor, nenhuma Luz e nenhuma Vida. Este é o motivo que cada um de vós deve ser salgado com o fogo de Meu Amor, o mesmo também deve ser feito a todo e qualquer sacrifício a Mim oferecido, para que se torne agradável a Meu Coração.

11 – Eu vos afirmo: todos deveis ser Meus Filhos. Como o sal é um dos temperos do alimento, vós deveis vos tornar o tempero de Meu Amor Eterno. Amém.

Assim fala Jesus, a vida eterna.


O monte Ror

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de setembro de 1840 – à tarde

Alguns irmãos escalaram este monte no dia 09 de setembro de 1840 e a estes o Senhor mandou a seguinte mensagem no dia treze:

1 – A tão anunciada viagem a este monte, que fica um pouco afastado daqui, por fim aconteceu. Mas Eu sei que ao escalardes a montanha e ao observardes a paisagem, muitas dúvidas e perguntas se vos apresentaram, especialmente no assunto que se segue.

2 – Vós certamente observastes que as rochas principais se encontram sobrepostas em forma de placas, desde o sopé até o cume. Mas estas placas não estão direcionadas para o mesmo lado, umas se elevam em direção ao oeste e outras ao leste, algumas ainda se posicionam verticalmente para o solo. Tivestes observado que algumas destas camadas às vezes estão deitadas em grupos nas superfícies do monte. Também observastes que justo na choupana do camponês havia camadas de rochas totalmente descobertas para o leste e só cobertas com um pouco de terra no oeste.

3 – Mas quando chegastes perto do cume e lançastes olhares de admiração e espanto às rochas nuas que se formaram e que se estendiam em direção ao céu, não deixastes de descobrir novamente as camadas rochosas que preenchiam todo o cume.

4 – Vós assimilastes tudo isto com maior ou menor intensidade, e muitos questionamentos aconteceram em vossa mente, mas Eu vos digo: ficastes bem longe da verdade. Por isso é necessário que, em primeiro lugar, Eu vos esclareça da razão de existirem tais montanhas que há seis mil anos pertenciam a um outro mundo.

5 – A criação e a construção destes montes aconteceram da seguinte forma: Vós já sabeis que toda a Europa era coberta pelo mar; pois bem, este monte aqui não passava do fundo do mar um pouco irregular.

6 – Tenho certeza que observastes que as camadas das rochas são compostas de partículas de areia ligadas com cal. A construção destas plataformas não passava da justaposição de camadas de areia ligadas entre si por cal e que eram acumuladas pelas assim chamadas tormentas equinociais. Sobre a camada de areia formava-se uma espécie de pele de lodo. Na próxima tormenta lhe era sobreposta mais uma camada de areia, e assim continuamente por longos períodos, até que mais ou menos houvessem 26.000 destas camadas, uma sobre a outra.

7 – Vós certamente vos questionais de onde as tormentas conseguiam a areia, pois as camadas eram hermeticamente envoltas nesta cápsula de lodo calcário.

8 – Eu vos digo que a Terra está de tal maneira organizada, que em primeiro lugar há uma infinidade de fontes e veios que vêm desde o centro do planeta até a superfície. Não acheis que somente água passa pelos mesmos; não, existem verdadeiras fontes de fogo, pelas quais fluem fogos elétricos subterrâneos para todas as direções, especialmente em direção aos polos da Terra. Há também fontes minerais, pelas quais fluem, em sua forma líquida, metais e minerais. Há também as fontes chamadas gordurosas, por onde aflora o petróleo. Há ainda muitas fontes sulforosas, especialmente as de água, e muitas outras.

9 – Quando estes veios chegam à superfície da Terra, empurrados pela força interna dos espíritos e o fogo que está a sua disposição, eles se tornam cada vez mais sólidos. Eles chegam à superfície, à costa terrestre, e se despejam para dentro do mar, então se solidificam, e isto qualquer químico pode vos atestar.

10 – Vede, é daí que vem a areia e todos outros conglomerados minerais. Agora sabeis onde se encontra a “despensa” das areias mencionadas e da cal para o lodo de ligamento.

11 – Agora que estamos com uma crosta de camadas, como é que se formou este morro e todas as montanhas que a acompanham?

12 – Há muitíssimos milhares de anos (a data exata não vem ao caso, pois não é de nenhuma importância), Eu coloquei a 16.000 toesas de profundidade uma pequena centelha de Meu Amor Misericordioso, e esta elevou, segundo Minha Vontade, esta crosta e as rochas, se espalhando para todos os lados. Da mesma maneira como acontece quando estais sob um cobertor e o levantais com vossos dedos bem acima de vosso corpo, a crosta foi elevada do leste ao oeste e ficou assim alta, pois logo massas preencheram o espaço que ela deixou vazio.

13 – Esta camada que foi elevada parecia mais ou menos uma esponja enorme e crescia cada vez mais pelo impulso do fogo, emergindo dos mares. Da mesma maneira que esta plataforma principal, outras várias foram impulsionadas para as alturas, mas não ao mesmo nível, algumas mais outras menos altas, e elas então formaram uma enorme floresta de esponjas e fungos terrestres. Com o tempo, as pilhas que suportaram estas placas rochosas foram lavadas pelas águas do mar, e as rochas limpas ficaram expostas e também foram desbastadas. Às vezes acontecia que uma destas placas perdia o equilíbrio e caía ou se encostava em seus pilares. Esta placa então ficava num plano inclinado, tal como observamos no cume deste monte, onde milhares de placas foram necessários a sua formação, e só existem pouquíssimas placas com seu formato original.

14 – Se tivésseis olhado o cume de uma montanha chamada “Kumpfhogel” teríeis visto uma placa horizontal inteira, porém suas bordas já estão bastante corroídas. Onde existem placas corroídas, podemos escalar com mais facilidade. Entretanto existem faces da montanha onde elas se quebraram e caíram, e ali a escalada é quase impossível. Onde ainda se encontram, formaram uma espécie de cordilheira, conectando todos os morros, mas por terremotos e tormentas foram destruídas e caíram nos abismos.

16 – Com respeito às partes soltas, elas foram criadas por aluviões, parte por areia e parte por placas esmigalhadas que eram mais maleáveis e mais novas, pois pertenciam às últimas criações.

17 – Vede, esta pastagem alpina onde vos encontrais não é uma formação vulcânica, e vereis rochas esparsas sem ordem, onde algumas são mais marrons ou cinzas enquanto que outras são brancas como a neve. Estas rochas não nasceram neste lugar nem caíram do céu, mas sim no mar, com exceção das brancas. No último período, quando, segundo Minha Vontade, iniciou-se a formação deste pasto alpino, estas pedras foram elevadas conjuntamente com as placas, especialmente aquelas com um aspecto amarronzado que aqui caíram numa revolução da natureza na época de Adão. Existem ainda aquelas que foram jogadas neste lugar pela destruição do planeta Nuenlinie, boa parte chocando-se contra o Sol. Isto aconteceu, segundo vossa contagem de tempo, a uns quinhentos ou mais anos antes da época de Abraão. Foi deste fenômeno que se originaram estas rochas totalmente brancas que vistes esparsas na superfície desta montanha.

18 – Vós certamente vos perguntareis do porquê de Eu ter destruído um tal corpo celeste? Bem, de fato Eu não o destruí, mas sim o dividi em quatro mundos menores, devido a uma desavença que havia entre seus habitantes. E da mesma maneira como acontece entre vós com o ouro, o diamante ou a prata, eram estas pedras brancas o motivo da desavença. Pois por uma destas pedras brancas que aqui considerais totalmente sem valor, milhares de pessoas se digladiaram e se mataram. E assim dividiram a população em quatro povos que eram inimigos entre si e se desafiavam por causa destas pedras. Pois eles achavam que quem não possuísse uma destas pedras não era racional e não passava de um animal um pouco melhorado. Por isto as colecionavam aos montes e as negavam aos mais fracos, para que os pudessem dominar mais facilmente. E esta situação chegou ao ponto que os donos destas pedras se consideravam deuses e assim se impunham aos outros.

19 – Sobre tais “deuses”, um queria ser mais que outro e por isto eles perfuravam a sua terra em busca de mais e mais pedras brancas, para aumentar mais e mais seu montão de pedras e apresentar-se como uma superdivindade. O que aconteceu então? Estes “deuses” maltratavam os povos ao extremo, forçavam-nos a cavar dia e noite nas entranhas do planeta, outros tinham que se unir em enormes “manadas”, a fim de roubar com violência a pilha de pedras do outro “deus”; e assim continuou a situação imposta por estes “deuses”, dos quais havia centenas e se destruíram uns aos outros até sobrarem apenas quatro. Estes quatro então mandaram coletar todas estas rochas e construíram uma enorme montanha.

20 – Devido a esta cultura de rochas, as demais culturas, como plantação, foram esquecidas. Os povos com seus deuses estavam à beira de morrer de fome. Então estes quatro deuses emitiram uma lei: o povo de um dos deuses podia caçar o povo do outro deus e usá-lo como alimento; foi aí que os tais deuses extrapolaram. Eu então tive que intervir e acabar com tal escândalo.

21 – Com um só gesto Meu, um anjo repartiu o planeta em quatro partes e construiu quatro mundos menores. Mas todas estas rochas brancas foram jogadas no grande espaço universal e, seguindo Meu desejo oculto, algumas caíram na Terra, outras na Lua e muitas no Sol. A maioria, porém, ainda se encontra no espaço até a atualidade. Vede, esta é a razão da existência destas pedras em maior ou menor quantidade na superfície terrestre.

22 – Eu também vos disse que vós podereis encontrar minúsculas inscrições em algumas destas pedras. Porém não deveis tomar isto ao pé da letra, pois estas inscrições nos mostram sim uma escrita idêntica aos hieróglifos egípcios (na qual se expressa a ideia). Esta escrita dificilmente poderá ser lida por alguém na Terra, a não ser Eu ou quem Eu der esta dádiva.

23 – Porém no local onde se encontra uma destas pedras vós não chegastes, pois ela se encontra a mais ou menos uma hora ao norte do cume, e vós ficastes com tanto medo da chuva e do vento...; e vossa razão foi mais forte que o vosso Amor por Mim. Também estáveis por demais preocupados com vosso estômago; esta é a razão pela qual não pude levar-vos aos lugares onde Eu gostaria que tivésseis chegado, pois não sou o dono de vossa vontade. Com a nebulosidade matinal, quis mostrar-vos a fraqueza de vosso amor e o grande poder de vossa vontade de comer. Esta é a razão também de algumas rajadas frias. Eu queria mostrar-vos a posição de vosso amor. E quando iniciastes a corrida de volta, com uma pequena chuva de gelo Eu deixei que vísseis como estava desgostoso com vossa viajem. Pois só fostes lá para poderdes vos empanturrar com comida e bebida. Com relação a Mim, fostes bem levianos; também direcionastes vossos olhos para a distância, mas o que estava próximo a vós nem vistes.

24 – Foi esta a razão pela qual não mostrei duas coisas bem importantes: uma é a rocha com insígnias, a outra é o som que se origina sob o cume desta montanha. Este som etéreo Eu só vos explicarei quando um ou mais de vós retornar ao local, mas não repitais os erros agora cometidos.

25 – Não se consegue entender este fenômeno, a não ser que alguém o tenha observado e visto de vários pontos de vista e com muitíssima atenção. Pois se não for assim, toda ou qualquer elucidação será nula, pois quem a receber deve estar totalmente “acordado”.

26 – Vede, a natureza, o mundo mesmo, é um livro bem grande, todo escrito com as profundezas de Minha Sabedoria e Meu Amor. Quem quiser entender estas duas coisas deve folhear este livro de vez em quando, mas só tanto quanto Eu vos aconselho em Meu Amor. Pois só Eu sei a medida certa e sei o que cada um consegue aguentar, e também o que é necessário para o acordar.

27 – Aquele que for desperto espiritualmente, este não precisará mais viajar; mas aquele que ainda for sonolento em seu amor, para este Eu conheço o melhor remédio que o protegerá do sono eterno, caso ele aceite tal remédio por amor e obediência voluntária e siga Minhas orientações.

28 – Quando pequenas provações acontecerem, devem ser encaradas cheias de coragem e confiança em Mim. Pois antes de vos dardes conta do que acontece, o Sol raiará aquecendo e iluminando lá onde as trevas eram mais densas. Isto Eu também vos indiquei várias vezes, mas lá onde o coração está fechado estas insinuações passam sem serem reconhecidas.

29 – Isso Eu vos digo, para que sejais cheios de confiança hoje e no futuro, pois tudo o que acontece no mundo material acontece unicamente pela Minha Vontade. Eu, porém, sou um Deus muito compreensivo, e nem uma brisa balançará a flor sem ter havido uma profunda aquiescência de Minha Sabedoria infinita. E cada nuvenzinha e cada gota que cai do céu, e também cada pedrinha que rola de uma montanha, tudo isto são letras grandes de Minha Escrita plena de Amor e Misericórdia.

30 – Vede, é com tais olhos que deveis ver tudo o que vos foi dito, e vereis claramente que Eu estou em todos os lugares e em todas as pessoas. Pois então vereis a grande atividade de Minha Divindade, do Meu Poder e Santidade e junto a isto reconhecereis o Meu Amor, Minha Misericórdia e Bênção infinitas. Tal como fazem as abelhas na natureza, sereis capazes de coletar o mel de Meu Amor e a cera de Minha Misericórdia, a fim de sorvê-los como o eterno alimento de vosso espírito e reconhecerdes cada vez mais que Eu sou e serei eternamente um bondoso e santo Pai. Amém.


Acontecimentos vulcânicos na Terra (apêndice para a mensagem anterior)

Recebido por Jacob Lorber 20 em de setembro de 1840 – à tarde

1 – Mais um pouco, para acrescentar uma pequena centelha, a fim de aclarar o emaranhado deste pasto alpino por vós visitado.

2 – Com respeito aos períodos da formação destes grupos de montanhas, elas só começam a aparecer após o período adamítico e continuam até a atualidade, e não foi apenas da maneira antes mencionada. Há a maneira mais correta e há a maneira mais apropriada.

3 – A mais apropriada se deu por Mim, porque tudo o que Existe foi criado por Mim nos primórdios da Criação, e só depende de Mim que se forme um morro, uma fonte, ou uma árvore num certo lugar. E como Eu, seguindo a Minha Ordem eterna, sempre escolho o meio mais apropriado e útil para criar qualquer objeto, e como isto sempre depende de Minha Vontade extremamente livre, então a criação desta montanha é a mais apropriada e também é a mais correta; pelo motivo que Eu, sendo o eterno Amor e a mais perfeita Sabedoria, começo toda ou qualquer ação a realizar e a completo tão sabiamente, que tudo deve ser feito sob o comando de Minha Divindade, e assim jamais acontecerá um erro, por mais minúsculo que seja.

4 – Quando foi determinada a formação de camadas de placas nesta montanha, como também o número das mesmas, o que certamente aconteceu na época adamítica, não deveis pensar que todas estas justaposições aconteciam de equinócio a equinócio. As placas que foram formadas desta maneira só são as que são separadas por uma camada cristalina de cor marrom. As outras placas, que têm mais ou menos uma a duas polegadas de espessura, foram realizadas nas luas cheias. E se vós tivésseis contado as camadas desta formação, vós teríeis podido constatar a idade e outros dados das mesmas.

5 – Além disto, devemos entender que estas placas não poderiam ter existido naquele período pré-adamita, pois as rochas deste lugar eram naquele período muito duras e translúcidas, Onde a água desmanchava as rochas pela erosão, formavam-se pequenos grãos (de acordo com Minha Vontade). Quando em descanso, no espaço entre estes grãos formava-se uma substância pegajosa que unia os mesmos em pedra dura que hoje vós conheceis como pedra sedimentar.

6 – Desta forma e com substâncias diversas, podereis encontrar pedras parecidas em muitos lugares, tais como pedras da moenda, mármore, etc.

7 – Mas as rochas graníticas originais já foram criadas dentro do seio da Terra em épocas bem anteriores a Adão. Foram empurradas para a superfície por longas e violentas erupções vulcânicas. Também ocorrem nos lugares onde, devido ao constante movimento das águas, as sedimentações de placas não puderam acontecer.

8 – Vós vos estareis perguntando: Como é que pode acontecer na natureza que um fogo ocorra no interior da Terra e produza vapores que envolvam as rochas e logo as joguem para a superfície? De onde vem este poder de empurrar estas enormes massas rochosas para várias milhas além da crosta? Eu vos respondo.

9 – No interior rochoso da Terra existem muitas e muitas cavernas vazias. Com o passar do tempo, a água penetra nas mesmas pelos poros. Quando elas ficam completamente repletas, esta água sofre uma grande pressão. Esta água que se encontra num ambiente fechado é de certa forma prensada por todos os lados, e nesta ocasião acontece uma fricção cada vez maior entre as diferentes moléculas da água. Como já sabeis, esta água possui espíritos que sentem esta pressão aumentando constantemente, então eles como explodem as cápsulas de água, escapam de seu cárcere, se unem formando um fogo zangado, vaporizam a água e tudo o mais que os possa aprisionar, arrastando tudo e se projetando para a superfície da terra.

10 – E desta maneira se formam em outras partes da Terra mais e mais bolsões, e novamente prensas de água levam às violentas erupções, e de sua duração é que depende a altura das montanhas que formam.

11 – Quando este tipo de fogo se ejeta do interior da Terra, ele na sua violência se funde com extrema facilidade às pedras que lhe são próximas. E quando acontece como em Nápoles ou Sicília, que ao subir para a crosta ainda encontra fontes de minério (petróleo, enxofre, etc), então ele as inflama. E quando mais fontes minerais se juntam as primeiras, especialmente àquelas que trazem enxofre do centro da Terra, então este fogo se deposita em todos os abismos e cavidades de tais montanhas, as quais queimam e soltam fumaça constantemente.

12 – Se acontecer, por Minha Vontade, de uma destas bocas vulcânicas serem obstruídas e as suas águas desviadas ou secadas, então o fogo também se apaga, as erupções vulcânicas param de acontecer, e esta montanha se torna silenciosa e quieta; daí ela conduz à superfície, pelas suas antigas veias de fogo, a água que jorra em suas cavidades, produzindo fontes, rios e lagos cristalinos.

13 – Mas nesta região onde vos encontrais este não é o caso; sim, de fato houve fogo interno, mas este só levou à superfície as já mencionadas placas e camadas, colocou sob as mesmas uma variedade de rochas, terra e cal que também foram transportadas à superfície. Com isto, formou-se sob estas montanhas um vazio que foi ocupado por água, e até agora esta camada está flutuando sobre a mesma. Esta água, devido a pressão que sofre, muitas vezes aflora na superfície como altos gêiseres.

14 – Esta é a origem de todas as fontes de água dos Alpes, como estas que visitastes; elas são frescas e frias, pois não precisam passar por fontes de fogo, o que às vezes acontece em regiões vulcânicas, onde a água aflora quente.

15 – Isso é o necessário para saberdes da formação das montanhas. Só vamos mencionar como as rochas marrons e cinzas chegaram aqui. Vede, estas rochas são de fato as rochas primárias da Terra. Elas chegaram à superfície da Terra na época de Adão e foram enclausuradas debaixo da água com a formação das placas. As rochas cinzentas são as rochas da época de Noé que se formaram debaixo d’água desde Adão a Noé e na época pré-diluviana foram jogadas à superfície em todas as direções, devido às erupções vulcânicas.

16 – Com respeito às brancas, suas origens já foram explicadas.

17 – Esta é, pois, a verdadeira explicação da formação das montanhas e os cientistas não encontrarão outra melhor. Pois ninguém sabe como, quando, de onde, por que, pelo quê. Isto só Eu sei e àquele ao qual Eu dou este conhecimento, para que ele acredite que fui Eu que realizei tudo isto e organizei todo o mundo. Se alguém perfurasse a Terra por 8.000 toesas, só confirmaria o que Eu vos disse, mas também descobriria que este tipo de pesquisa é contrário à Minha Vontade e que Eu castigo esta atitude com a morte material e às vezes com a eterna.

18 – Aquele que se encontrar sedento no poço das revelações divinas que beba a água da vida em grandes goles. Mas o fruto da árvore do conhecimento ele só deve comer quando Eu tiver abençoado a árvore. Então ele se satisfará com o fruto da árvore de Minha Criação; mas digo novamente, só após Eu a ter abençoado, como estou fazendo agora com vossa árvore.

19 – Assim também sentireis a bênção da vida e vos alegrareis com isto, pois vos está sendo dado muito mais do que poderíeis pedir. Mas o cientista engole a fruta como um boi num campo de trevos, começa a inchar de gases e morre, pois comeu o fruto não abençoado para ele. Eu vos digo, este tipo de cientista é um horror para Mim, pois ele não busca Minha glória, mas sim sua glória, sob os galhos da árvore do conhecimento.

20 – A vós Eu dou tudo isto com todo Meu Amor e Sabedoria, para que possais reconhecer toda a maravilha de vosso Santo Pai, como ela foi, como ela é e como ela será. Isto voz digo Eu, Aquele que é verídico em cada uma de Suas Palavras. Amém.

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Visão espiritual

De longe, as montanhas azuis se mostram como uma parede lisa. Mas se te aproximares, a parede se transforma em amplas regiões. Assim também é com o espiritual. Onde teus olhos veem uma só coisa, Eu te digo, existem trilhões.


Terremotos e sua causa

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de setembro de 1840

1 – Na natureza ainda acontecem coisas, grandes ou pequenas, das quais os cientistas não têm o menor conhecimento.

2 – A estes fenômenos naturais pertencem, por exemplo, o magnetismo do polo norte, a aurora boreal, o raio e os assim chamados fenômenos rápidos como a estrela cadente, nuvenzinhas no céu azul, as formações de cristais, as marés dos mares, a revolução da Terra, um prolongado tremor, ou abalos que, como é de nosso conhecimento, já arrasaram totalmente regiões em segundos. A estes fenômenos também pertencem os deslizamentos, as larídeas, a destruição total de montanhas ou ilhas e, ainda mais, o partir da Terra, o secar das fontes e até de rios e poços, o retraimento do mar e, nestas ocasiões, o aparecimento de fogo e fumaça dos abismos da Terra. Ainda existem muitos mais, alguns já conhecidos e outros que ainda não foram observados por ninguém.

3 – Mas hoje só quero Me referir aos terremotos, como também aos movimentos e aos abalos da Terra.

4 – O conhecido “terremoto” não é um acontecimento isolado, mas sim é a consequência de um abalo sísmico que aconteceu em algum lugar do planeta. E isto acontece da seguinte maneira:

5 – Bem no interior do planeta Terra (que é um ser vivo) encontra-se, como em todo reino animal, um tipo de vísceras. Mas como já foi mencionado, há em todo o interior da Terra incontáveis espíritos caídos que lá estão aprisionados, mas que, de acordo com Minha Ordem, passam lá um período pré-determinado. Ao fim deste período, eles retornarão à vida. Então, em um determinado ponto da Terra, pessoas que se tornaram extremamente sensuais e materialistas, quando de sua morte, seus espíritos não alcançam a vida eterna do espírito, mas sim a morte da matéria. Daí estes espíritos se acomodam como o foram antes, antes de seu nascimento.

6 – Quando isto acontece por um longo tempo, o interior deste ponto se torna sobrecarregado. Estes espíritos, em sua maldade, começam a empurrar uns aos outros, se friccionar e a se inflamar. Então aqueles espíritos que ainda não nasceram como seres humanos (espíritos primários) são acordados de seu sono de calmaria, explodem seu cárcere, se jogam em sua ira sobre os outros espíritos, feito enormes colunas de fogo, para destruí-los. Os espíritos que já foram encarnados, mas que retornaram a cair prisioneiros da matéria, se inflamam com mais veemência, pois pensam que o outro fogo é o tal fogo do inferno, como castigo por Mim mandado. E se inflamam cheios de ira contra Mim, querendo Me destruir como também a todos os anjos do céu.

7 – Quando isto começa a acontecer, um anjo pacificador é enviado do Céu por Mim. Este abre as comportas de alguma caverna interna cheia de água, a qual, orientada pelo anjo, se precipita com a velocidade de um raio sobre um destes pontos cheios de fogo de ódio.

8 – Quando a água, junto ao espírito pacificador, alcança o ponto incendiado, ela abandona seu invólucro, se inflama contra os maldosos e os castiga com o fogo da paz.

9 – A água se transforma em vapor e experimenta, com ajuda de seus espíritos, esta expansão repentina. Ocasiona um abalo, e tudo que se encontra acima daquele ponto (cidades, montanhas, vilarejos, etc) são desmanchados como pó.

10 – Com isto se formam novas rachaduras no interior da Terra, que às vezes chegam até a superfície, para as quais os espíritos primários não nascidos e os espíritos pacificadores da água se reúnem e se deixam levar para futuras evoluções. Os espíritos maus, que já tiveram uma encarnação, mas que caíram, permanecem bem mais mansos na poça de lama que se formou no processo anterior.

11 – Como se vê, é a única causa para o aparecimento de tal abalo sísmico.

12 – Mas com respeito às oscilações e vibrações que em geral são chamados de “terremotos,” estas não passam do abrir das comportas por parte do anjo e da queda das águas, além de pequenas acomodações da crosta terrestre, quando as camadas que estão sobre o ponto debaixo da bacia foram rompidas violentamente e tiradas de sua calma; em segundo lugar, deve-se à pesada queda das águas, o que torna o tremor bem mais prolongado. Estes movimentos são, pois, a causa das oscilações e vibrações.

13 – Mas ao que se refere ao tremor da Terra após um tão violento abalo, é isto tudo uma consequência do afastamento dos espíritos da água, junto com os espíritos ainda não nascidos, para dentro das novas rachaduras e cavernas. Pois é para isto que a Terra foi criada, para que ela carregue em suas entranhas um gênero caído dos espíritos, para o seu renascimento em uma existência livre e eterna em e por Mim.

14 – Enquanto existir na Terra um grupo revoltado, tanto mais tais acontecimentos ocorrerão cada vez com mais frequência e intensidade. Tudo depende da sensibilidade e do afastamento de Deus que as pessoas na superfície da Terra praticarem.

15 – Vós podeis ver que isto é a mais pura verdade, ao observardes estes fenômenos que acontecem em toda a superfície da Terra em toda sua terrível violência e grandeza furiosa; como por exemplo, a destruição de Lisboa, da ilha de Jawa e locais parecidos, da região próxima ao Monte Ararat, esta última acontecendo seguindo fielmente os ensinamentos que hoje vos dei e que pudestes sentir um pouco até aqui em vossas casas, como também toda a América sentiu. Isto acontece da seguinte maneira:

16 – Quando uma placa contínua (sem mesmo qualquer interrupção) se estende até o ponto do abalo, então este abalo se reflete a lugares bem distantes. Seria o mesmo que colocásseis uma série de estacas de forma contínua, e o abalo que causardes no ponto inicial A se estenderá sucessivamente até B, no fim das estacas. Vede, é assim que este abalo pode se estender a regiões bem distantes.

17 – Estes abalos então têm consequências naturais, mas estas não são as únicas nem as mais importantes, pois se elas fossem sem alguma utilidade para Mim, seria muito fácil evitá-las. Mas como elas são de grande utilidade e originando-se em Meu Amor e Sabedoria, elas são enviadas a tais localidades com mensageiros de advertência, locais onde as pessoas nada mais sabem de Mim, sabem menos que uma árvore na floresta sabe de Mim. Estes mensageiros então comunicam à tais pessoas que Me esqueceram tão completamente que Eu ainda não morri, mas sim que ainda existo em todo Meu Poder e Força. E que ainda só é necessário um pequenino aceno de Minha parte, para que em todo o planeta aconteça o mesmo que aconteceu na região do Ararat (o pico mais elevado na Turquia).

18 – Pois saibais que vossa região está minada em suas profundezas (a cerca de 2.000 toesas de profundidade) de tais câmaras de água. Vossas montanhas, bem como vossas planícies, se encontram, pois, flutuando sobre estas águas e são de certa forma ligadas ou ancoradas por enormes pilastras de rochas.

19 – Só é necessário que Me esqueça só mais um pouquinho, e podereis estar certos que Eu também conseguirei vos apresentar um espetáculo bem maior que o visto no Ararat. Porém Eu vos digo: ai das pessoas às quais Eu preciso dedicar este tipo de espetáculo. Estas deverão aguardar uma outra Criação, para poderem retornar a mais uma vida probatória, com a qual conseguirão libertar-se.

20 – Lembrai-vos, porém, ante estes acontecimentos que não cai uma gotinha de uma nuvem sem que antes ela tenha passado pelo Meu Amor e sido criado pelo mesmo. E podeis ter certeza que quando vos envio uma chuva como a de ontem, que veio das mais altas pastagens da vida, toda a manutenção da Terra depende desta primeira gotinha que mal consegue umedecer um grãozinho, o qual teria explodido sem ela e teria levado os espíritos que o sitiam a uma atitude similar, e estes a seus vizinhos e assim por diante até o último grãozinho da Terra. Podeis ter certeza que nos próximos segundos a Terra estaria envolta em chamas destruidoras. E da mesma maneira que o grãozinho da Terra de areia poderia ter despertado ao seu vizinho para a destruição, assim também uma Terra despertaria a outra e um Sol ao outro e assim por diante até o infinito. E tudo seria a obra de um instante, o mesmo que se vós tomásseis um grãozinho de vossa odiosa pólvora e o incendiásseis; mesmo que ele fizesse parte de um montão do tamanho da Terra, todos os grãozinhos que o compõem se inflamariam instantaneamente.

21 – Mas se este grãozinho de pólvora tivesse sido umedecido pela gotinha que caiu da nuvem, o que será que aconteceria, quando a centelhazinha de chama o atingisse? Nada, o grãozinho de pólvora umedecido não se inflamaria e o restante estaria seguro, não haveria perigo algum de explodir e estaria protegido da destruição.

22 – Vede, tudo o que vós conseguis ver ou compreender, mesmo aquela pequena poeira solar que se mexe, não depende de jeito algum do acaso, mas tudo - mas absolutamente tudo - já foi por Mim programado em eternidades; tudo foi por Mim programado em eternidades, tudo foi pesado, tudo foi medido. Se um ser humano, ou mesmo o espírito de um anjo, conseguisse realizar alguma modificação e se Meu eterno cuidado não estivesse sempre presente, poderíeis ver o desastre que aconteceria, mesmo só com a modificação desta pequenina poeira solar.

23 – Eu, porém, vos digo: o centro de gravidade de um sol central depende, no seu mais íntimo, do rumo que uma poeirinha não visível aos vossos olhos toma. Pois Minha Ordem é tão exatamente dirigida a tudo, que desde o maior de tudo ao menor, tudo e todos existem para a preservação do Todo.

24 – Agora vós vos perguntareis: “Porque existem estes enormes depósitos de água debaixo das montanhas e planícies, onde toda a superfície está sempre em perigo de afundar nas profundezas enormes destas águas?”. Eu digo: Está tudo assim organizado, para que exista desta maneira eternamente. E assim seria, se não houvesse a maldade voluntária dos humanos que perturbam Minha eterna Ordem, esta maldade na qual Eu não posso interferir, pois o livre arbítrio de um único ser humano Me é mais valioso do que um cosmo solar e todos os seus sóis, luas, planetas e estrelas.

25 – E se Eu retirasse a água dos depósitos subterrâneos, dizei-Me com que o grande fogo que está no interior da Terra poderia ser suavizado e amenizado?

26 – Se a visão da região do Arafat vos causa tanto horror, ela, no entanto, é bênção para a conservação do todo. Se não acontecesse da maneira que já foi mencionada, em vez da destruição de uma região pequena, aconteceria a completa destruição da Terra no momento seguinte.

27 – Eu sou o eterno e supremo Amor em tudo que vossos olhos conseguem ver e vossos ouvidos conseguem ouvir. Sendo Meu, tudo foi criado pela Misericórdia de Meu Amor e assim continua a existir no Meu Amor, e sendo algo desintegrado, o será suave e amorosamente em Meu Amor. E mesmo a matéria visível representando - e é de fato - a ira de Minha Divindade, esta só é mantida calma pelo Meu Amor enquanto Minha eterna Ordem assim achar necessário.

28 – Podeis estar totalmente certos que se em algum lugar, entre milhões de pessoas, existir um único que Me reconhece e que está em Meu Amor, então aquele lugar, mesmo que sua crosta fosse tão fina como uma folha de papel, se mantém firme e forte, como se seu subterrâneo fosse de milhas e milhas de rocha compacta. Mas lá, onde entre milhões não se encontra um único que deseja Me conhecer e amar como o único conservador de todos os mundos e de todos os seres, lá nem mesmo uma crosta tão grande quanto um sol e dura quanto um diamante será frágil demais para se opor à destruição, se esta for necessária para a conservação de Minha Ordem.

29 – Mas como suponho que Me amais em verdade, não tendes que temer nada, mesmo que a Terra se despedace sob vossos pés. Em verdade Eu vos digo: Também se estivésseis caminhando sobre destroços fumegantes da Terra, deveríeis saber Me reconhecer em espírito, verdade e no amor de seus corações.

30 – Eu afirmo que destruirei sóis, e os destroços do mundo voarão quais raios de um lado ao outro e se inflamarão com o fogo da Minha ira por todo o infinito, e mesmo assim nenhum cabelo será tocado naqueles que Me amam. Eu sou e sempre serei um bondoso e carinhoso Pai para Meus filhos. Amém.


Sobre abalos e fenômenos meteorológicos

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de outubro de 1840

1 – O que foi mencionado sobre os abismos e fendas da crosta terrestre, como também as rupturas largas, tudo isto tem a mesma causa que o desaparecimento da nascente, o secar dos poços e o encolhimento dos mares e de alguns lagos.

2 – Antes de acontecer algum destes abalos sísmicos, os espíritos malignos se reúnem, estes que foram expulsos do mundo e colocados nos cárceres da matéria, formando verdadeiras hordas do mal. Esta reunião, em certos pontos da Terra, oferece ao homem a seguinte aparição: a partir da junção dos minerais com a água, acontece uma efervescência química que origina uma série de gases, os quis procuram uma saída. Eles conseguem encontrar um espaço vazio onde se aglomeram por anos e anos e muitas vezes conseguem elevar a crosta terrestre que cobre o espaço em que se encontram.

3 – Quando ela for bem elevada, uma grande quantidade começa a apresentar rachaduras que ficam cada vez maiores e que finalmente produzem verdadeiros abismos. É quando no decorrer deste procedimento os gases subterrâneos se infiltram na água e com sua força conseguem alterar os espaços que a mesma ocupa, cortando sua comunicação com o exterior, o que causa o desaparecimento de mananciais e poços, bem como mares em contínuo contato com estas águas subterrâneas se afastam significativamente de suas margens originais.

4 – Vede, é assim que se apresenta este fenômeno natural aos olhos materiais e à razão da mente. Mas isto não é a realidade. Quando se dá a reunião dos espíritos de comportamento violento e agressivo, os outros espíritos que ainda estão calmos são ofendidos e também começam a se agitar, então geralmente um anjo pacificador é para lá enviado. Este abre canais no interior da Terra, que levam água aos espíritos inflamados em sua ira. Estes pacificadores procuram acalmar estas hordas de espíritos malignos e irados. Os espíritos de paz se reúnem em grande número pelo acúmulo da água e, com um número superior reunido pelo anjo, saem da água em forma de gases e acalmam aos espíritos zangados.

5 – Quando este intento não consegue sucesso, então o anjo, como foi dito com relação aos terremotos, usa da violência de seu poder e destrói com toda sua força até os menores lugares, pois todos são habitações dos espíritos ainda não encarnados.

6 – Estes espíritos assim libertos se inflamam, pois estão em brasas, e o mesmo acontece aos espíritos pacificadores; neste instante de ebulição acontece o chamado abalo sísmico.

7 – As consequências deste incêndio vós já o conheceis. Mas para que estes incêndios não aconteçam com muita frequência (pois com o passar do tempo ocasionariam a total destruição dos corpos do universo, e isto pela livre vontade de Meu anjo, ao qual pouco importa se, para a glória de Meu Nome, ele transforma em pó centenas de terras ou mundos, num só segundo), Eu fabriquei em certos lugares da Terra verdadeiros para-raios da ira dos espíritos infernais. As águas eternas, transformadas em vapor, abafam a ira e agressividade dos mesmos, que se apresentam em estado inflamado. Quando isto acontece, eles são desviados ao exterior de forma natural, sem causar estragos.

8 – Claro que as pessoas não deveriam construir suas casas próximas a estes lugares, pois lá sempre é necessário que aconteçam pequenos estragos. A Terra é bastante ampla, não sendo necessário que ali habitem pessoas, pois estes locais são verdadeiros chamarizes do inferno.

9 – De fato os vulcões não passam de para-raios da ira e agressividade do inferno. Estes vulcões possuem infinitos canais subterrâneos; parecem com as raízes de uma árvore grande, mas apesar disto eles não podem tocar todo e qualquer lugar da Terra, pois senão ela seria feito uma esponja de banho, e isto a incapacitaria de portar algo significativo em sua superfície, tal como: pessoas, montanhas, continentes e grandes oceanos, já que sua superfície deve ser uma escola para vida livre em Mim.

10 – Nos locais aonde os canais vulcânicos não chegam, acontecem frequentemente elevações causadas pelo ajuntamento destes espíritos que se libertaram. Porém para parecer uma destruição violenta, um segundo anjo constrói aberturas nos vales e também nas fendas das montanhas. Então os gases (sem se incendiarem) saem pelas mesmas, como ventos fortes sobre a superfície da Terra, provocando tormentas.

11 – Vede, este tipo de elevação acontece quase que todos os dias, e isto podeis observar no instrumento por vós chamado de barômetro. No subir ou cair do mercúrio, podeis observar o maior ou menor comando dos tais espíritos. Quando ele cai, então existe uma concentração no subterrâneo e a crosta terrestre está sendo elevada. Com isto vós todos com vossas cidades e habitações sereis elevados a cada instante para camadas mais altas da atmosfera; como o ar se torna mais rarefeito, a pressão sobre o mercúrio diminui e este cai no casulo que o contém.

12 – Com a Minha vontade, estes espíritos (quando vistos na natureza, são como gases) encontram uma saída normal sem violência. Então eles fluem pelo ar em todas as direções, e a crosta terrestre lentamente torna a cair ao seu lugar de costume. Na mesma proporção o mercúrio sobe, pois aumenta a pressão sobre o mesmo.

13 – Tenho certeza que logo perguntareis o que acontece com estes espíritos libertos que se originam na água. Eu vos digo: Questionai a vós mesmos o que acostumais fazer após terdes realizado vossas tarefas. Vós vos dirigis a vossos lares, para descansar em paz. Vede, é isto que estes espíritos pacificadores também fazem, e isto acontece com mais facilidade para eles, pois já conhecem o caminho que devem seguir para alcançarem a alma dos homens livres da Terra.

14 – Vede, estes espíritos se juntam (com o passar do tempo) aos espíritos que vêm das esferas livres da luz e se unem pelo invisível eletromagnetismo, o qual seria melhor denominado como “meio-amor-natureza”, e caem sobre a terra como chuva, granizo ou neve, frutificando-a.

15 – Existem diferenças mínimas entre a chuva, o granizo e a neve, mas elas todas têm sua razão de ser. No granizo, misturam-se espíritos não-encarnados e malignos aos espíritos livres não-encarnados. Para que os mesmos não consigam causar prejuízos, eles são aprisionados pelo espírito da água, e assim sua ira e agressividade esfriam, ficam mais calmos e são levados de volta à Terra na forma de granizo. Esta é a razão por que uma tormenta de granizo sempre é mais violenta que a chuva ou o vento.

16 – Isto vos mostram as nuvens que cruzam o céu em todas as direções antes de tal tormenta. Quando virdes isto, sabei que é este o momento que os espíritos malignos estão sendo caçados em toda parte, para serem presos pelos espíritos pacificadores. E os maus espíritos se expressam com trovoadas, raios e outros meios de protesto. Mas isto de nada lhes adianta, no fim, todos serão aprisionados e devolvidos ao seu lugar apropriado e determinado.

17 – Quando eles alcançam a Terra, são acolhidos pela matéria, e os pacíficos espíritos das águas se dissolvem de seus cubinhos de gelo duro. Se esta tormenta de granizo prejudicou vossos frutos, deveis deixar isto bem esquecido, pois este prejuízo é um nada comparado com o prejuízo que teríeis, se os espíritos pacificadores não tivessem intervindo segundo a Minha Vontade. Pois os espíritos malignos são verdadeiros “destruidores do mundo” e eles teriam se incendiado de tal maneira (se tivessem conseguido a liberdade total), que o mundo seria em poucos minutos igual a um globo de pólvora.

18 – Por isto não deveis temer demais o granizo, pois tudo que sofre castigo tem por merecer o mesmo. Pensai nos castigos que vós dais a vossos filhos desobedientes e entendereis o que Eu, vosso amoroso Pai, estou a fazer.

19 – Vede, é assim que são os fenômenos não compreendidos até o presente momento. E como acontece com o granizo, em maior alcance acontece também com a neve e com o gelo, porém de efeito mais duradouro. Pois deveis saber que quanto mais ao norte se encontra o ponto na Terra, tanto mais malignos e astutos são estes espíritos primários que o habitam.

20 – Observai ainda o seguinte: Após o que aprendestes sobre os assuntos da natureza pela Minha Misericórdia, podeis ter uma pequena noção da importância da sabedoria mundana. Se alguém quiser aprender uma profissão, ele deve procurar um mestre instrutor, pois senão será sempre um remendão ignorante. Eu, porém, sou o verdadeiro e único mestre em todos os assuntos, e quem desejar aprender deve se entregar a Mim, o mestre de todos os mestres. Pois não há outros caminhos para chegar a Meu reino, a não ser pela porta que Eu vos mostrei. Ai dos ladrões e assaltantes que desejam entrar escondidos pelo telhado, a eles acontecerá o mesmo que aos espíritos no granizo, pois serão expulsos para as longínquas periferias trevosas por uma eternidade.

21 – O homem comum deverá ser esclarecido de tudo isto, mas sempre à medida de seu amor por Mim, o que lhe abrirá os sentidos. Porém Eu vos afirmo que os sábios do mundo deverão ser envergonhados até por uma casinha de caracol vazia, por larvas originadas em infusões, e mesmo uma minhoca envergonhará estes sábios, zombando de sua suposta sabedoria.

22 – É, pois, um tolo aquele que não aprende Comigo. Mas aquele que recebeu diretamente de Mim, mesmo que a dádiva fosse mínima, este por eternidades não conseguirá digerir o que recebeu. Pois Eu sou eternamente infinito, mais do que o maior dos sóis, o maior sol central, que como um pai em meio a seus filhos a todos abençoa.

23 – Guardai o que vos disse bem em vossos corações, pois Eu, o doador de tudo, vos dei estes ensinamentos, um bom e delicioso pedaço do pão da Vida Eterna.

24 – Alegrai-vos, pois, em vossos corações, pois ao dardes o pão a vossos filhos, vos sentis próximos aos mesmos. Isto também acontece Comigo.

25 – Onde aparecer o Meu Pão da Vida, podeis crer, lá Eu Me encontro; Eu, vosso Pai. Amém. Assim, pelo Vosso Pai. Amém.

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Cuidado com os prazeres do corpo

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de outubro de 1840

1 – Pois escreve aqui tu, Meu servo preguiçoso, muito mau e tolo; que Me olha somente com um olho, enquanto que o outro se dirige aos prazeres do mundo; que só Me ouve com um dos ouvidos, enquanto que o outro só escuta o som do mundo.

2 – Dirige tudo para Mim, para que reconheças na luz de Meu eterno dia o infinito valor daquilo que Eu te dou com tanto prazer, a ti, indigno filho. E mesmo os anjos do céu não entendem a prodigalidade com que vos premio e não se atrevem a chegar perto de tanta luz que Eu vos dou, a vós, pecadores.

3 – Pausa bem no que tu recebes e de Quem tu o recebes! E no futuro não honra tanto ao caneco, pois é no vinho que se encontra o espírito da carne e da prostituição. E se tu continuares a assim fazer, Eu permitirei que caias totalmente na prostituição, como todos os outros que fazem o mesmo que tu. E depois terás que percorrer um longo caminho, até conseguires voltar ao rumo da Minha Graça e Misericórdia.

4 – Escreve, pois, o seguinte, como mensagem ao nosso irmão necessitado:

5 – Cada prazer do estômago e da barriga não se presta para Meu Reino, pois o suco desnecessário escurece o peito e torna Minha casa futura um covil tenebroso, já que o espírito não pode ser desperto numa noite tripla, quero dizer: na noite do Amor, na noite do querer e consequentemente na noite do pecado.

6 – Eu não vos dou leis para que desejeis vos tornar novamente escravos do pecado, mas para que vos torneis livres em Meu Amor. Por isto Eu só vos mostro os caminhos que vos levam a Meu Amor.

7 – Deixai, pois, descansar vossa carne na morte. Não a despertai com estimulantes novos. Assim vosso espírito viverá em Meu Amor, na certeza que se origina nas raízes de uma fé verdadeira e viva, que é a verdadeira luz que vem de Meu grande sol da Misericórdia, em cujo centro se encontra o mais aconchegante local de descanso de Meu Amor eterno.

8 – Observai em vossa volta. Vereis este Meu Sol já alto no firmamento natural e já sentireis bem o seu suave calor. Mas não deveis desejar despertar de novo vossa carne para o pecado, pois Eu poderia desejar colocar Meu Sol para vós no ocaso. Vosso chão se tornaria um deserto de areia quente, em vez de vos saciar com o verdadeiro pão do céu. E do bebedouro da água de Meu Amor, vós vos saciaríeis na “fata morgana” do mundo.

9 – Atenção Meu filho, vê, Eu te amo e te ajudo em tudo. Por isto deixa tua carne em paz na sua morte, para que Eu possa despertar o teu amor e logo possas degustar a vida eterna que vem de Mim.

10 – Mantém teus filhos sob controle e não permitas que caiam no mundo. Fecha bem as janelas da tua casa, para que seus sentimentos não sejam enganados. Todas as portas do mundo estão abertas para o mundo, como também todas as janelas de vossas casas. Mas isto não deve acontecer com aqueles que Eu quero chamar de filhos.

11 – Amém. Assim fala vosso Pai.

Um convite paternal

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de outubro de 1840

1 – Se for possível... Eu, porém, não intervirei no vosso livre arbítrio, nem ficarei zangado se não fizerdes o que vou pedir, pois, como vos tornastes Meus filhos e amigos, podereis realizar o Meu pedido até dentro de um ano, se assim vos parecer melhor. Mas se o realizardes, vós cinco devereis estar juntos, incluindo no grupo Meu Servo. Mas Eu ainda vos enviarei mais dois: um de imediato e o sétimo um pouco mais tarde, e ambos vos causarão, a vós e a Mim também, grandes alegrias.

2 – Tenho certeza que estareis a vos perguntar: O que é que o bondoso Pai deseja agora? Parece que vai ser algo bem extraordinário. Sim, Eu vos respondo: novamente será algo bem extraordinário que Eu desejo mostrar-vos, mas sem que pratiqueis pequeno sacrifício, não poderei mostrar-vos, pois vos falta a percepção necessária. Pois para alguns assuntos ainda precisais dos sentidos naturais, pois ainda não sois totalmente renascidos em espírito. Só assim podereis, às vezes, receber mais uma gota de Meu Amor Misericordioso. E é isso o que acontece nesse caso. Eu quero elevar-vos mais degrau, mas somente se desejardes e puderdes! Ninguém deve prejudicar a atenção devida aos seus por este favor. Ouvi, pois, o que Eu quero, se for possível.

3 – Não é Minha Vontade, mas somente o desejo de Meu Amor, que vós vos locomoveis até o sopé deste pequeno morro. Não o escaleis não, mas ide somente até o ponto em que o riacho se encontra.

4 – Ao chegar ao local determinado, observai atentamente tudo o que enxergardes. Em primeiro lugar, os morros que se encontram à vossa frente, suas elevações e seus vales, como são e que tipo de árvores lá existem, que tipo de arbustos, ervas e pastos estão cobrindo os terrenos, os solos, seus minerais e o que mais existe em seu interior. Tudo isto procurai descobrir por vós mesmos, ou então tratai de vos informar sobre isto com muito afinco.

5 – Especialmente deveis usar ao máximo vossos sentidos e intuições, pois este é o motivo principal da tarefa que vos estou pedindo. Por uma permissão especial Minha, conseguireis ampliar estes sentidos de uma maneira extraordinária e assim obtereis muito mais informações do que a leitura de vários livros vos daria.

6 – Por que Eu vos envio justamente àquele lugar, vos será esclarecido com grande clareza, mais tarde.

7 – Vede, se um poderoso do mundo vos pedisse um favor como esse ou outro qualquer, abandonaríeis tudo para satisfazer sua vontade. Claro que com isto obteríeis alguma gratificação econômica. Eu também vos recompensarei com gratificações de Meu Reino. Não será nenhum prejuízo para vós, nem no mundo nem na eternidade.

8 – Por isto deveis treinar um pouco no mundo, como se fosse a pré-escola da eternidade, preparando-vos para os Meus negócios. Pois se permanecerdes fiéis ao Meu Amor, em Meu reino vos aguardarão grandes negócios que tereis que comandar.

9 – Uma vez Eu disse aos Meus servos e discípulos: “Ide a todos os lugares do mundo e ensinai o Evangelho a todas as criaturas. E testemunhai, mesmo com vosso sangue e vossa vida! Pois aquele que procura e ama a vida, este a perderá, mas aquele que a despreza e odeia em Meu Nome, este a conservará, mesmo que morresse mil vezes. Não temais aqueles que só podem matar o corpo, mas não podem fazer mal algum à alma, mas temei sim aquele que pode matar a alma e o corpo por eternidades.”

10 – Não digo nada disso a vós, pois conheço muito bem vossa fraqueza. A vós Eu digo: “Por que permaneceis aqui o dia todo sem nada fazer? Não fostes chamados por ninguém? Pois ide vós também à Minha Vinha, e vos darei o que é de direito” . Vede, isso Eu digo a todos vós nessa conclusão! Ide, pois, se desejardes e puderdes, e tratai de fazer vossa tarefa! Eu logo estarei entre vós e farei a Minha!

11 – Mais uma vez atenção: “se for possível”. Amém. Eu falo isso, Eu, vosso Pai carinhoso. Amém. Amém. Amém.


Fata Morgana

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de outubro de 1840 – manhã e tarde

1 – Prestai atenção! Dentre as muitas aparições sobre as quais ainda nenhum sábio mundano possui alguma explicação, encontram-se as chamadas miragens.

2 – Não somente estas miragens, mas inúmeras outras aparições na natureza são tão enigmáticas, que os estudiosos, mesmo que dedicassem a vida toda a estudá-las, chegariam ao fim sem nada saber.

3 – Que responderíeis a uma pessoa que procura os óculos que estão no seu rosto? Perguntaríeis: Amigo, que procuras? Se ele respondesse “Meus óculos”, certamente rindo lhe apontaríeis os mesmos em seu nariz. Mas se ele se zangasse, dizendo-vos que aquilo não era verdade, como chamaríeis esta pessoa tão fora do comum? Vós certamente chegaríeis à conclusão que esta pessoa deveria estar num manicômio.

4 – O que diríeis, porém, se Eu vos dissesse que tal manicômio nos poderia prover de um mestre para estes tais cientistas da natureza, que começam a alardear-se do domínio total do universo, só porque conseguiram calcular a trajetória de um sol central e a circunferência de um planeta, ou a razão de um eclipse solar ou lunar? Isto não passa de uma descoberta minúscula ante todo o universo. Eu vos digo que estes sábios deverão chegar à conclusão que uma criancinha no berço sabe muito mais que eles, e chegará o tempo em que humildemente a ela pedirão ajuda. Eu vos digo: Uma criancinha que balbuciando pede aos pais um pedaço de pão, com estas palavras balbuciantes expressa mais sabedoria que todos os “Platões, Pitágoras e Aristóteles” juntos.

5 – Bem, após termos feito um pequeno comentário sobre a insuficiência da sabedoria mundana, tentarei explicar-vos que Eu sempre posso aclarar até o mínimo de todos os fenômenos da chamada “fata morgana”.

6 – Vede, existem três tipos de aparições desta classe, que se diferenciam totalmente em sua origem, apesar de parecerem iguais entre si, quando são vistas.

7 – A primeira é a mais comum e é provocada por certas situações em que se encontra o ar espelhando certos objetos, às vezes exatamente como são, outras vezes invertidos, maiores ou menores, outras vezes bem claros ou então nebulosos. Isto acontece de uma forma bem natural, mas sempre com o barômetro bem baixo e quando existe uma absoluta calma do ar, pois o ar, ao alcançar certo peso específico, apresenta um espelho bem apurado, sobre o qual se deposita o éter, assim como o ar aquecido se comporta sobre uma superfície de água calma.

8 – Quando o ar alcança esta posição, então os objetos que se encontram debaixo dele se espelham no mesmo, como acontece com os objetos frente a um espelho comum. Seria o mesmo se colocássemos um espelho enorme acima da superfície da Terra. Se o ar está totalmente calmo, a figura espelhada é bem clara, mas se houver qualquer tipo de onda, o reflexo fica um pouco agitado. Quando acontece do ar fazer ondulações na direção da Terra, cada uma destas ondulações forma um espelho, como acontece, quando tendes várias bolas de vidro, onde cada uma reflete os objetos ao seu tamanho. Este é o motivo por que muitas vezes vemos o objeto multiplicado e em diversos tamanhos.

9 – Quando o ar se inclina em direção à Terra, o objeto refletivo diminui de tamanho; quando o espelho de ar se eleva, então o objeto é aumentado. Seria como se tivéssemos um espelho côncavo.

10 – Vede esta é a origem do primeiro tipo destas aparições.

11 – Esta calma do ar é espiritualmente causada por uma expectativa dos espíritos que pressentem que no lento elevar da crosta terrestre coisas extraordinárias acontecem no seu interior. Por isto estão bem quietos e aguardam o sinal de um anjo por Mim determinado, para jogar-se com muita força e violência e restaurar a ordem perturbada nos aposentos internos da Terra. Isto é, pois, tudo que o primeiro tipo desta visão nos apresenta, tanto material como espiritualmente.

12 – Que todos os objetos sempre se apresentam invertidos confirma que os anjos vêem os assuntos relativamente e que se conscientizam dos mesmos. Assim uma visão que se apresenta de pé é a razão ao pé da letra, enquanto que, se estiver invertida, é o sentido interno, espiritual.

13 – Esta aparição se iguala totalmente à segunda espécie, pela qual são apresentados objetos que se encontram bem distantes. Estes objetos podem ser montanhas, cidades, rios e mares que se nos apresentam em pé. Como acontece isto?

14 – Um exemplo explicará tudo a contento. Se acontecer uma miragem do tipo da primeira em um ponto bem afastado, e ao mesmo momento houvesse se formado um outro “espelho” muitas braças acima e outro em lugar bem mais abaixo, formando um ângulo com o segundo e não havendo nenhum objeto material se interpondo entre os mesmos, o que aconteceria? O primeiro objeto refletido será tomado pelo segundo espelho, e esta miragem então se refletirá até o terceiro espelho, onde vós a podereis ver em pé. Desta maneira objetos muito distantes poderão se refletir e serem vistos em locais onde jamais esperaríeis encontrá-los. Isto é mais ou menos o que vós fazeis com vossos telescópios.

15 – Nestas miragens às vezes os objetos podem aparecer invertidos, mas isto é muito raro. Isto aconteceria se uma posição da atmosfera bem elevada também ficasse sem movimento. Então poderíeis perceber no horizonte, ilhas vindas da África, por exemplo (claro que somente sob um ângulo certo, e não enxergaríeis mais nada se saísseis da posição, ou se fechásseis algo mais o ângulo. Esta aparição acontece da seguinte maneira:

16 – Se vós pudésseis imaginar um plano espelhado no ar que se encontra a muitas braças de altura, poderíeis ver uma cidade completa, mas só que ela se apresentaria do lado oposto, tal como acontece quando olhais no espelho.

17 – Quanto ao espiritual nesta segunda miragem ele tem o mesmo motivo que o primeiro caso. Só que, devido à altura em que se encontram, os espíritos estão a observar não as profundezas da Terra, mas sim locais na superfície, no interior de uma montanha ou mesmo uma ilha (que não passa de uma montanha aflorando no mar).

18 – Com relação a estes dois tipos de miragem alguns pesquisadores da natureza bem simples e humildes já tiveram uma ideia do que de fato acontece. Mas agora é a vez de vos apresentar o terceiro tipo de miragem. Este apresenta objetos, locais e situações que não existem no mundo material, muito menos na Terra.

19 – Aqui nem os pesquisadores humildes nem os arrogantes têm nenhuma ideia do que acontece. Eles simplesmente negam a existência destas miragens, pois esta é a maneira mais fácil de solver o problema.

20 – Como seria possível explicar algo que não existe? Eu vos digo que os pesquisadores nunca chegaram tão perto da verdade, como ao dizer isto. Com isto, pelo menos confessaram que não sabem nada, pois quando desejam emitir teorias mirabolantes, aí sim confirmam que sabem menos que nada. Quem nada diz, pois não sabe nada, não está mentindo, enquanto quem fala mesmo sem nada saber ou nada ver, este está mentindo e vai ser julgado de acordo com o tamanho de sua mentira.

21 – Eu, porém, afirmo que as aparições do terceiro tipo existem e que acontecem com mais frequência nas regiões ao sul, geralmente logo após o pôr do sol e de vez em quando antes do nascer do sol.

22 – Sei que estais bem surpresos, pois vos digo este segredo de um só golpe e assim resolvo todos os problemas. Vede, os homens já construíram telescópios superpotentes e com eles querem absorver de uma só vez todo o universo estrelado. Eu, porém, sempre lhes apresentei obstáculos, e eles tinham que reconhecer que Eu era bem superior a todos os seus instrumentos. Sim, sem o menor esforço criei mundos tão enormes e afastados, que eles jamais os conseguirão trazer a seus olhos curiosos, mesmo com telescópios superpotentes e enormes. Mas aquilo que Eu frequentemente nego aos sábios Eu dou com muita clareza aos pastores e andarilhos humildes.

23 – Isto também acontece com a terceira miragem. Nas regiões do Sul, quando o ar estiver no seu pico de quietude por motivos espirituais e físicos, e isto acima de enormes altiplanos de areia, onde não existe nem uma montanha ou outro objeto a interromper a calma, lá acontece que o espelho do ar se situa tão baixo sobre a superfície, que não chega a altura do peito do andarilho, e este deve se contentar em respirar o éter e não o ar atmosférico, o que o obriga a respirar bem rapidamente e em pouco tempo o joga ao chão quase desmaiado.

24 – Aí então acontece que o andarilho consegue ver coisas jamais por ele imaginadas neste espelho que está a sua frente. E que coisas ele vê? Vede, agora Eu darei o golpe! Eles não são nada mais que reflexos exatos de outros planetas, corpos estrelares, etc.; são cidades, vilas e paisagens de lá!

25 – Com certeza os cientistas farão grande escândalo e dirão: “Como é isto possível?” Bem, a única resposta é que eles devem permitir que Eu Me considere um ótico melhor que todos eles juntos.

26 – Eu também desejo lhes perguntar: Eles que Me apresentem a fórmula matemática com a qual Eu construí os olhos de uma águia, os quais são bem melhores do que todos os instrumentos óticos até agora conhecidos, pois das alturas ela consegue ver facilmente os ácaros que se encontram no corpo de um cadáver em alguma vala. Mas se eles não conseguem decifrar esta fórmula, nada sabem daquela onde um olho humano é capaz de ver com a mesma clareza tal miragem, pois para Mim não é nada criar na Terra um espelho da luz e refletir com exatidão regiões de outros planetas e corpos estelares.

27 – Que isto é possível vou mostrar-vos. Tomai uma casa que está situada numa planície ampla. Se vós vos afastais da mesma, cada vez mais a figura dela se vos apresentará num ângulo cada vez mais fechado, pois quanto mais distante do objeto, menor é a capacidade de vossos olhos de absorver os raios incidentes neles.

28 – Se vossos olhos não fossem convexos, mas sim lisos, poderíeis vos afastar o quanto quisésseis que a figura sempre teria o mesmo tamanho, pois alguns raios que são emitidos dos objetos são constantes e tão paralelos, que se refletiriam sempre da mesma maneira em vossos olhos.

Obs.: Esta convexidade dos olhos faz com que só possais absorver pequenas quantidades de raios. E como tudo é muito rápido, podeis ver grandes extensões, porém uma de cada vez.

29 – Isto acontece aqui. Este espelho atmosférico é liso, pode absorver todos os raios ao mesmo tempo e assim mostrar objetos que estão a enormes distâncias. Isto depende dos olhos do observador conseguir uma ampla superfície de visão. Ele então consegue ver objetos de outros planetas e galáxias, como por exemplo, florestas, cidades mirabolantes, palácios enormes, montanhas etc.; sim, às vezes até seres vivos.

30 – Vede, agora sabeis tudo sobre a tal “fata morgana”. Também aqui o motivo espiritual é igual aos anteriores. Nada mais resta a dizer, do que: deveis aquietar também a atmosfera de vossos desejos e ansiedades e então conseguireis ver muitas fatas morganas, bem mais interessantes e educativas do que as do andarilho cansado no deserto. Pois todo “olhar” é um intercâmbio de raios: os que emitis e os que vos chegam.

31 – Assim, aprontai-vos logo para conseguir observar os raios que são originados em Meu Sol, e então recebereis a fata morgana da vida eterna. Amém.

32 – Isto falo Eu, o grande mestre em todos os assuntos, que se chama Jesus – Jehová. Amém.


Maré cheia e maré vazante

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de outubro de 1840

1 – Existem muitas especulações sobre a constante vazão ou cheia das águas do mar. Mas, como em todos ou outros assuntos, aqui também podemos dizer que só há hipóteses. É o mesmo que um cego a caminhar na planície, procurando a sua meta. Ele se dirige a várias direções, sem acertar o alvo de sua caminhada. Cada vez que parece estar no fim, vê que não é bem assim.

2 – Mas se por acaso um cego tivesse chegado sem querer ao local, isto de nada lhe adiantaria. Não reconheceria o lugar, pois não o vê e não o reconhece; nem mesmo sabe em que direção andou, mas só percebe que lá chegou sem saber como.

3 – E se ele informar sua aventura a outros cegos, a maioria deles muito mais cega que ele, estes começariam a se maravilhar pelo feito que ele realizou e o admirariam, e ele se encheria de orgulho e vaidade.

4 – Mas os que fossem um pouquinho menos cegos começariam a questionar e a duvidar da exatidão do resultado, pois o andarilho também é cego.

5 – Suponhamos que entre estes houvesse um com visão, este diria “Ouvi amigos, eu sou um que possui olhos sadios, eu enxergo bem, de perto ou de longe”. Os cegos então responderiam “Que importa se tu vês, pois nós somos todos cegos, nós não podemos acreditar no que tu dizes tanto quanto no que ele afirma. “Ele então diz: Mesmo que não vejais, eu vos posso demonstrar que enxergo perfeitamente da seguinte maneira: um de vós faça um movimento com a cabeça ou com a mão ou com o pé, eu então direi como vos movestes, e vereis que vejo. E os cegos então lhe diriam: “Se fores capaz disto, então nós acreditaríamos em ti: O vidente assim faria e ele então explicaria que o cego tinha andado para o lado oposto da meta verdadeira e jamais a conseguiria alcançar.

6 – Pois o que pensais que aconteceria então? Pensais que os cegos acreditariam nisto? Sim, vos afirmo que eles acreditariam, só enquanto pudessem tocar com suas mãos para confirmar. Mas com o cego protestando em altos brados sobre a exatidão de sua teoria, alguns tornariam a acreditar nas suas palavras, porém outros teriam uma fé bastante oscilante, feito as marés que sobem e descem. E estes diriam: “Nossos movimentos ele foi capaz de nos dizer com exatidão, mas quem nos assegura que ele nos informou corretamente sobre o resto, já que nós não conseguimos nos convencer da exatidão de suas palavras?”

7 – Com esse pequeno exemplo posso vos mostrar como é difícil ensinar aos cegos do mundo e também como é difícil para o mundo cego aceitar e entender a verdade que lhe é anunciada.

8 – Vós todos ainda sois crentes cegos, e Eu sou o único que vê. Se Eu vos explico assuntos e vos mostro como foi errado o resultado do cego supostamente sábio, podeis ter certeza que Eu sempre vos digo a mais completa e absoluta verdade. E junto com Minha revelação vos dou uma pomada óptica, com a qual vós começareis a receber de volta a vossa visão, mas para isto deveis usar a pomada corretamente e vos situar mais na maré vazante que na maré cheia.

9 – Pois a maré cheia é o símbolo do orgulho, enquanto que a vazante é o da humildade. Em outras palavras: a maré cheia é o símbolo do excesso da riqueza e da inquietude que dela se origina; a maré vazante é o símbolo do recolhimento, da calma e da pobreza.

10 – Para o navegante, a maré cheia é bem mais útil do que a vazante, quando algum vento o encalha num banco de areia. Mas esta utilidade é uma utilidade relativa. O barco é elevado de fato pela maré e levado adiante, mas não existem rochas e recifes antes ou logo após o banco de areia? E se o barco que não tivesse sido encalhado num macio banco de areia pela baixa-mar e na tormenta a seguir fosse jogado sobre os recifes ou rochas agudas, destruindo-se completamente? É por isto que deveis escolher como exemplo de vida a maré vazante.

11 – Após esta explicação, vou lançar Minha flecha e com certeza acertarei o alvo, não algo numa direção oposta.

12 – Se vós perguntardes a um maquinista-relojoeiro: “Dize-me, porque esse prego se encontra na máquina de teu relógio?” Será que o maquinista saberá o porquê da existência daquele prego naquele lugar? Sim, Eu vos digo, ele com certeza o saberá, pois senão não seria mestre de máquinas e a obra não seria obra sua. Mas como Eu sou o Grande Mestre de todos os assuntos por toda a eternidade, acreditais, pois, em Mim, e Eu conheço muito bem tanto a maré cheia como a vazante.

13 – Sei que estais a pensar: “Bem que eu gostaria de saber o que é a maré cheia e a vazante...”. Eu, porém, vos digo: “Tende mais um pouco de paciência, e tudo chegará na hora certa. Não fazeis vós também um pouco de suspense, quando ides dar algo para vossos filhos? Bem, como vou dar-vos algo de grande importância, tenho o direito de criar um pouco de suspense, para aguçar vosso interesse...

14 – Vede bem, tudo o que tem qualquer tipo de vida tem que respirar. Se a respiração parou, então todos os espíritos da vida abandonaram a matéria. Esta então volta ao estado de inércia, falece, se decompõe e chega ao estado da morte. Se vós observardes qualquer tipo de ânimo em um ser vivo, vereis que deve estar respirando, pois se isto parar, por experiência de vida sabeis que aconteceu a morte material. Sim, com o último suspiro acaba a vida material na Terra para todo o ser vivo.

15 – Então o que é de fato a respiração e para que ela existe? Vede, cada ser forma uma polaridade negativa ou positiva. Mas toda polaridade precisa da sua oposta e nada pode sobreviver sem que exista um polo negativo ou positivo, para balancear a sua polaridade. Isto é o que significa toda a vida natural, este equilíbrio entre o negativo e o positivo. Vossas vidas mesmas compõem-se deste polo negativo, pronto para receber o positivo.

16 – Mas como é possível que isto aconteça? Pelo motivo que o polo negativo sempre é estimulado pela respiração. Esta estimulação causa uma contínua necessidade de receber o polo positivo.

17 – Tomai, por exemplo, uma máquina elétrica. Ela pode permanecer por anos num local, e vós só vereis dela sua forma eterna. Mas se alguém alterar a placa da máquina, então a eletricidade negativa é acionada e imediatamente consumida.

18 – Mas com esta autoconsumação, ela começa a sentir falta de uma nova fonte alimentar. O que pode acontecer então? Mesmo que já esteja bem claro ante vós, Eu vou dar-vos a resposta pela Minha Ordem. É o seguinte o que deve e vai acontecer: Como a fome não consegue se satisfazer, o polo que está se autoconsumindo não pode satisfazer a si mesmo, como se quisésseis encher vosso estômago vazio com o conteúdo de outro estômago vazio. Então direis: “Senhor, com este alimento negativo nada podemos fazer, nós precisamos de alimento positivo”.

19 – Vede, é isto que aconteceu aqui também. A eletricidade positiva é a saturação da negativa. Se esta saturação aconteceu, então aparecerá no condutor o êxito de ter sido alimentado.

20 – E é a respiração que coloca em movimento vossa máquina elétrica da vida, que existe na polaridade negativa e se torna faminta pela polaridade positiva. Pois com cada inspiração acontece uma constante fricção, a polaridade negativa é estimulada e com o tempo ela começa a sentir fome. Com cada inspiração esta fome é mitigada. O nitrogênio (que apresenta o polo negativo) se apodera com grande avidez do oxigênio (polaridade positiva). Se a respiração para, então a polaridade negativa começa a se autoconsumir, o que tem por consequência o fim da vida natural.

21 – Imaginai, pois, que cada ser é um “mundo” ou melhor uma “Terra” diminuta. Como este mundo possui uma vida central, pela mesma ele fica com a sua vida vegetativa enquanto durar a respiração. Isto não acontece só com a Terra, mas sim com todos os corpos do Universo. Certamente não considerastes que a Terra é um animal; mas sim, ela é um ser vivo e por isto ela respira em períodos determinados.

22 – Pois a maré cheia e a vazante não são nada mais que a consequência da respiração da Terra.


Explicação espiritual das marés

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de outubro de 1840 – continuação

1 – Mas o que motiva esta inspiração e expiração da Terra? O mesmo motivo que faz os animais respirarem: a contínua necessidade de um alimento fresco, quando o alimento anterior já tiver sido digerido e com isto se tornado negativo.

2 – Durante a digestão os órgãos se aproximam e aí se inicia novamente o processo da fixação. Logo a seguir, acontece uma nova alimentação, e com isto as partes se separam novamente. Então aí está o fenômeno: pela necessidade de alimentos, a baixa-mar; pela satisfação desta necessidade, a preamar.

3 – Vós certamente direis: “Se for assim, deveríamos sentir a mesma respiração na terra firme, nas montanhas.” Eu, porém, vos digo que não é deste modo. Será que vossa cabeça, vossas mãos e pés por acaso se estendem (aumentam de volume) quando respirais? Vós então direis que não, pois estes membros ficam quietos. Pois Eu vos digo que desta maneira a terra firme também fica quieta.

4 – Para que consigais entender estes fenômenos mais razoavelmente, entrai, pois, numa banheira e podereis ver que a água nela contida se eleva quando inspirais e cai quando expirais. Ao observar isto, creio que não tereis dúvidas sobre Minha explicação.

5 – Mas se alguém vos disser: “A Lua é a razão das marés”, então perguntai: como é possível que a Lua, quando se encontra no lado oposto, consegue exercer a força da atração num corpo na sua perpendicular?

6 – Quem quiser ou puder afirmar isto, este seria pior que o cego que deseja explicar as cores para os outros cegos. Seria como afirmar que a água se eleva e depois cai, porque a várias braças há uma maçã pendurada num cordão, a qual um garoto empurra, fazendo-a oscilar. Seria melhor que observasse sua própria barriga e então lhe ficaria clara a movimentação das águas relacionada com sua respiração.

7 – Bem, com isto creio que expliquei a contento estes movimentos. Mas observai bem: isto tudo não é nada mais que um fenômeno exterior e não é o mesmo quando observado pelos olhos espirituais. Aqui o polo positivo corresponde ao espiritual, enquanto que o polo negativo é o natural (material). E o polo positivo também é substância, enquanto que o polo negativo é o vaso que a contém. O positivo é o interior, o negativo o exterior. O positivo é igual ao amor e a sabedoria, e o negativo é igual à misericórdia e clemência.

8 – Se não existisse o negativo, o amor e a sabedoria não poderiam se manifestar, a não ser a si mesmos. Por isto seres se formaram por Minha Misericórdia, e estes seres são a própria misericórdia, e esta misericórdia é o vaso receptor de Minha clemência. E assim tudo existe, sobrevive, vive e prolifera como Misericórdia de Meu Amor.

9 – Se desejardes saber o que é a polaridade positiva que a tudo alimenta, Eu vos digo: Ela é Meu Amor.

10 – A Misericórdia que vem deste Amor criou seres que contêm o Meu Amor. Eles são o receptáculo do Amor que vem de Mim. E o Amor alimenta os seres continuamente. E constrói, seguindo o caminho da Ordem Eterna, um ser após o outro, um ser por um outro, um ser originado em outro. E assim constrói uma escada de vidas, cada vez mais perfeitas, para que o Amor consiga se manifestar cada vez melhor e em maior escala na sua Misericórdia infinita. E esta ao mesmo tempo consegue se observar cada vez melhor e assim se tornar cada vez mais viva.

11 – Tudo está assim organizado e tudo acontece de tal maneira de acordo com a Minha Ordem Eterna, a fim de que a morte seja destruída e todo o infinito se torne o mais perfeito teor da abundância da vida que vem de Mim e está em Mim.

12 – Isto que Eu vos manifestei estudai bem em vossos corações, meditai sobre cada palavra dita, pois Eu já vós revelei tantas coisas grandiosas, mas ainda não vos tinha revelado tão profundamente o plano de Meu Amor e Sabedoria eternos, como o fiz agora.

13 – Mais uma vez vos peço: Observai bem o que aqui foi dito. No começo Eu fiz com que ficásseis curiosos, Eu sabia o porquê. Eu vos tinha ocultado um enorme tesouro e é por isso que Eu hesitei um pouco em vos apresentar este tesouro importante e sagrado. Creio que assim vossa alegria é bem maior. Mas também foi útil para fazer com que sentísseis a grandiosidade dessa revelação e que Eu sou vosso único e amado Pai e criador. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai. Amém.


Orações pelos que já partiram

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de outubro de 1840

1 – Escreve isso para a irmã que Eu amo muito e que está sedenta e faminta pela Minha Misericórdia. Ela deve perguntar se estou ao lado dela com mais frequência.

2 – Ela então ela deve dizer: “Tu, bem amado Jesus, tu noivo, sim tu, que és tudo para mim, tu ainda estás aqui comigo? Tu não me abandonaste? Tu, meu bem amado Jesus, olha com compaixão dentro do coração desta tua filha que tantas saudades tem de ti e que dirige seu amor somente para ti, amado Jesus”.

3 – Eu então lhe darei uma doce resposta em seu coração, que poderá ser a seguinte: “Olha-Me em teu amor. Eu estou junto de ti e nunca Me afastei de teu lado e Meu coração te pertencerá eternamente. Mas permanece tu também fiel a Mim, permanece fiel a teu Jesus, que desde sempre te amou com todo o poder de sua divindade, mesmo antes que o mundo material existisse”.

4 – E quando ela sentir este amor, ela poderá ter a certeza que Eu, o eterno Noivo e a eterna Vida, sempre estarei bem junto a ela.

5 – Mas dize-lhe também que existem rusgas no verdadeiro amor e é por isto que vou Me zangar um pouco com ela. Eis, pois, Minha zanga: Ela está levando sua filha pouco demais em Minha direção e lhe fala somente de assuntos mundanos; muito pouco fala de Mim, ou pouco as incentiva para tal.

6 – Avisa-lhe que Eu sou muito ciumento e por isto não gosto quando preferem falar de assuntos que não são a Meu respeito.

7 – Eu sou como um amante apaixonado que fica a espreitar sua amada atrás da porta e fica encantado quando ouve que sua bem amada só fala nele, mas se entristece muito quando ela fala de outro assunto. Ele então fala assim para si:

8 – “Tu Minha doce amada, se tu Me amas como Eu te amo, como podes ter outros pensamentos, enquanto que Eu constantemente penso em ti e aguardo ansioso que permitas Minha entrada, pois estou sempre à tua porta?”

9 – Observa bem, Meu servo, dize-lhe isto tudo com exatidão, se quiseres ser Meu mensageiro de amor. Pois isto é muito mais importante que tua pergunta: “Como devemos orar pelos mortos?”

10 – Mas já que perguntastes, e isto feito por uma alma muito querida, vou dizer-vos como se orar por um falecido:

11 – Quem deseja rezar pelos mortos, em primeiro lugar deve saber muito bem quem e quais são os mortos de fato, e também como e por que deve rezar.

12 – Como “mortos” não se entenda somente aqueles que já partiram deste mundo, mas os que morreram em seus corações que não têm fé nem amor e que por isto estão verdadeiramente mortos.

13 – Vede, para estes deveis rezar com conselhos e ações - brilhando como o sol que na sua primeira presença acalenta o caminhar do andarilho cansado, ou como o orvalho refrescante que cai sobre o musgo endurecido e ressecado - para que eles se reencontrem e vejam em vós marcos de Meu Perdão e se curem no regato de Minha Misericórdia.

14 – Eis aí para quem, como e por que deveis orar. Vosso amor por Mim e por vossos próximos deve ser sempre a oração que orais. Como e por que, vou explicar-vos com o seguinte exemplo:

15 – Um rei muito poderoso tinha em seus cárceres vários prisioneiros que lhe causavam muita pena, pois eram pobres desgraçados que tinham sido levados ao mau caminho. Porém ele não podia modificar a lei sem ferir sua justiça e assim libertá-los do castigo que a lei lhes tinha imposto. Mas quando eles passaram bastante tempo na prisão e cumpriram boa parte da pena imposta, ele decidiu libertá-los. Mas ele pensou o seguinte: “Eu também tenho uma amada. Vou fazer com que ela saiba da existência destes infelizes no meu cárcere. Como ela me ama muito e tem plena confiança em mim, tenho certeza que virá correndo pedir clemência pelos infelizes”. Assim foi feito, e aconteceu o que ele tinha imaginado.

16 – O que achais que o rei fez? Ele teve uma enorme felicidade em poder mostrar a sua amada o quanto o amor e a confiança dela podiam alcançar e os fundos que o amor e a confiança eram capazes de gerar. Os prisioneiros, porém, louvarão o senhor, pois eles puderam ver que Ele somente é alcançável pelo amor e confiança absoluta e ensinarão isto a seus filhos e amigos, para que eles também se tornem amantes do Senhor.

17 – Vede, é assim que deveis orar. Não deveis pensar que podeis Me comover com uma oração morna, mas sim pedir para que vós mesmos possais vos fortificar em vosso amor por Mim, e desta maneira vosso pedido será de Meu agrado. Não deveis pedir por causa dos presos, mas sim por causa de vós mesmos.

18 – Mas com respeito aos que já partiram, isto também vale. Vós não sabeis em que situação eles se encontram no Além, mas isto não tem importância. O único ponto que importa de fato é que todos saibam que Eu sou o grande amigo do amor e o serei eternamente, e que o amor sempre faz bem a todos.

19 – Tenho certeza que ao receberdes presentes de vossos filhos, presentes comprados com vosso dinheiro, sentireis uma enorme alegria. Muito mais Eu ficarei feliz, se atuardes como vossos filhos. E muito se alegrarão os vossos “mortos”, ao saber que os que ficaram no mundo se lembram deles com amor.

20 – É assim que são as coisas, e é assim que deveis atuar, se de fato desejais ser Meus Filhos queridos.

21 – Tu, Minha querida alminha, ora com confiança; e Eu, teu querido Jesus, não te abandonarei. Amém. Isto falo Eu, teu querido Jesus.


A visita ao morro

No dia 25 de outubro de 1840, sob forte chuva, os cinco amiguinhos viajaram para Uebelbach e sob neve, vento bem forte e geada, foram até o pé da montanha pequena, ao meio dia. No local onde o morro aparecia no firmamento nebuloso apresentou-se um sol pálido aos visitantes. Este sol tornava-se cada vez mais claro e brilhante. Em alguns lugares o céu ficou azul e parou de nevar. Também o vento e a geada amainaram. Um sentimento de felicidade apoderou-se dos viajantes.

Explicações espirituais da visita à pequena montanha

Recebido por Jacob Lorber 29 de outubro de 1840 de manhã e tarde

1 – Após executardes a tarefa encomendada (visita à pequena montanha) com algum êxito, Eu vou cumprir o que prometi e vos dar um bom emolumento de viajem.

2 – Já na vossa viajem de ida, possivelmente vos chamou a atenção a nebulosidade que aumentava cada vez mais, especialmente se observastes que esta nebulosidade se iniciava no meio das montanhas, mas nunca ultrapassava o cume mesma.

3 – Em segundo lugar, deve ter chamado vossa atenção, especialmente após terdes saído do vale e vos dirigido ao solo montanhoso, que todo este vale estava ladeado por morros com aproximadamente a mesma altura e também o mesmo formato; além disto, estes morros estavam cobertos por vários tipos de árvore, arbustos e ervas, desde o sopé até seu cume, e só estavam desmatados onde o homem usava a terra para seu trabalho.

4 – Depois tereis observado que o vale, como muitos outros, fazia muitas curvas. E quando pudestes ver as rochas lá e cá, notastes a formação de placas como em Choralpe; elas, porém, são mais amplas aqui no vale.

5 – Se tiverdes observado o declive bem perpendicular das montanhas à distância, creio que tereis observado ali certas coincidências, especialmente e com mais frequência o formato piramidal dos morros.

6 – E quando chegastes às alturas sob tempo tormentoso, para poderdes ver a parte mais elevada da “pequena montanha”, uma brisa fresca vos alcançou, jogou alguns flocos de neve em vosso rosto, e de repente o sol se mostrou no meio das montanhas. Assim vós conseguistes ver tudo o que era necessário, pelo que vos tinha pedido de antemão.

7 – Bem, isto é a parte material que observastes. Mas Eu vos tinha falado de sentimentos por vós ainda desconhecidos. Eu vos pergunto: Vos destes conta de alguma coisa como esta? Sim, pois quando Eu prometo algo, Eu cumpro. E Eu vos digo: Teríeis sentido muito mais, se tivésseis permanecido mergulhados em vossa interiorização.

8 – Aqui tenho que chamar vossa atenção a um erro muito comum entre os humanos e que impede que as pessoas consigam sentir sensações maravilhosas na Terra. O erro é que, quando esperam a realização de um fenômeno extraordinário que lhes tenham prometido, elas dirigem toda sua atenção a tal altura, que deixam de observar muitas maravilhas que acontecem dentro deles. Elas jogam todos os seus sentidos a tais alturas, de modo que nada mais conseguem ver.

9 – Este também foi um errinho que vós cometestes. Vós levantastes vossos olhos para as coisas extraordinárias que aconteciam lá fora e esperastes que a sensação interna entrasse em vós qual ave penetrando vosso corpo e mente e que tivesse provocado em vós sensações mágicas.

10 – Prestai bem atenção a este exemplo para ocasiões futuras.

11 – Um rei importante viajou para uma cidade desconhecida. A população foi ao seu encontro bem longe da cidade, para poder ver o rei e sua entrada triunfal. O rei, porém, não gostava nada destes atos magníficos e majestosos. Abandonou o seu coche bem simples e mandou que sua comitiva diminuísse a velocidade. Ele, porém, viajou bem rápido no seu coche simples de aluguel que veio a seu encontro, não reconhecido pela multidão, e entrou na cidade totalmente incógnito.

12 – Ao lá chegar, ele quis tomar um refresco. Foi às hospedarias, mas todas estavam vazias. Até que no fim chegou a uma pequena estalagem, onde um servente cocho foi ao seu encontro e, mal-humorado, lhe perguntou pelo que desejava.

13 – O poderoso rei, porém, primeiro lhe perguntou a razão de sua tristeza e mal humor. Ele disse que estava triste, porque não pôde ir ao encontro do rei. Ao que o rei respondeu que ele deveria alegrar-se, pois seria o primeiro a ver o rei em toda a cidade. O servidor, porém, não conseguia acreditar nisto. O rei daí falou: “Já que és o primeiro a ver o rei poderoso, receberás um prêmio bem grande, mas pela tua incredulidade também te será dado o castigo correspondente”.

14 – Enquanto assim falavam sobre o ver e o não-ver o rei, o povo retornava à cidade seguido pela comitiva real que entrava triunfante, mas sem o rei.

15 – Então o pobre servidor perguntou: “Enfim, onde está o tal rei, para que eu possa voar ao seu encontro e vê-lo em primeira mão?” O rei então respondeu “Se fores procurar o rei lá no meio da multidão, não escaparás do castigo prometido, pois se assim fosse o povo que foi recepcioná-lo lá na estrada já o teria visto muito antes que tu. Olha-Me porém, olha como estamos os dois aqui parados na porta desta casinha, onde ninguém ainda nos viu, nem ninguém se dignou a nos olhar, pois dirigiram seus olhares ao brilho da comitiva real e procuram o rei. Mas sim, olha para Mim!”

16 – O servidor obedeceu ao rei, mas ele não sabia o que tudo isto significava. Quando começou a olhar seu companheiro, ele notou que a comitiva tinha parado na porta da estalagem e começava a saudar o rei. Só então reconheceu o rei e muito se arrependeu do tempo perdido. Ele procurava o rei fora da cidade, enquanto que este se encontrava ali, bem ao seu lado, e deixava que ele o servisse.

17 – É assim que acontece convosco. Enquanto procuráveis o rei fora da cidade em trajes brilhantes e carruagens douradas, ele vos enganava e buscava sua liberdade. E enquanto vós aguardáveis o voar do pássaro invisível dos sentimentos, ele penetrava sorrateiramente em vossos corações, como um ladrão a consumar vosso espírito, sem que nada tivésseis de conhecimento. Mas Eu permiti que tivésseis uma leve intuição de Minha presença.

18 – Com isto a metade da tarefa foi concluída, pois vos mostrei que Eu mantive fielmente Minha Palavra, mesmo que as condições que vos pedi não tenham sido por vós totalmente realizadas. Mas isto não poderia ter sido tão fácil assim; não, em primeiro lugar, porque vós sois humanos e consequentemente imperfeitos; em segundo lugar, por serdes muito fracos e por isto incapazes de fazer algo sem a Minha ajuda constante, e em terceiro lugar, porque sois Meus filhos. Por isto Eu tenho que Me satisfazer mais com a vontade do que com a ação. É bem fácil Me servir, pois Eu pago a diária completa por uma hora trabalhada, mas para Meus filhos Eu dou toda a comida e roupa de graça.

19 – Já que a parte espiritual foi amplamente esclarecida, vamos dar mais uma olhada na região.

20 – Com respeito ao formato das montanhas periféricas, já foi de sobejo explicado, quando falamos no Choralpe. Mas para entender como o vale aconteceu, não precisais nada mais que um pedaço de crosta de pão e quebrar o mesmo lentamente, começando por baixo, de tal forma que a ruptura se dirija para a parte superior. Quando houverdes feito isto, vos terá sido esclarecido como se formou o vale. Assim aconteceu sob a superfície, com as elevações por vós já conhecidas em várias partes e com a ruptura que se alonga por todo o vale.

21 – Mas como a ruptura aconteceu em direção da parte superior, por si mesmo se entende que na parte interna, nos dois lados da ruptura central, devem ter acontecido sempre duas rupturas laterais. Estas rupturas às vezes se tornaram verdadeiros abismos e outras vezes se elevaram em forma de abóbadas.

22 – Que estas variações foram abrandadas com o tempo - ou pela destruição de rochas menos resistentes ou pela erosão dos ventos - já deve ser de vosso conhecimento há muito tempo.

23 – Mas que estas montanhas são milhares de anos mais antigos que o “Choralpe” por vós tão conhecido, como também de outros vales, isto tenho certeza que não sabíeis.

24 – Perguntais-Me como podereis reconhecer isto? A resposta é bem clara: Quanto mais compactas as rochas se apresentam, mais recentes. Quanto mais calcárias se apresentem, tanto mais antigas são. Se muitas rachaduras e rupturas possuem, então sabemos que passaram por inúmeros cataclismos. Se não aparecem muitas regiões coladas com cal e cada ruptura está bem definida e cheia de arestas, então esta formação rochosa é bem moderna.

25 – As rochas de vosso morro do castelo são bem mais antigas que o da “Choralpe” e também de outros morros menores que se encontram na vizinhança. Mas esta formação daqui também se difere dos Alpes, porque ela foi ejetada de regiões bem mais profundas do seio da Terra.

26 – Aqui teríamos, pois, a construção natural destas montanhas. Porém observai as montanhas piramidais, estas são exemplos das rochas bem antigas que encontramos aqui esparsas, especialmente aquelas que encontrardes carvão de pedra, o carvão negro que se originou na época de Noé (Dilúvio) ou de erupções vulcânicas que aconteceram então.

27 – O porquê disto tudo já vos foi explicado e também será elucidado com mais profundidade dentro de algum tempo (“A Terra e a Lua”).

28 – Com respeito ao nevoeiro que vos acompanhou, Eu quis mostrar-vos algo bem grandioso, e o escrevi com letras garrafais por cima das montanhas, para ilustrar vossa real situação.

29 – O sopé das montanhas, como certamente observastes, estava totalmente livre e claro, como também os cumes cobertos de neve. Mas nem vossos pés nem vossas cabeças Me inspiravam, por isto Eu coloquei o nevoeiro na região onde também em vós ainda encontro nebulosidades: vosso peito.

30 – Quanto mais vos movíeis (seguindo Minha Vontade, pois sem ela a nenhum lugar chegaríeis), observáveis que o nevoeiro ficava cada vez mais disperso e leve, e os troncos das montanhas por fim ficaram limpos e vos apresentaram sua farta vegetação. Ao seguirdes o vosso caminho, fostes capazes de ver um tronco totalmente verde na montanha, o que vos deveria demonstrar que quanto mais obedecerdes Minha Vontade, tanto mais viva fica a esperança.

31 – Bem, ao chegardes a uma determinada altitude, sob tormenta de neve e vento, quase perdestes toda a esperança em ver alguma coisa extraordinária e de aprenderdes algo mais de Minha Vontade. Porém Eu, cheio de misericórdia e piedade, permiti que o Sol aparecesse por entre as nuvens, iluminasse e limpasse a região. Com isto vos quis mostrar que Eu chego no momento que menos Me aguardais e menos achais possível acontecer.

32 – Que o Sol não se vos tenha apresentando em toda sua pureza e claridade, com isto quis mostrar-vos quão nebuloso ainda se encontra vosso amor. Quando este ficar cada vez mais quente, então o Sol do espírito ficará bem claro, e em seus raios brilhantes vós podereis reconhecer vossas trevas e sombras. O que estas sombras significam não vos direi, já o deveis saber de sobejo.

33 – Ao regressardes para casa, vossa noite nebulosa, deveis ter observado alguns raios e que as trevas da noite estavam tão iluminadas, que ficastes muito surpresos, e com toda razão. Pois com isto Eu realmente vos quis dizer como estava vosso peito (coração) e podeis alegrar-vos bem, pois a noite de vossas vidas já se tornou tão clara quanto era a noite de vosso retorno para casa. Por detrás das montanhas de vossos conhecimentos, as trevas começaram a ceder com a claridade de alguns raios. Isto já é um progresso.

34 – Meditai, pois, bastante sobre esta viajem. Foi este o motivo que vos disse para fazê-la, para que a natureza vos fizesse uma fotografia real do que já sois.

35 – Vede, estas são as “dietas” prometidas, e elas têm mais valor, do que quando sois cheios de ouro. Existem muitos que quase comem a natureza com seus olhos, mas muito poucos se reconhecem nela. Amém. Isto vos digo Eu, o grande “dietista”. Amém.

Do existir na aparência

Essa aparência de vida na Terra, irmão, não é tua, mas assim mesmo habita nessa aparência um grande ser! Não confia nas aparências, mas aproveita esses lampejos de claridade na Terra, para encontrares o verdadeiro ser em ti.

Sobre o servo Jacó Lorber e um discípulo novo. Loas à mansidão

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de outubro de 1840

1 – Para o próximo domingo peço-vos que já estejais aqui reunidos desde as oito horas da manhã, pois tenciono elucidar mais algumas coisas sobre vossa “viajem dietética”, e o que foi dito ontem vos parecerá um simples índice de livro.

2 – Mas prestai atenção, pois não usarei mais explicações tão simples como ontem usei no “índice”. Pois ontem muitos pensaram que explicações tão simples teriam sido possíveis até mesmo pelo Meu servo, que não passa de um inocente receptador Meu. Ele não sabe nada mais do que aquilo que de Mim recebe.

3 – Isto ele bem sabe e ele também nada fala que não seja colocado por Mim em sua boca. Ele nem consegue falar por si, pois tem muito menos conhecimento do que qualquer um de vós. É esta razão por que ele se tornou uma ferramenta muito útil para Mim, pois pouca coisa existe em sua cabeça. No entanto existe muito, mas muito mesmo em seu coração, o que é apenas o que Eu preciso, pois no coração não existem recordações, mas sim uma lembrança enorme do amor em Mim e para Mim, e nesta lembrança a visão exata do que Eu quero e do que Eu digo! Esta é a situação correta do ser humano. A situação das “cabeças compreensivas” é totalmente errada e muitas vezes não passa de sonhos absurdos do orgulho que se origina num cérebro doente e mal usado.

4 – Bem, não usarei palavras simples desta vez, e vossa razão será sufocada, mas vosso coração, no entanto, será cada vez mais feliz.

5 – Quando Eu acabar esta explicação, então o irmão KGL trate de conversar com o novo membro, mas sem forçar demais e sem dizer nada, até que qualquer leigo que tenha um pouco de introspecção consiga entender. Muito do aqui dito precisa de preparação antes de ser entendido.

6 – O homem a quem Me refiro é aquele que todos vós já pensastes ser e o qual, se for abordado com sabedoria, se tornará um obreiro muito importante em Minha Vinha. Porém não deveis forçar um nada seu livre arbítrio, mas sim ele deverá degustar o pão da vida em pequenos pedaços que lhe dareis. Vereis que em curto tempo ele ficará faminto pelo mesmo.

7 – Também ele e Meu servo não devem se encontrar ainda, mas somente quando a sua fome aumentar e se ainda ficar sedento pela água da Vida. Só então lhe deverão ser entregues os escritos de Meu livro “Criação de Deus”, como também as mensagens aqui reveladas. Só então ele se tornará um homem verdadeiro e Me reencontrará onde menos espera.

8 – Se por acaso ele disser que existem algumas coisas bastante estranhas, que não existe uma ordem correta e nenhum sistema de ensino conhecido, dizei-lhe que Minha ordem e Meu sistema diferem totalmente do vosso. Os homens contam um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez, mas não consideram que cada mundo somente é um marco do infinito; mas o que se encontra entre o um e o dois e o três e assim por diante eles não consideram. Eu, porém, possuo e conheço a ordem correta e não digo um, dois, três, etc..., mas antes que o abismo do infinito que há entre o um e o dois esteja totalmente preenchido não é possível progredir-se ao três.

9 – A quem é conhecido o começo, o início e o fim de todas as coisas? Eu, porém, sou o princípio, o Alfa e o Ômega, e sou o eterno ponto central de tudo. Por isto Minha ordem é a certa, pois Eu sou a Ordem própria. No momento, no que o membro novo me reencontrar, então lhe será aclarada Minha ordem e o Meu sistema.

10 – Mas se alguém não conseguir reconhecer isto, este deve olhar para a Terra e sua vegetação. Então com certeza tudo lhe parecerá uma miscelânea, mas se elevar os olhos para o firmamento, não verá as constelações como se uma mão as tivesse jogado sem plano nenhum, como se tivessem sido colocadas lá por acaso? Eu falo: em todos os lugares existe a maior ordem! Crescem plantas venenosas e curativas num só lugar, como ervas daninhas entre o trigo, e mesmo assim existe a maior ordem em tudo isto.

11 – O pedreiro também joga a argamassa entre as pedras que coloca e não se preocupa em absoluto pela posição do grãozinho da areia que compõe a argamassa. Eu, porém, digo: Na posição em que se encontram os grãozinhos de areia da argamassa existe mais ordem de que em toda a construção. Os cientistas com certeza dirão que esta afirmativa é no mínimo uma grande tolice.

12 – Vede, se aquele homem pensar sobre isto só um pouquinho, então ele já terá iniciado sua evolução. Mas atenção; é preciso muita suavidade e amor. Atenção, especialmente muita suavidade.

Na mansidão deveis vos entender,

Na mansidão se encontra uma brisa divina,

Somente a força da mansidão conseguirá

Levar a fraqueza para a perfeição,

Pois a mansidão não julga nenhum erro,

Pois nela tudo pode continuar a existir,

Onde ela é colocada como alicerce da construção,

Lá existirá uma poderosa união.

Compreensão e tolerância!

Em cada planta nova existe uma semente nova e para cada tipo de árvore existe um tipo de fruto. Por acaso conheceis a utilidade de todos? Com certeza não. Vede, é assim que se apresenta a vida espiritual no homem de boa vontade. As espécies, as classe e gêneros, mesmo que sejam bem diferentes, não têm nenhuma diferença para Mim. Só é questionável como e quanto são úteis, e por isto não deveis amaldiçoar a ninguém, nem excluir, mas sim tomar conhecimento de Meus diversos caminhos.

O mundo de todos os santos

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de novembro de 1840

1 – Antes que cheguemos a escrever tudo o que foi mencionado graças a uma inspiração especial, é necessário chamarmos a atenção a um engano que mantém tantas pessoas aprisionadas e que às vezes faz com que percam uma grande porção de sua evolução, tanto aqui no mundo material como também no espiritual.

2 – Pois podem alguns achar que já possuem todo o infinito, quando Eu lhes dou muito. Então eles acham que já têm tudo, mas outros, no entanto, ainda acham que nada receberam e se assemelham a uma panela furada, a qual tentamos inchar sem sucesso.

3 – Pois se alguém achar que tudo possui, quando Eu lhe dei infinitamente muito, como seria possível Eu ainda poder dar algo mais? Do ponto de vista humano, isto seria um tanto esquisito, e alguém teria o direito de dizer: “Quando o Infinito me é fiel, o que mais eu deveria receber que fosse maior que ele?”. Isto de fato é correto, se observado só no exterior, mas não é verdadeiro, quando consideramos a verdade interna intrínseca que emana de Mim, pois Eu não sou somente o senhor de um infinito, mas sim de um infinito em todos os infinitos, o que significa que tudo e cada um emana de Mim e contém outro infinito, pois Eu, como o eterno princípio de todas as coisas, sou em tudo e em cada um infinito.

4 – Se um humano tiver produzido uma obra, por mais espetacular e magnífica que ela seja, ela é para sempre finita, pois o seu criador é um ser finito. Mas se Eu produzir a menor obra imaginável, esta seria infinita, pois Eu, seu criador, sou infinito, mesmo que ela pareça ser delimitada em todos os lados, que pareça uma coisa cheia de limites no seu exterior; mas no seu interior é que está o infinito, pois Eu lá Me encontro. É por isto que as pessoas se enganam pensando que já tudo possuem, pois Eu lhes dei muito e o infinito, mas neste caso o infinito que eles acham possuir de longe ainda não é tudo.

5 – Ao contrário, vejo uma grande ingratidão naqueles que, apesar de já terem recebido muito, (e neste caso por Mim tocando o infinito, por ser Eu o doador), ainda acham nada ter. Estas pessoas ainda não têm o mais leve conhecimento dos valores do interno de tudo. Elas só contam as coisas pelo seu volume, pelo seu exterior e não dão a mínima importância ao valioso interior dos objetos, não se lembram que a casca da noz não é o todo, esquecendo a deliciosa fruta que existe no seu interior. Estas pessoas são avarentos e procuram acumular tudo para si. Mas, apesar de todas as posses, estão cheias de fome, igual ao avarento que, ao dar-se o direito de comer um pedaço de pão velho, ainda pensa se não seria possível vendê-lo a alguém mais faminto e guardar o centavo recebido.

6 – Bem, já que conhecemos dois extremos, é possível perguntar: Onde se encontra o meio termo correto, ou como ele deve ser, para que se apresente corretamente ante Mim?

7 – Eu vos digo : O meio termo certo deve ser um bom filho, aquele que não julga pelo tamanho da dádiva, mas sim na necessidade e precisão da mesma, e que aceita tudo que receber cheio de gratidão, por ser dádiva do Pai. Ele não precisa de nada além do que recebeu, pois sabe muito bem que o Pai sempre lhe dará tudo aquilo que lhe é necessário. Ele sabe que o Pai é extremamente rico e que proverá o filho do bom e do melhor. Este bom filho também não precisará além do que lhe é dado, pois sempre foi alimentado a contento. Como o Pai também é muito sábio, ele dá ao filho o justo que lhe compete.

8 – Vede assim que é o meio termo correto. Vós tereis que vos posicionar neste meio termo e não deveis achar que já recebestes tudo, nem deveis achar que recebestes muito pouco ou mesmo nada. Vós não podeis comparar o que tendes com tudo que ainda recebereis de Mim. Deveis permanecer neste meio termo, cheios de humilde gratidão. Deveis ser iguais àquele filho que está feliz e satisfeito, pois reconhece ter o melhor dos pais. Em vossos corações, deveis ser os filhos verdadeiros deste Pai tão bom e santo que sou; Eu, que Me sento aqui entre vós e vos dou estes ensinamentos por intermédio de Meu Servo.

9 – Bem, a seguir desse esclarecimento prévio e necessário, vos darei outro que também é necessário e importante, como também será a mensagem que mais tarde vos darei.

10 – Eu vos disse que deveríeis ser elevados a mais um degrau de vossa evolução. Pois este degrau vos será dado agora, com todas as explicações e esclarecimentos necessários.

11 – Milhões de pessoas se deitam todas as noites sobre seus corpos cansados e no dia seguinte milhões tornam a se levantar com os corpos descansados, alguns para reiniciar suas tarefas habituais e outros para seguir seu ócio contínuo. Assim se levantam milhares de pessoas e cada uma com o seu propósito diferente. Mas de todos estes não houve um único que se levantou como é devido. Todos deixaram de dar a atenção devida ao amanhecer, como também ao pôr-do-sol, a não ser que estivesse acontecendo uma tormenta fora do comum a lhe atrapalhar os negócios, ou se um raio e o trovão consequente lhe tivessem gritado: “Ouve tu, fraco e atarefado homem, se eu, o raio, tivesse me aproximado de ti somente mais alguns metros, tua conta com o mundo estaria encerrada!”.

12 – O homem neste caso se assemelha ao pardal no galho da árvore. Quando ouve um tiro, se afasta piando, como se quisesse dizer: “Ufa, estive em perigo mortal. Vou evitar este lugar. O caçador jamais deverá encontrar o galho distante onde me ocultarei de agora em diante”. Mas não demora muito e o mencionado pardal estará a se balançar novamente naquele galho onde quase encontrou a morte.

13 – É isto que acontece com os homens. Um perigo só é considerado como advertência enquanto ele dura. No momento em que o perigo passa, tudo volta ao normal. O homem volta ás suas atividades habituais e continua a ser o cego de sempre, qual cego e surdo que vai ao trabalho sem nada perceber.

14 – O mundo é qual grande teatro, no qual em cada segundo se apresenta um novo espetáculo, dos quais todos são de grande importância. Quem não for cego e surdo terá um enorme prazer nos mesmos, mas quem os assistir surdo e cego será como um coral de pólipos que se ancorou num buraco escuro e lamacento do mar e nada mais faz do que comer e comer com suas mil bocas.

15 – Se vós, porém, acordardes cedo de manhã, observai, pois, todas as coisas que estão a vossa volta com muita atenção. Cuidai de observar bem vossos sentimentos, que sempre se apresentam de forma modificada, assim como uma minúscula nuvem se modifica no céu azul. Esta será sempre bem diferente, mesmo quando olhada simultaneamente de um outro lugar do mundo. Vossos sentimentos também são diferentes na manhã e no anoitecer.

16 – Se por acaso sentirdes uma brisa agradável, vossos sentimentos não se tornam alegres? Quando um vento quente vindo do sul transporta maravilhosas massas de nuvens pelo céu, podeis ver os pássaros a brincar alegremente, tão felizes que abrem suas asas cheios de prazer. Mas se um vento do oeste ou do norte, úmidos e violentos, começa a soprar, vossos sentimentos serão de preocupação. Recolher-vos-eis ante estes ventos tão agressivos e inamistosos. Mas se o vento leste se apresentar, vossos olhos acompanharão as nuvens semelhantes a ovelhinhas, e vossos sentimentos tornar-se-ão amplos e acolhedores sob o céu azul e branco. Vossos sentimentos não serão modificados, se a manhã vos saúda com lindas nuvens rosadas e uma brisa fresca?

17 – Não importa para onde fostes nem a que lugares viajastes, cada modificação que observardes com atenção será motivo de sentimentos diversos e às vezes de tal maneira, que vosso quarto vos parecerá modificado na vossa volta, como se estivésseis a vê-lo pela primeira vez.

18 – Se algum de vós ainda não tiver sentido isto, então Eu o aconselho que viaje; não precisa ser longe, pode ser logo ali para as montanhas. E quando voltar para seu ambiente, verá que ele parecerá diferente, mas isto só acontecerá se prestardes atenção às modificações de vossos sentimentos. No dia seguinte que esta pessoa fizer uma pequena viajem em sentido oposto à primeira, ao retornar notará grandes e diferentes alterações de seu sentimento.

19 – Pergunta-se, pois, qual o motivo de reações tão diferentes? A resposta é a alavanca para o degrau mais elevado. Da mesma maneira que ao estudardes qualquer matéria - como por exemplo, geografia, história, etc. - vós tereis uma visão diferente da que tínheis antes do estudo. Isto acontece numa esfera bem maior, se estiverdes assistindo Meus ensinamentos, pois quem fala nesta matéria sou Eu, por intermédio de Meus servos que já por aqui passaram. Estão no presente e ainda virão, pois eles todos falam diretamente para vosso espírito.

20 – Mas como já sabeis, é bem difícil pregar aos cegos e surdos, pois estes o máximo que conseguem sentir é o cheiro da refeição, porém não podem ver como ela é. E se lhe dissermos como ela é e de que foi preparada, eles não ouvem, pois são surdos. Vede, assim são todos os alimentos espirituais mencionados. Só o que conseguis é sentir o seu aroma. Ainda não conseguis ver estas inúmeras revelações para o espírito, pois ainda sois cegos. E como são preparadas também não conseguis assimilar, pois sois surdos.

21 – Este, porém, é o degrau mais elevado que já mencionei. Dou-vos uma pomadinha para os olhos, e assim podereis enxergar algo. Sim, no meio de vossos corações podereis enxergar algo por meio destas visões. Notareis que estes acontecimentos não se realizam por eles próprios, mas ocorrem qual o professor que não sobe ao púlpito para si, mas sim pelos seus alunos.

22 – Pois cada uma destas revelações não são nada mais que um espelho límpido, tão artisticamente preparado, que cada ser humano que estiver desperto um mínimo, que não estiver totalmente adormecido, consegue enxergar as modificações de seus sentimentos que acontecem a cada instante, como também as modificações que acontecem no seu interior e, especialmente, enxergar uma visão da humanidade total. De um só relance ele pode ver o inferno na sua totalidade (os espíritos libertos e os não-libertos) e na parte mais interna deste espelho, o céu e tudo que lhe pertence. E tudo isto ele pode ver nas mais infinitas potências, porque Eu, aquele que permitiu e representa tudo isto, sou infinito, como já foi dito várias vezes.

23 – No futuro, se algum de vós sair ou viajar, não desconsidereis nenhuma revelação ou visão, por mais insignificante que pareça. Nada vos deve parecer indigno de vossa atenção. Não acheis que Eu vos exijo demais, se Eu chamar vossa atenção à uma modificação de uma minúscula poeira do sol, ou então ao trinar de um minúsculo inseto. Isto pode ficar desprezado e sem valor algum, (pois o inseto só executa sua atividade primária por Mim assim determinada e que só a Mim interessa), mas tenho certeza que tal não acontece quando vossos olhos se deparam com um objeto ou ser apontado. As minúsculas poeiras solares, como também um ácaro, só se tornarão importantes quando apontados por aqueles por Mim abençoados como sendo apóstolos e que se apresentam a vossos olhos como professores por Mim nomeados para vos ensinar.

24 – Vede, este é o “degrau mais elevado” que vos prometi, foi isto que Eu já vos disse na mensagem anterior: Haverá muitos que olharão os fenômenos da natureza como uma coruja olha uma lâmpada, mas muitíssimo poucos existem que se encontrarão a si mesmos nesta visão da natureza.

25 – Na noite anterior, a Meu pedido, fostes ao pequeno morro. Chovia a cântaros, e nas montanhas mais elevadas a neve caía. Isto foi para vós um fenômeno bem natural. Nenhum de vós pensou que tudo isto acontecia não somente por vossa causa, mas sim por toda a humanidade, mesmo não somente por toda a humanidade, mas sim por todo o inferno, por todos os espíritos, tanto os libertos como os aprisionados na matéria, por todos os céus e finalmente por Minha e vossa causa.

26 – Então vós e muitos outros que receberão esta “bênção” dirão: “Que entenda isto quem quiser e puder, mas nós nada entendemos. Pois se um é para somente um, na verdade não é só para um único, assim como um não é um, mas sim é tudo; isto entenda quem puder e quiser. Pois quem só possui uma maçã, este não pode possuir mas do que uma maçã”.

27 – Isto é a pura verdade, Eu vos afirmo, mas também é verdade que aquele que é cego nada vê e quem é surdo nada ouve e por isto não pode entender que o “um” pode ser muitas coisas ao mesmo tempo, e vice-versa; assim como um retrato pode ser totalmente parecido a um homem e mesmo assim ser o retrato que representa toda a humanidade. Ele muito menos pode compreender que aquilo que nada é e que nem parece ser é de fato tudo e pode ser tudo; ao contrário, tudo aquilo que é tudo o que parece ser, no fundo nada é e muito menos será algo.

28 – Aqui estou dando algo onde vossas mentes têm bastante com que se ocupar e que as escandalizarão em muito. Mas cada coração estará feliz com isto, pois nisto conseguirá concluir que a matéria externa, que parece ser tudo, não é nada no fundo; mas o espiritual que existe na matéria, que não representa nada para o cego e o surdo, é de fato tudo. Sim, o coração estará feliz quando vir que no fim Eu sou tudo e estou em tudo!

29 – Aquela chuva já foi uma aparição bem importante, bem entendido somente para o homem interno, pois com ela vos foi mostrado que ela era uma chuva misericordiosa, por Mim enviada para vossos corações e espírito. Mas esta chuva não deverá ser somente para vós, assim já foi dito, mas sim para a manutenção da Terra e consequentemente para a manutenção de toda a Criação. Isto vós já sabeis desta chuva: dependendo de onde caem as gotas, servirá para a conservação da Terra e de toda a Criação.

30 – Mas, como já foi dito, não conservará só a Terra e toda a Criação. Como já é de vosso conhecimento, também terá poder espiritual suficiente para colocar o inferno no seu devido lugar, pois nada acontece no mundo espiritual que não seja logo representado na natureza, que não tenha seu fundo espiritual. No momento em que entenderdes isto, podereis, no futuro, saber os motivos dos acontecimentos da natureza.

31 – Mas não é somente para o inferno, mas sim também para os espíritos redimidos e caídos. Para os libertos e redimidos, como uma dádiva misericordiosa que representa o crescimento em Meu Amor; para os presos e caídos, como um meio de redenção que se origina na matéria amolecida, pois cada gota é uma chave dourada de redenção para a libertação de uma prisão que já dura milhares de anos! Mas novamente não é só para estes, mas sim também para a totalidade do céu, para que ele se desfaça do excesso de sua Misericórdia. Mas não somente para o céu, mas sim também para Mim, para que Meu Amor encontre mais espaço de ação em fluxos cada vez mais poderosos, fluxos que vêm de Meu Coração Paternal e que precisam ser espargidos. E novamente não somente para Mim, mas sim também para vós, para que possais mais uma vez reconhecer como vosso Pai é bondoso.

32 – E assim como foi esta chuva, também o são as revelações e aparições que lhe seguiram. Pois cada uma foi programada de tal maneira, que cada nesga de nevoeiro que acontecia na encosta vos dizia:

33 – Vede como é maravilhoso o Amor de vosso Pai, como ele me carrega para passar pelas trilhas perigosas destas rochas, como este amor do Pai, começa a me puxar para fora das trevas da noite em que me encontro, para Sua luz e para junto de Seu coração vivificador, vede como eu, uma névoa informe, me elevo dos abismos, ainda não sabendo de onde vem esta bênção. Mas mesmo assim eu, névoa informe, vos digo, a vós homens questionadores, que andais debaixo desta minha triste figura:

34 – Houve um tempo em que vos acontecia o mesmo que me acontece hoje. Considerai isto com atenção. Eis o Amor do Pai, Ele que tanto faz pelas suas criaturas indignas, estas que na sua absoluta liberdade não quiseram reconhecer o Grande Amor, a imensurável doçura e condescendência de tão enorme e santo Pai”.

35 – Vede pois, este é o evangelho desta nesguinha do nevoeiro. Se assim achardes por bem, conseguireis escalá-la e podereis assim elevar-vos para Meu Coração, onde sempre estivestes no passado. E lá podereis, cheios de amor, tornar a entrar em vós mesmos e na presença do vosso Santo Pai.

36 – Tal como as visões se desencadearam durante vossa viajem, vós podeis imaginar a vós e ao vosso desenvolvimento espiritual nesta mesma ordem. E o círculo de vossa viagem foi exatamente o mesmo que acabei de vos apresentar. Pois naqueles pontos onde vislumbrastes o sol, lá estareis como que dentro de Meu Coração. E de lá retornastes, iluminados, cheios de Meu Amor secreto, no qual tudo em vossa volta se iluminou e onde o Sol de Minha Misericórdia deixou que vísseis a vossa sombra exterior. Isto significa: Da mesma maneira que sob os raios do sol a sombra do homem do lado de fora se projeta sobre a Terra, assim se projeta a sombra, ou melhor dito, a maldade da alma (que são vossos pecados), de dentro de vós para fora e pelo poder amoroso dos raios de Meu Amor, já que agora estais plenos de amor por Mim e totalmente iluminados pela luz de Minha Misericórdia.

37 – Este é o “apêndice” que vos tinha prometido, do qual não tínheis o menor conhecimento e que deveis reconhecer e constatar que, quando Eu prometo algo, Eu sempre cumpro com Minha Palavra.

38 – Mas não acheis que, desde que Eu vos dei tanto neste momento, nada mais teria para vos proporcionar. Permanecei firmes em Meu Amor e praticai o mesmo com o vosso próximo, e Eu vos enviarei, ainda este ano, a lugares mais distantes e vos darei “dietas” bem maiores. Assim podereis então entender por que a Terra se tornou um lugar de evolução e da mais plena Misericórdia do Pai Santo e Divino.

39 – Eu ainda tenho guardados muitos pedacinhos do Pão de Meu Amor no Meu bolso. Estes são todos para vós. Comei com alegria e não vos preocupeis pelo pão vosso de cada dia. Pois Eu tenho tanto, mas tanto pão, que vós não o conseguiríeis digerir em toda a eternidade.

40 – Meu pão ainda tem uma qualidade especial: Quem dele comeu um só pedacinho este já está satisfeito. Mas ao mesmo tempo este pão abre o apetite de tal maneira que, mesmo satisfeita, a pessoa deseja comer do mesmo sempre mais e mais, e este pão se torna cada vez mais doce e gostoso. Por isto comei com vontade este Meu Pão! E não vos preocupeis pelo vinho que servirá para apaziguar vossa sede, pois ambos existem em abundância. Isto observareis cada vez mais em vosso interior (o desejo pelo pão e vinho) e em pouco tempo tereis certeza absoluta dessa verdade.

41 – Se o caminho for um pouco irregular, não vos deixeis impressionar, pois não estareis a pé, mas sim podereis colocar um cavalinho bem corajoso diante de vossa charrete. Mas mesmo que de vez em quando tenhais que vos mover com vossos pés, saibais que nenhum de vós ficará com os pés feridos ou doloridos.

42 – Prestai bem atenção a isso! Atuais, vivei e agi sempre de acordo com Minha Vontade, e assim o vosso sol interior e verdadeiro logo afastará todas as trevas de vossas vidas e vos iluminará totalmente com os raios da vida. Amém. Isto falo Eu, vosso santo e amoroso Pai. Amém.

O mundo de todos os santos

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de novembro de 1840

1 – Está aí um homem muito insinuante, que prefere tudo o que é grande ao que é pequeno, por ser mais agradável do que útil. Gosta de estar com os poderosos pela sua honra, para que depois possa falar a todos que visitou fulano de tal poderosíssimo, e este ou aquele senhor o elogiou e o convidou a visitá-lo com mais frequência (o que ele fará somente pela aparência, não considerando a amizade). Também gosta de estar na companhia de mulheres, cortejando a todas. Aprecia ainda as antigas amizades, se estas forem de homens agradáveis e influentes. Mas também não despreza os mais pobres, contanto que tenham um nome importante. Mais que tudo, prefere novos conhecimentos com mulheres emergentes que o buscam para subir.

2 – Ele também é um amigo dos letrados e também admira os artistas famosos, mas sempre mais pela sua honra do que pela honra dos outros, e assim consegue ser conhecido como um homem inteligente e boa praça.

3 – Assim este coitado é capaz de, para agradar alguém, ferir seus pés de tanto correr, mas sempre visando lucros para si mesmo. É ele mesmo o seu próprio melhor amigo, desconsiderando todos os outros.

4 – Este pobre coitado - que assim mesmo possui um coração bastante bondoso e prestativo e lá no seu interior já tem certa atração pela Minha Misericórdia que está se deitando sobre vós - também tem um desejo bem secreto pelo Meu Reino. Está lentamente procurando o bem e a verdade, para observá-los bem dentro de seu coração, o que Me levou a olhá-lo com Meu Amor, e se ele assim o desejar, ajudá-lo a sair de seu labirinto. Bem, a este homem Eu falo:

5 – Que ele comece a deixar de fazer as visitas sociais o quanto antes e que em vez delas comece a Me visitar, a Mim, seu Pai, com mais frequência. Isto lhe será muito mais útil, aqui na Terra e eternamente, do que milhares de visitas que fez para os homens, sem proveito algum.

6 – Pois com suas inúmeras visitas (por muitos já consideradas desagradáveis e enfadonhas e, aos visitados tantas vezes, insignificantes) não está conseguindo absolutamente nenhuma vantagem. Riem dele pelas costas, porém o elogiam falsamente, quando presente. Ele não enxerga isto, mas Eu sim.

7 – Mas para que ele saiba que ainda é muito tolo, Eu faço questão que ele conheça o que os seus “amigos” pensam dele, como compensação do seu esforço de tantos anos. O que é que eles dizem? Nada mais que ele é um pobre coitado, totalmente sem conhecimento e bem tolo. E o comparam a uma mula que sempre está disposta a carregar pesos enormes por um bocado de palha ruim.

8 – Por um prêmio tão ínfimo, este homem está sempre ávido em correr de casa em casa, permitindo que o açoitem espiritualmente. Pobre coitado!

9 – Eu não desejo mencionar todas as coisas desagradáveis que já lhe aconteceram. Isto só se destina a mostrar que, se ele tivesse Me escutado, não precisaria passar por tantas humilhações. Se ele tivesse escutado os conselhos de seus poucos amigos verdadeiros - estes mesmos que também são Meus amigos... Se tivesse se sentado junto ao poço de Jacó, para deste beber a água da vida... E se, em silêncio e calma, lá tivesse Me feito uma visita...

10 – Mas isto lhe causaria melancolia. Mas como é que ele não fica melancólico com a sua correria de uma mulher para a outra, e assim desperdiçando seu amor ou mesmo o afogando na lama mortal de sua tolice?

11 – Ele que Me responda: “ Porque ainda não te casaste com alguma jovem?”; pois sei que já cortejaste muitas, enganaste algumas com promessas de casamento e desgraçaste algumas tolinhas que creram em ti. Que desculpas podes apresentar, para que elas te purifiquem ante Meus Olhos e para que Minha Divindade não te amaldiçoe?

12 – Não respondas, por favor, pois cada resposta te condenaria! E se Me disseres: “Eu ainda não encontrei a certa, aquela que não tenha nenhuma falha”. Eu responderei: Cala-te falso juiz! Por que procuras tanto os gravetos nos olhos das jovens e não olhas as toras que estão nos teus. Sim, as múltiplas toras! Tu temes ser por elas enganado. Por que não temes por elas terem sido por ti enganadas e se tornado infelizes? Afasta-te de Mim, tu, egoísta pleno de amor próprio! Pois todas as meninas se originam, igualzinho a ti, do Meu Amor. Por que elas então não eram bastante boas para ti? Eu te digo: elas todas, mesmo extremamente fracas, eram muitíssimas melhores que tu.

13 – Não digas nada, silencia-te no mais profundo arrependimento, para que tuas palavras não te condenem. E se disseres: “Minhas posses são muito poucas, e assim eu não conseguiria sustentar uma mulher e filhos.”, Eu então te responderei: Escuta bem, se tu consideraste tuas posses e achaste que elas eram poucas demais, por que não consideraste também tuas aptidões e tuas exageradas exigências e também não consideraste teus desejos sexuais extremante exagerados? Pois com olhos invejosos observas a felicidade sensual dos grandes, poderosos e ricos do mundo. Desejas te igualar a eles, mas tu jamais desejaste uma esposa, mas sim amores libertinos.

14 – Vê, ainda há jovens pobres, mas direitas, que tu bem conheces. Por que não te casas com uma delas? Tu dirias: “Por causa da pobreza de ambos”. Eu, porém, afirmo que se tu fosses rico, tu olharias com o mesmo olhar de desprezo uma rica princesa, tal como estás a olhar a jovem pobre. Mas todas são Minhas filhas.

15 – Para que vejas que tudo isto é a mais pura verdade, Eu vou demonstrar-te tuas mais ocultas fantasias, onde tu te encontravas nas mais diversas situações “brilhantes” da vida mundana, quando tinhas alcançado algum clima, quando começavas a te apoderar de todas as jovens ao teu alcance. Sim, muitas vezes nestes teus sonhos, incógnito retornavas para pedir a mão de alguma jovem que já tinha te desprezado. Como ela no sonho te desprezava novamente, adoravas imaginar que a insultavas e que a tratavas como os sultões tratam suas mulheres. Então sentias prazer (em teu sonho) ao vê-la chorar e humilhar-se ante ti. Aí te sentias como um poderoso rei!

16 – Vê, estes pensamentos são o espelho da alma e mostram a direção em que vão os desejos e a tendência de seu amor. Não são nada mais que o mais puro amor próprio e amor ao poder, que são uma verdadeira maldição. Por isto não respondas, para que não te envolvas e te condenes em tudo com tuas desculpas esfarrapadas.

17 – Ou então dirás: “Eu não posso casar com uma jovem do povo, pois eu sou uma pessoa educada, um funcionário do rei e do imperador e tenho amigos influentes. O que é que estes diriam?!” Eu, porém, digo: Na cidade não existe nenhuma jovem que não seja boa demais para ti. Sei que tu explodirias de tanto ódio, se alguém além de Mim dissesse essa verdade para ti. Pois vê, se há uma prostituta, ela o é somente por misericórdia dupla; primeiro por miséria espiritual e em segundo pela miséria material. Há o estômago com suas exigências, além da satisfação de sua sensualidade natural, a qual foi prematuramente excitada por cortejadores iguais a tu. Na sua fraqueza, ela acreditou nas palavras doces e envolventes que saiam da boca de uma hiena, de um cortador semelhante a ti, que muitas vezes já cravava suas facas venenosas de sensualidade em meninas de doze anos, presas fáceis nas suas inocências. Terias prazer em prevenir a jovem, para mais tarde poder dizer: “Esta será uma daquelas, pois agora já permite que eu faça tudo com ela.”

18 – Tu, que perverteste sua natureza desta maneira, como pensas que podes Me dizer: “Eu não suporto mulheres assim.”?

19 – Então, por favor, nada respondas, para que tuas palavras não se tornem uma pedra que te será pendurada ao pescoço e te afogues no fundo do mar.

20 – Se disseres: “Uma pobre não está a minha altura.”, Eu digo: Tu que não estás a altura de nenhuma! Pois as pobres são Minhas filhas. Ai daqueles que as enganam ou desprezam! O coração destes se tornará tão duro quanto uma pedra, para que não seja mais enternecido pelo carinhoso olhar de uma destas jovens pobres, e seu nome tão importante seja enterrado com ele.

21 – Mas aquele que se casar com uma jovem pobre por amor, este Me possui como sogro e também recebe Minha Bênção. É muito melhor quando os pobres se casam do que os ricos. Pois os pobres, quando na miséria, pensam em Mim, seu Pai, e sempre procuram ajuda Comigo. Enquanto que os ricos quase não sabem Meu nome. Quando estão com problemas, eles se desprezam e muitas vezes se suicidam. Olha, por isso não respondas, para que tuas tolas desculpas não te condenem.

22 – Mas se disseres: “Experiências más me fizeram desconsiderar o casamento. O que eu tenho observado me faz perder qualquer vontade de casar. Tenho medo do casamento”. Eu falo: Amaldiçoado aquele que assim se desculpar, pois este se declara abertamente como um grande desprezador do sexo feminino. E sua consciência clama: “Como sabes quão pouco valor tens e como sempre foste infiel nas atividades de tua vida, então a vida livre de solteiro te é muito mais agradável do que um casamento abençoado, único fato que poderia colocar um pouco de ordem em tua vida devassa”.

23 – Pois se tu pensasses como um verdadeiro cristão, dirias: “Senhor, eu sou um grande pecador aos teus olhos; tem piedade de mim, eu, um grande egoísta. Pois no meu desconhecimento eu pequei muito, tanto contra ti como contra todos os teus filhos fracos. No entanto me tornei muito mais fraco que todos os teus filhos e também mais fraco que todos aqueles que desprezei por sua fraqueza, e tudo isto por causa de minha enorme tolice egocêntrica.

24 – Eu te peço encarecidamente que tu me olhes novamente com Tua Visão espiritual, verdadeira e correta. Permite que eu ache de novo aquilo que desprezei pelo meu coração maldoso e errado. Já que não sou um ser que se deixa levar pelo espírito e sim sempre pela carne, permite que eu possa novamente reconhecer nas mulheres o seu verdadeiro eu, o seu valor espiritual, e que eu não permaneça cego como até hoje, só dando valor às riquezas e às belezas das mulheres jovens. Isto eu seguia fielmente no meu egoísmo, pois era um completo asno.

25 – Senhor, como eu reconheço este meu enorme erro, por favor, compadece-Te de mim, pobre e ignorante pecador, e permite que eu Te reencontre, pois bem sabes que sou da carne e não do espírito. Por favor Senhor, permite que eu encontre em mim uma matéria (carne) a Ti agradável, para que seja purificado e, se assim for a Tua Vontade, um dia renascer em espírito”.

26 – Vê, Meu filho, esta desculpa é bem melhor que qualquer outra, e somente nela está a Vida (não a morte).

27 – Eu não tenho a intenção de te obrigar a casar com estes Meus argumentos, enquanto tiveres razões mais fortes para ficar solteiro, desde que por puro amor por Mim; quero dizer, se tiveres condições morais de te retirar totalmente deste teu mundo tão altamente social. Eu espero ter te convencido a te arrepender realmente e a finalmente reconhecer como estavas errado em negar toda tua culpa, no entanto culpando os outros pelos teus erros. Pensa bem se isto em algum momento poderia ser por Mim permitido...

28 – Por isto Eu te mostro, por meio deste Meu pobre servo, o que é necessário para que entendas o que é certo e o que é errado, pois nem ele sabe isto com exatidão. E tudo o que ele sabe ele recebe de Mim como um gesto misericordioso (que ele não merece) em favor dos outros, não em seu favor (*). Isto tudo acontece, para que todos vós sejais julgados na vossa carne, para que ninguém caia no julgamento eterno do espírito.

(*) Aqui devemos observar que Jacob Lorber está levando uma reprimenda igual às que Paulo recebia com bastante frequência (as quais ele chamava de “sua flecha na carne), para que não se elevasse acima das grandes revelações recebidas. Nos profetas falsos podemos observar justamente o contrário neste assunto. Suas “profecias” frequentemente estão plenas de autoadoração, cheias de orgulho e bem calculadas pelo “bem-amado” e “escolhido” instrumento de Deus. A reprodução das reprimendas que Jacob Lorber recebeu nos deve servir como prova de sua autenticidade e de sua verdadeira humildade.

29 – Pois todo aquele que deseja ser aceito em Meu Reino Novo deve ser julgado em primeiro lugar (ser colocado na ordem correta), para que se purifique de todo o lodo que possivelmente acumulou pelas suas contínuas tolices. Tu, no entanto, és totalmente tolo e sem rumo. Por isto existe em ti muito a ser julgado, antes que teu nome possa ser incluído no grande Livro da Vida. Observa, pois, com todas as forças de teu coração, estas palavras a ti dadas. Estas são palavras novas da Vida, da Luz, da Verdade e principalmente do Amor.

30 – Se quiseres viver, então casa-te com uma jovem correta e bondosa, que Eu te abençoarei com a Minha paz. E assim tu fazes um sacrifício, para compensar um pouco os tantos sacrifícios que jovens fizeram por ti e que tu enganaste tão horrivelmente. Não temas ser enganado, mas sim teme muito que tu não enganes mais ninguém ou a ti mesmo. E não contes demais com tuas vantagens, mas considera as vantagens que podes oferecer aos outros, àqueles que você gostaria de fraternalmente ter perto de ti. Só então caminharás bem, bem pouco e temporariamente, mas logo o farás eternamente.

31 – Por acaso pensas que ainda conseguirás viver por mais cinquenta anos? Ou por acaso não achas que cada segundo de tua vida está em Minhas Mãos, e que Eu posso encurtar ou alongar a vida de cada um de acordo com seu comportamento obediente ou não, pois somente Eu vejo quando a fruta está madura de um jeito ou de outro?

32 – Por isso pensa bem, o que é melhor: deste jeito, ou se tu, livremente e por puro amor por Mim, desejar abster-te de tudo o que é material. Vê, isto também podes fazer. Mas pensa bem, pois com meio termo Eu não Me satisfaço, isto não é o bastante para Mim. Não penses que com meio termo poderás salvar um pouco de tua liberdade mundana.

33 – Pois vê, na tua imaginária liberdade, não passas de um escravo da carne, dos desejos, e de tuas paixões mundanas, juntamente com as pessoas com as quais gostas de conversar assuntos escandalosos ou tolos, achando muita graça nos mesmos.

34 – Mas sim todos teus desejos, todos teus escravos rudes e especialmente toda tua carne devem se ajoelhar ante tua vontade. E tu terás que te livrar de todas as tuas tendências más e materialistas de um todo e terás que te entregar aos Meus Braços. Ouve bem, Eu digo: imediatamente! Pois de agora em diante, cada momento de vacilação te seria extremamente prejudicial.

35 – Julgas, na tua fraqueza, o que é que é mais fácil e saudável? Eu não desejo dar-te nenhum conselho mais, mas te digo: o prêmio corresponde à obediência.

36 – Faze, pois, o que mais queres! Para Mim tudo é igual, assim ou de outra forma. Mas ficar como estás agora..., isto não é nada bom!

37 – Vê, tu também passaste o dia todo ocioso. Vai, pois, à Minha Vinha e trabalha nas últimas horas do dia. Eu te pagarei o salário justo. Amém. Eu, o eterno Amor e Verdade. Amém.

38 – Este adendo, como todos os adendos, deve ser incluído no item “Apêndices” e deve ser lido numa reunião especial para aquele ao qual é dirigido, isto para que ele não se envergonhe, mas sim se alegre, se de fato desejar ser o sétimo discípulo. Ele saberá disto no momento em que Eu pronunciar seu nome.

39 – Mas como ele acostuma usar estas mensagens para se glorificar e orgulhar, querendo ser mais que os irmãos, então ele deverá tomar conhecimento de quão longe ainda está de Meu Reino e quão inútil é sua situação para ser Meu discípulo.

40 – Pois aquele do qual muito exijo, a este Eu também darei muito, contanto que ele siga livremente a Minha Vontade. E já lhe dei muito de fato, pois muito lhe revelei. Da mesma maneira, um construtor não faz alicerce grande para colocar ali uma casinha minúscula, pois o alicerce corresponde ao tamanho do edifício a ser construído. E se mesmo um construtor mundano já toma tais precauções, imagina quanto Eu, mestre de todos os construtores e o construtor do universo, não sou capaz de fazer.

41 – Por isto que o mencionado não deve envergonhar-se, mas sim, muito ao contrário, ficar extremamente feliz e alegre. Pois Eu não dou Minhas Dádivas em vão! Mas cada um deve ser revelado seus pecados, antes de mais nada, perante o mundo. E na sua humildade, deve louvar o Meu Nome, se desejar ser por Mim abençoado e louvado.

42 – Muito pouco é o que Eu vos exijo, mas o prêmio que recebereis é infinito. Portanto alegrai-vos por Eu exigir isso de vós, pois Meu Reino não terá fim, pois é eterno. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai e Senhor. Amém.

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Oração de agradecimento do servo

43 – E eu, inútil pecador e o mais ínfimo servo de Tua Seara, atrevo-me a falar o seguinte:

44 – Honra, louvor e gratidão para Ti, Divino e Santo Pai, dados por nossos corações tão fracos. Purificamos a todos com o poder e a força de Teu infinito Amor e com Tua Misericórdia, para que nós possamos agradecer-Te e louvar-Te com mais dignidade e propriedade, a Ti, nosso Pai. Pois pouco conseguimos fazer para Te louvar, envoltos nas trevas da noite de nossos pecados.

45 – Graça e louvor Te sejam dados Pai, pelo maravilhoso presente deste irmão que acabas de nos dar em Teu Santo Nome! Que Teu Nome seja louvado por tão maravilhosa dádiva! Honra a Ti, Pai, ao Filho e ao Espírito Santo em Ti e de Ti. Amém.


Uma mentira?

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de novembro de 1840

1 – Hoje o Senhor deu este ensinamento a seu servo Jacó Lorber com o título acima.

2 – Vos surpreenderá com certeza o título que este ensinamento apresenta, e imaginareis se Eu teria condições de vos mentir. Naturalmente não é assim. Não é mentira tudo aquilo que parece como tal, como também não é verdade tudo que parece verdadeiro. Para que entendais isto, vou vos contar uma pequena história.

3 – Uma vez uma pessoa contou a seus amigos que tinha se deparado com um dragão neste país e o descreveu com extrema exatidão. Um dos amigos ficou tão impressionado com o que ouvia, que decidiu ir ao local mencionado, para ver pessoalmente o tal dragão.

4 – Ao chegar ao local descrito pelo amigo, o viajante nada encontrou que combinasse com a história do amigo, nem o nome era o mesmo. Ao perguntar aos habitantes, estes tudo negaram.

5 – Ele então retornou para casa e foi tirar satisfação com o amigo: “Que amigo és tu que assim mentes, colocando-me numa situação cômica e ridícula?”; ao que o outro respondeu: “Eu vi exatamente o que vos contei. Ao perguntar aos habitantes pelo nome do lugar, eles me disseram o nome que falei na história”.

6 – Ele então exortou o amigo a levá-lo ao lugar onde a mentira tinha se originado. O “mentiroso” então levou seu amigo a um lugar que era parecido com o qual ele tinha visitado. Mas ao perguntarem pelo nome do local, este não tinha nada a ver com o nome procurado, e também ninguém jamais tinha ouvido falar do tal dragão.

7 – Após terdes ouvido, isto qual é vossa opinião? O amigo mentiu para o outro ou não? Sim, ele mentiu, digo Eu, e foi uma mentira bem grande; no entanto, ele falou absolutamente a verdade.

8 – Então questionais como um mesmo assunto pode ser verdade e mentira? Uma mente humana não conseguirá tirar nenhuma conclusão neste caso, pois o preto é preto e o branco é branco. Mas para Mim não é assim! Pois algo olhado com olhos espirituais pode ser preto ou branco no mesmo momento e no mesmo lugar. E poderemos provar que o assim chamado “mentiroso” falou a verdade.

9 – Pois o homem, quando descansava sob a sombra fresca de uma árvore, adormeceu e sonhou de uma forma tão viva e parecendo verdadeira, que ele considerou o sonho realidade e não teve dúvidas em narrar o que tinha sonhado como se fosse um acontecimento real. Ele então não mentiu em seu coração.

10 – Pois ele acordou sob a mesma árvore sob a qual dormiu por várias horas. No sonho ele acordou após poucos instantes, saiu a caminhar pela região e então tudo o que tinha contado lhe aconteceu. Após certo tempo, ele resolveu voltar à árvore anterior, deitou-se novamente e acordou logo a seguir (isto tudo ele sonhou). De fato ele tinha dormido por várias horas e sonhado tudo, mas não se deu conta disto e firmemente acreditou ter passado realmente pelas peripécias contadas.

11 – Naturalmente para uma mente material isto que ele contou (sonhou) é uma mentira bem deslavada, pois em todo país não existe nenhuma região como a por ele descrita e muito menos um dragão. Mas não é preciso que algo que não exista na natureza não exista no mundo espiritual.

12 – É sempre assim que acontece com uma visão espiritual. Descrevei um ou outro objeto a um cego. Será que o que dizeis é uma mentira para o cego, pois que ele não consegue ver o objeto que estais a descrever? Da mesma maneira muitas coisas podem existir e estar presentes em verdade, mesmo que não sejam encontrados em lugar algum. Junto ao mundo material (natural) existe um mundo espiritual muitíssimo maior que o primeiro. Quem, por exemplo, afirmaria que o inferno é uma mentira, pois ele é composto de mentiras em sua totalidade? Ou quem afirmaria que não existe o paraíso, pois este não se mostra aos olhos do pesquisador?

13 – É assim que o “ser”, o “não ser” e o “ser mesmo” não são absolutamente nenhuma mentira. Pois um ser natural não é um ser espiritual, como o espiritual não é material. Mas mesmo assim o espiritual é condicionado ao material e vice-versa.

14 – Um exemplo vos servirá de esclarecimento: Observai uma maçã enquanto ainda estiver na árvore e direis com toda a certeza que esta maçã se originou e cresceu nesta árvore, mas também deveis dizer que toda esta árvore vem de uma maçã. E logo vereis uma maçã se originando de uma árvore e uma árvore se originando de uma maçã.

15 – Perguntai a vós mesmos o que é de fato o fruto e o que é o produtor do fruto? Se disserdes que é a maçã, o fruto, então Eu digo: “O que é então a árvore da qual a maçã se origina? Então direis: “Pois bem, então a árvore é o fruto”, e Eu retruco: “Mas então o que é a maçã que vem da árvore?”

16 – Vede, aqui também cada afirmação pode ser tanto mentira como verdade ao mesmo tempo, pois a maçã é tanto fruto como o é a árvore, como também é criadora da macieira.

17 – Mas quando dizemos: Só uma coisa pode ser verdade, Eu vos digo: Está correto, a verdade é única. Mas é tolice dos homens, quando na sua pequenez de julgamento, afirmar categoricamente que isto ou aquilo é “o primeiro”, pois deste exemplo podereis concluir que tanto um como o outro poderá ser “o primeiro”.

18 – Pois se um cientista qualquer afirmasse que Deus criou a árvore em primeiro lugar, viria outro que afirmaria: “Se Deus criou a árvore em primeiro lugar, por que então Ele colocou na maçã a semente? Se esta fosse plantada, faria nascer uma árvore que daria muitos frutos, iguais aos quais ela se originou? Disto pode-se concluir que Deus não criou a árvore em primeiro lugar, mas sim uma maçã. Vede, assim estes dois cientistas se encontrariam num círculo vicioso, sem jamais descobrir o começo e o fim. Se um outro cientista afirmasse frente a uma roda dentada: “Este dente aqui se encaixa em todos os dentes da outra roda”, um outro retrucaria: “Mas caro amigo, estás cego, porque não enxergas que os dentes da outra roda são os que se encaixam neste dente.”. Qual dos dois estaria certo?

19 – Eu digo: Cada um tem razão e cada um fala a verdade; ou então: Um mente tanto como o outro. A mentira aqui só se concretiza pelo caráter unilateral com que o problema está sendo observado, enquanto que uma verdade se opõe à outra. E o tamanho da mentira corresponde ao grau em que a verdade se impõe. De fato, uma afirmação é tão verdadeira quanto a que é contestada.

20 – A verdade única é a seguinte: Tudo existe e se origina no outro e um existe para o outro. Eu, porém, sou a eterna origem de todo ser e organizei tudo de tal maneira, que o natural existe e se origina no espiritual, entretanto o espiritual se molda de novo e ao contrário no material, no contínuo e inalterado círculo que é a natureza.

21 – Disto podeis concluir que o espiritual continuamente interfere na natureza, enquanto que a natureza também interfere no espiritual. Pois no momento em que um espírito se liberta, ele ama, pensa e atua na esfera a ele determinada. Esta atuação de um espírito, no momento em que a mesma acontece, não pode passar despercebida como se nenhuma atividade tivesse acontecido. É de se questionar como é que a atuação e a influência deste espírito livre se tornam visíveis.

22 – Eu vos digo: Olhai os objetos, tais como eles são, como eles se originam e como existem. Então tereis que dizer a vós mesmos que cada uma destas aparições tem que ter um motivo para ser originada e para existir, mas onde está o motivo? Certamente não na matéria, mas sim na atividade do espírito, e esta atividade é um ato que acontece no íntimo, no interior.

23 – Mas quando um construtor qualquer faz uma casa, ele certamente não a constrói por causa da mesma; mas com a casa ele persegue um motivo, o qual deve satisfazer todas as intenções. Já que um construtor realiza isto, e mesmo como um mero mortal deseja por sua obra na eternidade, imaginai quanto mais um espírito livre não dará à sua atividade todas as características de seu amor e de seu ser.

24 – E novamente está claro ante vossos olhos que a matéria é somente um meio pelo qual um objetivo espiritual existirá de fato, de acordo com a intenção de seu criador espiritual.

25 – E se observardes isto com bastante atenção, deverá ficar bem claro como um existe para o outro e como cada um interfere e se imiscui no outro. E disto tudo ainda compreendereis muito bem o que de fato é a mentira e a verdade. E reconhecereis que para o puro (que conhece o espiritual) tudo é verdadeiro e puro, mas para o cego espiritual toda a verdade é mentira. Esta é a razão por que em Mim, o eterno criador de toda existência, não pode haver nenhuma mentira; sim, sua existência é totalmente impossível na Minha presença.

26 – A existência de algo é totalmente impossível para um cego, pois ele não pode se convencer da existência verdadeira do mesmo. Se ele crer que isto é assim, então ele tem a verdade; se, porém, ele não crer, então sua incredulidade é a mentira em si, na qual sua cegueira o mantém aprisionado.

27 – A crença é a pomada curadora para os olhos do cego. Se desejar usá-la na inocência de seu coração, em pouco tempo terá de volta a luz de seus olhos e assim poderá ver todas as coisas como elas de fato são. Então aquilo que lhe foi dito é também para ele verdade, pois crê que é assim.

28 – Cada um então, mais cedo ou mais tarde, encontrará em espírito tudo tal qual ele acreditou. Pois como a luz mostra as cores dos objetos iluminados, a crença é a luz do espírito. Por isto o homem verá tudo em concordância com sua luz. Como ela é, assim ele verá.

29 – Mas da macieira não aparecerá nenhuma outra maçã, além da que foi nela depositada; como tampouco da maçã não se originará nenhuma outra árvore diferente da que foi determinada em sua semente. E assim o homem é o fruto de sua própria crença, e a fé em si é fruto do amor do homem. Como alguém acredita, assim ele olhará; da maneira como amar, assim ele viverá.

30 – Porém aquele que acreditar em Minhas Palavras, este Me acolheu em seu interior, caso acredite firmemente que sou Eu quem está dizendo tudo isto. E como bem no fundo de seu ser cada pessoa é o seu próprio amor, então Eu - se ele Me acolher na fé de seu amor - Me tornarei seu amor, tal como ele será o Meu. E então nos tornaremos unos, como a macieira e a maça são no fundo unos, e nos entrelaçaremos como os dentes da roda de um relógio, e tudo isto resultará uma verdade.

31 – Pois aquele que Me acolheu pela fé em seu amor, este acolheu em si a eterna verdade e se tornará ele próprio a verdade eterna. E como Eu sou o eterno Amor, então Eu sou, como a eterna verdade, propriedade do homem que Me transformou em seu amor.

32 – Então o homem se igualará a uma árvore nobre que absorveu em si tudo que vem do alto, para que isto se transforme em sua característica particular. Como consequência, produzirá frutos nobres e deliciosos, nos quais esta característica, apesar da total independência dos frutos, jamais desaparecerá. Pois da mesma maneira que vós podeis recuperar na semente de uma árvore sua pureza e nobreza (pois estas características sempre lá se encontram, apesar da independência da semente), assim acontece com o homem por Mim purificado e enobrecido. Apesar de Me acolher e de sua consequente purificação, ele sempre permanecerá um ser livre e independente.

33 – Vede, este ensinamento que vos dou é de extrema importância, e sem ele dificilmente conseguireis chegar a uma fé interna firme e sincera. Vosso amor seria um eterno círculo e sempre retornaria para si mesmo. Mas no momento em que tomais conhecimento que com vossa unificação a Meu Amor sereis acolhidos na esfera de Minha eterna atuação, então podeis concluir que nesta esfera onde Eu estou eternamente presente pouco espaço sobra para mentiras se ocultarem. Pois aquele que se afasta da Luz, este só será iluminado em um lado e descobrirá a sombra que se estende no lado oposto, que é uma miragem trevosa de sua independência; mas aquele que se situar no centro da chama luminosa de Meu Amor, será possível que nele exista alguma sombra?

34 – Por isso, por meio de vossa fé, transformai-Me em vosso Amor pelo amor que por Mim tendes, para que Minha Luz vos envolva. Assim vós vos envolvereis na Luz que vem de Mim. Isso, falo Eu, o eterno Amor e Verdade. Amém.


A fonte

Na tarde do dia 13 de novembro, alguns irmãos excursionaram até a nascente da fonte Andritz e lá permaneceram por meia hora, usufruindo a calma do local.

1 – O que disse a virgem da pequena fonte (virgem esta visível unicamente a ti, meu amado servo), quando tu lhe perguntaste em pensamento se ela mais tarde vos daria mais informações sobre a nascente, que sirva aqui como uma boa introdução; pois ela disse: “Só há Um, e só este Um pode falar por si mesmo. E quando este Um fala, toda a natureza se cala cheia de respeito; pois ela não entende nenhuma palavra de qualquer tipo de ser, a não ser a Palavra deste Único”.

2 – Vê, este é um começo bem adequado, pois nada sem vida pode falar ou então perguntar e responder de maneira alguma, mas sim somente Eu, Eu, que sou a Vida e desta forma sou totalmente vivo. Novamente digo: Só Eu é quem pode vivificar tudo o que quer e tudo o que olha. Consigo dar olhos, ouvidos e boca a pedras, como também uma língua para que fale o idioma que Me é compreensível a Mim e a todos aqueles que Eu desejo que entendam.

3 – Como já foi dito antes, para o vivo não existe nada morto; então Eu, o Eternamente Vivo, não conheço nada morto e nada que não consiga se comunicar. Pois na Minha presença, até as cinzas de um corpo queimado têm de se levantar e Me responder todas as perguntas. Pois existe em todo o universo infinito algo que não vem de Mim?

4 – Eu, porém, sou a vida desde a eternidade, como já vos foi dito anteriormente, e a serei por toda a eternidade. Como se conseguiria criar algo morto da vida? Se algo vos parece sem vida, isto não significa que esteja morto ante Meus Olhos. E se vós todos vos tornastes mortos pelos vossos pecados, nunca vos tornastes mortos para Meus Olhos. O primeiro é possível, mas o segundo é totalmente impossível!

5 – Para que isso fique como um prólogo bem claro e entendido antes de iniciarmos a próxima revelação, é necessário que tenhais um esclarecimento mais exato sobre o que é a morte e o que é a vida.

6 – Tudo o que se originou em Mim se originou vivo. Mas como Minha Vida é em si o Amor e a Sabedoria na mais Perfeita Ordem, então tudo o que foi criado deveria continuar a existir nesta mais perfeita Ordem, na qual e da qual ela (a Criação) foi Mim ungida. Pois o que não era não podia nascer pela sua vontade própria, mas sim tinha que ser criado por Mim em primeiro lugar. E só após ser criado, aí sim, pelo poder de Minha Ordem, poderia sair de Mim, segundo Minha Vontade.

7 – Mas quando as criaturas saíram de Mim, elas também tinham que ser dotadas com a capacidade de se movimentar de acordo com Minha Ordem, tal qual o bebezinho começa a movimentar seus membros imediatamente após ter deixado o ventre materno.

8 – Enquanto a criança ainda estiver fraca e pequena, ela será levada pelas mãos dos pais; mas no momento em que ela ficar forte, vós a deixais caminhar livremente. Quanto mais forte ela se tornar, vos lhe dais, pela educação e por uma variedade de leis sancionadas, uma direção tal, que se assemelha ao máximo à vossa ordem.

9 – Eu, porém, coloco o caso da criança que é tão má, que não aceita de jeito algum vossa ordem e está sempre contra ela. O que é que vós faríeis com esta criança? Vós a castigaríeis com mais rigor, se ela se opusesse muito à vossa ordem. O castigo seria proporcional à sua rebeldia. Mas se esta criança, apesar de vossos castigos, se tornasse cada vez pior e finalmente se tornasse perigosa para vossa ordem? Dizei Me: O que faríeis com esta criança? Por acaso não diríeis: “Se eu a expulsar de minha casa, em algum tempo ela retornará e na calada da noite incendiará a casa, para vingar-se de mim. E assim tanto esta história como minha ordem teriam um fim bem deplorável. Por isto não a expulsarei de casa, mas sim amarrarei suas mãos e pés, a colocarei num compartimento fechado, lhe darei somente o necessário de comer e aguardarei que ela se arrependa com o sofrimento e volte humildemente à ordem.”?

10 – Vede, o que vós teríeis feito com vossos filhos, isto Eu fiz com as Minhas Criações. Perguntai a vós mesmos: Matastes a criança, quando tolhestes a sua liberdade tão mal usada? Com certeza não! E como não o fizestes, vós todos que sois maus e imperfeitos, quanto menos Eu, a bondade eterna e absoluta, mataria algo que nasceu de Mim. Como Eu sou vivo, jamais poderei originar algo morto, e como sou extremamente bom e caridoso, nada poderá ser morto.

11 – Agora estareis a perguntar: “O que é morto e o que é que é a morte”? E Eu respondo: morto é somente aquilo de que lhe foi tirada de propósito a capacidade de se movimentar contra Minha Ordem, na sua ordem maldosa própria. E a morte não é nada mais que a teimosia em permanecer em tudo aquilo que vai contra Minha Ordem. A consequência de tal teimosia é o julgamento necessário. A conseqüência do mesmo é que as mãos e os pés do desordeiro serão amarrados e uma cela será preparada para colocar esta criatura desordeira, até que, cheia de remorso, retorne voluntariamente a Minha Ordem.

12 – Mas o que é então a vida? Isto Eu não preciso mais dizer, pois no momento em que sabeis o que é a morte, então a explicação do que é vida está bem clara.

13 – Bem, já que entendestes isto e concluístes por que somente Eu posso falar e por que toda a natureza Me entende, vós então podereis entender o que a virgem da fonte falou ao Meu servo.

14 – Mas se vós possuísseis um filho enclausurado, do qual falei há pouco, Eu pergunto: quem é que consegue falar com esta criatura tão bem guardada? Vós direis: “Não permitimos que ninguém se aproxime dele a não ser nós mesmos. Primeiro para que não venham a estragar mais a criança com conversas bobas e assim revoltar mais o prisioneiro; segundo para que, com a influência da conversa maldosa do filho, não se desgarre um coração inocente que se encontra na ordem”.

15 – Mas se um homem bom chegar a vossa casa e disser: “Pai, deixa-me ver teu filho revoltado, pois eu tenho uma boa palavra para dizer-lhe que encontrei lá dentro de meu coração. Deixa-me vê-lo e conversar com ele.”; então o pai dirá: “Permite que eu ouça o que vais dizer-lhe, então te levarei para junto de meu filho e abrirei a cela escura para ti.” Vede, este pai Eu também sou. Aquele que chegar a Mim com um coração puro e cheio de amor, que vier a Mim em Meu Nome, Eu então o reconhecerei de imediato como Meu Filho, pois ele veio a Mim por Meu Nome e para louvar as Minhas criaturas. A este Eu então direi: “Vem a Mim e Eu te conduzirei aos cárceres de Meus prisioneiros. E te mostrarei suas celas e revelarei a teu coração suas maldades, para que eles se envergonhem ante tua fidelidade e teu coração tão Meu, e que nisto avaliem se é melhor: ser amigo ou inimigo de Minha Ordem.

16 – Com isso não quero dizer nada além de: Àquele que encara Meu Amor e que glorifica Meu Nome com total seriedade serão abertas uma a uma todos as acomodações de Minha Criação. E nem um pontinho lhe ficará desconhecido ou morto. E a ele serão dados os aposentos do ar, os aposentos do reino do mundo. E com um olho ele deverá olhar o grande universo dos espíritos e ao mesmo tempo, com o outro olho, o mundo dos corpos da matéria, para que se dê conta como um se origina do outro e um existe por causa do outro.

17 – Porém somente lhe será revelado isto após ele viver seriamente Meu Amor. Nem adiantaria se ele Me pedisse ou orasse por isto dia e noite, pois o reino do Céu sempre sofre violência, e somente o possui aqueles que se apoderarem do mesmo cheios de força férrea. Esta força férrea não é nada mais nem menos do que a força do Amor, pois o Amor tudo pode.

18 – Mas se dentre vós alguém disser: “Tudo bem, eu quero me entregar a este amor completamente, eu quero me anular até a última gota de meu sangue, mas eu quero antes ter uma visão ou ouvir alguma mensagem, para que eu possa ver se tudo isto existe mesmo, se há verdade neste ensinamento”. Eu então, ante tal fala, vos respondo o seguinte: Em primeiro lugar, ainda não percebeste de fato nada? Quem te deu a luz dos olhos e a audição? Quem te deu todos os outros sentidos? Quem te deu um coração para amar, uma mente para racionar? Como não recebeste nada disto de ti mesmo, mas como a isto tudo possuis, como podes dizer que ainda não viste ou ouviste nada?

19 – Não és tu mesmo, em todo teu ser, uma palavra viva que se originou em Mim? Mas se tu leste um livro e deixaste de lado a primeira palavra que é a mais importante de todas e pela qual se desenvolve toda a narrativa, como queres entender o resto do Livro da Vida?

Vede, vós todos sois a primeira palavra do Livro da Vida! Se desejardes ler este livro, mas ler compreendendo tudo, então é necessário que pronuncieis claramente esta primeira palavra, a qual vós sois. E só então deveis ler as outras palavras, as que existem todas para o esclarecimento desta palavra-chave, a primeira do grande Livro da Vida.

20 – E o que é, qual é esta palavra? Esta para é: AMOR!

21 – O que vosso amor abrangeu, isto também abrangerá vossa vida! Se vosso amor se autoaprisionou, por isto vos tornastes escravos, aprisionastes vossa vida. Mas como vossa vida não é nada mais nada menos do que vosso amor, então vosso amor amarrou, ele mesmo, suas mãos e pés e se ocultou num escuro aposento de sua presunção.

22 – Mas se vosso amor Me conquistou, Me aprisionou, Eu, que sou a vida totalmente livre, então ele conseguiu apoderar-se da total liberdade e também se libertou pela maior liberdade de Minha eterna, única e verdadeira Vida. Ele se libertou da mesma maneira que é livre a vida da qual ele se apoderou.

23 – Vede, este prólogo foi necessário, para que pudésseis entender o que vem a seguir. Vós fostes há poucos dias ao que chamais “a fonte do nascimento do Andritz”. Eu vos pergunto: O que vistes lá? Vós vistes uma água totalmente pura e cristalina, que brotava no chão entre as pedras. Vós observastes buracos bem antigos, dos quais borbulhava a água no mais absoluto silêncio, procurando chegar à superfície. Depois ainda observastes umas ervas verdes que cresciam debaixo d’água. Ainda vistes pedras e peixes que nadavam livremente na água e mais alguns objetos que conheceis bem. Mas tudo isto vamos deixar de lado, pois será explicado em outro lugar. Isto são expressões da natureza. As da fonte já vos expliquei, e as da água serão explicadas mais tarde.

24 – O extraordinário desta fonte Eu vos digo: Se ela fosse transformada num balneário curativo, esta fonte teria o mesmo valor que aquela perto de Jerusalém, onde todas as pessoas com artrite ou gota são curadas. Há muitas fontes com poder curativo, mas nem todas possuem um anjo protetor constante, como acontece com esta fonte. Esta é a razão por que ela tem um poder curativo muito especial. Bem, esta é a razão natural da existência desta fonte.

25 – A utilidade espiritual é que cada um deve sair de si mesmo no mesmo silêncio que a água sai dos buracos do solo, também em pequenas golfadas, assim não perturbará a vida intrínseca pela sua violência, e a luz da Misericórdia poderá iluminar tudo até o último cantinho do solo, e sua vida será de pura esperança de Vida, como o é este solo da fonte que está coberta por lindas plantinhas verde claras. Da mesma maneira suas intenções humildes nadarão totalmente livres, como os peixinhos nas águas claras da sua vida. E só acontecerão fracas aparições de junco na parte externa, mas as profundezas de sua vida permanecerão livres e os raios da Misericórdia sempre a penetrarão totalmente até as profundezas.

26 – Mas a continuação desta fonte deverá vos mostrar que, se o homem usar suas forças em uma ânsia para conquistar o seu “pão de cada dia”, então a água de sua vida se torna cada vez mais turva. Vós com certeza já observastes que a água cristalina da fonte ficou bem mais turva após ter passado pelos moinhos que foram construídos ao longo do riozinho. Vós daí direis: “Então não é certo usar nossa força para moinhos ao longo do riozinho?” Contra isto não tenho nenhum argumento, mas existem alguns poucos moinhos onde não se fabrica farinha branca, mas sim farinha preta, e esta é do diabo. Que não deveis usar vossas forças para bens materiais finitos Eu não estou a afirmar, mas sim que as useis em concordância com Minha Vontade.

27 – Pois como já foi determinada a utilidade inerente do riozinho, esta utilidade também já foi determinada a cada pessoa. Ela é que tem que descobrir o que ela é e atuar de acordo, se for sua vontade. Mas se ela usar estas forças outorgadas por Mim para futilidades ou também para maldades, vede, é isto que torna as águas da vida turvas.

28 – Por isso não deveis construir moinhos demais ao longo do rio de vossas vidas, especialmente “moinhos de palavras”. Se observardes isso, vossa água da vida permanecerá cristalina por todo o seu caminho. E quando se unir com o rio da vida eterna, esta se tornará clara e pura como as águas do rio. E assim, junto a ele, se unirá ao mar de misericórdia de Minha Vida, que é única, eterna e cristalina. Amém.

Isso falo Eu, vosso Pai. Considerai isso um ensinamento muito carinhoso. Amém.

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Uma oração matinal

1 – Santo Pai, olha-me, a mim, pobre pecador, com misericórdia, pois eu me encontro com uma grande miséria no coração. Minha fé vacila, minha esperança despenca e meu amor enfraquece no momento em que Tu Te afastas de mim, mesmo que por um minutinho.

2 – Santo e bom Pai, por favor, não afastes mais Teus olhos de mim, pobre pecador, e me conserva sempre sob Tua Graça misericordiosa que me torna tão feliz. Amém.

Permite que a cada manhã cheia de paz,

Eu não me preocupe por mais nada a não ser Contigo;

Não permita que minha confiança fiel

Seja adoçada por Satã;

Permite que eu sempre anuncie

Tua Misericórdia e Teu Amor;

Permite que nós, Teus filhos,

Sempre realizemos Tua Vontade,

E que Teu Santo Nome sempre

Seja louvado aqui na Terra;

E que possamos nos dar conta de tão grande graça;

E permite que todos encontrem a bênção

De se ligar a Ti, meu Pai. Amém.

Amém digo eu, meu Pai. Amém.

Amém, Te saúdo em Teu Nome. Amém.

Essa poesia Jacob Lorber escreveu por si mesmo.


Saudação para um aniversário

Recebido por Jacob Lorber, em 19 de novembro de 1840

1 – Enquanto as casas forem limpas e enfeitadas para honrar e receber convidados ilustres do mundo, mais limpas do que vossos corações para Me receber, Eu não posso aparecer ante aqueles para quem a casa foi limpa em primeiro lugar. Pois Eu sou sempre humilde de coração e mais manso que as pombas. Com bastante frequência, aguardo à vossa porta, como uma criaturinha indefesa, cheia de medo. E vejo como o mundo entra e sai de vossas casas cheias de orgulho e, na Minha pobreza, não Me atrevo a entrar ante tantos tão amantes de luxo e fausto e de pessoas majestosas do mundo material.

2 – Então Eu aguardo paciente à porta, cheio de tristeza, até que este fausto mundano passe e que a casa fique com menos brilho terreno. Só então Eu Me atrevo a entrar, cheio de temor e muito tímido, para poder dar Minhas congratulações àquela alma que no fundo Me ama um pouco.

3 – Ouve, querido filho! Se tu desejares que Eu seja o convidado mais importante, lava bem o chão de tua casa e limpa os cômodos, para que Eu possa e deseje entrar. Só então prepara a tua casa para receber os outros convidados. Pois é de boa educação que o Pai seja o primeiro a abraçar seu filho no dia de seu aniversário. Assim, os filhos devem aguardar os votos de Amor do Pai antes de qualquer outro e o devem fazer cheios de fé e amor.

4 – Vê, uma linda jovem, na intimidade, diz a seu pretendente: “Eu te amo muito”; mas quando o vê na sociedade, em uma recepção, ela o olha com olhos zangados e absolutamente não gosta que ele a tenha seguido cheio de amor. Quando ele vê que ela nem lhe dedica um olhar, o que achais que ele sentirá em seu coração repleto de amor? Eu afirmo que ele ficará extremamente triste e no fim também zangado. E a jovem terá muito trabalho para conseguir que ele volte a bons termos com ela. E se ela se portar tão mal várias vezes, com certeza o perderá para sempre.

5 – Vê, se um amante mundano assim faz, este amante que é mais morto do que vivo, podes imaginar que Eu, o amante mais vivo e mais fiel, Eu, que sou a vida infinita e eterna, quando Me apresento para te visitar, não conseguirei deixar de ser magoado quando vir como tu te divertes com as pessoas totalmente despreocupado e nem pensas em mostrar aos outros o estreito caminho que leva à Minha Casa e ao Meu Coração.

6 – Só o que queres é que Eu continuamente vá a teu encontro. Mas Eu te digo que o mesmo caminho que vai a ti é o que vem para Mim. Por isso poderias muito bem, após Eu ter te visitado milhões de vezes, fazer uma visitinha a Mim, teu Pai extremoso, que te aguarda com todo o coração.

7 – Vê, Me doeu bastante, por tu teres Me procurado tão tarde! Eu, porém, vejo bem o teu íntimo e como ele permaneceu honesto, e Eu venho te visitar mais uma vez. Acolhe-Me, para que Eu possa te acolher também na Minha enorme Misericórdia.

8 – Esse é o maior desejo de teu Santo e Eterno Pai que Eu - Jesus - sou, como também sou o renascimento e a vida eterna. Amém.


O único bom e verdadeiro

Não procures nos caminhos tenebrosos e angustiantes o que é “melhor” e o que é “pior”; mas sim considera: Só existe uma coisa que é boa e verdadeira, e esta sou Eu e Meu Amor. Tudo o mais é orgulho falso e ruim.

Verdadeiro amor ao próximo

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de novembro de 1840

1 – O amor ao próximo não existe nos olhos, nem no teor da fala, nem nas diversões materiais; mas o verdadeiro amor ao próximo se encontra nas ações caridosas, especialmente em favor daqueles dos quais jamais poderemos esperar uma compreensão.

2 – Sempre que o amor tiver um pensamento secundário, um pensamento visando receber alguma coisa em troca, aí ele deixa de ser o verdadeiro amor ao próximo. É como um vinho aguado, no qual não existe mais nenhuma força, onde o “éter da vida” desapareceu, um vinho de ínfima qualidade que se encontra nas bodegas mais baratas. Entendes isso?

3 – Quem pode servir a dos senhores? Vê, Eu e o mundo somos dois senhores bem delimitados e bem separados. Por isso Eu te aconselho a Me servir e pertencer a Mim em toda a totalidade, a Mim, o único Senhor, pois Eu não permito nenhum concorrente.

4 – Fazer o bem é muito bom, mas somente dentro de Minha total e absoluta Ordem. Amém.


A respiração das plantas

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de novembro de 1840

1 – Todas as plantas, desde a árvore até a ervinha que todos vós conheceis, se compõem de três partes. Primeiro, a que se encontra mais embaixo, que está sempre no interior escuro da terra e que de fato são as raízes da planta, comparável aos pés sobre os quais a planta se eleva. Mas ao mesmo tempo, este pé é um pólipo que absorve o alimento através de inúmeras trompas sugadoras.

2 – Acima desta parte e em contato orgânico com a mesma, sobre o solo, está o tronco que se equipara ao corpo dos animais, no qual encontramos o “estomago principal”, onde se realiza a digestão dos alimentos ingeridos. Junto a este estomago principal, como também acontece no reino animal, existem vários “estômagos auxiliares”, os quais tomam o alimento digerido no estomago principal e cada um o transforma em um alimento específico. Não vamos aqui enumerar a ordem e especialidade de todos os estômagos auxiliares, mas deixo a vós a possibilidade de meditar sobre isto e assim aumentar a forca de vosso amor por Mim.

3 – Vemos então que por cima do corpo encontra-se uma outra parte: a coroa, na qual o tronco se divide até os mais finos gravetos.

4 – Bem, este é o relato orgânico da planta.

5 – Em várias plantas tereis observado, no tronco, nos galhos ou nas folhas, casulos vazios. Eles não estão com seiva, mas sim com ar. Este ar não é igual ao ar externo que envolve a planta na atmosfera, mas sim compatível à natureza especifica de cada planta. Que vós encontreis um destes casulos vazios na folha da abobreira, por exemplo, não causa nenhum espanto, mas como é que este ar entrou ali?

6 – Isto é respondido quando digo que cada planta deve possuir a capacidade de sugar o ar que lhe é peculiar para dentro de si. Não sendo assim, este ar especifico não poderia ser aqui encontrado, e não é mais necessário dizer nada, pois é só cortar um desses casulos e aproximá-lo de vosso nariz.

7 – Que pela inspiração existe este ar na planta, podeis verificar quando arrancais uma destas plantas viva e a colocais sobre o fogo. Escutareis uns assobios que confirmam a existência do ar. Se não houvesse ar, a planta queimaria em absoluto silêncio, como um pedaço de cordão embebido em óleo.

8 – Os naturalistas poderão argumentar: “Sim, mas este ar pode ter entrado ali pelos poros”. Eu confirmo isto e digo mais: A planta precisa fazer isto, pois se a planta não possuísse um sem fim de minúsculos poros, como seria possível ela respirar, mesmo que possuísse órgãos de respiração tão desenvolvidos como os animais?

9 – Se, por exemplo, fechassem vossa boca e vosso nariz, por onde é que conseguiria entrar o ar do qual tanto precisais para sobreviver? Se vossos grandes poros do nariz e da boca existem, dai licença às plantas de também possuírem seus poros de respiração, pelos quais absorvem o ar que lhes é necessário. E a planta é bem mais ecumênica, do que o sois vós.

10 – Pois enquanto vós respirais a cada segundo, a planta só respira uma ou duas vezes ao dia. A inspiração acontece durante o dia e a expiração durante a noite. Durante todo o dia a planta suga o ar que precisa por seus poros, ou também existem plantas que possuem casulos especiais. À noite, quando o processo químico foi concluído e a planta absorveu o que lhe compete, o gás que não é bom para ela é expulso junto a outros elementos como o nitrogênio. Este processo demora tanto quanto a inspiração. O gás expulso é a combinação de ácido carbônico, hidrogênio e oxigênio. Não devemos confundir a respiração com o processo de fotossíntese.

11 – Bem isso é a respiração das plantas e agora sabeis como acontece. O porquê da respiração já foi explicado no capítulo dos minerais: é o único e idêntico motivo, tanto na rocha como na planta.

12 – Mas como acontece a respiração e o que respirar da matéria orgânica bem grosseira?

13 – Não é um processo simples como vos faz crer a observação externa da respiração. É bem mais complexo, pois uma respiração sempre é a consequência de uma respiração anterior.

14 – Se, por exemplo, tomardes um fole duplo e o abrirdes com vossas mãos, o ar do inferior será levado ao superior. Tão logo o inferior for solto, ele novamente abocanhará o ar. Mas se o apertares novamente, acontecerá o mesmo; ao soltá-lo, novamente sugará o ar. Mas será que o fole conseguiria fazer isto por si mesmo, sem ajuda de uma força para isto criada? “Não, - dirá mesmo a mais tapada das mentes - isto não é possível!”.

15 – Bem, e se Eu pergunto qual força móvel está à disposição da planta, tal que faça seus organismos se encolherem e se ampliarem feito um fole, para poder sugar o ar para o seu interior? Então direis: “Este é o ponto com o qual ainda não conseguimos manipular”. Bem, neste caso sejais libertos desta vossa dúvida, mas para isto deveis observar com atenção as pequenas pontinhas que às vezes cobrem todo o tronco, mas especialmente a parte inferior das folhas.

16 – Estas pontinhas não são nada menos que aspiradores de eletricidade. Elas aspiram avidamente o fluido de polaridade. Durante o dia, é a polaridade positiva. Ao inspirar esta polaridade positiva, que corresponde à forca centrifuga, faz com que os órgãos se distendam e os vãos ficam cada vez maiores. Desta maneira, podem sugar o ar pelos poros.

17 – À noite se modificam as polaridades, e o fluido elétrico sai pelas pontinhas (ou então se descarrega, como vós costumais dizer), e os órgãos começam a se estreitar e expulsar os alimentos supérfluos (carbono, hidrogênio), a polaridade negativa da eletricidade.

18 – Bem, creio que vossas dúvidas foram solucionadas. Mas ainda há algo bem importante para resolver: aquelas plantas que hibernam. Existem árvores, ervas e outras plantas inferiores que os botânicos conhecem, que respiram duas vezes ao ano, durante meio ano inspiram e no outro meio expiram. Durante todo o verão elas inspiram durante o dia da seguinte maneira:

19 – Com a inspiração contínua acontece um tal processo que, mesmo com o desgaste de ar necessário para a sobrevivência da planta, sempre sobra algum fluido que é armazenado e que faz com que a árvore cresça bastante no verão. Mas quando o verão acaba, então as sobras armazenadas são puxadas para fora, o que se pode observar na casca grossa ou no musgo dos troncos.

20 – Quando estas sobras de ar são pressionadas para fora durante o inverno (pelos poros), podeis concluir que este ar, pela sua longa permanência nos órgãos da planta, não é mais completamente puro. Bem, quando ele sai novamente ao ar atmosférico, deve passar por um processo químico purificador, e as impurezas se assentam no tronco como uma grossa casca ou mesmo musgo.

21 – Vede, esta é a grande respiração periódica das plantas. Sabei que assim deve ser a existência destas plantas, pois as respostas e as manifestações já discutidas são a prova da verdade desta revelação.

22 – Mas as árvores ainda têm uma quarta respiração, assim como os animais têm uma quinta e os homens um sem número; mas isto não vem ao caso neste momento, pois ainda seria muito cedo para vosso entendimento ainda muito fraco. Mas na hora certa tudo vos será dado com muita clareza. Isso que foi aqui dito é como uma poeira solar, comparado ao infinito que ainda existe por ser dito mesmo de uma só poeirinha do sol.

23 – Apesar de em Mim e para Mim não existir nada infinito ou eterno, pois Eu sou o infinito e o eterno, tudo o que foi criado contém em si algo infinito, porque Me contém. Pois onde estaria a coisa que está fora de Mim que não Me possui em seu interior? Mas tudo aquilo que Me tem em seu interior também tem o infinito em si e por causa disto não pode ser considerado finito pelo infinito.

24 – Por isto podeis ter certeza que Eu sempre possuo algo oculto para aqueles que Me amam, e aqueles que vão a Minha escola jamais terminarão de aprender.

25 – Pois enquanto mais alguém aprender, tanto mais ele ainda terá que aprender. É essa razão por que no Meu reino nunca existirão “sábios” e ninguém poderá fazer o doutorado, pois sempre será dito:

26 – Nós seremos eternos alunos e todo nosso conhecimento é nada comparado com a Onisciência de nosso Pai.

27 – Ficai, pois, alegres e bem dispostos. Se não souberdes tudo, sabeis que para Mim nada fica desconhecido, e assim tudo vos será dado no tempo certo e ao Me pedirdes, a Mim, vosso santo Pai. Amém. Isso falo Eu, vosso Pai. Amém.


A respiração do mundo natural

Recebido por Jacob Lorber 22 de novembro de 1840

O Senhor esclarece a seguinte pergunta: As plantas também respiram? E Como?

1 – Nem só as plantas, mas as pedras também respiram, cada uma a sua maneira.

2 – Se vós observardes cada animal, vereis que cada espécie respira de uma maneira própria, como o exige sua formação física. Um cavalo respira diferente da vaca, do cachorro, do gato, e assim cada quadrúpede à sua maneira. Mesmo que a respiração não passe de uma inspiração seguida pela expulsão do ar do corpo do animal (nesta atividade o animal absorve a matéria que precisa para viver e logo a seguir expulsa o que não mais lhe é útil), mesmo assim cada animal respira de forma diferente; quer dizer, como ele inspira o ar, como o trabalha quimicamente, e como expulsa o que lhe é inútil.

3 – Os anfíbios, répteis e insetos também respiram, mas não imaginais como difere a respiração destes animais de sangue frio, ou que as vezes nem sangue têm! Pois os insetos não têm sangue, mas sim um líquido adequado a eles que se encontra num movimento contínuo e que produz a eletricidade que estes animais necessitam para viver. E como é diferente a respiração dos animais que vivem na água! E como destes animais existem muitas espécies distintas, então deveis considerar a grande diversidade de formas de respirar que lá existe.

4 – Estas perguntas que Me fizestes são dignas de resposta, mas uma pergunta primordial não foi feita, sem a qual nenhuma pergunta poderá ser elucidada. A tal pergunta é:

5 – “Por que as plantas, animais, pedras e todos os corpos do universo respiram?” Vede, se não sabemos a razão da respiração de tudo no mundo, o como isto acontece não tem nenhuma importância. Se soubermos por que a respiração é uma necessidade vital, então o “se“ e o “como” já foram incluídos na resposta. Pois é mais difícil reconhecer a necessidade do que o “se” e o “como”.

6 – Para entender isto, não vamos observar nem as plantas nem os animais, mas sim em primeiro lugar vamos observar as pedras (minerais) e ver por que elas precisam respirar. E se determinarmos que a respiração é de fato necessária ao mineral, então também veremos que ela realmente respira e como respira.

7 – Eu vos digo: a matéria não é nada mais que a expressão de duas forças contrárias: a força centrípeta (de atração) é centrífuga (de afastamento).

8 – A existência da matéria tem nisto sua origem, onde a força centrifuga é proporcionalmente igual a centrípeta, na sua contínua ansiedade de se estender ao infinito. Elas são opostas, e assim a centrípeta deseja contrair tudo num ponto central, no que é impedida pela força centrifuga.

9 – Bem, se a força centrípeta não fosse constantemente alimentada pelas forças auxiliares idênticas, se ela não pudesse se basear nas mesmas, ela logo seria vencida pela força centrífuga e em pouco tempo a matéria não mais existiria. E esta é a razão por que a pedra precisa apoderar-se constantemente das partículas idênticas do ar que a envolve. Fica com as semelhantes às que foram gastas na luta com as forças oponentes, e as que não lhe são idênticas serão expulsas pela força centrífuga. As pedras frequentemente absorvem muitas partículas que não lhe são idênticas. Assim, muitas vezes encontramos numa rocha elementos a ela não idênticos, tais como algumas rochas minerais que não são de sua composição, pedras nobres em rochas comuns, ou - o que já foi por vós observado com frequência - a presença de musgos, penas de aves ou mesmo animaizinhos no interior de rochas cristalinas, coisas que com certeza não são da natureza destas pedras.

10 – Bem, como acontece de fato a respiração das pedras? A metade desta resposta já foi apresentada quando falamos da necessidade de respirar. Uma rocha respira em primeiro lugar como os animais: inspira e expira. Ela inala, graças a sua constituição orgânica bruta, as partículas a ela idênticas que se encontram suspensas no ar que a envolve. Nos animais a decomposição química destes elementos acontece no seu interior, mas nas rochas isto já se realiza na superfície, razão pela qual com o passar do tempo a mesma apresenta uma crosta totalmente estranha ao interior da pedra. Em massas rochosas grandes, esta crosta se torna tão grossa e forte, que ela forma uma rocha diversa da original. Da sua composição ou das partes adquiridas se apresentam plantas de diversas espécies, como que implantadas na rocha.

11 – Isto não seria absolutamente possível de acontecer, se a rocha não inspirasse e expirasse. Os pesquisadores muitas vezes se surpreendem ao encontrar rochas que, não possuindo umidade ou qualquer outro elemento para fazer crescer uma planta, possuem uma crosta coberta de vegetais de diferentes formas e que não são encontrados em qualquer outro lugar. A rocha, ao inspirar, absorve elementos a ela idênticos, mas deixa no ar outros que, por um processo diferente, são úteis a outros elementos que a envolvem.

12 – Aqui acontece o mesmo como quando colocais um corpo absorvente em uma solução. O corpo absorverá com certeza tudo que lhe é compatível, mas aquilo que não lhe é compatível se encontrará a sua volta e se tornará uma crosta salina ao redor.

13 – Um exemplo simples vos mostrará este processo com mais clareza. Colocai um pedacinho de zinco dentro de um vidro de chumbo derretido. O que vai acontecer? A haste de zinco começará a inspirar persistentemente e assim absorverá do líquido todos os elementos que lhe são compatíveis. O chumbo excedente ficará em volta da haste de zinco, após boa parte ter se grudado à mesma em vários formatos não organizados. O que este experimento visível nos mostra pode acontecer com todos os minerais.

14 – Bem, agora teríamos entendido como acontece esta respiração, mas junto ao inspirar e expirar ainda existe um segundo e terceiro tipo de respiração.

15 – Aqui há algo novo, já que sois ávidos por novidades. Eu tenho que vos dar algo novo, pois acho que não é mais necessário continuar a explicar a respiração das rochas após terdes visto que elas definitivamente precisam respirar e como é feita esta respiração. Ao conhecermos estas duas condições básicas, não tereis mais necessidade de vos questionar pelo “se” da respiração mineral. Vamos então passar para a novidade que vos prometi.

16 – A próxima respiração é “elétrica”. Esta respiração elétrica, não é nada mais que a absorção dos fluidos magnéticos pelos quais as duas forças antagônicas são alimentadas na sua persistência. Esta persistência não é nada mais que a expressão visível da polaridade antagônica e é perfeitamente possível, pois a matéria não passa da polarização das forças oponentes.

17 – Esta polarização é de uma certa maneira a vida da matéria, esta vida que continua enquanto esta polarização das forças antagônicas persistirem.

18 – Se por qualquer circunstância esta polaridade for perturbada na sua persistência, a matéria se decompõe e decai, até se tornar um pó que só sobrevive enquanto houver alguma polaridade em suas partículas. Mas quando mesmo estas acabarem, ele precisará tomar uma direção totalmente diversa.

19 – Com respeito a uma terceira respiração, conversaremos mais tarde, numa outra ocasião. Por isto Eu só digo o seguinte: Já que vós já sabeis - por um ponto de vista bem diverso do ponto de vista dos cientistas do mundo - “do que” e o “para que” a existência da matéria, podereis estar a perguntar se a matéria da qual é construída uma casa necessita respirar, a fim de permanecer como tal. E ainda, quanto ao segundo tipo de respiração, se os moradores desta casa também devem respirar.

20 – Vós certamente já sabeis quem são estes moradores. Como nós já escutamos o “roncar” das pedras, será algo bem mais fácil escutar os milhares de espécies de plantas na sua respiração. Os moradores são de fato os espíritos primários aprisionados na matéria, os quais precisam respirar como toda criatura espiritual, criatura esta do espírito divino que a todos alimenta. Só assim conseguirão sobreviver.


Os santos dos últimos dias

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de novembro de 1840

Senhor, o que é esta seita que se chama “os santos dos últimos dias” (mórmons), que dizem possuir forças sobrenaturais e que estão imigrando, em sua grande maioria, para América do Norte?

1 – Com respeito a esta seita, que se chama “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, ela não é tão importante como pensais. Pois ela se chama “santa”, sem considerar que somente Eu sou santo.

2 – Mas quando alguém é santificado em Meu nome, ele de fato não é “santo” por si, mesmo que deseje tornar seu comportamento uno Comigo pelo mais puro amor. Ele só é santificado por Mim, quando é a Minha imagem viva.

3 – Aquele que se diz “santo”, mesmo que seja pelo Meu Nome, este não engrandece o Meu Nome, mas só finge ser assim, a fim de chamar a atenção sobre si e para que o seu nome seja glorificado pelo Meu. Mesmo que ele louve o Meu Nome, ele o louva procurando encontrar glória e louvor para si, ao glorificar Meu Nome. Vede, estes “santos” não são nada de Meu agrado!

4 – E ainda pergunto: Onde está escrito que, pelo seu bem, deveriam imigrar para a América do Norte, para lá, na absoluta falta de leis, tentar viver muito mais comodamente e também sem legislação?

5 – Quem quiser estar Comigo não precisa imigrar para a América, mas sim entrar em seu coração. E se ele o limpou direitinho com o amor puro e sincero e a fé verdadeira e viva, então Eu estarei bem mais perto, do que se ele for para a América.

6 – Mas aqueles que acham que já Me encontraram, que por isto chamam a si mesmos de “santos” e imigram para a América do Norte para conseguir Me guardar melhor, estes em verdade têm pouca firmeza e certamente não a encontrarão na América. Pois aquele que teme ser afastado de seu espírito na sua pátria, onde tudo lhe é familiar, como será que este sobreviverá na fé num país totalmente estranho, onde milhares de coisas estranhas e necessidades desconhecidas o estão a esperar?

7 – Por isto não há grande coisa nesta seita de “santos”. Os componentes desta seita não aceitam obedecer a seus monarcas e é por isto que eles querem ir para a América de Norte, pois lá é um país livre, onde quase todos desejam mandar, mas ninguém deseja obedecer. Pois cada república se assemelha mais ou menos a um inferno, e o inferno, no sentido mais severo, é uma república.

8 – Mas com respeito aos “últimos dias”, vós não tendes nada a vos preocupar com “o fim dos tempos”, mas sim somente com o tempo em que estais vivendo, pois este é o “último tempo” para cada um. Por isso, vigiai hoje e sede ativos com vosso amor, para que esse poder divino seja vossa herança eterna. Amém.


Obediência, igreja, rosa – três palavras vistas à luz espiritual

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de novembro de 1840

1 – Senhor, eis aqui três palavras de muito significado! Tu, no Teu enorme Amor, não poderias explicá-las para nós, pois entre nós encontram-se irmãs muito jovens que, apesar de sua pouca idade, às vezes sentem uma grande saudade por Ti e por Tuas explicações. Por favor Pai, escuta este nosso desejo, se assim for Tua Vontade.

2 – Escreve pois:

3 – Ainda te lembras da pequena mensagem que Eu te dei ontem de noite, quando vinhas para cá? Vê, tu já esqueceste a metade dela! É necessário lembrar-te da mesma mais uma vez, antes que Eu possa responder a teu pedido.

4 – A mensagem era a seguinte: “Porque olhas com tanta adoração as estrelas no firmamento e tens tanto medo de olhar teu espírito? O que pensas, o que desejas, o que é que desejas saber? Ama, assim descobrirás o que não sabes e o que não deves saber!”

5 – Vê, da mesma forma que ontem, cego, olhaste as estrelas e nem sabias quem era o “Dono da Casa”, hoje olhas estas três palavras que te foram apresentadas e não sabes o que fazer com elas.

6 – De fato, tu pediste esse tema e não Me pediste por autorização para apresentá-lo. Essas tuas palavras de petição foram proforma. Se Eu fosse egoísta e orgulhoso como são os homens, não te daria nenhuma resposta, para que te desses conta de como és tolo.

7 – Mas como não sou como os homens, e tu nem te preocupas com tua grande tolice, te responderei e a todos as perguntas que te são importantes, para o teu bem e o bem dos outros.

8 – Vê, “obediência” é o caminho que leva à verdadeira igreja viva, que é Minha Palavra Viva, escrita e falada por eternidades nos corações de todos os homens e anjos.

9 – A “rosa” se refere ao mais puro e perfumado Amor por Mim proveniente da igreja do coração. Como esta flor nobre cresce em arbustos espinhosos, assim o caminho que leva à igreja verdadeira, único lugar em que encontra o Meu Amor e a Minha Misericórdia, ele então também é um pouco espinhoso. É por isto que o puro Amor, cujas raízes se encontram no jardim da obediência inocente (infantil), leva o alimento tão necessário para o arbusto espinhoso, o mais bonito e o mais divino bem; sim ele, somente ele (o Amor) é a eterna e bem aventurada vida. E quem não levar esta flor-rainha em seu coração, dificilmente entrará no eterno reino celestial.

10 – Obediência é, pois, o jardim; a vida na obediência é as boas raízes da roseira. Mesmo que ainda submergidos na terra escura, elas (raízes) são os principais suportes do arbusto e finalmente da flor. A igreja porém é igual ao arbusto espinhoso. E os espinhos que nele existem são com todo o ardor o Amor, tal qual os espinhos da roseira são os absorventes da eletricidade. Finalmente, a rosa é o lindo símbolo do Amor.

11 – Ouçam bem, vós Meus jovens filhos que apresentastes estas três palavras: tornem-se vós rosas e assim vós vos tornareis Meus amados filhos, e com o tempo, solvereis o enigma que ainda vos prende ao mundo.

12 – Vinde com presteza ao meu jardim e florescei como uma maravilhosa flor da vida eterna, pois escutareis novamente as suaves palavras de amor do Pai.

13 – Isso que falo ao Meu servo, que sirva a todos vós.

Amém. Isso vos diz Eu, vosso carinhoso Pai. Amém.

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A viagem e o desejo do Pai

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de novembro de 1840

1 – Ontem duas pessoas do grupo iniciaram uma viagem em direção ao leste, por motivos mundanos, mas isto aconteceu sem Minha Vontade. Eu penso que pelo menos deveriam ter pedido conselhos, nem que fosse ao Meu servo. Eu nunca Me omiti, quando Me pediram conselhos sobre todo ou qualquer assunto. Mas Eu não desejei que este empreendimento acontecesse, pois era contrário à Minha Vontade, somente na qual se pode achar a felicidade sempre e em todas as ocasiões, especialmente tratando-se daqueles aos quais mais ou menos Minha Vontade se expressa fielmente e, como bem sabeis, sempre com palavras bem claras e de fácil compreensão.

2 – Mas, para que todos vós saibais porque Eu não permiti que os dois viajassem, Eu vos afirmo que com este ato lhes fiz uma grande caridade, pois os dois não teriam voltado da mesma em boa saúde.

3 – Já que uma pessoa, má ou boa, sempre tem a liberdade de agir em todas suas atitudes, Eu não posso impedir a ação dos bons nem dos maus. Os vossos irmãos partiram e teriam caído nas mãos de assaltantes na estrada entre as duas cidades que desejavam visitar; daí precisariam enfrentar uma árdua luta para livrar-se dos mesmos. Como consequência de seu desgosto e zanga, também teriam tido problemas espirituais.

4 – Então, para evitar algo tão desagradável a eles, estraguei uma roda de seu carro num lugar onde um conserto seria impossível, o que os obrigou a retornar ao abrigo de suas casas.

5 – Vede, todos aqueles que não caminham constantemente Comigo seguem sem ter o mínimo conhecimento desta Minha atuação, até que alguma armadilha os tenha aprisionado completamente. Mas se Eu estiver junto, em qualquer tipo de viagem ou empreendimento, jamais permitirei que àquele que estiver na Minha companhia aconteça o mínimo desgosto.

6 – Que o acontecimento de ontem vos sirva de lição! Mesmo que não Me tenhais procurado para um conselho, nem mesmo pedido que Eu vos acompanhasse na jornada, Eu não deixei de vos proteger nem um só instante.

7 – Pois Eu sei que vós logo reconhecereis que Eu jamais abandono aqueles que Me procuraram, começaram a Me amar e permanecem fiéis a este sentimento. Eu sempre estou junto a estes Meus filhos, se Me pedem ou não. Pois aquele que por livre vontade Me ama, a este Eu também amo por livre vontade.

8 – Eu também vos digo que gosto muito (considere que aqui tenho que respeitar completamente vosso livre arbítrio) quando um operário aprendiz de Minha Vinha (que ainda tem que lutar com os espíritos elementares que o rodeiam e com as tentações do mundo) não a deixa para se ocupar com a vinha material, ainda que esta tenha sido adquirida por meio de um amigo e admirador Meu. Que permaneça mais tempo na Minha Vinha espiritual, até fortificar-se bem na fé; só então se aventure, se assim ainda o desejar, a labutar numa vinha material. Então Eu lhe mostrarei uma outra, na qual ele terá muito mais alegrias, do que aquela comprada com dinheiro. Bem, basta.

9 – Mas se vós dois ainda desejardes viajar, ide logo a um outro lugar que Eu vos indicarei. E não vos preocupeis se o tempo estiver claro, nebuloso, bonito ou ruim. Pois o tempo será como deve ser, para vos elevar a um degrau bem importante.

10 – Não vos preocupeis com a gratidão, pois Eu sempre vos paguei com a moeda certa. Se até agora só recebestes uma moeda de prata, desta vez vos darei uma de ouro.

11 – E como o ouro está acima da prata, esta viagem estará acima daquela que fizestes a uma região montanhosa (Kleinalpe). Naquela ocasião viajáveis em direção ao poente, mas desta vez ireis em direção à aurora. Naquela ocasião não vos preocupáveis com os horários, mas agora estais a celebrar Minha chegada, uma época bem importante, e este período não deverá vos encontrar de mãos vazias, mas sim cheios de boa vontade e atividade.

12 – Agora estais a perguntar: “Para onde é que devemos ir?” Eu digo: Não muito longe! Escolhi dois lugares: um está bem perto e o outro só duas horas afastado. De fato, Eu prefiro que, ainda que mais distante, fôsseis para lá, pois lá se encontra uma montanha chamada Kulm. Mas se, por motivo de vossas atividades, não tiverdes tempo para ir até lá, ide a um lugar mais perto, onde existe um castelo no cume de um morro bem elevado (existe uma capela na subida do morro).

13 – Mas a qualquer lugar que fordes prestai muita atenção a tudo, à terra, ao ar, bem perto ou bem distante, mas especialmente observai bem vossos sentimentos. Pois neles vereis, quando chegardes a um determinado local, o que significa realizar uma atividade em Minha Companhia e em Meu Nome.

14 – Eu vos afirmo: Céus e terra desaparecerão, mas Minhas Palavras permanecerão para a eternidade. E aquilo que por elas for determinado sobreviverá a toda a Criação. Pois se Minha Palavra se originou em Meu Amor, como seria possível ela desaparecer enquanto existir o Amor que permitiu que nele se originasse tal Palavra?

15 – Mas bem diferente acontece com o que foi criado e originado em Meu julgamento. Este só aconteceu pelo Amor e não se originou no Amor, por isto é finito, efêmero como o é o julgamento do qual se originou.

16 – O julgamento só dura por um certo tempo, pois o tempo por si só é um julgamento. O Amor, porém, é para sempre e é eterno, pois a eternidade é o próprio Amor, e nele tudo é Amor.

17 – No tempo, o Amor atua pelo julgamento e acalma a ira de Deus. Na eternidade, o Amor é o vencedor sobre a ira e consequentemente também sobre o julgamento, qualquer que este seja. Por isto não existe nada além do Amor e a felicidade que vem dele.

18 – No momento em que Eu vos digo que estas palavras não são do julgamento, mas de Meu Amor, considerai que elas se projetarão na eternidade, acima de tudo temporal. Se vós puderdes, fazei o que vos disse o mais breve possível, pois é este o desejo de vosso Pai amado que está sempre ao vosso lado, cheio de Amor e Boa Vontade. Este é o santo desejo de vosso Pai. Amém.

Congratulações para o aniversário

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de novembro de 1840

1 – O seguinte é para ti, Meu amigo Anselmo, que tem tanta boa vontade Comigo e com Meu servo, pois acho que tua vontade é muito satisfatória.

2 – As pessoas desejam umas às outras muitas felicidades no dia do aniversário, mas isto comumente não passa do desejo verbal, pois nele não existe o verdadeiro Amor, mas sim somente o modismo mundano.

3 – Um deseja ao outro “tudo de bom”, mas lá no seu íntimo deseja de fato que nada disto aconteça. E em todas congratulações não existe nem um grãozinho de poeira do verdadeiro desejo, o qual se originou nos contatos que acontecem na corte e que se realizam com um papelzinho escrito que vós chamais de cartão-de-visita.

4 – Tu perguntas por que nada de bom se cria destas congratulações, e Eu respondo: Somente porque estas congratulações não são nada mais que verdadeiros fingimentos, gentilezas aduladoras da mente fria do mundo e, por isto mesmo, uma grande mentira.

5 – O homem que disser a uma pedra “Transforma-te em ouro!” é de fato um grande tolo. Vê, este tolo seria chamado “pequeno tolo” se comparado com um congratulante que deseja ao homenageado “milhares de anos de vida”, enquanto ele não pode alongar esta vida por nem uma hora e às vezes deseja que o outro morra no dia seguinte, para com isto obter algum lucro. E existem tantos que desejam “felicidades e bênçãos” e seus corações estão repletos de ira, ou aquele outro que deseja “saúde e dias cheios de alegria” e não conhece o único doador destas maravilhas nem de nome. Finalmente existe aquele que diz: “Eu vos desejo tudo aquilo que vós mesmos desejais”. Por acaso o felicitante sabe o que o aniversariante deseja e se isto é bom? Pensa bem no que geralmente os homens desejam para si no seu egoísmo. É assim que o mundo se felicita, coisas totalmente irracionais no seu vazio trevoso!

6 – Mas não é assim que deve ser entre vós! Em vez de tal tolice, Meus filhos, com o coração cheio de amor e boa vontade, devem perguntar: “Irmão, precisas de meu auxilio em qualquer circunstância? Então dize-me com franqueza, e eu, na medida do possível de minhas forças e de minha fortuna, te ajudarei”. Não digas: “Se é isto que desejas...”; mas dize-lhe: “Irmão, eu preciso fazer esta caridade em nome do Pai, para Me louvar e para o bem-estar de teu espírito”.

7 – E se teu irmão te confessou sua necessidade, sê carinhoso e realiza tua ajuda de imediato. Assim acalmarás o coração de teu irmão, e Eu, teu Pai, estarei feliz e cheio de alegria com esta congratulação tão concreta.

8 – E se tu congratulares, faze-o aos pobres e necessitados, e assim Eu também considerarei as tuas outras congratulações que deves fazer para não cair na ira do mundo. Eu as olharei com carinho e misericórdia.

9 – E se, em vez de um desejo vazio e fútil, a congratulação vem de um coração cheio do mais puro Amor, então tu serás um homem do Meu infinito Amor por vós.

10 – Vê, já fizeste tanto que foi de Meu agrado, por isto Eu já te batizei com um novo nome, o qual está inscrito no grande livro da Vida. E mais este nome te seja hoje, no dia de teu nascimento na carne, um presente para o teu renascimento no espírito. Faze o que Eu te disse e logo sentirás a felicidade imensa de teu renascimento.

11 – Vê, é assim que é Minha congratulação. Eu não “desejo” nada, mas tudo o que Eu quero ou desejo Eu dou, ou então permito que aconteça. O que aconteceria, se Eu vos desejasse a vida, mas permanecesse só no desejo? Mas Eu não só desejo, como também Eu quero, e é desta forma que vós estais vivos.

12 – Mas é sabido que vós deveis ser perfeitos, tal qual vosso Pai no Céu. Então atuai da mesma maneira como Eu, vosso Pai, quero e faço Eu mesmo. Se não o podeis fazer no infinito, tal como Eu faço, então fazei em ações pequenas. Pois então sereis como o pequeno círculo que, apesar de sua insignificância, é tão perfeito como o grande círculo do Meu Infinito e Eterno Ser. Amém.

Teu nome será “Willig”.


Uma dica para educação

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de novembro de 1840

1 – Ouve, então, Meu querido Andréas Willig, mais isto: É um pequeno desejo Meu que tenho para ti, e tu bem sabes agora o que Eu quero dizer com “desejo”; isto é, a união de Minha Vontade com a tua. Não deixes que teus filhos cresçam com uma vontade totalmente livre, sem nenhum limite. O que tu lhes dás como estudo, isto eles devem aprender com boa vontade. Do que mais gostas (de teu conhecimento), dê o que tu achas que é bom para eles, e eles devem também achar bom e certo por esta tua opinião. E disto se originará algo bom e correto, pois é abençoado pela obediência. A não ser assim, tudo pode sair mal e ser inútil.

2 – A falha na educação consta geralmente porque os pais não dão a devida importância a tudo que se refere às crianças. Mas considera onde começa a Minha educação. Eu já Me preocupo com o infinito grãozinho da poeira do Sol, imagina, portanto, como será em relação a uma criança. Se meditares um pouco, verás como é importante a educação de uma criança!

3 – Vê, Meu querido Willig, caminha sempre na Minha trilha, e Eu jamais deixarei que te falte Meu Amor, serei sempre para ti um Pai bondoso e santo e, especialmente, o teu maior prêmio. Amém.


Viagem para Haberbach

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de dezembro de 1840

Na viagem para esta cidade o Senhor revelou o seguinte para Seu Servo:

1 – Já observastes que às vezes Eu vos falo com palavras bem simples e comuns, mas outras vezes elas são fortes, cheias de inspiração e impacto? E isto acontece pelo seguinte: de acordo com a vossa capacidade de absorver, assim as palavras da Revelação vos são oferecidas rebuscadas e elevadas, ou simples e ao alcance das mentes simples.

2 – Mas no momento em que subirdes num morro, considerai que estais mais evoluídos e que já galgastes alguns degraus, o que não teríeis feito, se tivésseis permanecido na planície. Pois quanto mais vos distanciais, tanto mais alta e maior é a vista. No vale, porém, só podeis ver aquilo que se encontra nele; se descêsseis num poço, como seria minúscula vossa visão...

3 – Mas isto não acontece Comigo, pois para Mim não existe diferença de como vos revelo (em palavras rebuscadas ou simples). Tudo se origina na mesma fonte igualmente sublime, porque Eu sou a mais insignificante palavra que pronuncio, e esta pode não ser compreendida pelos mais sublimes anjos que entoam as loas mais sublimes e elevadas. Então não é de nenhuma importância, se Eu vos falo com frases grandiosas ou com frases simples do dia-a-dia. A mensagem é Minha!

4 – Pois se, no fundo de vossos corações, acreditais que sou Eu que vos falo tais coisas, então não estareis interessados na forma da revelação, mas sim no conteúdo da mesma, pois sabeis bem que sou Eu quem conhece tudo e todos na sua matéria (exterior), bem como no seu espírito (interior).

5 – Mas vós podeis ponderar o seguinte quanto à diferença de Minha Fala: Se Eu falo palavras rebuscadas, aí estou falando mais sobre a Sabedoria, e o Amor neste caso é somente um postulado; mas quando Eu vos falo com palavras simples do dia-a-dia, então estou falando pelo Amor, e a Sabedoria é o postulado.

6 – Desta forma, com os estudiosos e sábios do mundo Eu falo desde Minha inalcançável e eterna Sabedoria. Mas com Meus filhos, que Eu muito amo, Eu falo como o faz um carinhoso Pai nas suas bem conhecidas situações. Devei vós preferir que vos fale com Amor Paternal do que com rebuscadas palavras de Sabedoria.

7 – Se Eu falo palavras rebuscadas, é por causa do mundo. Vós podeis ter certeza que convosco jamais falarei outras palavras, que as que se originam no Amor do Pai.

8 – Na Minha grandiosa palavra de sabedoria encontra-se puramente a Sabedoria, e nada mais há para acrescentar à mesma. Pois cada palavra do Amor é um fruto vivo. E como em tudo que é vivo há no mesmo um infinito e uma variedade de oportunidades (tal como existe em cada semente) que não poderá jamais ser totalmente delimitada ou entendida, tal como acontece com a Sabedoria. Esta é a diferença entre a rebuscada fala da Sabedoria e a simples fala do Amor.

9 – Na Sabedoria Eu só dou tanto quanto fordes capazes de entender, mas no Amor Eu dou um infinito após o outro, onde mesmo a mais elevada sabedoria dos anjos jamais conseguirá a uma definitiva solução da Sabedoria que se encontra oculta.

10 – Bem, depende de vós do como desejais ser esclarecidos sobre vosso passeio de ontem.

11 – Vós fostes ao exato lugar ao qual vos enviei, lá observastes várias coisas e olhastes as coisas materiais do mundo que estavam a vossa volta, tanto longe como perto. E também observastes as formações das nuvens e as nebulosidades que vos envolviam.

12 – Mas o que mais vos chamou a atenção foi a montanha vizinha, que vós chamais de “Schockel”. Vós certamente vos perguntastes (isto Eu sei): “Em todas as direções podemos ver montanhas cercadas por nuvens e névoa. Pois elas atraem a si toda ou qualquer nuvenzinha e lentamente permitem que uma ou outra vá para alguma montanha, após ter-se fatigado da mesma?”

13 – Vede, uma visão destas tem muito significado, especialmente porque ela foi por Mim ordenada a assim atuar. Mas para entender esta visão completamente, todas as coisas que estão a sua volta também devem ser bem observadas.

14 – Em primeiro lugar, do lugar onde vós vos encontráveis a montanha estava exatamente sem nada, pois lá não existe mais a umidade necessária à vida. E finalmente deve ser observado que o sopé da montanha é escassamente habitado. Na altura de seu peito existem poucas plantas que não são frutíferas, e no verão o gado lá encontra uma alimentação bem fraca e água ruim.

15 – Observastes, mais adiante, que as nuvenzinhas começavam na altura do peito da montanha e não se dirigiam ao cume, mas sim uma aguardava a outra, se uniam e cobriam esta parte da montanha, enquanto que o sopé e o cume ficavam livres.

16 – E finalmente ainda observastes que nuvenzinhas se formavam no ar e com a brisa de um vento fresco da manhã eram levadas ao peito da montanha, quando lá se reuniam em grande quantidade; só então elas se elevavam até o cume e se apoderavam dele completamente.

17 – Junto a estas nuvenzinhas, que se formavam no ar lá em baixo e eram levadas pelo vento material até o peito da montanha, vistes o oeste orgulhoso. Também lá e cá, especialmente sobre o “Choralpe” como também sobre os Alpes menores, vistes filetes de névoa totalmente branca e a planície totalmente coberta por uma névoa azulada. Isto é tudo o que Eu queria que observásseis com atenção.

18 – Mas agora se questiona: “Qual é a importância espiritual de tudo isto que foi observado e o que Eu vos quis dizer com isto? Um de vós, ao ver o peito da montanha vizinha tão enevoado, disse ontem à tarde: “Aqui a falta de amor é grande.” Sim, esta é a mais pura verdade, pois falta um bom bocado de amor aqui. Mas Eu reconheço que não pode ser diferente, pois o homem não consegue modificar sua natureza num piscar de olhos. Mas lentamente e com Minha constante ajuda, tudo se ajeitará.

19 – E como já foi dito, há uma grande escassez de amor, mas não foi isto que a observação de ontem quis mostrar.

20 – Pois existe uma grande diferença se a névoa e as nuvens se formam nas partes da planície e dos vales, depois são levadas pelo vento, se elevam até o peito da montanha e envolvem o cume totalmente; ou se estas névoas aparecem já no peito da montanha, se apoderam de uma grande quantidade de nuvenzinhas soltas e então, todas juntas, envolvem o cume.

21 – Para que entendais, vamos começar pela montanha. Ela significa em cada homem sua parte material (natural e primordial) desde que o mesmo, devido a sua vida agora repugnante a si mesmo, já começou a se humilhar. Pois mesmo que esta montanha seja razoavelmente alta, em comparação com suas vizinhas bem mais altas ela não passa de um morrinho. E o homem tem que se humilhar cada vez que alguém traça paralelos por cima de seu cume, relacionados com seus vizinhos. É quando ele enxerga o mundo alto que existe ao seu lado e passa a meditar:

22 – “Também eu sou uma pessoa. Porque estas pessoas são mais altas (importantes) que eu? Eu não consegui ficar tão alto como elas, então eu quero ser o que elas não são e não conseguirão ser com facilidade: eu quero ser humilde e nesta humildade quero fazer com que meu fogo de amor interno fique cada vez maior. E quando este estiver em chamas brilhantes, então todas estas névoas serão expulsas por este fogo interno e lentamente cobrirão minha altura, para que esta não seja olhada por olhos irados dos vizinhos maiores.”

23 – Vede, é assim que devemos interpretar esta visão. Estas névoas não indicam que vossos peitos ainda estão tão nebulosos, como estavam no passado. Porém, como elas se elevam dos peitos, elas indicam que vossos corações estão em chamas e que estas chamas expulsam as nebulosidades e as expõem totalmente aos raios do sol.

24 – O que é que o sol faz então? Como ele vê que a montanha iniciou este processo tão bom em seu interior e que ela deseja se humilhar de fato, ele atrai todas as nuvenzinhas num só grupo e faz com que um vento matinal de grande significado as atraia. E quando tiverem se unido, o sol as puxa para o cume e as aprisiona.

25 – Isto significa que vosso amor, já começou a se livrar destas névoas e com elas, por Minha ajuda misericordiosa, aprisionar vossa razão da maneira como vos mostrou tão claramente a visão desta montanha

26 – Estais a ver que estáveis enganados, quando ontem achastes que Eu estava a vos magoar com a tal “falta de amor”.

27 – Mas com respeito às outras montanhas, elas não se vos apresentaram unidas, quando as observáveis com vosso binóculo, mas sim elas se rasgavam nas suas arestas nuas. Isto representa a maldade das pessoas materialistas, que só parecem ter um pouco de calma e paz, quando vistas com os olhos naturais, sem binóculos; mas com os binóculos do espírito elas são aproximadas aos olhos internos, e aí se consegue ver a verdadeira situação de sua fingida calma ostensiva, que rompe quando o anoitecer de suas vidas chega (o que sempre acontece). Meu servo bem viu com binóculos, ao observar ontem as montanhas. Estas montanhas aos olhos nus ainda continuavam a fingir uma calma, mas com os binóculos via-se que elas eram rasgadas pelo vento e que mais pareciam um mar escalpelado, do que uma série de montanhas. Já esta montanha ao lado permanecia envolta pela sua humildade e bem cedo, quando ainda vos encontráveis em vosso albergue em admiração a estes seus vizinhos bem maiores, ela incitava as montanhas menores a seguir seu exemplo.

28 – O que foi que vistes hoje? A Terra vestida de humildade! É assim que vós, vós que vos humilhastes pelo Meu Nome e pelo Meu Amor, vos encontrareis vestidos ao chegardes ao mundo espiritual, após finalizardes vossa vida na Terra: com o manto da humildade

29 – Pois isto Eu digo: O pecador poderá fazer tudo o que ele quiser, poderá obedecer aos mandamentos com muita seriedade e severidade, poderá orar dia e noite, poderá praticar atos de arrependimento, poderá jejuar e se mortificar suspenso... Ao ver as atitudes externas de seu arrependimento, Eu digo que ele poderia até mesmo arrancar sua pele e com ela vestir um morto e com sua fé poderia acreditar que tem poder até sobre as estrelas do universo... Mas se ele não possuir o Amor, Eu vos digo: Ele receberá o salário pelo que trabalhou, mas com o manto da humildade da inocência ele não será vestido. Somente o Amor nos habilita a vestir o manto verdadeiro da inocência, pois ele é este manto. E sobre sua cabeça voarão os humildes e inocentes, cheios de Amor, tal qual ontem observastes flutuando bem acima das montanhas.

30 - Mas aquele que, invés de tudo isto, só se apoderou do suave e fácil Amor e o tornou vivo em seu coração, este expulsou de seu interior toda ou qualquer culpa pelo ardente fogo do santo e se purificou totalmente na sua humildade, pelo Meu Amor que existe nele. E as “nebulosidades” que foram expulsas também serão purificadas pela Minha Misericórdia e se tornarão vivas pelos espíritos que sopram de Meu eterno amanhecer. E assim, da culpa purificada será preparado o manto da pureza, para aqueles que não Me encontraram na fé, mas sim na humildade e no Amor.

31 – Pois quando se diz que em primeiro lugar deve-se procurar o Meu Reino e que tudo o mais será uma dádiva acrescentada, pensai bem: este Meu Reino não é nada mais nada menos que o Amor! Então quem Me procura no Amor e pelo Amor, este Me procura em Espírito e Verdade, e isto é “Meu Reino”.

32 – Quem Me encontrou desta maneira, este terá Me encontrado e o Meu Reino Comigo. E se ele encontrou isto, dizei-Me: Que mais que ele ainda deseja ou precisa encontrar?

33 – O Amor traz tudo consigo. A fé, porém, só traz a si mesma. E muitos podem ter fé sem amar, mas será bem difícil pensar que o Amor exclua a fé.

34 – Por isto agora digo como sempre vos digo: Crescei no Amor, pois só assim crescereis em tudo mais. Pois o Amor perdoa tudo e dá tudo. Isso vos digo Eu, vosso Pai e eterno Amor. Amém.


Sobre “Herodes, a raposa”

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de dezembro de 1840

Foi pedido ao Senhor esclarecimento sobre os seguintes versículos do Evangelho de Lucas cap. 13, 32:

Disse-lhe Ele: - Ide dizer a esta raposa: “Eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã, e ao terceiro dia terminarei a Minha Vida. E necessário, todavia, que Eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admirável que um profeta morra fora de Jerusalém”.

1 – Novamente não entendeis algo tão fácil. Observai vosso coração e logo encontrareis a “raposa Herodes” bem dentro dele, este que gostaria de comandar em primeiro lugar a carne, amanhã a alma e no terceiro dia o espírito.

2 – Para ele será muitíssimo desagradável saber que Eu julgo, pelo poder de Minha Palavra, em primeiro lugar a carne. Mas só após Eu ter retirado da alma todas as impurezas, maldades e luxuria de todas as coisas, é que, em terceiro lugar, torno a alma viva pela Minha Misericórdia e então liberto o espírito pelo Meu Amor.

3 – Pois então deveis ser fortificados na carne, e que a raposa do amor-próprio não se dê conta. Amanhã cada um de vós terá que ter liberta vossa alma de todas as malvadezas que nela se instalam pela carne. E no terceiro dia o espírito deve ser totalmente livre para a completa posse da alma, para que então seja feito um cantinho para Mim em vosso coração, para que Eu, pela obra da redenção, lá, naquela Jerusalém - e em nenhum outro lugar, pois não seria adequado para Mim - complete a Mim mesmo no homem, para que com isto o homem se aperfeiçoe em si e por Mim. E que assim ele renasça totalmente, pela Minha Perfeição dentro dele. Isto seria hoje, amanhã e no terceiro dia; ou seja: na carne, na alma e no espírito; ou então: no mundanismo, na espiritualidade e no Amor ; ou mais ainda: nesta vida, após o desencarne e finalmente para e no Céu.

4 – Mas o que tem a ver o homem com a “raposa”? Vede, aqui não existe nenhuma criatura em julgamento que deseje deixar de realizar o seu destino. Mas somente com o homem é que aparece a liberdade, e como consequência o espírito se apresenta ao mundo (isto acontece na ressurreição para eternidade). Por isto Herodes não é nenhuma raposa ou qualquer outro animal. Mas ele quer ser esperto como a raposa, sem pensar que Eu sou muitíssimo mais esperto e que entendo muito bem em atrair os pais do inferno para fora de suas casas, daí então fazer Minha aliança com suas filhas e sequestrar todas para Meu Reino. Não preciso prestar contas a ninguém após ter feito isto, e a raposa não Me preocupa nem um pouquinho, pois Eu sou um Senhor, e faço tudo o que quero.

5 – Vede esta é a compreensão fácil e simples destes dois textos.

Faze tu com tua “raposa” o mesmo que Eu faço com Herodes, então logo estarás Comigo, teu Senhor, Mestre e Pai. Amém.


Das fusões no reino natural

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de dezembro de 1840

1 – Com respeito aos órgãos de respiração das plantas, não existem outros, a não ser os estudados anteriormente (22 de novembro de 1840). Mas como acontece em tudo neste mundo natural, mesmo que sejam totalmente diferentes nos seus extremos, existem entre eles coisas que se assemelham. Muitas vezes ninguém sabe a que classe ou espécie pertence um ou outro, onde começa um e termina o outro.

2 – Esta fusão no mundo natural não só conseguireis observar de uma classe para a outra, mas também nas classes iguais, tanto no mundo mineral, vegetal ou animal. Ao observardes uma pedra de cal, conseguireis ver uma variedade de etapas de transição. Esta pedra nas suas primeiras aparições é uma pedra dura e não tem quase nenhuma diferença da sílica. Desta sua forma dura ela evolui para algo tão mole, que quase não há diferença entre o cal a argila. Este tipo de aproximação existe em todos os minerais e não é só na sua qualidade, mas também na sua forma.

3 – Tal qual os minerais, isto também acontece nas plantas e nos animais. Observai a diversidade da macieira! Quem pode determinar onde este gênero começa ou termina? Também a enorme variedade de vinhas de uva nos surpreenderá, mas quem sabe onde a classe da vinha de uva começa ou termina? Como já mencionado, qual ponto exato entre um e outro extremo? E nenhum gênero há que não seja possível encontrar uma semelhança com o anterior e com o que lhe segue.

4 – Isto também acontece nos animais. Observai as várias raças de um gênero animal. Quem pode afirmar onde uma raça começa e onde termina? Ou quem pode determinar o ponto culminante de uma raça e onde seu ponto mais inferior?

5 – Tomai como exemplo o cão e tentai determinar onde esta classe se inicia, onde ela acaba, qual o ponto culminante deste animal e mostrai-Me qual cachorro é mais o “cachorro”.

6 – Eu vos digo: todas estas classes, raças e gêneros se interligam umas às outras, como as ondas do mar, onde também ninguém consegue dizer qual é a primeira, a do meio e a última a inquietar a superfície do mar.

7 – Eu vos digo, e todo ser humano comum também dirá: Aí não existe nenhuma primeira, nem uma última. Mas uma onda impulsiona a outra e com ela se funde, sem que deixe de ser o que sempre foi e será: água. Mas ela já não mais se encontra na sua posição anterior, pois no momento em que ela impulsiona uma outra, ela agora ocupa o lugar desta, e já existe uma outra que a está a empurrar.

8 – Para entender melhor este exemplo, imaginai um círculo que tenha sido dividido em graus exatamente iguais. Agora dizei-Me o que pensaríeis de alguém que afirmasse: “Este grau é o primeiro?” Daí Eu vos questiono: Por que vos alterais um com o outro pela primariedade de um grau, se um é idêntico ao outro e somente são separados por uma linha e se é totalmente indiferente qual considerais primeiro? Podereis dizer: “Se um é igual ao outro e separado por uma divisória idêntica, de nada nos adianta discutir por assunto tão tolo que nada nos acrescentará. Que o próximo seja o primeiro, e dele começaremos a contar. Como determinamos o primeiro, o último será uma consequência.”

9 – Vede, é assim que tudo acontece no círculo dos elementos do mundo natural. Sempre um se funde ao outro sem ser detectado, tal qual uma onda na outra.

Mais sobre a respiração das plantas

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de dezembro de 1840

1 – Com a explicação que vos foi dada sobre a interligação dos diferentes gêneros, podereis encontrar plantas que muito se aproximam do reino animal. Estas plantas têm órgãos que muito se assemelham aos órgãos dos animais, e neste degrau podereis ver plantas que comem pequenos animais com seu caule.

2 – Tais plantas que tomam alimentos grosseiros do exterior precisam possuir estômagos e órgãos digestivos em seu interior, os quais se encontram debaixo do caule das flores. Ainda têm um estômago principal no seu centro e outros no local onde elas afloram do solo.

3 – No momento em que uma destas plantas tem um estômago, ela também precisa possuir um pulmão. Mas para que reconheçais a necessidade disto, primeiro deveis conhecer a respiração dos animais.

4 – O animal não respira somente por causa do poder químico do ar, mas também porque ele come alimentos mais grosseiros, a fim de ficar mais forte na sua natureza. Assim o estômago - que sempre se encontra próximo do pulmão - tem que ser “sacudido” de uma certa maneira (ele e todos os órgãos que lhe são vizinhos) pela dilatação do pulmão. Isto é necessário, para que o alimento que nele se encontra seja constante remexido. Assim, suas partes se friccionam umas às outras, e com esta digestão criam uma eletricidade que gera calor ao animal.

5 – Vós mesmos dizeis: “Com a comida, fiz mal ao estômago”; ou então: “Pesei meu estômago.” Isto quer dizer nada mais de que comestes alimentos não adequados a vosso estômago ou pulmões; ou então este alimento, por seus elementos negativos, tem pouca eletricidade positiva e assim não permite a fermentação.

6 – Para que exista uma fermentação, a eletricidade positiva é imprescindível, pois a fermentação é a libertação de eletricidade que se encontra nas células de todo ser vivo orgânico, como pequenas garrafinhas (eletricidade esta indispensável à vida). Quando esta eletricidade for elevada por elementos externos, então ela destrói estas células e se funde com os polos positivos da eletricidade do ar, ou então entra nos órgãos dos animais (ou plantas semelhantes a animais) como um alimento novo e vital.

7 – Vede, é esta a razão por que sempre deve existir o pulmão nos animais, como também naquelas plantas que têm órgãos digestivos: para que estes órgãos se mantenham num constante movimento de ficção.

8 – Creio que nem mais é necessário mencionar que em algumas plantas suas raízes são mais “animais” do que a planta em si. Este tipo de raiz se movimenta sob o solo feito um verme, procurando o alimento próprio para esta planta. É nela que se encontram seus órgãos respiratórios. Mas nos climas mais frios raramente são encontradas plantas semelhantes a animais. Estas se encontram nos climas tropicais e subtropicais.

9 – Mas se alguém acha que com um microscópio de alta precisão poderá enxergar tudo isto numa planta, está muito enganado. Precisaria de um onde uma ameba parecesse um mundo. Só conseguirá ver os poros naturais de respiração inerentes a cada planta. E se conseguir observar alguma dilatação e redução, ele deve saber que isto não passa de uma ilusão de ótica causada pela pulsação do observador, pois em momentos de grande tensão tal pulsação se reflete nos olhos do mesmo. É muito comum pessoas prejudicarem a visão com a leitura constante de letras pequenas, ou então com observações microscópicas.

10 – Também pode acontecer que, quando ainda existe a eletricidade positiva na planta (isto se vê quando ela ainda estiver verde e viçosa), a polaridade elétrica positiva desapareça de um local da planta. Esta então encolhe e murcha bem no local onde houve a perda, puxando células vizinhas para junto do mesmo. Então a eletricidade das células vizinhas pode entrar nas cápsulas vazias, e a planta se dilata mais um pouco, até que a eletricidade absorvida a abandone.

11 – É com isto que, em partes que sejam separadas da planta, observamos o que se chama “murchar”. A planta perde sua elasticidade e seu frescor, o que pode ser retardado se ela é colocada em água logo após a separação, pois esta retarda a saída da eletricidade e ainda consegue alimentar a mesma por um certo tempo, especialmente se a planta não for uma planta faminta de eletricidade. Esta planta então pode sobreviver longo tempo na água, se alimentando de sua eletricidade; às vezes cria raízes e permanece viva na água.

12 – Isso é tudo que devemos observar na respiração e órgãos respiratórios das plantas. Mas com respeito à respiração espiritual, será elucidado mais tarde.


Sobre os vermes parasitas (dicas sobre a educação das crianças)

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de dezembro de 1840

1 – Com respeito aos vermes-parasitas dos órgãos no reino animal mencionados hoje por ti, Eu vos digo o seguinte:

2 – Havia uma vez um agricultor. Este agricultor um dia examinou todos os seus silos, estábulos, caixotes e sacos de farinha, então encontrou um grande número de camundongos e ratazanas, os quais lhe causaram grandes prejuízos. Então ele resolveu adquirir gatos para acabar com os roedores, tantos gatos quanto possível. Decidiu e realizou, e em pouco tempo não mais existiam roedores.

3 – Mas após terem limpado a casa, ficou o problema da superpopulação de gatos. Que fazer com eles? Pois como os gatos não conseguiam mais pegar ratazanas e camundongos, passaram a trazer muito mais prejuízo que os roedores! Bem, o jeito foi dar fim aos gatos. Mas logo após desaparecerem os gatos, lá voltavam os ratos, as ratazanas e os camundongos, que começavam novamente sua destruição.

4 – Desta vez o agricultor não cogitou dos gatos. Ele pensou: “Bem roedores, podeis esperar. Vou colocar veneno em tudo, e logo vosso apetite passará”

5 – Mas quando ia fazer isto, um amigo o alertou: “Se fizeres isto, com que tu te alimentarás? Certamente sucumbirás ao veneno com o qual queres matar os ratos!” E o amigo continuou “Tranca todos os teus frutos bons em câmaras de ferro, as quais nenhum rato consegue roer, e a fome afastará os ratos de tua casa”.

6 – Ele seguiu o conselho e logo viu as boas consequências. Pois sem esforços e sem custos, nenhum homem consegue obter algo valioso e bom.

7 – Ao observardes este exemplo, certamente direis: “Quem entender esta parábola e como ela se adapta aos vermes-parasitas, este deve entender mais do que uma mente humana comum consegue entender”.

8 – Eu, porém, digo: Esta parábola é totalmente aplicável aos vermes-parasitas, os quais existem em três tipos: os assim chamados vermes-novelos ou vermes-casulos; os vermes que se assemelham à minhoca e à solitária; junto a estes vermes principais, outras classes secundárias menos conhecidas, tais como lombriga, oxiúro, ascarídeo e outros.

9 – Todos estes bichos o ser humano adquire pela comida que usa, ou que lhe foi dada quando criança, e que tenha em si partículas animais em demasia. Para as crianças deve-se evitar leite impuro ou gorduroso e alguns frutos já conhecidos e muito comidos pelos animais.

10 – Esta é, pois, a explicação natural da obtenção destes parasitas. Mas a criação dos mesmos ainda é um processo espiritual desconhecido. Pois os espíritos não-puros, que muitas vezes já nasceram com a criança, procuram neste tipo de alimento o que lhes é compatível, disto se revestem e então se tornam estes seres tão horríveis e prejudiciais no homem, para que consigam logo no principio, nem que seja fisicamente, prejudicar a saúde humana. Mas isto só fazem os mais grosseiros e tolos, pois, com cuidados fáceis, serão castigados e expulsos por meios naturais condizentes.

11 – Mas muito mais prejudiciais são estes seres quando, abandonando sua forma material, retornam em forma espiritual. Pois então eles deixam o corpo em paz e começam a fazer seu miolo na alma, levando as crianças a fazer um sem-fim de malcriações. E se por acaso forem mortos por meio de um medicamento espiritual forte, questiona-se se a alma não sofre um estrago mortal por causa do alimento que lhe foi retirado.

12 – Um alimento mortal para a alma seria ensinar às crianças e aos jovens, cedo demais e de uma só vez, tudo que é prejudicial, infame e todos os vícios. Certo que desta forma a alminha saberia de tudo o que lhe poderia acontecer, mas dizei-Me se tal alimento não teria sobre a mesma o mesmo efeito do veneno aplicado em todos os alimentos, para matar todos os bichos nocivos. Então o bom conselho do amigo é o melhor a fazer. Primeiro devemos evitar que as crianças cheguem perto deste tipo de alimento material; segundo, com respeito, devemos colocar suas almas em cofres de ferro. Ou seja, enquanto elas ainda precisam de ensinamentos, não as deixemos fazer o que bem entendem, mas sim as guiemos com firmeza, até exigindo-lhes obediência severa, contudo especialmente devemos dar-lhes muito, muito amor.

13 – Vede, esta é a conservação dos frutos nobres num “cofre de ferro!” E como desta maneira os bichos não mais encontram alimentos para permanecerem vivos, então eles ficam chateados e famintos e em pouco tempo se afastam à procura de um pouso mais agradável e hospitaleiro. Este tratamento então se iguala a uma severa dieta alimentar, mas é muito mais eficaz contra todos os males da vida.

14 – Isto é que significa a parábola que vos dei. Mas ainda sobraram os muitos gatos. Estes gatos são na natureza um exagero e uma variedade exagerada de medicamentos. O mal é retirado sim, mas logo após ter acabado, quando os gatos (medicamentos) não têm mais nada para comer, então eles atacam a despensa (órgãos internos) e assim destroem a saúde de todo o ser. E no fim será mais difícil livrar-se dos gatos do que livrar-se dos bichos nocivos em si mesmo.

15 – No aspecto espiritual, os gatos representam a grande quantidade de instrutores a que os jovens são submetidos, com uma variedade enorme de opiniões. Eles certamente podem destruir alguns vícios que existem na alma, mas após esta limpeza, quando os professores nada mais têm a limpar, há casos (por Mim bem conhecidos) onde estes “gatos” põem vícios na alma, para justificar seus empregos.

16 – Então o bom conselho é o melhor e o único “medicamento” a ser usado. Pois aí não precisareis nem dos gatos nem do veneno, tanto no tratamento físico como no espiritual. Observai bem este testemunho e vós vos tornareis livres, como também vossos filhos, de todos estes males. Isso digo Eu, vosso eterno Amor e Sabedoria. Amém.


A dança

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de dezembro de 1840

1 – Tu te perguntas o que há na dança de tão ruim e prejudicial que tanto Me desagrada. Presta atenção tu, homem fraco, tu, que temes os homens e que neste teu temor desejas conhecer assuntos que somente Eu dou aos valentes. Eu já te contei grandes coisas e retirei o véu de teus olhos, mas tu estás preso ao julgamento dos homens e temes ao extremo ser por eles desprezado, esquecendo-te que Eu estou acima, muito acima de todos e tudo.

2 – E quando tu te lembras de Mim, o fazes em teu temor, no qual no fim fecharás teu coração, te tornarás cego qual uma toupeira e entupirás teus ouvidos de tal maneira, que jamais conseguirás ouvir Minha Voz. Se tu não expulsares seriamente teu temor, de agora em diante a nada de bom ele te levará.

3 – Como tu podes pensar que Eu Me utilizaria de Satã para levar alguém à humildade, mansidão, paciência e obediência; sim, utilizaria até mesmo governantes ou alguma igreja que por lá houver (no reino de Satã), e tudo isto no Espírito da Verdade? Eu digo: quem afirmar isto, este sim permite que Satã se libere. Por ele deveis orar, como também por toda a igreja católica, para que ela também reconheça seus erros e o que ela possui de Meu Espírito, Meu Amor e Minha Verdade, pois senão sua debandada acontecerá em breve. Pois quem ama Meu Nome e tenta glorificá-lo em seu coração, este está Comigo e não contra Mim.

4 – Como é que alguém do reino de Satã poderá dizer Meu Nome, pois em Satã nada do que vem em Meu Nome (que de fato é Meu Amor) pode acontecer? E como que Satã - que é o absoluto polo oposto de Meu Amor e com isto a Quinta Essência da Ira de Deus - um ser que se afastou totalmente do Amor, pode prestar algum serviço ao mesmo?

5 – Quando alguém deseja pronunciar uma palavra com a qual quer identificar alguma coisa, ele em primeiro lugar deve conhecer a conotação desta palavra, ou pelo menos deve ter a capacidade de entender esta palavra, para só então comandar sua língua a pronunciá-la. Mas como seria possível que alguém pronunciasse a palavra “Pai” em japonês, se não a conhecia neste idioma? E mais ainda, caso esta palavra fosse um segredo daquele povo? Ou ainda por ser mudo e incapaz de emitir qualquer som, nem mesmo na sua língua materna, quanto mais em japonês?

6 – Eu vos afirmo que a um mudo seria mais fácil pronunciar a palavra “Pai” em japonês (mesmo sendo uma língua desconhecida dele), do que Satã chamar o Nome de Meu Amor. Espíritos maus só podem agir no plano mundano e levar inúmeros seres humanos ao pecado e paixões, tais como inveja, orgulho, ânsia de poder, ódio, prostituição, dança, gula, volúpia, etc. E neste sentido, Meu Nome para eles é totalmente desnecessário e irrelevante. E quando os homens mundanos já não desejam ouvir nada sobre Mim, quando Meu Nome lhes é um horror que os enoja, tanto o mais ocorre a Satã.

7 – Mas quem reconhece e ama sem temor o Meu Nome, o qual é Jesus - o Filho do Deus Vivo, a Palavra, o Amor do Pai - este então também ama o Pai e não poderá jamais ser contra o Espírito Santo que se origina nos dois, mas sim está pleno Dele e por Ele. O que é que Satã, na sua ira e falsidade, tem a ver onde o Espírito do Eterno Amor que renova tudo que vem de Deus, o Pai, pelo seu Filho, Jesus?

8 – Tende isto sempre em vossos corações e sede sem temor. Pois Meu Reino deve ser conquistado com várias provas, e o verdadeiro amor sempre deve vencer a prova de fogo tal qual ouro puro, pois sem esta prova ele não Me merece.

9 – Lembrai-vos do jovem rico no evangelho e lá vereis quão distante ele ainda se encontra de Meu Reino. Observai as sementes sob os espinhos (mundanismo etc) e imaginai que tipo de fruto poderá brotar de lá. Pois então não sejais como o jovem ou como a semente nos espinhos, mas sim mostrai-Me o ouro puro de vosso amor e então tereis a vida!

10 – Bem, com respeito à questionada dança, Eu já vos demonstrei a contento o “prazer” que Eu tenho nela e quais as suas consequências. Ainda acrescento que ninguém se desculpe embelezando a dança vulgar sob o título de arte, pois assim ele jamais se livrará de seu rodopiador (este é o verme taenia-coenurus, que existe no cérebro da ovelha e a faz rodopiar e rodopiar, até cair morta). Pois como este verme existe no cérebro e causa uma doença geralmente mortal, existe também um “rodopiador espiritual”, cuja cura é muitíssimo mais difícil que a do físico e que atualmente se tornou de porte epidêmico.

11 – Pais que mandam seus filhos aprender dança colocam sobre seus próprios ombros um pesadíssimo lastro, pois seus filhos serão com isto estragados por espíritos malignos. As meninas serão prejudicadas em sua fertilidade, na sua pureza, no comportamento de seu coração, na sua fé verdadeira e no seu puro amor por Mim. Daí, futuramente, no amor de seu companheiro, nas suas tarefas caseiras e na verdadeira paciência, humildade, perseverança, em todas as provações e especialmente na sua alegria religiosa, na sua virtuosidade, na sua suave alegria cheia de frescor e simpatia de sentimentos. Nos rapazes se fará presente pelo mau humor em relação a tudo que é serio, em relação ao temor de Deus, na tendência oculta a paixões diversas e ao prematuro comportamento sexual, no desprezo a tudo que Me diz respeito e ao Verdadeiro Amor. Vede, isto de fato acontece e deve acontecer. Então raciocinai bem quanto a quem é o verdadeiro culpado e quem deverá responder por isto!

12 – E vós sereis como aquela figueira que não tinha nenhuma fruta, enquanto Eu Me encontrava debaixo dela cheio de fome. Vós pais sois a figueira, e vossos filhos são as frutas. Se a figueira estiver estragada pelo conhecido verme das ovelhas, então flor e o fruto cairão da árvore antes do tempo. E se o Senhor por ela passar e a encontrar vazia, fará o mesmo que fez com a figueira estéril. Considerai isto bem, vós pais, e observai Quem é que vos diz isso! Amém.


Não Me toques!

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de dezembro de 1840

Pedido: Senhor nós te pedimos que esclareças o seguinte:

João cap. 20.17: “Jesus fala a Maria Madalena: - Não Me toques, porque ainda são subi a Meu Pai! Mas vai a Meus irmãos e dize-lhes que subo a Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus”.

Mas em João cap. 20-17 está escrito: “Então Ele diz a Tomás: - Introduze aqui o teu dedo e vê as Minhas Mãos. Põe a tua mão sobre o Meu Lado. Não sê incrédulo, mas um homem de fé.”

Que não exista outra Vontade a não ser a Tua, tanto nas alturas como nas profundezas, e tudo o que lá aconteça seja segundo Tua Santa Vontade. Amém.

1 – Que assim seja! Escreve, pois. Mas não vos dais conta de que quanto mais próximo o assunto vos é, tanto menos o entendeis. Estes dois textos vos são tão próximos como poucos. Mas invés de procurardes o esclarecimento bem perto... não, vós o procurais bem distante, tanto em espaço como no tempo. Claro que lá nada encontrareis, pois a explicação está bem ao vosso lado.

2 – Como quem por acaso procura sua casa na água e suas habitações no fogo, não se dando conta que se encontra em sua casa e em suas habitações; enquanto isto, feito um cego, ele as procura lá onde não estão e jamais poderão estar.

3 – Em que igreja vós estais, e quem era Madalena? Qual é a igreja que se origina em Meus irmãos, e quem sou Eu? Nestas duas frases está todo o segredo.

4 – Por acaso achais que a antiga prostituta e bailarina que se apresentava ante os poderosos e pagãos, que desde a idade de doze anos possuía sete diabos em seu corpo - está certo, ela foi por Mim liberta dos mesmos, praticou muitos atos de caridade e amor, se arrependeu sinceramente, mas mesmo assim - achais que ela estava em condições de tocar Minha Divindade, quando só suas lágrimas e seus cabelos podiam tocar Meus Pés?

5 – Observai vossa igreja e a frase “Não Me toques!” vos aparecerá clara e bem nítida. Mas Eu digo o mesmo que disse para Madalena: “Vai e dize a Meus irmãos que Eu já ressuscitei entre vossos filhos várias vezes e que vou ao vosso encontro, para que Me olheis, coloqueis vosso amor no Meu Lado ferido e lá, tal como Tomás, vejais a pequena porta e o caminho estreito que leva à vida eterna e por ela ao Pai, que é Meu Pai e, por Meu intermédio, também vosso Pai, e é Meu Deus e também vosso Deus.”

6 – Por isso todos vós deveis colocar vossas mãos em Minhas chagas, para que acrediteis que Eu sou a vida eterna por Mim próprio, tal como sou a ressurreição; que não recebi a vida do Pai, mas sim Eu sou a vida no Pai, como o Pai não é fora de Mim, mas sim o Deus eterno é em Mim com todo o Espírito Divino, se origina em Mim com todo seu poder e força, tal como se origina no Pai, como um único e idêntico espírito.

7 – Como Eu fui tudo o que sou e o que serei eternamente, após ter ressuscitado, uma prostituta arrependida não teria sido totalmente destruída, em espírito e carne, se ela tivesse Me tocado? Pois ela ainda estava bem longe de ser totalmente pura; ainda faltava muito a ser eliminado nela. Tocar-Me só é permitido àqueles que deixaram Eu lavar seus pés e que tenham comido a grande ceia Comigo.

8 – Eu vos digo: Deixai que Eu lave vossos pés e que Eu vos atraia para um lugar à Minha mesa, à mesa do Verdadeiro Amor! Não vos preocupeis com a Madalena, mas acreditai que sou Eu que silenciosamente chego a vós. Colocai vosso coração no Meu lado ferido, para que sejais fortificados para a Vida Eterna.

9 – Pois a vós Eu não digo: “Noli Me tangere!”; mas sim vos digo como foi dito a Tomás - pois vós todos sois um pouco “tomases” - para que, como ele, também desejeis vos tornar vivos! Mas considerai bem: Só Eu, e não Madalena, possuo a vida! Mas a noticia de Madalena, somente, não é bastante. É necessário que Eu venha a vós e Me instale em vossos corações, para que a promessa se realize: Que Eu “suba” para junto de Meu Pai e vosso Pai, para Meu Deus e vosso Deus, e vós em Mim e Comigo. Amém.

Isso Eu digo para a ressurreição e para a vida eterna. Amém.


Mais uma vez: “Não Me toques !”

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1840

Pergunta: Em Mateus cap. 28.1 está escrito: “Depois de sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o tumulo.”, e no cap. 28-9 consta: “Neste momento, Jesus apresentou-se diante delas e disse: - Salve! Elas se aproximaram e, prostradas, beijaram-lhe os pés e o adoraram”.

De acordo com o Evangelho de João 20-17, Madalena quis Te tocar, Senhor, e Tu lhe disseste: “Não Me toques!”, mas segundo Mateus, tanto Madalena como a outra Maria abraçaram Teus Pés, e na explicação de ontem foi dito: “Deveria uma prostituta arrependida ter sido totalmente morta, se ela tivesse Me tocado?”...

Senhor, envia Tua Luz Misericordiosa, para dissipar nossas trevas! Que não exista nenhuma vontade, nem nos céus nem nas profundezas, além da Tua Vontade Santa. Amém. Que Teu Santo Nome seja sempre louvado e glorificado por toda a eternidade. Amém.

1 – A pessoa que não entende isto é cega, muda e surda, ou então é como a figueira estéril, tratada pelo Jardineiro com muito cuidado por um longo tempo. Mas como a árvore não dá nada mais do que folhas e galhos, os empregados aconselham ao Senhor cortá-la, para que não ocupe, sem dar frutos, um espaço tão precioso no pomar. Ao ouvir isto o Senhor disse: “Deixai a árvore por mais um ano. Podai-a e adubai-a, e se mesmo assim não der frutos, que vosso machado corte suas raízes e que ela seja usada para o fogo.”

2 – Presta atenção tu, tu que perguntas sobre assuntos tão fáceis que se originam em tuas contradições. A ti seja dito que é muito difícil servir a dois, de modo que cada um seja servido satisfatoriamente: o amigo e o inimigo! Se tu te preocupas Comigo, por que o mundo deve te preocupar? Mas se tu te preocupas em construir um atalho plano no mundo, onde é que fica o fruto espiritual nesta situação?

3 – Minha Vontade está bem acima da vontade do mundo! Tu queres as duas, a felicidade material e a espiritual, mas Minha Vontade vai contra isto; vê, isto não pode ser! Eu te digo: A felicidade terrena e a de teus filhos devem ser orientadas para Minha Misericórdia, então sim, Eu Me preocuparei com todo o resto. Mas se te dá prazer carregar problemas mundanos tão inúteis, carrega-os pois, mas cuidado para que o número um não seja despedaçado em uma legião.

4 – O amor dos pais com respeito aos filhos é cego. Eles não veem a semente, mas somente a árvore, não consideram o tudo que existe encerrado numa semente. Mas a semente boa, que produzirá milhares de frutos, só cresce em Meu jardim e na Minha terra. Na terra do mundo, ela logo sufocará; mas a semente mundana, esta sim cresce bem lá, produzindo todo tipo de ervas daninhas para os Meus celeiros.

5 – Isto Eu digo por tuas contradições, para que tua contradição no Evangelho se torne clara. Mas considera o seguinte bem: Como tu agora sabes Quem é Aquele para quem não existem segredos, então tu, quando fores atacado por dúvidas a respeito do rumo a seguir ou de alguma atitude tua ou de teus filhos a ser tomada, lembra-te bem que somente Eu conheço o caminho certo. Bem, por enquanto olha pelos teus três e deixa que Eu Me preocupe pelos outros.

6 – E para que Mateus fique sem culpas em ti, então aceita esta contradição e entende quando Eu digo à Madalena: “Não Me toques, mas cai ao solo ante Mim, abraça Meus Pés e Me glorifica em espírito e verdade; só então vai a Meus Irmãos e comunica-lhes que Eu ressuscitei!”

7 – (A todos) Isto é o que vós também deveríeis fazer. Não procureis a verdade, mas sim o Amor Verdadeiro e Puro, que corresponde a Meu Pés. Como consequência disto, ocorre a purificação de vosso amor, pois mesmo que penseis que ele é totalmente puro, sempre tem um bocadinho de sensualidade e por isto se assemelha aos Meus “Pés”, somente sobre os quais podereis andar em direção à vida. Por isto vos deve ser dito com muita ênfase: Não toqueis Minha Sabedoria antes que Meus Pés tenham sido apoderados e abraçados com todo amor possível!

8 – Madalena estava por Mim sensualmente apaixonada. Ela tinha até ciúmes e Me considerava seu único amante, aquele que tinha escolhido para si. Ela de Mim pensava que Eu era um profeta bem importante, mas Minha divindade ainda lhe era desconhecida. Considerando seu amor, ninguém tinha perdido tanto com Meu martírio e morte, pois ela não só tinha perdido seu Salvador, Senhor e Mestre, mas no seu coração ela tinha perdido seu amante, aquele que ela tinha escolhido para ser seu único homem. Esta foi a razão de seu desespero.

9 – Esta é a razão por que Eu falei a Madalena: “Não Me toques!”, mas mais tarde lhe permiti que tocasse Meus Pés. Vós Me perguntais: “Como explicar os toques de Tomás?” Eu vos digo: Como ela, ele primeiro teve que olhar Minhas Mãos e Pés com suas chagas, antes de poder apor suas mãos sobre a ferida que havia no lado de Meu Peito.

10 – Madalena, por estar sofrendo tanto, foi a primeira a perguntar por Mim aos Meus discípulos, que também o fizeram, porém mais por luto saudoso do que por amor.

11 – Mas quando Me viu a sua frente, a Mim, seu amante perdido, então seu coração quebrou todas as amarras. Gritou e com toda sua paixão quis se jogar em Meus Braços. Pensa bem Quem e o que Eu sou, e o “Noli me tangere!” estará claro a tua frente. Mas também considera o enorme amor de Madalena, e ficará bem claro o ato de abraçar Meus Pés.

12 – Também considera que João, Meu favorito, escrevia pela Minha Alma, enquanto que Mateus escrevia pelos Meu Pés, e tudo ainda te apresentará com mais clareza, inclusive a grande penitência de Madalena após Minha ascensão, pois só então ela reconheceu quem de fato era o seu amante e só então, com penitência severa em espírito e humildade, ela começou a Me amar em verdade.

13 – Eu afirmo: Aquele que não Me amar como Madalena, este não conseguirá resolver suas contradições e dúvidas em sua vida material, não Me achará e não conseguirá caminhar sobre Meus Pés, a fim de entrar na Vida. Vê, Meu Reino é da mais divina e da maior clareza, e nada há que não seja absolutamente puro no pomar. Não sirva a dois inimigos e então soluciona as dúvidas que existem em ti. No futuro, não esqueças mais que Eu sou teu Deus, teu Pai e teu conselheiro.

14 – (A todos) Vede, hoje Eu falo, amanhã Eu ajo e depois de amanhã Eu poderei chegar. Aquele que não estiver em casa, por sua casa Eu passarei sem parar. Amém. Isso diz Aquele que sempre deixa que abracem seus Pés. Amém.


Sobre o casamento e educação dos filhos

Recebido por Jacob Lorber, em 05 de janeiro de 1841

Senhor permite que eu ouça tua Santa Palavra, mas como sempre, que a Vossa vontade seja feita. Amém. Amém.

1 – Bem, então ouve e escreve. Eu te digo: Aquele que não segue completamente Meu Evangelho depois que ele o conheceu e meditou bem sobre o mesmo, vê, este ainda está longe de merecer o Meu Reino, pois teme ao mundo mais do que a Mim. Ele gostaria de Meu Amor ao lado do mundo, mas vê, Eu não posso ser amado ao lado do mundo, pois o mundo não está no Meu Amor, mas sim até a última molécula só existe pela Minha Misericórdia e de fato se encontra no Meu julgamento implacável (aliás, é para isto que o mundo existe: para ser julgado). Pois Eu só sou condescendente em Meu Amor e Misericórdia. Meu julgamento é derivado de Minha Ordem eterna, que é consequência de Minha Sabedoria infinita.

2 - Assim é com o irmão que está aqui pedindo esclarecimentos do Meu Livro (Lucas 16.8), porque ele não ouve a sabedoria de sua mulher, mas ama seus filhos além do que é justo e não mais impõe aos mesmos o respeito à mãe, especialmente nos assuntos domésticos, onde ela é extremamente sábia e dispõe de ensinamentos que são aplicáveis à toda sabedoria inútil que está a entulhar as cabeças das crianças. Isto de maneira alguma é o caminho certo para Meu Reino.

3 – Ele deve atarefar seus filhos com atividades úteis e com ensinamentos úteis, mas nunca deve esquecer o destino das meninas e dos meninos, pois senão poderá ter grandes desgostos com eles no futuro. Tudo isto deve ser sempre determinado pela voz do coração e com os olhos da alma. Se não agir assim, os filhos, com sua vontade selvagem, dominarão a vontade paterna e com suas mãos cruéis esmagarão o seu coração, pois já está fraco e condescendente demais. Deve agir agora, quando ainda é possível, e domesticar os corações e as mãos ainda suaves das crianças.

4 – Ele não deve ouvir continuamente as queixas maléficas dos filhos, mas sim examinar com grande seriedade suas ações, tanto em relação às suas ordens como também às da mãe, que na sua liderança doméstica sabe muito mais sobre os mesmos que o próprio pai. Ele também tem que combinar com sua esposa (sem a presença e o saber das crianças) as atitudes a tomar, para não prejudicá-la quando estiver educando aos filhos, pois muito do que ela decide é segundo Meus conselhos. Logo tudo estará mudado, e a educação dos filhos será positiva.

5 – Ele que leia no Meu Livro da Misericórdia e do Amor, como já expliquei aos Meus apóstolos, a maneira de um bom senhor orientar e comandar seus servos e familiares; que não deixe de dar a recompensa certa no momento certo, seguindo sempre Meu conselho interno. Ele não deve deixar passar o momento certo de recompensar, pois senão tudo será bem prejudicial. Pois Eu disse e novamente digo: “Abençoado o servo, quando seu senhor o elevar acima de todos os seus tesouros”.

6 – Mas já que este teu irmão se tornou um administrador e servo de Minha Nova Revelação e tendo esta Palavra da Misericórdia e do Amor, como é que ele está Me esperando e por que Eu ainda não desejo chegar? É porque ele ainda não aprontou a contento sua casa. Se uma casa ainda não estiver bem adequada, ela se parece a um pedaço de chumbo banhado em ouro; também tem o peso do ouro, mas com respeito ao valor interno, ela não passa de um metal sem valor algum e que está muitíssimo longe do ouro.

7 – Mas já que teu irmão é um obreiro eficaz na Minha Nova Vinha e como ele tem certos problemas com sua mulher, ele que sempre se importou mais com o mundo do que Comigo, então ele que faça o mesmo que o comerciante faz ante os compradores desinteressados que não sabem o valor das mercadorias e começam a pechinchar. Pois então o comerciante lhes dá pequeníssimas vantagens, a fim de vender suas mercadorias. Isto teu irmão também deve fazer: dar à mulher vantagens insignificantes, assim ela não mais o verá como um opositor e em algum tempo procurará nele a real mercadoria espiritual.

8 – Quantas vezes Eu tenho que Me comportar como os comerciantes em relação a vós? Se Eu não o fizesse, onde estaríeis? Quanta vantagem já vos dei? E considerai o seguinte: Como às vezes Me é difícil vender Minha mercadoria a vós, que já sois da Luz e não mais das trevas, quanto mais não serão as negociações com os “espiritualmente pobres” e “filhos do mundo”, que são totalmente cegos?

9 – Mas para que teu irmão consiga observar sua situação doméstica de uma forma mais paciente e condescendente, especialmente nos assuntos relacionados a Meu Nome tão conturbado, Eu vou indicar-lhe uma pequena questão que o fará pensar: Por acaso achas que Eu vim ao mundo para trazer paz à Terra? Não; vim ao mundo para trazer sim a desunião. “Se numa casa houver cinco pessoas honestas, haverá desunião entre elas; serão dois contra três e três contra dois. O pai será contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe. Haverá a nora contra a sogra e a sogra contra a nora” - Mateus 10-34-36.

10 – Vê, esta questão o irmão deverá considerar com toda seriedade, e lhe será tirado um peso enorme de seu coração. Mas se ele não entender esta mensagem, ele sabe bem onde mora o “professor pobre” (Jacob Lorber), que é mestre neste assunto. Lá é onde tudo lhe será dado de graça e bem explicadinho, para o entendimento deste seu coração acolhedor; assim ele se tornará um homem correto aos moldes de Meu Coração.

11 – Os assuntos que tratam do espírito parecem para o mundo uma tolice cheia de contradições. Mas não é assim! Quando o pavio fica preto sob a luz branca e a cinza fica branca sobre o carvão preto, ninguém questiona...; mas não é isto uma contradição da natureza?

12 – Por isso se vós encontrardes algumas contradições ao longo de Meus Caminhos aqui no mundo, observai o comandante de um navio; se ele não conseguir colocar as velas contra o vento - para que sua embarcação vença as ondas e para que o vento que se opõe ao seu avanço na verdade o acelere - este comandante ainda não é digno desta posição.

13 – Quando um ensinamento for dado, para que este sirva à vida, ele deve ser como a vida é: uma atividade na morte; com isto, a vida se torna vida frente a morte, e a morte se torna morte frente a vida.

14 – Eu aconselho ao irmão que não mostre esta mensagem à sua mulher, ainda não é a hora certa para isto. Eu darei instruções ao servo de como ele deve manipular esse assunto. Até agora não houve um grande erro, e assim o “inverno” logo passará! Joga fora o chumbo dourado! Aproveita bem as oportunidades! Segue Meu conselho com exatidão: Sê um bom comerciante e um administrador de tua casa. Quando houver contradições e oposições, não te acovardes e dirige todo o assunto cheio de amor, mansidão e paciência.

(A todos) Só assim vossa vitória será certa, pois tereis Minha constante orientação e Minha ajuda poderosa. Isso vos falo Eu, vosso poderoso Salvador. Amém.


Conversão dos cientistas e sábios

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de janeiro de 1841

Pedido: Senhor, santo Pai, Tu - que és pleno de Amor, Paciência e Misericórdia - poderias nos dizer se o desejo deste que Tu conheces é viável ou não. Mas que Tua Vontade se faça.

1 – Eu digo: Se desejardes, podeis fazer vossa vontade, mas já vos aviso: Será tarefa extremamente árdua colocar aquele que se enclausurou nos números no suave caminho espiritual.

2 – Pois saibais, existem cientistas que são mais duros que aço! Estes, ao fim, nem mais acreditam em seus próprios sentidos, quanto menos nos de pessoas totalmente estranhas que para eles valem menos que zero, por não pertencerem ao círculo dos endurecidos pelo fogo e água, até ficarem duros como o aço.

3 – Se uma parede for de lã, as pedras que se jogam nela não fazem quase barulho, mas também não vão ficar grudadas na mesma, pois a lã tem um efeito bumerangue e devolve o que foi contra ela jogado. Então devemos parar e lentamente envolver os objetos na lã, pois só assim ficarão seguros na parede, enquanto a lã permanecer lá. Se o fazemos com prejuízos ou conquistas, isto é uma outra questão.

4 – Mas se a parede for de lama mole, tudo ficará grudado na mesma, tudo que nela desejardes jogar. Mas para que? Qual a utilidade? A lama ficará inalterada como sempre, e os objetos que nela estão também.

5 – E nas paredes de um forte construído de ferro e concreto, nem uma bala de canhão deixará marcas de importância, além do que os atiradores devem ter muito cuidado com o ricochete da bala, pois poderão sair machucados. É bom observar uma boa distância!

6 – Bem diferente acontece com uma parede de fogo, onde tudo é aceito e purificado, e o objeto se torna algo cheio de fogo. Se a parede for de ferro, então é necessário um fogo bem forte, para que a parede se incendeie. É por isto que aqui também é necessário muito fogo e calor, para que esta parede fique líquida e se torne mais suave, mais flexível, e aceite a mensagem.

7 – A tentativa com os cientistas de ferro pode ter sucesso, mas com uma esperteza de fogo e com uma paciência bem iluminada. O tempo não importa, mas a manhã está antes da tarde e o dia antes da noite.

8 – Mas é bom para o atirador que ele não seja um ás do tiro e, mais ainda, que não saiba para onde vão suas flechas. Pois se não fosse assim, há muito tempo não seria mais atirador, ou teria exterminado toda caça, cuja razão de existir ele não conhece, mas existe.

9 – Vós não deveis vos preocupar com os resultados, pois Eu sou o senhor dos resultados. Fazei somente o que é vossa obrigação, que Eu farei o resto, o que é Meu dever. Não vos preocupeis ou desespereis se algo que iniciaste de uma forma tão positiva não sair como pensavas, mas sim considerai que Minha Razão é bem mais acurada que a vossa.

10 – Bem, a tarefa vos foi determinada, o sucesso, porém, só Me pertence. É desta maneira que cada obreiro receberá seu prêmio: Se a tarefa foi concluída e foi mal executada, então pouca lã produziu. Entendei e observai isso bem, pois isso fala vosso Pai carinhoso, no qual todos os resultados se encontram em estado embrionário. Amém. Amém. Amém.

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Mais uma vez, contra a dança

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de janeiro de 1841

1 – Escreve, pois Eu bem conheço a pergunta e o pedido cheio de temor. Mas já é tarde demais para que Eu possa vos dar uma resposta de paz, antes que Meu julgamento se derrame sobre as filhas dançarinas deste nosso irmão que tão angustiado está. Pois Eu falei muito com as filhas e foi tudo jogado ao ar. Elas nada entenderam e permaneceram com seus corações cheios de travessuras. Olham sua mãe (que está cheia de temores) com desprezo e ira, quando esta, para Me agradar, tenta evitar que satisfaçam suas paixões mundanas. Elas desprezam todos aqueles que se opõem aos seus desejos, ou, como dizem, “as atraiçoam em suas atividades mundanas”.

2 – Vê, o salão de baile já entupiu seus ouvidos de tal maneira, que Minha suave Voz já não consegue chegar aos seus corações. Minha Voz é desprezada e gozada, quando algo escutam. Por isto Eu muito em breve falarei com uma voz bem diferente, pois elas terão que Me reconhecer como um Juiz Supremo que julga severamente a tais filhos do mundo e das paixões.

3 – Pois todos sabem bem demais que a dança representa para Mim um pecado horrível: em primeiro lugar, porque no passado os pagãos se excitavam com as danças que praticavam, para despertar neles as mais sinistras paixões; em segundo lugar, porque hoje ela é considerada uma espécie de arte que permite todo tipo de expressões, totalmente livre de qualquer freio. É por isto que a dança é um grande pecado, não importa a razão por que é praticada, onde é praticada e como é praticada. Eu a considero um pecado mortal e a amaldiçoo mil vezes.

4 – E em terceiro lugar ela Me é repugnante, porque afasta até as crianças pequeninas de Mim, endurece seus corações. As meninas geralmente são estéreis, ou então têm grande dificuldade em ter filhos, e este filho já vem com esta tendência pecaminosa desde o ventre materno e que bem cedo se apresenta. E isto é tão forte, que ela afasta a criança de Mim; não por um certo período não, é para sempre. Então só o julgamento a fará voltar para Mim, mais nada terá efeito algum. Pois àquele que Eu chegar no julgamento, sobre este se abate Minha ira e a morte eterna.

5 – O melhor meio para combater esta paixão tão asquerosa é que os pais não se oponham ao mundo de uma forma explícita, mas sim com exemplos e representações cheios de boa vontade e de Minha Vontade, conseguindo assim que os filhos, por eles mesmos, se oponham e evitem estes convites do mundo. Pois quando os filhos se negarem a ir a um baile, então o mundo deixará os pais em paz. Do contrário, todo seu esforço unilateral não trará quase nenhum fruto ou bem estar.

(A todos) Por mais que apresenteis argumentos válidos contra o mundo, este sempre encontrará contra-argumentos que vos tirarão do equilíbrio, e vossos filhos serão por ele engolidos, no fim vos odiarão com todo o coração e serão vossos torturadores. Mas se vós permitirdes que eles sigam os convites do mundo, sabeis muito bem que tipo de serviço Me estais prestando.

6 – Se o irmão tivesse se dirigido a Mim mais cedo, em vez de estar cheio de medo ante seus parentes cegos, ele teria saído vitorioso em tudo. Mas ele Me afastou de seu lado de uma forma contrária a Minha Ordem. Pois Eu não vou ser nada condescendente com aqueles pais que Me devolvem seus filhos diferentes de como Eu os entreguei. Pois todos que chegam a Mim devem ser como os filhos, e se estes estão cheios de ira como é o mundo, Eu mandarei tudo e todos para o inferno, pois não permitirei que as casas puras de Meus santos sejam sujas com o sangue dos dragões do mundo em que se incorporaram estes filhos.

7 – Eu não dou a mínima para milhares de mundos repletos de tal filhos mundanos. Pois Meu Reino e Minha Criação é infinita. E para Mim, milhões de mundos têm o mesmo valor que uma maçã comida por vermes, caída ainda verde da macieira e que será pisoteada. Cada um de vós deveis ser tudo para Mim, e Eu devo ser tudo para cada um de vós, se desejardes que Eu vos olhe com Minha Misericórdia.

8 – Mas aquele que conseguir Me esquecer por causa do mundo, a Mim, que tanto já fiz por ele, em verdade a este Eu não mais procurarei devido a sua infidelidade e o deixarei cair onde ele quiser. E pela eternidade não mais Me preocuparei com ele, pois Eu não preciso e nem mais espero por ele, mas sim ele por Mim.

9 – Eu sou um noivo extremamente rico que corteja e deixa ser cortejado. Mas lá onde Eu cortejo, lá Eu sou extremamente ciumento, e ai daqueles que se afastam de Minha Mão. Mas lá onde sou cortejado, lá Eu sou arisco e observo bem os que estão a Me cortejar. Será que eles estão com roupas de cerimônia de núpcias? Ai daqueles com vestes impróprias, pois Meu julgamento os castigará com rigor.

10 – Pois aquele que teme ao mundo mais que a Mim, este não Me merece! Aquele que confia mais no homem que em Mim, não merece Meus tesouros! Aquele que quer que Eu o acompanhe junto ao mundo, este não Me merece. É um tolo extremamente grande, que não Me merece e será na eternidade um miserável.

11 – A ti, Meu servo, Eu digo: Não tentes nada com estas três filhas apaixonadas pela dança, até que Eu te avise. Também elas mangaram de tua palavra em seus corações pois não aderias as suas vontades.

12 – Se as três não estiverem presentes, podes visitar teu irmão e passar tua mensagem aos que lá estão. Mas jamais em outra ocasião (com uma das três em casa), nem mesmo quando estiverem à mesa. Só após Eu te avisar! O que Eu te exijo é por amor ao teu irmão e a sua mulher. Isso é tudo a considerar, pois sem essa atitude não existe salvação. Amém. Isto Eu falo, o eterno Amor. Amém. Amém. Amém.


Palavras de alerta a um pai teimoso

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de janeiro de 1841

1 – Um pouquinho a mais para acalmar nosso irmão que recebeu um nome no Meu Livro: “Mudo”. Ele não deve se afligir demais quando ouvir Meu trovão, tal como ontem foram ditas Minhas Palavras, pois visavam acordar sua casa inteira. Minha Verdade sempre se apresenta sob o aspecto de trovões, mas Meu Amor sempre chega como suave brisa. Mas tanto um como o outro se originam no mesmo Pai Amoroso e Santo.

2 – Mas quando Eu disse a Pedro: “Afasta-te de Mim, Satã; pois tu Me irritas, pois tu não ambicionas obter o que é de Deus, mas sim o que é do mundo!”, Pedro não perdeu nada, mas sim ganhou muito e se tornou o Meu Apóstolo mais fiel, seguro como uma rocha!

3 – Vê, Meu querido filho, se Eu te tivesse dito o que disse a Pedro, tu terias morrido de tanto medo. Mas Eu conheço tuas forças, por isto te dou o que podes carregar, e vou considerar este pequeno peso como se tivesse sido enorme. Pois àqueles a quem Eu amo, Eu envio provocações e muitas vezes uma cruz que parece ser muito grande, tão grande que quem a vê leva um susto enorme.

4 – Mas Eu te digo: A cruz só parece grande, mas seu interior é oco. Por isto é bem leve, é somente um “jugo suave” e um “peso bem leve”.

5 – Sê, pois, confiante! Sê severo com teus filhos e não temas tentar trazê-los para os Meus Caminhos. Nem um fio de cabelo te será prejudicado nesta tentativa. Confia em Mim ante toda e qualquer necessidade e continua a fazer a Minha Vontade.

6 – Mesmo quando tiveres necessidade de ajuda material, Eu posso te dar dez vezes mais do que tu precisas. Por isso não temas, por Minha causa jamais terás prejuízo. Que Meu servo tenha de se afastar de ti e de tua família por um curto período - repito: por um curto período - não é nada mais que Meu primeiro socorro. Tu e tua família deveis seriamente se ajustar a Minha Vontade. Com tudo o que poderá advir, vê somente o Meu grande desejo de conquistar teu povo para Mim. Eu farei de tudo para obter isto. Se te perguntarem por que Meu servo se afastou, não te preocupes sobre o que responder, pois Eu te darei a resposta certa.

7 – Então, nada temas, Meu querido filho, pois Eu jamais te abandonarei. Eu, teu carinhoso Pai. Amém. Amém.


Sobre reuniões e associações

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de janeiro de 1841

1 – Com respeito às reuniões, já foi bem explicado no Evangelho que onde duas ou mais pessoas se reúnem em Meu Nome, Eu estou no seu meio. Por isto não tenho nada contra se as pessoas se unem em associações para, com Meu auxílio, realizar algo útil.

2 – Mas onde há qualquer tipo de associação, é natural que, de acordo com a finalidade da mesma, as circunstâncias que orientam ou que levam a esta finalidade estejam em destaque na forma de lei ou, como vós dizeis, na forma de estatutos.

3 – É de se questionar quem deverá projetar e delinear estes estatutos ou estas leis. Então nesta sociedade a pessoa mais capacitada, mais habilitada e mais séria é convocada a ser uma espécie de diretor-chefe. Este então deve escolher para seus auxiliares diretos de três a sete “conselheiros”. Só após se ter todos estes escolhidos, é que os estatutos devem ser elaborados. Estes estatutos devem servir à finalidade da associação pela qual os mesmos foram criados.

4 – Estes estatutos deverão ser apresentados e bem explicados a cada membro ou a cada pessoa que deseje se tomar membro da associação. E nenhum membro novo deverá contestar ou querer acrescentar algo aos mesmos, mas sim, se ele achar que os estatutos são úteis, então ele que se junte ao grupo. Se não concordar, que se afaste do mesmo, mas só se for esta a sua vontade. Também nenhum dos estatutos deve ser retirado ou modificado, e nenhum novo estatuto deve ser criado somente para conseguir um novo membro. Todos os estatutos originais devem ser mantidos enquanto a associação existir.

5 – Pois se - como é muito comum acontecer - aparecerem membros novos, ou se circunstancialmente os estatutos forem modificados, os regulamentos originais tão cuidadosamente elaborados não devem sofrer nenhuma modificação, porque senão serão fragilizados e darão um diploma de incompetência e de falta de metas acuradas à associação, e ela poderá cair com a mais leve brisa. Pois leis novas tornam as existentes imperfeitas. E toda vez que uma lei deve ser subsidiada por uma nova, isto é um sinal que ela é fraca, doente e inútil. E com isto esta associação ou cooperativa se apresenta cada vez mais enfraquecida e desacreditada. Por fim, acaba totalmente, e a sua finalidade é enterrada e esquecida.

6 – Esta é a razão por que, antes de começarem a legislar ou escolher finalidades, um homem honesto, correto e bem intencionado deve ser escolhido como cabeça deste grupo, para que ele escolha seus auxiliares com muito cuidado e sabedoria.

7 – Se estes princípios forem observados para a fundação de uma associação, esta então será como um homem que coloca seu coração no que faz, que conhece todo o processo da vida e é bastante sensível ao seu meio, que contagia seus vizinhos com seus ideais e os mantém como uma espécie de “conselheiros”, pelos quais todo o organismo de tal homem, como também o homem em si, permanece na mais completa ordem e sincronia.

8 – Como seria possível ao homem continuar a viver, se em seu organismo houvessem constantes alterações? Como não seria se cada mão ou cada dedo desejasse possuir ouvido, nariz e boca? E se isto fosse possível acontecer, como é que o corpo deste homem pareceria, já que somente se encontrariam nele ouvidos, bocas e narizes?

9 – Observai como o homem é totalmente equilibrado e cada membro de seu organismo se complementa em uma associação equilibrada e produtiva, onde cada um tem sua finalidade definida e que não pode ser alterada. Isto deve ser observado por todos os que desejam fundar uma associação, ou que já estão numa, ou então desejem juntar-se a uma.

10 – Mas com respeito às sociedades puramente mundanas, cujas finalidades são somente os entretenimentos, Eu não encontro nenhum bom estatuto, além daquele que reza que elas não devem existir nem persistir. Onde elas persistirem, não devem causar desavenças nem prejuízos, muito menos afastar as pessoas de Minha Ordem.

11 – Mas onde sociedades novas deste tipo, que só se interessam pelos assuntos mundanos, desejarem se organizar, a isto digo: Elas não terão uma duração longa. Pois Eu Me encontro nas suas portas cheio de “estatutos”. Para estas sociedades também enviarei um anjo, para anunciar e preparar Minha Vinda, limpando com sua foice toda erva daninha, a fim de que Meu Trigo cresça com todo o vigor.

12 – E este anjo também possuirá um enorme tonel de fumaça. E com o mesmo ele espalhará uma fumaça horrível por sobre a Terra, para que toda peste que nela existir desapareça nesta fumaça. Para quem não sabe, a “foice” significa a “espada”, e o “tonel de fumaça” representa a “artilharia pesada”.

13 – Vede, com este tipo de estatuto Eu “visitarei” todas estas associações e cooperativas de puro entretenimento que existem na Terra. Porém Meu anjo deverá evitar o uso de sua foice e de seu tonel de fumaça naquelas casas cujos portais foram aquinhoados com palavras de Meu Ensinamento, de Meu Amor e de Minha Misericórdia. Pois Minha Palavra é uma Bênção muito grande para aquele que a recebe em seu coração e também é “óleo sagrado” para os portais. O anjo experimentará cada portal; se ele ranger, a casa será destruída até o solo; mas se abrir suavemente, então a casa será poupada pelo seguinte:

14 – Quando Eu chegar, chegarei como um ladrão e entrarei na casa no maior silêncio. Esta é a razão por que os portais e as portas devem estar bem lubrificados, pois onde a porta ranger, lá Eu não entrarei. Mas o coração é a porta. Se está cheio de medo, impaciência temor, infidelidade, dualidade e outros vícios parecidos, ele se mostra contrariado com Minha chegada. Então o “ladrão” se afastará rapidamente e não mais entrará por aquela porta tão descuidada e maltratada, nunca mais lá retornará como o grande legislador da Vida eterna.

15 – Em verdade vos digo: Onde houver um ser humano, este não estará sozinho, mas sim um grupo grande estará com ele. E é neste momento que precisam de um legislador, para que o grupo se torne uno e esta unidade seja uma Vida em Mim e originada em Mim. Mas sempre que um ser humano ou uma sociedade ou estiver, por medo constante, balançando entre Mim e o mundo, a esta com prazer lhe darei sua paz mundana e Me retirarei de sua companhia, juntamente com Meus estatutos da vida eterna. Eu não mais serei o perturbador da paz destas sociedades mundanas e não lá retornarei, antes que Meu anjo tenha por lá passado com sua foice e tonel de fumaça. Isso falo Eu, Aquele que está a vossas portas. Amém.


O verdadeiro sacerdote, médico e pastor

Luz e conselho para os fracos

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1841

1 – Escreve, pois, uma palavrinha cheia do mais elevado consolo para esta alma que está continuamente doente e que, na sua fraqueza, não consegue ajudar nem mesmo aconselhar. Ela se colocou numa situação bem crítica, ao confessar-se com um sacerdote inescrupuloso, sem ter pedido conselho a Mim ou a um sacerdote de coração puro. Esta confissão desnecessária e sua consequência a levou a ter uma grande angústia no seu coração tão fraco. Ela parece uma doente de cujo leito se aproximam dois médicos antagonistas. O médico menor se opõe contra o mais importante, mas de fato nada conhece sobre a doente, enquanto que o outro a cura com muita segurança e facilidade. Mas o médico inferior informa em bom tom ser ele o único que possui o medicamento universal e que somente este pode curar, o resto é tudo amaldiçoado.

2 – Disse a esta alma doente que somente Eu sou o médico certo e o único que pode ajudar, com toda a liberdade, a quem Eu quiser. Disse também que Eu não permitirei jamais que Me amarrem estes pequenos gananciosos sacerdotes, pois estes se preocupam muito mais pela conservação de sua autoridade do que pela verdadeira cura espiritual de seus confessados.

3 – Vê, este tipo de gente não é bom para Meu rebanho! Ele se preocupa em proteger as ovelhas dos lobos pela lã que elas produzem, mas não pelas ovelhas em si. O “bom pastor”, no entanto, cuida e protege suas ovelhas pelas suas vidas, pois elas lhe pertencem, e pouco se preocupa com a lã, pois uma ovelha bem cuidada produzirá uma boa lã. Com a vida vem a lã.

4 – Olha o universo de Minha Criação! Tudo isto existe por Meu Amor, Sabedoria, Misericórdia e Graça. Por acaso achas que Eu faço tudo isto por causa da permissão e da ameaça dos sacerdotes e só por eles Eu mantenho, renovo e povoo constantemente a Terra e todos os outros corpos celestiais? Ou que Eu tenha que pedir permissão a um sacerdote, ou então lhe pedir conselhos, para saber quanta luz Eu devo outorgar ao Sol e quando ele deve nascer ou se pôr? Ou qual foi o sacerdote que foi crucificado (por sua vontade) junto a Mim? Ou não foram justamente estes Meus sacerdotes que causaram Minha crucificação e que Me difamaram como se Eu fosse do diabo e contra seu suposto reino de Deus, o qual, sob o jugo deste tipo de sacerdotes, tinha se tornado muito mais um reino de Satã do que agora, em sua grande maioria?

5 – E no ser humano? A vida vem de Mim ou de um sacerdote? Sua existência se origina em Mim, o Criador, ou em um sacerdote qualquer? Eu te afirmo que sou um Deus, Senhor e Pai totalmente independente e não dependo em nada dos sacerdotes e sua casta. E se houver um sincero arrependimento, posso perdoar todos os pecados a todo ou qualquer ser. Mas - o principal e a todos os pecadores - apenas no momento em que desejo desconsiderar os pecados de alguém, dependendo de sua total e absoluta mudança de pensamento. Vê, Eu aí não preciso Me basear nas tais “absolvições” que a casta sacerdotal apresenta aos homens.

6 – Em verdade te digo: Quando Eu voltar, os cães e gatos Me reconhecerão muito mais cedo do que estes sacerdotes ávidos de poder, para os quais a lã é muito mais importante do que a vida de suas ovelhas.

7 – Mas se um destes sacerdotes não te outorgar sua absolvição, então vem a Mim cheio de confiança e lembra-te da parábola do filho perdido. Tem a absoluta certeza de que Eu, como santo verdadeiro e carinhoso Pai, te receberei em Minha Casa e no Meu Coração, abertos e sem nenhuma das penalidades que te impõem estes maus inquilinos de Minha casa na Terra.

8 – Nada temas, pois, e segue-Me. E Eu jamais permitirei que sejas destruído! Dirige teus filhos com afinco para Meu lado, e Eu te apoiarei sempre. E lembra-te que o Senhor da Criação é muito mais o Senhor do Espírito e faz tudo o que for de Sua Vontade.

9 – Vê, Eu te guio e eternamente te guiarei! Não te preocupes, então, com estes guias cegos. Amém.

Isso falo Eu, teu bom e amado Pai, que aqui te abençoa. Amém. Amém.


Confiança no Pai Celestial

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1841

1 – O homem é um pensador, Eu, porém, sou um guia. O amanhecer mais alegre ainda traz a todos preocupações. Mas quando chega o anoitecer e uma vez alcançada a meta, repleto de paz, ele pensa: Foi esta a Vontade do Pai.

2 – Escreve, pois, Meu servo, e passe esse Meu conselho a este teu irmão tão preocupado: “Tu deve confiar somente em Mim e confiar totalmente!”. Pois Eu bem sei onde o sapato está apertando e também sou um guia muito competente. Todos os caminhos são Meus conhecidos, e Eu sou o Caminho mais próximo e o mais curto. Quem nele caminha, este jamais deixará de encontrar a meta. Pois a quem Eu guio, este tem de fato um acompanhante seguro e confiável. Quem andar no Meu caminho, este estará perseguindo uma meta segura; sim, sou o Guia, o Caminho e a Eterna Meta Viva!

3 – Vê, pois, Meu querido filho, tu te preocupas em vão; isto se tu Me amas, Me chamas fielmente e acreditas indubitavelmente que Eu, teu Todo-poderoso e Santo Pai, sou Aquele que fala e te diz estas palavras pela boca de Meu servo escrevente. Faze assim, pois, cheio de confiança e fé em Mim. Podes ter a mais absoluta certeza que levarei tudo a um fim satisfatório e na hora certa.

4 – Em verdade, se tu Me amas e tens confiança em Mim por uma hora completa, então fazes muito mais, do que se tivesses inutilmente te preocupado por dez anos e com estas preocupações muitas vezes te afastado de Meu Caminho abençoado por qualquer ninharia!

5 – Dize-Me: Podes acrescentar para todos os tens filhos um só dia de vida? Ou te é possível fortalecer aos fracos e enfraquecer os fortes? Ou então tornar os pequenos grandes e os grandes pequenos? Ou que os cegos vejam e os videntes se tornem cegos, que os surdos consigam ouvir novamente e os de boa audição se tonem surdos?

6 – Vê, Eu sou um Senhor que reina sobre os vivos e os mortos! E os vivos sempre ouvem Minha voz paternal, a entendem e agem de acordo. Mas voz trovejante do Senhor Todo-poderoso os mortos entenderão quando chegar a sua hora. E toda a Terra, a Lua e todos os sóis estrelados e seus acompanhantes Me devem obedecer!

7 – Vê, desde o maior até o mais ínfimo, todos os incontáveis objetos do universo dependem de Minha Vontade. Mas tu, tu voluntariamente te encontras com teu coração em Meu Amor Paterno, que é a única centelha inicial de tudo. Como é possível que algo ainda te preocupe, pois sempre poderás contar com Meu Amor?

8 – Observa Meu servo! Ele não tem nenhuma fortuna, a não ser o que tem de Mim. Mas mesmo assim Eu posso afirmar que ele é muito, mas muito mais feliz e rico nesta sua pobreza material, do que alguém com tesouros e mais tesouros materiais aqui na Terra.

9 – Vê, aqueles a quem Eu abasteço, estes estão muito bem cuidados aqui no mundo material, mas muito mais estarão na eternidade e ficarão bem satisfeitos com o Meu Alimento. E Meu emprego não obrigará ninguém a cumprir horários de trabalho, mas sim oferecerá a feliz liberdade do Amor. Amém.

Obsessão

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de janeiro de 1841

Pedido do servo: “Senhor, Tua vontade seja feita! Tu bem sabes o que eu espero: que Teu nome seja sempre louvado e abençoado por toda a eternidade, em espírito e verdade. Amém.”

1 – Escreve, pois, só uma palavrinha sobre o que te está atormentando! Pois nesta época existem obsedados tantos, que a situação tão triste destas pessoas já é considerada como normal.

2 – Quando o corpo adoece de vez em quando, a causa disto é que algo estranho entrou nele por algum motivo qualquer. Logo o organismo, com suas atividades orgânicas, se esforça para expulsar aquele corpo estranho. Mas aqui acontece o mesmo que acontece a alguém que se perdeu num labirinto do qual não consegue sair com a mesma facilidade com que entrou. Sua entrada não possui nenhum obstáculo, mas a saída... Então um corpo estranho que se introduziu no organismo não pode ser expulso com a mesma facilidade com que consegue entrar no mesmo.

3 – Mas no organismo o corpo estranho causa obstrução das atividades normais dos órgãos, provoca uma série de problemas na circulação do sangue e de todos líquidos que dele se originam. Como então os líquidos não chegam aos órgãos aos quais se destinam, no momento certo estes ficam com fome, se encolhem e provocam dores espasmódicas, um repuxar doloroso, e ficam cada vez mais fracos. Finalmente o corpo e seus órgãos ficam com a tensão elétrica desequilibrada e em pouco tempo a perdem totalmente. A consequência é que o corpo se torna frágil e doente.

4 – Os corpos estranhos são, por exemplo, venenos de tudo quanto é tipo e em todos os elementos. Eles conseguem entrar no corpo das mais variedades maneiras: pela boca, nariz, ouvidos, olhos e também pelos poros da pele.

5 – Junto a estes venenos tão variados ainda existem os chamados contágios, os quais se assimilam ao corpo pelo contato ou mesmo até pela proximidade. Eles penetram pelos poros no corpo e começam a se juntar ao mesmo. O corpo fica doente, severamente doente, pois neste caso o corpo deve exercer uma atividade condicionada bem diferente da normal; e se não houver uma ajuda rápida, então este corpo não resistirá.

6 – Existe ainda uma terceira maneira das doenças se originarem: ferimentos violentos, os quais prejudicam e muitas vezes levam o organismo à morte. É de se entender que há dois tipos de ferimentos: o externo e o interno.

7 – Então se entende que a doença, qualquer que seja a sua origem e forma, nada mais é que a presença de corpos ou elementos estranhos que não correspondem ao corpo.

8 – O corpo naturalmente tem em si todos os elementos, mas para sua saúde estes devem existir na medida necessária ao ótimo equilíbrio dos mesmos, tal como a natureza predispõe. Então o tal “corpo estranho” é uma desproporção dos elementos naturais: às vezes existem demais, às vezes existem de menos no organismo.

9 – Muitas vezes o homem já é arruinado desde seu nascimento pelos pecados da vida desregrada dos pais. Assim os corpos estranhos já lhe são outorgados geneticamente, e vós então chamais estas doenças como “hereditárias” ou “crônicas”. Mas quando um mal deste tipo se repete em várias gerações, então este mal é se torna “normal” (quer dizer que está tão imiscuído na natureza das pessoas, que não é mais considerado anormal) e não mais pode ser expulso do corpo por meios naturais, mas sim só com um milagre Meu, o que se torna numa violência vinda de Mim, pois Eu, por causa de Meu Amor Cheio de Misericórdia, atuo contra Minha Ordem. Se não for assim, o mal não pode ser extirpado completamente. Lentamente ele se apresenta feito febre e epidemia, onde, depois de muita luta, míngua a pessoa, ou então a impõe ataques violentos e leva-a consigo; não só ela como a uma geração toda, dando razão aos médicos que dizem que contra males tão antigos não existem muitos meios de cura.

10 – Mas se algum de vós desejar saber se é portador de um mal hereditário silencioso e crônico, ou se está contagiado com algum mal ainda não detectado, deve jejuar bastante e com esta dieta tomar um medicamento adequado (*), e em pouco os males aparecerão: nos nervos, os males hereditários; nos membros e juntas, os crônicos; nos órgãos, os autoadquiridos. Para combater os males, é o caminho da assim chamada “homeopatia” que se deve preferir, especialmente os da primeira categoria.

11 – Até aqui Eu falei da obsessão no corpo, mas com isto Eu também mostrei a obsessão espiritual nos homens. Pois com a espiritual acontece exatamente o mesmo que com a corporal (material).

12 – Este tipo (o espiritual) de obsessão já se tornou tão normal, que as pessoas já nem mais se dão conta das maldades horríveis que os espíritos maus aplicam nelas. Sim, as pessoas estão de tal maneira obsedadas, que o seu eu e os espíritos maldosos se tornaram unos. O espírito malvado fala só pela sua casa, e a casa somente por seus habitantes indignos.

13 – Os sinais de obsessão estão no orgulho, na maledicência, nos palavrões, nos insultos, nos rituais da igreja, na cobiça, na gula, na usura, no escárnio, na injúria, na altivez, no rancor contra tudo que diz respeito a Mim, na moda, no luxo, na ostentação e outros tipos de singularidades similares.

14 – Quem não acredita nisto que experimente logo, na humildade, a dieta espiritual já aconselhada e tome em pequenas doses as Minhas Palavras. Muito em breve verá quem de fato é o “senhor” que mora em sua casa. E se este for por Mim expulso, ele não hesitará em conclamar todo tipo de bestas, para atormentar o liberto.

15 – Quem não quiser acreditar nestas Minhas Palavras, este que experimente a “homeopatia espiritual” e logo se convencerá que Eu, a Eterna Verdade, sou fiel a cada palavra por Mim pronunciada.

16 – Mas a purificação geral já não está longe. Ai daquele que for dono de tais bens. Amém. Isso falo Eu, a Eterna e Absoluta Verdade. Amém.

(*) Aqui creio que o Pai fala da homeopatia unicista (a tradutora)


A caçada feroz

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de fevereiro de 1841

1 – Este é um apêndice à mensagem sobre obsessão! Como aqui vou dizer coisas bem desagradáveis aos homens, considerai bem que Eu sou Aquele para o qual tudo é possível!

2 - Se a alguém que é bom e cheio de bons sentimentos se apresentam criaturas estranhas e más – tanto em atitudes (que neste caso são bem visíveis) como também em forma de vozes estranhas ou conversas cheias de altivez, rancor e insultos – martirizando o coitado do obsedado, jogando-o de um lado ao outro, batendo e castigando-o, então esta obsessão tem uma causa tríplice.

3 – Ao perguntardes por que uma pessoa inocente é submetida a tal martírio, há de se questionar o seguinte:

4 – Se um veado é abatido na caçada, este não mais será perseguido. Ele será levado para casa como despojo, presa da caçada. Mas enquanto um veado ainda for detectado pelos cachorros, eles não se aquietarão e perseguirão o animal, até trazê-lo à mira do caçador, para conseguir sangue fresco para lamber. Por outro lado, cada caçador tem o seu tempo para observar a idade do animal e algumas vezes o poupa, não permitindo que os cães o persigam nem o assustem, para não espantá-lo de seu território de caça. O animal é inocente; ele não consegue ver as manhas do caçador. Muitas vezes é uma presa tola e fica como se estivesse amarrado ao escuro território de caça da morte, permitindo que os cães o persigam e que o caçador o mate.

5 – Com este exemplo quero mostrar-vos como o rei das trevas caça constantemente os homens e considera todos como presa em seu grande território de caça. E se antigamente ele era um caçador ilícito, faz pouco tempo ele se declarou como proprietário de caça. Sabe poupar suas vítimas até o momento exato, quando então novamente promove uma caçada bem ampla, para retornar para casa carregando um grande despojo.

6 – Estas temporadas de caça correspondem às festividades populares, guerras, discórdias, luxúria e similares. E então são os bailarinos, os guerreiros, os invejosos os lascivos nada mais do que a “caça perseguida”. Salve todos aqueles que conseguiram se refugiar a tempo em Meu território de caça, por intuição ou por ouvir Minha Voz que anunciava o que estava por vir do território de Satã. Ai dos perseguidos voluntariosos. Eu afirmo que devem pertencer àquele de quem se tornaram servos.

7 – Ai dos músicos que dia e noite se esforçam para tocar as trombetas de caça de Satã, para atordoar a presa e empurrá-la até o alcance das flechas chamejantes do rei de todos os diabos. Ouvi vós, fiéis mercenários de Satã, vós que jogais o idioma dos céus nas trombetas da morte, vosso prêmio será bem grande no reino daquele a quem servis com tanta lealdade.

8 – Vê, Meu Servo, estes não podem ser obsedados, pois eles já pertencem à corte do senhor das trevas. Não duvides, é assim. A música dançante é a voz enganosa de Satã e é a voz das sereias, sobre as quais tanto falavam os antigos. Quem possui este tipo de voz não é mais um obsedado, mas sim ele próprio pertence ao grupo dos caçadores das trevas.

9 – Aí de vós que ensinais a dança, que promoveis danças, que organizais festividades com danças, festivais e concursos de danças; vós, tal como os músicos, também pertenceis à horda de caçadores de Satã e sóis verdadeiros diabos auxiliares para a grande caçada. Eu não preciso calcular vosso salário para esta atividade, pois aquele a quem tão fielmente servis já vos terá prometido o salário que ele considera justo. Vós sois servos bem diligentes e fiéis de vosso senhor; cada trabalhador vale o seu justo salário. Vós podereis ter absoluta certeza que em pouco tempo - isto é, nos tempos finais - já vos será pago o justo salário pela vossa tão árdua atividade. Em verdade, tudo será como Eu digo, e Eu serei vosso abonador, para que nada vos seja roubado do prêmio e que esta profecia se realize.

10 – Vê, Meu escritor, também estes não poderão ser obsedados. Observa todos os que tu conheces desta classe. Logo verás que são fieis servidores de Satanás e em cujas testas está escrito: “Dai-nos permissão e dinheiro, e nós vamos envenenar todo o mundo, construir salões de dança onde sóis celebrarão seu nascer e por onde planetas, quais ervilhas, rolarão de um lado a outro”. Para planos tão enormes e maravilhosos, deverá ser pago um prêmio condizente, pois no céu existe uma escassez bem grande de espíritos que pensam tão grandiosamente!

11 – Ai de vós, alunos de tais mestres! Em verdade vos digo: O rei da eterna noite já escreveu vosso nome em seu grande livro da morte. E o Meu anjo da Misericórdia já retirou estes nomes do Meu Grande Livro da Vida. Pode ser que mais tarde vós sejais atraídos por aqueles que dizem: “Senhor, Senhor, nós chamamos o Teu Nome, nós acreditamos que Tu eras o Filho Vivo de Deus; claro que não carregamos frutos maravilhosos, mas mesmo assim tivemos fé, fomos testemunhos de Tua Misericórdia e atuamos no poder de Teu Nome, pois bem sabíamos que sem a Tua Vontade nem mesmo um pardal cairia do telhado”.

12 – Eu então, destemido e usando Minha plena liberdade lhes direi: “Afastai-vos de Mim, vós, malditos e demagogos! Eu jamais vos reconheci como Minha propriedade! Pensais, pois, que Eu sou um assaltante ou ladrão que Me aposso da caça que não Me pertence?! Longe de Mim! Àquele a quem vós vos entregastes como propriedade deveis vos dirigir, para que obtenhais vosso prêmio! Eu conheço bem vosso proprietário, e Minha correção é muito importante. Por isto que seja de Satã tudo aquilo que ele conquistou e que sejam Meus todos aqueles que seguiram o chamado de Minha Voz e se refugiaram em Meu território a bom tempo”.

13 – O senhor da morte, a quem escolhestes como patrão, jamais poderá ter razão de queixa contra Mim - como se Eu alguma vez tivesse sido injusto para com ele. Pois o que é seu o será para sempre e o que é Meu o será eternamente (para sempre quer dizer: enquanto um ser caído pela sua vontade própria quiser permanecer na contraordem). O que lhe pertence ficará na desgraça da tortura do fogo com ele, junto a ele e nele; enquanto que os Meus ficarão na bem-aventurança da vida eterna e da felicidade Comigo, junto a Mim e em Mim”.

14 – Vê, Meu escrevente, estes alunos já pertencem ao obsedado, pois quem possui o local, a este também pertence tudo o que lá habita. Mas se alguém em bom tempo abandona livre e totalmente este local tão mau – o que representa o curto período em que habitais como humanos o planeta Terra, este curto período de vossa vida terrena – e vem a Mim para habitar os Meus campos, então a este Eu acolherei e tornarei propriedade Minha. E Eu saberei proteger muito bem Meu terreno dos inimigos e de todos aqueles que quiserem entrar na Minha área sem ter se arrependido completamente. Isto é para que Meu campo permaneça um local santificado e para que Meus habitantes se encontrem na mais absoluta segurança.

15 – Ouvi, pois, vós todos, os cientistas e sábios: essa é a Minha Voz. Em verdade, Eu vos digo: Vós não podereis entrar em Meu território na vossa fuga. Pois aquele cujo nome foi inscrito no livro da morte, por este Eu não brigarei nem lutarei (isto enquanto ele não desejar, por vontade própria, abandonar absolutamente o reino das trevas). Pois Eu respeito o direito do Livro Original.

16 – A esta classe também pertencem os comerciantes de artigos de moda e luxo, todos os fabricantes de tais objetos escabrosos de Satã, como também todos aqueles que os elogiam e que fazem sua propaganda (mesmo com boa intenção), todos aqueles que sentem prazer com tudo isto. Todos estes jamais (enquanto não houver um real arrependimento em seus corações) se tornarão Minha propriedade, como também não aqueles que não acreditam nessas Minhas Palavras.

17 – Não tenhas dúvida, Meu escrevente. É assim. E muitos virão a Meu campo e lá clamarão (sem um verdadeiro e sincero arrependimento) por Meu nome. Mas em verdade Eu digo: Eles não poderão entrar. E então muito vício e muitas maldições ecoarão e muitos se pregarão à madeira de Minha floresta, para destruí-la por vingança. Mas Minha madeira nobre eles jamais alcançarão. E quando Eu mandar limpar as árvores de Minha floresta...; vê, Eu sou um ótimo inspetor de floresta e logo aprontarei todos os galhos da mesma.

18 – E que Eu permita isto e não intervenha no campo do outro, para que ele jamais tenha um único motivo para dizer que Eu não fui correto. Por isto é que Eu não procuro ninguém para vir a Mim. Mas aquele que vem, Me procura e bate a Minha Porta na hora certa, gritando à viva voz, batendo com toda sua energia e sacudindo a porta de Meu campo, a este abrirei a porta e acolherei com todo Meu Amor.

19 – Mas aquele que não vier, não gritar, não bater, não sacudir a Minha Porta na hora certa, em verdade Eu digo: por este Eu não lutarei com Meu inimigo, pois não o quero como algo Meu. E ainda prometo: Meu inimigo receberá mesmo tudo o que lhe pertence.

20 – Mas da mesma maneira que a morte chegou por aquele e a Vida pelo Outro, então no fim haverá o julgamento contra aquele (Lúcifer) e tudo será julgado por este outro (Cristo). Mas quando o rei do mundo for colocado em julgamento pelo eterno Filho do Pai, então tudo o que lhe pertence também será julgado com ele e nele. Pois se condenais um criminoso, não condenais também seus órgãos? E por acaso um membro do corpo permanecerá vivo, se o criminoso for morto? Vede, isto acontecerá e não vai demorar muito!

21 – Meditai bem sobre o que Eu disse aqui! Calai ainda sobre muita coisa, mas deixai à mostra a noção geral. Haverá mais uma mensagem. Amém.

Isso digo Eu, o Eterno Amor. Amém.


Os vários tipos de obsessão

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de fevereiro de 1841

1 – O que se segue será o apêndice final sobre o assunto. E mesmo aqui também encontrarás pouco consolo, mas sim horror, espanto sobre espanto. Mas mesmo que aqui dentro do contexto ouças o trovejar do Grande Julgamento (que não soa à distância, mas sim bem perto), não esqueças que Eu sou o Eterno Amor e que tudo posso. Pois Meus Caminhos são infinitos e Minhas razões insondáveis.

2 – Mas já que queres fazer perguntas por causa do mundo, então elas devem ser feitas por escrito. Eu te dou esta missão. Mas ao perguntares, faze-o com singeleza e de forma bem compreensível.

Pergunta: - Senhor, podes nos dizer em qual ordem acontece a obsessão? E será que os obsedados do Velho e do Novo Testamento, como também os da atualidade, estudados pelos professores Eschenmayer e Justinus Kerner, pertencem também à mesma ordem que os obsedados sobre os quais falaste?

3 – Resposta: - Vê, os primeiros mencionados, o grupo de caça de Satã, são os sedutores em toda ou qualquer intenção maldosa. E na frente destes sedutores estão aqueles mais convincentes, os mais atraentes, os mais envolventes, os que tornam a situação tão sedutora, que todo o mundo se deixa levar para a perdição sem dar-se conta do perigo.

4 – A esta primeira classe pertencem os modistas no mais amplo o sentido da palavra, todos os promovedores de danças e bailes, todos os músicos de orquestras para bailes, os coreógrafos, os professores de dança, bailarinos, bailarinas, como também todos os que louvam esta arte satânica, os que a assistem com complacência e prazer e ainda todos os jovens e as jovens que desejam dançar.

5 – Mas Eu vejo que tu te perguntas: “Por que a dança é um elemento satânico tão perigoso? Será que o ser humano não poderia ter uma única hora de prazer e alegria no mundo?”. A isto Eu respondo:

6 – Jamais ouviste a fábula de como a raposa esperta induz as galinhas e demais aves a sair das árvores e como a cobra atrai os passarinhos para suas fauces? Vê, a raposa rodopia sob a árvore, e as galinhas observam despreocupadas aquele alegre folião, até que caem nas suas garras. E a cobra se contorce no solo, pois deseja entreter os passarinhos enquanto eles a olham despreocupadamente e voam diretamente para suas fauces. Vê, é assim que esta arte tão sedutora e atraente de Satã seduz as pessoas a deixarem a Árvore Santa da Vida. Existe mais a dizer?

7 – Mas com respeito aos “momentos de prazer e de alegria”, Eu não digo nada mais que o seguinte: Se as horas felizes e alegres forem procuradas fora de Mim...; vê, Eu, como onisciente que sou, devo te confessar que de fato não sei se tais momentos ainda são possíveis de serem encontrados fora de Mim. Na Minha Onisciência infinita e santa Eu muito duvido ser isto possível. E estas horas alegres podem ser somente armadilhas de Satã, pois se parecem aos prazeres mais atraentes e possíveis de serem sonhados, pelos quais toda a natureza pode ser enganada até a perdição. Àquele ao qual Eu não basto para fazê-lo feliz, este em verdade é um autêntico filho de Meu inimigo.

8 – E logo a seguir vêm os donos de prostíbulos e casas de jogos, todos os cafetões e jogadores profissionais, bem como os sócios, protetores e patrocinadores de tais estabelecimentos que são um verdadeiro tesouro de Satã. Depois, todos os promovedores de guerras, instigadores, delatores e amotinadores. Ai deles ..., seu prêmio será bem, bem grande!

9 – E finalmente estão os invejosos, os usurários, os falsos, os mentirosos, os avarentos, os aduladores, os caluniadores, os difamadores de Minha Graça, os embusteiros ladrões, assaltantes, assassinos (tanto no espiritual como no material), como também todos os suicidas.

10 – Vê todos estes, segundo a Ordem, pertencem ao grupo de caça de Satã e, com exceção de alguns dos últimos relacionados, já são mais do que obsedados; sim, eles já pertencem à horda que atrai e que seduz, são todos práticos por excelência.

11 – Toda a “caça”, a “grama” e especialmente as “árvores” deste território de caça maligno, bem como o solo que o forma, pertencem ao segundo grupo dos obsedados.

12 – Para estes a recuperação é muito difícil, mas existe! Mas para o “pasto”, as “árvores” e o “solo”, que são propriedade de Satã, ela não existe mais rapidamente, pois que eles já se enraizaram e defendem a maldade de Satã. Ai deles, pois não escaparão do incêndio do Mundo, que virá em breve. À “caça” ainda será dado um período para regenerar-se, mas quando a época da perseguição e da fuga iniciarem, aí nada nem ninguém mais poderá entrar em Meu território de caça divino.

13 – Mas com respeito aos obsedados do Velho e do Novo testamento, dos mencionados por Kerner e Eschenmayer, estes se encontram na posição das “árvores de Meu território de caça”, nas quais os já mencionados fugitivos se agarram para, quando possível, estragar as mesmas. Mas estas “árvores” não têm nada a temer, pois Eu próprio protegerei o cerne de suas vidas.

14 – Pois onde uma destas aparições se anuncia, ela acontece, na maioria das vezes, somente em pessoas extremamente religiosas. E é extremamente raro que esta aparição aconteça para uma pessoa má, ou mesmo uma pessoa comum do mundo, a não ser que esta pessoa, sacudida por um milagre, deseje se converter; então os seus donos se manifestam do seu interior para seu exterior, para ser um exemplo assustador aos vizinhos.

15 – Em muitos loucos estes exemplos poderiam dar uma longa matéria a estudar. Mas nem todos se encontram neste caso. Muitos endoidecem porque encheram seu “balão da razão” demais e assim romperam o “cordão da vontade”, por sofrerem uma pressão exagerada e intolerável, interrompendo seu direcionamento livre. Ou se uma pessoa estica seu coração demais em direção a algo muito fútil ou muito vaidoso, este cordão da razão também pode se romper e a máquina da vida começa a andar fora da ordem em tudo, em várias direções imagináveis e inimagináveis. Então esta pessoa só enxerga aquilo com que sua cabeça e seu coração estão cheios, rodopiando em círculos doidos ante sua razão desenfreada. Esta pessoa, porém, não é perdida. Ela representa os galhos emaranhados e confusos que o “bom engenheiro florestal” conseguirá ordenar de novo.

Pergunta: - Senhor, o que vai acontecer com os modistas e criadores de moda, com todos os “sedutores”, pois os negócios que os alimentam exigem tal atitude deles? Se qualquer um destes quiser voltar a Ti, Pai, como é que ele deverá atuar, para iniciar a reconquista de sua vida?

Resposta: - Esta é uma pergunta totalmente humana, igual às advertências de Pedro, portanto é extremamente tola. Achas, pois, que Eu sou um pobretão ou um mendigo? Ou será que alguém que alimenta constantemente universos e sóis não teria alimento necessário para uma ou para mil pessoas? Pensa bem nos mundos e nos sóis que existem, se estendem ao infinito e são incontáveis. Vê, a uma pergunta como esta, que nem mesmo é digna de resposta, isto que digo aqui é o bastante (*).

17 – Mesmo assim, para acabar tudo, escreve: Aquele que seguir a Minha Voz, este viverá; permanecendo surdo, porém, encontrará a morte eterna. Minha Palavra é Meu Amor, Misericórdia, Bênção e Piedade e esta semente da vida será semeada em vários lugares. Lá onde tomar raiz, lá ela produzirá Vida, libertará os obsedados para a Vida. Mas onde for pisoteada, lá a morte fará o seu banquete.

18 – Agora faço tudo novo, para que o velho tenha que se retirar sob chacotas e escândalo. Mas se vós desejardes trocar um manto velho por um novo, Eu o farei com prazer; aliás, Eu o estou fazendo neste momento. Procurai, pois, adquirir vossas vestes de casamento e enchei vossas lamparinas com óleo. Pois Eu, o supremo noivo, estou a caminho! E lá onde menos Me esperais, lá Eu estarei! Feliz daquele que Eu encontrar pronto e à Minha espera!

19 – Isto falo Eu, o supremo noivo. Amém.

(*) As advertências de Pedro se deram quando Jesus falou que seria crucificado. Pedro então disse: “Cuida para que não façam isto Contigo!”; ao que Jesus respondeu: “Afasta-te de Mim, Satanás!”, pois a advertência era totalmente humana, do homem Pedro ao homem Jesus.


Bênção da Misericórdia

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de fevereiro de 1841

1 – Escreve este conselho que dou a teu irmão que gostaria de saber o que se poderia fazer com um menino, anjo fraco que está na Terra. Vê, este conselho é bom e não muito caro:

2 – Havia há muito tempo um pai que tinha doze filhos e muito pouco dinheiro. Mais ou menos, nos tempos atuais (1841 / Áustria), seriam 350 florins por ano. Mas certo mesmo eram somente 150 florins, pensão que o senhor do feudo em que morava lhe dava. O restante ele tinha que ganhar com seu trabalho geralmente incerto; sendo assim, o ganho também era incerto.

3 – Bem, alguns de seus filhos ficaram doentes e, além disso, sua mulher, enfraquecida pelo afinco em cuidar dos filhos doentes, também adoeceu e teve que ficar acamada. Com isto o homem teve que abandonar suas tarefas extras, para poder cuidar da família doente. Claro que o dinheiro parou de entrar, e a vida, já difícil, tornou-se quase insustentável. Como também ele começava a enfraquecer, resolveu: “Vou procurar o bondoso dono do reino onde habitamos. Contar-lhe-ei minha situação horrorosa e direi a mais pura verdade. Tenho certeza que ele se apiedará de mim”.

4 – Assim pensou, assim fez. Foi procurar o rei e lhe contou tudo. Ao ouvir o seu relato, apesar de estar bem sensibilizado em seu coração, o senhor deu de ombros e disse sem piedade:

5 – “Ouve meu bom velhinho, eu não duvido de tua sinceridade. Mas antes de ajudar, eu quero visitar-vos, para ver se tudo é mesmo assim como me contaste. Ai de vós se me disseste uma única mentira! Vai então, e que minha bênção te acompanhe”.

6 – O ancião voltou para casa oscilando entre a esperança e o medo. Ele esperava muito a misericórdia do senhor, mas temia que ele demorasse em cumprir o prometido. Ao chegar em casa, contou à família sua entrevista com o senhor. E todos resolveram limpar sua choupana da melhor maneira possível e logo após o parco almoço, o que começaram de imediato.

7 – Mas o senhor tinha resolvido seguir o pobre, sem que ele disto se apercebesse, pois ele meditou: “Esta miséria precisa de socorro imediato!”. Enquanto os membros da família faziam a prece agradecendo a refeição, com os olhos rasos d’água o rei entrou na choupana e disse: - Ouve ancião, por que é que tu mentiste? Pois eu vejo treze crianças, e tu disseste que tinhas doze filhos ...

8 – O ancião se jogou de joelhos frente ao rei e disse: - Nobre senhor, este décimo terceiro não é meu filho legítimo, eu o acolhi por piedade!”

9 – E o rei, aparentando estar bem desgostoso, respondeu (de fato seu coração estava repleto de curiosidade piedosa): - Já que ainda podes manter uma criança estranha, então vossa miséria não deve ser tão horrível assim, e tenho certeza que podes dispensar minha ajuda.

10 – O pai tomou coragem e, tomando a mão do rei contra seu coração, disse: Nobre e bondoso senhor! Este décimo terceiro eu encontrei quase morto num alagado, há mais ou menos dez anos. Ele já estava todo coberto de lama e mal conseguia respirar. Tomei-o nos braços e corri para casa, onde o entreguei a minha bondosa esposa, dizendo:

11 – “Vê, o Senhor permitiu que eu encontrasse um tesouro na floresta pantanosa. É um menino lindo! Vê, ele com certeza não tem mãe nem pai, vamos ser seus pais! Pois onde comem doze, o décimo terceiro não morrerá de fome. E se eu tiver que mendigar por ti e nossos doze filhos, este décimo terceiro não fará nenhuma diferença em nossa miséria!” De imediato ela o tomou em seus braços, beijou-o e cuidou dele até este momento, igual aos outros. Por isto, nobre senhor, não se zangue por vos ter ocultado isto”.

12 – Ao ouvir isto, o coração do rei encheu-se de ternura, e lágrimas de piedade rolaram sobre suas faces. Ele elogiou o ancião dizendo:

13 – “Ouvir isto me causa uma grande alegria! E como agistes com uma nobreza tão silenciosa, mesmo com toda a miséria em que viveis, vos tornastes verdadeiros pais para este pequenino; sim, fostes o seu salvador, e eu quero ser vosso pai, o pai que vai cuidar de todos desde já! E já que o menino é um órfão, trazei-o a mim, que eu serei o pai, e a rainha sua mãe. Abandonai, pois, esta choupana, que no meu palácio há bastante lugar para abrigar a todos vós. Aqui neste lugar, construiremos um monumento que levará vosso nome”.

14 – Vê, Meu querido filho, esta estória e retira dela o que tu queres saber. Pois Eu sou o Rei, e tu és o pobre ancião, e a tua preocupação é o menino encontrado na floresta!

15 – Faze o máximo que puderes e não perguntes como, quando, onde, para que, por que ou com o que. Muito menos como poderias fazer bom uso deste corpo tão enfraquecido desde o ventre materno. Leva-o para Mim, este que é um anjo na sua provação (a franqueza que lhe foi determinada por provação). Sê bem alegre nesta empreitada, mas mantém um olho bem atento nele! E tu vivenciarás muito nele, que inteiramente te será de bom proveito.

16 – Vê, Meus filhos são a grande bênção da casa em que eles podem morar. Pois Eu sou o seu Pai verdadeiro e não deixarei de sê-lo eternamente. Mais não preciso te dizer por hora, pois não serias capaz de aguentar tanto. Mas te controla, pois Eu visitarei tua casa. Por isto Eu digo: Amém.

Teu Bondoso Rei e Pai. Amém.


Ensinamentos divinos infrutíferos

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de fevereiro de 1841

1 – Em certos círculos assim chamados “divinos”, considerados melhores ou mais educados, onde as mais variadas seitas cristãs existem, a moral é ensinada sempre de acordo com os pensamentos dos que estão no poder, de acordo com suas tendências políticas, mas que proporcione aos mesmos (poderosos) muitas vantagens econômicas mundanas e algumas vezes religiosas. Deus é apresentado ao povo como algo nebuloso e escuro, indefinido, e o povo não pode conhecê-lo nem amá-lo, mas sim é levado a temê-lo como o mais tirânico dos tiranos. É assim que a divindade é apresentada, somente como um flagelo.

2 – Vós perguntais o que acontece com estas pessoas que estão nestes cárceres? Olhai só um pouco em direção ao amanhecer! Vede, lá existe um grande número de multidões pálidas como mortos, cercados de pessoas armadas e juizes maldosos, e mais ainda uma inúmera quantidade de instrumentos mortais com os quais estes infelizes serão executados. Mais lá podeis ver foguinhos, fumegantes, forças, cadafalsos e muitos outros instrumentos mortíferos. Vede, este é o último degrau de “melhorar” para estes obsedados morais! Vós então vos perguntais: “O que foi que todos estes infelizes fizeram”? Sim, entre eles existem assassinos e agitadores contra o estado. Existem ainda pessoas com todo tipo de enganos e crimes que provocaram grandes estragos ao estado, entre elas uns que violaram leis políticas ou morais. Vede todos os crimes daquelas pessoas infelizes ali expostas, pois servem para o homem justificar a execução da pena.

4 – Bem agora vamos apresentar uma outra pergunta: Onde está a origem, a causa pela qual estas pessoas se tornaram criminosas? Mesmo que perguntásseis a muitas pessoas por esta causa, a única resposta seria: A causa está ou na educação desajudada e abandonada, ou - o que é a mesma coisa - nos pais, avós e bisavós destas pessoas, os quais já eram assim. Eu pergunto novamente como aconteceu que estas pessoas obtiveram uma educação tão errada e má, que abandonou uma geração completa ao abandono?

5 – A resposta não está nada longe. A causa principal de tudo isto não é nada além da política indiferente, da classe de pessoas que estão no poder e que só pensam em deixar seus subalternos na mais negra escuridão de conhecimento, pois assim é mais fácil dominá-los, além do que temem o momento em que o povo Me conheça melhor e comece a ter maior consciência de seu verdadeiro destino. Isto acabaria com seu poder e suas riquezas materiais (*).

6 – Tolos. Um povo que reconhece Deus e seu destino, também é um povo obediente e cheio de boa vontade, e milhares deste povo esclarecido podem ser governados muito mais facilmente que alguns destes analfabetos embrutecidos que de Mim só conhecem de um a “talvez” existência de um tirano ou de um ser que qual vampiro suga de seus crentes até a última gota de sangue, e só então o coloca de joelhos orando sobre uma nuvem e só assim lhe dá a vida eterna.

(*) há que se considerar que esta mensagem foi dada em meados de 1800.

7 – Não achais que é bem claro por que todas as pessoas tratam de se livrar o mais possível de tal Deus maldoso? E mesmo que ainda possuam algum tipo de religião, esta não passa de puro cerimonial, e isto só fazem por razões políticas! A conseqüência disto já foi dito: A população faz de um todo para se afastar e se libertar de tudo que representa religião cristã e teologias, como dizeis. Por outro lado, começam a acontecer cismas religiosas e novas seitas se criam. Isto foi feito por homens que viram que todos os ensinamentos teológicos eram uma grande idiotice. Então em seus espíritos disseram:

8 – “Ouvi irmãos com esta divindade que nos é ensinada não dá para fazer nada! Nós vamos então tomar os ensinamentos puros em nossas próprias mãos, estudá-los com muita atenção e ver se não é possível encontrar neles uma divindade melhor”. E nestes estudos eles descobriram que mesmo assim Eu sou Deus, mas esqueceram e não observaram Minha Vontade e Ordem com a devida força.

9 – Outros, por outro lado, Me colocaram novamente lá no alto e filosofaram, cada um no campo de suas atividades. Com isto, tudo o que passou por suas mentes eles consideraram como Minha Vontade. Eles uniram suas idéias de tal maneira ao que filosofaram sobre Mim, que tudo que eles pensaram foi considerado como Meu. E assim, no lugar da antiga ignorância começou a aparecer uma enorme quantidade de bobagens e tantas “crenças”, que nem vale a pena mencionar.

10 – A razão de tudo isto sempre foi - e ainda é - a política imoral, a preguiça e também o temor dos povos de andar nos caminhos predeterminados e que levam todos à vida eterna; isto deve ser feito com toda seriedade e severidade, mas com muito amor. Em verdade vos digo: Aquele que não se apoderar de Meu Reino como Eu apregoei não o receberá, mesmo que consiga reunir em si todas as seitas.

Pois só Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Amém.


Quatro perguntas na luz do espírito

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de março de 1841

Quatro das filhas que assistem às reuniões novamente nos apresentam perguntas. Cada uma delas tem a sua questão:

1) Explicações sobre Judas Iscariotes

2) Explicações sobre o número desconhecido

3) Explicações sobre o nó górdio

4) Explicações sobre os quatro elementos

O Senhor falou a seu servo, Jacob Lorber, o seguinte:

1 – Filhas, a matéria que escolhestes é em verdade bem ampla! Mas mesmo que entendêsseis todos os elementos em vossas cabeças, vós vos igualaríeis ao tolo rico que não sabe o que fazer com seu tesouro, então o guarda em caixotes bem selados, e todo dinheiro de nada lhe serve.

2 – Sim, vós, por desejardes tanto estes tesouros da mente, Me venderíeis por trinta moedas, como o fez Judas Iscariotes,. Vede, todos são iguais ao traidor, se desejam enriquecer pelo amor-próprio, tanto faz se por conhecimento como por ouro. Pois aquele que não receber isto de Minhas Mãos, se não conquistar isto tudo pelo Amor que sente por Mim ou pelo seu próximo, então se iguala à Judas Iscariotes; sim, é um ladrão, um assaltante, pois se apropria de tudo por amor-próprio, por puro egoísmo, e assim peca por Minha conta.

3 – Não são então o fogo, o ar, a água e a terra coisas que Eu produzi de Mim? Não é cada número um limite dado ao infinito por Minha Ordem? Como pode alguém receber tudo isto, a não ser pelo seu mais puro Amor por Mim, ou, se for renascido, pela Minha Boca?

4 – Se alguém soubesse o momento em que a primeira centelha de luz aconteceu, se conhecesse todos os átomos do ar, se tivesse contato todas as gotas d’água deste o centro até a superfície da Terra, se com um microscópio tivesse contado cada partícula de poeira da Terra, todo o musgo nas árvores e rochas e observado todas as plantas, arbustos e árvores, tivesse dado um nome a cada um, se nenhum ser de toda a criação tivesse passado desapercebido, se com instrumentos bem evoluídos tivesse conseguido medir o tamanho, movimento e distância da luz e o peso de cada estrela fixa com a maior exatidão, sim, se ele tivesse podido fazer tudo isto, de pouca valia lhe seria. Seria o mesmo que se alguém tivesse contado as flores que crescem em seu jardim.

5 – E se vós, queridas filhas, desejais ter uma ideia do que é o “no górdio”, então estudai a cabeça de um tal cientista (egoísta e orgulhoso), na qual vai encontrar a mesma solução do nó; talvez não aqui, mas certamente no Além, com o nó semelhante ao do avarento Judas Iscariotes, quando pendurado da árvore. Ali o senhor das trevas lhe mostrou o rei da Macedônia, Alexandre - o Grande, com o nó górdio (ele o cortou com a espada).

6 – Se estudardes todos os elementos, não o façam com a mente, mas sim por amor a Mim em vossos corações. Só assim conseguireis aprender muito mais do que os cientistas tolos que tentam aprender em seus devaneios sobre a Criação do Universo.

7 – Em verdade vós certamente não encontrareis um “nó górdio” em vosso caminho. E o “número desconhecido”, o qual nenhum cientista ainda conseguiu desvendar, cada florzinha vos enumerará de forma maravilhosa. Pois, Minhas filhas, o “número desconhecido” sou Eu, vosso carinhoso Pai.

8 – Por isto calculai com afinco e quebrai, por amor a Mim, o nó de vossas paixões mundanas com a espada afiada da humildade.

9 – Filhas, não podeis imaginar que troca vantajosa estareis a fazer! Pois o que existe atrás do mundo coberto por um véu e por vós ainda “desconhecido” só conseguireis saber após terdes cortado o vosso nó de desejos materiais!

10 Quem aprende com a cabeça, este aprende com dificuldade e sem fruto algum. Mas no coração uma partícula de poeira do sol se torna um mundo. Por isto aprendei no coração, e Eu, vosso Pai, vou Me tornar vosso professor. Amém.

11 – Isto falo Eu, vosso bondoso santo Pai!


Sem escravos, ligações pós morte, o Pai-nosso, manjedoura e horas de lazer

Mais perguntas na luz do espírito

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de março de 1841

Perguntas:

1 – Como é possível que os escravos e os deportados consigam conviver com este horrível destino?

2 – Será que nossos irmãos falecidos se lembram de nós?

3 – Como devemos rezar o “Pai-nosso”, para que dê frutos?

4 – O que significa a manjedoura na qual Tu, Senhor, foste colocado como menininho?

5 – Como um estudante deve passar suas horas de lazer de forma agradável a Deus?

O Senhor respondeu a Seu servo Jacob Lorber o seguinte:

1 – Queridos filhos, Eu bem ouvi vossas perguntas, mas considerai que alguém pode fazer dois tipos de perguntas, o que corresponde à dualidade da vida. Uma pergunta pode ser feita ao exterior natural ou então ao espiritual interno, dependendo se ela se origina em um ou em outro.

2 – Bem, considerai em que solo cresceram vossas perguntas. Será que elas vos foram insufladas por um indiscreto abelhudo e leviano, ou elas se originaram de fato em vossos corações cheios de amor? Vede, existe uma profunda diferença entre um e outro tipo de pergunta.

3 – Quem pergunta segundo sua curiosidade leviana faz esta pergunta igual a um cego que deseja saber as diferentes cores de um quadro. Mesmo que seu amigo cheio de paciência lhe explique todas as cores, que pensais que o cego conseguirá imaginar sobre a harmonia das cores, suas diferentes nuances, as sombras, as profundezas dos tons e suas luminosidades?

4 – Queridos filhos, Eu não vou vos mostrar onde vossas perguntas nasceram. Vossa razão vai mostrar-vos, com toda exatidão, onde elas se originaram, após ouvirdes Minhas respostas verídicas.

5 – Com respeito às duas primeiras perguntas, não é nada importante se souberdes ou não como os escravos aguentavam os maus tratos e por que Eu permiti que isto acontecesse, bem como se os irmãos já falecidos se lembram de vós ou não. Mas o que importa de fato é vós vos lembrardes de Mim em todos os momentos de vossa existência, bem fundo de vossos corações.

6 – Pois quem Me entrega fielmente e cheio de fé seu coração pleno de amor, deste Eu com toda a certeza Me lembrarei ainda muito mais. Mas no momento pretendeis Me lembrar de alguém em Minha Misericórdia...?! Como ainda conseguis perguntar o que fazem os que moram em Mim? Por acaso pensais que vossos irmãos habitam em Mim mortos? Considerai bem se tudo aquilo que se integrou à Vida de todas as vidas conseguirá ser morto?

7 – Somente aos mortos não é possível lembrar. Mas quem vive e vive em Mim, este certamente obterá uma lembrança que flui de Minha Sabedoria e o atravessa, uma que mil vezes extrapola vossas recordações.

8 – Com respeito ao "Pai-nosso" acontece com esta oração exatamente o mesmo que com vossa pergunta de como fazê-la, a fim de produzir bons frutos. Pois quem não a ora em espírito e verdade, a esta pessoa a oração será tão útil como a explicação das cores para o cego.

9 – Como o cego de espírito pode dizer "nosso Pai", se ele jamais se esforçou em reconhecê-Lo em seu coração pelo amor e pela sua fé viva? Como, se jamais procurou se aproximar Dele em espírito e verdade?

10 – Como pode ele dizer: "Tu que estás no céu", se nem conhece o Pai nem o céu? Como pode dizer "Santificado seja Teu Nome" quem não conhece Meu Amor, muito menos Minha Palavra Viva? Este com toda certeza não conhece a Vida da vida e a santidade de toda a Salvação e no renascimento em Mim, o que é de fato o Meu Nome não pronunciável.

11 – Como poderia dizer: "Venha a nós o Teu reino", se ele se prende feito uma planta parasita nos galhos da árvore que deve dar frutos; quero dizer, ao mundo!? Como pode ele dizer: "Tua vontade seja feita", se jamais pensou em conhecer Minha Vontade e encara cada um de Meus Mandamentos como uma tibieza exasperada? Ou ainda se, quando jovem, faz questão de não obedecê-los e olha tudo referente à vida eterna com uma leviandade exasperante?

12 – Como pode dizer: "Dá nos o pão da vida", se em seu coração não tem a mínima idéia do que é este pão pelo qual está pedindo, mas sim está com grandes desejos de comida em seu estômago, que é o verdadeiro coração deste pedinte tão estéril?

13 – Como é que pode rezar pelo "Perdão de seus pecados", se seu coração ainda está repleto de impurezas que nele habitam, tais como a ira, inveja, altivez, deboche, desprezo e muitos outros vícios similares? Para conseguir o perdão dos pecados (que seja pleno de bons frutos) é necessário muito mais do que somente não ter inimigos. Pois, como ele poderá pedir pelo "Perdoa meus pecados, como eu perdôo meus inimigos" quem não tem inimigos? Eu quero dizer é que vosso coração deve estar acima de qualquer ofensa, não importa de que tipo ela seja. Se não for assim, estareis pedindo pelo julgamento invés do perdão.

14 – Como será possível pedir: "Não nos leves à tentação", se ele em primeiro lugar nem Me conhece e está rezando para as paredes? Como, se ele próprio, enquanto Eu o protejo de tudo quanto é tentação que existe, corre de um perigo ao outro, de um precipício ao outro, de uma morte a outra?

15 – Vede como este pedido é. Ele não se assemelha a um louco que pede por ajuda a um grande benfeitor, mas no momento em que a consegue joga uma parte no fogo, outra parte em águas sujas e finalmente em fossas, em lixões e em sepulturas cheias de carne podre? De que vale a ajuda a tal doido?

16 – Finalmente como pode ele dizer: "Livra-nos de todo mal", se ele, com muito afinco, se joga em todo o mal?

17 – Se desejardes orar esta oração para obter bons frutos, então deveis orar em espírito e em verdade e considerar bem o que é exigido nela, para colherdes o verdadeiro fruto desta oração. Senão obtereis desta oração justamente o contrário da grande bênção que estais a pedir.

18 – Em relação às duas últimas perguntas... A de manjedoura é bem infantil e também não posso vos dar uma resposta útil e compreensível a vós nestes dias, pois primeiro a mente e a razão interna devem ser abertas, para que consigais entender este segredo tão profundo, que nem um arcanjo o consegue entender ainda.

19 – Pois então esforçai-vos para que vossas "horas de lazer" se tornem horas a Mim consagradas, horas de paz e meditação. Só assim logo vereis como é grande Meu Amor por vós. Em verdade em um minuto Eu vos darei muito mais do que o mundo conseguirá vos dar em mil anos.

20 – Mas se as horas de lazer vos servem para algo diferente, então logo vos dareis conta de como Eu acostumo ficar alheio, implacável e impenetrável com aqueles que preferem todo o lixo, os vícios do mundo e os enganos de Satã a Mim.

21 – Meditai muito bem sobre Quem é que vos diz estas Palavras! Bem cedo vos tornareis Meus amigos! Tornai o "Juiz" em "Amigo", "Deus" em "Pai". E assim observareis Meu trabalho alegres e destemidos, quando Eu chegar com o Meu julgamento sobre a Terra.

22 – Pois para o mundo Eu serei um juiz implacável; mas em verdade, para Meus filhos Eu chegarei como o carinhoso Pai Divino.

23 – Procurai, pois, conhecer o Pai, pois assim vivereis eternamente no colo de Meu Amor. Amém.

24 – Isto fala, aquele que deveis procurar e reconhecer antes de tudo: vosso Pai. Amém.


Pelo aniversário da Nova Revelação

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1841

Oração de agradecimento de Jacob Lorber

No domingo, 14 de março de 1841, o último dia do primeiro ano da chegada invisível das revelações de nosso Pai divino e amado, cujas Palavras Vivas de Sua primeira mensagem aconteceram no dia 14 de março de 1840, um domingo, às seis horas da manhã.

1 – Senhor, tu, Santo Pai! Já faz um ano em que naquele maravilhoso domingo Tu te dignaste a nos premiar, a nós, indignos filhos Teus, com Tuas Palavras Vivas.

2 – Senhor, Pai, como poderemos Te agradecer, como Te louvar e glorificar, pois não somos dignos de uma palavra Tua, quanto mais de um ano de mensagens vivas?

3 – Santo e Bondoso Pai! Não possuímos nada, a não ser um coração ainda muito impuro. O que existe de bom nele não é nosso, porém eternamente Teu. E é o reconhecimento que isto de bom não nos pertence (mas sim é Teu) o único agradecimento, o único louvor, o único prêmio que podemos Te dar. Toda esta bondade e verdade que vem de Ti, bondoso Pai, é a gota de Teu Amor que está em nós.

4 – De Teu Amor Tu nos deste isto, nós reconhecemos isto em nós. Então permite agora também, como o foi sempre, neste Teu Santo Amor que de Ti veio a nós, que te apresentemos nosso reconhecimento desta Graça na qual nos comprometemos a Te amar cada vez mais, cada vez com mais sinceridade e força. Pois só no Amor podemos Te dar o merecido sacrifício, o sacrifício que Te seja agradável. Portanto aceita, Pai, nosso agradecimento singelo e humilde.

5 – E como queremos ser felizes em Teu Santo Nome, hoje, no dia do aniversário da Nova Revelação e em todos os outros dias no futuro, escuta, por favor, o nosso pedido e vem a nós, para que não sejamos órfãos, pois Tu, Santo Pai, te tornaste tudo para nós. Sem ti não existirá mais nenhuma alegria, nem hoje nem na eternidade.

6 – Santo e Bondoso Pai, ouve nosso pedido filial e nos vivifica com a Tua Santa Presença. Amém.


A vinda do Pai em Jesus

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1841

Resposta do Pai para seu servo.

1 – Escreve, pois, umas poucas palavras que devem anunciar Minha chegada ao vosso meio. Pois, se Eu chegar como Pai, Eu o faço no mais profundo silêncio do coração. Meus trovões só anunciam a aproximação de Deus e os tormentos do grande e implacável Juiz, como todas as criações enormes anunciam o poderoso e grande Criador e Senhor de tudo.

2 – Mas no momento em que começardes a sentir em vossos corações o suave amor por Mim, vosso santo e bondoso Pai, podeis estar certos que Eu estarei por perto! Pois ninguém consegue Me amar, se não possuir o Meu Amor. Meu Amor ninguém pode conseguir, a não ser de Mim mesmo; então quem tiver Meu Amor também Me terá, pois Eu sou o Amor eterno em si.

3 – No momento em que Meu Amor estiver convosco, então Eu também estarei convosco. E tudo o que fizerdes em Meu Nome, vós o fazeis em Meu Amor. Mas se o fazeis em Meu Amor, vós o fazeis em Mim. E quem estiver em Mim e atuar em Mim, neste Eu também estarei.

4 – Se vós Me convidardes para Me juntar a vós, será que Eu não faria o que vosso coração tanto deseja? Então consultai vossos corações, e o vosso amor vos dirá se e quando Eu estou junto a vós.

5 – Vede, Eu sou aquele que segue o amor até o fim de todos os mundos. Por isto amai e tende fé, que Eu estarei em vosso meio e em vós, o que vos confirmará o grande consolo nos vossos corações.

6 – Mas quando Eu chegar a vós, não deveis ocupar vossos estômagos com comilanças e entupir vossos ouvidos com conversas mundanas. Porém conversai como o faziam os dois discípulos no caminho de Emaús, e vós compartilhareis de sua mesma alegria. Mas se agirdes como tolos sem compreensão e sem amor, então o Santo Pai não conseguirá ficar convosco por muito tempo.

7 – Abandonai o mundo, deixai que ele seja como é, pois Eu sou muito mais que todo o mundo! Deixai que os governantes como eles são, pois Eu sou muito mais que eles. Deixai que as prostitutas sejam como elas são, cheias de infidelidade em seus corações, pois Meu Amor é mais suave, mais fiel, mais aconchegante que o de todas estas meninas mundanas sem valor algum. Em verdade, nenhuma jovem tem mais o amor nestes dias. Ela ama no homem somente o que ele possui. Àquilo que é para o interior do ser humano ela não dá um centavo, muito menos o seu amor-próprio poderoso e orgulhoso.

8 – Deixai que os cientistas sejam o que são, pois Minha Graça revela infinitamente mais que todos os inúmeros estudiosos. Deixai que a igreja material seja como ela é e tomai como exemplo a aranha. Quando há bom tempo, ela estende seus fios, para caçar todo tipo de insetos e para satisfazer seu enorme estômago. E quando se aproxima um tempo ruim, este animal tudo faz para evitar a destruição de sua teia de poder, mas os ventos que vêm do alto e a chuva torrencial dão a um fim a este seu covil mortífero.

Observai o que acontece na atualidade, e Eu vos afirmo que em pouco tempo vereis a veracidade do que Eu digo. Mas Eu Me encontro muito acima e muito mais profundamente que todas as igrejas juntas. Por isto olhai-Me, vós, que já Me conheceis um pouquinho em vossos corações. Então vossos ouvidos não mais serão incomodados com o ranger de dentes das igrejas, pois o puro Amor - que é a única igreja verdadeira, pela fé viva e pela palavra viva - este não range os dentes.

9 – Evitai todas estas coisas por amor a Mim e considerai Me como vosso verdadeiro e fiel amigo; como aquele noivo que quer ir embora cedo demais, mas quando se apronta para partir, vê como sua amada o abraça cheia de amor. Então ele retorna e não sai da casa antes de ter conformado a noiva completamente.

10 – Pois bem, fazei vós também como a noiva dedicada! Não deseja o amante também ouvir de sua amada uma palavra de carinho, antes de entrar em seu lar? Ao ouvir esta palavra ele fica pleno de alegria e ansioso por estar com ela. E quando assim estiver, exclamará como fizeram Pedro e Jacó: “Senhor, como é bom estar aqui!”.

11 – Mas se ao chegar ele encontrar a amada em conversa fútil com outros, ou então discutindo com alguém, ou até dizendo palavras carinhosas a outro, então o amante “cairá fora” - como costumais dizer - e deixará a tola “a ver navios”.

12 – Considerai, pois, que Eu nem sempre abro a porta e penetro na casa. Muitas vezes Eu aguardo à porta. Se Eu escuto assuntos que Me agradam, então Eu entro. Onde isto não acontece, Eu deixo as marcas de Meus passos na poeira, ao Me afastar.

13 – Se quereis que Eu seja vosso hóspede, agi como é de agrado do hóspede, que então Eu entrarei. Mas no momento em que Eu entrar em vossas casas (corações), não deixeis que Eu novamente vá embora, mesmo que Eu vos diga que realmente tenho que partir. E em verdade, se fizerdes o que for correto e certo, então Eu ficarei convosco agora e para sempre.

14 – Ouvi bem, somente no íntimo de vossos corações cheios do mais puro amor é que vos todos reconhecereis que o tal hóspede é vosso santo e bondoso Pai, que veio para permanecer, junto com o seu Reino, em vosso meio. Amém.

Isto falo Eu, o ilustre hóspede, como vosso amado e santo Pai. Amém.


Como honrar os santos corretamente

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de março de 1841

Quatro perguntas feitas por membros da reunião:

1 – De que maneira devemos louvar os santos?

2 – Como devemos amar ao Senhor corretamente?

3 – “No começo era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e Deus era a Palavra”. O que significa esta introdução do Evangelho de João?

4 – Como é a verdadeira humildade?

As quais foram respondidas pelo Senhor:

1 – Queridos filhos! É mesmo tão difícil encontrar o que queremos? Quando alguém estiver com fome, será que ele vai demorar muito antes de procurar algo para comer? Ou se algum estiver com sede, será que andará longe de uma fonte para sua sede ardente? Em verdade ele parará na fonte mais próxima, para acalmar logo sua sede. Vede, que seja isto o mesmo para vós.

2 – Vós compreendereis que vós todos ainda tendes muita sede e fome no espírito, quando estenderdes vosso coração (que é o “estômago” do espírito), quando o chamardes a vos aconselhar, quando vos questionardes acerca da essência das coisas que vos rodeiam numa infinita quantidade e quando ainda questionardes a vida íntima de vosso espírito ainda bem desconhecido por vós.

3 – Olhai o grande “menu” da Criação e depois a grande “dispensa” do espírito, e então não será difícil considerar no futuro que um grãozinho de areia pode se tornar um mundo; mais fácil ainda será reconhecerdes o poder de Minha Luz e que dela - pela água viva do poço do Jacó - tudo se realiza.

4 – Mas quando este grãozinho de poeira já se torna tão grande e cheio de milagres por nós ainda desconhecidos, como não serão aquelas coisas nas quais tal grãozinho de poeira mergulha e desaparece? Isto considerando só o grãozinho... Imaginai observar os milagres de uma planta, uma árvore, montanha, animais e mesmo de um ser humano.

5 – Após ter-vos sido mostrado como no futuro podereis encontrar comida mais facilmente e vos alimentar, Eu agora vos darei pelo que estais a pedir, após não terdes tido sucesso sozinhos.

6 – Com respeito a honrar e louvar os santos, Eu vos digo o seguinte: Louvai e honrai com vossa humildade, amor e dedicação somente o Santo Único e Todo poderoso. Assim todos os outros santos que conheceis e também os que não conheceis serão louvados. Esta é a única forma verdadeira de louvá-los. Pois somente a Mim é digno de se dar toda admiração, todo louvor, todo agradecimento, toda a glória e toda adoração. Só por Mim e em Mim todo o mundo será enaltecido, após terem enaltecido o Meu Nome em seus corações, pelo verdadeiro amor da fé viva em espírito e verdade.

7 – Porém, para que consigais entender isto melhor, considerai ainda que Eu sou a porta para Vida. E quem não entrar por esta porta, este é um ladrão e assaltante. Por isto quem estiver carregado e fatigado, ou então for um doente cheio de dores, este que venha a Mim, para que Eu o fortifique e carregue. Pois algo igual ele nunca encontrará, a não ser em Mim e Comigo.

8 – Com respeito à segunda pergunta, é o seguinte: Só Me ama corretamente aquele que só ama a Mim e ao seu próximo através de Mim. Quem Me amar assim é quem Me ama em Espírito e verdade. Pois como poderia Me amar de forma diversa, já que Eu sou o eterno espírito de todo o Amor, de todo poder e força e também da Eterna Verdade?

9 – Quem Me amar assim é aquele que obedece Meus pensamentos. Porém quem obedece Meus mandamentos, a este Eu chegarei à Minha Trindade - como Pai, Filho e Espírito Santo - e vou habitar em seu coração. Lá Me manifestarei pela palavrinha viva que era no princípio, que era e é eternamente em Deus. Pois Deus mesmo, eternamente foi, é e será a Palavra, essência em todas as coisas, como a vida eterna, o Amor, a Luz, a força e o poder de eternidade a eternidade.

10 – Quem Me amar desta forma tão correta, este é humilde de todo coração. Ou será que um altivo consegue amar alguém? Não está no orgulho o desprezo de todo o resto que o rodeia? Os orgulhosos não querem ver ninguém mais elevado do que ele mesmo. Se ele não pode estar na parte mais elevada, se ele ainda tiver que se submeter a um mais importante, ele o faz somente por interesse. E no momento em que ele dedicar um amor fictício a alguém, ele o representa, dizendo no íntimo: “Já que não posso te dominar pela força, quero te prender com artimanhas e te tornar meu escravo”.

11 –A mesma coisa fala o cobiçoso a seus amigos, e os noivos mundanos a suas prometidas tolas. Pois todos eles só levantam seus escolhidos da mesma forma que uma águia levanta a lebre: para ter alguma vantagem com a sua queda.

12 – Vede, queridos filhos, disto tudo podemos concluir que somente o verdadeiramente humilde consegue Me amar em espírito e verdade.

13 – Quem Me amar assim, este Me ama como a palavra viva e eterna que é Jesus Cristo, a vida eterna e tudo o mais que obtemos por Ele. Quem amar a Jesus Cristo, o Crucificado, quem o glorifica ante o mundo e quem com grande alegria o reconhece em seu coração, a este Eu, como o único Jesus Cristo, o louvarei e reconhecerei ante o Pai; quero dizer, ele será iluminado na presença de Minha Divindade e em toda a sua glória, por todo o sempre.

14 – Quando alguém Me ama e Me glorifica, com isto é amado e glorificado, então com certeza todos os Meus membros - que são os santos no céu - não deixarão de ser glorificados e amados também. Pois tudo do que Eu Me aposso Eu não tomo para Mim mesmo, mas sim para vós e vossos irmãos.

15 – Quem algo Me der, este estará dando a todos. Mas quem o der a algum outro, este é um tolo. Pois o que ele dá, ele não receberá de volta, e sua doação não chegará ao destino que ele deseja, mas, qual fruto verde, será pisoteada debaixo da árvore da qual caiu.

16 – Queridos filhos, considerai esta dádiva não como uma que vem do homem, mas sim como uma plena de vida. Prendei-a bem em vossos corações e agi de acordo, só assim reconhecereis que a Palavra é tudo em tudo, e como a Palavra está em Deus, e como Deus - Ele mesmo - é a palavra eternamente. Amém.

17 – Isto diz esta Palavra, de Si mesmo, a vós! Amém.


Razão e índole da visão

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de março de 1841

Trecho do livro de Lorber: “Às 12 horas! "

1 – A visão interna não é um sinal de que a alma é bem evoluída no espírito, mas sim a visão se origina em uma alma só um pouco mais evoluída ou em um degrau um pouco mais elevado. E é uma propriedade do homem que, pela necessidade, vive em grande miséria e completamente afastado do mundo.

2 – Que estas visões não têm nada a ver com a evolução da alma no espírito, é de se lembrar que até animais tem visões. Estes em absoluto nada têm de espiritual, mas sua alma está ali presente para uma evolução futura.

3 – Estais a vos questionar o que existe de verdadeiro no que se apresenta nas visões? Não vai ser nada difícil explicar este enigma. Quando vós estiverdes mergulhados no mais rigoroso inverno e só virdes neve e mais neve em todas as direções, será que não sentireis uma enorme saudade da primavera e verão? Especialmente se o frio reinasse absoluto mesmo dentro de vossas casas? E a fantasia de vossa alma não começará imediatamente a trabalhar, para vos apresentar a primavera e o verão?

4 – Vede, este pressentimento plásmico é o primeiro degrau para uma visão e tem sua origem no leve sentimento etéreo que a alma oprimida e aflita considera, ou então espera que seja bom. Se alguém então se aprofunda mais e mais, ele deseja ver passar na sua mente os quadros de primavera e verão pelos quais tanto anseia, nem que seja durante a noite.

5 – Mas se uma alma for mais oprimida ainda pelas circunstâncias desagradáveis, acontece com ela o mesmo que acontece ao ar quando é extremamente oprimido: ela se incendeia e sai da esfera corpórea. Pois em cada ambiente visível existem as mesmas reações e os mesmos movimentos que existem no enorme espaço luminoso. Com a diferença que os movimentos da luz só podem seguir uma linha reta, como lhes impõe a natureza, mas os anúncios da alma se assemelham mais às vibrações do som e conseguem se movimentar numa velocidade etérea em todas as direções e com todas as curvas imagináveis.

6 – Imaginai, pois, um fato, não importa qual. Sempre há três condições para ele se originar: um material, um anímico e um espiritual. Em relação à primeira origem, o fato só pode aparecer ante os olhos materiais e numa distância viável para a visão material. Com relação à condição anímica, conseguireis entender bem facilmente que o fato deve acontecer antes dentro da alma, antes que ele se manifeste no mundo material. Mas se a alma estiver sem a prisão do corpo, pode apresentar este fato muito antes que ele chegue à objetividade material, devido à velocidade em que a alma se locomove. A alma também pode ver um fato já ultrapassado, da mesma maneira que vós ouvis um eco.

7 – Vou ainda vos dar três exemplos pequenos da visão anímica.

8 – Uma pessoa que tem o dom da visão vê um cadáver desconhecido passar por ela, mas na verdade a pessoa ainda está com saúde e só morrerá em alguns meses. Isto acontece da seguinte maneira: A alma do corpo que vai falecer tem a intuição de sua próxima libertação da carne, especialmente no momento em que ela, ao sair por instantes de sua prisão corpórea, vê claramente o desmoronamento de sua casa. Nesta ocasião ela começa a organizar todas as cerimônias que a passagem exige. Uma outra alma sensível que também se encontra numa situação idêntica àquela que planeja todo o cerimonial (vinculada ao corpo material) vê tudo, pois se comunica com a primeira. Vede, pois, é desta maneira que são previstos acontecimentos pela alma. É o mesmo acontece aos olhos naturais, ao ver algo que acabou de acontecer.

9 – Um exemplo mais: Uma alma enxerga acontecer algo em um local bem distante. Isto também acontece da mesma maneira. Pois sempre que algo acontece na presença de uma pessoa, seja ela espectadora ou participante, feliz ou infeliz, então não há nada mais simples do que este fato ser absorvido por esta alma e logo, com os fluidos finos da esfera anímica, projetar-se a grandes distâncias. E se lá se encontra alguém numa esfera anímica elevada, então ele capta o fato como se fosse uma visão totalmente material (como acontece com as ondas do rádio e televisão).

10 – Como um terceiro exemplo, veremos o seguinte: quando ainda não aconteceu um fato onde várias pessoas se acidentam. Este tipo de visão é bem mais raro, mas como as outras, realmente acontece. Quando uma alma, por circunstâncias excepcionais, é elevada a uma posição determinada, então o espírito que a habita é desperto, claro que só por alguns momentos. Neste espírito desta pessoa se encontram todos os "fatos" tantos os passados como os futuros prováveis. Então a visão pode acontecer; quero dizer, o visionário o vê antes, originário de seu espírito. Esta visão, que até então não foi detectada, passa naturalmente para sua alma, e quando isto acontece ela se projeta pelas leis por vós já conhecidas. E se alguma pessoa estiver num estado de alma elevada, então ele vê este fato com todos os detalhes que o envolvem, numa forma considerada de premonição. Esta é a explicação da visão dos fatos que acontecerão no futuro.

11 – Que tal pessoa que está num estado anímico elevado e consegue ver as almas de pessoas falecidas - quando estas desejam ser vistas ou quando isto é permitido - nem é necessário explicar com detalhes.

12 – Vede, agora tudo a respeito das visões está bem esclarecido e podeis ver que nisto não existe nada de espiritualidade evoluída. Pois a visão do espírito é totalmente diferente da visão da alma. Da mesma maneira que a visão corpórea se comporta em relação da alma, esta se comporta em relação à espiritual.

13 – E como a visão dos olhos materiais pode ser otimizada por meios físicos (todo tipo de instrumentos óticos), a visão anímica também pode ser aperfeiçoada por métodos que naturalmente são inerentes à alma: uma fé poderosa, forte e inabalável, uma vontade firme e o consequente despertar do espírito (só uma minúscula janelinha).

14 – Da mesma maneira, a visão espiritual pode ser elevada ao infinito pelo Grande Visionário, este que ora vos fala e lembra dos ensinamentos. Amém.


O filho perdido

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de março de 1841 (do livreto “Às Doze Horas”)

1 – Vós lestes em Meu Livro (Evangelho de Lucas - cap. 15) a história do filho perdido, e tenho certeza que a leste várias vezes em vossa vida. Eu vos afirmo que não existe nada mais elevado, nada mais maravilhoso em todos os capítulos - sim, mesmo em todos os versículos do Livro Sagrado - do que a parábola do filho perdido.

2 – Mas também sei que não existe nada tão difícil para vós, do que entendê-la corretamente. E isto por um motivo de grande importância e que agora deveis conhecer, pois é uma chave para a visão interior.

3 – O motivo é o seguinte: Muitas vezes Eu vos falo, por intermédio de Meu Amor, coisas importantes e elevadas de Minha Sabedoria. Outras vezes, à luz da Sabedoria, Eu vos falo coisas de Meu Amor que parecem insignificantes. Prestai atenção, pois no primeiro caso só vos é dado o que conseguis suportar em vossa individualidade. No segundo caso vos são dados infinitos encobertos, porém nem sempre entendidos pelos finitos em evolução.

4 – Vede, uma dádiva assim “tão insignificante” é a parábola do filho perdido. Sim, Eu vos digo que se soubésseis tudo o que existe neste "filho perdido", arcanjos viriam a ter aulas convosco!

5 – Eu já vos mostrei muitas coisas que estão acontecendo na atualidade na Terra, e podeis estar certos que Eu calei as maiores barbaridades. Eu vos mostrei o grande desprezo às leis e mandamentos em geral. Eu vos mostrei as loucuras na Ásia, como também a barbárie na África e as atrocidades na América, claro só uma pequena parte das mesmas. Eu vos mostrei o tratamento dados aos criminosos, especialmente nas costas da Austrália. Eu também vos mostrei um país muito maltratado, bem no Sul, como este país era e como está sendo tratado na sua maior parte. Mas Eu tenho que chamar vossa atenção com respeito a este país. Justo neste país, Eu tenho que chamar a vossa atenção. Eu quero que observeis este país com muito mais atenção, especialmente o que foi dito sobre ele. Em segundo lugar, quero que não tomeis o que foi dito sobre este país ao pé da letra, e a razão disto vos será dita a seguir. Também vos mostrei a situação tirânica em que se encontram alguns países-ilha, especialmente o Japão, e fiz referência a um país nórdico: Rússia.

6 – Eis como se encontram os assuntos no mundo. Isto não vos foi dito por Mim somente para que vísseis o que acontece no mundo. Pois isto e muitas coisas piores podereis ler e ouvir no futuro. A razão de Eu vos mostrar isto é para que consigais entender um pouco melhor o segredo do "filho perdido", para vossa evolução.

7 – Vós estareis a pensar: "O que o filho perdido tem a ver com a maldade do mundo?" E estais cheios de curiosidade para conseguir encaixar este "filho perdido" corretamente neste labirinto do mundo. Mas Eu digo: É mais difícil compreendê-lo, do que a passagem do camelo por uma agulha.

8 – Para entender tudo isto, é necessário que saibais quem é o "filho perdido" de fato. No momento em que Eu vos mostrar, mesmo que só pelo seu nome, vós tereis que ser totalmente cegos para não perceberdes o manto que foi retirado de vossos olhos. Preparai-vos, pois, para ouvirdes o nome.

9 – Ele se chama "Lúcifer"! Neste nome se encontra, na totalidade, o compreensível e o e incompreensível, infinito e eterno do filho perdido.

10 – Mais ainda: Considerai que a maioria dos seres humanos são membros deste "filho perdido" e também o são todos aqueles que descendem da linhagem não abençoada de Adão. Vê, estes homens dispersaram a fortuna a qual tinham direito por eras - para vossa compreensão, praticamente eternas e infinitas.

11 – Pela parábola do filho perdido, sabeis de sobejo como termina sua história. Observai bem os acontecimentos do mundo e vereis o resultado final: um destino final - claro que bem maior claro - mas igual ao do filho perdido.

12 – Mas o que é que vós dizeis a um doente cujos pés estão gelados e que tem gotas de suor frio em sua testa? Não é necessário ter conhecimentos médicos para profetizar: “Só mais algumas pulsações este pobre coitado ainda tem que aguentar”.

13 – Em primeiro lugar, tocai os pés do "filho do perdido", no sul da Terra. Em segundo lugar, tocai sua cabeça, no grande reino nórdico. Logo a seguir, colocai vossa mão sobre o cansado coração religioso. Em verdade deveis ser mais cegos que o centro da Terra, se ainda tiverdes dúvida sobre o momento que está para acontecer.

14 – Mas agora vai acontecer com a alma do filho perdido o que Eu vos ensinei sobre as almas dos que possuem visões. A sua grande miséria agora se estende em amplas vibrações, e estas alcançam a casa paterna. E as vibrações amorosas começam a interagir com as vibrações cheias de medo. Eis a miséria do filho perdido.

15 – A alma do filho perdido recebe estas vibrações calorosas, cheias de amor, que vêm da Casa do Grande Pai. Ela recebe estas vibrações divinas, enche-se de coragem e volta para sua casa apodrecida, elevando-a eternamente. Depois, repleta de humildade e anulando totalmente sua personalidade, retorna à casa paterna.

16 – Mas o que acontece lá? Vede, os andrajos lhe são tirados e queimados, pois somente o filho será recebido em casa.

17 – Vede, agora tendes a totalidade do segredo do número da humanidade, profetizado e revelado ante vossos olhos. Se derdes uma olhada na situação atual nos acontecimentos que estão a vossa volta, devereis estar mortos se não perceberdes as vibrações misericordiosas e divinas que estão a fluir sobre vós da Santa Casa do Pai.

18 – Vós também sois membros do filho perdido! Estendei vossa alma ao máximo e deixai que vosso espírito seja desperto em vossa alma. E, tal como fez o filho perdido, voltai em toda vossa humildade ao Reino da Casa de Vosso Amado Pai. Em verdade, Eu vos digo: Ele virá ao vosso encontro na metade do caminho!

19 – Vede, a época de Minha Misericórdia já está bem próxima, e é por isto que Eu vos dei o que necessitais, para reconhecerdes que aquela época gloriosa está aqui, aquela época cantada pelos profetas, sim, aquela época predita pela Minha própria Boca.

20 – Por isto aguentai só mais um pouquinho e alegrai-vos, com grande confiança e esperança. Pois em verdade, a grande casa paterna se aproximou de vós, muito mais do que conseguis imaginar.

21 – Como reconhecer o filho perdido e todos estes sinais dos tempos, como é possível encontrar o "filho perdido" em cada pessoa, como o "homem grande" consegue ser vencido pelo “pequeno”? Isto, Meus queridos filhos, só vos será dito na hora derradeira. Amém.

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Os farrapos do filho perdido

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de março de 1841

1 – Ouvistes que os andrajos do filho perdido tinham sido arrancados pelo vento e dispersos no ar. Os que sobraram foram tirados e queimados. Sabeis por acaso o que se entende por estes "farrapos"?

2 – Não é nada mais do que vosso "homem universal" encolhido. Pois com a conquista de cada pessoa nova, Eu reconquisto Meu "filho perdido", ou melhor, tudo de nobre que de Mim partiu. Os "farrapos" - ou seja, tudo que é realmente mau - serão dispersos pelo vento para dentro do fogo do qual eles se originaram. Este fogo é aquele do qual emanaram todas as coisas materiais. É o fogo divino, o fogo de Deus que originou a matéria.

3 – Quem se prender ao mundo e se colar à matéria, este se prende aos "farrapos" do filho perdido! Mas como toda a matéria vos demonstra sua íntima conexão com o fogo divino, isto também se aplica aos farrapos na cintura do filho perdido.

4 – Isto vai acontecer da seguinte maneira: Para que Deus se torne novamente um Deus livre, um Deus no qual não existe mais nada de matéria, então o que se aproximar de fogo e ira deve retornar justamente ao lugar de onde veio. E isto acontece da mesma maneira que vós quando, ao terdes um local enrijecido em vosso corpo, colocais compressas quentes sobre o mesmo para amolecê-lo de novo. É assim que Meu fogo se apodera em toda sua totalidade destes endurecidos extremamente malvados, para abrandá-los e, desta maneira, assimilá-los ao Meu Ser.

5 – Vejo que tendes uma questão: saber se estes seres que são como "farrapos" continuam a possuir sua própria consciência. Eu vos digo, porém, que esta questão se responde por si mesmo, pois é completamente impensável que na Divindade exista um único ponto inconsciente.

6 – Mas se este “ter sua consciência própria” for algo de felicidade ou de sofrimento, esta é outra questão. Mas para entender isto corretamente, deveis compreender que cada empenho em se encontrar sempre causa certo sofrimento. Devemos ver se este sofrimento é doloroso ou benéfico.

7 – Se este sofrimento consiste na pessoa continuamente se conter e, com contínuo esforço e estudo, começar a se formar em uma unidade, então este sofrimento é extremamente benéfico e o descobrimento da mais clara autoconsciência é extremamente feliz.

8 – Mas se o sofrimento ou a autoconsciência de um ser for destruidor e dilacerante, então também é algo muito doloroso. Isto podeis observar facilmente na natureza, numa doença inflamatória na qual algumas partes no corpo começam a crescer e se expandir demais. Quanto mais aguda esta expansão, tanto mais dolorosa. De tudo isto se conclui que a autoconsciência dos extremamente maus é um processo doloroso e sofrido.

9 – Por isto, podereis concluir que a divindade de uma certa maneira está continuamente dolorida e sofredora nos seus pontos de ira. Mas não é assim? Na divindade acontece tal como em vós, quando com os alimentos são digeridos no estômago. As pequenas cápsulas de alimento que vão ao estômago são atacadas pelos ácidos, que são o fogo do estômago. Perguntai a vós mesmos se esta destruição natural do alimento pelo fogo (ácido) do estômago vos é dolorosa?

10 – Já que vos revelei tudo isto, dizei agora algo sobre o que ninguém falou ainda... Se quiserdes saber o que acontece com os extremamente maus, observai o processo total de todos os alimentos em vosso estômago, os bons e os nocivos. Podeis saber sobre o como e o porquê, mas não há nada escrito sobre o quando. Ao observardes isto, porém, tereis observado grande parte de Meus Caminhos e o que acontecerá.

11 – Fazei o que ele, o homem universal, fez e ainda faz em cada pecador que anseia pelo Meu Reino (que procura a Casa do Pai). Deixai que aos vossos desejos materiais no mundo aconteça o mesmo que vistes acontecer com o homem universal: ele se unificou com o Pai. Assim também em cada um de vós será reencontrado o "filho perdido", cuja situação será como Eu vos mostrei: um outro homem ficará no lugar do anterior.

12 – Só então é que podereis ver e reconhecer, na mais clara luz das doze horas, como renascidos.

13 – E, como já foi dito antes, todos os homens unidos perfazem um único homem, como um todo, procurai, então, todo o mal que existe em vós. Ao encontrardes isto e o expulsardes do vosso interior com Minha poderosa ajuda, então Eu, como vosso Santo Pai, Eu, que já corri ao vosso encontro até a metade do caminho, chegarei totalmente junto a vós, vos libertarei de todos vossos farrapos e vos acolherei na Grande Casa Paterna de Meu Amor.

14 – Ainda quero informar-vos que até agora já fui ao encontro de muitos "filhos perdidos" na metade do caminho.

15 – Prestai atenção à Minha chegada em vós mesmos e não vos preocupeis com os demais ou com a Minha chegada em geral. O que sentis pela comunidade, trazei a Mim em oração e em vossos corações. Por tudo a mais não vos preocupeis. Pois o grande “quando”, o “como” e o “porquê” estão bem guardados em Mãos bem cuidadosas e muito boas. Isto falo Eu, o grande, santo e amado Pai. Amém.


O Grande Criador e sua volta

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de março de 1841

1 – Já acompanhamos o filho perdido no livrete “Décima Primeira Hora”, desde seu nascimento até sua derrota. Também calculamos, com bastante exatidão, a hora em que ele deve testemunhar a sua derrocada. Então, nesta “décima segunda hora”, vamos ver onde e como este filho perdido voltará, cheio de humildade, a casa paterna.

2 – Mas para entender isto totalmente, não é suficiente que tenhamos estudado este grãozinho de poeira universal chamado Terra; mas sim é necessário que Eu, justamente por este motivo, tenha colocado em vós uma “câmera escura” do espírito, para dardes mais uma olhada a partir deste aposento recém-criado. Eu vos advirto: Cuidado, pois o que vos apresentarei vos mostrará algo que até agora nenhum homem jamais viu!

3 – Para conseguirmos isto, devemos aumentar um pouco mais a tela na qual se refletem as grandes figuras, e a posição horizontal será substituída por uma vertical. Pois bem, dirigi vossos olhares à tela bem aumentada e logo vereis a figura bem grande. Somente assim é possível vos apresentar toda a criação infinita de uma única vez.

4 – Olhai bem a tela. No momento em que Eu disser a palavra “epheta” (abre-te), então podereis ver a grandiosa figura na tela. Pois bem, agora que vossos olhares estão fixos na tela, Eu digo: “epheta!”.

5 – E agora que dizeis do que estais a ver? Não é verdade que vedes nesta tela nada mais e nada menos que a figura de uma pessoa vestida com uns trapos mínimos, cujos cabelos desgrenhados lhe caem desde a cabeça até meio do peito?

6 – De fato estais a pensar: “Não há nada de extraordinário neste quadro, a não ser que está representado em tamanho colossal nesta tela. De fato, esta figura poderia ser pintada facilmente por um retratista com alguma tinta branca sobre esta “tela negra”. Eu não posso vos dizer nada diferente do que: vossa conclusão está corretíssima. Mas se quiserdes ir ainda mais fundo, logo vereis nesta figura esbranquiçada o retrato do filho perdido.

7 – Mas vede, Meus queridos filhos: a tela está um pouco longe demais para vossos olhos. Vamos, então, nos aproximar, pois já vistes a figura em sua totalidade. Vamos, pois, olhar com mais atenção a cor com que a figura foi pintada na tela.

8 – Bem, cá estamos junto à tela. Vede esta parte brilhante e plana, do tamanho de uma toesa; é um pedaço do pé da figura. Olhai com atenção e dizei-Me o que vedes. Não é verdade que vedes uma série de bolinhas luminosas, umas bem pertinho das outras? Bem sabeis que este quadro não é uma pintura, mas uma imagem de algo que está do lado de fora.

9 – O que achais que estas bolinhas são em verdade? Eu não vou vos deixar na incerteza, mas se disserdes que são imagens de sóis, planetas, luas e cometas afastados, Eu vos advirto a não tomardes conclusões precipitadas, pois podereis vos enganar muito. Antes de vos explicar o que estas bolinhas são, tentai contá-las neste ponto, quando do tamanho de uma lentilha.

10 – Já acabastes? Vejo que ainda não. Não é fácil, pois para vós eles são incontáveis e poderiam ser mais que um trilhão. E como já vos acostumastes um pouco com a cor destes pontinhos, vou dizer-vos de que cada pontinho é imagem. Não é de um sol nem de um corpo celestial parecido, mas sim cada uma destas bolinhas é nada mais, nada menos, que a imagem de um “enxame globular” (vede João - vol. 4 cap. 105).

11 – Vamos nos afastar mais um pouco e olhamos a figura total de novo. Vede, ela é a figura completa de um humano. E após a terdes olhado bastante, Eu vos digo: Esta figura representa, segundo Minha Ordem, o Universo, e este não pode ser visto por ninguém mais além de Mim, e nenhum espírito criado jamais viu este quadro, como vós o vistes.

12 – Mas vejo novamente o que há convosco... Vós gostaríeis de ver vossa Terra nesta figura humana. Mostrar-vos isto é impossível enquanto toda a figura estiver na tela. Mas esperai um pouco, pois Eu sou um ótimo ótico. Então vou realizar algumas modificações óticas na nossa “câmera”, e de toda esta figura luminosa só sobrará um pontinho luminoso.

13 – Vede, a figura desapareceu e tudo já está em ordem. Aproximemo-nos de novo da tela e observemos nosso pontinho. Já o encontrastes? Ele sozinho não emite muita luz, mas com boa vontade o achareis.

14 – Não deveis mirar para o alto da tela, mas sim para baixo, onde se encontrando o pé esquerdo, no local do dedinho mínimo. Esta bolinha é o enxame globular no qual se encontra vossa Terra.

15 – Para poderdes chegar a Terra, terei que usar novamente Meu “epheta!”. Vede como a bolinha se expandiu e quase ocupa toda a tela.

16 – Vede a quantidade de pontinhos a brilhar! Procurai, pois, vossa Terra. Não conseguis distingui-la dentre tantos pontinhos luminosos. Vos digo que é um esforço desnecessário, pois estes pontos não são sois, mas sim galáxias.

17 – Bem, vou expor um pontinho aqui à direita e apagar o resto da tela. Bem, aqui está o pontinho escolhido, e novamente digo: “epheta1”.

18 – Vede, a tela está novamente cheia de pontinhos luminosos. Mas de novo eles não são sois, mas sim mundos solares. Ainda não achareis a Terra.

19 – Bem, vou escolher o pontinho certo e apagar o resto da tela. Eis o pontinho. Vede como seu brilho é fraco na tela enorme. Para ficar maior, novamente direi: “epheta!”.

20 – Novamente não procureis a Terra, pois os pontinhos não são sois não, mas sim nebulosas solares.

21 – Para chegarmos à meta com mais pressa, apagarei todos os pontinhos menos o por Mim escolhido e novamente digo: “epheta!”. Estais a enxergar uma grande nebulosa esbranquiçada e que se estende horizontalmente sobre a tela. Ela é sete vezes mais comprida do que larga (nossa via Láctea). Lá no centro, escolheremos um pontinho. Todo o resto se apagou, e vamos olhar o pontinho.

22 – Olhai bem a tela. Já estais reconhecendo o quadro? Ali no centro, um círculo do tamanho de uma lentilha é o retrato de vosso Sol, e o terceiro pontinho de luz fraca, lá no lado esquerdo e um pouco para baixo, é vossa Terra.

23 – Só preciso aumentar um pouco o quadro, e reconhecereis vossa Terra. Abre-te, tu, pontinho terráqueo, para que os Meus observadores te reconheçam. Vede como o ponto se expande. Agora ele adquiriu o tamanho ideal para reconhecerdes vossa casa suja; suja porque é aqui que Lúcifer possui suas prisões e onde ele faz sua experiência de dominar o bem.

24 – Como já vimos tudo, vamos voltar para o nosso “filho perdido”. Olhai a tela, e novamente se encontra a primeira figura. Mas vede, a figura está cada vez menor e menor, e agora está com o tamanho de uma criança, e agora esta criança encolheu e virou um pontinho... Mas observai no lado direito da tela. Começa a aparecer uma figura humana comum. Agora ela está no centro da tela. E sob seu pé esquerdo podereis descobrir o pontinho, que agora está do tamanho correspondente ao do quadro anterior.

25 – O que achais que este quadro representa? Vós que lestes sobre o grande homem universal nos livros de Swedenborg podeis pensar que é esta sua figura. Eu, porém, vos digo: Grande erro! Este humano que estais a ver não é nada mais, nada menos, que o “filho perdido” que se reencontrou, este que se reencontrou em cada homem renascido. Ou, com outras palavras: Este é o mais ínfimo de Meu Reino Novo! E neste quadro vos é apresentada uma relação correta e a medida perfeita de um ser humano, o qual é milhares de vezes melhor do que aquilo que vos foi mostrado como um universo e que parece ser infinito na figura do filho perdido.

26 – Se prestardes atenção a este quadro, podereis começar a ter uma ideia do que ele tem em comum com relação ao “retorno do filho perdido”.

27 – Não deveis crer que o Lúcifer caído retornará como um ser total. Se isto tivesse sido possível, em verdade jamais teria existido uma criação material.

28 – Porém em cada humano que vive de acordo com Minha Palavra, que será renascido pela Palavra e pela Redenção, é que este “perdido” (uma partícula dele) será reencontrado e retornará a casa paterna!

29 –E para pessoas que ficaram grandes deve existir uma casa bem grande, para que possam morar novamente com seu Pai.

30 – Que isto é assim, podeis deduzir de tudo que já foi dito. Quanto aos açoites e apertos sobre cada pessoa, cada um destes é dirigido ao “filho perdido”.

31 – Mas quando alguém é acossado, é só ele que sente a dor, enquanto que aquele que não está sendo acossado observa indiferente? Ou quando uma nação no outro lado do mundo é maltratada, será que vós não sentis a dor de um único açoite que lhe impingiram? Quando alguém morre, ele morre para si, ou para os outros também? Podeis afirmar que alguém jamais nasceu para um outro? Será que Minha Palavra e Minha Salvação não valem para cada um tanto quanto para todos os povos do universo? Não consegue um homem Me adotar, a Mim, com o seu amor e sua fé viva, permitindo assim que Eu more com ele?

32 – Se vós estudardes tudo isto, ainda assim conseguireis afirmar que Eu sou menos numa pessoa do que em todos os seres em conjunto?

33 – Mas quando Eu me tornei uno com alguém e ele Comigo, dizei-Me o que ainda sobra do reencontro do filho perdido?

34 – Aquele que Me aceitou não recebeu tudo e não absorveu tudo? Em verdade cada pessoa que se tornou uno Comigo é mil vezes – repito - mil vezes mais importante e maior que todo o Lúcifer jamais foi na sua grandeza, grandeza esta por vós impossível de captar.

35 – Vede, sob o conceito de “filho perdido”, que também se chama Lúcifer, devemos entender cada ser humano, cada um. E quando um povo todo se torna uno Comigo, então este povo todo se torna um homem só Comigo. E todos os homens que já viveram na Terra ou que ainda nela viverão, quando tiveram se unido a Mim, então eles também serão um ser único Comigo. Digo a todos eles: O Espírito Santo com todo seu Amor, verdade, poder e força vivificará e espiritualizará. E não haverá muitos, pois todos viverão como um só, originários da mesma força, do mesmo poder do Espírito Santo de todo Amor e Sabedoria que vem de Mim.


Casa do caracol, espinho da roseira, casulo, ninho de pássaro

Perguntas na Luz espiritual

Recebido por Jacob Lorber , em 27 de março de 1841

Quatro irmãs fazem uma pergunta cada, pedindo que o servo Jacob Lorber as responda.

1 – O que significa a casa do caracol?

2 – O que significam os espinhos da roseira?

3 – O que nos ensina o casulo da borboleta?

4 – O que nos diz um ninho de uma ave?

1 – Essas quatro perguntas são comparáveis à ação de um homem que numa câmara cheia de tesouros pode escolher quatro peças do montante, ao seu bel-prazer. Como ele está totalmente deslumbrado com o brilho das peças do tesouro, ele começou a ficar inseguro e não mais sabe que peça apanhar. O tempo da doação do tesouro está por se esgotar, e o tolo indeciso, agora ainda mais confuso com os portões começando a se fechar, tem que pegar o que está mais próximo, para não sair da câmara de mãos vazias.

2 – Ao chegar do lado de fora, ele tira da bolsa o que pegou. Com grande surpresa e desilusão, o tolo constata que - invés de peças de ouro, prata ou pedras preciosas ou algo precioso - ele segura em suas mãos quatro esqueletos quase que totalmente podres.

3 – Vede Minhas filhas, numa câmara de tesouro como esta podeis entrar todos os dias e dela podeis tomar tudo o que desejardes. Mas o que acontece convosco que não estendeis vossas mãos para o ouro, prata, pedras preciosas ou outras preciosidades e só procurais pegar esqueletos podres?

4 – Hoje pegastes, em primeiro lugar, uma “casa de caracol”. O que é que fez a lesma viva, que a banistes de sua casa? Também tirastes o “espinho de uma rosa”. O que é que vos fez a roseira, que dela só pegastes justamente aquilo que é sem vida e estéril? Vós também trouxestes um “casulo”, quando deveríeis ter pego a lagarta viva em primeiro lugar. E finalmente chegastes com um “ninho de aves” completamente vazio e morto! Porque não pegastes o pássaro vivo, pois é um ser anímico, invés do ninho morto?

5 – Que faríeis e diríeis, se Eu revivesse estes quatro objetos mortos e deles se originassem “casas de caracóis” vivas, espinhos que frutificassem, casulos saltadores, e ninhos de aves voadores?

6 – Não vos pareceria isto com uma charrete que, em vez de ser puxada por dois cavalos vivos, estaria puxando dois cavalos mortos detrás de si? Ou se vísseis uma árvore que tivesse enterrado sua copa no solo e exposto suas raízes ao ar e, em vez de estar cheia de frutos, nela estariam pendurados os espinhos? Ou se vísseis um cozinheiro que, em vez de encher suas panelas com comida, as enchesse com brasas de carvão e no lugar do fogo colocasse todo tipo de coisas comestíveis? O que diríeis, se na construção de uma ponte os operários direcionassem as estacas para cima e colocassem as pranchas da ponte na água?

7 – Vede filhas, é assim, como todos estes exemplos errados que vos apresento, que acontece com os assuntos de vossas perguntas. Se Eu os vivificasse, não seriam em nada mais elucidativos para vossos corações que o carro, a árvore, o cozinheiro e a ponte que vos apresentei.

8 – Mas desde que trouxestes estas coisas para a luz do dia, Eu vou fazer algo delas, para vos mostrar por que não apanhastes nada melhor na vossa vez de escolher.

9 – Vede que “coisas raras” Eu vou fazer delas! Pode ser que estas coisas novas vos pareçam bem extraordinárias, mas considerai que neste vosso momento Eu não consegui produzir nada melhor para vos tornar mais religiosos.

10 – Da “casa do caracol”, de uma forma bem artificial, vos fiz um espelho muito engraçadinho. Neste espelhinho a irmã que está perguntando deveria se olhar diariamente. Daí ela tomará conhecimento que uma pessoa que somente se ocupa por coisas mundanas e materiais é semelhante a uma “casa de caracol”: vazia, pois seu habitante vivo ela o perdeu ou lhe foi arrancado. Este habitante vivo de alguma maneira pode ter se “encaixado” nas paredes duras e mortas da casa. Ou então, para que o entendais mais facilmente, digo que a lesma viva lentamente se transformou, ela mesma, na casa; mas como esta casa desta forma se tornou pesada e grande demais, ela não mais conseguiu se locomover para achar alimentos. Assim, até este pouquinho de vida que ainda existia murchou e se autodestruiu; quer dizer, encolheu, se decompondo até um pontinho que se colou à parede da casa, como uma vida totalmente acabada.

11 – Por isto, pequena inquisidora, apresentastes este objeto para ser apreciado. Tu estás muito ligada ao teu exterior e vê: ainda lhe dás bastante importância. Joga, pois, esta “casa de caracol” - que representa todo o exterior e o mundano - para bem longe de ti, o mais breve possível, para que não sofras o mesmo destino da lesma.

12 – Vede, esta é a obra artificial que Eu consegui obter desta “casa de caracol”. Observai vos todos nele (no espelho) e atuai de acordo com Meus ensinamentos e assim vivereis.

13 – O que vamos fazer dos “espinhos”? Algo pequeno não vos causaria nenhuma impressão. Vamos então aumentar este espinho e do resultado vamos fazer um para-raios que colocaremos sobre vossa casa. Lá, como já o fazia na roseira, ele sugará para si a eletricidade.

14 – Considera-te, tu, Minha filha, como esta casa, na qual existe um habitante vivo. Coloca nesta casa este para-raios construído de um metal de quatro componentes: o ouro da humildade, a prata da modéstia, o ferro da fidelidade e o chumbo da afeição. Então este para-raios te protegerá do raio satânico que incendiaria tua casa com todas as paixões malignas e em cujas chamas mortíferas desejarias te jogar, permitindo que se apossassem de ti.

15 – Foi por isto que Me deste o “espinho”, pois inconscientemente sentiste tal miséria em ti. Eu digo “inconscientemente” porque teu “habitante adormecido” (a centelha divina) levou o problema a tua boca.

16 – Mas o que fazer com o "casulo". Eu vos aviso de antemão que nada de raro poderá ser produzido. O melhor a fazer seria um pequeno caixão funerário. É isto que farei.

17 – Bem, qual o destino deste caixão? Nada mais que acolher um defunto. E o que acontece com ele e o morto? Serão enterrados no solo da decomposição.

18 – O que dirias tu, Minha pequena "perguntadora", se em vez de veres pessoas vestidas com roupas, as vires usando urnas funerárias como vestimenta? Certamente cairias por terra quase morta de medo, especialmente se este encontro acontecesse à noite. Mas Eu digo: Estas pessoas com caixões funerários poderiam, tal como a borboleta, sair do casulo e encontrar a vida eterna. Mas as "bonecas da moda da atualidade" (*) usam um caixão bem mais horrível, do qual muito dificilmente poderá sair uma borboleta brilhante para a vida eterna. Pois este caixão transforma o corpo em um sepulcro decomposto (fruto do orgulho, da vaidade, e da altivez) até o último átomo.

19 – Foi por isto que Me deste este "casulo", pois teu interior, do qual não tinhas a menor ideia, estava sofrendo sob tal pressão. Por isto, veste-te com a roupa da humildade, da mais profunda modéstia e de uma imensa disposição para receber tudo que é bom, amoroso e cheio de fé. Desta maneira, se elevará uma linda borboleta de teu "casulo".

20 – Ainda temos o "ninho". Considerai para que serve o ninho contra os ventos e intempéries, quando nele não se encontra mais nenhuma segurança, nenhuma proteção, nenhum calor e nenhum alimento? Vós direis: "Demais mais nada vale!". Eu digo: "Respondestes certo. Por isto não posso fazer nada mais deste ninho, da mesma maneira que não posso fazer nada por uma pessoa que expulsou de seu interior os "pássaros divinos" - que são a voz da consciência do ser humano - e que abandonou o "ninho do amor" que estava construído em seu coração.

21 – Este ninho será então entregue aos ventos maus. Se quiserdes saber como se chamam estes ventos, isto Eu posso dizer. O primeiro vento é a leviandade. O segundo chama-se “tibieza em relação a tudo que é bom, sério, verdadeiro e, consequentemente, bonito”. O terceiro vento é a preguiça, que se origina do anterior. Finalmente o quarto vento é “o afundar-se completamente em todos os prazeres materiais e, por fim, no total esquecimento de Deus”. Cuidai, portanto, para que vosso ninho não seja abandonado, pois senão vos tornareis um destes ninhos abandonados e sofrereis o mesmo destino deles sob os ventos.

22 – Por isto que Me apresentaste este quarto objeto morto. Seus pássaros divinos (os que ainda conseguem sobreviver no ninho) colocaram tal assunto em sua boca, como uma advertência.

23 – Vede, Minhas queridas filhos, sem querer, vós Me apresentastes vossas doenças. Daí Eu vos preparei os mais eficazes medicamentos. Usai-os seguindo os Meus conselhos. De uma maneira milagrosa, vivificareis vossas “casas de caracóis”. Do espinho morto e duro, fareis um objeto vivificador. Do casulo morto, surgirá uma nova maravilha. E o ninho abandonado se tornará a eterna casa do pássaro Fênix, que sempre renascerá e emergirá para a vida maravilhosa e poderosa. Amém.

24 – Atenção a Quem vos diz isto! É vosso verdadeiro Pai, Santo, Santo, Santo! Amém.

(*) Aqui existe um jogo de palavras, pois "casulo" em alemão é "puppe", que também significa boneca, e assim também são chamadas as pessoas levianas (a tradutora).


Sofrimento do Senhor, Jejum, Pobreza, Amor

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de abril de 1841

Quatro perguntas na Luz do Espiritual

1 – Se assim perguntásseis, o faríeis corretamente, pois nestas perguntas encontra-se o que mais faz falta a todos os homens.

2 – Vós não Me apresentastes vosso pedido em forma de pergunta, mas mesmo assim vossas palavras são perguntas originárias de vossos corações, as quais vou responder agora. Porém a grande resposta só vos será dada, quando observardes as peculiaridades que existem em vós. A resposta peculiar é um guia, é um itinerário que vos mostrará como a vida humana deve ser composta, como a vida humana deve ser composta em espírito e verdade, cheia de amor e crença viva, para que por esta vida se consiga chegar à vida interna do espírito e, através dela, a Mim. Também chegarão à resposta não só desta pergunta, mas de todas as perguntas que estão infinitamente contidas nestas quatro.

3 – Pois, em verdade, se entendêsseis em vossos corações o segredo de Meu sacrifício, todos os anjos do céu viriam, cheios de humildade, aprender convosco. Após o fim do curso, retornariam extremamente enriquecidos em conhecimento.

4 – Se soubésseis jejuar corretamente em vossos corações, em verdade nunca mais perguntaríeis sobre o tema. Pois por este jejum verdadeiro Eu já Me teria tornado um Pai visível para vós, e então com um sopro Eu vos poderia dar muito mais do que comumente com mil palavras.

5 – Se entendêsseis em vossos corações o que é a verdadeira miséria em verdade, já neste momento seríeis muito mais ricos que alguns reis do céu. Pois existe na verdadeira pobreza um raro tesouro que não pode ser medido pelos meios terrenos. A verdadeira pobreza é aquela que é eternamente alimentada com Minhas Palavras. Já estais a ler que o Evangelho deve ser pregado aos pobres, pois a verdadeira pobreza é aquela que assola os “famintos” e “sedentos” que serão satisfeitos com Minhas Palavras.

6 – E finalmente, se entendêsseis o que é o verdadeiro Amor em vossos corações, em verdade teria então se completado em vós a grande exigência que fiz aos Meus apóstolos, quando lhes disse: “Sede perfeitos, como vosso Pai Divino o é”. Meus queridos filhos, o que achais desta Minha exigência? Pois esta exigência significa que deveis ser iguais a Mim em tudo e em todos os instantes. Se vos pudésseis ter a mínima ideia de Minha grandeza, de Meu poder e força e, acima de tudo, da Minha Perfeição, então poderíeis ter uma leve ideia do que significa Eu vos dizer que deveis também vos tornar tão perfeito como é vosso Pai Divino. Pois quando “o Filho” fez coerdeiros os seus amados - de tal maneira que ele, Filho, divida fraternalmente com todos a grande herança do Pai - isto quer dizer que deverão alcançar a mesma Força, o mesmo poder e a mesma virtude moral de Deus que está no Filho, que são do Pai e do Filho por toda eternidade.

7 – Antes que Eu vos dê mais explicações sobre este assunto, vamos voltar às peculiaridades das respostas de vossas quatro perguntas.

8 – Com respeito a Meu sofrimento, Eu sofri no corpo igual a qualquer outra pessoa e na exata ordem que se lê nos Evangelhos. Mas este sofrimento humano ainda continha um divino, então o sofrimento foi duplo: o externo (no corpo) e o interno (no espírito divino).

9 –Quanto ao sofrimento material, este já conheceis; mas sofrimento espiritual, este não tendes a mínima ideia. Para que possais ter um vislumbre do mesmo, imaginai o que significa quando o Deus Infinito, durante este período de sofrimento, se priva de sua infinita liberdade e se encolhe no coração de “seu Filho” sofredor.

10 – Meu corpo material dói até o ponto da morte, espremido por este sofrimento! A divindade, que se encontrava no coração, tinha que vencer a morte e o inferno desde esta sua minúscula posição, por meio deste sofrimento. Imaginai a Divindade como homem sofredor e colocada entre dois fogos: o do exterior (a morte e o inferno que Me espremiam com toda sua força e por tanto tempo, até Minha Vida Natural ser comprimida a um pontinho minúsculo bem no íntimo do coração) e o do interior (todo o poder e força infinitos da Divindade se opondo a isto e, graças ao Amor, permitindo que fosse comprimida a este pontinho).

11 – Bem, imaginai mais... Imaginai aquela mesma força e aquele mesmo poder que com um sopro pode destruir tudo que existe e tudo que é vida no infinito do universo - este mesmo poder e força que todo o infinito não consegue entender, este poder e força que com uma palavra criou o universo total e infinito, este mesmo poder e força na sua totalidade completa - permitindo que o comprimissem a um pontinho, compressão esta que significa a maior e mais completa humilhação que voluntariamente permiti que Me acontecesse, a Mim, a Divindade Livre.

12 – Se compreenderdes isto só um pouquinho em vossos corações, a luta inglória que Eu tive de Me submeter e vencer por causa do Amor Eterno, só assim podereis ter uma pequena visão do que quer dizer “o Meu sofrimento”.

13 – Este sofrimento durou até o momento em que Eu, na cruz, exclamei “Tudo está consumado! Em Tuas Mãos, Pai, Eu encomendo Meu Espírito”; ou então, com estas outras palavras: “Vê Pai, Teu Amor volta para Ti”. E com estas palavras todos os grilhões da morte e do inferno foram destruídos. O eterno poder se liberta com grande violência. A terra toda tremeu, tocada pela ira divina. Os sepulcros se abriram e libertaram os presos para a vida.

14 – E esta Onipotência se estendeu sobre toda a criação visível; naquele momento, ela encheu novamente o infinito. E todos os sóis e mundos, cheios de respeito, retraíram sua luz ante a enorme Onipotência de Deus, que novamente estava a agir. Para que nesta Sua Onipotência violenta a Divindade não destruísse toda a Criação, houve a intervenção do Amor (que novamente se tornou uno à Onipotência).

15 – Vede, pois, Meus amados filhos o que se deve entender com “Meu sofrimento”. Mas de fato ainda existem infinidades ocultas no mesmo. Podereis pesquisar por eternidades, e sempre faltará algo para elucidar. Pois o que acabei de vos dizer está para o todo, assim como um pontinho está para o infinito.

16 – Mas quando jejuardes, jejuai na verdadeira negação de vós mesmos e livremente, só por amor a Mim. Deveis renegar tudo o que o mundo vos oferece. Assim, com este jejum correto, chegareis ao “pão do céu”.

17 – Da mesma maneira que uma noiva tira todos as suas vestes para vestir a roupa de noiva no dia de seu casamento, lava seu corpo com perfumes antes de colocar a roupa enfeitada da cerimônia nupcial, se enfeita com flores e joias, tudo isto para que o noivo se alegre com ela ao levá-la para casa, assim deveis - com o jejum - retirar todas as vossas vestes da inocência e da humildade e vos enfeitar com todo tipo de flores e joias das obras de amor ao próximo.

18 – E quando o grande noivo chegar e vos encontrar tão bem arrumados e preparados, então também fará o mesmo que o noivo. Ele abrirá a porta de Seu tesouro e vos presenteará com os mais ricos e incalculáveis tesouros da vida eterna, consequência de Meu amargo sofrimento ou da redenção.

19 – E o mesmo que o jejum é a pobreza. Em verdade, quem não ficou pobre de tudo que é do “mundo”, este não entrará no Meu Reino. Ele terá que se libertar até do último centavo e devolvê-lo ao Dono. Vede, esta é, pois, a verdadeira pobreza em espírito e verdade .

20 – Mas se a pobreza for um ato voluntário, ela terá eões de vantagem sobre a pobreza imposta, e qualquer elucidação sobre o assunto é supérflua. Pois esta pobreza imposta só se igualará à voluntária, quando houver total entrega à Minha Vontade e ao Meu Amor.

21 – Agora estais a questionar: “Qual é a relação de uma noiva para com um noivo que ela não ama? Será que ela também se enfeitará toda para aquele momento em que o desprezado noivo chegará? Será que ela aguardará este momento com o coração cheio de expectativa feliz?” Eu vos digo: Qual nada! Pois ela amaldiçoará este momento. Ela não se lavará nem se perfumará; pelo contrário, se emporcalhará ao máximo, usará suas piores roupas, cobrirá sua cabeça com cinzas, pois pensa que se o tal noivo a vir assim, se escandalizará e a deixará em paz.

22 – E quando o noivo chegar e encontrar sua noiva desta maneira, Eu vos digo, ele não a tomará (se for igual a Mim), mas sim a deixará para aquele a quem ela entregou seu amor.

23 – Vede, pois, já que uma noiva só se enfeita para o noivo certo - aquele a quem ama - é bem fácil entender que sem amor por Mim não é possível pensar em jejum ou pobreza, e assim também não haverá um “enfeitar-se” para o casamento. Mas também é nada mais nem nada menos que a redenção da morte para a vida.

24 – É assim que deveis entender vossas perguntas. No Meu Sofrimento está o Amor! O jejum e a pobreza são o Sofrimento do Amor. E o Sofrimento do Amor é o adorno do mesmo, o qual também é a Salvação, a Redenção. Assim o Amor, o Sofrimento e a Salvação são todos uma única e mesma coisa.

25 – Pois então aquele que amar da maneira que vos foi mostrado, este se apoderou da Salvação e seu quinhão será idêntico ao Meu. Da mesma maneira que o noivo divide todos os seus bens com sua noiva, assim será na Minha Casa. Então sabereis o que significa: “Sede perfeitos como o vosso Pai no Céu o é”. Amém.

Isto falo Eu, o tal “Pai no Céu”. Amém.


Orar – o melhor meio de educação

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de abril de 1841

1 – Meu querido filho que está preocupado com o sobrinho, devo dizer-te que o mesmo se encontra paralisado por um espírito preguiçoso, para toda e qualquer atividade produtiva. Por isto ele não será levado ao trabalho por qualquer tipo de imposição ou ameaça, mas só por muitas e sinceras orações. Só assim este espírito será afastado.

2 – Estes espíritos não são expulsos por orações longas e intermináveis, mas sim por orações feitas em Meu Nome, na fé e na confiança absoluta e viva, pois somente nestas orações todo e qualquer pedido será concedido.

3 – Quando a oração alcançou a fé justa, isto só Eu sei. O sucesso está ligado à força da fé espontânea. Quanto mais ela se ligar ao Meu Nome com toda sua força e sua firmeza, tanto mais próximo estará o sucesso, o qual se encontra sempre na total e inequívoca entrega, paciência e todo amor e mansidão.

4 – Mas quando esta fé alcançou o justo grau, isto somente Eu sei, como já disse. Por isto, em todos os pedidos a paciência deve estar sempre presente. Isto acontece para que cada um se autoexamine e descubra o quanto acredita em Meu Nome.

5 – A cada pedido deve seguir: "Senhor, não nos leves à tentação, mas livrai-nos do mal". Faze isto, Meu filho, que em pouco tempo teu sobrinho se recuperará e se tornará um espírito útil para Minha seara.

6 – Faze que ele ore junto contigo várias vezes e dize-lhe que ele tem que orar com frequência, se quiser vencer. Quanto mais difícil esta luta lhe parecer, tanto mais alegria lhe causará a vitória que ele conquistará em Meu nome. Este é o melhor e infalível meio.

7 – A propósito, todos os meios que usares em Meu Amor sempre serão úteis e levarão ao sucesso de etapa em etapa. Os humilhantes são os melhores, mas só devem ser aplicados quando um espírito revoltado se apresentar com bastante insistência. Pois os espíritos preguiçosos muitas vezes têm junto a si espíritos revoltados como fiéis companheiros. Mas digo mais uma vez: uma oração contínua e sincera é a melhor arma para qualquer situação.

8 – Olha bem, Meu querido filho, a construção dos corações de teus filhos, pois só isto é o que Me importa, nada além disto tem valor. E se teus filhos fossem mais sábios que Salomão em toda sua sabedoria, todo teu esforço se igualaria ao de um ourives cujas obras se tornaram cinzas.

9 – Ensina teus filhos a serem humildes e a confiarem em Meu Nome. Assim serás um bom obreiro de Minha vinha, e Meu pagamento te deixará satisfeito eternamente. Amém.

10 – Isto falo Eu, em cujo Nome se encontram ocultos todo o poder e toda a força. Amém.


Felicidade verdadeira

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril de 1841

Aquele a quem é dada,

De Meu amor, a santa paz,

A quem o Pai uma nova vida

Deseja dar de Sua plenitude,

A quem o Pai adotou,

E quem chegou ao Seu Coração

Este em verdade nunca mais deve temer.

Se ele por Mim somente sente saudade

E se sente por Mim uma atração viva,

E se o mundo e o pecado dele fogem,

Então deste Eu já Me apoderei

Com todas as artimanhas de Meu Amor.

Sim, Eu o carrego nas Minhas Mãos,

Para completar a sua vida.

1 – Vê Meu querido filho soturno, Eu nada te desejo de mundanidades, mas o que de fato desejo Eu te dou neste momento. Eu sempre te dei e ainda tenho para te dar infinitas dádivas guardadas para ti, só é necessário que as desejes receber.

2 – Vê, Eu quero te dar tudo em excesso: "Prata, ouro e pedras preciosas de Meu coração. Prata Eu te dou por teus filhos, ouro pela tua esposa e pedras preciosas para te enfeitar, a ti, Meu filho querido.

3 – Mas tem fé bem forte em Meu nome. Constrói sobre ele como se fosse uma rocha de diamantes. E Me ama, a Mim, teu bondoso e santo Pai, acima de tudo e de todos. Em pouco tempo, conhecerás a força e o poder de Meu Nome - Jesus - em teu coração.

4 – Isto falo Eu, teu santo Pai. Amém.


Seres que vivem em clausuras religiosas e a verdadeira caridade

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de abril de 1841

Pedido do servo : Senhor, Tu, nosso amado e santo Pai, poderias nos orientar sobre como devemos tratar os integrantes desta nova ordem religiosa - As Irmãs Cinzas de Caridade - para que também tenhamos uma resposta clara, caso nos questionem a respeito, pois não queremos dar um testemunho errado sobre as mesmas. Perdoa Pai nossa pergunta, nosso atrevimento em Te perguntar como se fosses uma pessoa comum como nós. Pois és o Pai, e nós somos teus filhos cheios de dúvidas e incertezas. Amém.

1 – Escreve, pois, na verdade, esta pergunta é completamente tola e infeliz. Como é possível que tu perguntes isto?

2 – Não leste ainda nenhum evangelho? Dize-Me em que ocasião Eu fundei ou apadrinhei alguma ordem, muito menos uma ordem feminina? Ou será que sonhos de pessoas de mente e visão fraca, ou atacadas alguma crise de saúde, também pertencem ao Evangelho?

3 – O que foi que Eu disse aos apóstolos? Que eles fossem todos irmãos no amor entre si, isto foi que Eu lhes disse! Como foi que eles chamaram as pessoas de acordo com Meus mandamentos? “Queridos irmãos, queridas irmãs”, etc. O que isto tem a ver com castas?

4 – Vós todos deveis pertencer a uma única ordem: a ordem do puro amor por Mim, como filhos de um único Pai e como redimidos por Minha encarnação como homem. Todos iguais! Todos, sem exceção! Todos em Deus, no Amor, no poder vivo de Minha Palavra e em Meu Nome, pois todos vós fostes eleitos Meus filhos, filhos em Meu Amor, Misericórdia e Graça, pelo único e absoluto Jesus Cristo!

5 – Mas se pessoas, algumas propositalmente, se afastam dos outros e desta forma fundam uma certa casta considerada por eles virtuosa, à qual só podem se unir pessoas escolhidas uma pequena minoria, o que de bom e proveitoso poderia advir disto para o povo, se não são todos como um só e iguais no todo?

6 – Nem todos terão que ser tecelões, ferreiros, pedreiros, etc. Deve existir uma diferença entre as profissões e, às vezes, na posição social; mas isto somente de forma extrema, jamais em relação ao íntimo da pessoa. Lá todos devem ser os mais carinhosos e misericordiosos irmãos e irmãs uns para os outros.

7 – Que valor tem uma caridade pagã? Ou será que só entendeis por caridade o cuidado com os doentes (*)?

8 – Eu vos digo: Aquele que não praticar a caridade livremente - como pleno confessor de Minha Palavra e de Meu Amor, fazendo-o com todas as suas forças e sem esperar nenhum pagamento - a este Eu considerarei igual a um animal que, de acordo com suas aptidões, deve sempre fazer o mesmo trabalho de manhã, de tarde e de noite, pois não consegue fazer de outra forma, como também não lhe é permitido pela Minha Ordem. Assim, as ações caridosas destas pessoas são quase nulas.

(*) O Pai refere-se às irmãs de caridade que eram enfermeiras nos hospitais – a tradutora.

9 – O homem livre deve atuar livremente e sem amarras na Minha Ordem infinitamente livre e no Meu Amor eternamente livre, se quiser que Eu considere seu trabalho e sua ação. Mas aquele que agir coagido pelos regulamentos de uma ordem religiosa e muitas vezes sob as leis ainda mais lastimáveis de uma clausura, este geralmente não passa de um perigoso homem forçado a trabalhar e que não se preocupa com o trabalho a ser realizado, mas sim com tostões que o mesmo lhe dará.

10 – Que isto te satisfaça, pois a pergunta foi bem infeliz. Por favor, Me poupa no futuro com tais perguntas, pois instituições faustosas e cheias de luxo Me são um verdadeiro horror. Mas aquele que aplicar a caridade que a faça sem alarde e não a apresente aos olhos do mundo.

11 – Isto falo Eu, Aquele que só olha as obras secretas. Amém. Amém. Amém.

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A verdadeira igreja

1 – Uma igreja só é uma igreja se ela ensina Minha Vontade e a Vida no Amor que sangrou na cruz para todas as Terras, sim, para toda a Criação.

2 – Mas uma igreja que só abençoa a si mesma e amaldiçoa todo o resto é o mesmo que o avarento que deseja que todos morram, para ficar com todos os bens. Mas um camelo (cordame) passará com mais facilidade pelo buraco de uma agulha, do que um tal "avarento" entrará no Céu.


Da bênção que vem da cruz

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de abril de 1841

1 – A cruz é uma verdadeira necessidade para a vida existir. Se a vida não tiver alguma necessidade, então ela evapora feito uma gota de éter. A alma que não tem que carregar uma cruz enfraquece e morre na noite da morte.

2 – A necessidade para a vida é como um vaso no qual ela é fortalecida e solidificada como um diamante. O vaso não passa de uma gota de éter solidificado, mas não é uma gota de vida.

3 – Pois então que cada um coloque sua cruz sobre seu ombro e Me siga cheio de amor, pois assim manterá eternamente sua vida.

4 – Quem tornar sua vida delicada e a tratar como tal, a perderá. Mas aquele que a crucificar e permitir que Eu a crucifique, com ela permanecerá eternamente.

5 – Isto falo Eu, o crucificado. Amém.


A morte e a agonia da morte

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de abril de 1841

1 – A morte do corpo é a última provação da vida e se iguala a ser pregado à cruz.

2 – Se não houvesse a morte do corpo, toda a vida se perderia. Mas pela morte do corpo a vida é reunida e solidificada, para que ela, após libertar-se do corpo, mesmo em casos totalmente horríveis, ainda consiga sobreviver de alguma forma.

3 – O medo que vem junto com a morte é o ato da união da vida, que como acontece em muitos casos, já estava dispersa por todos os lados, devido aos ventos do mundo.

4 – Por isto acontece com tanta frequência que os materialistas passem por um desencarne bem amargo. Se isto não acontecesse pela Minha extrema misericórdia, eles seriam totalmente destruídos eternamente.

5 – Que estas almas tão mundanas se encontram após a amarga morte material num estado totalmente prisioneiro é um requisito necessário para que suas vidas, tão parcamente unidas no ato da morte corporal, não sejam destruídas ou dispersas no espaço.

6 – Pois então, mesmo esta morte chamada eterna, cheia de pavor e agonia, não passa de um ato misericordioso Meu, para conservar a vida espiritual.

7 – Mas as pessoas que já se uniram a Mim pelo amor, humildade e autonegação na vida aqui no mundo, em verdade estas pouco sentirão a agonia da morte. E quando o barqueiro de suas vidas acabar com sua travessia, então o viajante dirá sem dor e sem nenhuma preocupação: "Eu e meus pertences estamos no seco".

8 – Esforçai-vos em unir vossas vidas Comigo ainda aqui, e a morte do corpo vos parecerá como um lindo raiar do sol que recebe o viajante, a fim de guiá-lo num mar cheio de rochas e abismos.

9 – Acreditai, é extremamente assim. Ninguém mais poderá tirar de vós a vossa paz interna.

10 – Isto diz o Senhor da vida e da morte. Amém. Amém. Amém.


O sinal do filho do homem

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841

Um membro da reunião pediu explicações sobre Mateus cap. 24-30: "Então aparecerá no Céu o sinal do Filho do Homem. Todas as tribos da Terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu, cercado de glória e majestade". O Pai disse o seguinte:

1 – Por acaso não conheceis a diferença entre o "sinal" e o "Filho do Homem" e não sabeis o que significa a palavra "Céu"?

2 – Em verdade não haverá nada mais tolo, do que estardes a esperar um crucifixo no céu estrelado! Dizei-Me de que adiantaria ao mundo ver no firmamento não só um, mas sim vários crucifixos. Será que os homens se tornariam melhores em seus corações? Com certeza não!

3 – O sábios e cientistas não chamariam imediatamente estes crucifixos de embustes papais? Eles não tentariam provar que todos estes crucifixos não teriam nenhuma outra origem que a aerostática e que foram soltos ao céu dos colégios dos jesuítas?

4 – Vede é este o efeito que tal aparição causaria ao mundo dos cientistas. Haveria até matemáticos que tentariam explicar a aparição dos crucifixos usando as leis da ótica.

5 – Mas o que diria o homem comum? Eu vos digo: De tanto pavor, ele emudeceria totalmente. Pois para ele, como consequência dos ensinamentos errados que recebe, teria chegado o "Dia do Juízo Final".

6 – Este sinal mataria os cientistas, pois estes não o teriam eliminado por meio de suas explicações e pareceres, e o homem comum seria morto no momento da aparição, porque a mesma mataria seu livre arbítrio. Vede, estas seriam as "vantagens" deste sinal.

7 – Que isto iria acontecer desta maneira, podereis deduzir dos tantos "fins de mundo" que foram profetizados por falsos profetas. Algumas pessoas se desesperaram, outras riram do assunto e outras se entregaram a todos os prazeres mundanos imagináveis. Isto também aconteceria, se aparecesse o "sinal do Filho do Homem". Mas se tais profecias vazias causaram tudo isto, podeis imaginar o que uma cruz gigantesca que flutuasse debaixo das estrelas causaria ao mundo? Eu não preciso vos desenhar o pavor mortal que haveria.

8 – Sob a palavra "Céu" devemos entender toda a verdade de fé que vem da Palavra, a qual é a "igreja" em sua unidade.

9 – O "sinal do Filho do Homem" é o amor renascido nesta nova igreja, cheio de atributos divinos, tais como a misericórdia, a paciência, a humildade, a mansidão, a entrega, a obediência, os consentimentos de todos os sofrimentos na cruz. Vede, este "sinal do filho do homem" aparecerá no céu da vida interior e não matará, mas sim vivificará.

10 – Nesta ocasião haverá grande dor entre os povos materialistas, sedentos de prazeres materiais. Eles clamarão de pavor, pois todo o seu poder infernal, que consta de bens para compra e venda, terá perdido todo o valor. Já aqueles a Meu lado pouco contato terão com todos estes cambistas, corretores e mercadores.

11 – Estes Meus filhos só olharão para lá, onde verão a chegada, cheia de poder e maravilha, do Filho do Homem nas nuvens do Céu, o que de fato é a chegada da Palavra Viva no coração do homem, ou então de Meu Amor na sua totalidade (por isto é uma chegada de "grande poder e maravilha"). E as nuvens do Céu são a infinita Sabedoria que existe nesta Palavra Viva. Vede, esta é a explicação deste texto do Evangelho.

12 – As "nuvens" no Além vos acolherão em Meu Reino e serão vossos eternos lares. Com isto quero dizer que só então conhecereis, na mais elevada felicidade, o poder a maravilha do Filho do Homem.


A primavera espiritual

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841

O que é a primavera, e o que podemos aprender da mesma?

1 – Quanto à primavera, na natureza ela não é nada mais que aquilo que cada pessoa observa de manhã ao acordar: uma atividade desperta de todos seus espíritos de vida.

2 – Quando estes espíritos são despertos de seu sono pela luz e pelo aumento do calor, eles reiniciam ordenadamente, desde o começo, suas atividades. Todos os sentidos se manifestam. O estômago anuncia que necessita de comida, e todos os líquidos do corpo iniciam uma circulação vivaz.

3 – Isto também acontece na natureza universal. Infinitos eões de espíritos da natureza são acordados pela claridade e pelo calor do sol de seu profundo sono invernal. Iniciam suas atividades vegetativas e começam a desenvolver e criar inúmeras plantas, ervas, arbustos e árvores, como também os pequenos animais. E isto tudo acontece numa ordem bem preestabelecida.

4 – Vede, esta é a primavera natural! O que podemos aprender de tudo isto? Eu vos afirmo: Muito.

5 – Vós bem sabeis como a primavera acontece: com o aumento da claridade e do calor.

6 – Vede, se vós lerdes ou escutardes com afinco e fidelidade Minha Palavra , então o grande sol espiritual vai se aproximar de vosso sol terreno e da região ainda fria de vosso coração. Esta "luz do sol" produz mais e mais calor, o que representa de fato o amor por Mim, para a verdadeira atividade viva do espírito.

7 – Quando isto começa a acontecer na pessoa, iniciou-se então sua "primavera espiritual".

8 – Mas como acontece também na primavera natural, onde junto a plantas e animais úteis e bons também crescem plantas nocivas e animais venenos, isto também acontece na primavera espiritual. São despertos nos homens espíritos maus, nocivos e venosos. Por isto as tentações para o pecado se tornam muito mais fortes e ativas, do que acontecia durante a assim chamada ‘hibernação da estação fria”. Este inverno é a tibieza e a inércia que se instalam nas pessoas, que ficam quase que sem vida.

9 – É esta a razão por que cada homem tem que ser um jardineiro muito cuidadoso na videira espiritual, cuidar de arrancar as ervas daninhas e matar os animais nocivos que podem estragar seu pomar e as flores em seu jardim.

10 – Quem proteger sua árvore da vida com todos as ferramentas - que são basicamente a humildade e abnegação - e mantiver seu jardim bem limpo, este com certeza obterá uma ótima colheita no verão e no outono, com bons e saborosos frutos.

11 – Estes frutos não são nada mais que "o aparecimento do sinal do Filho do Homem no Céu". Os "povos da Terra" não passam dos desejos e das paixões más que foram expulsos e que têm este nome em consequência de "a vinda do Filho do Homem nas nuvens do firmamento, em enorme força e maravilha".

Mensagem da Lua

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de maio de 1841

Pergunta: "O que é a Lua? Existem habitantes iguais a nós na mesma? "

A esta pergunta Jacob Lorber iniciou uma árdua tarefa e em poucos dias escreveu o livro "A Terra e a Lua", que são revelações sobre nosso planeta e seu fiel acompanhante, a Lua. Entre outras, coisas foi predito:

1 – Para que entendais totalmente a Lua e suas condições de habitação, deveis entender que ela só é a Lua (de densidade verdadeiramente lunar) no lado virado para a Terra. No outro lado ela não se apresenta assim, mas sim como um corpo terrestre bem sólido.

2 – O satélite não é sólido, mas sim bem poroso, quase que como a espuma do mar um pouco solidificada. As partes mais sólidas são os picos e as montanhas. As mais porosas são os nichos e partes em forma de funil que se direcionam para o seu centro.

3 – Em algumas destas depressões, bem lá no fundo, ainda é encontrado ar atmosférico. Este ar parece água, ao ser observado por telescópios. Todas as montanhas e os funis menos profundos não têm qualquer ar atmosférico, mas somente éter, como existe no espaço aberto entre o Sol e os planetas.

4 – O lado visível da Lua não é habitado por nenhum ser orgânico. Seus habitantes são do tipo espiritual. Tais habitantes, quando encarnados, foram do tipo extremamente mundano e materialista. Para melhorarem seus sentimentos, devem ficar ali e observar daquela distância seu tão amado mundo – a Terra – até se fartarem de sua visão.

5 – Quando, após um certo período de provação, se dão conta que este "olhar embasbacado" nenhum fruto produz e passam a ouvir os ensinamentos dos seus professores e orientadores, ascendem a um plano mais elevado, mais espiritualizado e de mais liberdade.

6 – Os que não ouvem os ensinamentos são levados para a "Terra" da Lua (o lado oposto) e lá moram no subsolo. Nestas casas subterrâneas eles devem permanecer metade do dia, como também metade da noite. As habitações são nas profundezas da "Terra Lunar" e às vezes os abismos das montanhas ou cavernas.

7 – Lá não há árvores frutíferas, só raízes parecidas com vossas batatas, cenouras, nabos, beterrabas, etc. Estas são plantadas no começo do dia e no fim do mesmo estão maduras. O dia lunar tem a duração de quatorze dias terrestres, tal como a noite. Neste local o clima é muito cruel. Os habitantes têm que lutar com frio extremo e a escuridão. No fim da noite, o frio é comparável ao do Polo Norte da Terra. Porém o calor é extremo ao meio dia, quando a temperatura ultrapassa o limite para um ser orgânico sobreviver na superfície. É por isto que todos os seres orgânicos vivem nas profundezas do subsolo.

8 – Quando inicia o anoitecer, todos os habitantes saem de suas cavernas e começam a colheita, a qual tem de ser armazenada nas suas habitações, pois dela devem se alimentar até o próximo anoitecer.

9 – Tal como nossos animais domésticos só existe um, similar à cabra da Terra. Este significa aos lunares o mesmo que a rena aos esquimós. Nos muitos rios e lagos desta parte da Lua, existem animais aquáticos e também pássaros parecidos com vossos pardais, além de uma infinidade de insetos e outros animaizinhos de duas, quatro ou mais patas, cuja finalidade vos será explicada em outra ocasião. Por enquanto isto basta.

10 – Mas, queridos filhos, cuidai de não vos tornardes habitantes deste pobre corpo terrestre, pois esta escola de coloração amarelo-brilhante é uma escola muito dura! E seria melhor morrer quatorze vezes num dia na Terra, do que lá viver um único dia, pois o destino dos habitantes de lá é muito pior dos que estão aqui enterrados nos cemitérios. Os habitantes da Lua conscientemente devem habitar seus sepulcros e com bastante frequência são soterrados ou inundados em suas habitações subterrâneas.

11 – Mais explicações em relação aos habitantes da Lua e da "Terra Lunar”, Eu vos darei em outra ocasião. Meditai sobre o que vos foi dito e cuidai bem em usar a primavera de vossas vidas; assim conseguireis ver até mesmo na Lua, quando esta vos for bem elucidada, o "sinal do Filho do Homem no Céu". Amém.

12 – Isto falo Eu, que estou chegando nas nuvens dos céus. Amém. Amém. Amém.


Para Jesus (uma oração)

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de maio de 1841

1 – Meu bem amado Jesus! Ajuda-me, para que eu possa Te obedecer em tudo e não vacile, nem para a direita nem para a esquerda. Que eu só tenha a Ti como minha meta, pois és o Criador, o começo e o fim de todas as obras boas.

2 – Eu me entrego totalmente em Tuas Mãos e quero que só Tu atues em mim. Entrego-me em todos meus pensamentos, minhas vontades, meu corpo e membros, humildemente, aos Teus sagrados Pés. Entrego-me a Ti junto com todos os meus. Obedeceremos sem questionar. Tua vontade e Tua proteção sejam nosso lar.

3 – Tu és o único verdadeiro divino Pai, Deus e Senhor. Como Tu não existe ninguém, e ninguém se assemelha a Ti. Nós todos estamos em Tuas Mãos. Assim, fazei o que Te apraz conosco e permite que Tua Vontade sempre aconteça conosco, por nós e em nós.

4 – Pois Tua Vontade é Amor sobre Amor, Bênção e Misericórdia sobre Misericórdia. Permite que sejamos sempre obreiros de Tua vontade, de Tua Bênção e de Teu Amor. Permite que sejamos dignos de pronunciar Teu Nome Sagrado em todos os momentos, não por merecimento, mas por tua imensa Misericórdia. Que possamos louvar-Te tanto na vida quanto na morte.

5 – Não sou digno da bondade e do Amor que Tu, Jesus, tão carinhosamente sempre me demonstras. Por isto eu sempre Te louvarei, amarei e honrarei. Em todos os lugares, sempre enaltecerei o Teu Santo Nome.

6 – Louvor, honra, agradecimento e amor Te sejam dados hoje e sempre, Deus, Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.


Oração do coração

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de maio de 1841

1 – Pai, Deus e Senhor, a Ti louvamos e a Ti agradecemos. A Ti, Pai e Deus, a honra de toda a Criação, todas as estrelas. Os céus estão cheios de Tua glória. Todos os anjos e todos os exércitos celestiais Te servem e obedecem Tua Vontade. Querubins e Serafins cantam: Santo é nosso Deus, santo é nosso Pai. Todos os países, todos os mundos, todos os céus estão plenos de Teu Nome".

2 – Senhor e Pai, por favor, ajuda-nos para que este Teu Nome tão sagrado e bondoso sempre seja usado por nós, teus humildes servos, com toda a dignidade e com todo o amor. Não permitas que o usemos para algo impuro, seja em ações, pensamentos ou palavras. Tem piedade; tem piedade de mim, dos meus e de toda a humanidade.

3 – Vê, querido Deus e Pai, Tu, com tua bondade, colocaste uma luz clara em meu coração, neste meu coração ainda tão impuro, e permitiste que eu aprendesse algo sobre Tua Sabedoria, que se encontra oculta em Teu Amor e Misericórdia. Por favor, oculta Teu Rosto sagrado ante meus erros, constrói em mim um coração puro e me outorga um espírito; sim Pai, dá-me o Teu Espírito Santo.

4 – Não me abandones, meu amado Pai e Deus. Sempre, sempre me conforta com Teu Amor e Tua Bênção. Pai e Deus, converte-nos ao Teu Espírito e Coração. Ajuda-nos, pois só seremos ajudados por Ti. Tem piedade de todas as almas de todos os homens, como também de seus espíritos. Amém.

Jesus, amamos Teu poderoso, mas sempre carinhoso Nome! Amém.


Um ótimo conselho, um verdadeiro consolo

Recebido por Jacob Lorber, em 05 de maio de 1841

1 – Os humanos não foram criados para este mundo, mas sim para o do Além, para a grande casa do Pai; isto se dá de qualquer maneira, seja pelo bem ou, muito mais dificilmente, pelo mal. Da maneira que foi sua vida aqui depende sua situação na casa do Pai.

2 – Em verdade, jamais testo alguém inutilmente. Este vou transformar em algo especial, pois ele já se encontra em Minha escola. Um estudante deve submeter-se às provas, se é que deseja se tornar alguém.

3 – Ninguém é rejeitado nas Minhas provas. Qualquer um pode alcançar resultados positivos, às vezes já aqui, porém, na maioria das vezes, no Além.

4 – Mas aquele que foge de Minhas provas leves e se transforma num fugitivo mau, este que se prepare para fazer as provas de Satã, que deseja saber se ele é bom nas maldades.

5 – Eu aceito cada um a cada momento em Minha escola. Mas aquele que não deseja ser mais que um tropeiro de mulas, um peão de obras ou um porqueiro (*), e fica feliz no lixo e nos detritos, em verdade a este não incomodaremos nesta sua felicidade e neste seu trabalho.

6 – Vós, porém - e isto podeis aceitar de fato - estais na Minha universidade. Eu gostaria de fazer grandes coisas convosco. Por isto não vos deveis assustar, quando Eu vos aplicar algumas provas bem esquisitas aqui nessa Universidade.

7 – Eu trouxe aquela irmã (leprosa) para Meu lado e a despertei para a vida, enquanto retirei o peso imundo de seu corpo leproso. Por acaso desejais chamá-la de volta para isto?

8 – Porque estais tristes por Eu ter chamado vossa irmã para Meu lado? Por acaso pensais que lhe aconteceu algum mal? Ó vós de fé fraca! Achais por acaso que a perda da irmã afeta vosso coração? Qual nada! O que vos dói de fato é vossa fé, ainda tão pequena e vacilante.

9 – Pois quem de fato acredita, cuja fé é forte e firme, este estará cheio de gratidão por qualquer ato Meu, pois sabe bem demais que Eu, como Pai carinhoso, sempre faço o melhor.

10 – Crianças, Minhas queridas crianças, reconhecei de vez que Eu sou vosso Pai amoroso, sou aquele que em cada provação multiplica e eleva vossa vida milhares de vezes.

11 – Agradecei com todo vosso coração aquilo que Eu dei a vossa irmã de graça: a vida eterna. Além disto, Eu a trouxe diretamente para o reino de Meus filhos e de lá lhe mostro o caminho claro e brilhante que leva a Meu Amor Paternal.

12 – Ficai, pois, felizes, alegres e cheios de confiança, pois vossa irmã já está felicíssima em Meu Colo. Aqui na Terra ela e o seu homem teriam se perdido eternamente, em pouco mais de cinco meses. O porquê e o como, vós descobrireis com o tempo. Agora, porém, tudo está bem, e permanecerá assim pela eternidade. Por isto, louvai e exaltai sempre Meu Nome.

13 – Isto falo Eu, vosso verdadeiro Pai e Irmão. Amém.

(*) aquele que cuida da pocilga (a tradutora)


A época das trevas e as bestas do Apocalipse

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de maio de 1841

Aqui é bom ler o Apocalipse, especialmente os capítulos 11, 12, 13 e 14, para melhor entender esta revelação (*).

... Foi-lhe dado também comunicar ao espírito a imagem da fera, de modo que esta imagem pusesse a falar e fizesse que fosse morto todo aquele que não se prostrasse diante dela. ... Conseguiu que todos - pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos - tivessem um sinal à sua mão direita ou na sua fronte, ... E que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse marcado com o nome da fera ou o número de seu nome. ... Eis aqui a sabedoria! Quem tiver inteligência calcule o número da fera, porque é número de um homem, e esse número é 666.

1 – Em Meu nome escreve, pois Eu já sei muito bem onde o sapato vos aperta.

2 – Coisas bem distantes vossos "olhos alongados" não alcançam e não podeis vê-las bem. Já objetos a uma distância média enxergais quando estão suficientemente perto, mas não vos oferecem nada de interessante.

3 – Estes versículos do Apocalipse estão ali, bem perto de vossas mãos, mas vós não os quereis apanhar. Sim, quanto mais fácil algo é, tanto mais obtusos vos tornais. Numa próxima vez, porém, perguntai por aquilo que vos parece mais fácil. Em verdade, ficareis bem mais humildes com o mesmo, muito mais do que com estes quatro versículos superficiais. Prestai atenção.

4 – Neste capítulo se fala em três feras: em primeiro lugar, o dragão principal; em segundo lugar, o animal que se eleva das águas do mar, com suas sete cabeças e com dez chifres; em terceiro lugar, um animal parecido com uma ovelha, mas portando dois chifres na cabeça.

5 – Quem é o dragão já deveis ter entendido, especialmente porque já vos falei tantas vezes deste Meu arqui-inimigo.

6 – Mas se desejardes conhecer o segundo animal, então observai com atenção o amor-próprio que está tão perto de vós e vós confirmareis todos os atributos que nele existem. Ele se eleva do "mar" de todos os desejos da cabeça e possui sete cabeças, uma para cada atributo divino. Em cada uma há "dez chifres", um para cada mandamento do amor ao próximo, pelos quais são contestados, por vossas cabeças ou pelas dos outros, os Dez Mandamentos de Moisés. Uma "cabeça ferida" é o roubo, o assalto, castigado em todos os lugares. Mas por acaso isto prejudica a fera? De jeito algum, pois esta "cabeça ferida" é totalmente curada por todas as leis políticas e de comércio do Estado. E é assim que vive o mundo todo sob tais leis, ele atua de acordo e faz a troca da ovelha e seus mandamentos todos os dias.

(*) Os versículos comentados são os 15 a 18 – cap. 13, mas quem nada leu, nem ao menos os capítulos recomendados, dificilmente entenderá a mensagem (a tradutora):

7 – A terceira fera se eleva da Terra. Ela parece uma "ovelha", porém tem "dois chifres". Por Deus, o que é isto? Eu vos digo: isto é o que mais próximo de vós está. É a indústria, a "fera da água" que é apoiada e chega mesmo a ser adorada pelo povo, a que - com os seus dois chifres - contesta e se opõe completamente aos dois mandamentos do Amor (amai a Deus sobre tudo e ao próximo como a ti mesmo) Para confirmardes isto, só deveis voltar vossos olhos para a Inglaterra e América.

8 – O quanto é fera esta indústria podeis ver nos maus tratos que sofrem as crianças nestes países industrializados. Crianças trabalham de pé por horas a fio, das cinco horas da manhã até às nove da noite, em condições subumanas, sem roupa, sem comida apropriada. Às vezes os pequeninos já começam a trabalhar na sua tenra infância, com oito a dez anos. Eles não recebem educação, ou somente aquela que esta escravatura lhes exige.

9 – Se conseguísseis observar esta fera industrial Comigo e por Meu intermédio, sei que clamaríeis: Pai, isto é o próprio dragão!

10 – Não se pratica toda a violência que a segunda fera produz e cuja ferida na cabeça foi curada? E quase todos os habitantes da Terra não adoraram e endeusam esta segunda fera cuja cabeça foi curada? Não se fala constantemente e com adoração dos reis, príncipes, industriais, sábios, cientistas, investidores e fundadores? Não lhes são erguidas estátuas no mundo todo? Ele não se lhes faz as maiores honrarias - que chegam ao endeusamento e que não permitem que Meus sinais se apresentem - como se estes homens e sua atividade fossem a própria religião e mesmo Deus devesse honrá-los? Não é um verdadeiro roubo do fogo do Céu roubar das pessoas sua verdadeira fé e - pior ainda - fazê-las crer que Eu estou por detrás de tamanho horror e que desejo por elas receber honrarias? Mas isto só durará por mais um curto tempo!

11 – Vede o engano dos habitantes da Terra! A figura do animal com o ferimento, a espada de toda a justiça política, tudo está completamente ativo. Os homens tiveram que exigir este animal com o seu sangue. E agora lá está ele, soberano. Ele fala, ele ordena, ele mata, ele é adorado por todos os vermes e bajuladores (chamados de "estudiosos" e jornalistas"). Por isto e ainda mais por influência de uma horda de agiotas, deve-se conseguir de tudo uma parte para, sem precisar trabalhar, conseguir lucros.

12 – Mas alguém que se atreva a não adorar este animal! Este logo saberá o que acontece com tal atrevido!

13 – Isto, porém, é o "espírito" (ou a "vida") na prisão da fera, onde a cobiça e o amor-próprio alcançaram o topo de todos os "importantes do mundo", e este topo é o número 666. O amor-próprio representa a centena 600, o fogo celestial roubado representa a dezena 60 e o amor ao próximo, finalmente, só 6 (significa a mais escandalosa e absoluta escravatura). Em vez de se dar para um cento, exige-se de um o que cabe a um cento.

14 – Vede e entendei a designação da "mão direita" e da "fronte", tal como dos grandes e dos pequenos, ricos e pobres, livres e servos! Não é o próprio “desejo de poder”, tanto seja pela força, como pela imposição de relações internacionais. Dizei-Me se a isto alguém pode sobreviver? Sem este sinal, de que serve o homem para os homens? Se alguém tiver uma filha, será que a dará para um destes "não-sinalizados"? E será que alguém sem esta marca dada por esta fera, ou sem uma função por ela dada, ainda pode esperar alguma felicidade material?

15 – Vós todos sois "sinalizados ou marcados", somente se exclui Meu servo Jacob Lorber, o qual, com muito esforço, ainda consigo manter sem marca. Mas se Eu permitisse que ele cortejasse uma de vossas filhas, vós o olharíeis com bastante desconfiança e gentilmente o desaconselhariam a continuar com sua corte, pois ele não é adequado, ele não é um "marcado".

16 – Mas vede, se vós assim atuais com alguém que Eu mandei como vossa Luz nas trevas da noite em que vos encontráveis, o que faríeis se um "não-marcado" completamente comum se aproximasse de vossas filhas com intenção de cortejá-la? Eu afirmo: Vós preferiríeis emparedá-las vivas a consentir tal união.

17 – Eu creio que agora este "estar marcado" (ou “estar com o sinal”) já vos é bem compreensível. Quem então pode comprar ou vender sem esta "marca"?

18 – Mas os quarenta e dois meses estão quase no fim, já que os mandamentos do amor ao próximo foram usados sobre o amor-próprio cinco a sete vezes! Eu vos aconselho: Tratai de apagar a "marca" com o fogo de Meu Amor e então alcançareis a verdadeira vida interna.

19 – Por isto é tão difícil conseguir chegar a Mim, pois a "marca" expulsa todos para o Mundo para o material e externo. Deixai que com o fogo de Meu Amor Eu vos reconquiste e vos afaste do mundo, da fera, e só assim tereis a vida agora e sempre.

20 – Isto fala o Santo, o Grande, o Primeiro e o Último. Amém. Amém. Amém.


Deus e o Mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de maio de 1841

João 6-7 – "O mundo não pode vos odiar, mas a Mim ele odeia, pois Eu testemunho contra ele que suas obras são más".

1 – Ouve tu, Meu querido filho, a quem Eu amo! Neste versículo de João, Meu discípulo querido, está uma grande verdade: Todos aqueles que não são do mundo não se encontram em boas graças com o mesmo, pois eles não encontram nada de agradável nas suas obras orgulhosas e más.

2 – A vós o mundo não odiará como odeia a Mim, quem sempre testemunhou contra suas obras. Mas sede felizes, quando o mundo vos despreza! Pois quem é desprezado por Minha causa, este pode estar certo que Eu não estou longe dele.

3 – Vede, o mundo se assemelha a um urubu, ou um cão trufeiro. Os dois animais descobrem vida onde ninguém pensa que existe. O cão persegue a caça e o urubu localiza um cadáver a quilômetros de distância.

4 – Os cães de caça trufeiros não procuram a planta, mas sim o assado que nela se esconde (eles recebem um pedaço assado de caça, como prêmio pelo seu trabalho). Eles escavam com afinco junto à planta, para que o assado não lhes escape. Mas se o esforço para achar as trufas não lhes dá o tal assado prometido, então os cães já nem as buscam mais, pois as plantas nada valem e se tornam um objeto desprezível!

5 – Vede, tais "carnívoros" de fato não são trufeiros, pois as plantas jamais foram o objeto que procuravam, mas sim o assado. Se um destes “carnívoros” vos desprezar e se afastar de vós, considera que Eu, o mais odiado pelo mundo, plantei em vós a "trufa do amor", mas não lá coloquei o churrasco do mundo. Por isto deixai estes "caçadores de churrasco" de lado e não os temais, pois eles não querem nada com a trufa, somente com a carne assada.

6 – Os urubus se reúnem, quando descobrem um cadáver. Vede, Eu sou um cadáver em decomposição para o mundo. Pois ele Me evita e Me odeia com mais força que a um cadáver. Existem muitas aves no mundo, mas muito poucos urubus. Mas não basta vos precipitardes sobre o "cadáver da vida" feito gralhas e urubus. Deveis vos tornar uma "águia", um “urubu-rei”, se desejardes receber vida de Deus. Vede, aquele que não é renascido, este não entrará para a vida. Para o mundo o cadáver tem um mau cheiro extremo, mas isto não acontece com o urubu, pois para ele é um manjar maravilhoso.

7 – O “cadáver” é o mais fiel espelho do mundo e mostra ao mesmo a sua verdadeira figura. E o mundo o odeia por isto, pois é um espelho de suas obras maldosas. Mas as "águias" não odeiam o claro brilho da podridão e do "cadáver".

8 – Como Eu sou um "cadáver decomposto" para o mundo, este também será no Além um "cadáver decomposto" para Mim e para todos os Meus anjos, eternamente.

9 – Em verdade, se vós desejardes viver, então deveis ser por Mim "decompostos", “levados ao apodrecimento”, e o mundo deverá vos evitar como evita a peste. Por causa de Meu Nome, ele deve colocar cordões de isolamento à vossa volta, para evitar vosso hálito. Se virdes isto acontecer, alegrai-vos, pois com certeza já fostes contagiados pela "peste da vida eterna". Se não fosse assim, o mundo reconheceria em vós um semelhante seu. Mas já que não sois como o mundo, mas sim vos tornastes Meus amados filhos, então cada vez tereis menos a ver com o mundo, e ele vos odiará cada vez mais.

10 – Se ele tivesse uma mínima ideia do que acontece lá, bem escondidinho dentro de vós, e ainda por cima causado por Mim, ele fugiria de vossa presença como se fosses a peste em pessoa.

11 – O mundo não vos odeia tanto por isto: ele não sabe de fato o que existe em vós. Mas a Mim ele odeia ao máximo, pois ele sabe muito bem o que existe em Mim. Eu sou o espelho cruel que lhe mostra exatamente sua imagem verdadeira: cruel e má.

12 – Vede, pois, o que Eu hoje trago para vós: um "cadáver" fedorento e odioso! E vos convido a comer junto com as águias e urubus-rei; sim, vós mesmos, vos convido a vos tornardes "cadáveres apodrecidos". Sim, Eu vos tornarei uma "peste" para o mundo e ante o mundo.

13 – Mas não vos importeis muito! Vede, Eu mesmo sou a maior e pior "peste" para o mundo. Não temais esta Minha "peste”, pois ela é a eterna vida. Sede alegres, porque fostes contagiados pela Minha “peste”. Nela vivereis a tenra vida de Meu Amor para sempre.

14 – Pois Eu sou o "cadáver” da vida e esta "peste" é Meu Amor eternamente. Amém. Isto falo Eu, a quem o mundo todo odeia, pois Eu testemunho contra ele (o mundo) eternamente. Amém.


Ouvi, olhai e aprendei

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de maio de 1841

1 – Meus queridos filhos, se vós desejais Me seguir, então segui-Me totalmente.

2 – Não deveis ter vontade de excursionar nos “vales profundos, gargantas e abismos”, estes que com frequência estão cheios de animais nocivos, de ar impuro e não raramente cheios de sentimentos de ódio, de brigas, de roubalheira de todos os tipos, de maldições entre vizinhos; mas sim ide Comigo aos “montes e montanhas”. Lá sempre recebereis uma prédica da montanha, uma visão, uma transfiguração, um alimento de muito valor, uma purificação ou então uma vitória sobre uma tentação bem forte, um despertar da morte espiritual, e muitas outras coisas que ainda não posso vos dizer.

3 – Sim, levai para lá também vossas crianças e logo vereis nelas as bênçãos das montanhas. E quem estiver com o corpo enfraquecido, este não deve temer as montanhas abençoadas, pois seus cumes estão envoltos por fluidos dos espíritos da vida. Sim, tende certeza que nos cumes das montanhas e nas suas encostas há milhares destes espíritos que enfeitam felizes os cumes, sendo estes perfumados com as flores douradas do eterno amor.

4 – Examinai os habitantes atuais das montanhas e vede se eles não envergonham os mesquinhos moradores dos vales, dos vilarejos, das feiras e das cidades. A hospitalidade cristã só se encontra ainda sem adulteração entre os habitantes das montanhas. Uma coabitação pacifica não mora nas cidades das profundezas, dos vales e das gargantas. Só nas montanhas deveis procurá-la, lá ela está em casa. O mesmo acontece entre os animais, entre as plantas e, com muita frequência, também entre os homens.

5 – Se dois inimigos se encontram no cume de uma montanha, não raramente retornam de lá amigos.

6 – É só olhar os primeiros habitantes da Terra. Eles moravam nas alturas das montanhas do Monte Sinai. Eu dei a Moises as Santas Tábuas dos Mandamentos. Nestas tábuas gravei com sinais dourados os ensinamentos aos habitantes dos inúmeros vales (vales nos quais eles se encontravam enterrados). Não é necessário falar mais sobre estas montanhas sagradas, como também da escola dos visionários e dos profetas que falavam da eterna Palavra que Eu lhes dizia.

7 – Ide, pois, com mais frequência para as montanhas e lá permanecei cheios de alegria e paz. Lá obtereis sempre a santa bênção do divino Pai.

8 – O Kulm (uma montanha na proximidade de Graz, cidade onde morava Jacob Lorber), ao qual eu já me referi anteriormente e que Eu vos aconselho visitar, dará a todos aqueles que por Mim escalarem seu cume verdejante o mesmo que Pedro, Jacó e Meu amado João receberam no monte Tabor. Mas observai bem: Eu não digo “devei” nem “tende que”. Aquele que quiser e puder que Me siga, a Mim, Seu Mestre e Pai, e logo aprenderá por que Eu dei a prédica para o povo do topo de uma montanha (*). Não vos imponho um prazo, mas quanto antes fordes tanto melhor. Amém.

9 – Isto falo Eu, Pai plenamente santo e cheio de Amor por vós. Ouvi isto bem! Amém. Amém. Amém.

(*) aqui o Pai se refere ao “Sermão da Montanha” (a tradutora)


A montanha Kulm

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de maio de 1841

O grupo de Jacob Lorber resolveu ir à montanha no dia 19 de maio, e o Senhor deu a seguinte mensagem para o grupo:

1 – Foi a primeira vez que decidistes ir a uma montanha em Meu Nome. Em primeiro lugar, ide sempre pelo caminho mais curto (o grupo tinha chegado lá após várias etapas e só alcançou a montanha às 7:30 da noite ); em segundo lugar, preparai-vos para lá permanecer por no mínimo três horas.

2 – Pois para observar um milagre material, a mente deve ficar por um bom período em calma, fitando tudo e alimentando-se desta visão até a total satisfação, o que a levará a um estado parecido com a hipnose.

3 – Se neste momento vos dirigis a Mim cheios de amor espiritual e na mais sincera verdade, só então Eu posso conectar a visão interna da alma com a visão do espírito. Esta visão interna dupla então influencia a visão dos olhos materiais. Daí podereis ver coisas da natureza desde um ponto de vista totalmente novo e sob uma luz bem diferente, inclusive ver coisas espirituais misturadas às naturais.

4 – Quando tomais algum alimento para o estômago, então permaneceis em descanso por um certo período de tempo após a refeição, pois isto é necessário para a digestão. Por acaso achais que este descanso só serve para o estômago?

5 – Eu vos afirmo que precisais muito mais deste descanso, se o estômago de vosso espírito exagerou um pouco na comida. Pois se este descanso após a refeição espiritual não acontecer, então a digestão espiritual terá problemas. Toda refeição deve ser sempre digerida totalmente, antes que a matéria vital que dela se obtém comece a atuar e se eleve para alimentar uma vida superior.

6 – Pois cada alimento nutre em primeiro lugar as potências mais inferiores da vida. Após estas satisfeitas, o alimento será refinado, para servir a uma potência de vida mais elevada. Tal processo continua, até ser alcançada a mais elevada esfera da autoconsciência e finalmente chegar-se ao total conhecimento e autodescobrimento.

7 – Imaginai se, ao chegardes a um compartimento espiritual bem elevado, engolísseis todo o alimento desesperadamente e sem nenhuma consideração ou cuidado; se logo após esta rápida comilança, corrêsseis para outros lugares, como se fosseis ladrões... Daí questionais a vós mesmos: Onde fica a digestão e a elevação do alimento refinado?

8 – Por isto, digo novamente: Na próxima vez, organizai-vos de uma maneira melhor, e isto por causa de vossa fé tão fraca, pois sei que em cada um de vós existe um "Tomás". Enquanto não houver nada a ver ou a tocar, em verdade vós todos ainda sois "meio-crentes" e, consequentemente, só tendes meio amor e meia confiança. Mas se alguém colocar uma venda sobre vossos olhos ou então vos afastardes do local onde Eu vos preparei uma visão, então não sou Eu o culpado por não terdes visto ou sentido nada.

9 – Mas para que vós consigais chegar a uma visão interna pela Palavra, Eu, por Minha enorme Misericórdia e Meu infinito Amor, vos mostrarei no fim desta mensagem, o que deixastes de ver ou sentir na devida ordem. Mas antes disto vos deve ser explicada a natureza desta montanha, como também a vista que dela se vê e a formação atmosférica que a envolve.

10 – Com respeito à montanha em si, ela tem a mesma origem das outras que vos apresentei ano passado. As rochas têm a mesma formação de camadas de pedra, tal como as duas anteriores. Sua inclinação é de sudoeste para noroeste. Então a formação de cima das rochas veio da solidificação dos resíduos das contínuas ondas de enchentes do mar e se apoia na elevação que existe no fundo do mar.

11 – Tereis visto duas ramificações do Kulm - uma ao sul e a outra ao norte - acompanhados por um "muro" de pequenas elevações. As duas maiores têm a mesma origem da montanha, mas as menores são de aluviões. O mesmo acontece com as montanhas que ficam na proximidade: todas são originárias de aluviões, movimentações de rochas, acúmulos de areia que o mar deslocara.

12 – Vede, este é a origem primária destas montanhas. Podeis encontrar nelas pequenas formações de quartzo. Sua cor não é branca, mas sim avermelhada. Este quartzo não tem a mesma origem do quartzo branco do monte Lhor, mas se origina no período de Noé. Como já vos foi dito anteriormente, o dilúvio - que cobriu três quartos da Ásia, Europa e norte da África - foi precedido por uma violenta erupção de fogo (setenta e sete anos antes) na Europa e Ásia Oriental.

13 – Que se originaram grandes lagos subterrâneos nestas câmaras de quartzo nem é preciso dizer. Estes quartzos também ocorrem na superfície por meio de certas formações de lama, o que podeis observar na quantidade de pedrinhas cristalinas que existem nos rios.

14 – Tomai um destes pedregulhos redondos, pesai-o bem e medi-o também. Depois colocai o mesmo num poço ou num laguinho de vosso jardim e deixai-o lá por mais dois anos. Ao fim deste tempo pesai-o e medi-o novamente. Vereis que seu peso aumentou, como também seu tamanho. Se num período de tempo tão curto já houve uma diferença no quartzo, imaginai o que acontece nestas cavernas de água após milhares de anos atuando sobre as rochas.

15 – Quando então o fogo eclode de profundezas ainda maiores e na sua trajetória, rápida feito um relâmpago, destrói todos estes lagos subterrâneos mais a crosta terrestre de vários milhares de toesas, joga tudo vindo das profundezas às vezes sobre montanhas já formadas (como é o caso do Kulm) ou sobre vales. Assim torna a acontecer na próxima erupção e fica explicada a razão do subsolo tão irregular que aqui encontramos.

16 – Se tivésseis dado um pouco de atenção ao desenho dos vales, teríeis visto muito facilmente que eles se estendem em direção ao sudoeste, o que nada mais indica a direção das correntes de água que existiam aqui nos Alpes e nos Carpatos da Hungria, bem maiores que o mar Adriático de hoje.

17 – Estas águas começaram a se perder cada vez mais e geraram vários rios, tantos quantos vales existem aqui hoje. Com o passar do tempo, ficaram tão pequenos como os riachos e lagos esparsos dos vales, que hoje devem se unir em mais de mil afluentes para formar um rio importante.

18 – Da próxima vez que subirdes uma montanha qualquer, deveis despertar em vós mesmos a fantasia e comparar o passado com o que vedes no presente. Isto, claro, só pode ser feito se permitirdes despertar o sentimento, assim tereis o alicerce para abrirdes vossa verdadeira visão interna.

19 – Nela reconhecereis Minha Obra, admirareis Minha arte na construção e vos aproximareis de Mim em vossos sentimentos, cada vez mais alertas e despertos.

20 – Mas se nada mais tendes que fazer nestas alturas além de olhar embasbacados as rochas e madeiras cobertas por cal, seria bem melhor que ficásseis em casa, para não cansardes vossos olhos de tanto observar montes de pedras. Estes para muitos são a alegria dos olhos, especialmente se foram transformados em construções pomposas e cheias de "arte", ou nas coisas dos senhores da terra por Mim tão repugnados, pois estes - além de serem mundanos e preguiçosos - ainda acrescentaram para si dois predicados: o de vampiros e o de sanguessugas. Com eles os senhores se apoderam de tudo que seus posseiros têm: seu sangue, sua família e suas parcas posses.

21 – Todo monarca tem o direito de pedir impostos aos seus súditos, para poder governar, dar segurança, saúde, educação, etc. ao país que representa; mas é o cúmulo que um tal chamado "senhor da comarca" ainda venha extorquir mais dinheiro do pobre agricultor ou diarista. Eu vos digo: Para Mim isto é um verdadeiro horror! E se um destes donos da terra não se redimir com fartos benefícios para os seus dependentes, ele terá que pagar uma conta bem elevada e terá que prestar conta até do último centavo que usou. Ai dos que desperdiçaram esta renda em paixões mundanas! Em verdade Eu os enterrarei sob a argamassa de seus castelos! Eles lá permanecerão até que desapareça a última pedrinha que faça lembrar aquele local onde habitavam e prejudicavam os que lhes foram entregues por Mim para serem cuidados e protegidos.

22 – Vede, é por isto que deveis olhar estes últimos pedaços de castelos. Por fim, sentai-vos para descansar e digerir tudo o que vistes no cume da montanha. Pois se observastes as coisas segundo a ordem que Eu sugeri, tereis vos alimentado bem na Minha Mesa e podereis usufruir de uma digestão muito positiva.

23 – Se tiverdes binóculos convosco, usai-os segundo a ordem sugerida. E se começardes a observar as construções, então olhai as casas dos posseiros e as cabanas dos diaristas. Eu vos afirmo que olhar estas casas humildes será bem melhor para despertar com mais força vossa imaginação, do que uma cidade em ruínas, ou um castelo quase que totalmente caído, ou então um campanário insignificante junto a alguma igreja feita de pedras, telhas e argamassa!

24 – Não é cada planta e cada árvore um templo muito melhor e mais vivo - pelo qual se manifesta Meu Poder, Minha Força e Meu Amor com total exuberância - do que estes templos artificiais? Estou certo que elas possuem o Meu Espírito e é por isto que devem ser bem observadas como exemplo vivo de Meu Amor e Misericórdia, e só depois olhai para aqueles com elevados campanários.

25 – Pois nestes altos campanários Eu tenho que, de uma certa forma como prisioneiro do Tabernáculo, aguardar a hora de um sacerdote (motivado pela sua disciplina ou pelas moedas em sua bolsa) Me exibir - a Mim - ao pobre povo, que muitas nem tem fé. Pois assim sou exposto aos murmúrios, às ladainhas e às suas bênçãos dos sacerdotes, acompanhados por sons metálicos e o berreiro do coro, e depois tenho que deixar que Me encarcerem de novo.

26 – Que isto é a mais rude tolice, levando-os a futuros vícios de brilho e poder, já podeis ver sem binóculos, ao lerdes Meus Evangelhos e os primeiros encontros dos cristãos comandados por Meus Apóstolos e seus verdadeiros seguidores, persistindo assim por várias centenas de anos.

27 – Onde Eu Me envolvo com algo material, esta matéria se torna viva. Pois com a morte o Vivo, conquistador e vencedor da mesma, nada tem a haver. Quem Me procurar no pão, este creia que Eu coloquei o pão e o vinho como eterno monumento, para atestar Minha vinda a Terra como homem. Mas o pão e o vinho têm que ser o que eles realmente são; não devem ser endeusados, escondidos ou aprisionados no metal morto, mas sim devem ser aprisionados na fé e no verdadeiro amor.

28 – O pão também deve ser um pão de verdade, um pão que serve para satisfazer nossa fome; o vinho deve ser um vinho puro em si, para fortalecer a força da vida e acabar com a sede. Assim, a fé deve ser como o pão e o amor como o vinho.

29 – Mas a fé não é a que existe nestas igrejas de pedra, nem é como a tal hóstia. Esta contém somente o formato do pão, mas a sua potência vital é nula e o amor nem existe, pois o vinho nem é vinho, ou então é um vinho que, por razões financeiras, é aguado e fraco.

30 – Não são necessárias mais explicações, pois com as que foram dadas já podeis concluir se uma árvore cheia de flores não é mais útil para o espírito do que um templo com pouca fé e sem amor.

31 – Bem, agora já vos alertei sobre muitas coisas úteis para esta viajem e para as futuras. Então, como foi prometido, Eu vos mostrarei aquilo que deveríeis ter experimentado vós mesmos, se não estivésseis tão preocupados em retornar à vossa hospedaria.

32 – Se vos encontrais em qualquer lugar em Meu Nome, então estareis extremamente errados se vos preocupardes sobre algo, tal como a saúde do corpo ou outro tipo qualquer de perigo. Pois onde Eu sou vosso guia, estareis tão protegidos na mais tenebrosa noite, como em um dia claro e ensolarado. Tanto faz se estiverdes deitados, sentados, em pé, ou caminhando. Ou podeis provar que em alguma de vossas viagens em Meu Nome algum mal vos aconteceu, por mínimo que fosse?

33 – Que vos afastastes do caminho mais curto nesta viajem, não teve outro motivo que um "testemunho mundano" (*). Nisto podereis constatar que muitas vezes o homem escolhe o caminho mais longo não por má vontade, mas sim por seguir mapas pré-estabelecidos, tentando alcançar sua meta sem considerar que também para o espírito a linha reta é o caminho mais curto.

(*) talvez tenha sido um desvio para visitar uma igreja – a tradutora

34 – Pois Comigo não existem "cargos elevados" nem "igrejas de domingo"(*), em que deveis passar antes de aqui vir Me visitar. E na Minha imensa administração governamental, Eu sou a última e a primeira instância. Isto vós não vistes, só tivestes uma mínima intuição.

35 – No cume da montanha, onde se encontra uma humilde capelinha, vós sentistes uma brisa fresca que vinha da região do amanhecer. Nesta brisa Eu vos abençoei, vos coloquei num sentimento de felicidade e calma, e vos dei um tonificante para vossos membros cansados. Um certo sussurro que os cumes das árvores pequeninas causaram vos deu uma mensagem não desprezível, com a qual poderíeis ter dito: "Numa brisa sagrada que veio do amanhecer, o Senhor Me tocou".

36 – Se vós tivésseis permanecido lá após a sétima hora da tarde, se tivésseis dirigido vosso coração e vossos olhos para Mim, vós teríeis assistido a ressurreição dos mortos naquele pequeno cemitério da paróquia onde permanecestes. Eu permiti que Jacob Lorber, Meu servo, a visse por um minuto, mas lhe impus silêncio. O que ele viu ele poderá vos dizer mais tarde, se for esta sua vontade.

37 – Só nos resta explicar o nevoeiro que aconteceu ao anoitecer. O "anoitecer" é a esfera mundana dos homens. Quando o homem se aproxima do "amanhecer" e começa a esclarecer o mesmo cada vez mais, então é necessário ocultar o “anoitecer" deste viajante (em geral ainda muito ligado ao "anoitecer"). Só assim seus olhos não enxergam as tentações "noturnas", que poderão afastá-lo do "eterno amanhecer vital". Vede, esta foi a razão por que a noite foi tão nevoenta. Serviu também para vos ensinar que quando alguém se aproxima da "manhã" (pode até ser um pouco vacilante e ainda com pouca fé), este não mais deve dirigir seus olhares para o mundo ("anoitecer") cheio de névoas, mas sim para a "Manhã da Vida". Nada mais de mundanismo, mas sim tudo ao que é do Meu Amor e do Meu Espírito.

38 – No dia seguinte observastes tudo na maior claridade, não havia nenhuma névoa. Isto é para vos dizer que somente na calma, na celebração íntima, é que a "digestão" de Meu alimento sai da névoa e das trevas e é vista na claridade mais pura e brilhante. Assim, iniciastes uma manhã espiritual cheia de luz para uma vida nova.

39 – Guardai bem esta figura em vossos corações! Andai rápidos e em linha reta, mas não vos esqueçais da parada calma para a "digestão". Assim tereis dentro de vós a luz de uma "nova manhã", como também vosso "anoitecer" estará purificado e tão luminoso, como é vossa fé e vosso desprendimento da vida mundana.

40 – Transformai as montanhas em vossas amigas, e os vales servirão para observar a humildade. Fazei de Mim vosso guia pelos vales, para subirdes as montanhas da paz e da calma interior. Assim agora, sempre, por toda eternidade, reconhecereis que só Eu, vosso Pai, sou o verdadeiro caminho, a luz e a vida eterna. Amém.

41 – Isto falo Eu, o melhor dos guias. Amém.

(*) aqui existe um jogo de palavras: Sonnabendel Kirche = igreja de domingo, que no popular pode ser "Sinabel Kirchen" = vilarejo para o qual se desviaram antes de ir à montanha.


Almas do cemitério

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de maio de 1841

Visão de Jacob Lorber, como complemento da mensagem anterior.

1 – No momento em que aparecia no céu a primeira estrela, enquanto iniciáveis a viajem de volta, quando conseguíeis ver o cemitério em cuja parte alta se encontra uma capela inacabada, neste instante a visão da alma do servo foi aberta por alguns minutos, para que ele pudesse ver lá onde os mortos de decompõem e os imortais começam a ressuscitar lentamente.

2 – Como foi que o servo viu esta aparição? Para que consigais ter uma ideia desta visão, imaginai um copo cheio de água, no qual estão algumas migalhas de açúcar. Vede que deste açúcar se elevam pequenas bolhas, as quais também levantam partículas de açúcar. Algumas partículas se diluem no caminho e deixam atrás de si uma cauda, como uma estrela cadente. As que não se diluem, logo que as bolhas chegam à superfície se separam das mesmas e caem para o fundo do copo novamente. Lá as partículas se diluem bem mais lentamente. Frequentemente se ligam a outras bolhas e iniciam com as mesmas novas "ressurreições".

3 – É assim que deveis imaginar as almas cujos corações estão muito ligados aos assuntos do mundo. Estas ainda se encontram fortemente unidas à Terra material e, com toda certeza, ao local onde seu corpo está em decomposição. Muitas lá ficam até que a última partícula do corpo se decomponha, flutuando sobre os sepulcros.

4 – Já que a alma, mesmo após a morte material, fica unida ao seu espírito livre - cujo corpo ela é de fato - então não se impõem nenhuma força sobre sua vontade livre, pois o livre arbítrio deve ser respeitado em todos os momentos. Só o que acontece é que ela recebe ensinamentos em períodos diversos, mas sempre pode fazer o que deseja, tal como lhe acontecia quando estava encarnada na Terra.

5 – O motivo principal de certas almas permanecerem nos cemitérios é o falso ensinamento da ressurreição da carne. Cada alma é continuamente alertada que o corpo falecido nada mais lhe deve importar, que dele nada mais se deve esperar por eternidades e que por isto o corpo não mais deve ter qualquer importância para a alma. Ela é ainda orientada que o corpo é como uma roupa imunda, totalmente rasgada e podre. Dele não se conseguirá jamais fazer um casaco novo.

6 – Estes ensinamentos servem a estas criaturas tanto quanto tentar convencer um monge de que consigo e desejo administrar Minha igreja sem nenhum clérigo mandante; ou convencê-lo que sua batina não é nada melhor que a jaqueta de um operário; ou fazê-lo entender que sua "relíquia" não tem em absoluto valor algum, que vale menos que um monte de esterco, pois este ainda serve para fertilizar o solo; ou fazê-lo aceitar que uma oração sincera, honesta e originada num coração que Me ama vale muitíssimo mais que dez mil daquelas muito bem pagas por crentes e lidas em altares considerados privilegiados.

7 – Ainda mais este tal monge vos trataria como os judeus Me trataram quando frente ao sacerdote Caifas. Consideraram-me um traidor do povo judaico e acharam que Eu estava atuando juntamente com o demônio. Isto também acontece aos professores enviados pelo Céu, ao tentarem converter tais almas e convencê-las que a carne de seu corpo não ressuscitará jamais, por toda eternidade.

8 – Se os recém-desencarnados ouvem tais ensinamentos, eles se escandalizam e ficam bastante tristes, porque no futuro não mais lhes será permitido retornar a seus corpos purificados. Esta é a razão por que também no mundo espiritual a melhor educação é a adquirida por experiência própria.

9 – Mas quando estas criaturas se dão conta que nada acontece com suas expectativas, ou por terem uma fé errada ou por terem recebido ensinamentos enganosos, então exigem que os professores sejam afastados e que elas sejam levadas diretamente para o "paraíso".

10 – De fato isto lhes é outorgado. Mas ao chegarem ao "paraíso", elas não o reconhecem como tal, pois difere totalmente daquele que lhes foi apresentado nos falsos ensinamentos.

11 – Pois lá encontram pessoas que trabalham como na Terra, e a razão disto é que a alegria no Céu não é nada mais do que praticar a uma caridade após outra, para contentamento próprio e dos irmãos. Quando os seres mundanos veem isto, começam a se queixar do "paraíso" dizendo:

12 – "Isto sim é um lindo paraíso, um lugar onde eu tenho que trabalhar de novo! Isto eu tive que fazer na Terra, para meu desespero e desgosto, e só o fiz por causa do "paraíso"! Mas agora que cheguei nele, eu deverei trabalhar como na Terra e ainda mais, por toda a eternidade... Acho que é muito mais inteligente eu voltar logo para a Terra. Aguardo no meu sepulcro pelo dia do Juízo final, pois está escrito, e a igreja católica romana assim me ensinou!".

13 – E logo estes seres retornam a Terra. Mas ao chegar ao seu local de origem, eles são interrogados pelos que lá se encontram sobre o que São Pedro lhes disse, se ele os recebeu bem, ou se tiveram de aguardar a vez numa fila de espera, até que São Pedro se dignasse a deixá-los entrar.

14 – Assim, permitem que lhes façam bastante perguntas, antes de se dignarem a responder, geralmente respostas bem malcriadas. Eles dizem, por exemplo: "O paraíso não é nada mais que um sítio"; ou então: "O paraíso não passa de uma economia de servos"; ou ainda: "A alegria celestial consta que devemos trabalhar como servos humildes", e muitas outras explicações semelhantes.

15 – Mas estas explicações, como é de se esperar, não recebem crédito dos que ainda não estiveram no tal "paraíso" e lá ainda desejam entrar.

16 – Aqueles que desejam isto, são levados pelos professores (espíritos protetores) e esclarecidos sobre a verdade do Céu. O Céu Verdadeiro lhes é mostrado, o céu que se origina neles próprios e que de jeito algum podem "entrar". Mas este céu se realiza por eles e será cada vez melhor, dependendo da vontade sincera de cada um. Quanto mais humildes e pequenos, maiores as oportunidades de servir ao próximo cada vez mais.

17 – Quando tal ensinamento cria raízes neles e começam a sentir com mais e mais força o desejo de servir ao outro e só lhe fazer o bem, então os professores os esclarecem e os descobrem de tal maneira, que eles conseguem se observar, enxergar totalmente e examinar sua decisão celestial com muita clareza.

18 – Se eles de fato confirmam seus desejos sinceros de buscar o céu interior, deixando para trás tudo o que aprenderam ou imaginaram do mundo, então estes desejos celestiais maravilhosamente se realizam em todas as direções e ali começa a se formar o caminho que os levará para o "Céu Verdadeiro".

19 – E cada céu pessoal se une ao céu onde moram os espíritos divinos, como o amor que se une a outro amor, da mesma maneira que uma verdadeira fé se une a um amor bom.

20 – Vede, o servo também viu algumas almas se elevarem em voos rápidos e logo a seguir caírem de volta. Este espetáculo era muito parecido com fogos de artifício, que também se elevam luminosos, mas lá no alto se apagam totalmente (ou só pela metade) e logo caem escuros no solo. Só que suas luzes não brilham tanto como os fogos de artifício, são como nuvenzinhas fracamente iluminadas pela Lua.

21 – Mas não acheis que o servo viu formas humanas, pois isto só é possível para os olhos do espírito. Ele só viu um jogo de subir e cair luminoso, vindo de alegres grupinhos de nuvens. E isto vós também teríeis visto, se tivésseis permanecido por mais tempo no topo da montanha.


Das assombrações, heróis e atos de caridade

Recebido por Jacob Lorber, 25 em de maio de 1841 - continuação

1 – Vós estareis a dizer: "Estas são aparições do cemitério, mesmo que espiritualmente não tenham nada de extraordinário e grandioso!" É verdade que muitas vezes aparições espirituais não têm grande coisa de extraordinário para os olhos que as veem. Mas é assim com as assombrações: quanto maior elas são (em valor espiritual), tanto mais insignificantes elas se apresentam ao mundo material. Quanto mais espalhafatosa uma aparição se apresenta no mundo material, tanto menos importante ela é espiritualmente.

2 – Tereis ouvido falar ou lido que em algumas mansões antigas existem com bastante frequência as assim chamadas "aparições ou assombrações", e muitas regiões ou países são famosos pelas mesmas. E se vós tivésseis a oportunidade de ver este tipo de "assombrarão noturna", com certeza exclamaríeis: "Puxa, isto é algo bem extraordinário!". E se vós, como também muitas outras pessoas, vísseis como tais fantasmas noturnos jogam pedras ou outros objetos, ou as transportam de um lugar para outro, vós não conseguiríeis digerir estes acontecimentos por toda vossa vida, devido ao seu caráter extraordinário.

3 – Mas se Eu abrisse vossos olhos espirituais nesta ocasião, vosso julgamento sobre o assunto seria bem diferente, seria como ver meninos na rua fazendo gaiatices e brincadeiras peculiares.

4 – O acasalamento de dois mosquitos, ao qual não dais a mínima importância, tem muito mais valor do que estas assombrações em castelos e ruínas.

5 – O mesmo acontece com os "feitos" das pessoas. Existem "heróis" que há milhares de anos realizaram os mais mirabolantes feitos (sendo estes cantados até os dias atuais) e milhares de escritores que os perpetuam em livros e mais livros, para serem sempre lembrados e relembrados. Mas em verdade, Eu vos afirmo: Quando no futuro Minha biblioteca se abrir para vós, decerto que nenhum destes "feitos e heróis" lá estarão. Mas sim, para grande surpresa vossa, encontrareis lá feitos que ninguém jamais ouviu falar, pois foram realizados bem escondidinhos, sem nenhum alarde, como uma ação originada no puro amor deve ser feita. Estes feitos sim lá serão cantados por toda a eternidade, serão lembrados constantemente e não cairão no esquecimento.

6 – Se por acaso um miserável ou uma criança solitária de vós se aproximasse, e vós lhe tivésseis dado uma ajuda, feito um agrado ou mesmo a recolhido ao vosso lar, esta ação já ultrapassaria todos estes feitos dos super-heróis, os que levaram milhares de pessoas para o sacrifício e morte, como se eles (os heróis) fossem iguais a Mim, senhores da vida e da morte, enquanto que na realidade eles são incapazes de ressuscitar uma pequena erva queimada pelo sol. E mesmo que o conseguissem, como isto seria insignificante contra aquele vosso feito, vosso feito tão pleno de amor e tão carinhoso: ter erguido um irmão Meu com vossa caridade. Isto sim é importante!

7 – No momento em que conseguirdes captar as reais grandezas entre estas batalhas - do ressuscitar de uma ervinha até o revitalizar de um irmão - a infinita diferença que entre elas existe em espírito, então certamente vos será bem claro por que em Minha Biblioteca os tais feitos heroicos mundanos nem existem; muito ao contrário, os atos de caridade - tão desprezados e insignificantes na Terra - têm grande importância em Meu Reino e causam um alvoroço maravilhoso por toda a eternidade.

8 – Com os atos de caridade que fazeis na Terra acontece o mesmo que com um nome gravado por alguém no tronco de uma árvore nova. À medida que a árvore cresce, o nome também cresce. E se a árvore conseguisse crescer até o infinito, o nome também assim cresceria, e cada letra seria uma placa onde poderiam ser gravados novos feitos, campo para apresentação de infinitas maravilhas.

9 – Por isto, Meus queridos amigos, onde fordes em Meu Nome e em tudo aquilo que observardes em Meu Nome, se de fato quiserdes perceber algo maravilhoso e importante, dirigi vossos olhos para coisas pequenas e feitos que vos parecem insignificantes.

10 – Em verdade, em vosso espírito descobrireis, sem nenhum esforço, o que é realmente importante: um sol central ou uma lágrima de uma criancinha. Em verdade, se tiverdes secado a lágrima da criancinha com um pedaço de pão, então tereis feito muito mais, do que se tivésseis criado um trilhão de sóis centrais e os mundos que os acompanham.

11 – Pois estes sóis e todos os seus mundos desaparecerão no futuro, mas das ações feitas por amor serão criados sóis e mundos indestrutíveis, que ocuparão o lugar dos primeiros. Estes mundos crescerão por todas as eternidades e neles vós observareis as maravilhas do "novo Céu" e da "nova Terra" que lá estarão. De fato já estão e são obras do mais puro Amor Eterno, da mesma maneira que os mundos atuais são obra da ira e de seu poder mortal.

12 – Praticai atos de amor para todos, sem diferença alguma. Ajudai como puderdes a todos os necessitados. Assim vossas obras serão perfeitas. Assim sereis vós e vossas obras iguais a Mim: totalmente perfeitos.

13 – Isto falo Eu, para Quem o pequeno e o insignificante tem mais valor que o grande e importante do mundo. Amém.


Amor divino e amor humano

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1841

Para uma jovem alma, no dia de seu nome

1 – Para ela - que tem um nome masculino e é filha de nossos irmãos aqui presentes - hoje, neste dia que quase nada significa, mas que para o mundo é o dia de seu nome. Escreve uma palavrinha Minha, para que ela reconheça a Voz que tanto lhe falou desde o berço. Por isto ela era tão chorona, pois chorava sempre que não conseguia ouvir a Minha Voz.

2 – Gabriela, por acaso estranhas Minha Voz paterna? Não Me amas mais tanto quanto Me amavas no berço?

3 – Minha Gabriela! Tu não devas Me esquecer! Não deves dirigir teus olhos, com mensagens de casamento, aos jovens que elegantemente passam por tua janela; um hoje, amanhã outro e depois de amanhã um terceiro. Mas sim tens que te dirigir constantemente a Mim, e que teu coração sempre se dirija a Mim. É só amares a um único, e este único sou Eu, teu santo e amado Pai.

4 – Com este único amor justo, tu viverás feliz no mundo como também na eternidade, pois te encontrarás no solo de Teu Pai.

5 – O amor humano, querida Gabriela, de nada serve, se ele não se origina de Meu Amor. Se assim for, ele é teu igual e é o teu próximo em teu coração. Mas se não for assim, vê nele um irmão desgarrado que ainda caminha entre o céu e o inferno e que dirige seus olhos mais para os abismos da noite eterna do que para Mim, o Pai que ele ainda desconhece totalmente.

6 – O amor justo e iluminado te levará à luz de onde tu te originas em espírito. Mas aquele que só olha os abismos levará teu olhar para o mesmo lugar dele. Quando as trevas do abismo destruírem sua visão e ele cair no abismo no próximo passo, esta sua queda fatalmente te levará junto. Então será muito difícil te encontrar novamente na escuridão do abismo e te libertar das cadeias onde um amor mundano mau teria amarrado teu frágil coração.

7 – Por isto, Minha querida Gabriela, só ama a Mim! Torna-te totalmente enamorada por Mim, tal como o foi Madalena. E que teu coração só siga aquele a quem Eu te apresentar, aquele que está pleno de Meu Amor. Aos outros todos respeita e ama, pois todos são Meus filhos.

8 – Com os pobres tem piedade, pelos desgarrados e caídos ora para Mim, teu bondoso Pai e Deus; assim serás Minha querida e feliz Gabriela, aqui e a Meu lado eternamente.

9 – Que estas palavras te sejam um consolo para o dia de teu santo. Mas quando retomares teu verdadeiro nome interno, pensa que Eu, teu Pai, sempre estou e estarei ao teu lado. Amém.

10 – Pensa em Mim, querida Gabriela! Eu, teu Pai, digo que tu és Minha querida Gabriela e serás eternamente. Amém. Amém. Amém.


Vida e Morte

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de junho de 1841

1 – Na morte viverás e na vida morrerás. Assim a vida é na morte, como a morte é na vida.

2 – A morte é a vida, e quem não tiver a morte, este não possuirá a vida.

3 – A morte deve se apossar de tudo o que desejar, de tudo aquilo que quiser ou que tiver de viver.

4 – A vida chega pela morte, pois ela é a semente da vida.

5 – Quem ama o “viver”, então este que fuja da vida, pois só assim a manterá. Deves te render à morte, senão serás uma "semente não-plantada".

6 – Mas a morte verdadeiramente morta é o pecado. Amém.


Sugestões importantes para a educação dos filhos

Recebido por Jacob Lorber, entre 24 e 26 de junho de 1841

1 – Ao teu irmão que deseja saber o que fazer com um “vaso de porcelana” que sofreu uma rachadura, por ter sido exposto a um golpe. Devido a isto, o líquido nobre que existe no vaso (e que, como o vinho, nele deveria se apurar e purificar) está se esvaindo lentamente. Ele teme que com o tempo este líquido desapareça totalmente e só sobre no vaso o bagaço mundano.

2 – É bem difícil remendar um vaso deste tipo enquanto ainda houver algum líquido nele, pois este mantém a rachadura constantemente úmida, e assim a cola não funciona.

3 – Mas se observares o vaso se esvaziando por um certo tempo, verás seu conteúdo sempre um pouco mais baixo. Então toma o vaso e inclina-o de tal maneira que a rachadura fique no seco. Em seguida derrama a cola sobre a mesma, e em pouco tempo estará fechada. O líquido nobre que ainda existe no vaso não mais escorrerá e não se perderá completamente, mas sim será bem conservado, especialmente se sacares a rolha e encheres o vaso com muito amor filial. Logo a seguir coloca uma nova rolha, para vedá-lo totalmente com a rolha das obrigações filiais bem definidas ante Deus e ante a vontade dos pais.

4 – Mas observa bem: a jovem "pedra pontiaguda" deve ser afastada completamente, pois senão o vaso sempre correrá o perigo de nela novamente bater, ameaçando se romper totalmente com o passar do tempo. Sei que entendes o que quero dizer.

5 – Mas tua esposa tem muito pouco amor pelos filhos, e tu não podes estar sempre junto aos teus filhos devido ao teu trabalho. Porém, quando a "vinha nova" começa a crescer, ela procura algo em que se agarrar. Se não existem "moirões" para se envolver, ela se apodera da primeira árvore ao seu alcance. Mas quando estende suas ramificações, a "vinha" é bem débil e facilmente pode ser totalmente destruída.

6 – Como tua esposa tem poucos "moirões" (amor materno), então contrata uma professora honesta e correta, para tomar conta e orientar tuas filhas. Desta maneira te serão poupados muito trabalho e preocupação, e em Meu Nome tudo ficará bem.

7 – Para os meninos, porém, contrata um homem determinado e sério, que os ajude em assuntos de conhecimento geral e comportamento. Contrata também um professor, para assim também evoluirdes em Meu Nome.

8 – Mas não descuides dos assuntos religiosos, tanto com as meninas como com os meninos. Em curto tempo verás as bênçãos se espargirem sobre tua casa.

9 – Determina aos jovens períodos fixos de quando devem concluir este ou aquele estudo, assim os levarás a se acostumar à ordem necessária, base de toda sabedoria e amor.

10 – Faze, ama e acredita; assim evoluirás bem e em Meu Nome.

11 – Entende bem de Quem vem este conselho. Amém.

Sugestões importantes para a educação dos filhos - continuação

Recebido por Jacob Lorber, entre 24 e 26 de junho de 1841

1 – Ouve bem, teu filho está dominado por três espíritos malignos; o primeiro é a famigerada preguiça.

2 – Mas a este foram acrescentados mais dois da região das profundezas. Um deles, o da discórdia, só se importa com a divisão, com a ruptura das uniões, seja ela qual for. Este espírito usa outro como cobertura: o da teimosia e revolta, aliado da mentira e do engano.

3 – Vê, o preguiçoso não quer qualquer atividade! Seu assunto é usufruir tudo com preguiça. O segundo é, por assim dizer, seu "bobo da corte". O terceiro é como um escudo, pois se preocupa que o eterno espírito preguiçoso não sofra nenhuma perturbação.

4 – Vê, esta é a verdadeira razão oculta do mal espiritual que sofre teu filho, o qual se originou na eterna preferência que sua mãe lhe demonstra ante as filhas. Ela sempre encobria suas artes, e tuas filhas nada diziam a respeito, porque temiam a reprimenda da mãe. Assim ele se tornou um menino sem força de vontade positiva e acha que tudo lhe é permitido fazer.

5 – Mas aquilo que Eu não coloco como castigo nos ombros da mãe, não o coloques tu, pois o amor materno quase sempre é cego e não se dá conta (pelo seu amor) que está criando uma víbora atrás da outra com o seu comportamento.

6 – Já que o assunto está desta maneira, devemos urgentemente tomar medidas para ajudar o doente.

7 – Em primeiro lugar, exige a todos os teus filhos que te deem um relatório diário sobre ele.

8 – Em segundo lugar, não permitas que o rapaz tenha vontade própria! Estipula-lhe uma tarefa bem determinada, a qual ele deve realizar pontualmente, com muito cuidado e exatidão; assim, logo matarás nele seu desejo de diversão vazia.

9 – Em terceiro lugar, antes de iniciar uma atividade, fazei com que ele reze em vós alta por um quarto de hora. A oração deve ser feita bem devagar, prestando atenção às palavras: um "Pai Nosso", alguns trechos dos salmos de David ou então dos profetas, e ainda algo do livro de Sinac. Com isto logo se livrará de seus "companheiros".

10 – E isto ele deve fazer para sempre, para assim conquistar Minha Misericórdia, mais importante que todas as escolas, por melhor que sejam.

11 – Em quarto lugar, tu não deves zangar no teu coração e sim considerar que Eu, teu Pai celestial, dou aos Meus seguidores na Terra uma cruz que lhes corresponda e contra a qual eles não devem se rebelar, mas sim Me ofertar tudo com resignação. Faze tu o mesmo e assim ladrilharás o caminho de teus filhos com pedras preciosas.

12 – Também não te prendas demais ao seu desenvolvimento na escola, pois bem sabes a opinião que tenho sobre a mesma. Qual é a importância de alguém estar pronto para servir o mundo um ano antes ou ano depois? Mas sim tem total importância ele Me conhecer o mais cedo possível, ou quando começa a Me amar, pois não é do mundo - mas sim de Mim - que vem toda a vida.

13 – Em sexto lugar, não deves dar ouvidos ao que o garoto deseja, pois tudo se origina da influência que exercem seus espíritos opressores, que com isto desejam tomar pé da sua vida terrena. Isto também é consequência do desejo dos filhos em ocupar um lugar na sociedade, movidos pelo seu amor-próprio e por sua vontade-própria. Só desejam se tornar aquilo que sua volúpia os faz querer ser, e assim a maioria segue a tendência que lhes impõem os seus “acompanhantes espirituais” malignos.

14 – Em sétimo lugar, deves dar o tratamento igual aos outros meninos. Não lhes permitas todos os desejos, e se algo te pedirem, só lhes dê um terço do total pedido. Então todos crescerão saudáveis, com uma vontade firme e correta.

15 – Se observares estes sete pontos bem, logo verás muita melhora nos teus meninos.

16 – Também dize às meninas que deixem o rapaz em paz, que não o instiguem com palavras inúteis, onde não existe nenhum átomo de amor fraternal. Elas devem sim orar muito por este irmão ainda não renascido e também amá-lo, invés de irritá-lo com discussões inúteis. Tua mulher também deverá se comportar igual a ti.

17 – Mas no momento em que um dos irmãos vir que o rapaz está errando, deve relatar o fato imediatamente a ti; mas muita atenção: ele deve ser movido exclusivamente pelo amor, não por um sentimento baixo que possa conter mentiras, pois o relator com certeza terá uma boa reprimenda Minha.

18 – Mas tudo o que observares no garoto como inútil, dá lhe imediatamente uma tarefa que ele deve realizar com todo o cuidado e num tempo determinado, como se fossem deveres escolares. Logo o terás afastado de muitas diversões inúteis e sem valor.

19 – Entende bem Minha mensagem e atua de acordo. Mas todos os teus filhos são um pouco lerdos num ou noutro assunto. Então toma muito cuidado com todos e não permitas irem a casas onde existem "víboras, cobras e escorpiões". É muito fácil conseguir-se ali uma herança maligna!

20 – Eu te disse tudo, menos o mais importante: Atua na mais sincera fé e no Meu Amor, assim experimentarás o poder de Minha Palavra.

21 – Isto te diz Teu Emanuel, Santo acima de tudo e todos, com todo o Amor. Amém.


A renovação espiritual e natural de vossas casas

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1841

Pergunta: Nós nos encontramos acompanhados por um "anjo de guarda"? Como isto se dá? A resposta que se segue:

1 – Dependendo da fé da pessoa, assim se apresenta o efeito da mesma. Pois a fé é aquela fita poderosa que une o corpo, a alma e o espírito.

2 – Mas é impossível que aconteça um efeito no mundo material que não tenha sua origem no espiritual. Quando alguém sente uma necessidade qualquer, logo começa a procurar um meio que corresponda a uma forma de ajuda às suas necessidades. Mas cada homem na sua existência inicial é totalmente natural (físico) e sabe muito pouco da parte espiritual. Ele nada vê do interior dele mesmo, isto por ainda ser alguém totalmente natural (físico), como já dito.

3 – E como tudo que é natural é deteriorável, assim também acontece ao homem no que se refere ao seu corpo.

4 – Mas o que é que faz o dono de uma casa, ao ver que esta apresenta rachaduras ou outros defeitos que podem provocar sua total destruição? Ele sabe bem que, se não tomar medidas preventivas, em pouco tempo não mais possuirá uma casa sólida para se abrigar e que as ruínas que ali estão não resistirão ao menor abalo. Será que ele não buscará sanar estes defeitos com meios competentes, para devolver à sua casa a devida fortaleza? Ele certamente assim o fará, se não for alguma pessoa irresponsável e se preocupar com a solidez de sua casa.

5 – Quais, imaginai, serão os meios que ele tomará? Vós logo vereis que ele depressa mandará examinar sua casa por um bom construtor. Mas se este lhe disser: “Meu amigo, esta tua casa está em estado lastimável, pois as falhas que se apresentam nas paredes se originam nos alicerces da mesma. Que utilidade haveria se eu mandasse cobrir as rachaduras com argamassa, tanto no interior como no exterior? Se houver um abalo mínimo, ela desabará sobre vossas cabeças, podendo matar a ti e a tua família!”.

6 – Mas quando o dono da casa houve tal veredito sobre sua casa, ele logo começa a considerar: “O que devo fazer? Devo crer no que o construtor me falou, derrubar a casa até os alicerces e construir uma casa nova, o que significa grandes despesas? Ou devo consultar mais um construtor, para que também ele me dê seu veredicto?”.

7 – Ao considerar isto, ele continua a pensar: "Com respeito ao veredito do primeiro construtor, ele está absolutamente correto. Mas se devo construir uma casa nova, então ele não se presta para reparar esta casinha tão bonitinha. Pois construir uma casa nova é possível em qualquer lugar, mas o que se passa aqui é a necessidade de melhorar esta que já existe."

8 – Logo ele chama não somente um, mas vários construtores para novos exames e novas conclusões. Uns chegam à mesma conclusão que o primeiro. Outros apresentam soluções que podem fortificar a casa totalmente, sem ter de derrubá-la.

9 – Por qual solução achais que o dono da casa se resolveu? Por nenhum outro que não o segundo conselho: o reparo da casa atual.

10 – Vede, o corpo de cada pessoa é o mesmo que uma casa móvel do espírito.

11 – Muitos perigos enormes, ameaçam com frequência esta casa. Estes perigos de certa forma já são as rachaduras da casa, ou se encontram de tal maneira situados, que a mesma (por experiências ocorridas em outras casas) poderá vir a receber rachaduras que a coloquem numa situação de "perigo de vida".

12 – Quando o homem natural toma conhecimento disto, se aconselha com toda sorte de entendidos, para descobrir a maneira mais eficaz de reformar e melhorar sua casa, muitas vezes já bastante deteriorada. Por outro lado, quando ele detém sua casa ainda incólume e vê outras casas já deterioradas, medita quanto a melhor maneira de prevenir a deterioração do seu patrimônio.

13 – Também ele se dirige - seguindo o conselho da Palavra que Eu falei para a humanidade - a Mim, que sou o Construtor-mór. Mas este Construtor exige que a casa cheia de defeitos seja totalmente arrasada e que se construa em seu lugar uma nova casa com alicerces bem fortes.

14 – Mas isto é muito oneroso para o dono da casa. Então ele se dirige a outros construtores (bons na sua opinião). Muitos lhe dão o mesmo conselho que lhe deu o Construtor-mor e é por isto que não têm nenhuma aceitação. Outros, que não se encontram firmemente unidos ao Construtor-mór e à Sua Palavra, lhe aconselham fazer reparos, com as quais fortificaria e renovaria sua casa totalmente. Daí este dono da casa enganado segue este último conselho.

15 – Em vossa opinião, este conselho é de fato um bom conselho? Para o dono da casa ele é muito bom, pois vai ao encontro de seu anseio. Porém não é nada bom, pois a casa só consegue uma fortificação aparente.

16 – Vede aqui o efeito da fé! Esta ligação (a fé) une o dono da casa com as necessidades da mesma e com a expectativa de um reparo pouco dispendioso. Mas como a fé, assim é o socorro. Questionai a vós mesmos como isto se aplica a Mim?

17 – Eu vos darei um pequeno exemplo, e este vos servirá como um espelho espiritual. Nele vereis um dono de casa que torna a gastar seguidamente. No fim, lhe será bem mais trabalhoso e oneroso rebocar seguidamente sua casa, no lugar de derrubá-la sob a direção do Grande Construtor e construir uma casa nova e segura.

18 – Este, porém, é o exemplo: Alguém está completamente certo que o monarca de um estado é uma pessoa mui boa e generosa e todo aquele que Nele procurar alguma ajuda ou conselho a receberá sem delongas. Apesar deste conhecimento, o necessitado não se atreve a chegar junto ao monarca, mas sim se arrasta de um canto ao outro, pedindo que o rei interceda por ele. As pessoas complicam tanto o acesso a uma audiência com o monarca, que ele acredita ser totalmente impossível chegar junto ao rei, muito menos dele receber alguma coisa.

19 – Ele então permanece junto aos cortesãos e procura encontrar neles o que procura junto ao monarca.

20 – O monarca, porém, vê o que acontece e, para que o suplicante não sofra qualquer pressão, permite que ele continue a rastejar por um certo tempo. Tal situação permanece até que o monarca ache que é demais, já que os cortesãos estão fazendo do pobre coitado uma vítima de seu amor-próprio, pois sabem muito bem da bondade do monarca e da inutilidade de suas mediações. Eles jamais poderão ajudar o suplicante e, mesmo que o pudessem, não desejam fazê-lo, pois são egoístas e o monarca não os receberia bem, já que estariam desejando fazer algo que somente ele – o rei – pode fazer, pois todo o restante é engano.

21 – Vede, com este exemplo quero mostrar como está a situação dos homens que procuram ajuda em tudo quanto é lugar e junto a tantos outros "cortesões", mas não se dirigem a Mim, o Único que pode ajudar.


Do eterno “Anjo da Guarda”

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1841

1 – No momento em que alguém acreditar na ajuda e na liderança de um certo “anjo da guarda” ou de outros, este é igual ao que sabe do monarca, sabe que ele é extremamente bondoso, mas, por medo de que o monarca não goste, não se anima a chegar junto dele com sua necessidade e vai procurar ajuda junto aos outros, achando que estes conseguirão ajudá-lo ou protegê-lo por eles mesmos. No entanto somente o monarca, sendo o construtor-mor, permitiu-lhe ajuda ou proteção, porque viu sua fraqueza e temor; porém ele pensa que foi ajudado e protegido pelos “cortesãos”.

2 – Meditai bem sobre isto! Vós sabeis que todos os anjos, todos os espíritos e todos os seres humanos nada mais são do que pensamentos livres Meus, cuja vida e tudo mais se origina em Mim, e cada um atua tanto quanto Minha Ordem assim determinar como útil e bom para si mesmo.

3 – Mas se um chegar e disser ao outro: “Ajuda-Me neste ou naquele assunto.”? E quando o amigo quiser ajudar outro por si mesmo, por sua vontade própria? Não é a mesma coisa quando um cego quer guiar um outro cego, ou um morto quer soprar-lhe a própria vida, ou um infeliz e triste quer consolar outro infeliz e triste?

4 – Eu vos digo: Cada ser humano, cada espírito e cada anjo já tem bastante a fazer, já tem de cuidar de si mesmo e não possui nem um átomo a sobrar que possa dar para alguém.

5 – Mas aquele que vier a Mim, com qualquer necessidade que se possa imaginar e Me envolver com a fita viva da fé, a Mim, o Único Vivo..., como que Eu não atenderei aquele que se uniu a Mim com o cordão da fé viva?

6 – No caminho da pura Verdade só existe um “anjo da guarda” de verdade, e este sou Eu mesmo.

7 – Todos ou outros anjos protetores apareceram devido a uma fé frágil que se originou numa igreja materialista e ávida em ganhos. (*)

8 – Como as pessoas ainda se reportam sobre isto, se reportaram e se reportarão no futuro, então para não prejudicar a independência do homem, nada mais poderão fazer do que permitir que estes de fé frágil recebam seus pedidos por alguém intermediário.

9 – Mas por outro lado, não deveis pensar que com isto acaba a caridade dos bem-aventurados. Ela só não é como estes de fé fraca acreditam que ela seja. Como todos bem-aventurados estão em Mim, como Eu estou neles, então eles possuem o único e exclusivo Amor do Santo Pai e nele estarão vivificados por toda a eternidade.

(*) Anjos ou espíritos protetores são os chamados por Deus para proteger, mas eles agem somente em total concordância e submissão a Deus. Eles querem ser totalmente ignorados e não gostam que os chamemos ou os louvemos, mas sim direcionam todo o amor e todo louvor ao Único e Verdadeiro Anjo da Guarda: o Pai em Jesus. - o editor

10 – Não existe um único habitante desta Terra a quem não tivesse sido dado espíritos melhores para acompanhá-lo. E estes espíritos estão constantemente preocupados em levar o seu pupilo para a Luz e a Vida Eterna.

11 – Mas onde se origina e o que é de fato este amoroso esforço destes espíritos? Não sou Eu quem faz com que tudo isto aconteça neles?

12 – Não é injusto que o homem Me desconsidere e procure ajuda naqueles que nada têm de si mesmos, mas sim tudo recebem de Mim?

13 – Mas o que o homem procura em outros lugares, se sabe que Eu - O Todo-poderoso - quero ser uno com ele? Sim, quero ser seu irmão, para que com isto ele reconheça que Eu, muito mais que qualquer pessoa e do fundo do Meu coração, sou muito humilde, manso e acima de tudo condescendente; que não sou um Deus distante, mas sim sou um Pai e um Irmão muito próximo e presente, e até vossa vida vos é mais distante que Eu.

14 – Se por acaso o homem se tornou uma pessoa que não ama a vida e se uniu com laços fraternos à morte, ele não mais deseja apossar-se da verdadeira vida e procura na distância, com longos desvios, aquilo que está próximo e que muitas vezes o carrega nas mãos. Por outro lado, seria um absurdo total se aquele que realmente ama a vida não desejasse apoderar-se da mesma desde suas raízes.

15 – Voltai aos evangelhos e consultai cada um, consultai todos os apóstolos e outros disseminadores de Minha Palavra... Daí então mostrai-Me um único lugar no qual foi ensinado que também deveríeis dirigir-se a certos “anjos da guarda” (ou espíritos protetores) juntamente Comigo. Por acaso não é dito em cada evangelho: “Vinde todos a Mim, que estais cansados e oprimidos, pois Eu vos aliviarei.”?

16 – Por acaso foi neste convite, alguém excluído ou alguém recolhido à proteção de algum anjo? Com certeza, não! E assim foi dito para todo o infinito e para toda a eternidade.

17 – Quem de vós ainda afirmaria que esta Minha Palavra não é perfeita, que Eu naquela época Me entusiasmei demais e que mais tarde reconsiderei? Uma afirmativa assim deixaria até um monarca aqui da Terra zangado, aquele monarca que é imperfeito em todo o sentido da palavra... Como seria se tal afirmativa se aplicasse a Mim? Qual reação negativa causaria?

18 – Vede, esta crença de um espírito protetor é igual a uma planta parasita na Árvore da Vida. Mas quem pode provar que esta parasita exaure a seiva que precisa para sobreviver de outro lugar, a não ser da Árvore da Vida?

19 – Qual é o fruto da Árvore e qual o fruto do parasita? Só na árvore cresce o verdadeiro fruto. Quem o come a este ele outorga a vida. Mas com respeito do fruto do parasita seu suco poderia, no máximo, servir para, se assim fosse possível, sugar as aves do céu para a morte.

20 – Isto acontece com tudo aquilo que não se associa a Mim; quero dizer, com tudo aquilo que não é construído de Mim desde o seu começo. Então isto é somente uma casa onde as falhas foram encobertas pela tinta, ou então uma planta parasita na Árvore da Vida, e um tem tanto valor como o outro: nenhum.

21 – Só Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! Quem não soma Comigo, divide e dispersa.

22 – Se o galho da vinha é separado da planta, ele não secará em pouco tempo, sem jamais produzir frutos? Por isto todo aquele que tiver alguma necessidade que venha a Mim com fé e com certeza receberá a resposta.

23 – Se alguém tiver dúvidas, este considere que a dúvida nada mais é que a constatação que não está caminhando Comigo e não permite que Eu o guie. Quem tem dúvidas que venha a Mim e acredite, e então a luz se fará nele sobre o assunto dúbio.

24 – Quem for cego, surdo, paralítico, cheio de artroses, mudo e possuído que venha a Mim, e com certeza receberá a melhor e mais positiva ajuda.

25 – Mas atenção: Eu não sou um Deus pequeno, Eu sou um Deus grande! Aquele que quiser Me pegar que abra bem os seus braços. Ele tem que Me abraçar completamente e não achar que Eu poderia ajudar se Eu quisesse. Ele deve sim acreditar que Eu sempre e a cada momento quero ajudar. Quando ele conseguir absorver este conhecimento em si, então aí sim sua fé se tornará uma fé viva e ativa.

26 – Poderia acontecer, de acordo com vossos conceitos, de cá ou acolá alguém basear sua fé em umas tantas aparições fantasmagóricas, especialmente as que ele apresenta quando em estado de transe, ou as que a ele se apresentam.

27 – Então Eu digo: Estas aparições de espíritos protetores que nestas ocasiões acontecem não passam de criações de sua própria crença e são percebidas bem vivamente à pessoa. São assuntos sobre os quais ela se preocupou durante o dia, enraizados lá dentro de seu íntimo, e que, devido à sua atividade, não deixou aflorar à razão para compreendê-los.

28 – Tal como as visões que acontecem no sonhar, não são sem nenhum significado. Estas tais aparições espirituais que acontecem no transe também não são só aparições vazias, mas têm sim algo verdadeiro. Mas o que é este verdadeiro? Não passa da criação de sua crença própria, unida ao amor que tudo realiza.

29 – Pois nenhum ser humano pode pedir por ajuda, se em primeiro lugar ele não acreditar naquilo em que pede ajuda e abraçar o mesmo cheio de amor, com todo seu sentimento e toda sua força. Nenhum escultor ou pintor pode concretizar uma obra sem tê-la criado dentro de si.

30 – Como foi que ele a criou? Ele em primeiro lugar, imaginou um objeto que lhe agradou. Como lhe agradou, dele se apoderou em seu sentimento, de certa forma ficou apaixonado por sua ideia. Mas quando ele envolver sua ideia com o amor, então ele a materializará, se tiver capacidade para tal.

31 – Vede, é isto que acontece com as aparições, especialmente no chamado estado de transe. E estas aparições só acabam quando a alma - mas especialmente o espírito - acorda a pessoa em transe (vede em Grande Evangelho de João - vol. IV, cap. 42 – o sonho de Zorel). Estas pessoas com grande frequência nada sabem do que aconteceu no estado de sonambulismo (ou transe) e, quando são acordadas pelo espírito, não veem mais nada de anjo protetor ou espírito guia, pois o espírito só consegue ver o único, absoluto e todo-poderoso “anjo protetor”: o Pai.

32 – Mas com respeito aos devaneios que muitos monges possuem junto às aparições e manifestações espirituais, vós por certo não mais vos deixais enganar com tais crenças tão tolas, as quais chegam a dar poderes a pinturas, estátuas de pedra, metal ou madeira.

33 – Eu vos digo: Uma crença tal não é nada melhor do que a dos servidores de Baal! São idolatrias idênticas às dos pagãos, que adoravam objetos como se fossem deuses. Se um homem que é vivo não consegue ajudar seu irmão - e está nas escrituras que nenhuma ajuda humana tem valor - o que se esperar de uma madeira talhada ou de qualquer outra matéria morta?

34 – Ou por acaso é possível que vos creiais que em certas ocasiões especiais os tais espíritos protetores se encontram dentro destas imagens materiais? Creio que a negativa disto está bem clara ante vossos olhos.

35 – Tomai, por exemplo, o quadro que Me apresenta pendurado na cruz; contai os inúmeros crucificados no mundo católico e em outras religiões que existem no mundo. De vez em quando já existem dúzias deles, de vários tamanhos, numa única casa. Será que todos unidos ajudarão mais que um único, ou que o maior tem mais força que os outros juntos?

36 – Ou será que os Cristos abençoados têm mais poder do que os não-abençoados, e o crucifixo em um altar-mor é mais poderoso do que o outro numa capela lateral? Não conseguis ver tais tolices de longe?

37 – Se Eu, sendo o socorrista vivo, não necessito de uma pessoa nem de um anjo, muito menos de uma estátua talhada - pois Eu ajudo em espírito e verdade, não na madeira, na pedra ou na tinta - que ajuda poderão dar, portanto, as imagens de anjos, santos, etc; qual o seu efeito, pois elas não possuem nenhuma força, nenhum poder, nada...?

38 – Mas se por acaso pessoas de fé frágil outorgam poderes milagrosos a uma destas imagens (sendo ela adorada por milhares de pessoas que se ajoelham ante tal imagem), com que velocidade deveria um tal espírito protetor correr de uma imagem “milagrosa” a outra, para não falhar em nenhum lugar com sua ajuda?

39 – Ou por acaso achais que um espírito pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo? O Espírito Eterno pode fazer isto, pois tudo está Nele, mas um espírito criado jamais, pois ele, comparado Comigo, não passa de um espírito finito e temporário.

40 – Qual é o homem que consegue pensar milhares de pensamentos num instante único? Mas o pensamento só é uma obra do espírito, um olhar da alma, que absorve o pensamento em si ou obras visíveis do eterno Espírito Divino. Mas como o vosso espírito só pode ter pensamentos simples ou um após o outro, então ele mesmo é somente simples e indivisível. Assim, só consegue ver as Minhas Obras, as quais Eu lhe asseguro na maior clareza e somente pouco a pouco, e a eternidade não será suficiente para ver todas elas. De que maneira ele poderia então atuar como um espírito protetor em todos os lugares e ao mesmo tempo, outorgando sua ajuda em todas as imagens com o mesmo poder?

41 – Só com grande trabalho, estes espíritos humanos que já conseguiram passar para o Além conseguem ser curados desta doença de “anjo protetor” ou espírito protetor. Muitas vezes é necessário que todos estes indivíduos sejam afastados de seu caminho, pois, se isto não acontecesse, a maioria dos católicos romanos Me abandonaria, para procurar proteção em seus espíritos ou anjos de guarda.

42 – Não é necessário ir para um passado longínquo; agora, no momento em que estais a escrever estas mensagens, os coitados dos espíritos correm de um lado para o outro, fazendo a maior confusão, procurando os seus “protetores” desesperadamente. Mas sou Eu quem vai ao seu encontro visivelmente, como um amoroso irmão e pai. Eu lhes digo em alto e bom tom que só Eu é quem eles devem procurar e encontrar. Entretanto, de Mim eles fogem com toda seriedade e alguns mais corajosos Me pedem para que Eu os leve para junto de seus protetores.

43 – Vede, se esta tolice acontece até entre os espíritos que já habitam o Além, quais provas contra estes tais anjos ou espíritos protetores poderemos apresentar convincentemente neste mundo material, especialmente para aquele que segue este espírito com todo seu amor e fé?

44 – Por isto, se vossa casa apresentar algum defeito ou se temeis que algo possa acontecer, então vinde depressa a Mim; Eu, que sou o mais confiável construtor de casas espirituais, o mais seguro espírito protetor e socorrista de todos os espíritos protetores. Vós podereis ter certeza que quando Eu derrubo uma casa, Eu logo a reconstruo a um preço menor e com o maior capricho e cuidado.

45 – Considerai bem: Um monarca como Eu não precisa de nenhum intermediário. Pois Eu sou tudo, em todos os espaços sou Eu mesmo!

46 – E quem quiser vir a Mim que venha. Sempre Me encontrará em casa, como se Eu nada mais tivesse que fazer, senão esperá-lo e servi-lo. Mas sempre deveis Me procurar no coração.

47 – Confiai e construí tudo Comigo! Pois Eu sou uma base, um alicerce bem confiável e seguro.

48 – Quem construir sobre este alicerce, esta sua casa jamais apresentará falhas. Pois quem receber o material de Minhas Mãos, este o possui vivo, como Eu sou o “Vivo” em tudo, sou quem dá vida a todos que a procuram em Mim.

49 – Procurai tudo em Mim, só assim permanecereis vivos eternamente. Amém. Isto falo Eu, o único que é a Vida e doa a Vida. Amém.


Clamor das profundezas

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de junho de 1841

1 – Meu Deus e Senhor, meu amado Senhor Jesus! Vê, estou acometido de todo tipo de aflições e dificuldades. Eu não me preocupo com as do corpo, mas sim com as da alma. Senhor, tu conheces bem todas e especialmente sabes a fundo sobre a doença e a desgraça de minha alma. Tu, misericordioso Jesus; Tu, que és o mais poderoso protetor de todos; Tu, que és o guia de todos os guias; tu, carinhoso professor e cuidadoso pastor; Tu, que procuras a ovelha perdida até tê-la novamente em Teu Rebanho, para a vida eterna: Tu Pai, vem a mim, pobre pecador fraco e servo sem nenhum valor, e levanta novamente minha alma caída, pois ela ainda é muito vacilante com respeito a Teu Amor.

2 – Permite que eu Te ame, a Ti, meu Jesus, infinitamente mais do que eu o faço hoje, acima de tudo no mundo.

3 – Senhor Jesus, meu coração está sangrando de dor devido a tantas palavras mal agradecidas ditas por aqueles a quem Tu tanto deste e a quem tanto Te dedicaste, aqueles a quem procuraste quando estavam à beira do abismo e levaste a uma trilha segura. Liberta meu coração de tanta dor e permite que eu me afaste até o mais longínquo cantinho do universo, antes que tenha de escutar Tua Santa Palavra sendo vilipendiada pela razão de alguém que não aceita Tua Sabedoria e não a consegue compreender, ou mesmo pela incredulidade que marcha sobre tudo aquilo acima da necessidade material.

4 – Senhor, meu Deus e bem amado Jesus, tem piedade de mim e me consola no meu desespero, para que eu consiga reviver e possa novamente, cheio de felicidade e afinco, me dedicar às Tuas obras segundo Tua Santa Vontade.

5 – Consola e fortifica todos os outros irmãos que aceitaram Tua Graça e Misericórdia nestes tempos tão profundamente trevosos, nos quais nem o Sol nem a Lua conseguem mais brilhar e todas as estrelas há muito já caíram do firmamento, onde a Terra se transformou num verdadeiro inferno, onde amor-próprio, egoísmo, orgulho, altivez, mentira, engano e todo tipo de maldade reinam.

6 – Não permitas que caiam estes poucos. Segura-os e ilumina seus olhos com a luz que vem dos Teus, para que consigam ver cada vez mais Tua Piedade, Onipotência, e Graça, onde permites que eu escreva Tuas Palavras com minhas mãos.

7 – Mas que somente seja feita a Tua Vontade. Amém.


Resposta do Alto

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de junho de 1841

1 – Permanece quieto e calmo e não te tornes imprudente, pois as pessoas não conseguem ser tão poderosas e sábias como Eu sou e serei por toda a eternidade.

2 – Vê, onde está aquele que deseja iniciar uma aposta de sabedoria Comigo? E isto com a mente mundana...? Eu te digo que faria melhor, se pegasse um caniço bem comprido e o levantasse sobre sua cabeça, a fim de tentar pescar estrelas do céu como se fossem peixes. Agiria melhor assim, do que estudar a rede deteriorada de sua mente, para ali tentar capturar Minha Sabedoria eterna e logo depois dissecá-la a seu bel-prazer.

3 – Mas como Minha Dádiva, Minha Graça sempre é dupla: de Amor e de Sabedoria. Não é claro para todos que somente o que se origina no Amor serve como “pão” para os filhos, “pão” para a vida eterna? O “vinho” (Sabedoria) só será dado para reprimir a mente mundana, para que o homem nisto consiga reconhecer que toda sua tola sabedoria se destrói frente à pedra angular do Saber Divino, que é de fato uma verdadeira pedra de escândalo.

4 – Quando Jesus vos fala no coração e predica sua Misericórdia, deveis entender que todos vós desejais alcançar a Vida. Mesmo quando o Pai vos educa, deveis reconhecer Sua Voz, pois Ele lá está. Se o Espírito de Deus se derrama sobre vós e vos ensina a Sabedoria, então achais - pois vossa mente não consegue captar as profundezas absolutas - que o Espírito divino está se contradizendo, ou que a ferramenta pela qual o Espírito falou não é boa e está reproduzindo a Palavra de forma diferente do recebido. Não vos dais conta que estais a contestar o Espírito?

5 – O que é pior: discutir com o Espírito da Eterna Sabedoria, ou afirmar por uma palavra da mente que o Espírito escolheu erradamente o médium e deve retirar tudo o que fala de Si, o mesmo que afirmar que o Universo e tudo nele existente se tenha autocriado?

6 – O homem ateu diz: Se o assunto não possui uma certeza matemática, quem o pode aceitar como totalmente verdadeiro? Duas vezes dois são quatro, isto é uma verdade comprovada e compreensível por todo o mundo.

7 – Eu, porém, digo: cuida tu, sabichão matemático, que esta tua sabedoria não se transforme num fiasco. Pois se nada mais entendes da ciência dos números do que duas vezes dois igual a quatro, em verdade tens sabedoria suficiente para te tornar um boiadeiro. Como é possível que alguém chegue a Mim com tal sabedoria numérica, para com isto Me desafiar no seu conhecimento, sendo que até então ainda não reconheceu, como jamais o fará, que duas vezes dois pode ser cinco, seis, sete, oito, nove e até o infinito!

8 – Ó vaidade do homem cego! Quanta coisa o homem sabe e como são afiados e severos os seus veredictos! O firmamento eles medem com o círculo, retiram Meus Sóis de lá como se fossem grãos de ervilha e os observam com os potentes microscópios de suas mentes mundanas, tão minuciosamente que julgam não ter deixado de estudar nem um único átomo. Calcular o tamanho, a distância e o movimento lhes é um prazer sublime. E tudo isto baseados no seu conhecimento de que duas vezes dois é igual a quatro. Sim, eles chegam longe com sua sabedoria...

9 – Mas de duas coisas eles ainda carecem, para conseguir a sabedoria bem próxima à Minha: a “quadratura do círculo” e o tal “perpetuum mobile” (moto-perpétuo). Se eles possuírem isto, aí sim, acabariam Comigo. Se Eu fosse capaz de temer este momento, Eu começaria a recear, nem que fosse um pouquinho, a construção pelos homens de uma nova “torre de Babel”, cuja construção perigosa hoje em dia não seria possível sustar pela falta de comunicação, pois na atualidade há um tradutor para cada idioma. Também poderiam começar a construir “trens” ou então “barcos voadores” em que conseguiriam alcançar as estrelas. Então chegariam a Sírius ou outro sol central de Minha Criação e, como fizeram com a China, bloqueá-lo-iam e bombardeá-lo-iam com canhões potentíssimos, para dominá-lo e usufruir de seu ouro.

10 – Vê quanta coisa Eu tenho que temer! E com o que Eu poderei Me defender, pois aqui no Céu Eu não possuo canhões, bombas, granadas, obuses ou cartuchos? Os chineses estão sendo dominados, e olha o que eles têm armamentos... Como as estrelas se defenderão totalmente desarmadas?

11 – Já existem pessoas na América do Norte e na Inglaterra que negam Minha existência, porque Eu, ao construir o mundo, Me esqueci de colocar nele o trem, instrumento tão útil e necessário. Como isto foi possível acontecer a um Deus tão poderoso e sábio? Se o ser humano está construído por elementos industriais, como é que Deus não o seria, tendo criado tudo? Mas como não é possível encontrar trens na natureza nem mesmo navios a vapor, então não é possível que um Deus exista, pois com certeza, se existisse, os teria criado. Vê quanta sabedoria, até com relação aos trens!

12 – Mas Eu te digo: Não temas, assim como Eu também não temo! Se Eu não possuo armas, navios a vapor ou outros, tenho pulmões poderosos e uma língua bem afiada e no lugar certo! E Meu Sopro é bem mais poderoso que todos os canhões. E pela Minha Língua, toda sabedoria humana será levada à morte.

13 – Anota com afinco tudo o que aqui ouves e recebes, pois é esta a razão por que Eu falo contigo: para que Eu dê ao mundo uma nova pedra angular e um novo marco limítrofe. E sobre tais muitos cairão, ao tentar ultrapassá-los sem ter seguido o caminho da humildade, da total autocrítica derivada da introspecção, da paciência e do amor.

14 – Mas quem por Mim clamou e a quem dou uma porção da vida pura e verdadeira, este deve aceitar cheio de gratidão tudo que lhe é oferecido e obedecer as instruções com exatidão. Se não agir assim, que importância futura isto tem para Mim e para ti?

15 – Vamos, portanto, deixar o que foi plantado nos campos amadurecer totalmente. Meus ceifadores sabem muito bem o que vai acontecer então, e aquele que não se escandalizar Comigo que seja abençoado!

16 – Estes sábios do mundo serão por Mim ensinados sobre Minha Graça. Eu sei que seus dentes baterão tanto, que farão mais barulho do que as correntes de ferro pesadas dos presos das profundezas dos cárceres. Amém.

17 – Fica, portanto, calmo, pois bem sabes Quem te revelou isto! Amém. Eu, teu Jesus. Amém.

O planeta Saturno

Recebido por Jacob Lorber, em 05 de julho de 1841

Com esta mensagem deu-se o início da descrição e do motivo da existência de Saturno, planeta pertencente ao nosso sistema solar. Tal descrição também fala sobre a vegetação que existe no planeta, seus animais e os seres humanos que o habitam. Esta revelação se estendeu por um ano, até 29 de julho de 1842 (*). À primeira revelação, que aconteceu em 05 de julho de 1841, vamos aqui acrescentar mais algumas palavras. Em primeiro lugar o Senhor descreve a grandeza e a distância do planeta, menciona o anel com suas inúmeras luas, o que dá um aspecto único a este corpo celestial. E então continua:

1 – Pelo que ouvistes, podeis concluir com facilidade que este planeta, pela sua constituição tão diferente e variada, pelo seu tamanho e também pelas suas sete luas (*) tem uma finalidade bem definida no universo.

2 – Pois quanto mais artisticamente e preciso um mecânico construiu uma obra, tanto mais variada deve ser a finalidade desta obra. Da mesma maneira que o mecânico introduziu tantos “instrumentos” tão artisticamente perfeitos na sua obra de finalidade tão variada, assim Eu, o mecânico-mor de todo o universo, não faria um corpo celestial tão importante sem uma finalidade bem especial. Eu não brinco nem com um grãozinho de poeira do Sol, imaginai se Eu brincarei com um corpo celestial como o por vós conhecido planeta Saturno.

3 – A consequência desta revelação vos fará entender a finalidade do mesmo, e isto vos deixará totalmente atônitos. Pois se na revelação sobre a Luz (Terra e Lua) já vos espantastes muito e grande estardalhaço fizestes, o que será de vós se por minhas Mãos conseguirdes viajar um pouco por este planeta? Eu vos advirto: esperai revelações de grande porte e preparai vossos sentimentos para o que vereis, pois tereis dificuldade em suportá-las. E quando tiverdes recebido tudo o que podeis aguentar sobre este planeta, então tereis uma vaga ideia do que diz o Evangelho: “Nenhum olho humano viu, nenhum ouvido humano escutou, e jamais o coração e a mente humana conseguirão sentir o que Deus aprontou para aqueles que o amam”.

4 – Tudo aquilo que alguém recebe de Mim é uma Dádiva do Céu, pois Eu mesmo sou o mais elevado o cume dos céus e dos mundos. E se Eu desejar vos revelar tanto o céu como o inferno, tanto um como o outro vos levará ao ápice da felicidade. Pois diga Minha Palavra qualquer coisa, esta sempre é viva e faz com que aquele que a recebe e aceita cheio de amor, agradecimento, humildade e fé viva, se torne eternamente vivo e feliz Comigo, já aqui no mundo e muito mais no Além.

(*) “O Saturno”, que existe em Inglês e foi recentemente traduzido para o Português - a tradutora

(*) Na atualidade, consideram-se dez luas, mas as três últimas são tão pequenas, que podem ser tratadas como asteroides. – a tradutora

Do segredo da montanha

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de julho de 1841

Vários irmãos subiram ao pico mais elevado da “Kleinalpe” neste dia. Entre eles estava Jacob Lorber. Apesar do vento frio e da ameaça de tormenta, eles lá permaneceram por três horas. Receberam então a seguinte mensagem:

Escreve, pois se ouve uma voz carinhosa das alturas das montanhas.

1 – O que olhais, grupo cansado? Olhais para as cadeias distantes das montanhas, as quais Me apresentam seus cumes rústicos - a Mim, o Criador - e Me ofertam seus perfumes. Reconhecei vossa culpa! Aprendei a lição destes heróis, tudo o que eles vos informam sobre Mim - seu Pai e Criador - quão altaneiros e poderosos se apresentam estes grandes testemunhos que jamais vão querer, tal como vós, calar sobre Minha Grandeza. Em volta dos cumes santos, um alegre nevoeiro dança e, agradecido, ajuda a louvar em silêncio o seu Pai. E ventos felizes sopram por sobre os altos cumes, para anunciar que é lá que as montanhas começam a Me louvar.

2 – Estais cheios de medo, frágeis observadores destas alturas gigantescas. Tremeis quando os espíritos puros dos Alpes vos circundam e provocam lágrimas em vossos olhos devido aos ventos frios. Mas ao desejardes formar novas figuras nas nuvens cansadas e depois observar como elas se derramam alegremente sobre o musgo das montanhas, se pudésseis ver tudo isto também com vossos olhos espirituais e perceber para que toda esta atividade espiritual se presta, só então gostaríeis de clamar: “Quem observa as obras divinas, este está muito feliz. Elas lhe mostram o poder do Pai Divino!”.

3 – Vistes as montanhas orgulhosas do planalto e em seu regaço também vistes os anões rochosos, os altos “Schnab” e “Reiting”. Todos vós vistes o altaneiro “Prediger-Berg” e outros parecendo brigar com as nuvens. Ouvi, pois, estas montanhas a falar. Escutai suas palavras em vossos corações de pedra. Elas dizem: “Tu, fraco homem nesta Terra! Tu olhas maravilhado e mudo ante nossas dores o sublime fausto que há em nós. Se tu de nós te aproximasses, verias as nossas pesadas correntes de provação e te assustarias”.

4 – E assim as montanhas colocam palavras em vossos corações: “Olhai-nos bem e vede os antigos caixões que aqui somos, nos elevando majestosamente às alturas e mantendo sempre em nós inúmeros mortos. E se não fosse o Amor Misericordioso de Deus a nos refrescar, em verdade todo o país estaria inflamado de ira e raiva. Pois aqueles que nós continuamente devemos manter em nossos corpos, estes desejariam, qual chama e num só momento, se libertar e dominar a Terra. Para evitar tal mal e manter vossa paz, nós portamos este grande peso”.

5 – Deixai que as palavras das montanhas penetrem fundo em vossos corações. Pois elas vão continuar a falar a vossos ouvidos o seguinte: “Quando o nevoeiro nos circundar ocultando nossos cumes altos, vede então que nos estão a visitar seres sublimes a nós, os guardiões dos mortos. E tais seres suavizam com o seu amor, com incontáveis lágrimas vindas do amor de seus corações, os que desprezam a Deus. E aqueles que observam avidamente tal bênção amorosa serão despertos e lentamente se elevarão para uma vida mais livre, a degraus mais elevados, tal como acontece ao homem”.

6 – E como a boca da montanha se abriu para vós, escutai mais ainda o que o elevado sopro vos murmura: “Quando ventos fortes se abatem por sobre nossas cabeças e vós não conseguis aqui por muito tempo permanecer, aí é que legiões se elevam para uma vida livre e nova. Apressados, correm para os vales plenos de vegetações, para alcançar tal meta já predeterminada. De acordo com sua índole, eles se unem em névoa e caem como chuva leve sobre as plantações pois, se autovivificando, iniciam uma nova vida.

7 – É quando no fim do outono os primeiros flocos nos cobrem e por isto toda a vida quente trata de nos evitar. Sim, até alegres riachos ficam endurecidos, param sua queda e tudo congela em nossas regiões de vidas livres. Vós deveis então ser fieis observadores e perceber o novo momento, com ouvidos e olhos abertos. Pois é então que começa a acontecer um subir e descer. E em todas as direções não vereis nada mais que constante desejo de conseguir uma forma definida, e assim se definir como vida. Pois esta é a época da saudade, quando todos gostariam de se encontrar, pois é quando cada espírito se deixa prender por outro.

8 – Mas quando por fim chega o verdadeiro inverno, muitas vezes sentimos um aperto em nossos corações. Pois chegam a nós juízes de paz que vem lá do Norte e espargem nossos abismos com a sua luminosidade, com neve profunda e gelo sólido, para nos levar à provação. Vede, então não é nada agradável andar nas nossas alturas. Pois toda vida liberta é lá tão duramente apanhada, que não mais conseguirá sentir o doce remanso do amor. E quando o sopro da primavera parte as amarras do Norte, então nenhuma vida retornará a sua antiga pátria.

9 – Só quando a mudar a neve e a luminosidade do gelo tiver desaparecido, quando uma primavera quente tiver afastado o inverno, então a vida vegetal retornará bem fortificada, mas não mais retornarão as canções dos passarinhos mortos pelo frio. Mesmo pessoas que nos nossos ombros o Norte esmagou, estas dificilmente usufruirão dos raios do sol que nós oferecemos. Mas se aqui uma vida liberta foi destruída por uma atividade tão pacífica de nosso Norte, que ninguém se queixe sobre nós, montanhas, pois uma nova vida, antes aprisionada, começa a se libertar.

10 – Que essa cançãozinha vos sirva de bandeira com a qual conquistareis todas as mentes das montanhas e muito mais facilmente entendereis o que Eu ainda tenho a vos dar em verdade. Com essa “bandeira” solucionareis algumas dúvidas, pois é mais fácil escalar uma montanha e dela observar as outras, do que entender de onde vem o temor tão doce que nelas sentimos. Portanto, antes da grande dádiva vos dei essa “bandeira” em vossas mãos, para que ela verdadeiramente vos advirta que Minha próxima dádiva em Sabedoria vos será a chave para a compreensão do tema.


Exemplos de Caridade

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1841

Recado a certa pessoa que veio visitar alguém do grupo

1 – Por acaso desejais ouvir aquele que veio visitar um de vosso grupo por causa de uma determinada irmã vossa, sendo ela uma fiel cúmplice dos servidores de Babel? Vede, ela começa tudo com muito jeito, a fim de conseguir vantagens para si por meio dos indignos, dos totalmente cegos, e da casta de religiosos (ou melhor, eles o conseguirão por intermédio dela).

2 – Eu, porém, vos digo que lhes será muito difícil lamber um galho cheio de espinhos. Quem quiser Me desafiar terá dado o seu último passo.

3 – Mas se a irmã, a que é casada, desejar praticar uma caridade, uma que Me seja agradável, então ela que vá procurar os pobres órfãos necessitados e adotá-los como se filhos fossem. Com isto ela preparará um tesouro no Céu. Se não for assim, no Além só receberá o pagamento do mundo.

4 – E se uma criança por Mim dada à vossa proteção se tornar supérflua, Eu a posso trazer de volta para Mim a qualquer momento. E assim, não tereis que vos desfazer de um filho (segundo um conselho traiçoeiro e maldoso dela), fazendo com que ele, longe de vossos olhos e ouvidos, se transforme num precoce traidor da Minha Bênção e Misericórdia que agora vos estou dando.

5 – (À pessoa do grupo que foi visitada) Dize à tua irmã cheia de preconceitos e com a alma deteriorada que tu preferes adotar ainda mais três crianças, do que deixar que uma única se afaste de ti antes do tempo. E que no futuro ela se preocupe somente consigo mesma, para que se liberte do espírito negro e estrangulador, pois é isto que ela precisa! Por nada mais ela deve se preocupar .

6 – O espírito que a possui é um antigo espírito da casta sacerdotal de Babilônica; em outras palavras, um discípulo de uma igreja que serve ao mundo material e não a Mim, pelo qual ela esteve apaixonada (como está na atualidade), que “transforma” o céu em inferno e vice-versa. Ele diz ser o diabo e senhor de toda morte, e que a matéria morta é sim o Deus eterno e vivo.

7 – Pobre e totalmente cego, enganado e enganador, vil inquilino da tiara romana... Eu, porém, vos digo: Estai atentos e cuidadosos ante os ataques sorrateiros de Satã! Ele deseja destruir Minha Obra!

8 – Ficai com vossos filhos junto a vós e orientai-os no Meu ensinamento! E Eu já aqui - e não somente no Além - os adotarei como Meus verdadeiros filhos e Me empenharei por eles agora e sempre.

(À pessoa do grupo que foi visitada) A tua irmã, porém, está com a cabeça cheia da clausura, o que já é uma prisão para o corpo, mas muito mais para o espírito. Ao espírito ela só levará a morte, e muito pouco dela se conseguirá libertar para vida.

9 – Da mesma maneira que já falei e dei o nome a estes “caridosos” da casta sacerdotal, já vos dei informações precisas sobre estas “irmãs-cinzas” e de como elas se encontram em Meu Livro. Eu agora vos digo: Maldito seja tal “caridoso” que veste roupas por ele criadas para se diferenciar e destacar dentre os outros! Quem não realiza a caridade bem escondidinha e com total desprendimento é um “caridoso do mal”.

10 – Ficai, pois, com vossos filhos sob vosso teto. Educai-os em Meu Nome, que Eu lhes serei um verdadeiro Pai.

11 – Isto falo Eu, vosso Pai, que é santo, santo, santo. Amém.

A finalidade das montanhas

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de julho de 1841

Hoje recebemos pelo servo de Deus, Jacob Lorber, a seguinte revelação como continuação à anterior:

1 – O que é que são os Alpes, os picos mais elevados e os pequenos morros que se elevam sobre o plano da crosta terrestre? Nada mais que um grãozinho de poeira que se guarda numa maçã que caiu da árvore, numa estrada poeirenta. Mas o grão de poeira é solto, enquanto que as montanhas são elevações que se originam do interior da Terra. Com o que devemos comparar as montanhas? Será que com a poeira da maçã, com as irregularidades da casca da noz, ou então com as verruguinhas da casca de um ovo?

2 – Nem um nem outro serve para a comparação. Mas tomai os três exemplos juntos, e cada um responderá por alguma característica da Terra.

3 – Porém, qual é a que tomaremos em primeiro lugar? Aqui há pouco para escolher, mas se tomardes as três de uma só vez, aí sim teremos a medida exata.

4 – Por acaso a maçã tem que cair da árvore para ficar empoeirada? Ou ventos não podem levantar poeira da rua e empoeirar a maçã?

5 – Ou então, o que acontece com a noz? A fruta interna se adapta às irregularidades da casca, ou é ao contrário? Aqui tudo ficará melhor, se observarmos a constituição do fruto, pois todos fazem sua roupa adaptada ao corpo, não adaptam o corpo à roupa. Então o efeito começa no interior e não de fora para dentro, pois a força da vida sempre mora no centro, jamais na parte externa, na roupa.

6 – Mas o que pode se dizer das verruguinhas na casca do ovo? Como elas se originam e porque elas existem? É bem mais fácil para a galinha pôr um ovo totalmente liso, do que um coberto de milhares e milhares de pequenas verrugas. Não seria fácil dizer também o seguinte: “ Para que as montanhas na superfície da Terra? Uma Terra lisa faria a rotação com mais facilidade sobre seu eixo, do que uma semeada de inúmeras montanhas”.

7 – Cabe observar então quem forçaria o ar e a água a acompanhar a Terra na rotação, pois nada está amarrado à mesma com correntes, de modo a ser forçado a ficar no lugar onde está, bem fixo à superfície.

8 – Se o ovo não possuísse verruguinhas, em que se apoiariam os nervos de pressão e de expulsão dos canais do ovário da galinha, para levar o mesmo (o ovo) para o exterior? E ao se encontrar na atmosfera externa, se não possuísse as tais verruguinhas, com o que ele receberia os fluidos eletromagnéticos que servem para a continuidade do ciclo vital e para a manutenção da matéria vital? E quando estiver sendo chocado, como captaria o calor do peito da galinha, ou dos raios do sol, ou também das areias aquecidas?

9 – Se não existissem as montanhas e a Terra fosse uma bola lisa, então em todos os cantos, mesmo no equador, o clima seria como o cume do Cheimboraço, ou como no polo norte, lá onde a neve eterna existe.

10 – As montanhas são para a Terra o mesmo que a verrugas são para o ovo. Elas não são somente condutoras de ar, mas atuam muito mais como absorventes de calor. O calor que absorvem do oxigênio só podem depositar nos vales e nas planícies mais baixas.

11 – Mas nas planícies bem extensas e muito distantes das montanhas, lá encontrareis menos vegetação, muitas vezes nenhuma, como acontece nos picos das montanhas. Isto se dá por um motivo duplo:

12 – Em primeiro lugar, por estarem longe demais das montanhas, lá nestas planícies há menos calor fertilizante. Com relação ao calor escaldante, ele não vem de outro lugar do que das plantações vizinhas, que cobrem as planícies com o hidrogênio que delas emanam. O mesmo hidrogênio também concentra os raios solares, e o ar atmosférico e os absorve e conduz. Como já foi dito, este calor não é um calor fertilizante, mas se iguala ao calor emitido por brasas ardentes num ambiente fechado. Se não é muito maléfico à vida animal, é simplesmente destrutivo para a vida das plantas. Não é difícil provar que onde a vida vegetal acaba, não há muito tempo para a vida animal continuar.

13 – Há regiões na África e no Sul da América que regiões frutíferas exalam hidrogênio em tal quantidade, que um mar de chuva se estende sobre os campos, pradarias e desertos de tal maneira, que toda a vida ali é destruída, como se tivesse sido jogada dentro de um forno em chamas.

14 – Mas há outra razão para estas regiões serem estéreis: elas sofrem uma grande falta d`água. Podeis viajar pelo mundo todo e dificilmente encontrareis uma só montanha que não tenha em seu sopé fontes de água boa.

15 – As montanhas, já conhecidas como “condutores de água e ar”, ainda são “criadoras de calor vital”. Elas também são “canalizadoras de água” em sentido duplo. Como já sabeis, todas elas se encontram situadas sobre bacias de águas profundas. Então, com sua pressão constante, elas levam a água a alturas bem razoáveis. Isto explica por que muitas montanhas têm aos seus pés fontes de água pura e cristalina.

16 – Como o ar atmosférico deve ser constantemente impregnado por vapores, os quais às vezes se originam do éter em busca da primitiva vida animal, então as montanhas são como os pólipos do mar, constantemente esfomeadas, e cada umidade que se lhes aproxima é por elas sugada e aprisionada. Por meio desta “água etérea” a vida subterrânea se inicia. A água passa por um processo químico e é de certa forma purificada, para que se torne útil para a vida. Pois a água não-purificada que vem do interior da Terra é tão inútil para a vida, como o é a etérea.

17 – Não deveis achar que “água etérea” é o mesmo que água da chuva, a qual só aparece quando nuvens que vêm das montanhas vizinhas por elas são saturadas de oxigênio. A “água etérea” não é formada de gotas, mas está na atmosfera, especialmente sobre as montanhas.

18 – A primeira visibilidade da “água etérea” se anuncia nas chamadas nuvens “carneirinhos”. Quando estas lentamente ficam cada vez mais etéreas e mais pesadas, então elas caem cada vez mais baixas, até alcançarem a região média de nuvens, onde começam a sugar o oxigênio para seu interior. E quando lá de uma certa forma se tornam um pouco “pesadas de vida”, então elas descem para regiões inferiores, nas regiões dos nevoeiros das montanhas, que começam a retirar a eletricidade das nuvens.

19 – Então começa a ventar com muita força nas montanhas. Quem não acreditar que os ventos não são nada mais que eletricidade vinda das nuvens (dos nevoeiros das montanhas), que trate de subir a uma destas montanhas com uma placa de absorção elétrica ou então com uma “pipa elétrica” e amarre esta placa numa barra de vidro, ou numa chapa coberta de resina. Se tiver coragem, aproxime-se da mesma e logo receberá - para sua educação - um golpe luminoso e fatal, que sobre ele se abaterá na velocidade de um raio.

20 – Vede, desta forma as montanhas também são, de uma certe forma, “condutores de água”.

21 – O que mais são então as montanhas? Não é necessário viajar muito para o planalto. Logo começareis a ver todo tipo de minerais que vos mostrarão o que as montanhas ainda são. Elas são fabricadas de todo tipo de minerais e metais!

22 – De onde vêm os metais nas montanhas? Eles vêm, tal qual a água, debaixo e de cima. Há um produto que vem de cima, das inúmeras estrelas do firmamento. Debaixo há produtos, em primeiro lugar, do fogo subterrâneo; em segundo lugar, há produtos das eternas polaridades que se agridem constantemente e que são sempre variáveis.

23 – Há uma grande variedade de metais e todos têm uma única e mesma causa original. Não dá para ser diferente! Numa pradaria existe uma variedade singular de ervas, mas em todo o lugar existe o mesmo solo, a mesma luz, o mesmo sol e a mesma chuva.

24 – Os homens não conseguem fazer o mesmo. Nenhum homem consegue fazer furos de vários tamanhos com a mesma furadeira, ou levantar com uma mesma força diferentes pesos. Ninguém consegue construir ou mesmo usar uma máquina furadeira cuja ponta é mais fina que o pensamento e cuja broca pode se estender para os mais longínquos recantos imagináveis do universo. E também ninguém consegue inventar uma alavanca que retire um sol central de seu centro.

25 – Vede, já que o homem não consegue inventar nem duas ferramentas tão simples, então como ele se comportaria para esclarecer como de uma única causa podem se realizar uma infinidade de variedades e verdades? Como provar que todos os metais nas montanhas se originam de uma única fonte, mas que nenhum é igual ao outro?

26 – Somente Aquele a quem conheceis consegue isto, conhece a arte significativa de preparar cores diferentes em um único caldeirão. Se colocardes uma variedade de tecidos no caldeirão, não conseguireis retirar do mesmo um pedaço com a mesma coloração do outro.

27 – Pois bem, após isto, a explicação é simples. Se aqui encontramos ferro, lá zinco, em outro lugar chumbo, prata, cobre ou semelhantes, nada mais é preciso para que cada uma das montanhas obtenha uma forma e uma qualidade diferenciada. Com o mesmo material que cada uma suga para si, consegue-se produzir diferentes metais.

28 – Quem ainda não consegue compreender isto pode fazer a seguinte experiência, que logo a luz se fará nele:

29 – Pegar um vasilhame bem espaçoso, por exemplo, um vaso de plantas bem grande; colocar nele a mesma terra, mas plantar nesta terra diferentes sementes; regar tudo com uma água quimicamente igual (com respeito aos raios solares, não é preciso se preocupar em absoluto, pois ainda são tal qual eram a trilhões de anos). Ao se observar a plantação, ver-se-á que a tarefa foi totalmente desnecessária. Pois de uma semente de cravo nascerá um cravo; de uma semente de violeta, uma violeta; de cada semente nascerá a planta correspondente, com todas as suas qualidades próprias.

30 – Quem pensar só um pouquinho e tiver em sua mente uma pequena faísca de vida que o leve para cima e não para baixo, se perguntará: “ Como isto é possível? De uma mesma qualidade de terra, de uma mesma qualidade de água e de uma mesma qualidade de luz e calor, se consegue produzir uma tal variedade de produtos? E se eu examinar todas estas sementes quimicamente, encontrarei na origem um único tipo de material base. Mesmo que eu queime todas as plantas diferentes, sobrará um único tipo de cinza”.

31 – “Se eu centrifugar cada planta em separado, obterei de cada uma um suco de sabor e cheiro diferente. Mas se eu decompor quimicamente os sucos, no fim se constata que tudo é a mesma coisa. Eu chego ao carbono e ao oxigênio e assim posso considerar minha árdua experiência como finalizada e concluir que tudo não passou de um grande trabalho”.

32 – Quem chegou a esta conclusão já se encontra no umbral do pátio de entrada. Se ele bater à porta, poderá entrar com certeza; não imediatamente no templo, mas adentrará, nem que seja ao jardim. E é melhor estar ali e se encontrar na melhor saúde espiritual, do que permanecer na margem do Siloa com o corpo espiritual alquebrado, aguardando a chegada de um anjo salvador. Pois quem algo perdeu que comece a procurar, para reencontrar o objeto perdido. Isto é melhor do que aguardar despreocupadamente que um socorro venha e lhe entregue o tesouro perdido. Há que se procurar e de trabalhar alegremente.

33 – A Terra é um lugar cheio de montanhas, abismos, fendas, canais, vales e planícies. Em alguns lugares é completamente coberta por vegetação densa, às vezes impossíveis de se passar. Quem então tiver um tesouro e não o segurar com muita força, facilmente poderá cair e desaparecer. Quando isto acontecer, será muito difícil encontrar-se de novo, sendo este um planeta tão cheio de buracos tenebrosos e escuros. E se alguém perdeu algo, mas não dá a mínima importância e não tenta nem procurar, como poderá achá-lo de novo, se ainda por cima tem aversão a fotos?

34 – Em verdade, alguém assim não se tornará ativo em nada, mesmo que tenha escalado todas as montanhas. Todo aquele que escala uma montanha tem muito trabalho para alcançar seu cume.

35 – Mas qual é o prêmio para tal esforço? Para alguns o prêmio mais importante é olhar a vista, observar as outras montanhas, as vilas. Já o prazer principal - inspirar o ar límpido e vibrante da vida - isto ele recebe na maior indiferença.

36 – É assim é o homem naturalista: um constante escalador de sua altamente elogiada razão; ele escala de uma razão à outra, continuamente. Tão logo chega a um novo cume, acha que ainda não alcançou o mais bonito pico e planeja escalar um cume diferente. Assim corre de cume em cume, sem enxergar o mais importante e o que o satisfaria plenamente: a inspiração da Vida. Diz um pagão sábio: “ O homem, com sua audácia, poderá conquistar ao céu. O que me impediria de conquistar o pico desta montanha?”. E no falar, começa a ação!

37 – Com grande esforço o homem escala mais um pico, com a ilusão que deste cume poderá ver nem que seja a metade da Terra, mas também aqui suas expectativas não se realizam. Entretanto este monte tem outros maiores atrás dele. O montanhista então começa a planejar mais e mais escaladas e deseja no fundo escalar todos de uma só vez.

38 – É assim é com a mente dos homens. Ela vai de um pico de intelecto a outro, mas o que é que ela enxerga em todos os cumes? Nada além de montanhas cada vez mais altas e geleiras que para ela são inalcançáveis. Um homem será abençoado, se após esta longa procura intelectual conseguir dizer: “ Não é possível enxergar toda a Terra de uma única montanha. Quanto mais tenhamos visto, tanto mais claro se nos torna que, ante tudo aquilo que ainda existe para ser visto, não vimos quase nada ”. Traduzindo, isto significa que aqueles que na sua ciência intelectual conseguiram chegar mais longe são os que reconhecem que nada sabem.

39 – Para vós Eu, porém, digo: Não é difícil limpar a poeira de uma maçã, pois o pó só está na casca. Seria mais difícil polir uma noz até ficar bem lisa e muito, mas muito mais difícil, desbastar as verrugas de um ovo sem quebrar a casca.

40 – A Terra em verdade é uma “maçã empoeirada”, pois nela se encontra a poeira de ruínas (o grande planeta que ficava entre Marte e Júpiter cujos pedaços maiores são conhecidos como asteroides e os menores caíram na Terra feito poeira - Grande. Evangelho de João / volume 8 / capítulos 74 a 76). Além disso, ela também é uma “maçã empoeirada” por estar envolta num cinturão de poeira atômica etérea. E em terceiro lugar, em sentido espiritual, ela é uma maçã bem suja, pois está coberta por um véu bem espesso de nuvens de poeira, as quais só permitem que em poucos lugares a luz brilhante do Sol espiritual consiga chegar à sua superfície.

41 – Além disso, a Terra é uma noz, pois primeiramente ela tem uma tarefa bem dura para cada um de seus habitantes: a dificuldade para abri-la. Em segundo lugar, é uma “noz” porque na sua crosta ela demonstra todas as irregularidades que existem em seu interior. Estas constituições rugosas são as cadeias de montanhas primárias, tal qual as excrescências das rugas internas da noz. Em terceiro lugar, é uma “noz” porque todo aquele que a habita e deseja penetrar na vida interna livre do espírito tem que descartar uma cobertura bem amarga, acrescida de uma casca dura, até conseguir chegar ao fruto vivo da vida.

42 – A Terra também é um “ovo”, pois quem deseja conhecer o interior da Terra, este que cozinhe um ovo, o parta em dois e o estude com um microscópio bem potente. Assim terá uma ideia bem próxima da constituição terráquea. Ela é um “ovo” também, porque com o calor do Sol fará nascer vários pintinhos. Em sentido espiritual a Terra é igual a um ovo, pois, tal como ele, só produz vida nova no calor, na paz e no silêncio. O homem também só na sua calma, na sua silenciosa humildade e no seu calor é que conseguirá chegar a Mim e será renascido. Nesta situação ele é igual ao pintinho que se liberta de sua prisão, sai da mesma cheio de vida e, sem nenhum problema, abandona a casca e vai em frente para a vida.

43 – Assim o homem também deveria ser espiritualmente. Só assim ele consegue enxergar - desde qualquer profundeza ou desde o cume de qualquer montanha - não somente a Terra toda, mas sim uma constelação solar, baseado nos elevados sentimentos da vida espiritual livre.

44 – Finalmente, que a escalada desta montanha sirva para que vos conscientizeis que o caminho para a vida eterna não é nada mais fácil do que esta escalada material.

45 – Pois, à distância, todos acham que a montanha não é muito alta. Mas ao se aproximar dela cada vez mais, deixa-se de ver seu cume. E quando se inicia a escalada desde o sopé, crê-se que cada morrinho sem vegetação é o ponto culminante da montanha. Mas à medida que vai subindo, o alpinista se convence cada vez mais que ainda terá que enfrentar sérias dificuldades até conseguir chegar ao pico e de lá ver o luminoso “sinal triangular da vida eterna”. Daí então será surpreendido pelo mais elevado sentimento, do qual não tinha a mínima ideia.

46 – Considerai bem este apêndice em vossos corações. Segurai firmemente a “bandeira” em vossas mãos. Cuidai bem de tudo que é espiritual, de valor incalculável e que vos foi dado em tamanha quantidade.

47 – Olhai bem tudo e estudai o que vos foi dado. Não só encontrareis universos nas montanhas, mas também em grãozinhos de areia. Amém. Amém.


Fariseus da atualidade

Recebido por Jacob Lorber, em 19 de julho de 1841

1 – Não comeces a escrever a obra principal hoje (Criação de Deus e O Saturno). Hoje o que te incomoda são as prédicas e comentários dos pregadores aguerridos, estes que estão cheios de egoísmo, pois eles desejam muito os tesouros da Terra ou então estão correndo atrás do “paraíso” como é apresentado pelos maometanos (e que realmente não existem lugar algum nem jamais existirá). A Mim eles louvam e glorificam somente por causa do tal “paraíso”, mas na maioria das vezes o fazem somente proforma por causa dos bens materiais e das posições elevadas de poder; não existe quase nenhum dentre eles que Me louve e Me ame por Mim mesmo.

2 – Mas para que tu e aqueles que te são iguais em pensamentos e sentimentos consigais um consolo adequado, ledes o capítulo 23 de Mateus, os versículos 13, 14 e 15 muito especialmente. Estes três versículos vos darão suficientes esclarecimentos sobre os fariseus da atualidade, para os quais os fariseus judaicos foram um exemplo e mestres proféticos.

3 – Logo vá a Lucas capítulo 23 e também aos versículos 13, 14 e 15. Lá encontrarás o testemunho de Pilatos sobre Mim e um grande consolo e alívio para ti. E novamente verás o verdadeiro “caso de amor” dos fariseus atuais Comigo. Ou tu por acaso achas que se Eu hoje chegasse ao mundo e tentasse discutir o poder do papa, achas que eles não seriam muito piores que Caifás o foi?

4 – Em verdade, eles iriam a todos os governantes para convencê-los de que Eu seria o arqui-inimigo herege e que deveria ser castigado exemplarmente: queimado vivo na fogueira. Crucificado Eu já sou diariamente ou a cada instante e milhares de vezes, também vendido e traído. Tu compreendes isto com certeza!

5 – No capitulo 13 de João no versículo 18, tu vais descobrir o que estes “comedores de pão” e “bebedores de vinho” de fato são e o que eles acham de Mim (geralmente são contra Mim). Pois, em verdade, eles são aqueles que sempre Me trataram aos pontapés!

6 – Entende bem: para eles Judas não era nada mais que um profeta mau, e eles agora são “in corpore” o que Judas foi então.

7 – A tua situação e a dos teus amigos podeis medir no capítulo 3 - versículos 12-14 das epístolas de Paulo aos romanos. Lá vereis como estais hoje e o que deveis fazer continuamente. Pois as obras das trevas não têm nenhum valor durante o dia! Quem quiser lutar, que lute com as armas da luz, e deixe que os comilões e beberrões pereçam em suas câmeras. Vós, porém, sede honrados em tudo e não vos unais a estes beberrões e comilões, mas sim permanecei unidos a Mim em amor, paciência, mansidão, e assim estais a Me atrair e vós tereis a vida.

8 – Mas quando estiverdes a cuidar de vossos corpos, não permitais que eles se tornem obesos e que quase vos afogueis na carne e tudo mais que significa carne. Entendei bem: vós todos ainda possuis muita “carne”. Aquele que cair na carne, este terá mais trabalho para se levantar, do que um elefante carregado que caiu num lamaçal.

9 – Por isto escrevei com letras bem grandes em vossos corações o versículo 14 da epístola mencionada, e assim trilhareis em caminho sem obstáculos! Amém.

10 – Isto falo Eu, a quem os construtores desprezaram e sobre o qual sempre têm-se lançado injurias e continuarão sempre. Amém.

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Agradecimento do Servo

11 – Meu amado Senhor Jesus, Tu, verdadeiro consolador. Sempre encontras o mais certo para dizer e a palavra de consolo mais eficaz para nós, pobres pecadores. Por isto, aceita nossa eterna gratidão, eterno louvor e todo nosso amor e adoração! E sempre aleluia e hosanas a Ti e a Teu nome santo. Amém.


Palavra de advertência e de consolo

Recebido por Jacob Lorber, em 31 de julho de 1841

1 – Escreve uma palavrinha de advertência e de consolo a estas filhas que tem este amor de “castas” que sente por Mim em grande consideração estás “prisioneira em espírito e em corpo” (pois se encontram enclausurado num convento) elas que dão mais importância a livrinhos de orações escritos por alguém que às vezes está com a mente deturpada do que a Minha Palavra, que dão mais importância e mais valor aos ditos “santos” ou clérigos que a Mim. Que se ligue mais aos “santos do calendário” e às cerimônias mais elaboradas do que eram aos pagãos, que dão mais valor a confissão do que ao real arrependimento. Que se confessem diariamente, mas logo em seguida cometem os mesmos pecados de sempre. Elas que consideram verdade tantos truques enganosos dos conventos que se escondem das Escrituras Santas, e que consideram heresia tudo o que nele se fala sobre amor, vida, e quem ver o livro sagrado é quase considerado um bruxo. Adoram livrinhos de meditação escritos em latim (que geralmente não entendem) por monges históricos, aos quais quase consideram como deuses.

2 – Pobres cegas! Com certeza, no futuro, lhes será dada uma luz bem mais clara, mas para isto elas não podem estar baseadas nos seus privilégios clericais, devem ser destituídas de privilégios.

3 – Que aqui seja a palavra de advertência e consolo a essa filha desgarrada e enrolada.

4 – Procura a Mim na verdadeira humildade e no amor interno. Na paciência e na piedade! Pois se tu Me procurares, a Mim, só a Mim, estão Me encontrarás! E se Me tiverdes encontrado, então encontraste tudo! Pois só Eu sou o grande tesouro de todos os tesouros e sou muito mais que todos os mundos e céus.

5 – Se tu Me procuras, aí tens que Me procurar em ti e não nos outros. Será possível procurar lá longe Aquele que continuamente habita teu coração e te aguarda? Da mesma maneira que não vives tua vida num corpo estranho, mas sim no teu próprio, estão tu deves também começar a viver em Mim e Me procurar dentro de ti. Ali tu Me encontrarás! Pois para ti, Eu só moro em ti. E se não fosse assim, como poderias viver, respirar, pensar, sentir e reconhecer e então orar para Mim?

6 – Vê, esse é o caminho certo que leva a Mim! Todos os outros levam a desvios. Anda livremente nesse aqui, que assim encontrarás facilmente a meta desejada. Caminha nele livremente, sem temor, cheio de confiança. Logo reconhecerás como é leve Meu jugo e como a Minha carga não pesa nada.

7 – Usa de ler o Novo Testamento, e lá acharás a verdadeira escola da vida. E se começares a agir de acordo com os ensinamentos dele, então serás coberto de fachos de luz e de ti fluirá a água da vida.

8 – Sê feliz e alegre na tua pobreza, pois quanto menos alguém tiver com o mundo e seus ídolos mortos, tanto mais estará junto a Mim e tanto mais juros terás para receber quando aqui chegares. Por isso, sê feliz, pois estou mais perto de ti, do que imaginas!

9 – Ao leres o Novo Testamento, observa em primeiro lugar João capítulo 15 - versículo 17 ao 23. Lá encontrarás um tesouro enorme oculto. Ele se te revelará, e tu terás uma grande surpresa, pois verás a “chave verdadeira” com a qual abrirás o quartinho no qual Eu te aguardo. Amém.

10 – Isto fala o verdadeiro noivo, por intermédio desse Seu servo preguiçoso. Amém.

11 – P.S.: A chave (ou então as portas abertas do Reino) já foi apresentada nos quatro últimos versículos desse capítulo, os 24, 25, 26 e especialmente o 27. Pois o que aqui foi dito aos apóstolos, isto foi dito para o mundo. Isso fala o Primeiro e o Último. Amém.


Recomendações para o servo escrevente

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de agosto de 1841

1 – Escreve, Eu já sei há muito tempo o que vós dois desejais.

2 – Tu Meu servo, considera bem a tarefa que Eu te dei, e o quanto ainda tens que fazer até que tenhas acabado a obra principal. Pois de hoje em diante ainda precisas de tanto tempo, quanto o gasto até o momento. A obra ainda precisa de tanto tempo, quanto o gasto até o momento. A obra ainda precisará de mais um ano, pois tu não és um escrevente muito eficaz. Seria bom que tu dispusesses de cinco horas por dia para a Minha Obra.

3 – Pois os temas que ainda faltam na obra principal são: uma visita de três dias à casa de Adão (após o Sábado), onde aconteceram coisas inimagináveis e que todos devereis observar muito bem; depois a volta para a planície e uma visão rápida de todos os povos da Terra; depois a morte de Adão, aos poucos a história dos seus filhos principais até a época de Noé e a miscigenação dos filhos de Jeová com as lindas filhas das planícies do mundo. Além disso e rapidamente: uma visão das guerras de Jeová; a convocação de Noé; os pregadores à penitência enviados aos vales; o início da construção da arca de Noé, seu trabalho escarnecido e seus guardiões. Logo a seguir: os grandes terremotos; sinais visíveis no firmamento, e finalmente o dilúvio com todas as suas consequências. E depois disto: um pouco mais até Abraão; o sumo sacerdote Melquisedec, e mais algumas palavras de encerramento.

4 – Ao terminar a obra principal, deve-se inserir algumas mensagens que já foram dadas, as quais serão indicadas no tempo certo.

5 – Vê, isto é o que falta da obra principal (Criação de Deus). Ainda existem umas grandes quantidades de revelações sobre a natureza e revelações sobre as estrelas e todo o firmamento, como também do mundo espiritual que existe sobre e entre sóis, corpos celestiais, planetas, luas e cometas.

6 – Faze as contas, para ver como conseguirás acabar tudo isto em dois anos. Pois até lá deve estar pronta, quero dizer, se a desejares e se for importante para ti.

7 – Se não for importante o suficiente, Eu já tenho outras pessoas, em países diferentes que adorariam receber esse presente e acaba-lo até a última vírgula.

8 – Vê, Eu não te digo o que tu deves fazer, mas como tu tens a Minha Palavra, tu deves te dedicar a ela diariamente (com exceção dos feriados), oito horas por dia, por dois anos, a fim de terminar tudo que é de extrema importância.

9 – Pois desta obra os homens devem reconhecer quão tola e inútil é sua atividade mundana.

10 – Quanto ao que desejas fazer além, para tal tens plena liberdade. Mas amplo é o pecado da preguiça quando uma pessoa posterga uma tarefa abençoada que recebeu de Mim, antes que Eu a retire de uma ou outra maneira.

11 – Vê, Eu te fiz espiritualizado para as pessoas, te tornei um mestre do coração e do amor. E fazer isso e dirigir tua vida de acordo com a Palavra, é esta a missão que Eu te imponho. Não penses em receber prêmios por receberes tais dádivas, pois isso é uma enorme graça, dada somente a poucos. Para ser premiado, o único que conta é viver de acordo com a Palavra, no Amor, na Paciência, na Mansidão, na completa fé e confiança, em todo tipo de abnegação, carregando a cruz sem revolta, tal como também doenças e sofrimentos, pois é assim que o coração fica totalmente limpo de todas as impurezas do mundo.

12 – Eis, pois, quanto tens que “labutar” para exercer tua mestria. Dificilmente poderás assim ter mais alguma tarefa. Mas morar tu podes em qualquer lugar, somente não junto a uma prostituta.

13 – Se for para o bem de teu irmão, podes ajudá-lo em teus momentos de lazer, mas aceitar um emprego regular na casa dele te será absolutamente impossível. Mas se tu decidires te mudar para a casa dele, faze-o totalmente sem alarde. Pois o mundo desse local não deve saber nada sobre a obra que elaborais juntos, pois senão ficaria muito zangado e hostil, e vós sentiríeis as consequências.

14 – Compreende isso bem! Pois um certo alguém observa com mil olhos os teus movimentos e está à espreita para encontrar algo que chame a atenção. No momento em que teu amigo trocar de emprego e posição, então sim podereis vos reunir sem problemas. Agora, porém, só deveis vos encontrar tomando muito cuidado.

15 – E a ti, amigo de Meu servo, digo que existem pessoas que acreditam que Jacob Lober está transmitindo a ti e a teus filhos os ensinamentos de Lutero e todo tipo de heresias anticatólicas. Elas creem que as aulas de música sejam somente uma cobertura política.

16 – Quando Meu servo acabar suas atividades aqui e se mudar para tua casa, isto causará certo desconforto. É, portanto, mais inteligente que Meu servo permaneça morando no aposento dele por mais um mês e meio. Neste meio tempo, Eu vos mostrarei uma saída bem segura.

17 – Mas Meu servo não deve modificar seus hábitos de vida por enquanto. Até quando ele vier a se mudar para tua casa, deverás, se possível, almoçar com ele pelo menos duas ou três vezes por semana e visitá-lo diariamente.

Obs.: Lorber morou um tempo com Anselmo Huttembrenner (ou Ancheas Huttenbrenner), chamado pelo Pai de Willig.

18 – Mas tu também tens que te entender com tua mulher, pois ela poderá fazer exigências ao Meu servo. Pois os que são econômicos, muitas vezes simplificam as suas necessidades, e tu já entendes o que Eu quero dizer!

19 – Medita sobre o Meu conselho e age conforme.

20 – Isso fala Aquele a quem tudo é conhecido! Amém. Amém. Amém.


Conselho para os trabalhadores da vinha

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de agosto de 1841

1 – Ouvi! É assim que se expressa o conselho da eterna Sabedoria e do grande Amor, teu Senhor, teu Deus, teu Criador e Salvador e, só após isto, teu Pai que é santo, santo, santo.

2 – Se tu desejas andar em companhia de pessoas do outro gênero com intenções de purificá-las, observa bem em primeiro lugar as profundezas de teu coração. Vê bem que não existe nenhuma diferença visível entre uma semeadura proveitosa e outrora totalmente inútil, venenosa e má mesmo.

3 – Um coração que não foi bem examinado é igual um solo não adubado, onde as ervas daninhas crescem melhor do que o trigo. Por isso, não permitas que tais semeaduras enganem, pois tu não sabes que tipo de fruto elas produzirão.

4 – Em Meu Nome podes te aproximar de qualquer pessoa, mas Meu Reino não encontrarás a não ser junto a Mim, pela fé, pelo amor e pela total renúncia; isto só acontecerá quando tiveres te separado completamente do mundo em todo teu coração.

5 – “Senhor, aqui estou! O mundo se tornou um nojo para mim. Tu, porém, és tudo para mim, tudo, tudo, tudo. Eu não quero nada mais do que a Ti, somente a Ti.”

6 – Vê, somente neste momento Eu posso chegar. Onde puderes ser útil, age em Meu Nome e presta atenção na profundidade e nos verdadeiros sentimentos de teu coração. Pois lá ainda existe todo tipo de sementes. Eu, porém, sempre acompanharei aquilo que farás em Meu Nome a todos aqueles que Eu te entregar.

7 – Com respeito à irmã sobre quem Me perguntaste, ela, na sua total mesquinhez, olha com um olho para o céu, para ver se de lá vem alguma ajuda, mas com o outro olha para o mundo, par ver se lá há algum tesouro e pedras preciosas para ela. Ela deverá dirigir ambos os olhos, ouvidos e especialmente o coração para Mim, sem delongas, pois só aqui é que ela encontrará o maior tesouro de todos, e a ajuda lhe será dada.

8 – Tu, porém, purifica e preserva teu coração de tal forma que, quando Eu chegar inesperadamente, Eu não Me sinta tentado a seguir adiante ou mesmo retornar, pelo estado em que encontrar teu coração. Considera que somente uma coisa é necessária, e quem a escolher como sua, já escolheu a melhor parte.

9 – Isso falo Eu, o eterno Redentor e contínuo “Renascedor”. Amém. Amém. Amém.


Uma nova luz do amor

(uma carta de Jacob Lorber a seu amigo Karl Gottfried von Leitner)

Em 20 de agosto de 1841

1 – Caro e muito honrado amigo! Seria-me totalmente impossível expressar por escrito tudo aquilo que vi, ouvi e senti, tanto material como espiritualmente; tenho certeza que ainda mais verei, ouvirei e sentirei. Em verdade, para locais lindos como este o homem deveria ter centenas de olhos, ouvidos e corações. Pois com os sentidos normais, nós aqui nos tornamos verdadeiros glutões. As maravilhas daqui quase nos fazem desmaiar de prazer e eu me pergunto: O que fazer com tantas coisas maravilhosas que estou a receber?

2 – Em verdade aqui existe excesso de tudo, especialmente para olhos espirituais. Eu observo e estudo todas estas montanhas tão altas e não quero perder nenhuma destas preciosidades da natureza, especialmente todas estas localidades espalhas pelos vales. Mas com respeito às atividades naturais e espirituais, meu caro amigo, tanta atividade eu não poderia ter imaginado jamais. Deveras, se um cego aqui, somente com alguma ajuda espiritual e médica não tornar a ver, então eu devo me tornar um negador de Deus. Pois quem aqui não se tornar um crente vivo por este batismo, a crisma será totalmente desperdiçada. Eu aqui experimentei coisas das quais não tinha a mínima ideia. Dentro de mim ascendeu-se uma luz totalmente nova. E nos raios desta luz infinita eu vejo um mar de milagres que se sobrepõem uns aos outros em sua maravilha.

3 – Querido amigo! Eu daqui só posso lhe dizer que, em primeiro lugar, já recebi muitas mensagens do meu elevado locutor e que espero ainda receber muitas bem extraordinárias e preciosas. Em segundo lugar, me atrevo a lhe afirmar que esta minha coletânea espiritual, tanto recebida oralmente como por escrito, não será sem importância.

4 – Pois é o seguinte o que eu ouço: “Uma luz nova Eu te dou. Não é bastante quebrar a crosta das coisas tal como a madeira e o miolo, o cerne também. Mas devemos ver o que será da crosta e da madeira e do miolo. Quem quiser ver isto este que cuide de que verá corretamente. Quem quiser ouvir, que coloque sua mão no peito e conte cada pulsação e considere de que sentimentos o coração esta em volto. Só então ele e todas as coisas terão se colocado no verdadeiro chão e na verdadeira posição. Entende bem! Vê esta é uma nova Luz do Amor que te mostrará o fruto que se está formando no miolo, o miolo, na madeira e a madeira na crosta. E também, dependendo de tuas ações, a vida eterna em ti. Vê, esta é uma nova luz e tudo o que aqui recebes te será iluminado nesta nova Luz. Amém. Entende isto bem. Amém”.

5 – Veja, meu querido amigo, deste pequeno exemplo pode aguardar grandes revelações que lhe causarão enorme alegria. Eu aqui sou só um coletor, mas espero em breve que você e todos os outros, meu amigo, recebam esta carta em boa saúde.

6 – A Misericórdia do Senhor Jesus Cristo e seu Amor estejam consigo, agora e eternamente. Amém.

Isso deseja sempre vosso amigo e irmão em espírito

Jacob Lorber

servo do Senhor


Mensagem pela morte de um filho

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de outubro de 1841

1 – Dize isto àquele a quem Eu Me dignei visitar e levar para junto de Mim sua criança mais jovem, que na Terra lhe dei como filho. Pois ele está de luto e chora muito. Não reconhece que fui Eu quem lhe outorgou tamanha graça, cuja grandeza ele certamente não conseguirá entender em toda a eternidade.

2 – Mas se um rei do mundo lhe tivesse dito: “Não gostaria de me entregar esta tua criança para que eu a eduque, a torne uma grande e importante rainha, uma imperatriz mui poderosa e, quando tiver a educação e a idade certa, também a presenteie com muitos países?”, não teria ele ficado extremamente feliz e não expressaria alegremente seu agradecimento a este regente?

3 – Ou se um rei viesse a ele e nomeasse sua filhinha como única herdeira de boa parte de suas propriedades, o que faria em relação à tão bondoso rei? Ou se um príncipe pedisse a mão de sua filha para ser sua futura rainha, será que ele enxotaria tal candidato de sua casa?

4 – Mas o que é tudo isto comparado com Minha chegada, quando faço tudo isto, mas para a eternidade, para a vida eterna? Aí então o pai dela chora, se lamenta e fica de luto.

5 – Como tudo isto ainda é tão frágil... Para que se obtenha uma ajuda extraordinária, não são necessários meios extraordinários? Ou será que o medicamento não deve ser compatível com a doença, para conseguir-se a cura? Quem, ao mostrar sua ferida ao médico (que por sua vez coloca nela seus óleos medicinas), começa a chorar e se lamentar, justo quando o óleo começa a curar a ferida? Como ainda sois cegos!!!

6 – Se os sapatos vos apertam, então constantemente chamais por ajuda. E quando Eu finalmente chego, para vos auxiliar, libertar e fortificar, então vos encheis de tristeza. Por que isto? Porque vosso coração ainda é cego. Vós procurais a ajuda, mas temeis e fugis do remédio que vos curará.

7 – Vê, Eu te mostrei um caminho plano, abri uma porta que há muito existia e derrubei uma muralha que tudo dividia. Por um grande deserto instalarei aquedutos que levarão a água da vida, que a todos vivificará. Vê, o deserto florescerá, e tu estás triste por isto?

8 – Aprende a Me conhecer melhor no futuro, pois Eu sou teu Pai! Como te atreves a ficar triste, quando Eu, teu santo Pai, no mais Divino Amor, não mais quero te ver triste? Pois Eu, teu santo Pai, venho à tua casa para nela reger.

9 – Por isso, não mais fiques triste, pois Eu, teu santo e amoroso Pai, assim o quis. Considera isso, que viverás eternamente. Amém.


Amor, a força original da Vida

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de novembro de 1841

1) “Acordai e orai, para não cairdes em tentação! Vosso coração está cheio de boa vontade, mas vossa carne é fraca”.

2) Quem não levar esta verdade eterna sempre em seu coração e em sua boca, nunca está seguro contra a queda. Sabeis muito bem como é difícil para o caído se levantar e ficar completamente de pé. Isto vos mostra de sobejo o universo e, como um exemplo bem claro, vossa vida em si, se desejardes prestar-lhe um pouquinho de atenção. Toda a criação, inclusive o homem, não passa de partículas do grande espírito de Lúcifer caído e condenado à matéria juntamente com sua falange.

3) A “carne”, pois, é fraca. Mas não penseis que é a carne de vosso corpo – que é uma carne morta – porém a carne do espírito, a que é de fato o seu amor (do espírito). Esta, deveis entender bem, é a carne bem fraca, que ainda está exposta a todo tipo de tentações. Esta carne em vós ainda é qual um junco na água, ou uma biruta que é dirigida ao bel-prazer do vento.

4) Eu, porém, vos digo: Aquele cuja carne ainda é fraca é aquele que teme subir uma montanha, para lá construir sua casa; porém fica na planície, construindo sua casa na areia, pois é bem mais cômodo.

5) Enquanto não houver águas ou ventos torrenciais para fustigar as paredes fracas da casa, esta estará de pé do mesmo modo que aquela sobre a rocha, e todos se admiram pelo habitante da montanha ter tido tanto trabalho em levar o material para lá. Porém quando as tormentas chegarem e as águas e os ventos se elevarem, será que o morador da casa na rocha não vos perguntará: “Ó vós, tolos comodistas! Como foi possível que tivésseis tido a ideia de construir na areia do vale?”.

6) Vede, assim fraca ainda é vossa “carne” e ainda não podeis vos separar da casa na areia. Eu vos digo: Deveis orar e vigiar, para que, quando a tormenta chegar, não sucumbais à tentação. De que vos adianta todo o conhecimento da boa vontade, se esta não vier apoiada no amor, que é a carne do espírito? Será que disto jamais se originará alguma ação?

7) O amor é a eterna mola-motor da vontade, como a vontade o é da ação. Considerai, vós mesmos, de que utilidade seria um relógio se não tivesse uma mola-motor bastante forte e grande para colocar todos os elementos em movimento? Quantos não sabem de casos onde a vontade é tocada, mas nada acontece, pois o amor não foi tocado? Quantas jovens despertam a vontade de um homem solteiro, mas este prefere outra, onde encontrou amor unido a esta vontade?

8) Onde estava a origem da ação? Certamente não só na vontade (que é qual relógio que não tem nenhuma mola-motor, ou a mesma é muito fraca ou preguiçosa), porém no verdadeiramente forte e justo amor, o qual é a única força que aciona a vontade.

9) Por isto fortificai vosso amor. Este é o verdadeiro “Vigiar e Orar” Comigo, que sou o Eterno Amor, mas em palavras bem mais simples.

10) Amai e atuai neste amor Comigo! Não agi somente pela vontade, mas sim sede atuantes no amor; quer dizer, agi apoiados em Meu Amor por vós e só então por vosso amor por Mim.

11) Observai Meu leve Mandamento do Amor e confiai totalmente em Mim. Nesta rocha construí vossa casa e estareis em segurança, podendo desprezar as águas e os ventos tormentosos, quando estes chegarem. Pois vossa casa está sobre uma rocha e vosso relógio tem uma mola-motor forte e confiável. Possuireis então uma carne forte, junto ao espírito cheio de boa vontade. Sim, tereis vivido a verdadeira ressurreição da carne, nesta mesma carne onde vereis o Eterno Amor, o Eterno Deus, pessoalmente; então usufruireis um novo amor por Deus, por toda a eternidade.

12) Vede, esta é a verdadeira Ceia! Este é o verdadeiro corpo do Eterno Amor que por vós existe e o verdadeiro sangue que por vós foi derramado. Comei e bebei este corpo e este sangue, para com isto fortificar vossa carne, e que ela ressuscite para a Vida verdadeira e eterna.

13) Meu Amor é a grande e verdadeira Ceia! Quem seguir Meus Mandamentos, que não são nada mais que o puro Amor, este possui o Meu Amor, pois Me ama de verdade.

14) Aquele que Me amar na ação comerá verdadeiramente Minha Carne e beberá conscientemente Meu Sangue, que são o Pão e o Vinho Celestial Verdadeiro dos anjos e da vida. Em verdade, quem beber do Vinho e comer do Pão, este nunca mais sentirá fome nem sede.

15) Bem, agora uma palavrinha para aquela.

16) Vê, este Meu Corpo e este Meu Sangue também deve ser tua maior ligação entre tua vida corpórea e a Minha! Come e bebe quanto quiseres. Eu te digo: Jamais te enfastiarás. Este pão e este vinho satisfazem completamente, mas despertam sempre o desejo de querer cada vez mais.

17) Se assim fizeres, estarás preparada quando o “Noivo” chegar. Terás um bom estoque de óleo para iluminar a lamparina e serás aceita com muita alegria. Pois Meu Amor é o Óleo, é unção para o renascimento da carne fraca.

18) De que serve à lâmpada o pavio que apresenta um espírito de boa vontade, se lhe falta o Óleo do Amor? Bem, então te aconselha somente com o “Óleo”. O pavio te será dado junto à lâmpada. Mas o Óleo, este sim tu deves adquirir em Mim por ti mesma, pois quando o “Noivo” chegar, estarás pronta.

19) Isto é o “Orai e Vigiai Comigo”, como também é a “verdadeira Ceia Santa” que Eu te dou hoje e eternamente, para que a usufruas feliz. Come e bebe! Mas não mistures ao Pão nenhuma iguaria mundana e não coloques água no teu Vinho; assim ressuscitarás de fato na carne do amor do espírito para a verdadeira e eterna Vida. Amém.

20) Considera isto uma eterna ligação que Eu te dou. Amém.


Permanecei no Amor

Recebido por Jacob Lorber, em 4 de dezembro de 1841, à tarde

E Ele lhes disse: "Tenho desejado ardentemente comer esta Páscoa convosco, antes de sofrer. Pois Eu vos digo: Não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus”. Lucas 22-15-16.

1) Não entendeis assuntos tão simples e claros, porque sempre preferis a sabedoria, em vez de ler ou ouvir com o Amor, no qual tudo está unificado e por isto é de compreensão simples; enquanto que na tola razão tudo está disperso como as estrelas no infinito espaço, das quais ninguém jamais conseguirá saber (com a razão) como são e o que se encontra no seu interior.

2) Por isto, procurai sempre abrigo unicamente no Amor e nele permanecei. Ele é a única luz do Infinito, de toda a eternidade e da profunda Onipotência de Deus. Quando vos tiverdes apoderado do Amor corretamente, e este a vós, então estareis aptos para entender tudo e obtereis coisas que não conseguiríeis imaginar nem nos mais loucos sonhos da Sabedoria.

3) E é por isto que Eu lhes disse: "Do Coração Eu anseio", ou ainda: "Ó amor, Meu amor por vós Me obrigou a compartilhar o Amor convosco, antes que Este Meu Amor comece a julgar o mundo e devolver ao mesmo o que lhe pertence, para conservar o que é vosso, que é a verdadeira e justa Vida que se origina Nele (o Amor) e por Ele".

4) Como consequência, o seguinte é o mesmo: "Eu não tornarei a comê-la, antes que ela se cumpra no Reino de Deus"; ou de maneira mais simples para vós que tendes dificuldades em ouvir: "Eu de hoje em diante não mais comerei, só após o julgamento do mundo ou do príncipe do mundo no Reino de Deus, o qual é o Reino do Amor e da ressurreição do Espírito".

5) A verdadeira Páscoa, porém, é o verdadeiro Amor por Mim, e pelo qual o coração se torna lar do Espírito Santo.

6) Vede, isto tão simples de entender é o que significam estes dois versículos. No futuro, não procureis o entendimento dos textos com a razão e na razão, com um espírito mundano rígido, mas sim com o Amor, no Amor e no espírito humilde da Verdade, e assim tudo será de fácil entendimento. Senão demorará, até que Eu possa comer o Cordeiro da Páscoa em vossa companhia, no Meu Reino. Entendei bem isto. Amém.


Para uma filha cansada do mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1841

1) Ó Abba Emanuel! Na mais profunda humildade aqui me encontro implorando-te, a ti, o mais Amoroso Pai, Tu, que alivias a todos os sofredores e oprimidos que Te procuram, olha com carinho o coração humilhado desta nossa irmã, cujas esperanças (no mundo) foram completamente destruídas e que não possui a força necessária para voltar-se para Ti; ó Santo Pai, em Ti, onde somente encontra-se a paz, o consolo, e uma Vida nova e verdadeira.

2) No seu desespero e na sua escuridão ela nem imagina que as portas se encontram abertas de par em par nesta época de graça e que Tu, Santo e Amoroso Pai, aguardas de braços abertos todos os Teus filhos perdidos, perdoando-os todos.

3) Põe, por favor, Tua Luz e Tua Verdade no coração dela, que parece estar cansada da vida na Terra. Mostra-lhe (já que ela assim deseja) a doença que acomete sua alma, como também seu corpo fraco. Dá-lhe, amoroso Pai, palavras de consolo, de vontade de viver, e fortifica seu coração.

4) Eu, um humilde servo Teu, peço-Te com toda a minha humildade: Tua Vontade se faça nesta irmã. Amém.

5) Tu, porém, Santo Pai e Senhor, és o único Salvador, ressuscitador que pode fazer-nos renascer. A Ti, só a ti todo nosso agradecimento, louvor e Amor. Pois tu és o Redentor e Teu Amor é eterno. Amém.

Resposta do Pai ao pedido anterior:

6) Aquele que voltar seus olhos para o mundo, mais cedo ou mais tarde verá como este recompensa seus admiradores, seguidores e trabalhadores.

7) O que é o mundo? Nada mais que um corpo morto, um sepulcro no qual pouca coisa boa pode ser encontrada, nada mais que podridão tenebrosa, esqueletos asquerosos a serem putrefatos e expostos a todo tipo de vermes. Vê, estes são os tesouros do Mundo! Mesmo sendo asquerosos, são idolatrados e procurados apaixonadamente pelos homens, especialmente nos dias atuais. Eu, que com Meu Amor Paternal tento protegê-los dos mesmos, preocupadíssimo com suas atitudes tresloucadas e externamente egoístas; tudo faço para evitar que eles se precipitem neste sepulcro, o que é difícil, pois tenho que respeitar seu livre arbítrio.

8) Vê, assim é o mundo. E tão extremamente tolos e mesmo maus são os que nele foram criados. Eu te digo que em cem pessoas poderei encontrar somente meio justo e entre mil só um totalmente justo. Pois o mundo tornou a todos mais ou menos cegos.

9) Observa a moda das roupas. Elas já são o verme da morte que começou a comer o corpo em vida. Sobre a moda encontra-se um dos Meus maiores julgamentos, pois ela é a maquiagem da morte pela qual milhares de pessoas, até milhões, serão excluídos da vida eterna.

10) E a dança! Esta vos leva com imensa rapidez para a morte, tanto material como espiritual. Os bailarinos carregam a morte em seus braços. O que Eu devo fazer com eles? Eu os deixo de lado, pois já receberam seu prêmio pelo qual tanto suaram.

11) E mais ainda o usurário, o invejoso e o avarento. Estes três são de longe o primor de vermes humanos (o nome "humano" é bom demais para este tipo de servos da morte). Não é nem possível chamá-los de "pecadores". O pecador de vez em quando se arrepende e às vezes tem o desejo de melhorar. Mas este trio de almas materialistas, que só reconhecem as pessoas pelos bens (dinheiro) materiais que possuem, estes não conhecem a palavra "arrependimento". Onde está o rico que se arrepende de ser rico? Se um destes ricos tiver tanto dinheiro e ele doar uma ninharia para um pobre, o faz com muita má vontade. Eu sei muito bem quão poucos são os ricos que se dedicam a ajudar seus irmãos necessitados com alegria no coração. Eu te digo, se os contares nos teus dedos, sobrarão dedos nas tuas mãos, se tomares uma cidade de aproximadamente 500 mil habitantes.

12) E a infidelidade daqueles que só se amam a si mesmos? Achas que os que se declaram para ti, o tenham feito por amor a ti mesmo? Acredita, estes só amam a si mesmos, em ti! Mas já que tens coração iluminado e esclarecido, eles se sentiram mal e seu amor próprio não agüentou o que consideravam humilhante (tua retidão os enfraquecia) e assim te abandonaram.

13) E agora estás triste em teu coração, por Eu ter te protegido e liberto destes que iriam te destruir, pois só amam a si mesmos e só são fiéis amantes de si mesmos? Eu te digo: Alegra-te pelo que hoje choras! Eu te prometo que teu coração se curará neste teu peito e então poderei entregá-lo alegremente a um homem que será teu companheiro aqui e na eternidade.

14) Acredita no que te digo: Eu estou mais perto de ti, do que jamais poderás imaginar! Assim, se Me procurasses com amor em teu coração, tu, que tanto desperdiçaste este teu amor e ainda continuas a desperdiçá-lo, já Me terias encontrado há muito tempo.

15) Vê, tua doença corpórea sou Eu! Sim, Eu estou doente em ti, doente de amor. E por isto tu estás enfraquecida e adoentada. Concentra de agora em diante, todo teu amor do mundo para Mim, e logo Eu ficarei curado em ti, e tu em Mim e Comigo.

16) Tu achas que tens problemas pulmonares. Nada disto, pois o que te falta está no coração! Pois não pertences ao mundo, mas és filha do céu! Por isto a felicidade do mundo não te aceita, não te quer bem.

17) Quando teu coração estiver curado, teu corpo também estará curado. A doença é tua provação!

18) Mas o mundo como Eu te mostrei no começo não proverá a tua cura nem o bálsamo para o teu coração ferido. Só Eu posso dar-te isto. Volta, pois, teu coração para Mim! Somente em Mim encontrarás a paz feliz e calma e nunca junto às chamadas Irmãs de Caridade vestidas em roupagem de humildade e misericórdia, nem nas igrejas frias e enfeitadas, mas sim junto a Mim, com tua confiança e teu cada vez maior amor por Mim.

19) Vê, Meu servo Jacob Lorber, igual a ti, sempre estava doente, mas desde que Me achou nada mais sente; ele está sadio e livre.

20) Tu também podes ficar curada, assim que te voltares para Meu Coração. Vê, Eu, teu Eterno e Santo Pai, jamais te abandonarei. Mas deves vir a Mim com todo coração.

21) No momento em que chegares a Mim, serás ornamentada com uma grande maravilha! Eu só vejo a confissão do coração, nada mais Me importa.

22) Por isto, vem a Mim, teu Pai, teu Jesus. Amém.


Para Meu servo (Jacob Lorber)

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de dezembro de 1841 – continuação

1) Aquela cançãozinha que modificaste para ti e que intitulaste “O Mundo Calmo”... Vê, esta cançãozinha é muito boa para aqueles que não são do mundo, mas que este tudo faz para deles se apoderar.

2) Mas esta cançãozinha deve ser um pouco modificada, pois ainda existe algo impuro nela, e ela não possuiria a força necessária para atuar nos corações necessitados.

3) O título deve ser “O Mundo Interior”, e um irmão iluminado poderá musicá-la, pois terá a Minha inspiração. Assim, esta cançãozinha fará a sua missão. Escreve, então!

4) Eu te digo: Todo obreiro tem o seu valor. E se tu trabalhares corretamente, sem a avidez da riqueza, como o fizeste até agora, obterás uma compensação merecida pelo teu trabalho, na hora certa. Jamais penses na recompensa, mas sim trabalha por Mim e no trabalho que de Mim recebeste, assim já terás a maior recompensa dentro de ti. Escreve pois. Amém.

O Mundo Interior

1. Bem lá no fundo do coração humano

Um lugar sem dor

Está iluminado pela luz santa.

Lá se encontra quieto o mundo interior

2. Silêncio, somente flutuam lá sem queixas

As sombras dos dias ásperos.

Finalmente ficam claros como o sol

Na fonte santa da vida.

3. Aqui prova a bondade verdadeira,

Para ti o minuto passageiro.

Sim ela comporta liberta a traição,

Verdadeira felicidade vital.

4. E para os verdadeiros encontros de amizade

É criado um eterno círculo.

Mesmo o tom que a dor criou,

Se liberta numa canção feliz.

5. Ó, o mundo no coração interno,

Só nos dias quentes de muita dor

Tu encontrarás a porta oculta,

O estreito caminho que te leva para ele, o mundo interno.

6. Quando as agruras da vida

Te oprimirem e no vazio do mundo

Não te aparecer nem uma mísera estrelinha,

Foge para este mundo interior.

7. Quando nas alturas de tua vida

Escuras tormentas de dúvidas pairam

E tua fé em nada puder se segurar.

Educação espiritual dos filhos

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de dezembro de 1841

1) Porque não vos dedicais aos vossos filhos, que Eu vos dei para serem purificados, como vós vos dedicais às Minhas Palavras?

2) Vede, sois demasiado mornos com vossos filhos, por isto eles pouco se importam convosco. E sendo espertos, sabem que sempre fechareis vossos olhos quanto às suas atividades mundanas, e deles não os cuidais de acordo, a não ser que vos forem necessários. Eles têm uma total liberdade, e fazem nas vossas costas, especialmente com seus corações, o que bem entendem. E se de vez em quando vós os questionais, sabendo que sois facilmente manipuláveis, dizem o que bem querem, mas jamais a verdade. Então vós vos satisfazeis de imediato e vossos filhos também.

3) Eu, porém, vos digo: Em vossa casa deve ser introduzida uma ordem bem diferente. Deveis vos dedicar diariamente pelo menos uma hora a estudar assuntos espirituais com eles e com muito amor e dedicação colocar algumas travas, se desejais evitar desgraças e infelicidade em vossos lares. Com isto evitareis que Eu prejudique um de vossos filhos, para que sirva de alerta aos outros, ou que Eu os abandone ao mundo.

4) Vede, já agora não sinto vontade de entrar nos quartos de vossas casas. Que aconteceria se Eu as abandonasse totalmente para o mundo? Esta é a razão por que Eu vos advirto pelo Meu Servo, para que tenhais mais cuidado, para que observeis mais Meus ensinamentos de amor e retidão.

5) Mas quando a água cobrir vossas casas, Eu terei que gritar, para que acordeis, para que não vos afogueis todos. Cuidai de vossos filhos, permanecei junto deles com amor e carinho, sede importantes para eles.

6) Se assim não fizerdes, eles se transformarão em verdadeiros judas, mas as consequências vós mostrarão claramente quem melhor vê: Vós, ou Eu.

7) Agarrai bem esse aviso bem claro, antes que seja tarde demais. Tratai de entender. Amém.

8) Quem isso diz deveis saber de sobejo. Amém.


Pedido de um pai

Recebido por Jacob Lorber, 5 de janeiro de 1842 , à noite

1) Ó Santo Senhor e Pai! Como Tu desejas que eu oriente uma mulher e nove filhos, e eu só tenho dois olhos e reconheço a minha cegueira e minha incapacidade de fazê-lo? Eu ainda não me conheço, a mim mesmo. Como desejas que eu veja o interior de tantos? Eu ainda não consigo me ver claramente; como podes desejar que eu lidere aos meus até a meta final?

2) Não me sobra outra atitude do que Te pedir, a Ti, meu querido Pai, que tomes esta incumbência sobre Teus ombros piedosos, esta incumbência que eu tão pouca capacidade tenho de cumprir, mesmo que me esforçasse ao máximo!

3) Perdoa-me, ó Senhor, pelas palavras atrevidas que Te dirijo após Tua prédica tão misericordiosa, e alivia minha alma com Tua luz. Amém.

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Resposta do Divino Pai

Recebido por Jacob Lorber, em 6 de janeiro de 1842 , de manhã

1) De fato tenho que perdoar estas palavras tolas e atrevidas que Me dirigiram ontem. Pensai bem e observai quanto Eu, ouve bem, Eu já vos dei, a vós e aos vossos, Eu, vosso Criador, vosso Deus, vosso Salvador e eterno Ressuscitador. Devem envergonhar-se muito por terem chegado a Mim com estas vossas perguntas tão tolas, e Eu considero tudo como um resultado da preguiça de vossa alma e um enorme medo da Cruz.

2) Porém para que possais ver vossa grande cegueira, da qual somente vós sois culpados, da mesma maneira que o sois da perdição espiritual de vossos filhos, Eu, por pura misericórdia, vos darei algumas explicações sobre o que Me pedis.

3) Vede, Me culpais por Eu exigir de vós uma educação mais cuidadosa de vossos filhos, uma educação que Me agrade mais, e vós reclamais por Eu vos ter dado somente dois olhos para realizar este Meu desejo, e vós não sois capazes nem de reconhecer vossa impotência.

4) Eu porém, vos digo: Se tivésseis reconhecido isto, não teríeis chegado assim com tão tolas exigências e não teríeis Me culpado, a Mim, que sempre vos mostro o caminho mais seguro, correto e fácil, e que não vos pedi nada mais que vos dedicásseis, nem que fosse por uma horinha, à educação espiritual de vossos filhos. Será que para isto é necessário ter mais de mil olhos?

5) Bem, até esta pequena e insignificante cruz desejais empurrar sobre Meus ombros, Eu, que desde sempre tenho que carregar uma cruz extremamente pesada por vós e que a carrego até o momento atual. Ó espírito comodista! Não foi difícil gerar, no prazer da carne, todos estes filhos. Mas Minha exigência tão insignificante, que vos ajudará a redimir-vos deste pecado carnal, vos é pesada e trabalhosa demais.

6) Dizei-Me: É a vós tão impossível dedicar nem que seja uma horinha para os vossos afins e, cheios de amor e tolerância, acordar seus corações para Minha existência? Ou será que temeis a presença de vossos filhos, pois ela poderá despertar vossa carne e assim incapacitar-vos a falar-lhes de Mim? Mirai-vos no exemplo de Meu servo (Lorber) que diariamente lhes dedica muito mais tempo que vós, seus verdadeiros pais. Ele os ama, a todos, de todo coração. E se Eu achar necessário, pode falar-lhes com bastante seriedade, sem jamais deixar o amor por eles ser prejudicado.

7) Conversas mundanas são um verdadeiro veneno para os corações de vossos filhos, especialmente se vier dos pais. Eu sei que vós achais mais fácil falar-lhes dos assuntos sórdidos que conversais nas tabernas, do que lhes dizer algo em Meu Nome.

8) Tenho que vos alertar mui seriamente que com estas conversas tão mundanas, vós prejudicastes muito a vossos filhos e nada acrescentastes na sua evolução. Poderia recriminar-vos muito mais neste teor, mas Eu já vos perdoei todos os erros há muito tempo e já vos abençoei. Só esta horinha diária Eu vos exijo, para compensar todos vossos pecados e transgressões contra Mim, vosso Pai. E vos Me acusais de má vontade contra vós, como se Meu Amor e Minha Sabedoria pudessem não ser perfeitos, pois fariam exigências às quais os homens não poderiam cumprir.

9) Ou achais que no momento em que desejarem trilhar Meu Caminho, Eu não estarei ao vosso lado para ajudar-vos com toda Minha Força? Não sempre vos indiquei carinhosamente o que poderia ser prejuízo em vossas casas e não sempre desejei ajudar-vos, como até agora sempre o fiz, contanto que Me aceitásseis em vossos corações? No entanto Me culpais por esta pequena cruz que vos peço carregar.

10) Se fosseis só um pouquinho menos cegos, teríeis de vos esconder ante Minha Presença, Eu, vosso eterno e amoroso Pai, que tanto vos ama e que vos abençoou constantemente, apesar de vossos constantes erros grosseiros.

11) Estou sempre disposto a vos auxiliar, e tudo o que é Meu está à vossa disposição. Não sempre ouvi vossos pedidos fracos, sempre, mesmo nos assuntos mais corriqueiros? Quantos caminhos longos já vos carreguei em Minhas mãos protetoras e com quanta luz já vos deixei iluminar, muito mais luz que deixei aos outros? Meditai bem sobre isto. Mas meditai também se Eu mereci vossa recriminação somente por causa desta pequenina cruz que vos peço e que considerais ser impossível realizar.

12) Se continuardes desta maneira, vossa evolução será muito difícil de ser alcançada e a verdadeira razão de ser de vossos afins estará à grande distância.

13) O que Eu vos digo e aconselho, a vós cegos tolos, já é uma grande ajuda. Minha grande, amorosa e abençoada ajuda. Só é necessário que a aceiteis, que a obedeçais e com isto vossas casas estariam todas imersas na mais clara luz do Amor e Misericórdia e seriam imersas no fogo de Meu amor. Mas não desejais fazer o que vos peço. Achais difícil carregar vossa pequena cruz e assim Me chamais, para que Eu a carregue. Com isto, em vez de conseguirdes a Vida, só estais cavando vosso caminho para as trevas e a morte. Deveria Eu realizar mais milagres ainda, dos que Eu já faço diariamente e que sempre fiz?

Ao interpelador, especificamente:

14) Que coisas mais tolas exiges de Mim. Meu servo iluminado pode observar tua casa totalmente, fala sobre isto Comigo sempre e vos visita diariamente. Se tu crês que ele consegue isto por Mim, por que não chamas a atenção de tua família em seus corações? Todas as dificuldades teriam acabado.

15) Eu te digo: Estão à tua disposição muitos milagres (milhares não os têm) que poderias usar para tornar nulo o peso de tua pequena cruz, se tu quisesses apoderar-te dos mesmos. Mas tu desejas usufruir os benefícios do céu desde agora, sem fazer esforço nenhum e sem ter que carregar tua pequena cruz nem um minuto mais. Vê, isto de fato é impossível. Tu a deves carregar. É bem fácil. Tu deves provar tua fé em Mim e teu amor vivo, só assim poderás chegar a Mim. Tu deves te abnegar, carregar tua pequena cruz nos teus ombros e Me seguir resoluto.

16) Tu deves Me procurar com tua pequena cruz em tuas mãos, se de fato desejas encontrar-Me. Se quiseres receber algo de Mim, então deves pedir com a pequena cruz em tuas mãos. E as portas da Vida Eterna só se abrirão, se bateres nas mesmas com tua pequena cruz.

17) Nada além do caminho da cruz dou para a Vida. Mas já que tu tens uma aversão à cruz em ti, qual caminho queres seguir para chegar a Mim? Eu te digo que estás a caminhar um caminho muito confortável, mas presta atenção: o que chega a Mim é um caminho bem estreito, muitas vezes agreste e pouco confortável para as alturas. Observa bem o caminho que estás a trilhar e considera se ele te levará a Mim?

18) Mas se tu absolutamente desejares que Eu retire esta tua pequena e leve a cruz de teus ombros, Me é fácil fazê-lo. Eu tomo todos os teus filhos da Terra e fico com eles aqui Comigo, para serem educados pelos Meus anjos. Dize-Me: Esta proposta é de teu agrado? Aliviará teus ombros do peso da pequena cruz e alegrará teu coração?

19) Sim, Eu ainda te prometo que terão uma educação bem melhor da que têm contigo e todos Meus anjos-professores aceitarão com alegria e gratidão a pequena cruz que foi tirada de teus ombros. E tu, estando sozinho, poderás fazer a introspecção que alegas ser impossível fazer agora, apesar de Minha grande Misericórdia e Paciência.

20) De que de fato consiste este “peso insuportável” de tua pequena cruz? Vê, Eu vou mostrá-lo novamente para sua totalidade. Este peso tão insuportável não é nada mais do que passares uma horinha com tua família como um pai amoroso e sério e como um verdadeiro orientador sobre Meus caminhos de sobejo conhecidos, os quais deves apresentar aos teus filhos. Mas não comeces com brincadeiras mundanas, que só os prejudicam. Sê, porém, um pai cheio de amor e seriedade.

21) No momento em que eles te reconhecerem e respeitarem como se deve com um pai, eles nada mais te ocultarão. Serão teus amigos e desejarão conquistar teu respeito, pois estarias vendo os seus espíritos e não os seus corpos tão bem formados.

22) Vê, o pai é o primeiro homem que uma filha deve amar cheia de carinho e respeito. Mas se este homem se apresentar ante a filha em toda sua fraqueza mundana, dize-Me como se comportará o coração dela em relação a outros homens? Ela verá em todos os outros homens esta mesma fraqueza. E entre os jovens aquele que lhe der um mínimo de agrado, este ela escolherá sem muitas perguntas, somente para satisfazer sua volúpia de vitória ao ver aos seus pés um boneco masculino fraco a adorá-la. Vê, este já é o pior problema de tuas filhas. Dize-Me como poderei ajudá-las?

23) Deverei Eu, usando um tipo de “magnetismo celestial” arrancar de seu íntimo esta paixão que está a derramar de seus espíritos tão mundanos, paixão esta que tu colocaste em seus corações? Com isto cegá-los totalmente das alegrias, levá-los a esquecer todos sentimentos e de fato matá-los?

24) Vê, isto não é necessário! O que é necessário para ti e para tuas crianças Eu, de sobejo já te mostrei. Segue estes ensinamentos fielmente e verás que o mal que vos aflige não precisa ser exorcizado com Meus atos milagrosos não. Só é necessário tu seres um pai mais presente e cuidadoso, e tudo se ajeitará com Meu Amor, Minha Misericórdia e Benção.

25) Molda tuas crianças para o bem. As que aprendem música devem ter teu apoio total e sincero. Música não é algo insignificante. A tua aprovação fará que seus corações se alegrem e os estudos afastarão seus pensamentos de outras coisas daninhas.

26) E como já foi dito, dá-lhes atenção devida pelo mínimo uma hora só ao dia, falando em Meu Nome. Também podes observar o que elas fazem. E se desconfiares de seus olhares e de seus cochichos, chama-lhes a atenção, pergunta-lhes por que assim fazem e proíbe-lhes de assim fazerem. Não comeces a brincar com elas. Sê severo, mas amoroso. Logo verás que Minha pequena cruz não te será tão pesada assim, que Eu não te estou exigindo impossibilidades ao carregares esta cruz e que Eu, o Santo Pai, sou só Amor e Piedade. Reconhece isto. Amém.


O destino do inevitável

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de janeiro de 1842, à noite

1) O que acontecerá com os amaldiçoados após o retorno de tudo, a ninguém é permitido saber. Nem mesmo um anjo ou o mais elevado e iluminado espírito sabe disto. Somente a Divindade do Eterno Pai, na Sua Santidade, conhece de antemão o destino de cada criatura por todas as eternidades, cada um seguindo a Sua Santa Vontade num assunto tão supersecreto. Amém.

Nota da tradutora:

Há na atualidade tantos “videntes” que profetizam o futuro... Eis a resposta do Pai.

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O rigor amoroso correto

Orientações para a educação dos filhos

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de janeiro de 1842

1) Dedico esta mensagem a Meu querido filho aqui presente. Ontem foste um verdadeiro homem no Meu sentido. Permanece assim, e Eu permanecerei ao teu lado e junto à tua casa. Não te impressiones com as lágrimas mundanas, não te devem impressionar. Só assim estarás apto para Meu Reino.

2) Se alguém adoece pelo seu amor pelo mundo e destroça seus sentimentos por causa do mundo e do amor próprio, vê, a este a Minha Cruz da Misericórdia estará esmagando. Este não deverá ser consolado antes que ele aceite a cruz, cheio de amor e humildade.

3) Se ele conseguir isto, ele já terá o grande e sincero consolo sobre seus ombros. Por isto não deves ter tanta pena pelas lágrimas que tuas palavras corretas causaram a teu povo. Vê, esta foi a primeira vez que tu Me entendeste por completo e repassastes aos teus exatamente o que Eu te dei em espírito para eles, no verdadeiro espírito do amor por Mim e para os teus.

4) Eu te aviso: É preferível que abandones tua família e que Me sigas, tu, sozinho, antes que deixes te convencer por um argumento mundano deles, ou que lhes concedas e perdoes suas atitudes mundanas. Se não o conseguires, será que tens algum valor para Mim? Fica, pois, firme em Meu Nome, que este é o verdadeiro Rigor do Amor.

5) Vê, todas estas ninharias de teus filhos Me causam tal nojo, que não consigo olhá-los. Seria preferível que fizessem trabalhos dedicados para os pobres, em vez de bordar presentes para os ricos.

6) Se assim fizerem, estarei mais junto de suas cestas de costura do que até agora. Vê, ontem Me deste uma alegria tão grande, que passei a noite toda junto a ti. Se tivesses prestado mais atenção, terias Me visto pessoalmente.

7) Permanece, pois, assim e Me segue sempre, que virei para junto de ti e te elevarei, Eu, teu Jesus. Entende isto teu Abba-Emanuel te diz isto, para que sempre possas Me seguir sem temor. Amém

Amor por Amor

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de janeiro de 1842

Para a filha de um dos seguidores.

1) Meu querido filho, dar-te-ei uma palavra de consolo que ontem tanto Me pediste pela tua filha, pois ela se encontra em teu coração e consequentemente no Meu.

2) Desejas tu, querida Júlia, desistir do mundo e de todas as suas maravilhosas tentações a Meu favor? Desejas amar-Me, a Mim, teu amoroso Pai, com todas as tuas forças, como Eu te amo, tu, a quem Eu carreguei em Minhas Mãos paternais, da mesma maneira que o fiz com Gemela e Purista (jovens da Criação de Deus) e que tenho certeza que já conheces e sabes como as amo até os dias atuais?

3) Vê, Minha querida filha, Eu ainda sou aquele mesmo Pai amoroso, bom, santo e divino e na atualidade sou bem mais acessível que então. Pois hoje as portas para os céus estão, totalmente abertas, sempre. Naquela época estavam fechadas, e se então não Me desejassem com todo ardor e vencendo a todos os obstáculos existentes, a Terra era a própria Morte.

4) Agora ela já foi resgatada pelo Meu Sangue, faz bastante tempo. É bem fácil chegar a Mim nestes dias!

5) Assim, Minha filhinha, se tu desejas Me amar do mesmo jeito que Eu te amo, acima de tudo e de todos, Eu então te apertarei três vezes mais, junto ao Meu coração paternal, do que fiz com elas (Gemela e Purista), as que tu conheces dos primórdios do mundo.

6) Reconhece destas palavras o quanto Eu te amo, e não te será difícil amar a Mim, teu amoroso Pai, acima de tudo e todos.

7) Se Me fores fiel como sempre, Me preocuparei por ti e te darei um presente no dia do teu aniversário que te será mais caro que todos as maravilhas do mundo.

8) Sê abençoada por Mim em toda fidelidade e amor. Teu amado, bondoso e santo Pai. Amém.


Sinais do tempo

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1842, à tarde

1) Na atualidade nos encontramos numa época extremamente tenebrosa, uma época de claras agitações e instabilidade. São sinais de que a Terra está à beira de dar um pulo, um pulo do Meu Grande e Misericordioso Amor para o abismo de Meu fogo de ira.

2) Estas modas tão extravagantes são um sinal de que a prostituição impera e que cada um considera a si próprio um ídolo, ao qual é necessário adorar. Vê aí Sodoma e Gomorra. Eis a razão do fim.

3) A cada vez maior dissolução familiar, onde por causa dos ricos usurários o homem mais pobre deve permanecer sem companhia e vive como um meio homem; isto é um sinal horroroso. Em todas as civilizações pagãs até os escravos podiam se casar. Atualmente ao pobre não é permitido construir uma família, para não prejudicar ao rico usuário. Por isto seja amaldiçoado este último período, com todos os seus usurários.

4) Observa bem esta tal de indústria, outro sinal maligno dos tempos. Ela é a alma de toda a usura, da destruição do amor ao próximo, e o último e extremamente amplo caminho para o inferno. Você entende o significado destes sinais tão evidentes dos tempos?

5) O orgulhoso aumento de tamanho das cidades, nas quais, entre milhares de edifícios, nem dez são construídos para abrigar aos pobres. Este é um forte sinal dos tempos. Também em Sodoma expulsava-se os irmãos pobres da cidade, para proteger os tesouros dos glutões que a habitam. Reconheces estes sinais?

6) O que significa a pessoa para os humanos? Eu te digo: Na atualidade pagamos mais por um carreto de lixo. Trata de fazer algo pelos pobres e serás ridicularizado, pois ninguém se dignará de doar uma moeda pelo seu irmão necessitado. Reconheces estes sinais? Nem Sodoma era tão horrível.

7) Observa a época dos papéis. Qual a segurança que ela nos dá? Eu te digo, ela não aguenta mais nenhuma pressão. Mas com que facilidade o papel é rasgado, isto até as pequeninas crianças nos mostram. Reconheces estes sinais?

8) Entendes as cores das casas? Não são as cores da morte? Vê, em todas as paredes das casas estão escritos os sinais dos tempos.

9) João já te mostrou o que acontecerá quando o pão ficar cada vez mais caro! Lê o que aconteceria aos gafanhotos, se fizessem isto. Vê, esta época está aqui.

10) Vê, o usurário está protegido em todos os sentidos, e um mundo de administradores está a postos, para proteger os seus “direitos”. Vê como eles destroem e despedaçam Minha Terra. Eu poderia ficar calado? Reconheces estes sinais, os últimos e mais infernais. Direitos sobre direitos de propriedade! E, no entanto, unicamente Eu sou o Senhor. Reconhece então mais este sinal horrível!

11) Observa o comportamento das pessoas e a total insensibilidade dos jovens que só vivem para os prazeres do corpo. Para onde vai o mundo? Sim, diretamente para o inferno. Esta é a época final. Tu a reconheces?

12) Finalmente, observa bem por que quase todas as igrejas se digladiam. É pelo ouro do mundo. Em relação ao mundo, ouro e morte têm o mesmo valor para Mim. Vê, este é o verdadeiro anticristo que agora faz grandes maravilhas. Mas seu tempo já está à porta. Reconhece bem: o fim da injustiça e o seu julgamento final estão acontecendo agora. Amém. Amém. Amém.

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Cinco Palavras na Luz Espiritual

Recebido por Jacob Lorber, em 6 de fevereiro de 1842, à tarde

Numa reunião escolheram cinco palavras que foram apresentadas ao Senhor: estrela, flor, sol, espelho e leão. Elas foram assim comentadas:

1) Não é verdade, Meus queridos pequeninos, as estrelas são bonitas, não é? E é um verdadeiro prazer olhá-las numa noite calma e clara. Mas vede, estas estrelas não são tão pequenas como parecem. Elas são grandes, algumas supergrandes e estão recheadas de extraordinárias maravilhas, para vós incontáveis e inexplicáveis.

2) Em algumas existem até criaturas humanas enormes, cujas cabeças são maiores do que vosso planeta. Se tiverdes fé, podereis ver este Meu Reino tão maravilhoso, e Eu vos guiarei com Minhas próprias mãos, e vós tereis um prazer incomparável.

3) Vede, o sol que dá o dia para vossa Terra (a qual sem ele estaria em completa escuridão), é uma destas estrelas. Mas imaginai: Se esta estrela tão distante já vos dá tanto prazer e tanta beleza, se já vos maravilhais com vossa Terra banhada pela sua luz, como não será a beleza no próprio Sol, origem natural de tudo aqui na Terra!

4) As flores seriam de nosso agrado se tudo fosse escuridão? Tenho certeza que não, pois diríeis: “As flores só são bonitas durante o dia”. Eu, porém, vos pergunto: O que torna as simples flores bonitas durante o dia na Terra, de tal maneira que vossos corações estremecem de alegria ao verdes uma linda flor? Vede, Meus queridos filhos, isto tudo é obra da luz do Sol. Mas se esta luz do Sol cria tão lindas flores aqui na Terra, que belezas não serão criadas no próprio Sol?

5) Crede em Mim: No Sol tudo é milhões de vezes mais bonito que na Terra.

6) Mas mesmo assim, tudo isto não passa de um tímido começo, comparado com as maravilhas que existem na Minha criação infinita. Sede bem piedosos e amai-Me — a Mim, vosso Amoroso, Bom e Santo Pai — com todo vosso coração. Tende boa vontade e sede obedientes a vossos pais, e vereis tudo isto e infinitamente mais, guiados por Minhas Mãos.

7) Pois Minha Mão é como um espelho maravilhoso e mágico. Na superfície deste espelho se encontra toda a criação infinita, reunida em um só ponto. Mas sim, Meus queridos, este ponto é bem grande, e nunca conseguireis olhá-lo bastante.

8) Mencionastes um leão, e chamo vossa atenção de que no firmamento existe uma constelação chamada “O Grande Leão”.

9) Esta constelação é o mais claro e maior espaço de toda a Criação. É destinada a ser o lar feliz e para servir esplendorosamente a todos aqueles que no Amor, Humildade e Paciência permanecem no Meu Caminho até o fim de suas vidas e, qual Leão, lutam valentemente com todos, para defender Meu Amor e Meu Nome.

10) Esta Constelação é a maior e a mais maravilhosa de todo o infinito. É um sol central de todos os sóis centrais e sua estrela principal chama-se “Regulus”.

11) Oh, Meus filhinhos, para este sol vosso sol não passa de uma partícula de poeira, tanto espiritualmente como materialmente. Escutai bem isto: Lá Eu estou frequentemente materializado, em casa, mesmo que no Meu Amor, Piedade e Graça Eu esteja em todos os lugares; isto até mesmo em vossa Terra, com aqueles que Me amam com todo seu coração e devido a isto alegremente seguem os Meus leves Mandamentos.

12) Sede, pois bem piedosos, Meus queridos filhos! Assim todos vós conseguireis chegar a Mim neste maravilhoso lugar, onde Eu possuo Meu Lar e lá Me materializo.

13) Quanto às outras palavras que Me apresentastes, vós não estais aptos para entender as explicações. Sede piedosos, e assim logo se apresentarão em vosso firmamento interno outras estrelas, outros sóis. Amém.


Cinco Palavras / A Prenda

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de fevereiro de 1842

1) Estas palavras são um presente para Minha jovem amiga.

2) Vê Minha querida menina, Eu, teu Pai, teu bom Pai, teu Pai cheio de Amor, Misericórdia, poder, força, teu eterno Pai, te digo.

3) Ama-Me, sê fiel, alegra-te com Minhas velhas e novas palavras, Me procura no amor de teu coração, segue Meus mandamentos leves, e foge do Mundo mau e horrível; vem a Mim em teu coração, pois Eu te aguardo ansiosamente. Eu te abraçarei, como o noivo abraça sua eleita. Eu desejo te levar junto ao Meu coração, como se além de ti ninguém mais existisse em todo o infinito.

4) Vem, e vem logo para junto de Mim, para junto de teu amoroso, bondoso e santo Pai!

5) Não aches que isto seja algo difícil de realizar: encontrar-me e vir junto a Mim. Vê, por onde andares, Eu te guiarei com Minhas mãos. Quando estiveres a dormir, estarei de guarda junto de tua cama. Quando comeres, abençoarei cada bocado que entrar em tua boca.

6) Eu te acompanho à casa de oração. Mesmo nas tuas tarefas mais banais, estou ao teu lado, quando alimentares tuas galinhas, tocares piano, etc.

7) Porém se desejares apresentar danças sensuais, aí sim estarei triste e afastado de ti. Se desejares te divertir com assuntos mundanos, estarei de luto. E se desejares mostrar um coração egoísta e quiseres ser superior ao teu vizinho, estarei chorando.

8) A não ser isto, estarei sempre junto a ti!

9) Vê, Minha filhinha como é fácil chegar junto Àquele ou encontrá-Lo, o mesmo que está sempre presente com todo Seu Amor. Se pensares em Mim, aí estarei conversando contigo. E quando orares no mais íntimo de teu coração, Eu estarei dizendo:

10) Minha querida filhinha! Eu, teu amado Pai, também sou um Pai muito Santo. Jesus, Jeová é Meu Nome! Constrói tua vida sobre este Nome. Pois ele é santo, santo e santo. Neste Nome encontrarás a Vida Eterna.

11) Vê, Eu sempre te falo isto, e quando tiveres terminado tuas orações, Eu te abençoo com todo Meu Amor.

12) Tudo isto é a pura verdade, Minha filhinha, e não mais poderás perguntar: -“Querido Pai, quando é que Tu virás para junto de mim?”, pois Eu estou sempre ao teu lado e não te deixo longe de Meus Olhos e Minhas Mãos.

13) Mas se achares difícil crer nestas palavras, então une-te a Mim, ou melhor, ao Meu Amor e lembra-te destes momentos de oração. Vê, todos estes pensamentos serão Minhas Palavras em teu coraçãozinho.

14) Uma brisa suave a passar por teus olhos e tua testa e um suave estremecer em teu coração indicam que Eu, teu Pai amado e bondoso, te abençôo e fortifico e estou contigo.

15) Eu te abençôo agora com este valioso presente. Permanece em Mim, fiel e amorosa.

16) Este é o santo desejo de teu Pai santo e divino. Amém.

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Abençoado é aquele que lê e crê

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de fevereiro de 1842, à tarde

Apocalipse João cap. 1, ver. 3 – “Feliz o leitor e os ouvintes, se observarem as coisas nela escritas, porque o tempo está próximo”.

João cap. 7-29 – “Eu o conheço, porque Eu venho dele, e Ele me enviou”

João cap. 6-48 “Eu sou o Pão da Vida”.

João cap. 8-1 - “Dirigiu-se Jesus para o Monte das Oliveiras”

Estes trechos do Novo Testamento foram apresentados por várias pessoas presentes ao encontro, e o Senhor disse o seguinte pela voz do Seu servo:

1) Estes quatro versos são todos de João, de vários capítulos do Evangelho e um das profecias. Será que a diversidade dos textos não tornará difícil sua união, ou não será que eles desde sempre já estavam unidos?

2) Vamos ver como poderemos ajeitar este assunto, que de jeito algum não é indiferente. Isto vereis no decorrer desta apresentação, com bastante facilidade.

3) “ Feliz quem lê e acredita nas palavras desta profecia e assimila o que nela está escrito, pois o tempo está próximo ” – É isto que diz a profecia de João no seu primeiro verso.

4) O que se entende com a palavra “feliz”? Vede, Meus filhinhos, vou explicar isto da maneira mais simples possível, feito um professor para seus aluninhos.

5) A palavra “feliz” significa o mesmo que “ vivificados pelo Amor”. As palavras “quem lê” querem dizer o mesmo que “uma pessoa que aceita a Palavra em seu coração ”. As palavras “acreditar nas palavras desta profecia” significam “ uma pessoa que, após ter aceito a Palavra em seu coração , atua e vive de acordo com elas ”.

6) Toda pessoa que ler e ouvir a Palavra da Profecia e que a guardar viva em si é a mesma para quem “o tempo está próximo”.

7) Mas o que é isto de “tempo”? Achais que “o tempo” é o dia do julgamento final? Ó meus queridos, não é nada disto! Pois o que se refere aqui ao “tempo próximo” não será um tempo de destruição, mas sim um tempo de ressurreição. Por isto o “tempo” só é para aquele que ouve e lê a Palavra, a aceita em seu coração e vive de acordo com ela. O tempo não é para aquele que não ouve a Palavra e nem quer ouvi-la e reconhecê-la.

8) Aquele que não tiver a Palavra atuante dentro de si, da maneira por vós já conhecida, este será um morto. Mas o que importa o tempo para os mortos? Ou o que significa manhã, tarde ou noite para um pedaço de madeira morto? Quando é que o tempo lhe é próximo ou distante? Disto podereis concluir que o “tempo próximo” nunca poderá ser o tempo dos mortos, mas sim o tempo dos vivos, da Vida.

9) Se entenderdes o que foi explicado anteriormente, logo podereis dizer em uníssono Comigo como está no evangelho de João: “Eu o conheço”; pois isto é Dele, e é o santificado “Eu” em cada pessoa viva, e nos foi enviado pelo Pai como a Verdadeira Palavra da Vida.

10) Quem, então, possuir este “Pão da Vida” no seu íntimo, que é de fato a Palavra Viva que vem de Mim, este é igual a um “Monte das Oliveiras” para o qual foi Jesus, ou melhor dito, o eterno Amor do Pai.

11) Pois cada pessoa é um monte aqui na Terra. E pode ser uma montanha de rochas e gelo, ou então uma elevação coberta de escasso musgo, ou então um morro coberto de florestas, ou uma pequena elevação de vinhas ou minério, ou o que é mais raro: um “monte das oliveiras”.

12) Como chegar a ser um “monte das oliveiras” nos diz o primeiro versículo que vimos aqui: “ Feliz o leitor e ouvinte desta profecia, que nela acredita, pois o tempo do monte das oliveiras está bem próximo dele ”. E muito mais feliz será o monte das oliveiras no interior de cada um, quando Jesus a ele se dirigir e lá permanecer.

13) Vede, meus queridos, já unificamos os quatro versos tão diferentes. Até a referência ao “monte das oliveiras” em vosso interior, tudo vos é bem claro, Eu porém nada quero deixar de explicar. O “ monte das oliveiras” em vós é a humildade, mansidão, a total serenidade e abnegação; tudo isto é o “óleo da Vida”, razão pela qual o monte se chama de “monte das oliveiras” (em alemão é monte do óleo).

14) E que o Monte das Oliveiras também significa o Amor Puro e a vida eterna que dele emana (Jesus se encontra no monte) é quase desnecessário mencionar, especialmente após ser tão bem explicado o que o Amor é e o que ele contém.

15) Então nada mais tenho a explicar. O primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto versos estão plenos de amor, e se vós possuíres o Amor, então vós possuís tudo!

16) Muita coisa é impossível unificar sob a bandeira da Sabedoria, mas sob o Amor tudo é possível; tudo está tão bem organizado que nele o número 1.000 não está mais afastado do 1 quanto do 2. A sabedoria inventou certa hierarquia no sistema numeral, mas qual é a hierarquia que o Amor observa e qual é o número que lhe pertence? Vede, para o Amor é tudo um! (nota da tradutora: em alemão um também significa igual, então a frase pode ser: Vede, para o Amor é tudo igual! )

17) Se vós tomardes uma pedra que se encontra sobre um monte faz séculos e a levardes para o cume de um outro monte, ela lá não pousará da mesma maneira que no seu lugar anterior? Vede, no Amor tudo se encontra “no lugar certo” e tudo está na “ordem certa”. Um montículo de areia feito pelos ventos tem o mesmo valor para o Amor, que um montículo cuja areia tivesse sido juntada pelo arquiteto mais célebre. Da mesma maneira uma gota do mar do norte combina tão bem com de uma gota do mar do sul, e poderia ser tanto a primeira como a milésima, ou então a enésima na imensidão do oceano.

18) Isto acontece com cada uma das palavras, versos, capítulos da sagrada Escritura; pois até mesmo nelas o Amor organiza tudo tão bem, que poderemos montar tudo de trás para diante, de ponta a cabeça, de um lado para o outro, mas a mensagem seria única e igual em todos os sentidos e nunca encontraríamos qualquer contradição. Tudo por causa do Amor.

19) Prendei-vos, pois, com toda vossa força de vontade ao Amor, e então sabereis que a vida é tão certa e verdadeira, que seria mais fácil perderdes o Sol num dia claro, do que errardes no caminho do Amor, a ordem eterna que vos leva à Vida Eterna.

20) Filhinhos, observai tudo isto muito bem, e aceitai tudo no íntimo de vossos corações, pois assim encontrareis a Vida Eterna e a Mim com a mesma certeza que vossa mão, apesar de ser cega, encontra sem titubear qualquer parte de vosso corpo.

21) Repito: Permanecei totalmente no Amor e assim vós Me possuireis, a Mim e a Vida Eterna! Amém.

22) Meu Amor, Minha Benção, Minha Misericórdia e Meu Perdão seja convosco. Amém.

Cartas do Pai

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de fevereiro de 1842

O servo pediu orientação sobre assuntos de família e lhe foi dada a seguinte resposta:

1) Sim, escreve o que segue:

Em relação a tua irmã mencionada pela tua Mãe, esta deve vir ao teu encontro, o que é melhor do que se tu fores vê-la, pois ela aqui receberá o Meu conselho mais seguro. Ela deve vir ainda em jejum, entre 8 e 10 horas da manhã.

2) Se, porém, desejares ir junto a ela, trata de ir num domingo também, porém à tarde. Mas aí ela deve ficar quieta e esconder tudo no fundo de seu coração.

3) Com respeito à carta da tua cunhada, aceita o desejo de tua mãe. A carta deve ser postada em Marburgo e isto somente um mês mais tarde. A carta não será de grande ajuda, pois tua cunhada ainda não entende o teor de tua carta.

4) Somente Eu possuo cartas para pessoas de mente tão obtusa. Quando uma destas Minhas cartas é enviada para estas pessoas, aí sim provoca um grande resultado.

5) Não passarão sete vezes sete dias, e tua mãe verá o resultado desta Minha Carta invisível. Esta é a razão por que deves guardar a tua até que se tenha passado um mês e então só enviá-la se achares extremamente necessário. Amém. Tenha compreensão. Amém.


A maravilha do eterno Amor

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de Março 1842

1) Sim, sim, escreve, escreve...; pois para Mim o amor - mas entende bem, não o amor mundano - é o mais agradável agradecimento. E se tu Me agradeces assim em teu coração, não preciso dizer novamente, mas este é Meu melhor presente e nada mais preciso de ti.

2) Mas tu precisas de mais para teu bem estar... Mas entende no teu interior que isto que Eu te dou (Amor) é muitíssimo mais, do que se Eu te desse tal força com a qual poderias modificar o rumo dos mundos que giram no Universo, com a qual poderias criar ou destruir sóis ao teu bel prazer. Que outra coisa usou Meu amado João sobre a cidade (Jerusalém), mesmo que às vezes desejasse usar fogo divino?

3) Sim ele teria gostado de queimar toda a Terra (de tanta ira, por dedicação a Mim). Porém, como ele tinha o maior amor por Mim, lhe foi dado o mais maravilhoso de tudo: a intrínseca palavra provinda do Amor e também a vida eterna que dele se origina.

4) Vê e observa agora o que é que recebes de Mim. Qual o seu conteúdo? Isto não é o mais puro, elevado, santo e vivo Amor que emana de Mim? Como é que Eu poderia te dar algo mais, se já recebes o que é o máximo?

5) Qual é o tolo que prefere um milagre como prova desta máxima maravilha? Ou que pede que Eu destrua uma mosca, para assim crer que os sóis e todos os elementos que nele se encontram realmente são obra Minha? Ó tolice inconcebível. Ó exigência cega!

6) Se tua noiva, para demonstrar todo o amor dela por ti, te desse o mais ardoroso e carinhoso beijo, que figura farias, se logo a seguir lhe pedisses uma prova de amor totalmente insignificante? Bem, exatamente assim é que tu te comportas no momento.

7) Ou se alguém te doasse vários quilos do mais pesado ouro, e tu lhe exigisses como prova da doação de ouro umas moedas do mais impuro cobre? Novamente te pergunto: Que figura de tolo estarias representando?

8) Podeis, vós todos, vos considerar satisfeitos, pois vos estou dando o mais puro, o mais sagrado, o mais elevado dos tesouros celestiais divinos, o tesouro do Santíssimo Amor Paternal, tesouros da verdadeira e viva Jerusalém. Quem deseja algo mais? Quem não está satisfeito com esta dádiva? A quem isto não basta?

9) Se houver alguém entre vós tão cego assim, para este Eu dou uma chave feita dos desejos dos mortos. Com esta chave, se assim quiser, poderá abrir as comportas da Terra; e este, viciado em milagres, se afogará nestas águas turvas e poluídas.

10) Do que a chave é feita, além de ti, ninguém mais precisa saber. Mas quando a noite da morte se apoderar de alguém, este saberá que tipo de chave Eu te dei.

11) Por que foi que um dentre vós permitiu que a imundice mundana lhe estragasse o estômago de tal maneira, que não consegue mais saborear este pão feito do mais divino e puro Amor deste Santo Pai? Ele que se cuide, pois poderia ser considerado o “caminho” sobre o qual caiu a semente. Na sua terra produtiva alguém está plantando cardos e espinhos, e ele deve considerar bem quão infinito dano ele está atraindo para si. Pois Eu e o mundo não podemos ficar sob o mesmo teto.

12) Tu, porém, estás trilhando um caminho plano. Tenha certeza de Minha Bênção. Vê, Eu já Me considero um membro de tua casa, na qual já habito faz tempo. Podes ficar bem alegre, pois Eu mesmo te ajudo a purificar tua casa. Tu certamente não Me indicarás a porta de saída de teu lar, mesmo que Eu te entregue Minha Cruz para guardá-la.

13) Vê, quando viajantes chegam à tua casa, eles também trazem bagagem e a entregam ao hospedeiro, para que a guarde. Eu também sou um viajante e toda Minha bagagem consiste numa única cruz. Em tua casa estou albergado e Eu sei que queres ficar Comigo.

14) Vê, onde Eu não chego com a Minha cruz, lá Eu também não desejo ficar. Lá onde Eu chegar com Minha bagagem santa - a cruz - lá Eu terei chegado com gato e papagaio, e nisto podes acreditar, não será fácil Me expulsar.

15) Alegra-te e não temas mais o mundo, pois este não mais conseguirá te atingir, e ele imagina estar muito feliz nesta sua descabida prostituição.

16) Tu, porém, permanece como és. Pois tu já conheces o mundo e o que ele significa. Porém de vez em quando senta-te à tua mesa de trabalho e escreve o que a intuição te diz. Deves escrever sem pensar, o que teu coração te dita, não permitas que a mente interfira. Isto é o certo, é o puro, verdadeiro e bom, que se origina em Mim.

17) Vê, Eu gosto de ficar contigo. Deixa, então, que Eu venha morar contigo com “gato e papagaio”.

18) A um de vossos companheiros, ao qual amo bastante, quero dizer: Temor a Deus e a mais profunda humildade no coração são obrigações de todo aquele que foi batizado pelo fogo e pela água. Não se pode pensar numa vida eterna sem eles. Vê, tu possuis o correto temor a Deus e uma humildade digna de louvor, mas vê, aquelas crianças que temem demais a seus pais e estão sempre ajoelhadas a seus pés, na poeira, estas jamais conseguirão elevar seus corações com ardor, para alcançar os corações daqueles que tanto temem.

19) Se Me procuras com temor, a tremer, o que te acontecerá quando Eu Me aproximar de ti? Não exclamarás como aquele malfeitor: “Montanhas, jogai-vos sobre nós!” ? Eu não poderei Me aproximar de ti por muito tempo, por pura misericórdia. Só poderei ficar junto a ti, quando todo teu temor se tenha transformado em amor e confiança.

20) Amor e temor não andam ao mesmo compasso. Onde houver grande temor, haverá pouco amor. Porém onde houver maior amor, o temor desaparece e a confiança, coragem e entrega total tomam conta.

21) Swedenborg é verdadeiro e bom, isto podes crer. Mas também acredita: O Maior está acima de tudo e é Santo! Quem O possuir, possuirá tudo, pois em verdade Me possuirá. Vê isto é muito mais do que todos os profetas, mais que os apóstolos, mais que Pedro, Paulo e João, e mais que Swedenborg.

22) Aqui ainda há alguém ao qual desejo dizer que o mundo é algo bem fútil, pior que o mais horrível pesadelo. Mas esta pessoa deve Me reconhecer por si só. Deve dar-se conta que sou Eu quem lhe digo isto, pois os dias do mundo são mais fugazes que uma tormenta de verão e os anos passam como instantes.

23) Feliz daquele para quem a eternidade deste lado não é um mero sonho.

24) Agora vos digo a todos vós: Sede alegres e felizes em Meu Nome Vivo, pois em verdade Me encontro entre vós. Quem estiver um pouco atrasado, que apresse o passo para juntar-se a nós. Considerai bem: o tempo urge e a realização encontra-se a porta. Amém.


Palavras de alento, incentivo, para fortificar uma alma fraca

Recebido por Jacob Lorber, em 4 de abril 1842, à tarde

1) Bem, bem, verdade, verdade... Sim, já entendi. Escreve, pois, uma palavrinha bem curta para aquela que tem um desejo ainda bem fraco no fundo de seu coração; bem ao contrário do seu forte desejo pelas dádivas do mundo.

2) Ela que se esforce ao máximo em dirigir seu coração para Mim em todas as ocasiões, e que Me ame por Mim mesmo, não pelo que Eu possa lhe dar (um marido e outras benesses mundanas), pois tudo isto é um duro golpe no Meu Coração.

3) Se ela começar a Me procurar e Me amar, então Eu também lhe proporcionarei alguns de seus desejos, aqueles que se originarem em seu coração. Mas antes que Eu conceda isto a alguém, Me deve ser dado o que Me é devido por Mim mesmo e não pelas coisas mundanas que poderei dar.

4) Considera isto o Meu cumprimento àquela que desejou receber uma palavrinha Minha. Se ela observar o que lhe disse, em breve poderei satisfazer seus desejos de então.

5) Mas se ela desejar as vantagens somente para suas irmãs, então ela terá que esperar por muito, muito tempo. Só concedo os pedidos que vêm de um coração puro e inocente. Amém.

6) Isto Eu vos digo, vosso Pai amoroso. Amém.

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Pai e Filho

Recebido por Jacob Lorber, em 9 de abril 1842, à tarde

“Todo aquele que negar ao Filho não terá ao Pai, quem reconhecer ao Filho terá ao Pai”.

João 21, cap. 2, versículo 23 –

1) Aquele que tiver escolhido uma jovem como sua companheira e pedir o seu amor, ouvirá ela lhe dizer: “Tu não tens coração, pois como pensas provar o que ele não possui? Como podes ser tão tolo e pedir que o ame? Pois o amor só existe no coração; este é a única casa do amor”.

2) Ou outro que deseja ir a um certo logradouro, porém nega a existência de um caminho para lá; como conseguirá chegar lá? E se alguém lhe disser: “Bem, se não existe um caminho determinado, vai através de campos e matos”. O opositor, porém, retruca: “Isto também não existe, somente um mar sem fundo”. Como poderá chegar ao logradouro? E quando o condutor lhe disser: “Já que não vês nada além do mar, toma um barão e deixa que o vento te levas ao logradouro”. Mas se o outro também nega a existência de barcos, dizei-Me como chegará ao lugar desejado? Ou como poderá alguém alcançar um outro, se lhe nega a existência?

3) Como alguém quer chegar ao Pai, se nega a existência do Filho que é a essência de vida do Pai? O Pai e o Filho são tão unos, quanto o Coração e o Amor que existe no mesmo, ou como uma pessoa à sua vida, como a luz e seu calor, ou como um lugar e qualquer caminho que para lá vá.

4) E se o Filho é de fato a essência de vida do Pai, e se ele for o poderoso “container” no qual o Pai, ou melhor, o Eterno Amor e Sabedoria habita, como então alguém pode desejar chegar ao Pai, se considera ao Filho um total e absoluto zero?

5) Creio que isto vos deva bastar para entenderdes o versículo acima mencionado. Se, porém, ainda existir dúvidas, aconselho que façais o seguinte: quando estiverdes cheios de fome, tenteis satisfazer a mesma com a fotografia de um pão...

6) Quem ainda não entendeu precisa de dois médicos: um oculista e um otorrino. Entendei isto e dirigi-vos ao Filho e assim não falhareis em encontrar o Pai, pois tanto o Filho como o Pai são idênticos em tudo.

7) Sem o Filho não há o Pai, e sem o Pai, nenhum Filho. Entendei isto muito bem. Amém.

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Conselhos médicos num caso de possessão

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de Abril de 1842, à tarde

O Senhor, esta tua filha não consegue abrir os olhos por mais de 14 dias, e nenhum médico consegue ajudá-la. Hoje também tentamos, inutilmente, a aplicação de magnetismo e massagens com água fria. Eu Te peço Pai, Médico de todos os médicos, tu que és o Amor pleno, a Misericórdia e Caridade, mostra-me um meio de ajudar a esta enferma. Que Tua Vontade se faça. Amém.

1) Meu querido filho, novamente desejas ser mais caridoso do que Eu sou? Por acaso conheces a razão por que Eu permito que isto aconteça assim? Eu te digo que para essa enferma por algum tempo todos os esforços médicos ainda demorarão a fazer efeito. Quando a temperatura estiver mais elevada, ela deverá tomar banhos, primeiramente mornos, a seguir cada vez mais frios, então ela se sentirá melhor. Mas ela não estará totalmente curada, a não ser que contínuas orações sejam feitas, muitas por ela mesma, mais especificamente pelos seus parentes. Esta enferma está possuída por um velho, amigo, mas cego “espírito familiar” e este está totalmente apaixonado por esta menina. Este é o motivo que está a atrair a menina constantemente para si.

2) Como a criança não podia prestar a atenção que ele queria, ele decidiu apossar-se de seus olhos. Aqui todo esforço médico será infrutífero. Curas com magnetismo irritarão e despertarão o espírito cada vez mais. Se ele for obrigado a se afastar dos olhos, ele se vingará e atacará outros lugares, destruindo a vida da menina.

3) Esta é a razão pela qual Eu disse que nenhum remédio fará efeito por enquanto, a não ser os banhos e muita oração.

4) O melhor remédio por agora será aplicar nos olhos compressas de leite morno, trocados a cada 3 horas. As compressas devem ser lavadas com água corrente antes de serem reutilizadas.

5) Porém somente a temperatura mais amena, os banhos, as orações e a total confiança em Mim conseguirão curar esta criança.

6) Se vós todos orares de todo coração e apores as mãos em Meu Nome, cheios de fé e confiança, ajudareis muito mais do que todos os vossos medicamentos.

7) Orai, e Eu farei o que achar certo. Amém.

Maria e Marta

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de Abril de 1842

1) Bem, então vou te dar esta palavrinha. O que perguntas? Para Quem? Não te esqueceste (Eu espero) por Quem teu coração anseia. Então são para ela estas palavras. Mas todos vós deveis ouvi-las e observá-las também.

2) Bem, então escuta, minha filhinha, e presta bem atenção ao que Eu vou te dizer aqui. Junta todo teu amor para com o Meu Amor, teu Divino Amoroso o Pai, e então conseguirás obter uma grande força. Somente nesta força acreditarás em Mim e que todo desejo bom do teu coração se realizará completamente.

3) Se queres seguir este conselho de fato, observa Marta e sua irmã Maria. Imagina por que Eu Me sentia mais à vontade e tinha maior prazer em ficar com a Maria, que era mais ociosa, do que com a sempre atarefada Marta e o que Eu respondi a esta Marta, quando ela Me pediu que Eu dissesse a Maria que a ajudasse mais.

4) Quando meditares sobre isto, verás por que Eu te disse estas palavras. Medita um pouco, que tudo ficará bem claro em ti.

5) Acredita no que te digo, Eu teu Amoroso e Divino Pai: Só uma coisa é necessária e importante: o Verdadeiro Amor por Mim. Todo o resto pertence ao mundo e é algo insignificante e vaidoso.

6) Bem, Minha querida filhinha, observa e obedece bem a este Meu conselho e, assim como Maria, habitarás junto a Mim, teu Amoroso e Santificado Pai, já aqui na Terra e muito mais na eternidade do Além. Amém.


O grande sino

Recebido por Jabob Lorber, em 20 de abril de 1842, à tarde, entre 16:30 e 20:30h

Esta é uma tradução livre do nome “Grobglockner”, como se chama a montanha mais elevada dos Alpes alemães. Esta mensagem também é um livrinho mais extenso, porém aqui se encontra o essencial. Sobre a importância das montanhas, há muitas citações na “Criação de Deus”, no “Grande Evangelho de João” e em “Terra e Lua”. Neste dia inicia-se a revelação sobre esta montanha, que se estenderá até o dia 28 de maio de 1842 (o que se segue foi extraído do primeiro capítulo).

1) Vos surpreende agradavelmente a descrição tão majestosa desta montanha que se chama “Grobglockner”, o Rei das montanhas, que se eleva elegante e atrevido entre os seus filhos e irmãos e que parece olhar em todas as direções, cuidando dos mesmos. Mas vos surpreenderei com Minhas palavras, que vos levarão do menor de seus descendentes, ordenadamente, até o Rei ou Grande Pai.

2) Existem muitas pessoas que dizem: “Eu tenho uma pequena elevação que está toda plantada, que tem pastos, pomares, matas e lindas pradarias, e eu amo este lugar mil vezes mais do que cem Grobglockners”.

3) Estas pessoas estão certas a primeira vista. Pois na neve eterna e no gelo desta montanha não é possível plantar um vinhedo, nem mesmo o musgo mais resistente lá sobrevive.

4) Eu, porém, pergunto: Devemos avaliar uma elevação somente pela sua produtividade? Se for isto o único que importa, todo tipo de elevação seria inútil, pois na planície consegue-se trabalhar muito melhor, e já tereis visto que nela tudo cresce muito melhor.

5) Vereis então que é uma grande tolice avaliar uma elevação pela sua produtividade. Ela não é o motivo para a existência das montanhas. Os que preferem uma pequena elevação produtiva terão que reconsiderar suas palavras, quando Eu digo: “ Um metro quadrado da geleira do Grobglockner Me é muito mais valiosa do que um metro quadrado de terra produtiva”.

6) Novamente perguntareis: “Mas como é isto possível?”

7) Eu, porém, vos digo: Se desejares obter algum proveito de vosso trabalho, vossos olhos nada conseguirão produzir, mas sim vossas mãos e pés. Mas são os olhos de menos valor que vossos pés e mãos? Sem a luz dos olhos mal conseguireis utilizá-los. E mesmo assim a pupila dos olhos é minúscula comparada com vossos pés e mãos. Vós não tendes de vos apoderar de cada objeto que desejais primeiro com a luz de vossos olhos, para só então conseguir vos apoderar do mesmo com vossas mãos? E vós não só conseguis vos locomover após visto o espaço com os olhos?

8) Ao considerar isto, entendereis quando Eu digo que prefiro mais um metro quadrado da geleira a um metro quadrado do vale produtivo. Pois do mesmo modo que pouco produziríeis sem vossos olhos, as planícies e pequenas elevações também poucos frutos dariam sem a eterna neve e gelo das geleiras. Seria de muito bom proveito que um rico fazendeiro fosse até uma geleira e beijasse a mesma em Meu Nome, para agradecer pelas suas terras frutíferas, pois dela depende a fertilidade de seu solo.

9) Não desejais perguntar novamente “Como é isto possível?”. Paciência, Eu já vou explicar.

10) De acordo com o provérbio que bem conheceis, diz-se que os iguais se atraem. Se na vossa propriedade existir uma rocha com umidade e nas alturas, ela não secará facilmente, mas, pelo contrário, atrairá cada vez mais umidade e ficará cada vez maior. Mas se esta umidade permanecesse no interior da rocha, as gotas se tornariam filetes, riachos, romperiam as paredes que as dominam e em pouco tempo destruiriam o vale totalmente. Para que isto não aconteça, estas gotas se transformam em névoa e gelo e granizo nas alturas das montanhas.

11) A nossa montanha é igual à pedra molhada de vossa propriedade. Ela atrai para si toda água que está sobrando e em sua altura a confere às geleiras e às nuvens!

12) Direis então: “Se isto for assim, com o tempo o monte ficará maior que a Europa!”.

13) Isto de fato aconteceria, se ela não criasse “filhos” e “filhinhos”. Estes filhos aliviam o fardo do “pai” da seguinte maneira:

14) Quando sua carga de neve e gelo cresce na parte de cima, as neves e os gelos inferiores são apertados e esmagados, e estas partículas de água, sob total pressão, se desencadeiam em inúmeras partículas e se transformam em névoa. Desta maneira elas se libertam de sua prisão. Como esta geleira só possui poder de atração na sua região mais alta, estes elementos de névoa úmida das regiões inferiores das quais escapam se abateriam qual torrentes de água sobre as planícies, destruindo tudo, ou então se acoplariam ao gelo e à neve, provocando um contínuo aumento da geleira, e em milênios terras desapareceriam sob seu manto gelado.

15) Porém, para evitar que algo semelhante aconteça, estes enormes “genitores montanhosos” possuem inúmeros “filhos” os quais absorvem vorazmente toda a carga supérflua de seus “pais”. O que lhes é demais eles depositam nos seus próprios “filhotes” que se encontram à sua volta. Somente o que é sobra destes “filhotes” é que derrama sobre as planícies, abençoando-as em toda sua extensão.

16) Ao absorverdes este conhecimento, vos será fácil entender por que junto às montanhas elevadas sempre se estendem enormes cadeias de montanhas menores, como raios que se originam no Pai. Posso assegurar-vos que em vossas casas a água que sai de vossas torneiras teve sua origem nas entranhas de um destes “pais”.

17) O que foi dito é só um esclarecimento natural da predestinação de uma destas “montanhas-pai”.

18) Junto a esta, ainda existem mais duas, bem mais importantes, que começaremos a elucidar a seguir. Ao tomardes conhecimento das mesmas, a utilização e as vantagens destas montanhas se vos apresentarão claramente. Esta geleira que assumires como regiões mortas, se vos apresentarão extremamente cheias de vida.

19) Em verdade, Eu vos digo: No momento tudo se comporta de maneira errada. Onde na Terra observardes muita vida, lá há muita morte. Onde imaginais que tudo está imerso na mais profunda morte, lá existe a vida em sua plenitude, cheia de atividade.

20) Este é o motivo por que os videntes e profetas sempre preferiram habitar as montanhas. E Eu, quando passei na Terra como humano, gostava imensamente de ficar no topo dos montes. Num monte Eu despachei o eterno tentador, em outro monte alimentei os famintos, num monte abri as portas dos céus com Minhas Palavras, num monte Eu Me mostrei aos três vossos conhecidos como a Eterna Vida Original, num monte Eu orei e num monte Eu fui crucificado.

21) Por isto respeitai as montanhas. Quanto mais alto elas se elevam da lama, da profundeza do egoísmo humano, mais santificadas elas são e tanto mais abençoada é a região que elas dominam.

22) Como isto acontece, já vimos algo. Mais vos será dito em outra ocasião. Amém.


Presente do Pai para o aniversário

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril de 1842

1) Pois então escreve. Já que entre vós existe a ordem de cumprimentar-se o aniversariante, também Me juntarei aos congratulantes; não quero ser uma exceção por um motivo simples: Eu sou a Ordem em si.

2) Mas não espereis de Mim um “muitas felicidades”, pois falais uma mentira bem deslavada, que se assemelha a um fruto que caiu da árvore ainda totalmente verde e é pisoteado no chão. É muito melhor que deis a alguém cinco centavos, do que lhe desejar milhões de ouro.

3) Por isto, Meu querido aniversariante, não te desejo absolutamente nada, mas sim te dou Minha Bênção Paterna, para ti e para toda tua família, e junto a isto uma pequena cruz como confirmação desta Minha Bênção Paterna, Santa e Divina. Esteja certo, Meu filho, que isto te será de mais valor, do que se Eu tivesse te desejado uma Terra em ouro.

4) Nisto consta Minha Bênção Paterna. Eu quero enriquecer teu coração e o conseguirei preencher totalmente com Meu Amor de Pai. E com isto poderás reconhecer que a criança que ainda se encontra no ventre materno não consegue olhar nos olhos de seu pai. Mas após seu nascimento, quando vir a luz do sol, quer dizer, os raios luminosos que dele emanam, ela logo conseguirá ver o pai nestes raios e em pouco tempo reconhecê-lo e amá-lo como tal.

5) Vê, tu estás no ventre materno de Meu Amor por ti, esta é a razão que ainda não podes Me ver. Mas tão logo consigas nascer totalmente deste Meu Ventre Caridoso, em espírito e em toda Verdade que emana do Amor, então verás ao Pai e o reconhecerás como tal. Isto é uma certeza.

6) Há, porém, uma certa diferença entre o nascimento de uma criança do ventre materno e do nascimento de um espírito pelo Meu Amor. O primeiro nascimento está condicionado às leis da natureza, enquanto que o nascimento de um espírito está condicionado pelo livre arbítrio e pelo desejo do homem e, conseqüentemente, pela Minha Misericórdia que jamais falha.

7) Se alguém, depois disto, tiver vontade firme e se renegar em toda sua humildade, isto acontecendo pela pressão de Meu Amor em seu coração, este sim alcançará muito mais depressa a eterna e santa Bênção, o que de fato é o real renascimento espiritual.

8) Mas se alguém permanecer cheio de indecisões, tal qual um aluno de música que cozinha uma vez que corta lenha, varre a calçada, remenda a roupa, alimenta os animais, sai a passear, joga conversa fora, fica sem nada fazer como uns bem preguiçosos, quem faz isto e logo aquilo, raramente se senta a seu instrumento musical para estudar, como é que este “esforçado” aluno se tornará um músico? E como alguém que Me permite conviver com ele só lá de vez em quando, muitas vezes só por hábito, ou então por não haver nada melhor a fazer, poderá chegar ao renascimento espiritual?

9) Eu te digo: dificilmente nesta Terra. Poderá acontecer nos seus momentos finais, se ele ainda não se matou totalmente, ou então após a morte de seu corpo, quando o renascimento será muito mais difícil. Ele será qual viajante cansado, que terá que enfrentar árduas batalhas no lugar onde esperava encontrar eterno descanso e paz.

10) Se entenderes isto, então, Meu querido aniversariante, conseguirás entender o que de fato significa este Meu presente de aniversário, Minha Santa Bênção de Pai!

11) O renascimento espiritual é a única condição que imponho para a vida terrena, que é a meta final de todo o livre arbítrio. Mas isto não será possível acontecer sem um ardente amor por Mim. Esta é a razão por que vos dou este contato com Meu Amor, para que vós consigais adquirir o suficiente calor do Amor que vos habilitará ao renascimento espiritual.

12) Aceita, pois, este Meu Presente de Pai, para que consigas viver eternamente nos braços de teu Santo Pai. Amém.

13) Isto Eu te dou hoje e sempre. A cada momento estou aberto para abençoar Meus Filhos, pois Eu sou o Amoroso Pai Jesus. Amém.

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A questão da Trindade

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de abril de 1842

Está escrito: “Quem Me vê, vê ao Pai”. - João 14.9. “A respeito, porém, daquele dia, daquela hora, ninguém o sabe, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas somente o Pai” - Marcos 13.32. Como poderemos considerar estes trechos como coincidentes? Também é dito: “O Pai é muito maior do que Eu”.

1) Explicar isto é uma tarefa bem grande para Mim, mas em primeiro lugar o questionador deveria fazer uma introspecção, para ver o quanto Meu Amor já se apoderou de seu ser. Mas de fato ainda existem milhares de partes de seu ser em que o Amor ainda não está presente e assim sempre existirá algo a questionar e alguma tarefa a concluir.

2) O que ainda não está resolvido com respeito à trindade, Eu vos peço que escuteis com vosso coração aberto e cheio de Amor.

3) O Pai é o mais puro e eterno amor em Deus, ou a eterna palavra essencial não pronunciada. O Filho é esta palavra pronunciada, ou o Pai verdadeiro manifestado . Ambos se apresentam como Palavra, em pensamento ou em palavra pronunciada. O pensamento é a origem, ou o pai da palavra pronunciada, e esta palavra pronunciada não é nada mais do que a manifestação do pensamento, ou o pai da palavra.

4) No momento em que entenderes isto, tereis absoluta certeza de que quem vir o Filho, infalivelmente terá que ver e ouvir o Pai também, e que a consequência disto é a certeza de que o Pai e o Filho devem ser unos, tal como o pensamento é uno com a palavra pronunciada que se origina nele, pois o pensamento é de fato a voz da palavra pronunciada.

E esta Palavra pronunciada não é nada mais que a revelação do Pensamento que o Filho está no Pai, como o Pensamento está na Palavra e a Palavra no Pensamento.

5) Como consequência disto, devereis entender por que o Pai é mais que o Filho, ou que a Palavra. A Palavra seria totalmente impossível sem o Pai, ou sem o Pensamento que a precede. Assim o Pai é muito mais importante, pois Ele é o Criador da Palavra. A Palavra só se torna idêntica e una ao Pai após ser criada, aí sim ambos são iguais.

6) E no momento em que entenderdes isto creio que será desnecessário elucidar o que diz Marcos 13-22, que ninguém conhece o dia seguinte e a época do Grande Juízo, unicamente o Pai sabe isto, e não o Filho também. Quem tiver um pouquinho de entendimento - não no cérebro, mas no coração - sabe que pela Palavra se revela a Sabedoria do Pensamento; mas pergunto: Não é a Palavra a Sabedoria? Tal fato prova que isto e tudo mais só quem conhece é o Pai, e não o Filho também, que representa ser a língua na boca do Pai.

7) Porém, para que tenhais um total esclarecimento a respeito do Pai, Filho e Espírito ouvi:

8) O Homem Divino Jesus era em essência o Pai mesmo, ou melhor, o Eterno Amor e Sabedoria vestidos pela carne humana, ou a plenitude da divindade encorpada.

9) A Palavra pronunciada do Homem Divino Jesus ou os seus pensamentos são o Filho.

10) Mas já que o Pai sabia desde a eternidade o que ele faria, então o Homem Divino Jesus (como Pensamento Divino) já estava no Pai, mas somente se manifestou incorporado como um “Homem Divino”, no momento em que o Pai falou.

11) Dizei-Me pois: ainda não entendeis como o Pai e o Filho são unos e idênticos? Se ainda tiverdes alguma dúvida, observai o espírito, este deve vos conduzir na mais total verdade.

12) Pois este espírito que está eternamente no Pai (o eterno pensamento original ou o eterno Amor Puro) está certamente contido na Palavra pronunciada pelo Pai (o Homem-Deus Jesus). Onde existe um espírito, infalivelmente também deverá existir um ser. Se não fosse assim, como poderia Deus Jesus ter dito sobre si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida!” , ou ainda: “Ninguém chega ao Pai, se não passar por Mim.” (João 14-6)? Isto de fato quer dizer: Eu sou o Amor ou o Pai e a eterna Sabedoria, ou a Divindade mesmo, ou o Espírito e a Palavra pronunciada, ou a Vida Eterna, nos quais habita a essência de Divindade incorporada.

13) Já que é assim, dizei-Me por que outro Caminho alguém conseguirá chegar ao Pai, se não se deixar apanhar e dirigir pelo Mesmo, já que Ele possui Vontade livre?

14) Quem então assumir a Palavra pronunciada pelo Pai - em atos, no seu coração e em pensamento vivo - este também assume o Filho. Aquele que assumiu o Filho, também terá assumido o Pai, pois Pai e Filho são unos e idênticos.

15) Aquele que assumiu tanto o Pai como o Filho, também terá em si o espírito que é a Luz que se encontra tanto no Pai como no Filho, e estará neste espírito “em total verdade”, simplesmente porque além desta Luz não existe outra “luz” e toda a luz se origina desta única e eterna Luz Divina. Quem estiver nesta Luz, também está no Pai, através do Filho.

16) Mas como o Pai é a Eterna Vida Original de Amor e como toda a luz se origina nesta Luz, então o homem terá a vida eterna, quando se encontrar na Luz através do Filho (espírito) do Pai.

17) Acho que deveis ser totalmente cegos, se não entenderdes, a partir de agora, que quem vê Jesus não necessitará de nenhum telescópio para ver o Pai.

18) Se ainda não entendeis isto na leitura, deve-se à vossa crença pagã da Trindade, que foi estabelecida em Nicéia e mais tarde foi até representada plasticamente, o que vos dificulta aceitar a unidade. Deveis vos livrar de todas estas crenças ilusórias. Esta luz irreal deve apagar-se em vossos corações, se desejardes chegar a Mim na mais pura Luz espiritual.

19) Fazei isto, pois só assim podereis chegar a Mim, vosso amoroso Pai Divino. Amém.


Da disseminação da Nova Palavra

Recebido por Jacob Lorber, em 5 de maio de 1842 , entre às 16:00 e 19:00 horas

1 ) Ó, Santo Senhor e Pai! Estamos muito emocionados com o versículo 7 do Salmo 7 (de Salmos e Poesias), o qual Teu grande Amor e Misericórdia nos proporcionaram. Este versículo diz: “Quem pode Te agradecer na morte, quem pode Te louvar e honrar no inferno?”. E o verso que segue: “Como pode o profano agradecer ao santo pela santidade?”. Ó dizei então, amoroso Senhor e Pai, para nosso consolo: Quando esta tua Palavra nova, bendita e viva, que permites que nós poucos recebamos pela palavra ou escrita deste Teu servo (Jacob Lorber), será posse de toda a humanidade? Permite, Maravilhoso Pai, que este fogo que nos queima, ao recebermos Tua Palavra, se torne chama ardente e brilhante em amor por Ti, para que os nossos irmãos desejem se aquecer no mesmo e assim Te procurem em seus corações. Amém.

2) Ouve bem, Meu Filho, tu tens estas preocupações, pois não conheces o que significa o tempo. Também Meus apóstolos e discípulos já perguntaram quando chegaria o tempo em que tudo o que Eu lhes ensinava se realizaria e o dia do Juízo Final. Eu lhes disse isto, porém, eles não entenderam, da mesma maneira que vós não o entendeis até o momento. E é bom que não o entendais, pois se assim fosse, significaria o fim da liberdade de vossas vidas.

3) Porque te preocupas com a disseminação desta Minha Bênção que Eu vos dou? Se tu assim te preocupas, não estás te igualando às crianças que não conseguem aguardar o total amadurecimento da fruta na árvore, a colhem semiverde, a mordem com seu gosto amargo e também acham graça dos rostos desgostosos de seus companheiros? Será que elas engoliriam este pedaço tão amargo que está na tua boca? E se o fizessem, não se arriscariam a passar mal?

4) Vede, também aqui, o entendimento e obtenção da total maturidade. Três itens são necessários! Em primeiro lugar, uma obra toda completa. Mesmo que no total cada palavra já esteja madura, será necessário que a Obra esteja completa, para que se obtenha a total maturidade. Em 2ª lugar, a total maturidade será compreendida, se existir um povo amadurecido bastante para acolher a Luz que ela emite. O 3º item se refere à maturidade de vossos corações. Sem esta estareis expostos à seguinte pergunta: “Onde estão os frutos disto que nos estais oferecendo?”; ao que tereis que responder: “Por estes nós mesmos estamos aguardando cheios de confiança.”; e certamente que o mundo vos responderá: “Pois bem, se é assim, ficai com esta vossa Luz por tanto tempo, até que ela vos apresente seus frutos visíveis. Só quando assim for, nós a aceitaremos!”

5) Vede, Eu programei a maturidade de tal maneira, que deveis vos preocupar principalmente com a maturidade de vossos corações e, junto à mesma, com as palavras e os escritos que vos dei pelo Meu Amor e Misericórdia. A Palavra em si é preocupação Minha, e para o amadurecimento dos povos decerto muito pouco podereis colaborar.

6) Por isto preocupai-vos somente com aquilo que vos foi confiado até o momento e deixai todo o resto para Mim, Eu que conheço o tempo e a maturidade, pois só assim tudo irá bem. Não pergunteis como e quando, mas sim pensai, por enquanto, no que dou somente para vós!

7) Porém, quando toda a obra estiver pronta, quando todas as mensagens dadas ao servo Jacob Lorber estiverem devidamente escritas, aí sim pensai: Nós recebemos uma preciosa pérola gratuitamente, não devemos jogar a mesma aos porcos! Se, porém, a dermos, então teremos que dar da mesma maneira que nos foi dada (do mesmo modo e ao mesmo preço) e no momento em que o Pai nos exigir isto claramente.

8) Tu tocaste num versículo dos salmos novos (um dos 23 que Jacob Lorber escreveu) que é útil para o assunto, mas a maturidade não é bem mais necessária, em primeiro lugar, para que a Luz consiga vencer as trevas da morte e do inferno? Está absolutamente certo que ninguém poderá Me agradecer na morte, nem Me honrar e louvar no inferno, mas como é que o diabólico poderia oferecer ou fazer algo ao santo, algo que viesse a dar prazer ao santo, se o mesmo tivesse passado primeiro por um total e absoluto arrependimento e com isto fosse por Mim santificado?

9) E isto é de fato o “amadurecimento” do qual aqui estamos tratando. Pois o salmo anuncia isto em alto e bom tom: “O morto não está apto para o Amor, tal qual o cego não o está para a Luz”. Onde não existir Luz e Vida, mas somente morte e inferno, dizei-Me o que é que o Céu tem com isto? Ele, que é a Luz e a Vida?

10) Eu afirmo: Seria bem mais viável que permanecêsseis numa casa de mortos ou cova, que estão cheios de esqueletos, podridão e fedor, do que se começardes a disseminar esta Minha Palavra antes que a Maturidade tenha sido obtida neste mundo ainda tão cheio de morte e trevas.

11) Eu já vos disse uma vez: O mundo precisa disto e em curto tempo, mas isto significa a maturidade que está sendo preparada em todos os lugares.

12) Por isto vigiai e trabalhai, pois não sabeis e ainda não vos é permitido saber, o tempo quando a maturidade começará. Certamente isto acontecerá quando menos estiverdes percebendo.

13) Por isto Eu uma vez vos disse: “Por enquanto Eu vos dou, somente a vós”. Por que não considerais isto com grande profundidade? Aquele que Me questionar: “Pai, Tu que me alimentas, porque deixas que os outros passem fome?” ; a este Eu responderei : “Por acaso Eu te nomeie mordomo de Minha casa e te devo satisfação?

14) Permanecei, pois, junto ao prato que vos foi servido, comei do mesmo despreocupadamente e não queirais Me ditar regras do que Eu devo fazer. Eu sei bem demais o que Eu faço!

15) Se Eu vos dissesse: “Ide e anunciai.... ” , tenho certeza que tremeríeis de medo do mundo. Como Eu conheço vossa força, Eu não exijo isto de vós. Assim, permanecei com o que tendes até a maturidade, aí sim Eu vos darei mais instruções.

16) Se isto não de vosso agrado, podeis abandonar tudo e unir-vos ao mundo. Eu decerto conseguirei obter Minhas metas de outra maneira. Pois Eu em verdade não sou dependente de vossa fé tão fraca, que tudo questiona. Vós já possuís Minha Fidelidade eternamente. Vós já a possuis, esforçai-vos em não perdê-la. Amém.


Pedidos do Amor Divino (semelhança)

Recebido por Jacob Lorber, em 7 de maio de 1842, à tarde

Sem pegar a Bíblia, Jacob Lorber escolheu o trecho de Jeremias 3-10 para estudos: “Não ostente tudo isto; sua irmã, a pérfida Judá, não voltou para Mim na incerteza do seu coração. Era apenas hipocrisia – oráculo do Senhor”.

Um outro irmão escolheu Efésios 3-7-9 “Eu me tornei servo deste Evangelho em virtude da graça de anunciar entre os pagãos a inexplorável riqueza de Cristo e a todos manifestar os desígnio oculto de Deus, mistério oculto desde a eternidade em Deus, que tudo criou através de Jesus Cristo”.

1) Ouvi e vede como o acaso existe! Mas não considereis o “acaso” como um destino vão e cego, mas sim algo que “cai” em vossas mãos como um bom presente Meu.

2) O que é que o “acaso” nos trouxe? Ele nos apresentou uma irmã, Judá, hipócrita, falsa e obstinada; e logo a seguir um fiel servidor por Minha Misericórdia, um grande pregador entre os pagãos e disseminador do grande mistério de Deus em Jesus, o Crucificado, pelo qual todas as coisas foram criadas. Vede, isto é o que o “acaso” apresentou a este povo da noite.

3) Como conseguir unir esta dádiva tão dispersa do acaso, será uma outra tarefa.

4) Mas para que este “acaso” não se tenha realizado em vão, vamos então nos concentrar numa semelhança de fácil entendimento e Eu vos contarei, como que por “acaso,” o seguinte:

5) Havia um homem cheio de amor e sabedoria, sua idade era de cerca de quarenta anos. Este homem desprezava, do fundo de seu coração, todo tipo de riqueza mundana, pois era possuidor do mais elevado bem espiritual.

6) Como possuía um coração extremamente cheio de amor para dar, ele pensou: “Para que todo este amor que é tão poderoso, que seria suficiente para satisfazer várias mulheres?. Eu, porém, não desejo dividir este amor e assim irei procurar na Terra toda uma só mulher para mim. Esta mulher terá que ser a mais bela de todas as mulheres da Terra, a mais forte e perfeita.”

7) “Sua cabeça deverá assemelhar-se ao nascer do Sol, seus olhos deverão brilhar qual estrela, sua boca igual a carmim da aurora, sua testa feito um incandescente arco-íris, suas faces qual nuvenzinhas que brincam com o Sol nascente, seu queixinho feito a névoa matinal que se desprende das flores, cheios do mais doce perfume. Os cabelos deverão ser como o mais puro ouro. No seu corpo branco feito a neve, não desejo ver nenhuma mácula!. Bem, com esta mulher tão perfeita desejo compartilhar meu amor.” Assim considerava este homem tão cheio de amor e sabedoria. Logo transformou em ação seus desejos e pensamentos.

8) O homem começou sua procura e logo encontrou o que procurava. Esta mulher se chamava Judá. Ela se agradou do homem, pois sabia que tal amor que ele lhe oferecia valia muito mais do que todos os tesouros do mundo. O homem então decidiu cortejá-la, porém, sem usar nenhuma força para dissuadi-la.

9) Esta mulher, entretanto, tinha um coração chistoso e travesso. Ela se entregava ao homem sinceramente quando ele a visitava, porém, quando ele se afastava, para que ela pudesse investigar seu coração e ver se realmente o queria, ela se entregava aos gentios qual prostituta vulgar, desconsiderava e desprezava totalmente este homem que lutava pelo seu coração.

10) Mesmo assim o bondoso homem se preocupava muito em conquistá-la. Ele lhe mandava mensageiros, os quais ela enganava com seu fingimento, ou então mandava matar pelos seus asseclas.

11) Mesmo assim o bondoso homem não desistiu e decidiu apresentar-se novamente em pessoa e pedir a amada em casamento. Ela certamente verá os seus erros para comigo e se arrependerá sinceramente. Eu tudo lhe perdoarei e ela se tornará minha mulher para sempre.

12) Vede, o homem chegou; ela, porém, não o quis reconhecer, mandou aprisioná-lo e matá-lo. O que achais desta mulher?

13) Já que tal amor e sabedoria não podem ser mortos nem destruídos, o homem, pelo grande amor que sentia por Judá, permitiu que o torturassem e depois que fingissem que o matavam, para assim conquistar novamente o amor da mulher. Mas tudo foi em vão. A prostituta continuou sendo uma prostituta e o homem, até aquele momento, sem mulher.

14) Ouvi, este homem justo dela se afastou e resolveu arranjar um outro mensageiro, um fiel e humilde, que assim falava de si e de seu amo: “Tornei-me seu servidor após mensagem recebida pela Graça de Deus, que me foi dada pelo Seu Poder. A mim, o mais insignificante entre todos os abençoados, me foi dada esta Graça, para anunciar os tesouros de Cristo entre os pagãos e para ensinar a todos como realmente é este novo mistério oculto em Deus desde eternidades, pelo qual tudo foi criado.”

15) Quem são, pois, os “pagãos”? Vede, isto é uma outra mulher, a quem o homem anunciou seu amor e a quem ele continua a cortejar. Cada vez mais ele lhe entrega partes de seu imenso tesouro. Ele a cobre de amor, de todo tipo de tesouro de amor que existe, já que a primeira amada o desprezou e se tornou infiel.

16) Mas como é que esta outra mulher também se comporta? Quando ela escuta alguma coisa a Meu respeito, ela se inflama de ódio, vingança e ira! Que valor tem este imenso tesouro para o homem amante, todo aquele ouro e prata do qual fala o mensageiro, de que lhe serve falar dos novos mistérios em Deus e do grande Amor Divino, se não existe nenhum coração que os questiona para si?

17) Vede, o homem é um eterno traído, enganado e desprezado.

18) O que fará este homem se uma terceira mulher lhe fizer o mesmo que a primeira e segunda candidata? Esta é uma nova situação! Mas a esta pergunta o homem, que novamente está cheio de esperança, não dará nenhuma resposta por enquanto, já que esta será sua última tentativa. Entendei bem isto. Amém.


Três perguntas

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de maio de 1842, de manhã

1) Mesmo que tuas perguntas sejam mais a expressão da curiosidade do que de um real desejo de fé, vou te dar uma resposta curta e clara. Pois vê, a alma pela curiosidade tem sede, mas esta sede é melhor do que não ter sede de nada, pois só não tem sede uma alma morta.

2) Mas esta sede é igual a sede que nos acomete quando temos febre, ou a do andarilho num dia quente; e então deve-se beber com muito cuidado, para não atrair uma doença pulmonar. Da mesma maneira que o andarilho mata sua sede tomando a água de gota em gota, Eu matarei tua sede com três gotas.

3) Abre bem teus ouvidos, que são a boca da alma, e recebe estas três gotas, a saber:

4) Atenção! A respeito do incêndio naquela cidade, não passa de uma correção faz tempo anunciada por videntes a estas pessoas totalmente mundanas e indiferentes a Mim.

5) Tu não achas que seria uma maldade sem igual, quando alguém ou então toda uma nação - que possuísse tantos bens materiais, que nem em centenas de anos os poderia gastar - usasse de artimanhas e falsidades para atrair mais e mais bens, mesmo se isto significasse a total pobreza de muitas pessoas? E então, do alto de seu trono dourado, dissesse ao mundo: “Todos deveis vir a nós, posto que, de acordo com nosso bel-prazer, podemos vos destruir ou permitir que continueis a viver.”; ou então: “Somos os donos do mundo”.

6) O que achas que é necessário fazer com uma tal nação ou com pessoas tão mundanas, que não Me conhecem ou que não Me querem conhecer, que transformam o ouro em seu único deus e senhor e que, sob a máscara do comércio, não se envergonham em realizar todo tipo de tramoias, para que consigam somar ganhos deste deus infernal o mais rápido possível? Vê, a esta pergunta o Meu castigo (o incêndio) é a resposta correta e viva.

7) E podes estar certo que tal tipo de castigo, tanto os grandes quanto os pequeninos, acontecerão sempre e continuamente, tanto em nações poderosas como num único especulador. O futuro confirmará o que Eu acabo de dizer.

8) Vê, isto também pertence aos “caminhos” que Eu possuo para preparar a humanidade para algo diferente; e com certeza já adivinhas o que Eu quero dizer. Mas antes disto muitas cidades e muitos países ainda deverão ser purificados, tanto pelo fogo como pela água. Bem, isto te seja suficiente para explicar o tal incêndio.

9) Com respeito à segunda pergunta, já terá tido resposta em vários escritos em que se fala das nuvens.

10) Bem só falta responder tua terceira pergunta. Vê, quando disse: “Comigo tudo é possível e sem Mim, nada.” (ou então: “Tudo o que pedirdes ao Pai em Meu Nome vos será dado.”; ou ainda: “Se tiverdes fé, mesmo do tamanho de uma pequenina semente de mostarda, podereis dizer às montanhas: “Levanta-te e mergulha no mar!”), assim como Eu disse acontecerá, pois se é a tua vontade unida à Minha, mesmo as montanhas obedecerão tua palavra. E foi dito também: “Fareis coisas mais grandiosas do que Eu”. E já que ainda se comenta em todos os lugares que aqueles que Me amam e Me veneram em seus corações poderão fazer coisas incríveis, mesmo ressuscitar mortos, vê, se tudo isto está escrito e é verdade letra por letra, como te através Me perguntar se a tormenta amainou, quando assim ordenaste em Meu Nome? Como, se tudo e todos devem se curvar ante Meu Nome, todos os céus e todos os infernos devem Me obedecer?!

11) Em verdade te digo que todo aquele que pronunciar Meu Nome, cheio de amor e confiança, verá o poder do mesmo, mas não poderá existir nenhuma dúvida em seu coração. Mas aquele que ainda não estiver apto para o Meu Reino não conseguirá quase nada, pois não tem uma boa base.

12) Ninguém que estiver pisando na areia fofa, deve levantar um peso, pois se afundará na areia sem fundo. Porém aquele que estiver parado sobre uma rocha, será que ele também se afundará na rocha se pegar um peso? Meu Nome é a rocha! Aquele que construir sobre isto, jamais terá prejuízo!

13) Se ordenaste que, em Meu Nome, do nada se destruíssem as nuvens traiçoeiras, será que existe algo a se admirar se o mostro imediatamente se curvasse ao ouvir o comando em Meu Nome Poderoso, comando este que saiu de tua boca e foi reforçado com teu gesto?

14) Acredita, pois que assim é e deve ser! Pois os elementos são mais obedientes que os homens, a pedra morta tem ouvidos mais sensíveis e a grama seca tem olhos mais poderosos do que as pessoas mundanas.

15) Isto deves compreender e daí assimilar teu “milagre”, se é que ainda achas que é um “milagre” estas manifestações tão naturais, que são conseqüência só do uso correto de Meu Nome, ante o qual tudo deve se curvar.

16) Com respeito ao trovão, o qual sempre é a conseqüência da intervenção dos espíritos do bem quando aprisionam os do mal, já foi de sobejo explicado em outras ocasiões. Deves entender isto muito bem. Assim é que sempre termina todo tipo de ódio e rancor oprimidos. Nenhum espírito mau abandona seu “habitat” sem protesto, porém o rompe bruscamente quando o abandona, e assim recebe cada vez mais maldições.

17) Pois o amor do espírito mau é o inferno! O que é que faz uma pessoa zangada? Vê, ela bate com os punhos cerrados em tudo que estiver ao seu alcance, ela arranca sua vestimenta e rasga a dos outros, e muitas outras coisas similares. Quando aprisionada, ela emite sua derradeira expressão de raiva.

18) Vê, disto se origina o barulho de trovão. Mais do que isto não necessitas saber até o momento. Satisfaze-te com as “três gotas”. Se tu estiveres bem calmo, uma próxima “tormenta” te trará, a ti e aos outros, enchentes de luz.

18) Isto é verdade para aquele que Me ama cheio de fé e sabe que esta explicação veio de Mim. Amém. Guarda e observa muito bem o que Eu te disse, pois Minha Palavra é eternamente a mesma e é absoluta Verdade. Acredita nisto. Amém. Amém. Amém.

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A rocha de Pedro

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de maio de 1842, ao anoitecer

O que é o Papa, que chama a si mesmo de “rocha”? É ele de fato uma “rocha”, a “rocha de Pedro”?

1) Sim, antigamente, antes do Concílio de Nicéia, ele era uma laboriosa rocha. Mas então o inimigo construiu em volta da rocha um muro de fogo egoístico, de poderio e de autoridade, e a rocha se tornou uma pedra de cal.

2) Se as águas do céu começam a cair sobre esta pedra, acontece-lhe o mesmo que quando jogamos água sobre uma pedra de cal natural. Ela começa então a esbravejar, sibilar, trovejar, ferver em todo o calor, fumegar, mas no fim se desfaz em um montículo solto e leve que é misturado à terra, para se tornar a argamassa que une as pedras mortas de um muro mais morto ainda.

3) Quando, porém, este muro for derrubado por um outro construtor, esta argamassa inútil será jogada em valões de lixo, para preencher poças de lodo. Vê, esta é a chamada “rocha”.

4) Isto que vos disse não torneis público. Guardai estas Minhas Palavras ocultas em vossos corações. Amém.

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Seitas e ordens (congregações)

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de maio de 1842, ao anoitecer

1) Todo tipo de seitas e ordens são, para Mim, um verdadeiro horror! Pois Eu recrutarei a todos os homens para o Amor e, como conseqüência, como irmãos, jamais em seitas e ordens.

2) Quem criou tais barreiras entre vós, com as quais irmãos e irmãs são separados de maneira tão cruel e odiosa? O Amor não tem barreiras!

3) Mas o anseio pelo poder mundano e o absoluto egoísmo é que criou todo tipo de barreiras. Eles são os únicos criadores de seitas e ordens, que se diferenciam uns dos outros por ninharias terrivelmente tolas e por costumes completamente idiotas. As seitas e ordens são só um espetáculo externo, pois seu interior está cheio de morte e fedor. Nelas não existe amor, mas somente inveja, desgosto, perseguição, ânsia de poder e honrarias, desejo subir na hierarquia, também grande cerimonial, cortes, orgulho, esplendor, desprezo ao simples, enfim, a avidez pelo poder em todo o seu esplendor.

4) Vede, estas são as seitas e ordens na atualidade, que eram só um pouquinho melhor quando foram criadas.

5) Por isto não deveis vos unir a nenhuma seita ou ordem, se desejardes viver; porém uni-vos ao Meu Amor, nele não existem barreiras.


Dinheiro e mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de maio de 1842, à tarde

Ó Senhor, será que o mundo

Não pode existir sem o dinheiro?

Parece que Tu, quando homem, nenhum dinheiro tocaste.

A bolsa sempre carregou Judas.

E quando Te exigiam impostos,

Enviavas depressa Pedro,

Que pescava um peixe em cuja boca

Havia a moeda necessária, na hora certa.

1) Ó sim, Meus queridos filhos. Em Meu mundo sim, o mundo do Amor Verdadeiro. Mas no mundo do amor próprio e egoísmo, este não.

2) Vede, o trabalhador quer ser pago, pois assim não sendo, não poderia obter o pão do padeiro (nem este, a farinha do moleiro; nem este último, o trigo do fazendeiro etc).

3) O artífice também quer ser pago, pois precisa comprar suas ferramentas, para conseguir criar alguma obra e também para seu sustento, pois a cobiça dos homens não permite que se doe pão.

4) O empresário e o mercador querem especialmente bastante dinheiro, pois sem o mesmo eles também não podem negociar. E sem dinheiro também não há pão.

5) O tecelão também quer dinheiro, tal qual o ferreiro, pois sem dinheiro não existe pão em lugar algum, nem mesmo o pão do mendigo.

6) O Estado quer muito dinheiro mesmo, para pagar a seus funcionários muitas vezes altos salários por pouco trabalho. O que seria deles, se o Estado não conseguisse o dinheiro do povo?

7) Tu, filho, podes pensar bem e verás que na época atual o Mundo não consegue sobreviver sem dinheiro de jeito algum. Sim, posso afirmar que na atualidade o dinheiro é tão imprescindível, como Eu sou imprescindível para o Céu. Pois como não é possível imaginar qualquer coisa sem Deus, não é possível mais imaginar o mundo sem dinheiro, hoje e por todo sempre.

8) Cada mundo vive e existe pela sua divindade. Como os céus vivem e existem por Mim, o mundo todo existe pelo dinheiro e vive para este deus do mundo.

9) Ou não é verdade que todo homem, ao ver algo que ainda não é dinheiro ou de valor, tenta transformá-lo de imediato em dinheiro e dar-lhe um valor monetário, para que o deus do mundo se torne cada vez mais poderoso.

10) O que é do homem que não constrói (às vezes forçado) para este deus do mundo? Em quais apuros ele não se encontrará, se não o fizer!

11) A fim de que este deus seja adorado e servido em presteza, pontualidade e temerosa exatidão, como Eu nunca fui servido até agora, lhe foram erguidos suntuosos templos que se chamam Bolsa de Valores, bancos e todo tipo de caixas e fundos.

12) Mesmo as casas de oração já estão, na sua maioria, servindo a este deus. Eu sou somente um nome, uma referência insignificante nestes lugares. Pois com o “deus-dinheiro”, já é possível comprar o “céu” e a “vida eterna”.

13) Que homem ainda deseja um Deus melhor, mais poderoso e mais eficaz?

14) Se desejas conseguir uma esposa, mesmo que Eu vá fisicamente contigo, o pai da mesma nos expulsaria de sua casa, se não tivéssemos nos prevenido de bens materiais para oferecer.

15) Tu não Me precisas, nem junto a ti, nem em ti, mas sim do deus do mundo. Quando tu o possuíres, poderás bater em qualquer porta, que todas se abrirão com muito prazer, sem questionar nada além.

16) Onde está agora o pai cujas filhas não se venderam totalmente a este deus? Pois as mulheres desejam comer e estar bem vestidas. Onde se consegue roupas e alimentos sem dinheiro?

17) Vê, hoje em dia ninguém mais consegue viver sem dinheiro. Em verdade Eu te digo: Se Eu pessoalmente viesse ao mundo, como vim em Belém, Eu deveria conseguir dinheiro de qualquer lugar. E se os três reis magos viessem de novo com os seus tesouros, Minha Mãe biológica deveria colocar o ouro e demais presentes numa caderneta de poupança, para que Eu tivesse algo no futuro, caso desejasse percorrer o mundo são e salvo e conseguir o que comer.

18) Vede vós, o dinheiro é necessário no mundo para o mundo, pois é o “deus-dinheiro”.

19) Mas quem vem de Mim, este certamente dispensará o dinheiro facilmente, pois sempre terá o suficiente para sua necessidade, para saldar seus tributos com o mundo e pagar sua conta ao hospedeiro.

20) Porém aquele que não vem de Mim, este que sirva ao dinheiro, que lhe dará juros muito ruins no mundo espiritual, mesmo que o tenha colocado a juros de 100% em todas as casas de oração no mundo e os bancos estejam cheios de seus tesouros materiais.

21) Eu, porém, te digo: Em verdade, em verdade, Eu e o dinheiro somos dois pólos completamente opostos em todo o infinito.

22) Observa isto e tem certeza de que Eu sempre guardarei bem os Meus na Terra, mesmo que eles não tenham nem um tostão. Tu, porém, fica comigo, que terás a vida eterna em Mim, teu Pai. Amém.


Bênção espiritual das montanhas

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de maio de 1842, entre às 14:45 e 18:45 horas

1) O que ainda nos ensinam e catequizam as montanhas? O que as montanhas nos ensinam é bem claro para um montanhista que abre sua mente e coração para as mesmas. Ele ouvirá as seguintes palavras:

2) “Olha-nos tu, peregrino empoeirado, como conseguimos olhar a criação de Deus livres e independentes, desde os nossos altos topos! Uma brisa livre envolve nossa fronte, e raios do sol suavemente se quebram em nossas costas. Não existem demarcações que digam ao andarilho: “Até aqui e nem um passo mais adiante!”; porém a cada passo que ele der, cada vez mais ele se aprofunda em seu mundo. Pois no local em que ele nasceu, deve-se pagar impostos, nós, porém, não temos marcos delimitadores, e em nossos cumes não se cobram impostos. Por isto, andarilho, considera-te totalmente em casa, quando andas em nossas alturas”.

3) A verdade destas palavras se evidencia quando alguém pisa as alturas das montanhas. Da mesma maneira que seus olhos obtêm um amplíssimo campo de visão nas alturas, sua alma também obtém percepção amplamente maior em todas as direções, e desta maneira seus pensamentos se unem aos seus sentimentos. E este alguém, que talvez jamais tenha pensado com o coração, com a sabedoria e a doçura dos pensamentos do coração, verá como eles são livres e amorosos e com que amplitude (muito maior) eles se estendem além do horizonte da compreensão ordinária.

4) Se isto for assim, quanto conforto não sente a pobre cabecinha do andarilho, em volta da qual uma brisa livre e refrescante se agita, brisa que vem do mundo dos espíritos livres e do alto? E ele não se sentirá bem mais aconchegado e protegido, ao sentir que os raios do Sol - que na planície quase sempre são causa de ânimos acalorados - envolvem seu corpo num suave aconchego, e penetram seu coração liberto e feliz?

5) Onde existe autoridade limitante dos pensamentos nestas alturas e onde a cobrança disto, que é uma propriedade livre do Espírito Imortal? Onde encontraremos um marco para limitar os passos desta alma tão sensitiva?

6) Sim, aqui o andarilho aprenderá a entender o significado de ser livre nas alturas de seus pensamentos e nas profundezas de seus sentimentos, e a felicidade que se sente quando estes dois se encontram em harmonia. Também sente como o pensamento em Deus traz felicidade, se o andarilho conseguir amá-Lo e confessar sua fé Nele, das profundezas de seu coração, na liberdade infinita das alturas. Somente não conseguirá isto o andarilho que for escalar a montanha com ouvidos entupidos e olhos vendados.

7) Dizei-Me, pois, que pessoa, com um interior só um pouquinho acordado, não se sentirá embevecida com estes sentimentos divinos, se ela se encontrar nestas alturas abençoadas, numa manhã ensolarada?

8) É possível que o homem consiga pensar coisas grandes e divinas nas planícies, mas é o mesmo que um faminto quando lê uma receita deliciosa num livro de cozinha. Nesta ocasião uma refeição simples, mas verdadeira, lhe seria de muito mais emprego do que a leitura de milhares de receitas deliciosas, das quais não conseguirá comer nada.

9) Assim podemos dizer que nas alturas os sentimentos interiores e o reconhecimento dos mesmos são algo muito mais poderoso e muito mais intenso, do que se consegue assimilar em seu quarto. A diferença é a mesma que existe entre uma farta refeição e uma receita. Ou qual é a pessoa que usufrui pensamentos mais verdadeiros: aquele que caminha ao lado de sua amada, ou aquele que ama alguém de quem só possui uma pintura ou uma descrição? Certamente aquele que está com a verdadeira, com a viva.

10) Nas alturas o andarilho obterá, sem maior esforço, revelações e esclarecimentos que nas planícies lhe custarão grandes esforços. Por isto é bom ir mais vezes até as alturas, pois o esforço será muito bem recompensado.

11) O ganho será muito rico e em dobro. Em primeiro lugar, todos os espíritos necessários à vida natural serão fortificados. Este, porém, é o menor dos proveitos, apesar de uma escalada de montanha ser muito melhor do que dez visitas à farmácia ou ao médico.

12) O proveito extremamente maior é o do espírito, pois este recebe fortificação extremamente poderosa de sua pátria original.

13) Quem dentre vós não se sentiu bem mais aconchegado e protegido nas alturas de uma montanha, do que se estivesse no centro de uma cidade totalmente povoada? De onde pensais que vem este sentimento?

14) Perguntai às montanhas, que elas prontamente vos responderão: “Vê, isto é o que teu sentimento interior te diz; certo, ainda um pouco nebuloso, mas definitivamente verdade”. Pois aqui é teu verdadeiro lar, no círculo de teus ancestrais, os quais há muito já se encontram aqui, plenos de felicidade.”

15) Vede, isto é o que vos ensinam as montanhas! O que mais elas ensinam e predicam? Ouvi-as com mais atenção, elas ainda têm muito a dizer.

16) Para vos esclarecer melhor o que ainda vem, vou contar-vos uma curta historinha de montanhas.

17) Havia um homem santo, mas ele já era bem idoso. Este homem tinha que conviver com várias provações. Entre as mais fortes era o fato dele ter perdido a mulher e filhos, menos uma jovem de mais ou menos vinte anos.

18) Bem, ele ficou sozinho com esta sua filha, numa casinha ao pé de uma montanha bem alta, numa fazendinha que mal dava para sustentá-lo mais sua filhinha, uma empregada e um velho servo.

19) Este homem orava muitas vezes para Mim, em companhia da filha. Chorava muito, cheio de saudades de sua família e desejava muito se juntar à mesma o mais breve possível.

20) Uma vez num sábado, após ter orado até além da meia noite com sua filha, sonhou que ela e seu pai tinham subido até o topo mais elevado da montanha. E quando de lá olhava à distância a vista maravilhosa, viu várias nuvenzinhas muito bonitas dirigirem-se ao local onde ele se encontrava; ao chegarem, viu que as mesmas eram pessoas.

21) No começo estes seres estavam cobertos por um véu, mas quando o retiraram, o homem viu que eram seus amados que tinham partido, e até a mãe lá estava a beijá-los e abraçá-los. Choraram de felicidade por este reencontro tão desejado, e a mãe disse à filha de vinte anos:

22) - Querida filha, da mesma forma que hoje aqui estás, amanhã de tarde todos vós devereis aqui estar, pois nesta ocasião vereis e ouvireis muito mais. Mas mesmo assim deveis manter o lar na mais perfeita ordem.

23) Após ouvir isto a filha acordou e chamou seu pai, que ainda dormia. Ao ver que já amanhecia, o pai, como de costume, se levantou, se vestiu e foi chamar os empregados. Após isto, voltou para seu quartinho, onde a filha já o aguardava, para iniciar as orações matinais.

24) Ele abençoou sua filha, a beijou, ajoelhou-se e iniciou as orações. No fim das mesmas, a filha abraçou e beijou seu velho pai com tanta alegria, que ele perguntou:

- Filhinha, o que aconteceu que estás bem disposta?

25) A filha então retrucou:

- Pai, por acaso não sonhaste nada esta noite?.

26) - Tenho uma vaga lembrança de que algo sonhei, mas não consigo me lembrar o que; respondeu o pai.

27) A filha então contou o que ela sonhou e o pai a ouviu com atenção. Ao fim ele disse:

28) - Filhinha, hoje vamos fazer o que tu sonhaste! Vamos logo agora, bem cedo, à igreja assistir a missa, e logo depois do almoço subiremos a montanha junto com nosso servo. Se sairmos logo ao meio dia, chegaremos ao topo na metade da tarde. Poderemos aproveitar a ocasião e ver nosso gado, ver se está tudo bem com nossos pastores.

29) Assim foi feito e às três horas da tarde a família minúscula se encontrava no topo. Do mesmo modo como aconteceu no sonho, a filha agora também viu as lindas nuvenzinhas se aproximarem.

30) Tanto o pai como o servo também as viram, e quando elas alcançaram o local, os mesmos seres do sonho se apresentaram.

31) Quando o pai reconheceu naqueles seres os seus amados, e viu que eles o acolhiam cheios de amor. Ele começou a chorar de alegria e Me agradeceu do fundo de seu bondoso coração, por ter permitido tal bênção ainda na sua vida terrena.

32) Após esta oração de agradecimento sua visão interna se abriu totalmente, e ele viu tudo iluminado e transformado em habitação celestial e as maravilhosas casas em que os seus amados moravam. De uma destas casas ele viu um homem saindo. Ele tinha vários seguidores; este homem foi diretamente para o pai idoso e lhe disse:

33) - Vê, Meu filho amado, nos locais da Terra onde há muita alegria, algazarra e parecem estar cheios de vida e exuberância, lá, Meu filho, em espírito tudo parece morto e vazio. Mas onde para o mundo parece estar tudo morto, há em espírito, há muita agitação, vida e felicidade.

34) Observa: nas alturas da montanha não nasce nenhum cereal, não há vinhedos, pomares, como também não há minas de ouro. Mas o que aqui existe em espírito, tu estás a ver agora pela graça do Senhor.

35) Tu ainda terás que permanecer na Terra, encarnado, por um certo tempo. Durante este período trata de crescer em amor pelo Senhor. Vê, lá, junto à minha casa, aquela casa linda... Esta já é destinada para ti e os teus, quando teu tempo na Terra tiver acabado e tiveres iniciado tua vida eterna.

36) Aí então o velho reconheceu no interlocutor seu pai biológico.

37) Após o reconhecimento, a visão desapareceu, mas nossos andarilhos ficaram com um sentimento de felicidade, fé e amor. Louvaram e agradeceram ao Pai Supremo pela graça recebida.

38) O homem, que era triste, tornou-se alegre e feliz, cheio de amor. E assim viveu o tempo que ainda tinha. Quando sentia que a tristeza ou a saudade queria se apossar dele, dirigia-se à montanha, de onde sempre retornava vivificado.

39) Vede, estas histórias as montanhas vos contam, mas isto não acontece com qualquer um, pois as palavras só são ouvidas por corações humildes e vão direto à alma, como um suave murmúrio, e por esta elas conseguem atingir o amor do espírito.

40) Se vós, em poder deste conhecimento, vos dirigirdes à alguma montanha, e lá os mesmos sentimentos vos possuírem, então podereis dizer: “De fato, estes sentimentos são únicos e nos lembram nossa pátria verdadeira. São tão doces e agradáveis... e como tudo deve ser maravilhoso para aqueles que já conseguiram alcançar este lar”.

41) Por isto não deveis dizer esta ou aquela montanha é a que é usada como morada espiritual, pois isto sim acontece em todas as montanhas que não possuem marcos que indiquem propriedade.

43) Pode ser que estes sentimentos já vos tenham acometido em pequenas elevações, mas vivos de fato só se tornam em locais onde nenhum madeireiro tenha árvores para cortar com o machado.

44) Isto é o que vos contam, ensinam e predicam as montanhas. Amém.


Seguidores falsos e verdadeiros

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de maio de 1842, às 16 horas

Jacob Lorber escolheu o seguinte trecho do Evangelho de João 7-13: “Ninguém, contudo, ousava falar livremente Dele, com medo dos judeus”.

Um outro irmão escolheu Lucas 13-30: “Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos”.

1) Eles tinham medo de reconhecer-Me abertamente, pois seus sentimentos estavam cheios de temor dos judeus. Vede, estes são os últimos, mesmo que tenham sido os primeiros a receber o evangelho, pois temem mais as pessoas que a Mim.

2) Aqueles, porém, mesmo não sendo testemunhas e que recebem a Palavra em tempos muito mais tarde e em locais totalmente afastados, mas a recebem de imediato, e que são capazes de dar suas vidas para defender a mesma, se só desconfiarem que ela está sendo atacada, estes são os últimos devido à época e aos locais, mas de fato são os primeiros. Pois eles não temem aos judeus ou ao mundo. Pois a Palavra lhes fala em seus corações que Eu sou mais poderoso do que todo o judaísmo e o mundo, do que as trevas e o sacerdócio juntos.

3) Somente o fariseu teme aos judeus e não se atreve a enfrentá-los como seu inimigo, enquanto os mesmos forem ricos, poderosos, tiranizarem o mundo com seu ouro e prostituírem as pessoas com empregos rendosos.

4) Mas quando os judeus sucumbirem, o que acontecerá com este fariseu que vive sobre o muro? Eu vos digo: Este fariseu usará o casaco de acordo com o vento que estiver soprando, mas jamais conseguirá se tornar o primeiro, será sempre o absoluto último. E por quê? A resposta é muito fácil.

5) Uma mocinha inocente dará esta resposta ao seu namorado que lhe pede segredo sobre seu relacionamento. Dirá: “Por quê? Isto me deixa intrigada. Se me amasses de verdade, não acharias nada demais se alguém tomasse conhecimento de nosso amor. Tu, porém, cortejas muitas ao mesmo tempo e temes que descubram minha existência, e assim estragaria tudo. Por isto temes tanto. Eras o primeiro em meu coração, mas agora és o último a ter chance de possuir meu amor”. Vede, não é resposta certa à vossa pergunta?

6) Eu, porém, vos digo: Esta resposta Eu darei a todos aqueles que se comportarem como tais fariseus a Meu respeito, tornando aos judeus, pois estão amarrados aos mesmos pelas vantagens mundanas que tanto pregam: honra, bom nome entre os gentios materialistas e muito mais, o que é um verdadeiro horror para Mim.”

7) Eu vos digo: estes tais “primeiros” com toda a certeza serão os últimos. Porém aqueles que por puro Amor a Mim não temerem ao mundo e aos fariseus, estes sim, com toda certeza serão os primeiros.

8) Esta é a razão por que os sucessores estarão em patamares muito mais elevados, do que os que estão testemunhando a Minha Misericórdia, pois não temerão aos judeus como os temem os fariseus.

9) Observai estas atitudes na atualidade. Amém.


Um jeito sábio de educar uma alma

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de maio de 1842, pela manhã

Querido e amoroso Pai, peço-Te que me digas algo para levar a esta minha irmãzinha, cujo aniversário vamos celebrar. Não sei se ela de fato está interessada numa mensagem Tua, mas não quero chegar lá de mãos vazias, pois ela poderá pensar que a estou castigando por malcriações que fez para comigo. Se for Tua Vontade Divina, peço-Te uma palavra para levar-lhe. Obrigado Meu Pai Santíssimo.

A este pedido, o servo Jacob Lorber recebeu a seguinte mensagem do Pai:

1) Será que esta menina, tão envolvida com o mundo material, te pediu por isto? Tu dizes: “Não, não foi isto.” E tu Me perguntas se, em segredo e cheia de Amor e confiança, ela Me pediu por isto, terei que te dar a mesma resposta que Me deste: Não!

2) O que devemos fazer aqui, onde não existe o menor interesse vivo? Devemos jogar a Palavra Viva nos ombros destas crianças?

3) Tem certeza que isto não é o que faremos. Não, de jeito nenhum, pois em pouco tempo esta dádiva maravilhosa perderia todo o seu valor, qual dinheiro falso.

4) Vê, não podemos fazer isto, antes que isto nos seja pedido vivamente.

5) Hoje esta menina está com seu coração cheio de pensamentos e desejos em jovens rapazes e ideias de casamento. Seus olhos só conseguem enxergar alguém que talvez consiga realizar os seus sonhos mundanos. Vê, com este coração e estes olhos nós dois estamos sobrando totalmente.

6 ) Você tem uma ideia de que tipo de presente esta menina realmente deseja? Que Eu desse um jovem rico como noivo, em vez da Palavra Viva. Isto lhe seria de maior agrado.

7) Isto Eu só te digo, a ti, para que te dê conta de como estão os corações daqueles que às vezes chamam por Mim e até suspiram por Mim feito filhos amorosos, mas isto não acontece porque Me amam mais do que ao Mundo, mas sim para que Eu Me sinta lisonjeado e não deixe de dar-lhes o que realmente desejam: bens mundanos.

8) Estas pessoas não se preocupam em nada pelo Céu que Eu desejo dar-lhes. Elas só desejam aquele céu que elas criaram em sua imaginação, de acordo com sua cobiça.

9) Vê, Meu amigo, Eu conheço as pessoas bem melhor do que tu. Vê, o agricultor reza para Mim quando a seca chega, para que Eu mande chuvas. E quando chove demais, pede pelo Sol. O comerciante reza para que consiga comprar a bom preço e que possa vender a preços exorbitantes. O usuário chega a fazer oferendas nas igrejas, para que anos ruins aconteçam. O jogador chega a ferir sua língua de tanto rezar por um acerto no jogo. A jovem vai à igreja com afinco e se veste como se fosse ao teatro, e para quê? Por Amor a Mim? Não, ela espera com esta atuação religiosa encontrar-se com aquele alguém que ela ama mais que a Mim, ou então para que consiga encontrar um candidato a marido.

10) Vê, oram para Mim não como Eu sendo a meta, mas sim para que Eu seja um meio de conseguir seus anseios. Muitos se dirigem a Mim por razões mundanas e não por Mim intrinsecamente.

11) Deste tipo de amor, nós dois certamente não teremos nenhum prazer. Ou será que terias algum prazer, se uma linda jovem te utilizasse para conseguir um outro jovem? O que farias com uma amante deste tipo?

12) Não desejarias dizer-lhe: “Ouve ó tu, bajuladora, àquele que está em teu coração deves orientar teu pensamento, pois ele te está bem mais próximo do que eu. Deixa-me em paz até que um dia, talvez, venhas a mim com amor no coração”.

13) Vê, é esta resposta que Eu também dou. Pois não permito que Me usem como negociador. Quem Me ama, tem que Me amar pelo que Eu sou, e não pelas vantagens mundanas que poderei dar. Só assim Eu lhe darei o Meu Amor, que é a verdadeira Vida Eterna, e tudo o que for Meu também será de Meu Amor.

14) Aquele que Me procurar somente pelas vantagens mundanas, em verdade este Me é mais abjeto, do que aquele que ainda nunca Me procurou. Este tipo de parasita aproveitador pode ficar bem longe de Mim, pois Me causa nojo.

15) Vê, Meu amigo, por isto hoje Eu não poderei satisfazer teu pedido. Deixa a jovem, até que seu coração tome um novo rumo. Só então ela será capaz de receber algo de Mim; como ela é hoje, não é possível. Eu sempre desejo ser muito generoso, mas sempre no momento e no local certo.

16) Dize-lhe, porém, que Eu Me preocupo seriamente pela sua saúde, tanto física como espiritual, e que ela comece a considerar-Me com mais seriedade. Abençôo a todos. Amém.

17) Isto sou Eu quem te diz, Eu, que conheço as pessoas muito melhor que tu. Espero que compreendas isto. Amém.


Sobre as dádivas do espírito

Recebido por Jacob Lorber, em 31 de maio de 1842, pela manhã

Senhor Jesus, Tu, maravilhoso e amado Pai! Não Te é de agrado dar-me explicações sobre as visões que nosso irmão teve, ele que é bombeiro na montanha do castelo? Eras Tu quem lhe aparecia saindo daquela nuvenzinha branca? O que é que eu devo entender sobre isto? Estas visões já são um prenúncio de seu renascimento? Amado Pai, se for de Tua Santa Vontade, dize algo sobre este assunto. Mas que só Tua Santa Vontade aconteça eternamente. Amém. Como resposta, o servo Jacob Lorber recebeu o seguinte:

1) De acordo com esta tua pergunta bastante cega, as pessoas estão dotadas de diferentes talentos ou aptidões. Um tem o dom da profecia e o outro é vidente. Um outro tem o dom da premonição, mas seu vizinho tem o dom de ouvir. Alguns têm o dom de sentir perfumes e cheiros e o outro é bom no paladar. E entre cada um deles existe uma infinidade de variações e misturas. Alguém tem o dom da força de vontade, outro tem o poder de seus olhos. Cada um tem uma predominância de dom, que o outro não possui.

2) Se a pessoa se encontrar em total entrega, cheia do mais sincero amor por Mim, então ela poderá aumentar e apreciar este seu dom, até o mais elevado grau espiritual. Mas com isto nenhum possui vantagem sobre o outro, mas sim, já que tem este ou aquele talento, deveria, cheio de amor, servir a seus irmãos, pois por isto lhe foi dado um dom específico.

3) Se todos tivessem recebido os mesmos talentos e possuíssem a mesma riqueza – pensa bem – um irmão iria ao encontro de outro para pedir sua ajuda? Tenho certeza que nenhum faria isto, pois ele próprio foi agraciado com tudo.

4) Mas como, devido ao Meu enorme Amor, em todo o universo não existe nenhum ser que tenha sido agraciado com todos os talentos, então a falta de um dos talentos ou a existência do mesmo no teu irmão é a mais bela fita que une um irmão ao outro, a mais bela fita de Amor, que torna um irmão necessário ao outro, onde um precisa se apoiar no outro, para conseguir usufruir os talentos do irmão.

5) Por isto as visões deste homem bondoso a que te referes podem ser tão corretas, como é para ti ouvir a Minha Voz.

6) Mas ninguém em todo universo possui completamente um dos talentos. E também ninguém está completamente excluído de algum dos talentos. A diferença se encontra na intensidade em que se tem um talento sobre os demais. Toda pessoa tem um dos talentos mais evoluído do que os outros. Já outra pessoa terá outro talento mais evoluído. Ao passar à vida espiritual, o talento mais evoluído será o primeiro a ser acordado.

7) Então para um completo renascimento não é preciso ter visões, ou qualquer outro talento desperto, mas sim a total humildade e o mais profundo Amor. Tudo a mais é uma consequência disto e se baseia em possuir o intrínseco talento original: amor.

8) Creio que tu já deverias ser capaz de entender isto por ti mesmo. As visões de teu amigo são verdadeiras, apesar de estarem com algumas impurezas.

9) Tu, porém, permanece na Palavra. Pois nela é que estão as mais puras visões. Por isto a Palavra é a origem de todas as visões e da Luz. Entende isto. Amém.


Exortação para o servo deprimido

Recebido por Jacob Lorber, em 7 de junho de 1842, pela manhã

Pedido do servo:

Ó tu, meu querido Senhor e Pai Jesus, Tu, o mais santificado em todas as eternidades. Tu, conselheiro humilde de todos que estão necessitados. Tu vês que meu coração está acabrunhado pelos motivos que bem conheces. Não é necessário que eu tos apresente em viva voz ou em forma escrita. Por favor, dá-me consolo, a fim de que este meu coração não me incapacite de realizar a tarefa espiritual que Tu me deste para fazer. Eu, este pobre pecador, te peço que tenhas piedade de mim e que me libertes desta dor que tanto acabrunha meu coração. Tua Vontade se faça. Amém.

1) Sim, sim, sei muito bem o que te falta. Mas atenta ao seguinte: lá onde nada consegues fazer devido à vontade própria ou à liberdade de pensamento de cada um, não tentes mais nada no futuro; não desperdices o teu trabalho e esforço. Pois uma árvore cujo tronco está podre no centro não conseguirás reviver, mesmo que a regues diariamente.

2) Também não te preocupes com o falatório que se origina em bocas impuras e mundanas. Deixa que eles se fartem com sua “sabedoria mundana”, a qual é do mundo e pertence ao mundo. Deixa que falem, deixa que elogiem suas próprias riquezas materiais e que pratiquem suas caridades em dinheiro. Deixa que falem em preto e branco, deixa que considerem Minha Palavra, a nova e a antiga, uma total tolice. Vê Meu filho, esta pequena felicidade que usufruem dentro da sua “caridade de dinheiro” eles merecem, pois no fim desta curta vida terrena, tudo acaba para eles.

3) Vê, estes ultramaterialistas sempre são os mais fracos em espiritualidade. Eles são tão lerdos, como é a matéria em si, da qual eles tanto dependem. Este é o motivo pelo qual não conseguem se elevar acima dos patamares da natureza morta, a sua ou a dos outros.

4) Já que a matéria é para eles algo seguro e concreto, seus espíritos se entranham e se abandonam à mesma, e pensam feito ela até o último momento de sua vida material. E tudo que for de caráter espiritual para eles é mera tolice.

5) Como os seus espíritos estão completamente na matéria, lá de vez em quando dizem algo interessante ou então engraçado, numa conversa cheia de sabedoria mundana. Mas agora é que vem o grande porém. Agora ouvirás algo totalmente novo.

6) Se nestes seres a matéria destruiu o espírito, como um pavio aceso queima o óleo da lamparina e nesta ocasião a pequena chama se apaga, aí também se apagará o seu espírito para todas as eternidades. Pois eles não passam daquelas larvas humanas que não são nem frias nem quentes, elas são mornas; quer dizer, elas não são nem más nem boas, mas sim mortas, como é a matéria. Por isto elas serão cuspidas de Minha Boca; melhor dito, elas deixarão de viver após esta vida na Terra, pois reagem como se fossem pedras mortas, mesmo a qualquer castigo que as poderia reviver.

7) Mas onde não existe mais vida, que tipo de prêmio seria possível imaginar, já que o único prêmio realmente importante é a vida eterna? Esta é a razão de se dizer que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico, espiritualmente morto, chegar à vida. Em verdade Eu te digo: Se o rico não fizer o que mandei àquele jovem rico na Minha estada na Terra, ele não conseguirá receber a Vida.

8) Aquele que diz: “Eu economizo para meus filhos, para que eles possam ser independentes.”, também a este não estragaremos sua alegria de preparar, ele próprio, o sepulcro para os mesmos. Pensas que Eu Me importo com tais pessoas? Eu te digo que uma maçã podre Me é mais agradável que tais pessoas.

9) Por isto não precisas te magoar, nem te preocupar por elas, mas sim não deves invejar-lhes a curta felicidade que terão, tal como Eu o faço. Da mesma maneira que desprezam o Velho Evangelho e Me chamam de “pobre coitado”, isto mesmo dirão de ti, pois tu Me testemunhas, a Mim, o desprezível e crucificado.

10) Eu, porém, te digo: Se tua palavra tivesse o aplauso dos mundanos, ela não seria Minha Palavra. O desprezo do mundo é o mais eloqüente testemunho de tudo que vem de Mim.

11) Quem te injuriar e abalar estará Me injuriando e abalando. Pois tudo que vem de ti, se origina em Mim. Por isto sê alegre! Amém.


Problemas espirituais em família

Recebido por Jacob Lorber, em 7 de junho de 1842, à tarde

1) Escreve isto para o pai, suas filhas e sua esposa.

2) Para o pai: Eu, teu amado e divino Pai, te digo que deves Me seguir e ser fiel. Eu te digo isto, porque vejo que teu coração está balançado entre Mim e o mundo.

3) Isto não é bom, pois cada vez que o coração se inclinar para o mundo, ele, qual balde que retiramos do poço, vem cheio de outras coisas ruins além da água, tal como desconfiança, medo, angústia, indiferença a tudo o que é espiritualmente bom e bonito, infidelidade, zanga, inveja, vingança.

4) Vê, estes enormes males são relativamente pequenos no começo, mas no momento em que forem assimilados como sementes no coração, aí crescem com grande rapidez e matam, qual erva daninha, toda plantinha nobre que Eu semeei neste coração.

5) Vê, já que teu coração está se inclinando para este perigo, Eu, teu amoroso Pai, chamo tua atenção a isto, a fim de que não sofras qualquer prejuízo.

6) Mas se achaste que Meu servo e escritor teria que te dar algo diferente, mesmo sabendo que ele te ama de todo seu coração fraternal, observa que fui Eu que o inspirei, para te aconselhar a prestar atenção à indicação de teu coração. Meu servo sempre tem que seguir as orientações que de Mim recebe, tem que escrever o que lhe foi ditado, para acordar quem recebe a mensagem.

7) Mas como tudo que observas, se teu coração estiver disposto, pode se tornar um ensinamento para ti, quanto mais terá que ser uma lição que recebes de um servo que está diretamente em contato Comigo. Por isto, futuramente, observa bem tudo o que Meu servo disser. Pois ele não fala nada sem Minha orientação, por mais esquisita que a mensagem possa parecer: uma piada, uma gozação, ou principalmente algo bem sério.

8) Meu Amor é a riqueza que existe em todo o Universo, é a jóia mais maravilhosa de toda a vida. Quem possuir o mesmo possui tudo.

9) Pratica, pois, Meu Amor. Sê paciente em todas a situações e segue sempre Meus suaves mandamentos. Alegra-te muito com Minha Palavra e acredita sinceramente que sou Eu quem vos abençoa com o maná celestial, e te será fácil fortificar teu coração no Meu Amor e observar sempre fidelidade a Meu respeito.

10) No momento em que teu coração se fortificar em Meu Amor, todo ou qualquer mal abandonará teu corpo. Não deves duvidar de Minha Ajuda, mesmo que tenhas pequenos males físicos. Eu te digo que tudo desaparecerá, tão logo teu coração se voltar totalmente para Mim.

11) Não dizem as pessoas: “O verdadeiro amor deve ser conquistado na luta.”? Vê, isto Eu faço aos que verdadeiramente Me amam. Eu imponho situações desagradáveis aos seus corpos, tão logo Eu descubra lá, no mais afastado cantinho de seu coração, algo que não serve ao Meu Amor Divino. Esta foi a razão por que perguntei três vezes ao Meu fiel Apóstolo: “Tu Me Amas?”

12) Vê, Eu de fato sou bastante ciumento e não aguento a menor infidelidade. Como Eu te amo muito, Eu te confesso isto. Observa bem esta Minha confissão e assim darás enorme alegria a teu amoroso e santo Pai. Eu te darei Meu Amor por toda a eternidade.

13) Eu também te digo que não te escandalizes ou sangues, se alguma situação te parecer humilhante e que te melindre. Pois às vezes Eu Me oculto aos Meus filhos, até que eles consigam exclamar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.

14) Eu, porém, te digo que isto é salutar para a eterna saúde do espírito. Presta, porém, atenção! Eu nunca estou tão próximo, como no momento em que achares que Eu te abandonei.

15) Sê paciente, eleva teus pensamentos mundanos para Mim e sê de coração manso em todas as situações. Luta para estar sempre em Meu Amor e assim jamais te verás humilhado.

16) Observa isto muito bem em teu coração!

17) Tem sempre à vista Meu Amor e Minha Misericórdia, e assim jamais terás problemas em teu coração. Observa as visões como elas se apresentam e não como elas deveriam se apresentar, e assim conseguirás colocar um quadro preso em tua alma, e teu espírito te revelará o seu significado e o porquê das coisas se apresentarem desta maneira e não de maneira diferente.

18) Vê, no momento em que tu te tornas uno com Meu Amor e Comigo, tu também te tornas uno com Minha Vontade. Se te encontrares nesta situação, saibas que sem Minha Vontade nem um pardal cairá do telhado, que teu cabelo todo é contado e que nenhum fio será entortado sem Minha permissão.

19) Sei que isto alegrará teu coração. Ama-Me, semeia bons grãos nos corações de teus filhos, pois assim crescerás em Meu Amor.

20) Todos que se entregarem a Meu Amor usufruirão corpos e espíritos sadios.

21) Toda a vez que deixares tua casa, leva-Me contigo. Quando retornares para teu lar, convida-Me a ser teu companheiro de casa e logo notarás a felicidade que reinará no teu lar. Verás do que Eu sou capaz de fazer.

22) Não deves ficar matutando o que te curará, mas acreditar que Eu sou o Médico de todos os médicos, que Eu sempre te socorri e continuarei a socorrer, enquanto estiveres Comigo.

23) Não importa se sobre os ossos há muita ou pouca carne, mas sim quanto Amor por Mim existe no coração.

24) Esta é a razão por que todos devem se entregar com unhas e dentes ao Meu Amor, e logo a saúde habitará vosso corpo. Amém.


À noite das almas

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de junho de 1842, à tarde

Pergunta de um irmão:

Ó Senhor! Eu tenho a impressão que estou mais morto que vivo. Será que a “noite” não acabará em breve, devido ao Teu Amor e Misericórdia?

1) Isto só depende de ti! Se tu e tua casa abandonarem totalmente tudo o que for mundano, aí a noite terá acabado! Mas se algum de vós estiver situado entre duas pilastras equidistantes uma da outra, o que acontecerá? Se na manhã ele for puxado para a pilastra viva, mas ao anoitecer uma outra pilastra o puxar com a mesma intensidade em direção à morte, como ficará este ser dividido em dois?

2) Vós mesmos dizeis: “O esperto cede”. E Eu te digo que sempre tenho de ser o tal “esperto”, cedendo com sua força de atração a pilastra do amanhecer, se o mestre guloso da pilastra da noite puxar com força demais.

3) Se Eu, neste momento, também começar a puxar, tu te tornarás um inseto (este animal não tem consciência) e ficarás sem um átomo espiritual. É esta situação que te motiva a achar que tu estás mais morto que vivo.

4) Mas se tu desejares – pois depende somente de tua vontade te livrares das amarras da pilastra da noite – esta tua “meia-noite” logo desaparecerá. Pois a pilastra da manhã não mais emitirá sombras, mas a pilastra da noite, esta sim permanece emitindo uma sombra bem grande.

5) Porém aquele que Me enaltecer na sua fé, ou quem Eu já amarrei totalmente com as amarras da Vida, este será inteligente em livrar-se bem depressa de tudo o que ainda o atrai para a pilastra da noite.

6) Isto não é tão difícil como possais imaginar. Um Amor verdadeiro e vivo por Mim torna tudo fácil, e então nada é impossível.

7) Mas se tu desejares discutir Comigo sobre algo referente à pilastra da noite, descobrirás que ainda existem amarras que te ligam à mesma.

8) Estas, porém, devem ser arrancadas do corpo. Antes disto, a tua “meia-noite” continuará a existir.

9) Presta bem atenção a esta lição, pois Eu não acho mais necessário dizer de Quem ela vem!

Jesus Cristo vive em mim!

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de junho de 1842, pela manhã

1) Escreve, escreve! Naquilo que você se lembra vagamente no teu tempo, para Mim já era totalmente claro por eternidades.

2) Dá esta mensagenzinha à vossa irmãzinha que usa o nome de Meu apóstolo Paulo e dize-lhe o seguinte em Meu Nome:

3) Ela deverá apoderar-se de Minha Palavra do mesmo jeito como ela se apoderou, no ato do batismo pela água, do nome de Meu Apóstolo, do nome de quem veio a ser seu padrinho. Não “Paulinus”, como queriam seus familiares, mas sim “Paulo”, que era chamado Saulo e só se chamou Paulo após Meu Batismo de Fogo, de forma divina, e que atuou em Meu Nome, usando-o.

4) Já que ela possui o seu nome, ela deverá possuir em seu coração tudo que Paulo possuía: a Mim mesmo; e dizer o que ele disse “Agora eu não vivo mais, mas Cristo vive em mim”.

5) Eu, porém, digo: Feliz aquele que, com Paulo, for um verdadeiro “Paulo”. O nome somente não santifica a pessoa, mas este nome lhe será um grande certificado, se for levado cheio de fé em seu coração, do mesmo modo que o levava o apóstolo Paulo.

6) Eu vos digo: Aquele que não se chamar “Paulo” em seu coração, este não usufruirá muitas riquezas em Meu Reino. Pois “Paulo” significa espiritualmente “Cristo vive em mim, é todo meu ser, é um lar para o Espírito Santo”.

7) Vê, Minha filha, isto significa o nome que usas. Procura, então, dentro de ti a verdade deste nome, pois senão estarás mentindo para Mim cada vez que afirmares: “Eu sou e me chamo Paulina.” Isto espiritualmente significa: “Eu agora vivo completamente, pois Cristo em todo seu Amor, o espírito divino, vive em mim”.

8) Deves viver fielmente de acordo com teu nome, pois o possuis para sempre, mesmo quando receberes o batismo pelo fogo divino e teu espírito renascer.

9) Vê, este presente te dou no dia de teu nome, para que disto entendas, o que significa possuir em teu coração e te portar de acordo. Isto é mais valioso que todo o ouro ou prata do mundo.

10) Sê uma digna portadora do nome “Paulina”, para que te tornes uma querida e verdadeira filha, agora e eternamente. Amém.


Da amizade do Senhor (presente de aniversário)

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1842, pela manhã

Este é um presente para vossa irmãzinha que hoje está de aniversário.

V.15 – “Eu vos digo que não sois servos. O servo não sabe o que o Senhor faz, mas Eu vos disse que vós sois Meus amigos. Pois tudo o que eu ouvi de meu Pai, eu vos transmito”.

V.16 – “Não fostes vós que me escolhestes, mas Eu vos escolhi, a vós, e vos constituí para que produzais frutos e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda”. João 15. V.15 e 16.

1) Entendes, Minha filhinha, o que Eu quis te dizer com estes dois versículos? Vê, é o maior presente que um espírito pode almejar: a obtenção da liberdade total, que se baseia na Minha verdadeira e íntima amizade para com aqueles que Eu escolhi.

2) Vê, nenhum de vós Me escolheu, Eu sim cheguei a vós e vos escolhi. Podes duvidar de que Eu vos escolhi? Não vos dou, a todos, todos os tesouros do céu, que são do Pai e que é o eterno Amor em Mim?

3) Já que Eu vos escolhi - a ti, Minha filhinha, e aos outros - Eu vos coloquei no paraíso da Vida Eterna, para que possais produzir os frutos mais nobres e sempre possais Me pedir o que desejardes, para que Eu vos possa dar.

4) Já que vos é claro que Eu vos escolhi do mundo e de tudo que é material - o que é a verdadeira e mais dura escravidão e a mais horrível servidão - poderias achar que Eu vos teria escolhido para que voltasses à escravidão e servidão, ou sim para que conseguisses chegar à mais ampla e completa liberdade da vida interior do Amor por Mim e para Minha Amizade?

5) Quem é aquele(a) que Eu chamo “amado amigo, amada amiga.” ? Considera bem o que significa Eu te chamar assim.

6) Em verdade Eu te digo: Se Eu te desse os tesouros do universo, todos os anjos e todos os céus, isto não seria nada comparado ao presente que te dou ao chamar-te Me amigo, Meu irmão, Minha amiga, Minha irmã.

7) Preste bem atenção no que estás recebendo neste teu aniversário. Vê, neste dia recebes Minha Amizade e és recebida na Minha Misericórdia, para que amadureças rapidamente nela e que obtenhas o renascimento do teu espírito para a Vida Eterna!

8) Em verdade, vós sois Meus amigos escolhidos, vós tendes Meu Espírito Santo, vós nunca mais sereis escravos do pecado. Tu, Minha Filha, também não mais serás uma serva do pecado, mas sim permanecerás eternamente em Minha Amizade. Amém.


Conselhos para casais

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de junho de 1842, pela manhã

1) Escreve, pois novamente Eu há muito sei o que desejam saber.

2) Meus queridos, estais tristes, pois faz algum tempo que tendes um pedido sobre um assunto de sobejo conhecido e que até agora não respondi. Aqui, meus amigos, é o caso típico onde um bom conselho se torna caro. Eu vos digo, e podeis acreditar sem reservas: No inferno e na época atual aqui no mundo, até para Mim é difícil dar um “bom conselho”, a não ser que Eu usasse, junto ao bom conselho, a Minha Onipotência.

3) Se Eu assim fizesse, de que valeria o conselho? Vede há algum tempo Eu dei um bom conselho, acompanhado pela Minha Onipotência, à tal chamada Índia Ocidental (América). Aconselhei-a a voltar à atuação laboriosa e cheia de amor fraternal, que se afastasse do mundo e que se retirasse para o Meu Convívio. E o que aconteceu? Devido a isto muitos povos daquela região foram disseminados e outros perderam seus lares e suas terras.

4) Vede, com este exemplo e com outros exemplos mais no futuro podeis ver o que acontece com atitudes onde Minha Onipotência é aplicada. No exemplo mostrei civilizações, mas o mesmo poderá acontecer com uma pessoa ou com um pequeno grupo de pessoas como sois vós. No momento em que Eu vos desse um conselho onipotente, o que no primeiro pareceria eficaz logo poderá transformar-se em julgamento.

5) Se, porém, Eu der aos humanos um conselho simpático e carinhoso, talvez por uma intuição nos seus corações, ou como é aqui, pela mensagem escrita de Meu servo vidente, dizei-Me: onde está aquele que vai acreditar nisto totalmente e desta maneira seguir Meu Conselho fielmente? Pois as mentes dos seres humanos estão tão perturbadas e materializadas, que o maior milagre no mundo lhes parece uma coisa totalmente banal e corriqueira.

6) Com isto podeis ver que, em algumas ocasiões e sobre alguns assuntos, até para Mim dar um bom conselho se torna uma tarefa difícil.

7) Mesmo assim, vou dizer-vos algumas considerações sobre o assunto que tanto vos preocupa, mas somente do Meu ponto de vista, e não do ponto de vista e da situação em que se encontra este mundo enlouquecido.

8) Vede, se alguém engravidou uma jovem após lhe ter feito muitas promessas de casamento, aí só pode haver três casos que o libertem deste compromisso: 1) a morte de um ou do outro; 2) uma total incapacidade ou incompetência, causada por algo ou alguém, de assumir as obrigações do casamento; 3) se a jovem, sem culpa alguma de ambas as partes, for infiel ao homem em seu coração e aceitar as promessas de amor de um outro pretendente, a quem ama de verdade.

9) Vede, estes três casos são vistos por Mim como motivos. Os originados em desculpas mundanas são por Mim considerados nulos e não existentes.

10) Aquele que disser: “Eu bem que gostaria de me casar com a jovem, mas minhas considerações financeiras não o permitem...”, a este Eu digo: “Tu, que podes fazer as contas tão bem após pecares, porque não fizeste as contas antes do pecado? Em verdade para Mim estás bem atrasado, para fazer contas tão favoráveis para ti”.

11) Pois Eu não reconheço nenhuma conta que te liberte do pecado e que te desobrigue de teu compromisso. Por quê? Porque o homem jurou com este pecado e já quebrou o eterno compromisso quando foi batizado pela água. Com este pecado capital ele não deverá acrescentar mais um igual ao pecado capital anterior.

12) Em segundo lugar este homem calculista deve se lembrar que seu bem estar na Terra não depende de seus ganhos ou de seus pertences materiais, mas sim de Mim, que o provê de tudo. Deste modo ele, com seu coração cheio de fé e confiança em Mim, facilmente verá que a provação do mundo é bem mais fácil do que o mundo e suas contas em si.

13) Pois aquele que Eu provejo, este sim está verdadeiramente garantido em todas suas necessidades. Por enquanto muitos, de várias maneiras, se debatem no cárcere material, pois seus cálculos resultam bem maiores e mais difíceis, do que se tivessem feito cálculos com Minha ajuda e aprovação.

14) Vede, este é o único conselho que vos dou: Calculai tudo, mas sempre Me convidai como seu sócio e companheiro. Mas quem seguirá este conselho tão verdadeiro e simples? Será que ele será seguido por alguém?

15) Em verdade quem não se casa por amor a Mim, este está atuando incorretamente. Mas quem deu sua palavra a alguém e depois quebra a mesma, este estaria em grande pecado. Mas se além disto tiver engravidado uma jovem e não cumprir seus deveres com a mesma, estará num pecado eterno e jamais poderá apagá-lo do seu Livro da Vida.

16) Podeis dar este conselho aos vossos amigos, mas será que vos darão ouvidos? Amém.


Nova Revelação na Suécia

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de junho de 1842, à tarde

Ó Senhor, podemos dar crédito às revelações que foram dadas na Suécia, onde se chama todos a fazer penitência e que se diz que, após nós, o animal com sete cabeças e dez chifres se elevará e que uma cabeça com dois chifres já está visível? O mundo cruel chama esta visão maravilhosa de peste ou epidemia de prédicas. Ó Senhor, perdoa-os, pois não sabem o que blasfemam!

1) Eu já vos disse nas revelações de Meu servo que Eu permitiria que Minha Misericórdia e Minha Luz descessem do céu, para iluminar diferentes locais da Terra. Se isto acontece e acontecerá com mais frequência no correr dos anos, por que é que vós admirais, já que tudo vos foi predito?

2) O que é que predicam os Meus filhos suecos puros, quando são tocados pelo Meu Espírito? Predicam penitência verdadeira! Então quem poderá pensar que aquilo é uma doença ou obra de Satã?

3) Acreditai em Mim e vede como este grande povo das cidades se comporta totalmente sem freios. E vós direis: “Não, não, tal Evangelho é totalmente diferente do modo pelo qual a maioria do povo das cidades vive e atua”.

4) Mas como vós já sabeis de sobejo, aquele que tem Cristo em seu coração, que O ama sinceramente, que não é contra Cristo, mas a Seu favor, como também a favor de Seu Reino eterno, e poderá facilmente ver por que tipo de espírito estes filhos suecos são orientados.


Elias, o precursor

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de junho de 1842, à tarde

Malaquias 4.5 (na Bíblia “Ave Maria” - 3-23): “Vou mandar-vos o profeta Elias antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.”

Mateus 17-10: “Em seguida os discípulos o interrogaram: - Porque dizem os escribas que Elias tem que voltar primeiro?”

1) “Pedi, que vos será dado; procurai, que achareis; batei, que as portas se vos abrirão.”. Dizei-Me: De quem são estas palavras consoladoras? Vós dizeis que elas são Minhas. Se assim o reconheceis, Eu vos pergunto o que é que vos impede de seguir estas palavras eternas e verdadeiras que se originam em Mim? Este ato tornaria o entendimento da Palavra das Escrituras um fato muito fácil e claro.

2) Por acaso sabeis de quem é a culpa na vossa dificuldade de entender? Simplesmente da vossa ignorância e insistência em Me procurar na infinita violência, no poderoso, no enorme e superdivino, e não no suave Amor.

3) Vós certamente ainda procurais o Deus, o amoroso Pai, Aquele que não acha inferior Sua dignidade por em movimento a asinha da minúscula mosca e cuidar da mais humilde plantinha, para que cresçam. Vede, este que tanto se humilha, este amável, paciente e amoroso Deus e Pai ainda é mais ou menos um estranho em vossos corações.

4) Jesus, Aquele que carregou os pecadores em Seus Ombros, O que chamou para Seu lado os cansados e deprimidos, Jesus o único Bom Pastor - Ele, o Crucificado - este vós ainda não conheceis.

5) Já que este Jesus tão extremamente afável e suave vos ainda é um desconhecido naquilo que Ele é e como Ele é, então o grande profeta Elias também vos é um desconhecido, tal qual o “grande e terrível dia do Senhor”.

6) Se por acaso não entendeis coisas que não existem ou que estão muito afastadas de vossas mentes, podereis vos desculpar dizendo: “Ó Senhor, entender isto só é possível àqueles que convocaste”. Mas se a escrita da Vida está em vossas mãos, gostaria de saber qual desculpa poderíeis Me dar, se Eu vos perguntasse: “Porque não entendeis aquilo que deveríeis entender em primeiro lugar e da maneira mais rápida?”

7) Quem é o aqui mencionado profeta Elias? Por favor, abri vossos ouvidos e escutai! É o Meu Amor, que antecede a qualquer julgamento, como acontece convosco neste momento e com muitos outros (revelações e profecias de Jacob Lorber e outros). Isto é o “Elias”. Quando este Meu Amor começar a chegar até vós, então podereis ter certeza que o “Elias” já lá se encontra. Elias são os raios de luz que precedem Meu Amor, este Amor que está chegando a vós pleno de Seu Poder de Fogo e em sua infinita Plenitude.

8) Aquele que se apoderar dos suaves raios luminosos de Elias e permitir que os mesmos o penetre, este em verdade também sobreviverá aos mares de fogo de Meu Amor, que estão prestes a chegar.

9) Cuidado, porém, aquele que não tiver se apoderado do “Elias”. Este não sobreviverá ao grande fogo de Meu Amor, quando este chegar pleno de força, para apoderar-se de todas as criaturas vivas.

10) Aquele que não conseguir sobreviver em espírito ao Elias com sua carruagem de fogo do Amor e não conseguir com ele se elevar para o Céu, como poderá esperar sobreviver ao fundo da fogueira, frente ao qual a carruagem de Elias não possa de uma pequenina chama.

11) Vede, este é o ponto escuro que existe em vós, este ponto escuro que deveria ser (em vós) mais claro que o Sol brilhante do meio dia. Prestai bastante atenção ao “Elias”, que já se encontra entre vós, para que não sejais destruídos pelo Meu Grande Fogo, que está por chegar. Amém.


Reconhecimento dos profetas verdadeiros e dos falsos

Recebido por Jacob Lorber, em 4 de julho 1842, pela manhã

Referente ao primeiro livro dos Reis, cap. 19, vers. 7-18

1) Quando leres com alguma atenção o que aqui está sendo dito, e quando observares, sempre iguais respostas deste profeta, o maior do povo de Israel, será impossível que não consigas ver como um profeta verdadeiro se distingue do falso, este que é um servidor de Baal e um fariseu cego no verdadeiro sentido da palavra.

2) Para que não tenhas dúvidas de como as coisas estão estabelecidas com referência às diferenças entre o verdadeiro e o falso profeta, Eu te chamo a atenção ao que diz o profeta Elias.

3) Por quem é que o profeta Elias chamava? Chamava ele por direitos mundanos? Por poder e violência e por ganhos materiais? Por prata e ouro? Ele dizia: "Eu só chamei pelo Senhor Deus Zebaoth".

4) Vê, se alguém chama por Deus sem esperar recompensa nenhuma e atua de acordo, tal como o fez Elias, dize-Me: Este alguém é um profeta falso?

5) Mas se um chamar pelo reconhecimento mundano de sua igreja, e seu dirigente está coberto de ouro, prata e pedras preciosas, enquanto o outro chama somente por Mim, qual dos dois profetas é o verdadeiro? Eu creio que para descobrir isto, ninguém precisará usar de seus conhecimentos em matemática.

6) Elias sendo um completo e verdadeiro profeta, como é que Me reconheceu quando Eu passei pela porta da caverna do Monte Horeb, enquanto ele ainda se encontrava escondido dentro da mesma? Ele Me reconheceu no forte vento? Vê, então Eu também não Me encontro naqueles que fazem verdadeiras tormentas e muito alarde? Pois esta é a maneira mais autêntica de atuar dos fariseus cegos.

7) Ou será que Elias Me reconheceu no fogo que veio a seguir? Vê, novamente Eu não Me encontro no fogo e naqueles afogueados que só conseguem profetizar uma desgraça sobre outra, julgamento após julgamento, pois não conseguem reconhecer Deus no Amor, mas somente no fogo do julgamento.

8) O verdadeiro Elias, porém, Me reconheceu, a Mim, Deus Zebaoth, no silêncio e suave murmurar da brisa, quero dizer: Elias Me reconheceu verdadeiramente no Amor, somente no Amor.

9) Se tu, porém, também Me reconheceres feito Elias, no suave murmurar da brisa do Amor, como é que poderás ser considerado um profeta falso? Deixa que os profetas do mundo falem e apostrofem contra nós. No fim veremos quem levará a noiva para casa.

10) Elias foi designado para ser um juiz de amor sobre Israel, por isto é que teve que fugir para Damasco, coroar como reis Hasael e Jeú e nomear Elisa profeta, para que estes conservassem vivos aqueles que não se curvaram frente ao Baal, e que deveriam, com a espada, separar o joio de Baal do Meu puro trigo. O que aconteceu pela força neste exemplo, está acontecendo agora em espírito. No fim, a vitória pertencerá ao Amor, o qual vencerá todos os "ventos" "terremotos" e "fogos".

11) Agora julga a ti mesmo e encontra o profeta verdadeiro no meio de toda a multidão, que é uma serva do mundo.

12) Elias, pois, é um verdadeiro profeta. Mas também todo aquele que me encontra como Elias me achou: no Amor. Entende isto. Amém.

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O homem e a mulher na ordem divina

Recebido por Jacob Lorber, em 6 de julho de 1842, pela manhã

1) Escreve esta mensagem que Eu vos dedico com alegria, pois Me causa felicidade responder a questões que se originam em corações puros como os vossos.

2) Vede, aqui está um círculo, uma linha totalmente circular em volta de um ponto central. Vede, este ponto central sou Eu, e o círculo é o poder de Minha Ordem Eterna, a qual continua a existir de Mim. Neste círculo é que estão todas as criaturas.

3) Este círculo, porém, está dividido em sete círculos concêntricos. No círculo que se encontra mais próximo a Mim (o ponto central) é onde estão as pessoas da Terra, os que são Meus Filhos. No segundo círculo se encontram os habitantes das estrelas. No terceiro círculo os animais da Terra. No quarto círculo os animais das estrelas. No quinto círculo todas os vegetais dos planetas, sem distinção alguma. No sexto círculo se encontram os planetas, luas e cometas. Finalmente no último círculo encontram-se os sóis, sem distinção de tamanho.

4) Vede, esta é Minha Ordem. Do ponto central emana toda a vida e todo o ser. E tudo passa por todos os círculos, desde o mais próximo do centro até o mais afastado. Mas em cada círculo tudo toma a forma espiritual condizente a eles. Meus sete Espíritos se renovam continuamente e existem sempre. Este é o motivo por que eles se chamam “Os Sete Espíritos de Deus”, que não são nada mais que as criações organizadas do ponto central e que atuam ao seu modo próprio, vindos de Mim.

5) Imaginai, pois, o primeiro, o mais interno. Nele se encontram a mulher - com a cabeça voltada para o ponto central - e o homem - cuja cabeça ultrapassa o círculo - situado no lado oposto da mulher. Aqui vem a pergunta: Qual a razão disto? Vede, a Vida Original, que começa no ponto central, passa por todos os círculos até chegar ao sétimo, onde ricocheteia e volta ao ponto central.

6) Como é que acontece o tal retorno de toda a Vida? O ser humano é absorvedor desta vida que está voltando para si, devido a sua posição e sua consistência. No momento em que estiver se carregando com substância de vida, ele permite que ela flua para a sua réplica, no lado oposto. Aqui a vida é alimentada e é renascida para uma perfeição maior. Quando tiver alcançado esta perfeição, então ela retorna ao ponto central como uma vida livre e autoconsciente. Esta perfeição, porém, é novamente expelida em direção aos círculos de fogo dos sóis, para que novamente se fortifique ao passar pelos sete círculos por Mim criados.

7) Se, porém, observastes este posicionamento verdadeiro, dizei-Me quem está mais próximo a Mim, o homem ou a mulher? Vossa resposta com certeza é: a mulher, pois está posicionada dentro do círculo mais central. Mas agora traçai uma linha desde o núcleo até o círculo dos sóis. O que significa esta linha? Vede, esta linha significa a Minha Paciência.

8) Já que a mulher se encontra dentro do primeiro círculo e consequentemente Me está mais próxima do que o homem, que projeta sua cabeça para fora do mesmo, qual é a conclusão natural? Que a Minha linha da Paciência, que toca a mulher antes que ao homem, é bem mais curta na mesma, pois, emanando da mulher, só após tocá-la é que atingirá ao homem.

9) Já que isto está assim estabelecido em Minha Ordem por eternidades, que tipo de regras serão as da mulher? Ouve bem, a mulher deve ser muito mais dócil do que o homem; se não for assim, Eu chegarei com Meu castigo justo muito antes para ela, do que para o homem. (quero dizer que, se a mulher não for dócil, será castigada com muito mais rigor que o homem).

10) Mas como uma mulher consciente e dócil pode ser a raiz de toda a vida - feito Maria - uma mulher indócil e descrente pode ser a base de toda a desgraça e destruição. Esta é a razão por que a Minha Linha de Paciência para a mulher é bem mais curta que a do homem.

11) Observa isto muito bem, tu, Minha amada mulher. Tu e tuas filhas assim estareis sempre sadias e vivas espiritualmente, pela eternidade. Amém.

Modo de se comportar durante um eclipse solar

Recebido por Jacob Lorber, em 7 de julho de 1842, pela manhã

1) Eis aqui alguns cuidados que devereis ter amanhã de manhã, durante o eclipse solar. Estes cuidados são relativos à vossa saúde.

2) Se observardes livros sobre história onde houver referência ao universo e à uma grande mortandade, tereis que considerar a coincidência que existe entre esta e a ocorrência de eclipses solares. Geralmente após um certo tempo há ocorrência de peste negra, epidemias de gripe e doenças pulmonares, tifos e febres intestinais, praga de pulgas, piolhos, todo tipo de disenterias e muitos outros.

3) Vede, a coincidência de tais circunstâncias não é totalmente independente, como querem nos incutir os assim chamados sábios e poderosos do mundo.

4) Pesquisai nas histórias dos antigos romanos e vereis que nenhum teve algo de feliz a constatar após este fenômeno da natureza. Muitos povos se refugiavam em suas casas, nas cavernas subterrâneas, de tanto pavor. E se dois povos estivessem guerreando, então imediatamente combinavam uma trégua ou mesmo a paz definitiva. Isto acontece ainda em grande quantidade nos dias de hoje.

5) Qualquer pessoa com um pouco de raciocínio deve perguntar-se: Qual o motivo por que os antigos e os povos da atualidade enfrentam este fenômeno com tanto respeito e temor?

6) A resposta é bem fácil de se encontrar, pois ela se encontra na expressão latina “exporentia docet” (a experiência nos ensina). Os seres humanos só sentem o temor após terem relacionado as desgraças com o eclipse solar que os precedeu.

7) Esta é a razão que os homens ainda hoje acreditam que nesta ocasião chove veneno. Pergunto-vos: Como eles chegaram a esta conclusão? Aqui dirão que é porque eles ouviram esta afirmativa de seus pais, avós, etc. Até agora ninguém sabe onde se originou esta ideia.

9) Já que na Europa geralmente acontecia uma epidemia da peste negra (varíola), todos acreditavam que uma chuva venenosa verde caía do céu e envenenava a água dos poços (esta é a razão que começaram a cobrir os mesmos com telhados). Outros afirmavam ver dragões nas cercanias do Sol escurecido e que estes lhes imputavam epidemias e os envenenavam.

9) O que devemos pensar deste tipo de tradição? Eu vos digo: Nada mais que um comportamento cauteloso ante o fenômeno, pois a expressão “experentia docet” não é tão vazia como parece.

10) Em primeiro lugar acontece um conflito cósmico, cujo motivo e origem só Eu conheço. Mas pensai: se a bênção de toda a natureza se origina por Mim nos raios solares, na ocasião em que a luz solar for interrompida por mais de 50.000 milhas esta benção também será consideravelmente interrompida, e os espíritos malignos então têm liberdade para aprontar as suas.

11) Se desejardes passar pelo eclipse sem dano algum, recolhei água no dia anterior, tomai vosso desjejum antes do eclipse acontecer, não comais nem bebais nada durante o fenômeno, nem ao ar livre durante o dia todo. Permanecei em quartos fechados e usai defumador de juníparo (zimbro).

12) Também seria melhor ficardes nos compartimentos fechados, mas se tiverdes que sair, protegei-vos com um óleo vegetal (os cabelos também), ao qual adicionai gotas de juníparo (e levai algumas bagas do mesmo nos bolsos).

13) O principal de tudo é que permaneçais em Meu Amor, confiando sempre. Nada vos acontecerá.

14) Pensai bem que, além do motivo matemático dos astrônomos, há um motivo bem mais importante.

15) Observai isto, que nada vos acontecerá. Amém.

16) Ainda vos aconselho a ler o Salmo 71 de David, especialmente a partir do versículo 13, que ele vos será de grande consolo de todo e qualquer mal que vos deseje acometer. Mas dizei os versículos cheios de confiança e entrega.

17) Observai isto bem e considerai Quem vos está dando estes conselhos e por que Ele o faz. Amém.


Acontecimentos na natureza como indicadores do fim

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de julho de 1842, pela manhã

Pedido do servo (Jacob Lorber): “Tu, bem-amado e santo Pai Jesus... vê, estão acontecendo tantos fenômenos na natureza, os quais não são comuns: terremotos, incêndios, maremotos, enchentes e muitos outros similares. Qual é o significado oculto dos mesmos? Para onde estes desastres nos levarão? Eu, este pobre pecador, peço-Te que afastes minhas dúvidas com Tuas palavras simples e claras, mas somente se isto for de Tua Vontade. Amém”.

1) Então escreve. O que achas que devemos fazer com aqueles que têm um sono pesado e que mesmo enquanto a manhã começa a avançar continuam dormindo, quando nós sabemos que a hora de acordar e se preparar para os afazeres do novo dia urgem?

2) Vê, a estes dorminhocos sacudimos, puxamos, molhamos com água e chamamos até que acordem para o novo dia, a não ser que tenham passado do sono para a morte. Estes então necessitarão de uma sepultura.

3) Vê, estes fenômenos da natureza que indicam o fim dos tempos não são nada mais nem nada menos que estes sacudidores, que desejam acordar tais dorminhocos (não imaginas quantos há) de seus doces sonhos mundanos e também se desfazem dos totalmente mortos.

4) Por favor, crê: uma nova época está bem perto. Para acordar o povo, o clamor da natureza vai ficar cada vez mais forte, e em pouco tempo terás notícias de um acontecimento que ultrapassará tudo o que houve até agora. Então muitos dirão:

5) “Onde estão as orgulhosas legiões mundanas que deveriam ter acendido guerras e ódios em todos os países? A noite os juntou, mas o dia os vê se desfazendo qual pequeno regato sem força, após ter sido aumentado por uma chuva passageira, cobrindo rochas e plantações, como se estas devessem se ajoelhar ante as águas. Mas estas tormentas se despedaçavam contra as testas altaneiras e fortes dos filhos confiantes e bramiam de terror, pois o braço mortal do mar se estendia em sua direção".

6) Eu te digo, presta muita atenção quando isto acontecer. E nenhum justo deve temer os acontecimentos. Pois quanto mais desastres acontecem, cada vez mais se anunciará o doce colorido da aurora e os raios luminosos da mesma serão vistos na Terra e pelos seus habitantes e na Terra (coração) dos mesmos.

7) Cada um deverá estar vigiando atentamente. Cuidado! Pois se demorarem um só instante, o ladrão terá se apoderado se sua casa, onde roubará, matará, queimará.

Vê, a água da faísca brilha,

E a Terra será por ela incendiada.

O Sol obteve sua medida,

e o “Karmel” já se libertou.

Meditai, meditai, por quanto tempo, por quanto tempo,

a era das trevas ainda durará.

Eu vos digo neste momento:

Ela se prepara para a última batalha!

8) Vê, o mundo chama desde seu último sonho; sim, de um último sonho ele chama: “Deus! O que o homem é? Uma maravilha? E ele uma junção de opostos que se originam na oposição? É o homem um enigma insolúvel? Ou ele é um resto de si mesmo, uma sombra que restou do ser original, uma edificação em ruínas e que nestas ruínas não mais é possível detectar a beleza, a grandeza e a superioridade do ser original?”

9) Sim, ele próprio se jogou sobre os muros, do cume de seu livre arbítrio por ele deteriorado, e frequentemente caiu no fundo do poço. Vê, o sonho não é ruim. E como consequência, os acontecimentos também não são.

10) Eu te afirmo: a humanidade se tornou uma ruína muito velha e totalmente em decomposição. Mas as “ruínas” não sabem que sob seus escombros ainda existem enormes e maravilhosos tesouros.

11) O Senhor deve ter uma razão muito boa para permitir que o usem feito uma “mula de carga”. Mas em breve todos deverão aceitar a guia, e todos deverão puxar o carro e se inclinar sob o jugo.

12) Vê, isto revelam os acontecimentos! Aquele que possuir uma luz deixe que ela fique acesa pelo novo dia até o fim. Amém.

13) Isto vos diz o Alpha e Omega. Amém.

A Estrela no Ocidente

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de julho de 1842, à tarde

Na “Criação de Deus” - Vol. 1 / cap 1.12 podemos ler: “Uma estrela no ocidente já está a brilhar, a qual indicará o caminho para Orion. E o fogo do Grande Cão a todos destruirá!” O que significa o “ocidente”, a “estrela”, “Orion”, o “fogo” e o “Grande Cão”? Quem são os que serão destruídos pelo fogo do Cão?

1) O “ocidente” é a palavra interna e viva, pela qual conseguiremos a compreensão verdadeira da Antiga e da Nova Aliança.

2) A “estrela” é a luz do amor inerente na palavra.

3) “Orion” é o Amor de Deus.

4) O “fogo do Grande Cão” significa a grande fidelidade deste Amor, pois cão é o símbolo da fidelidade.

5) Aqueles, porém, que “o fogo destruirá” são os homens materialistas e apegados ao mundo.

Então o que realmente significa o escrito acima é: “A luz do amor da palavra nova abrirá o caminho para o Amor de Deus. E a fidelidade deste Amor destruirá todos os incrédulos, indecisos e pecadores. O ocidente já foi liberado e a estrela do Amor já está bem alta no céu”.

Esta é a explicação para estas palavras um pouco acima de vosso entendimento. Mas já que Eu as esclareci bem melhor, elas deverão ser respeitadas e acatadas com muito mais afinco. Amém.

Isto diz o grande “Orion” através de seu “Grande Cão”. Amém. Amém.

O julgamento do mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de julho de 1842, à tarde

1) Escreve, pois Eu já sei o que desejas. Lê em Daniel cap. 3, vers. 14-20. Aí já encontrarás algo a respeito do reino da Terra, este reino que ficou totalmente surdo às vozes dos pobres, os seus irmãos que estão prestes a morrer de fome, tanto em corpo como em espírito.

2) Eu, porém, te digo, mesmo sem Daniel: O país do mar (Inglaterra) afundará e as ondas destruirão a orgulhosa rainha, se ela não se apiedar das lamentações sofridas dos oprimidos. Vede a América, lá já começou o dia do pagamento. Aqui, ele só está no começo.

3) A miséria (sim, ela é a professora) ensinará aos povos que o bem estar é um bem para todos e não pode ficar nas mãos de uns poucos usurários satânicos que dela se apoderam com uns pedaços de metal, e na atualidade com pedaços de papel rabiscados. Já é bastante horrível que as pessoas coloquem travas e fechaduras nas portas de suas casas, castelos e portões, para que não sejam roubadas daquilo com o que o inferno está pavimentado. Maldito seja aquele que coloca um muro por volta de sua diabólica propriedade. Em verdade, em verdade, Eu, o Senhor da Vida e da Morte, te digo: Aquele que for egoísta e grosseiro contra seus irmãos, este Eu farei roer estes muros e estes marcos de fronteira por tanto tempo, enquanto o Sol iluminar este planeta. E lhe será apresentado um coração de pedra, e somente quando este amolecer com suas lágrimas, então este usurário conseguirá um pouco da Minha Misericórdia.

4) Tem paciência! Pois estes são somente suaves começos de advertência para o que ainda virá se abater sobre estes ricos e enormes filhos de Satã. Vê, o julgamento já se encontra em seus calcanhares.

5) Em verdade, este estirpe perderá sua identidade! Estes monstros Eu transformarei em crocodilos e dragões na poça da morte eterna. E o abismo mais profundo terá neles os mais fieis habitantes. Eu te digo: Este país e todos os países opressores, muitos já estão recebendo seus prêmios do outro lado, mas ainda será bem melhor...

Nota da tradutora:

Este artigo foi recebido quando se questionava a política colonial e desumana de alguns países, especialmente da Inglaterra.


Nosso Sol

Recebido por Jacob Lorber, em 8 de agosto de 1842 – das 16:30 até às 18:30h

Com a mensagem que vem a seguir iniciou-se a revelação sobre o sol natural (assim denominada para diferenciá-la do “sol espiritual”, recebido mais tarde). O “Sol Natural” foi recebido quase que diariamente, até seu término no dia 21/11/1842. Quem escrevia o ditado de Jacob Lorber foi Anselmo Huttenbrenner. O “Sol Natural” é um livro de 308 páginas e existe uma tradução em português de partes do mesmo.

1) Aqui não será necessário estabelecer-se o posicionamento desta estrela luminosa (o Sol), pois todo mundo o consegue ver diariamente. Por isto vamos iniciar a mensagem com a pergunta: “O que é o Sol?” Após respondermos esta pergunta, tudo se organizará facilmente e terá aspecto maravilhoso. Bem, vamos fazer a pergunta: “O que é o Sol?”

2) O Sol do ponto de vista dos planetas que o circunavegam é uma estrela fixa. Mas por si só ele é um planeta total, pois ele (tal como a Terra e a Lua o circunavegam) gira em torno de um Sol central por vós já conhecido, com todos os seus planetas e tudo que se move no Cosmo ao redor deste vosso Sol. Esta viagem claro que é muito mais longa que a da Terra em volta do Sol. Ela precisa de mais ou menos 28.000 anos terráqueos para completar seu círculo.

3) Com isto concluímos que o Sol não é puramente um sol, mas sim é um planeta em tudo, o qual, pelo seu tamanho no contexto cósmico, possui muito mais luminosidade do que qualquer um de seus planetas menores.

4) Mas já que o Sol é um planeta perfeito em todos os sentidos, ele deverá possuir todos os elementos que compõem os planetas menores, claro que em potências muito mais elevadas. Então deveremos encontrar no Sol, em forma extremamente mais perfeita, tudo o que encontramos nos planetas menores em forma imperfeita; pode ser em Mercúrio, Vênus, na Terra e sua lua, em Marte e nos quatro pequenos planetas (Palhas, Juno, Ceres e Vesta), em Júpiter e suas quatro luas, em Saturno e seus anéis e sete luas, em Urano e suas cinco luas, em um outro planeta bem mais distante e suas três luas e finalmente em todos os cometas (que são aproximadamente 12.000 milhões). E todos, não importa a que distância, se movem em torno do Sol.

5) Para simplificar: O planeta perfeito - Sol - é a essência natural e perfeita de todos os seus filhos; ou melhor dito, neste planeta perfeito acontece tudo (claro que de uma maneira extremamente mais perfeita e viva) do que acontece em qualquer um de seus planetas, satélites ou cometas. Vamos então apresentar alguns exemplos:

6) A crosta terrestre do vosso planeta Terra é morta, dura, rochosa e não é capaz de produzir absolutamente nada sem a luz do Sol. A superfície do sol, no entanto, é suave e amena, não é rochosa nem arenosa, ela é suave como é a carne de uma pessoa. Para que entendais melhor, ela é elástica, de tal maneira que se alguém caísse no seu solo, não se machucaria, pois ele cairia como se fosse sobre um colchão de ar. A superfície não é da dureza de vossa borracha, mas sim muito mais suave, composta de minúsculos saquinhos de éter da vida.

7) De fato isto também acontece em vosso planeta, mas os saquinhos aí são muito ásperos e não cedem se houver uma queda ou batida, mas sim se juntam com mais intensidade, apresentando uma resistência dura. Com o passar do tempo nesta união eles se agregam com tanta força, que adquirem a textura de pedra e nesta circunstância apresentam uma resistência muito maior. Esta é a razão por que a vegetação de um planeta é muito mais deficiente que a da perfeita planta do Sol.

8) Pois num planeta, como, por exemplo, é vossa Terra, uma semente com um núcleo vivo deve ser enterrada, para então entrar em decomposição e com este ato amolecer a cápsula (saquinho) que está nela. E com o amolecimento da mesma este núcleo vivo se liberta e assim consegue inalar o éter que lhe será o alimento. Logo em seguida deve introduzir uma boa quantia de raízes entre as cápsulas da crosta, para que ela amoleça. E com o aumento de seu volume deve afastar e despedaçar a crosta e assim conseguir o alimento necessário para tornar-se um planeta e crescer.

9) E isto necessário no planeta perfeito Sol? Vede, aqui existe uma enorme diferença. Como a crosta deste planeta é tão suave e amena, as partes que constituem uma planta já se apresentam sem ser necessária a ação da semente para acontecer o que explicamos no item anterior. E as plantas crescem nas mais diferentes formas, em quantidades imensuráveis, em uma beleza impar, com grande utilidade, qualidade excepcional e que não será encontrada em nenhum outro planeta, pois o Sol, com sua luz e seu tamanho, é muito mais que qualquer outro de seus filhos.

10) No Sol, nenhuma árvore ou qualquer outro vegetal, possui raízes nem sementes, pois lá tudo nasce e cresce como vossos musgos, liquens e fungos. Só que estes vegetais (do Sol) não são tão efêmeros como os exemplares da Terra. Ao contrário, quando algo é plantado (ao estilo do Sol) esta planta permanece para sempre. E mesmo se esta planta for cortada pelos habitantes do Sol, ela não será morta e se reabilitará em pouco tempo, pois as raízes não são de matéria concreta, mas sim pequeninas veias etéreas que logo se recompõem e renovam em todo seu esplendor.

11) Neste momento muitos pensarão: Pois é, se não é possível arrancar estes vegetais, será que com o passar do tempo não haverá tantos, que será impossível qualquer outro ser se movimentar no solo solar?

12) Este definitivamente não é o caso, pois os habitantes do Sol têm uma força de vontade tão forte, que em muito ultrapassa a força de crescimento dos vegetais no solo solar. Assim que não cresce uma única planta, nem uma graminha, sem a presença ativa da vontade humana. Esta vontade é lá única, mas com infinitas e diferentes categorias, para as infinitas e diferentes sementes que existem no Sol, o planeta perfeito. Assim que só nasce uma árvore ou uma planta no sol onde a vontade humana quiser ou precisar, e será do jeito que ele (o homem solar) o desejar. Esta é a razão que neste planeta perfeito não existe definitivamente nenhuma forma vegetal, mas estes sempre se produzem plantas de acordo com a vontade do homem solar. Se alguém produzir uma planta ou uma árvore por sua vontade, ninguém mais que ele mesmo poderá dar cabo da mesma, ou se for alguém a quem o criador da planta deu este direito.

13) Por esta razão há uma infinita variedade de vegetação na superfície solar. Pois no vizinho próximo não existe uma única planta igual à da minha casa. Cada um retira do seu solo uma planta diferente, todas as vezes que desejar criar algo novo. Mesmo que observásseis cuidadosamente o sol por milhares de anos, sempre encontraríeis vegetações diferentes, uma mais maravilhosa que a outra, uma variedade sem fim. Com este pequeno exemplo já podereis ter uma ideia por que o sol é um planeta perfeito. Estas variedades são também encontradas nos planetas ou outros corpos celestiais, mas jamais com a perfeição do Sol.

14) Em vossa Terra plantas podem ser modificadas ou melhoradas, mas de uma maneira bem mais complicada e difícil. Somente na esfera espiritual é que as pessoas de outros planetas conseguem a perfeição solar. Também, por exemplo, pode-se reproduzir algo diferente em pinturas, fotografias, na palavra ou no idioma da música, quando produzido magnificamente por um poeta ou compositor que já estiver bem espiritualizado. Mas apesar de tudo, por mais perfeitas que pareçam as coisas nos planetas, não passam de meras cópias do que é inigualável e que acontece no planeta perfeito, o Sol.

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Conselhos paternais

Recebido por Jacob Lorber, em 8 de agosto de 1842

1) Eu assim o quero, e Minha razão é sempre o Amor e a eterna boa vontade, e todos Meus caminhos são plenos de luz. Isto tu deves observar muito bem, senão ainda hoje retirarei Minha Bênção de ti, e não poderás mais receber nada de Mim, a não ser a Obra Principal e mesmo desta não mais do que seis páginas por semana, e estas não poderiam ser lidas por ninguém, a não ser no fim da semana.

2) O que é o que tu deves observar? Ouve bem, são os três itens a seguir:

3) Número 1: Não deves mais tomar nada quente para a tua primeira refeição (café da manhã), para a tua saúde espiritual e corporal. Especialmente nada na casa da mulher da qual alugas um quarto, pelo que sempre Me cobra até o último centavo com juros altíssimos. Mais não preciso te dizer.

4) Esta é a mesma razão por que Eu desejo que tu não almoces mais na mesma mesa desta mulher. Pois tu és Meu servo, para divulgar o Meu Eterno Reinado, que é Meu Amor. Se tu não és nada por ti mesmo, és tudo em Meu Nome, tudo em Minha Misericórdia e Meu Amor. Aquele que te convidar à mesma, Me convidou.

5) Não te deste conta de como Me era desagradável compartilhar a mesa desta mulher que só nos consideraria se Eu fizesse crescer dinheiro em seu jardim?

6) Já que agora sabes Quem se senta contigo à mesa, então evita este lugar que Me causa desgosto. Entende isto e atua de acordo, que Minha Bênção te acompanhará até o fim dos teus dias na Terra, com a conquista de Meu Amor por toda a eternidade. A não ser que queiras que Eu faça contigo o que disse acima.

7) A mesa à qual Eu Me sentarei com alegria contigo deve ser cheia de amor, como acontece na casa do irmão que escreve teus ditados. Se só comeres pão duro, isto seria melhor do que comer deliciosos manejares numa mesa onde só se fala de assuntos de dinheiro e nada se comenta sobre Minha Palavra. Bem, este foi o primeiro item.

8) Número 2: Com respeito ao “Sol Natural”, que Eu te digo e que teu irmão escreve, este só deve ser lido pelos outros componentes quando a obra estiver concluída. Pois de outra maneira causaria uma indigestão ao espírito dos vossos companheiros, ou este manjar dos deuses seria devorado como se fosse um simples “prato feito” apresentado num jornaleco qualquer. Mas como disto nenhum espírito consegue alimentar-se nem vivificar-se, isto aconteceria com Minha Palavra sobre o Sol e não haveria proveito algum.

9) Mas de fato com o “Sol” Eu vos dou a maior luz. Na sua totalidade esta obra iluminará e incendiará o espírito de cada um; mas se fosse apresentada aos poucos, só causaria pequenas cócegas, como se fosse uma piadinha qualquer, mas nunca faria arder em chamas calorosas o espírito, iluminando seu cárcere. E Eu vos dou esta Luz Maravilhosa somente por esta razão.

10) Por isto abençoarei esta obra (Sol Natural) somente ao término da mesma! Este é o segundo item a ser bem observado. Todas as outras obras que já recebestes poderão ser lidas e comentadas todos os dias. Especialmente aconselho que leiam novamente “A Mosca”, “O Grande Sineiro” (montanha mais elevada nos Alpes da Alemanha) e “O Saturno”. Nestes livros existem trechos que não são bem entendidos na primeira leitura e causam muito mais curiosidade (ou somente curiosidade), do que a verdadeira fome espiritual de Meu Amor.

11) Observe isto, pois senão farei o que disse antes. Quem pode contra Mim?

12) Número 3: Dize a teu irmão J. D. que ele é bem vindo à Minha Mesa e à Minha Refeição de Amor.

13) Pois Eu observei o seu coração e lá encontrei retidão e probidade, e ele merece receber Meu Amor, Minha Luz e deverá comer à vossa mesa do Meu Pão Vivo, na Palavra da Vida em que consiste Meu Amor.

14) Ele que o faça tantas vezes quantas desejar e puder. Será tudo muito abençoado, tudo o que ele absorver.

15) Crê, Eu te digo neste momento: Eu tenho um grande Amor por este Meu Filho e quero mostrar-lhe isto de agora em diante.

16) Tu Me perguntas porque somente desde agora e não antes. Eu te digo: por Amor. Pois ante estes irmãozinhos devo Me retrair, para não assustá-los ao Meu chamado. Mas no momento certo, então, Eu os chamo. E eles entendem Meu desejo sem temor e cheios de confiança respondem ao Meu chamado e o seguem. Este é o porquê que somente agora chamo este Meu Filho, para que ele possa se apoderar plenamente de Minha Bênção, preenchendo seu coração ansioso com as dádivas de Minha Mão.

17) Não deves omitir estas de teu irmãozinho. Meu amado escrevente as revelará e manterá as portas de sua casa aberta também para este irmãozinho. Minha Bênção não lhe falhará. Amém.


Do Espírito da Verdade

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1842, pela manhã

1) Se a todo custo desejas escrever algo hoje, então copia do Evangelho de João, capítulo 16, versículos 8 ao 15; olha o que lá consta:

Versículo 8 -E quando Ele vier, convencerá o mundo a respeito da justiça e do juízo;

Versículo 9 - Convencerá o mundo a respeito do pecado que consiste em não crer em Mim;

Versículo 10 - Ele o convencerá a respeito da justiça, porque Eu Me vou para junto de Meu Pai e vós já não Me vereis;

Versículo 11 - Ele o convencerá a respeito do juízo que consiste no fato do príncipe deste mundo já estar julgado e condenado;

Versículo 12 - Muitas coisas ainda tenho a vos dizer, mas não as podeis suportar agora;

Versículo 13 - Quando vier o Tempo, o espírito da verdade ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão;

Versículo 14 - Ele Me glorificará, porque receberá do que é Meu e vo-lo anunciará;

Versículo 15 - Tudo o que o Pai possui é Meu. Por isso disse: Há de receber do que é Meu, e o anunciará.

2) Isto Eu dou aos irmãos por teu intermédio, sem restrição alguma, e cada um o assimilará ao seu jeito. Aquele que o assimilar como devido deve procurar em seu interior o significado verdadeiro destes textos bem difíceis e observar os trechos destacados.

3) Quem se apoderar destes ensinamentos Eu darei uma pequena luz em seu coração e com isto ele conseguirá descobrir muitas coisas maravilhosamente ocultas neste pequeno texto.

4) Mais tarde darei todas as explicações destas palavras. Isto logo acontecerá. Isto Eu, Jesus, estou a dizer. Amém.


Do Espírito da Verdade

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de agosto de 1842, pela manhã

1) De acordo com o predito no dia 15 de agosto, o servo Jacob Lorber recebeu os seguintes esclarecimentos sobre o texto de João 16, V. 8 – 15: Quando o espírito unificado do Amor e toda a Sabedoria e Verdade que emanam dele forem transportados das alturas para os corações dos homens, então não existirá mais o pecado. Já com o mundo sujo transformado e o Pai e o Filho totalmente unos, somente um Deus essencial existirá com todo o poder e força infinito de toda a divindade. Amor e violência (se ela ainda existir) serão de um único Senhor de uma Ordem imutável, na qual existe todo o Universo, já julgado em todo seu poderio. Pois somente o verdadeiramente livre é livre em Mim e Comigo; todo o resto está em julgamento e não conseguiria existir e sobreviver sem este julgamento.

2) Pois sob o nome de “Rei do Mundo” entende-se o poder do mundo, que parece ser livre. Desconsiderando isto, o poder do mundo, mesmo parecendo ser independente, se encontra sob Meu Poder Único e Absoluto, e sem Meu Consentimento nem uma partícula de poeira poderá ser movida.

3) Já que “castigar” significa o mesmo que convencer alguém pela força - o que é contrário à Ordem, pois deste modo os ateus seriam forçados à sua noite (trevas) - conclui-se, dos ensinamentos a vós apresentados e tirados das obras daqueles que estão em Minha Ordem e Justiça, que o Pai e o Filho são unos e que o Filho se originou no Pai, como uma luz se origina de uma chama brilhante.

4) Como a luz, a chama e o calor são unos então o Pai, o Filho e o Espírito também são unos.

5) O calor - que se origina da luz como esta se origina da chama - é o Espírito, que por si só não é nada, porém somente é em unidade com o Pai e o Filho, e assim tudo vivifica.

6) Esta a razão de Eu dizer: “Eu ainda teria muito a vos dizer, mas vós ainda não conseguiríeis aguentar o peso das palavras. Mas quando o Espírito Santo chegar, ele vos guiará em toda a verdade”. Quem não entender isto deixe o Sol falar no inverno, e ele entenderá na natureza tudo o explicado anteriormente. Não é que, no inverno, o Sol diz para uma parte da Terra o seguinte: “Vê, minha luz tem muito a extrair do solo, mas no teu estado atual estás incapacitada de produzir qualquer coisa. Mas quando o calor chegar junto à luz, o que é igual ao amor ativo, então esta retirará tudo quanto possível de teu interior (ou te guiará em toda a sua veracidade)”.

7) Mas será que o calor da luz conseguirá retirar do solo novos elementos? De jeito nenhum; os velhos elementos da Ordem é que ele extrairá. Desta mesma maneira o Espírito não falará por si mesmo, mas dirá as palavras Daquele de quem ele se originou.

8) Da mesma maneira que os elementos criados iluminam e clareiam com mais potência o calor da luz do Sol, já que ele se espelha nas suas formas originais e se reflete renovado, assim o espírito iluminará ao Filho, que é uno com o Pai. Pois ele não chamará sua própria imagem em vós, mas sim Aquele Único, do qual ele (o espírito) origina em toda a eternidade. Por isto se diz: “Dos Meus Ele o retirará e vos revelará”; quer dizer: Minha semente ele colocará em vossos corações para crescer, e então vereis Minha Maravilha em vós.

10) É isto que dizem os textos. Observai-os muito bem, pois neles se encontram os elementos do Renascimento. Entendei-os em espírito, com toda vossa força. Amém.

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Explicações sobre “O Saturno”

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de setembro de 1842, pela manhã

Senhor, nosso Pai e Santo, ouve minha súplica, eu, teu servo ínfimo. Tu que sempre me ouviste, a mim, pobre pecador, sempre que eu te pedia por alguma explicação, tenho certeza que hoje também me ouvirás. Pois tu sempre és correto com Tuas promessas na qual podemos confiar como confiamos que após a noite chega o dia. Eu gostaria de pedir-Te que, com toda Tua Paciência, me expliques isto que me parece uma contradição no livro “O Saturno” que estás passando para nós: como é isto de “habitalidade” das planícies deste planeta? Por favor Senhor, esclarece esta minha dúvida e ajuda-me, não deixando a pergunta sem resposta. Que Tua Vontade seja feita. Amém.

1) O que é isto que chamas “contradição”? Eu mesmo chamei tua atenção sobre este assunto. Pois quando deitavas, deixaste de lado três palavrinhas não importantes, e Eu assim o quis.

2) Porque Eu quis? Para que teu espírito recebesse uma nova sacudidela e em consequência procurasse com mais vivacidade tudo isto que Eu te dou tão vivamente na Minha Grande Misericórdia cheia de Amor e para que tu não considerasses Minha Dádiva como um presente corriqueiro e banal.

3) Em segundo lugar aconteceu uma pequena contradição, porque tu, devido a uma perturbação do exterior, esqueceste uma circunstância que Eu te dei em alto e bom som, na última explicação sobre a possibilidade de habitar. Eu disse: “... e, porém, especialmente alguns países continentais e, porém, suas partes sulinas...”.

4) E tu Me perguntas porque Eu não chamei tua atenção de imediato? Vê, Minha escola é bem diferente da escola dos habitantes da Terra. Eu, de vez em quando, permito que isto aconteça e jogo “pedras” nos Meus caminhos (de vez em quando), para que o Mundo se escandalize e assim se encontre em julgamento. Mas no momento em que alguém vier a Mim e Me pedir que Eu retire estas “pedras”, Eu logo o faço. Mas deveis abster-vos definitivamente de emitir comentários.

5) Tudo de bom àquele que corrigir seguindo Minhas intenções, pois este será iluminado. Mas aquele que Me censurar por Eu permitir que aconteçam tais pequenas contradições, este será castigado com a descrença.

6) Tudo o que por acaso acontecer tem sua razão de ser, uma razão cheia de amor e sabedoria. Por isto deveis vos preocupar mais com Meu julgamento que com o do mundo. O que Eu vos dou Eu não o dou para vantagens materiais, mas sim para escandalizar e alertar o mundo sobre o julgamento.

7) Por isto fazei o que Eu vos digo e nunca considereis o que o mundo dirá sobre isto. Pois Minha Dádiva não deve ser reconhecida pela compreensão do mundo, mas sim pelo coração do espírito, que a receberá como a Vida. Já será restabelecida a Ordem certa. Entendei isto e observai-o bem. Amém.

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Para um aniversário

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de outubro de 1842

1) Escreve isto para nosso irmão A.H.W. (*), para que ele veja que Eu, o Pai e Senhor dos Céus, sei exatamente o dia em que qualquer uma de Minhas criaturas nasceu na carne.

2) Ouve, Meu querido amigo, não é nada simples o momento em que alguém nasce do ventre materno. Pois você não imagina o que é necessário para que uma alma humana se torne madura, por todas as etapas que deve passar, para estar apto para o nascimento. Acredita, nem em eternidades conseguirás entender este processo tão difícil. Mesmo para Mim não é nada fácil tornar um espírito para ser humano (como os tolos filósofos dizem). Isto nos provam todas as pré-criações e todos os atos, que só existem para este fim (tornar-se humano).

3) É, portanto, correto que o dia do aniversário de nascimento é uma data bem importante para o humano, pois ele não é um acaso, mas já foi predeterminado e calculado por eternidades. Porque e como é que isto acontece, vou dizer logo. Ouve, pois:

4) Nos tempos profundamente infinitos e espaços sem fim foram criados por Mim espíritos totalmente livres e independentes, criados em número de três, e depois sete, e daí o infinito universo de espíritos. Devido à sua independência, alguns se afastaram de Mim, mas também muitos se uniram a Mim. O que deveria acontecer com os muitos espíritos que se afastaram de Mim? Deveriam sucumbir por toda a eternidade, ou deveriam ser feitas todas tentativas quanto possíveis para que voltassem junto a Mim?

5) Vê, até para Mim, o Poderoso e Infinito Criador, isto foi uma questão bem difícil de resolver. Se permitisse que eles fossem destruídos, então até na Minha Casa a morte coabitaria. Se os levasse de volta, então a inabalável divindade de Minha Eterna Ordem estaria ameaçada. Que seria possível fazer no caso?

6) Vê, a solução da pergunta ainda se encontra bem longe de ti, e ainda eternidades questionarão tal problema.

7) O que é, o que foi e o que será a solução do problema? O Amor, como a única Vida em Deus, teve que se separar do mesmo; de uma certa maneira, teve que pegar os inúmeros espíritos rebeldes, amarrá-los com todo seu poder e criar deles infinitos mundos materiais de tudo quanto é índole, cada um de acordo com a índole de espíritos que nele forem aprisionados.

8) Quando os mundos foram criados, descendentes dos sóis centrais originais, aí então cada átomo de mundo foi cuidadosa e exatamente calculado (com a exatidão de milésimos de segundo) para o momento de sua libertação do mesmo. Somente após ter feito este enorme cálculo, então só aí é que iniciaram as criações orgânicas do Universo, na maior e mais elevada Ordem da Criação Divina. Só após isto é que veio o homem, como o órgão receptor mais elevado e perfeito de todas as etapas que precederam e sendo um perfeito Ponto de Reintegração da Vida que foi em Mim originada e por Mim liberada.

9) A fim de que esta nova configuração deste antigo ser que se encontra junto a Deus não causasse desordem contra Ele, Deus teve que se tornar homem, para de uma certa maneira renovar novamente, depois construir um novo céu (paraíso) e finalmente dizer a todos que se renovassem tal qual ele o fez.

10) Vê, tudo isto está atrás de um único aniversário.

11) Observa bem o que este aniversário contém, assim logo poderás celebrar um novo, o espiritual.

12) Considera esta revelação como um presente que te dou do fundo do Meu Coração, Eu, teu amoroso Pai, pois assim terás uma grande alegria a cada aniversário, tanto aqui como no Além. Pois também no Além o dia do aniversário parece bem mais brilhante do que os outros dias. Que a benção paterna te acompanhe hoje e sempre e permaneça eternamente em Meu Amor. Amém.

(*) A migo de Lorber para quem ele ditava as revelações recebidas do Pai, pois detestava escrever.


Esclarecimentos sobre “O Sol”

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de outubro de 1842, pela manhã

Ó Tu, meu único e amado Senhor, Santíssimo Pai em Jesus, eu pobre e inábil pecador, servo descuidado, te peço, do mais íntimo de meu coração, que novamente me auxilies a sair desta trapalhada em que me encontro. Como já é de teu conhecimento, no ditado de “O Sol” houve uma pequena contradição numérica; isto é, no último planeta, onde no começo se diz que tem somente três luas e agora, quando o assunto é mais discriminado, fala-se de dez luas. Como devemos entender isto? Eu por mim Te confesso, Pai, que esta diferença de números jamais me afetou, mas aqui nosso amigo que já conheces tão bem, crítico como ele só, está questionando minhas revelações. Uma única palavrinha faz com que sua fé comece a balançar, e acha que está sendo objeto de enganações. Eu sei muito bem que toda e qualquer contradição é uma má interpretação nossa e que no fim tudo se encaixará harmoniosamente, mas, por meu amigo, peço-Te esclarecimentos. Será que não tenho mais capacidade de entender Tua mensagem? Se for assim, retira-me esta missão, entrega-a a alguém mais capacitado. Tenho medo de ser considerado uma fraude que usa Teu nome em vão, que diz receber Tuas mensagens. Livra-me disto e deixa que Te ame simplesmente, protege-me em Teu Amor e Misericórdia, pois não me sinto seguro ante as armadilhas do mundo. Ajuda-me de uma ou outra maneira. Se sou muito fraco para exercer tão sagrada tarefa, dá-me as forças necessárias, ou então coloca outro no meu lugar. Em verdade esta missão já se tornou grande provação e peso para mim, pois ela de fato é uma grande e pesada cruz. Mas como sempre, Tua Santa Vontade se faça. Amém.

1) Escreve, pois, tu, filho de Adão, tu que clamas pelas chamas do céu cada vez que te sentes prejudicado ou encurralado, o que te torna um verdadeiro Jacó!

2) Olha-Me! Observa bem o que os homens já fizeram comigo! Quantas vezes Me chamam de embusteiro, arruaceiro, um israelita preguiçoso, vagabundo, esquisito, idiota, mágico, mesmo servo de Belzebu. Mesmo agora na atualidade não estou mais bem situado. Zombam de Mim, riem e até Me insultam em toda parte. Ou então pior, Me renegam e Me ignoram e assim destroem até a última molécula da Minha Palavra e com isto Minha Graça e Misericórdia. Em lugares onde Me reverenciam só da boca para fora, nem preciso te dizer como isto Me afeta e como isto prejudica a todos. Tu bem conheces isto muito bem no mundo em que estás.

3) E mesmo assim não deixo que raios e trovoadas se abatam sobre Meus contestadores. Assim tu também sê manso e humilde e sempre cheio de amor, carinho e paciência com teus irmãos e irmãs, assim conseguirás muito mais com eles, do que se usasses raios e trovões.

4) Se teu irmão escrevente tem algumas questões a duvidar, mesmo assim não devemos nos zangar com ele. Ele não o faz para te acusar, mas sim por causa da Luz. Por isto Jacó (Jacob Lorber), nada de raios e trovões. Isto não é motivo para que jogues tua missão aos Meus Pés; continua com tua missão!! A luz se fará para cada um no momento e no lugar certo, e toda contradição desaparecerá como por encanto.

5) “Porque se a primeira tivesse sido sem defeito, certamente não haveria lugar para outra” (Hebreus 8-7). Isto é o que deves entender e observar. É por isto que o velho testamento é criticado e substituído por um novo. Vê, é assim também neste caso. Três grãos são colocados no solo e nos devolvem dez vezes mais frutos. Porque não devolvem só três? Porque os grãos que foram semeados na terra devem ser “criticados”? Sim, porque devem apodrecer, para permitir o nascimento de dez filhos e seu livre crescimento?

6) Convosco acontecem três, dez, ou muito mais contradições frequentemente; mas Comigo jamais, pois no Meu Reino mil é igual a um e um é igual a infinitamente muito.

7) Por isto aguarda com paciência e confia, que Eu de fato sou extremamente sábio. Na hora certa será provado por que na primeira mensagem só são mencionadas três luas e na atual dez.

8) Para que não te inflames novamente em tua ira, Eu te previno que na revelação de “O Sol” acontecerão várias contradições que serão resolvidas.

9) Esta é a razão para que não te inflames contra teu irmão, e ele não se amedronte. Pois o que tu recebes é assunto Meu. Eu saberei muito bem levar tudo de maneira tal, que este Meu assunto seja explanado da melhor forma. Para ti basta somente obedecer a Minha Vontade.

10) Que todos vós permaneçais bem longe de Minha Graça com vossa inteligência e razão. Pois senão ela se parecerá à semente que caiu das mãos do semeador entre as ervas daninhas e cardos. Pois na razão habita tudo o que é preocupação . Aquele que medir Minha Palavra com a razão em vez do coração, este dificilmente colherá frutos de Minha Semente.

11) Vê quantas contradições encontrarás para tua razão: Em Mateus duas mulheres chegam ao sepulcro, acontece um terremoto, um anjo aparece e afasta a pedra do sepulcro, se senta sobre o mesmo e informa as mulheres sobre Mim (Mateus 28-1-7).

12) Em Marcos chegam três mulheres, se preocupam com a pedra que é afastada por um poder invisível, elas então entram no sepulcro, lá encontram um jovem vestido de branco, sentado à direita, o qual as consola e informa sobre Mim (Marcos 16-1-7).

13) Em Lucas chegam várias mulheres (não se menciona seus nomes) até com óleos e especiarias e encontram a pedra afastada da entrada. Elas logo penetram no sepulcro e não encontram ninguém; quando já estavam bem preocupadas, dois homens em vestes brilhantes chegam e as informam sobre Mim (Lucas 24-1-7).

14) Em João só vai Madalena ao sepulcro, encontra-o aberto e sem ninguém no seu interior. Aí, ela corre ao encontro de Pedro. Pedro e outros discípulos ocorrem ao sepulcro. Lá só encontram os panos de linho dobrados num montinho e voltam para casa. Só então Madalena, que estava a chorar, olha para o interior do sepulcro e vê, aos pés e na parte da cabeça do mesmo, dois anjos em vestes brancas que lhe perguntam: “Porque choras, mulher?” Quando responde esta pergunta, Eu já Me encontro atrás de Madalena (João 20-1-14).

15) Quem ler isto somente com seu raciocínio humano o que será que vai pensar ante estes trechos tão diferentes e contraditórios, especialmente se for um crítico de Minha Palavra?

16) Eu te afirmo: ou a morte de seu raciocínio ou a morte de sua fé. A morte de seu raciocínio no fato de ali se supor um mistério divino e entregar isto à Minha Sabedoria e Onipotência. A morte de sua fé quando ele assim falar: “Se este fato fosse autêntico, mais de mil historiadores deveriam concordar em número, na maneira, nas palavras, enfim, em sua totalidade. Mas cada historiador narra algo diferente. Qual é o certo? Nenhum! E assim eu não acredito em mais nada”.

17) Vê, nem a fé nem o raciocínio deve ser morto. Como será isto possível? Eu te digo: somente pelo amor, humildade, mansidão e paciência!

18) Quando estes quatro fatores se tornarem unos no homem, então a Luz da Vida se tornará presente nos corações dos homens em cada vez maior quantidade, e todas as contradições serão destruídas.

19) Observai isto muito bem e assim conseguireis esclarecer todos vossos questionamentos. Mas se quiserdes descobrir Meus Tesouros com a razão, Eu vos afirmo, então somente encontrareis lixo.

20) Meus tesouros são somente para o coração, e não para a razão. Aquele que deseja despertar seu coração por meio da razão, este poderá ter certeza que somente conseguirá a morte de seu coração. Pois não há nada mais fraco do que o amor que vem da razão.

23) Aquele que desejar vencer a Vida, este deve amar cheio de humildade e paciência! Ele não deve exigir contas de Mim (como o faria a um administrador incompetente) antes do seu tempo. Pois os verdadeiros filhos amam ao Pai e não se zangam com ele.

24) Observai e entendei isto. Amém, vosso Pai.


Ciência Verdadeira e Viva

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de novembro de 1842

1) Escreve, pois, o que tu queres. Dize ao teu escrevente que o dia do aniversário significa muito mais, mas que não é possível entender ou saber tudo enquanto ainda estiver no mundo, enquanto não tiver passado totalmente ao mundo espiritual.

2) Devo Eu informar isto aqui na sua totalidade? Isto seria de pouquíssima utilidade. Pois a ciência vivifica tão pouco o espírito do homem, como o ar externo vivifica os órgãos dos pulmões se não for inspirado, ou como somente a visão de deliciosas refeições consegue satisfazer ao faminto.

3) Aquele que em verdade quiser ficar satisfeito, este deve digerir a comida, para que com esta atividade o espírito se exercite, assim se fortifique e, como consequência desta atividade, se entusiasme, se exalte e finalmente se inflame. Quando isto acontecer, então sim o homem estará de posse da verdadeira e viva ciência, pela qual será levado à totalidade da Sabedoria.

4) Com "exaltar-se" e "inflamar-se" entende-se o Amor por Mim e com "entusiasmar-se" entende-se o amor ao próximo; isto nem é preciso explicar. Está escrito na Palavra: "Se não conseguires amar a teu próximo, a teu irmão que está visível na tua frente, como poderás amar a Deus que é invisível?" Isto não é o mesmo que Eu diga: Se algo que deve ser queimado não foi aquecido, como é que poderá esquentar sem o prévio aquecimento? E como, sem o prévio aquecimento, será possível obter-se a chama viva interior que nos leva ao conhecimento e à sabedoria interior?

5) Vós direis : “A pólvora inflama sem um pré-aquecimento e o raio se origina no ar gelado e na nuvem fria”. Ó sim, Eu vos digo que pouco se consegue com a luz da pólvora incendiada e bem pouco com o raio, pois nenhum é duradouro e com este inflamar rápido causam destruição e dor. Tudo o que se cria com grande rapidez geralmente é de pouquíssima duração, tal qual sua origem, e não deixa nada mais do que destruição e outros atos maléficos em sua passagem, ou mesmo a morte duradoura. Esta é a condição para que exista um verdadeiro, bom e duradouro inflamar: é necessário o pré-aquecimento. Sem isto jamais existirá uma verdadeira, duradoura e boa luz.

6) Fica tu, Meu querido filho, “aquecido” (entusiasmado) e “inflamado” (exaltado) e assim poderás sentir em breve o divino efeito da chama interna. Mas o “gelo do mundo”, que são as preocupações materiais, deves afastar de ti, pois senão não conseguirás progredir com o “aquecimento” e a “inflamação” (entusiasmo e exaltação). Acredita no que Eu digo: preocupações mundanas, não importa de que teor sejam, e tesouros materiais são puro gelo para o espírito. E a sabedoria puramente racional é a escravidão e servidão do espírito.

7) Torna-te igual ao comerciante que trocou todos seus tesouros e bens por uma única pérola, e assim verás a aurora divina da vida eterna no brilho desta pérola. Acredita, é assim!! Pois, Eu, teu santo Pai, dou-te esta mensagem no dia de teu aniversário. Amém.


Juros Divinos

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de novembro de 1842

1) Dá esta mensagem a Meu querido filho K.G.L., pois é obrigação que se pague aluguel ao dono da casa na qual habitamos. Pois é exatamente isto que vou fazer.

2) Lembras-te, meu querido filho, que Eu te disse que iria Me mudar “com gato e papagaio” para tua casa? Vê, Eu cumpri com Minha Palavra, o que tu já deves ter te dado conta, por tantas visões que te apareceram e te assustaram, mas que de fato só te foram de proveito.

3) Já que Eu morei na tua casa, ainda lá estou e penso continuar na mesma para protegê-la e abençoá-la, é muito justo que Eu, um hóspede às vezes bem incômodo, te pague, a ti, dono da casa, o aluguel devido.

4) Vê, aqui estou com uma “cédula de seguro de vida” em mãos. Aceita-a e coloca-a na caixa interna do “orçamento do lar” e com o tempo descobrirás de que maneira maravilhosa este papel público se centuplicará em juros.

5) Nesta cédula bancária, não há nada mais escrito do que a palavra “AMOR”. Podes estar certo que é esta a única e absoluta moeda. Com esta moeda no coração e na mão todo o universo infinito e todo o Reino Divino estarão de portas abertas para o portador.

6) Amor é o que te dou, Meu amado filho, amor, como o único penhor da vida eterna em Mim. Coloca-o no “cofre” bom de teu coração e tu verás que esta “ação” jamais estará em queda, mas sim sempre em alta infinita.

7) O Amor é eternamente obrigado a pagar tributos infinitos. Por isto seus juros de vida são também eternos.

8) Se possuíres Meu Amor, terás tudo e não deves te preocupar por nada mais. Pois este Meu Amor já se preocupa por tudo e já se preocupou por toda a eternidade.

9) Tu jamais poderás dizer: “Ó Pai, dá-me aquele teu Amor”; Eu o estou dando como “pagamento de aluguel”. Aceita-o e usa-o com avidez, pois dificilmente conseguirás te livrar do mesmo. Quanto mais tu o usares, tanto maior e mais forte ele se tornará, e seu valor estará eternamente em alta e cheio de vida.

10) Mas com este pagamento terás que permitir que Eu permaneça na tua casa. E como Me agrada cada vez mais ficar em tua casa, com o tempo terás que deixar que Eu Me apodere totalmente de tua casa, e em pouco tempo dirás como Paulo: “Agora não vivo eu, porém Cristo vive em mim”.

11) Aceita isto alegremente de Minha Mão, como se fosse o mais elevado penhor de vida, pois Eu o dou eternamente. Amém.


Tratamento de um “cabeça-dura”

(leitura para jovens impacientes)

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de novembro de 1842

1) Escreve, pois Eu sei o que te falta.

2) Meu querido filho, vê, como este teu relacionamento com teu tio velho e bobo está o Meu relacionamento com milhares de pessoas que já Me exasperaram ao extremo. Mas mesmo assim ainda não apaguei o Sol, nem afastei as nuvens protetoras da Terra, para que esta se torne totalmente seca e se incendeie totalmente.

3) Tanto tempo que Me vês paciente, por tanto tempo tu também deves exercer tua paciência. Deixa que o tolo ancião faça sua vontade, pois não dispõe de muito tempo no mundo. No além encontraremos já um lugar para ele, no qual sua teimosia derreterá feito cera quente.

4) Dá-lhe o que até agora lhe tens dado. E no inverno podes dar-lhe alguns metros de lenha, ou melhor, dá-lhe uma mesada extra (ele o prefere).

5) Quando ele estiver passando bem mal, não te preocupes, pois virá a ti; mas se ele continuar com sua teimosia, tu estarás totalmente sem culpa, mesmo que ele morra de frio e fome em seu quarto. De fato este sujeito consegue irritar até a Mim.

6) Se assim desejarem tu e teu irmão, podem chamá-lo e mostrar-lhe o que lhe espera, se ele continuar com a sua teimosia.

7) Vê, o velho ainda está cheio de orgulho. Por isto ele é tão teimoso e duro. Que estas suas teimosias não lhe trarão felicidade no Além, tu já sabes de sobejo. Assim as humilhações lhe são uma bênção bem maior, do que se tu lhe desses cem moedas por semana.

8) Se ele não tiver pão e estiver com fome, dá-lhe pão. Para a sede existem várias fontes de água limpa que lhe serão melhor que vinho, cerveja e especialmente a maldita cachaça.

9) Isto deves fazer e basta. Dinheiro somente deves dar-lhe bem pouco. Se ele fizer dívidas, tu podes cobri-la, mas somente se um pobre credor tiver sido por ele enganado. A não ser neste caso, não deves dar um tostão a ninguém, pois somente assim o velho parará de pecar contra tua bolsa.

10) Se ele fizer maus comentários sobre ti, creia-me, não te será feito nenhum mal, pois Eu saberei te proteger e justificar. Assim deves te comportar e o resto não é contigo, pois Eu sei e vejo o que fazes. Fica, pois, bem calmo no futuro. Amém.


Triunfo e queda da Igreja

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de novembro de 1842, pela manhã

1) Vê, cada povo tem seus próprios costumes. Mas irmandade verdadeira e cristianismo estão exalados em todos os lugares. As diferenças são quase inexistentes. Mas que em vosso país serão colocadas as mais fortes amarras à Luz, com isto poderás contar com toda a certeza, pois o dragão já elevou várias “cabeças e cifres” sobre o solo da Terra.

2) Todas as “patentes de tolerância” e demais leis religiosas devem ser mandadas para Roma, a fim de serem censurados pela Igreja. Isto será feito por “amor ao próximo” e “cristianismo”. Este momento será o triunfo da Igreja, mas será também seu fim.

3) Mas isto deve acontecer de fato, pois se o dragão não subisse às alturas, sua queda não seria definitiva e mortal. Ele subirá sim, mas estará algemado e só conseguirá atuar com sua maldade onde lhe for permitido.

4) Vossos países o alimentarão. Quando ele estiver bem poderoso, ele não se apiedará nem dos grandes nem dos pequenos. O povo necessita ser escaldado e educado da maneira mais completa até seu âmago, já que ele Me afastou toda a vez que Eu o procurava cheio de carinho.

5) Deve saborear a verdadeira bênção de Roma, pois a Minha não lhe parecia boa. Deve sentir em seu sangue a diferença entre Meu Evangelho e o daquela cidade Babel. Quando isto acontecer e quando o imperador José tentar trazer o Evangelho de volta, aí sim haverá ajuda celestial.

6) Mas enquanto povo, que foi muitas vezes chamado a acordar com amargas provações, insistir em continuar dormindo na lama do pecado e da prostituição, diga-Me como poderá ser acordado? Eu vos digo: com nada menos que um tremendo empurrão!

7) Este empurrão está sendo preparado no momento. Amém.


O Sol Espiritual

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de novembro de 1842 – das 16:00 às 18:30 horas

Em continuação à mensagem recebida no dia 21 de novembro, quando acabou o “Sol Natural”, Jacob Lorber recebeu diariamente, a partir do dia 22 de novembro e até o dia 16 de dezembro de 1842, revelações sobre o “Sol Espiritual”, quer dizer, sobre a esfera espiritual dos filhos do sol natural. Como escrevente do ditado de Lorber, atuou novamente Anselmo Huttenbrenner. As palavras que se seguem servem de prefácio para a grande revelação (Sol Espiritual, em dois volumes, cada um de quinhentas páginas).

1) Antes de iniciarmos nossa palestra sobre o sol espiritual devemos saber, em primeiro lugar, onde ele se encontra, qual e como é seu relacionamento com o sol natural e de que consiste o sol espiritual.

2) Para conseguirmos ter uma visão quase que perfeita do assunto, devemos primeiramente observar que o espiritual é tudo aquilo que é o mais interno e ao mesmo tempo tudo que penetra cada molécula do universo; é o único e o mais atuante de tudo.

3) Tomai como exemplo qualquer fruta. O que é o mais interno da mesma? Nada além da força espiritual que se encontra no núcleo (germe). O que é então a fruta, já que ela só existe para cobrir e manter, com todos os elementos que a compõem, o núcleo mais interno? Ela não passa, de fato, de nada mais que um órgão externo, penetrado pela força do núcleo, órgão este que se apresenta totalmente acolhedor para este núcleo.

4) Que o fruto externo seja a força espiritual do núcleo nos indica que não somente o fruto, mas sim toda a árvore ou toda a planta, é o fruto desta força espiritual que emana do núcleo.

5) O que é de fato o espiritual? Em primeiro lugar o espiritual é a força mais íntima do núcleo, pelo qual toda a árvore desde as raízes, tronco, galhos, folhas, flores e frutos são condicionados. E é novamente esta força espiritual que penetra todas estas partes para seu próprio bem estar.

6) O espiritual é, pois, o mais interno, o mais abrangente e o mais penetrante de tudo; pois o que penetra também é abrangente.

7) A veracidade disto vos é possível constatar por manifestações da natureza. Observai um sino, onde se encontra o local do tom? Podereis dizer: mais no centro, mais na beirada, o mais no centro da beirada. Tudo isto é falso. O tom é o mais íntimo dos fluídos espirituais envoltos pela pequena cápsula material.

8) Quando toca o sino, esta batida alerta ao fluído interno - que como um substrato espiritual é extremamente elástico e flexível - e o acorda de seu descanso. E neste momento este fluído espiritual será agitado em sua totalidade, apresentando uma vontade imensa de se libertar, o que se apresenta como ondas constantes. Se cobrirmos a matéria batida com um outro material na sua parte exterior, material este que ainda não foi totalmente saturado por potências facilmente instáveis, as potências fluidas do sino, por mais desejo de se libertar que tenham, serão abafadas e aprisionadas, e o sino logo deixará de soar. Porém se o sino está livre, o som que ele emite será bem duradouro. Mas se ainda no seu exterior houver um campo bastante instável, tal como o ar cheio de eletricidade, então seus sons ainda serão bem mais potencializados e se estenderão amplamente por este campo instável.

9) Novamente ao observarmos este fenômeno, poderemos concluir a existência desta força penetrante e abrangente. Vamos ver um exemplo.

10) Observai um ferro magnetizado. Em que lugar do mesmo está a força que atrai ou repele? Ela se encontra na parte mais interna, quer dizer, na pequena cápsula, a que de fato compõe a verdadeira matéria do ferro. Como tal força interna, ela penetra toda a matéria, a qual não lhe é nenhum obstáculo, e abrange a mesma em sua totalidade. Que este fluído interno também abrange a parte externa da matéria é fácil de se constatar quando vemos que um pedaço idêntico de ferro magnetizado atrai outro pedaço idêntico que se encontra a certa distância. Se o fluído não fosse abrangente também do campo que envolve o objeto, como conseguiria atrair um objeto que se encontra distante?

11) Mais alguns exemplos. Observai um fio elétrico ou uma garrafa elétrica. Quando este condutor de eletricidade ou esta garrafa forem preenchidos de eletricidade por uma placa de vidro, este fogo se apoderará de toda a matéria e se tornará a parte mais íntima e a mais penetrante de tudo. Se vos aproximardes um pouco demais, sentireis uma pequena dorzinha e um pouco de atração e com isto vereis que o fluído não somente está na matéria, mas também em sua volta.

12) Em toda pessoa poderemos ter um exemplo sutil deste fluído, mas nos sonâmbulos isto se apresenta bem definido e forte. O quanto um magnetizador e seu paciente sonâmbulo influenciam um ao outro, certamente já conheces ou tereis ouvido falar. Se o espírito, que se encontra no íntimo do ser, não possuísse na sua totalidade o magnetismo pessoal, seria totalmente impossível. Se o espírito não fosse tanto penetrante como abrangente, como seria possível uma interação entre o magnetizador e o sonâmbulo?

13) Creio que temos muitos exemplos para concluir de que maneira e como o espiritual se apresenta em todas as partes e como ele certamente se manifesta no Sol e pelo Sol.

14) O sol espiritual é, pois, o mais íntimo do Sol e é uma centelha de misericórdia que vem de Mim. O espiritual, então, penetra cada molécula da matéria solar. E no fim é o invólucro de todo o ser do Sol. Isto tudo em conjunto constitui o “sol espiritual”.

15) E este sol é de fato o verdadeiro Sol. Pois o sol que nos é visível não passa de um órgão bem aventurado e manifesto do sol espiritual. Este órgão está de tal modo composto, que nele se manifesta tudo o que é espiritual e com isto este fluído consegue novamente se aglomerar e concretizar.

16) Quem, pois, desejar ver o sol espiritual que olhe em primeiro lugar sua aparição materializada (o nosso Sol) e conclua que ele todo está penetrado e envolto pelo sol espiritual. Isto lhe dará uma vaga noção do que é em realidade o sol espiritual.

17) Mas se esta pessoa ainda conseguir entender que todo o espiritual também é concreto e abrangente, enquanto que o material não passa de pedaços separados e espasmos, que não conseguem se abranger por si só e que quando isto acontece é devido ao espiritual que nele existe, então tereis uma visão um pouco mais exata do sol espiritual. Este conhecimento fará com que vós, Meus filhos, consigais entender o espiritual cada vez melhor. Amém.

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O Senhor qual “noiva desconfiada”

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de janeiro de 1843

1) “Procurai, que encontrareis.” “Pedi, que vos será dado.” “Batei, que as portas se vos abrirão.” “Orai constantemente.” Tudo isto quer dizer: Não afasteis vossos corações um só instante de Mim. E que isto aconteça em vossa totalidade, não com a mentalidade do mundo. Logo encontrareis, com grande facilidade, o que estais a procurar. E tão breve e fácil também recebereis o que estais a pedir, e as Portas da Vida vos serão abertas sem mais demora...

2) Mas se alguém estiver procurando no Muro (templos feitos pela mão do homem), este que está repleto de pinturas e gravuras pagãs, e ora a pedir à estátuas ante pãezinhos assados, e bate nas pedras, em verdade este pouco encontrará e receberá ainda bem menos, e as pedras não se mexerão a sua batida.

3) Mas se alguém disser: “Senhor, eu já procurei, orei e bati por bastante tempo, e até agora não consegui achar nada, nem recebi nada que pedi, nem nada se abriu à minha frente”, a este Eu digo: “Amigo, que dizes? Ouve e vê. Eu te mostrarei figuras boas, e estas Me justificarão contigo, e tu não mais te afligirás Comigo”.

4) Vede, um noivo tinha uma noiva muito rica e bonita. Ela era extremamente inteligente e disse a si mesma! “Eu sei o que o farei para ver se meu noivo me é fiel. Eu vou inventar uma viagem, mas de fato aqui ficarei por perto, para que nada me escape e saiba exatamente como seu coração está comigo”.

5) Após a partida da noiva, o pretendente disse: “Vê, minha noiva partiu, mas pediu muito por minha fidelidade e também prometeu que retornaria logo. Mas ela não cumpre com sua palavra e só me escreve pedindo minha fidelidade, carta após carta, mas ela não volta. O que significa isto? Ela me consola com a promessa que voltará amanhã, mas não vem. Porque será que ela sempre atrasa sua volta?”

6) A noiva, que estava junto a ele, na sua casa, disfarçada de servente, lhe disse: “Meu Senhor, permite a esta serva dizer-te uma palavrinha, pois eu sei exatamente por que tua noiva atrasa sua volta. Vê, tua noiva está bem mais perto de ti, do que imaginas. Sabe o que imaginas, que tens um relacionamento com uma fogosa prostituta e divides teu coração entre ela e tua noiva. Este é o motivo por que tua noiva viajou e por que sempre adia sua volta. Abandona a prostituta, e tua noiva logo voltará”.

7) Observai bem esta figura. Procurai em vós e logo descobrireis que Eu sou a Noiva e vós sois os noivos. A prostituta é o mundo.

8) E Eu vos digo: A Noiva se encontra entre vós, disfarçada, e observa todos vossos passos e vossos corações. Também vos digo: Abandonai totalmente a prostituta, e a Noiva não mais se ocultará àqueles que a Ela se entregarem de coração.

9) Pois então procurai, pedi e batei, pois assim a Noiva será vossa. Procurai, pedi e batei em espírito e verdade; não no muro de pedra cheio de gravuras, pinturas e pãezinhos assados, mas sim no Espírito e Verdade, em vossos corações, pois somente assim encontrareis, recebereis e as portas se vos abrirão. A Noiva abrirá as portas para seus aposentos.

10) Isto vos será dado neste novo ano. Amém. Quem diz isso é a Noiva. Amém.

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A jovem inteligente e a tola

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de janeiro de 1843

1) Escreve isto Meu Filho, a figura está correta, mas as palavras ainda são mundanas e sua aplicação deixa muito a desejar para o desenvolvimento espiritual.

2) Aquele que caminhar nos Meus caminhos chegará à Luz. Melhor ainda: Quem andar nos Meus caminhos já se encontra na Luz e caminha por veredas vivas, e Eu sou a meta desta caminhada.

3) Mas aquele que caminhar nos caminhos do mundo e usar de inteligência, este caminha na noite. À noite, porém, é a morte, e esta é a meta dos que andam à noite.

4) Aquele que caminhar Comigo estará caminhando corretamente e permanecerá eternamente vivo em espírito, ainda que perca sua vida mil vezes na matéria. Porém aquele que procurar a vida sem Mim, nas trevas do mundo, este a perderá, ainda que seja possível tentar mil vezes.

5) “Nesta ocasião existirão dois no campo de batalha; um será aceito e o outro será entregue ao julgamento. Dois estarão expostos às lidas do mundo; um será por Mim acolhido e o outro será entregue ao julgamento.” Vê, nada conseguirás fazer para manter tua vida, se não estiveres Comigo.

6) Vede o exemplo que vos apresento. Quem tiver ouvido que ouça e não afaste seus olhos de Minha Boca.

7) Viviam duas jovens numa mesma localidade. Uma era rica em tesouros materiais, a outra nada possuía dos mesmos. Porém se davam muito bem e compartilhavam a mesma casa, pois a rica não era inteligente e precisava da amiga pobre.

8) Enquanto havia paz no país, tudo andava na maior harmonia, mas quando o país foi atacado por inimigos devido às suas riquezas, uma grande provação se acercou das jovens.

9) Com a aproximação do inimigo a jovem rica se apavorou, juntou tudo que lhe era mais valioso - ouro, pedras preciosas, dinheiro, etc. - e se aprontou para fugir. Esqueceu-se, porém, de óleo para luz e aquecimento da comida. Então fugiu para uma caverna escura nas montanhas.

10) A pobre, porém, pensou: “Não possuo nada além de minha vida. Para mantê-la numa caverna escura, não preciso de nada além de comida e luz para me orientar. Ela então juntou boa porção de comida, várias lâmpadas cheias de óleo e um bom acendedor.”

11) Como ela sabia para onde sua amiga tinha fugido, ela a seguiu, para ajudá-la. Ao chegar, começou a chamá-la e a procurá-la, mas não conseguiu achar sua amiga rica.

12) Ela então pensou: “Que devo fazer? Minha amiga se ocultou de mim? Eu possuo comida, óleo e luz. Vou ficar aqui até que o inimigo se afaste e logo retornarei, para pedir ajuda aos vizinhos e procurar minha amiga.

13) Após muitas semanas o exército inimigo se afastou e ela fez o que tinha planejado. Os vizinhos chegaram com tochas de luz e em pouco tempo encontraram a jovem rica, porém, estava morta, pois morreu de fome e de frio, no buraco escuro de sua caverna.

14) A pobre ficou com os bens da amiga, aplicou os mesmos segundo os preceitos de Deus e em pouco tempo se tornou a mais rica do país.

15) Aquele que procurar a vida no mundo, este a perderá sob o peso da mesma. Aquele que desprezar o mundo e procurar a vida no espírito, pelo pão vivo e pela luz divina, este é um filho inteligente e apto a entrar no reino dos céus.

16) Procurai, pois, o reino de Deus e Sua Justiça; pois tudo o mais vos será dado automaticamente. Quem consegue servir a dois senhores, sendo estes inimigos? Servi a um único Senhor, no Amor e Verdade.

17) Aquele que fizer seu trabalho justo a serviço de um único senhor, este será reconhecido e acolhido pelo mesmo. Mas aquele que fizer seu trabalho na saga do amor e da luz, somente pensando em seu proveito próprio, este não será acolhido pelo Senhor.

18) Andai no caminho da luz, fazei o que o Senhor deseja e não morrereis de frio e de fome na caverna do egoísmo. O prêmio que recebereis pela “morte do mundo” será imenso, não conseguireis medir com vossos tesouros. Observai isto, tanto material como espiritualmente.


“Quem fizer a vontade de Meu Pai no Céu, este será Meu irmão, irmã e mãe”.

Mateus 12-50

Onde está Deus?

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de janeiro de 1843

O que se segue Jacob Lorber recebeu após despedir-se de sua mãe e lhe narrou como consolo, pois ela se lamentava de muitas amarguras de sua vida.

1) Havia um homem que, devido a muitas amarguras que sofria e via, acreditava que Deus não se preocupava quase mais nada com os homens e que assistia calmamente como fracos eram explorados pelos ricos.

2) Deus então enviou um anjo para este homem que levava uma vida virtuosa, e ele lhe disse: “Tu conhecerás os caminhos inexplicáveis de Deus. Vem, segue-me!”.

3) O anjo levou o homem para um palácio de um senhor muito rico, e a este o anjo presenteou com dinheiro, ouro, prata e pedras preciosas. Enquanto presenteava o senhor do palácio, um necessitado se apresentou pedindo ajuda e foi morto pelo anjo. Em seguida o anjo levou o homem para uma aldeia e lá para uma cabana quase toda apodrecida, onde habitava uma família numerosa. O anjo incendiou a cabana e os habitantes só salvaram as vestes do corpo.

4) Quando o homem viu tudo isto ele disse ao anjo: “- Tu não és um mensageiro de Deus; tu és um mensageiro do diabo! Tu somas injustiças sobre injustiças”.

5) O anjo então disse: “- Escuta, pois logo terás outra opinião. Vê, o rico ao qual presenteei, era orgulhoso e avarento. Mas quando eu aumentei tanto sua riqueza, ele começou a gastar a rodo, até que se tornou mendigo e começou a se humilhar. O pobre que matei ia receber uma grande herança. Tornar-se-ia arrogante, perdulário e se afastaria totalmente de Deus. A família pobre cuja cabana incendiei, nunca foi considerada pelos aldeões. Mas a desgraça do incêndio despertou um sentimento de piedade em todos, e agora a família está bem protegida e ajudada."


As melhores palavras de consolo na Escritura

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de fevereiro de 1843

Ó Senhor, amado Pai, em que trechos da escritura sagrada um pecador arrependido encontrará as melhores palavras de consolo? Gostaria que Tu me desses esta informação, para que eu possa aumentar meu amor por Ti cada vez mais, ao ver constantemente a prova de Tua Misericórdia, Bondade, Bênção e Amor. Se for Tua Vontade, responde minha humilde pergunta.

1) Para ti o consolo é mais importante que uma humilhação. Mas a Terra já foi assim programada, para que no seu solo pouquíssimos anjos puros consigam permanecer. E assim não Me sobra nenhuma outra alternativa que consolar ali, no mesmo lugar onde Eu tanto Me humilhei.

2) Vê, Eu fortifico os fracos com o Meu Consolo! Aos fortes, porém, Eu humilho, para que se tornem fracos e assim ganhem Meu Vivo e Fortificante Consolo! Pois o consolo em si é uma Graça da Vida Eterna que se origina em Mim.

3) Para que tu e todos os outros encontreis as melhores palavras de consolo na Escritura Sagrada, Eu vos mostrarei as passagens mais importantes.

4) No profeta Isaias – cap. 54, do versículo 1 ao 17, especialmente do 6 ao 10, onde se encontra o grande consolo para ti e para todos os pecadores.

5) No Novo Testamento, observa bem o lugar onde Eu digo: “Vinde a Mim todos cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei”. Eu acho que consolo maior que estas palavras não poderá existir. Observa bem isto e terás consolo para toda a eternidade.

6) Crê, é assim! Eu sou um pastor bom, procuro a ovelha perdida e preparo um maravilhoso banquete para o filho arrependido, causando ira e inveja a todos os justos. É só querer voltar para Mim, não importa que esteja vestido em trapos e todo machucado, isto não fará nenhuma diferença, importa só o ato de voltar para Meu lado.

7) Entende bem isto e assim terás o eterno consolo. Pois Comigo é realmente assim, e assim será por toda a eternidade. Amém.


O Pai Nosso – em várias interpretações

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de fevereiro de 1843, à tarde

1) Este é um bom pensamento, pois ele é do alto. Esta é a razão por que desejo acrescentar um pouco mais de luz. Mas se vós confiasses mais em Mim, não necessitaríeis de explicações.

2) Podeis escrever o que vem a seguir, pois tudo vem de Mim e é para vós, Meus amados filhos: O Pai Nosso relacionado ao Amor.

3) “Pai Nosso” - Já que o Pai é por si o único e eterno Amor, que é a Vida em si e com isto a vida de todas as criaturas e, como consequência, também do homem, as palavras “Pai nosso” também significam “Amor nosso” ou “Vida nossa”.

4) “Que estás no céu” - Já que o céu não é nada mais nem nada menos que a Vida do Pai, que é de fato o Amor ativo ou a Palavra Viva de Deus no homem, assim podemos dizer que “que estás no céu” significa: Tu, que és o amor eterno, habitas em Teu amor, do qual tudo se originou.

5) “Santificado seja Teu Nome” - O que isto significa é fácil de explicar. Qual é o nome do amor eterno? O único e eterno, que se chama “Pai”. Mas se o Amor e o Pai são unos, o “santo” nada mais significa que: Com vosso próprio amor, ama ativamente o Pai. Então “santificado seja Teu nome” não significa nada mais que: Amado sejas Tu, santo Pai, com o amor eterno de todos nós humanos, Teus filhos; amado em atos, quer dizer, na plena atividade da vida, sempre, por toda eternidade e sem nenhuma interrupção.

6) “Venha a nós Teu Reino” - O que é o reino de Deus? É o mesmo que o céu. Mas já que o céu é a essência e a índole do Amor é de fato a vida do Amor, que se manifesta na atividade, então “venha a nós Teu reino” significa: Pai, Tu, eterno amor, vem a nós. Sê Tu nossa única energia ativa, ou melhor, nossa vida total.

7) “Tua vontade se faça assim na Terra como no céu” - Este quinto pedido de fato podemos considerar como um reforço ao quarto. Pois o que é a Vontade do Amor? Ela é na realidade o amor ativo. “No céu” significa o mesmo que na sua própria esfera de atividade. Então, para o espírito, este pedido poderia ser: Pai, ou Amor, teu amor ativo se torne em nossas vidas (que aqui está sendo exemplificado como “Terra”), ou:... em nosso amor tão essencialmente ativo, como Tu és essencialmente ativo em Tua essência. Pois “em Ti mesmo” ou “em Tua essência” significa o mesmo que “no Céu” ou “no Teu Amor ativo” ou “na Tua Vida” ou “em Ti como Pai”, o que foi entendido no pedido anterior.

8) “O pão nosso dai-nos hoje” - Este pedido não é nada mais que um reforço do anterior. Pois como “pão” entende-se o apoderar-se do amor ativo. Como “hoje” significa apoderar-se na totalidade, o pedido então pode ser reformulado por: Dá-nos, a nós, que nos originamos em Teu Amor, teu total Amor; ou então: Pai Totalmente nosso, faze que sejamos totalmente Teus filhos; ou melhor ainda: Deixa que nos tornemos unos Contigo, alimenta-nos com Teu amor e permite que sejamos Teu alimento.

9) “Perdoa as nossas dívidas” - Este pedido não é mais que novamente repetição do que foi dito antes. Pois aqui se pede que o Pai remova do homem o seu amor próprio, este que é intrínseco na vida dada ao homem, e que este amor próprio seja totalmente substituído pelo Amor do Pai, e que este Amor ative o homem durante toda sua vida. O espírito então poderia dizer: Pai, retira de mim o mundo e cria o céu no seu lugar.

10) “Como nós perdoamos aos nossos devedores” - Esta frase nos dá a medida que o amor vivo e ativo deve ocupar em cada ser humano, e poderia ser dita assim espiritualmente: Pai, renasce-nos na medida de Teu Amor Ativo e Vivo, e que este Teu Amor se torne cada vez mais poderoso em nós, e que nós possamos nos tornar cada vez maiores, para darmos mais espaço a este Amor e conseguirmos assim nos apoderar totalmente de Teu Reino do Céu, ou Teu Amor atuante, ou Tua Vida!

11) “E não nos deixes cair em tentação” - Este pedido é novamente uma reafirmação mais poderosa dos pedidos feitos anteriormente. Pois “não nos deixes cair em tentação” quer dizer não nos deixes ficar no nosso amor próprio, no nosso amor mundano, não permitas que atuemos sem a presença de Teu Amor atuante ou sem o Teu céu em nós. Não deixes nosso amor afastado de Teu Amor único, vivo e ativo.

12) “Mas livra-nos do mal. Amém” - Neste pedido não existe nada além do desejo mais íntimo e forte de afirmar tudo o que foi dito e pedido anteriormente e poderia ser reformulado para: Pai, torna-nos completamente livres de nós; ou então: Tu, único, eterno, atuante Amor, destrói totalmente nosso amor próprio e torna-Te o nosso único Amor, ou permite que nos tornemos unos Contigo.

13) Este é de fato o verdadeiro significado da oração do Senhor. Observai bem o que vos foi explicado, pois isto é uma verdadeira dádiva que foi vos dada dos céus superiores. Amém.

14) A esta interpretação do “Pai Nosso” à luz do amor segue:

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O Pai Nosso relacionado com a “Luz”

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de fevereiro de 1843

15) Eu sei que a ordem está alterada, pois o Amor deveria ser a Vida e não a Luz. Mas como esta oração vos foi dada diretamente dos céus superiores, melhor dito, do Amor Único, então tudo está bem, tudo está como deve ser e tudo está na medida total e absoluta.

16) Mas, como foi dito, tudo que pedirdes ao Pai em Meu Nome vos será dado, então devo dar-vos mais esta explicação.

19) Escreve, pois, esta oração na Luz, mas escreve isto sem nenhuma “iluminação”, pois a Luz não precisa de nenhuma “iluminação”.

18) Nossa Luz de todas as Luzes! Que habitas na Tua Luz como a Luz única e verdadeira por nossa noite, nosso dia e nossas terras firmes entre as águas.

19) Ó Luz de todas as luzes, ilumina nosso mundo tenebroso.

20) Que o poder de Teus raios atue sobre a Terra, sobre nossas terras firmes e nossas águas tão poderosas, e que atue sem nenhuma fraqueza, como Tu sempre atuas na total e infinita força da Luz.

21) Satisfaze, ó Tu, eterna Luz de toda a luz, em nosso mundo, nossas águas e nossa terra firme, com Teus raios todo-poderosos, para que tudo seja vivificado com pastos cheios de sementes, com ervas, árvores, e que as águas fiquem plenas de peixes de toda sorte e outros animais nobres e o ar cheio de todo tipo de aves.

22) Ó Luz de toda luz, destrói todo tipo de trevas e permite que nossa Terra, o Sol, a Lua e as estrelas se elevem, para que tomemos conhecimento do dia e da noite, das estações e dos anos.

23) Destrói as trevas e a noite de nosso mundo assim como nós as conhecemos, sobre os continentes e oceanos; destrói com o auxílio da Luz, a mesma Luz que no princípio Tu anunciaste: "Que se faça a Luz".

24) Conduz-nos na noite desta Terra e não permitas que Tua Luz enfraqueça no centro de nosso sol, não permitas que o solo se torne estéril e que as plantações fiquem sem sementes. Não permitas que nossas águas se turvem, para que não pereçam os peixes e outros animais nobres que nelas habitam, que o ar não estrague e mate as aves e que não asfixie os animais na Terra.

25) Porém, Luz de toda luz, torna-nos Teus conhecidos, para que possamos brilhar como Tua Luz e que possamos ser Contigo um único Raio Brilhante e que jamais retornemos à noite e às trevas sem Ti. Amém.

26) Vede, assim entenderemos a oração na "Luz". Mas aquele que a possuir no Amor, este a possui em sua origem, nos seus fundamentos. Este amor permanece o mesmo por toda a eternidade, jamais se afasta de nós, enquanto que a Luz deve andar eternamente por caminhos longos, muitos dos quais não se consegue acompanhar ou concluir.

27) Por isto, permanecei no Amor, pois assim tereis tudo junto num único ponto. Amém.

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O Pai Nosso relacionado com a "Vida"

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de fevereiro de 1843

28) Vida nossa de toda a vida, esta que vive eternamente em Tua Vida! Sê por nós humanos, vividos pelo seguimento da Tua Palavra e em total humildade e amor por Ti.

29) Tua Vida venha a nós e fique em nós.

30) Tua Vida seja nossa vida, como é em Ti próprio, e também em nós, para que possamos ser perfeitos, tal qual o és Tu, Vida de toda Vida.

31) Tua Vida nos dá e nos alimenta com a plenitude de Tua Vida mais e mais.

32) Retira de nós, em primeiro lugar, a vida de provações (a vida cheia de egoísmo, orgulho e amor próprio) e ouve o nosso anseio de livrar-nos desta carga e viver no Teu Amor e Ordem, pois se continuarmos nesta vida que levamos, certamente caminharemos diretamente para Morte.

33) Não nos abandones mais tempo nesta nossa vida de provações, pois ela nos levará à morte.

34) Retira, porém, Vida de toda vida, esta vida de egoísmo e preenche-nos com Tua Vida.

35) Isto é o que significam os textos: “Sedes perfeitas, como o é o Pai Divino” (Mateus 5-48) e “Quem amar sua vida a perderá, quem a desprezar a terá por eternidades’’ (João 12-23).

36) Vede, pois, que esta oração é uma oração da vida e deve ser observada como tal por toda a vida. Amém.

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O Pai Nosso do ponto de vista da “Força”

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de fevereiro de 1843, à tarde

37) A expressão “força” quase nada diz. Pois a força se encontra em tudo, a sua maneira peculiar. Mas aquela que se origina no Amor e na Vida, não é somente uma força viva, mas sim é uma força produtiva, atuante, pois este é o motivo do Amor e da Vida que nele existe. Assim esta oração não pode ser dita no sentido da força material física, mas sim na força produtiva e atuante do Amor.

38) “Ó Tu, eterna Força ativa do Amor e de toda Vida, que és toda nossa vida e todo nosso amor e energia, Tu, que és eternamente ativa em Tua área, sê Tu nossa força que nos levará ao Amor e à Vida que emana de Ti e em Ti”.

39) Vivifica-nos com Tua abundância, permite que sejamos ativos em Teu nome, como Tu o és sempre e por toda a eternidade.

40) Fortifica-nos e afasta nossa fraqueza! Destrói nossa fraqueza, pois reconhecemos nossa nulidade e total impotência.

41) Não permitas que fiquemos mergulhados em nossa fraqueza, na qual atuamos feito mortos-vivos, mas sim em energia viva, para que assim possamos ser ativos, conquistando assim Teu agrado e Amor para sempre. Amém.

42) Isto podemos observar e compreender dos textos: “Sem Mim nada podereis fazer” (João 15-5); “Não existe outro poder que o de Deus” (João 19-11); “Tu não terias nenhum poder sobre mim, se este não te fosse permitido do alto”, e muitas outras citações.

43) Disto pode-se concluir o que Minha Oração contém. Entendei isto muito bem e de forma enérgica e ativa, pois de outra forma esta oração poucos frutos vos dará e pouco “pão nosso de cada dia” vos trará. Observai isto muito vivamente. Amém.

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O Pai Nosso relacionado com a "Ordem"

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de fevereiro de 1843

44) Vê, esta Ordem se encontra aqui neste lugar totalmente correto. Pois a Ordem é o resultado final do Amor, da Vida e das consequências de ambos.

45) Ó Tu, eterna Ordem, que existes por eternidades em Ti. Que nossa Vida, a qual Tu nos deste de Ti, seja por Ti organizada, para que nós Te possamos imitar, a Ti, ó eterna Ordem, e que possamos seguir fielmente Teus Passos.

46) Penetra em nós qual poderosa Luz! Sê para nós o único caminho, como Tu o és por toda eternidade.

47) Torna-te totalmente ativa em nós. Tu, eterna Ordem, torna-Te nosso único Pão que satisfaz nosso Espírito.

48) Afoga toda desordem que existe em nós, tão logo que a reconheçamos graças à Tua Misericórdia.

49) Não nos deixes penetrar na selva e de lá procurar sair seguindo a noite. Não deixes que o Sol escureça, não retires o brilho da Lua nem deixes cair as estrelas do firmamento, pois, se assim for, não conseguiremos jamais encontrar o caminho que nos liberte das trevas e leve à Tua Casa.

50) Porém, ó tu. eterna Ordem, liberta-nos para o brilhante Sol da manhã e do meio dia, para que consigamos nos livrar da selva da desordem que se encontra em nós e que é o grande “mal” da Tua enorme e eterna Ordem. Amém.

51) Isto podemos concluir ao lermos o texto de João 14-21 e 7-38: “Quem ouvir Minha Palavra, e viver de acordo com a mesma, este é aquele que Me ama e para o qual Eu irei e Me manifestarei, e seus vales produzirão rios de água viva”.

52) Isto nos diz esta Oração do ponto de vista da Ordem, na qual se encontra a conclusão perfeita do homem, ou melhor dito, o total renascimento do espírito. Observai bem isto que acabo de vos dizer. Amém.

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O Pai nosso com referência à Liberdade

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de fevereiro de 1843, pela manhã

53) Com respeito ao significado de “liberdade”, é um conceito muito bom. Este conceito se encontra intimamente ligado ao da vida cheia de Amor e na total consciência da mais pura Verdade, a qual torna a vida livre como o Filho, onde a Palavra torna livre o homem que a aceita ativamente e cheio de vida. Podemos concluir, então, que liberdade, sabedoria, luz, a Verdade, o Filho ou a Palavra Divina Eterna é tudo a mesma coisa e são todos unos.

54) Quem então orar de acordo com a Palavra Viva, este também ora na mais plena e viva liberdade e assim torna-se totalmente desnecessária uma nova repetição desta oração, pois ele se encontra como no Livro, na mais absoluta liberdade.

55) Mas, para que ninguém tenha dúvidas, Eu vos darei a oração no conceito da liberdade. Escreve então:

56) “Nossa liberdade, Tu que vives e moras na Tua eterna liberdade, sê reconhecida como tal por todos os homens para maior humildade!”

57) Vem eternamente e cheia de luz para nós e fica em nós! Torna-nos absolutamente livres, tal como Tu o és eternamente em Ti!

58) Sê para nós o Pão vivo de todos os dias, para que o espírito fique totalmente saciado em Tua perfeita e eterna Vida.

59) Livra-nos da escravidão de todos os dias de nossos pecados, tal como nos esforçamos em viver segundo Tua Palavra e nos auxiliamos uns aos outros, para sermos livres segundo tua Misericórdia!

60) Não permitas que sejamos prisioneiros da mentira, da morte e de qualquer ato enganoso, mas sim nos libertes com Tua Palavra viva e divina de todo ou qualquer mal. Amém.

61) Podemos extrair esta versão em toda sua totalidade e verdade no texto de João 8-32 que diz: “A Verdade vos tornará verdadeiramente livres”. Pois isto significa esta oração, vista sob o conceito de “Liberdade”.

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O Pai Nosso com referência a “Verdade”

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de fevereiro de 1843

62) Já que a verdade em si significa “liberdade” e, como consequência, “a tudo liberta”, então esta oração no conceito “Verdade” é idêntica à do conceito “Liberdade”. Pois quem ora em toda a Verdade também ora em toda sua Liberdade. E quem orar na verdadeira liberdade espiritual, este ora em toda a sua verdade e pode dizer:

63) “Nossa eterna Verdade, a qual habitas na verdadeira liberdade em Ti mesmo, sê por nós, homens da Terra, reconhecida como tal, em pleno amor e humildade”.

64) Vem brilhando eternamente para nós e permanece em nós. Torna-nos verdadeiramente livres, como Tu o és em Ti mesmo.

65) Sê para nós o Pão vivo de cada dia, para que nossos espíritos se saciem verdadeiramente e nos levem à Vida livre e perfeita que se encontra em Ti.

66) Livra-nos da servidão da noite, da mentira e da morte de nossos pecados, tal qual nós nos esforçamos a nos libertar pela Tua Palavra e como nos auxiliamos mutuamente, como irmãos que somos, a nos libertar pela tua Misericórdia.

67) Não permitas que caiamos na tentação da noite, da mentira e do mal, mas sim torna-nos verdadeiramente livres pela Tua Palavra santa e viva, por toda eternidade. Amém.

68) Quem orar esta oração neste sentido, este ora em espírito e verdade; quer dizer, se ele orar no mais vivo amor, pois se não for assim, será somente um exercício labial, que não tem nenhum valor para Mim. Espero que tenhais entendido tudo muito bem. Amém.

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Uma mensagem para uma “Marta” fraca na sua fé

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de fevereiro de 1843

1) Isto podes passar a esta pequena pecadora “Marta” no dia de seu nome.

2) “Aquele que Me vir, verá Aquele que Me enviou”. Em verdade, no momento em que aceitas aquele a quem Eu envio em teu coração, então aceitas Aquele que Me enviou, pois Eu e o Pai somos completamente unos.

3) “Acredita na Luz, como tu a tens, para que tu te tornes um filho da Luz”. Quem possuir Meu Amor e divulgar este Amor a cada instante e amar a todos como seus irmãos e irmãs, este é reconhecido como um discípulo nomeado por Mim. Pois está escrito nas escrituras: “Nisto todos vós reconhecerão como Meus discípulos: quando vos amardes uns aos outros”.

4) Quando tu, pequena Marta, tens um discípulo verdadeiro (Jacob Lorber), o qual segundo Minhas Palavras é reconhecido como tal pelo seu amor, como é possível que às vezes duvides dele e de suas palavras? Eu te digo: Se creres mais em tuas noções espirituais do que nas palavras de Meu discípulo, fica com esta tua fé que Eu eternamente não te castigarei. Mas não é bom estar nesta posição como se fosse em cima do muro. Pois não podemos servir a dois senhores.

5) Tu és ativa nos teus afazeres domésticos e gostas muito de ir à casa de orações. Mas vê, Eu sou muito mais de trabalhos domésticos do que de casa de orações. Tu estás mais apegada à carne que ao espírito e és uma “Martha”. Mas a vida habita o espírito e não a carne.

6) Trata de encontrar mais o que é do espírito, e assim acharás a verdadeira e eterna Vida. Se desejares Me amar em verdade, ama-Me com o espírito e não com o coração de carne.

7) Tu não deves ser coquete, mas sim deves Me amar com todo teu coração, não um pouquinho aqui e outro acolá.

8) Já que Me perguntas onde Eu estou, Eu respondo: Estou lá onde se encontra o amor verdadeiro, lá estou Eu e Meu reino também. Mas no Muro (refere-se aos templos construídos em alvenaria) Eu estou tão pouco, quanto estive no antigo templo de Jerusalém quando a cortina se rompeu.

9) Entende bem isto e trata de viver de acordo, só então saberás de onde vêm estas palavras, se são oriundas de Meu servo ou Minhas.

10) Sê crente em teu coração e pensa sempre em Mim. Isto é o que Eu quero de ti hoje e sempre. Amém.


Dirige-te para Mim

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de fevereiro 1843

1) Esta mensagem vai ao encontro do desejo de Meus filhinhos, e Eu já vos digo que tudo o que pedirdes em Meu Nome vos será dado, mas não peçais coisas do mundo, que isto significa a morte, e Eu, como Pai que sou, jamais desejarei presentear Meus filhinhos com a morte.

2) Ouvi bem, Meus filhinhos, ninguém consegue chegar a Mim, a não ser que seja atraído pelo Pai, do qual Eu venho. Porém aquele que for atraído pelo Pai, este Eu ressuscitarei no “dia da Luz”, ou seja, na época do julgamento, ou antes.

3) Este “acordar” será para ele o renascimento de seu espírito. E este dia será para ele o seu único e eterno aniversário.

4) Isto já se encontra em Isaías (54-13) e Jeremias (31-3), nos quais os profetas dizem: “E todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor, e a felicidade deles será grande”. Aquele que ouvir e aprender isto do Pai virá a Mim, quer dizer, aquele que anular a si mesmo, não dirigir seus olhos para o mundo, não prender seu coração à coisas da vaidade, mas que sim cultivar em si o verdadeiro amor ao Pai, da forma mais viva e ativa, este será atraído pelo Pai e aprenderá a reconhecer o espírito que nele está oculto. Mas aquele que permanecer neste amor e nestes sentimentos, para este Eu Me apresentarei como a Palavra Viva e o ressuscitarei completamente.

5) Vede, Meus filhinhos, o Pai já está trabalhando convosco por muito tempo, vos ensina e vos atrai constantemente, mas vós ainda não desejais ser-lhe totalmente fiéis em vossos corações e estais a brincar entre Ele e o mundo.

6) Eu, porém, vos digo, como Pai amoroso que sou: Abandonai ao Mundo e dirigi-vos somente a Mim! Amai-Me, pois Eu vos amo com todo Meu caminho. E o aniversário de vosso espírito logo se tornará aniversário eterno, novo e vivo.

7) Isto Eu vos dou, Eu vosso amoroso Pai, como lembrança de Meu eterno e total amor por vós. Observai isto bem e tornai-vos Meus eternos e amados filhos pois Eu serei eternamente vosso amado Pai. Este é Meu desejo. Amém.


O lar do Senhor (Marcos capítulo 9 versículos 27 a 29)

Recebido por Jacob Lorber, em 22 de fevereiro 1843, pela manhã

1) Dize a esta Minha filha que os pensamentos que ela hoje Me trouxe Me são muito mais agradáveis, do que aqueles que ela às vezes tem, relacionados a assuntos mundanos. Se ela continuar com os pensamentos voltados a assuntos espirituais, logo, logo sentirá a ternura de Meu Amor, e será por Mim considerada uma filha muita querida. Isto deve ser a prova do Meu agrado aos seus desejos mais íntimos e também um sinal de que Eu estou bem próximo dela. Agora segue a explicação do texto.

2) O dedo da amiga caiu sobre os versículos 27-28-29 do evangelho de Marcos (na tradução de Lutero são os versículos 28-29-30). Por esta razão vamos observar este texto e tentar entendê-lo.

3) “E quando Ele chegou em casa, os Seus discípulos lhe perguntaram: - Porque nós não conseguimos expulsá-lo? E ele respondeu: - Isto não é possível expulsar, a não ser com orações e jejum. Eles se afastaram e começaram a peregrinar pela Galileia. Ele não queira que ninguém o soubesse”.

4) Quando ele chegou “em casa”. Onde é este “em casa?”. Em todo lugar onde estiverem Seus discípulos! Pois sempre onde houver amor e onde formos amados, lá estaremos “em casa”. Vede, é por isto que Eu estou em casa convosco, pois vós Me amais e Eu vos amo muito. E quando fordes a lugares onde houver mais amor puro e verdadeiro, aí então Eu também estarei “mais em casa” (*1) e neste local tenho certeza que vos encontrareis mil vezes mais “em casa”, do que estais aqui.

5) “E os discípulos lhe perguntaram:” Sim, também podereis Me perguntar com muito mais facilidade e com menos preocupações lá do que aqui, pois onde nos encontrarmos (em casa), poderemos conversar totalmente sem restrições. E vós, tal qual os discípulos, perguntais: Porque não conseguimos expulsá-lo (*2), ou então: Por que não te entendemos nos outros lugares como Te entendemos aqui “em casa”, e por que não eras tão generoso e forte como o és aqui?

6) Eu vos digo e sempre vos direi: Em primeiro lugar, Eu aqui estou mais “em casa” que nos outros lugares. Em segundo lugar, para receberdes estes presentes em outros lugares, deveríeis ter orado e jejuado muitíssimo, a fim de que o inimigo não conseguisse descobrir vossos pensamentos. Pois onde Eu estiver menos “em casa”, lá ele mais se encontra. E onde Eu estiver mais “em casa”, lá o inimigo nada consegue, e vós não necessitais orar e jejuar tanto, nem necessitais vigiar com tanta atenção, a fim de proteger, da gula destes filhos da serpente, dádivas tão elevadas.

7) Deste ponto em diante será fácil “peregrinar pela Galileia” e “ninguém tomará conhecimento disto”. Pois não é de Minha Vontade que alguém ainda não maduro tome conhecimento de Minha Palavra antes do tempo. “Galileia” aqui significa a liberdade. E “peregrinar pela Galileia” aqui significa andar livremente.

8) Acho que não é necessário dar mais explicações, pois todos estão aptos em compreender esses textos e não ter dúvidas a respeito do que querem dizer.

9) Por isto observai-os muito bem. Do mesmo jeito que eu levei a mão de Minha filha para o texto exato que Eu desejava, Eu também observarei bem o lugar onde eu Me encontro “em casa”, de acordo com o que foi dito. Entendei bem isso, pois Eu, vosso Pai, isso vos informo para vossa evolução. Amém.

(*1) Parece que aí se refere ao mundo celestial, ou ao local onde se encontram os espíritos mais evoluídos.

(*2) Refere-se ao espírito das trevas. - O editor

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Vulgata ou Bíblia de Lutero

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de fevereiro 1843, pela manhã

Pedido: Ó Senhor, poderias Tu me dizer, a mim, pobre pecador, se a Bíblia de Lutero é melhor e mais correta que a Vulgata? Pois eu descobri que muitos números e versículos não são iguais e gostaria de saber com certeza qual é o livro mais correto. Tu, o Pai amado, dize-me qual é o mais certo, se for Tua Vontade.

1) Pois escreve então, Eu te digo, a ti e a todos os outros, o seguinte: Nem a Vulgata (a tradução latina da Bíblia), nem a de Lutero estão totalmente corretas e tanto uma como a outra estão cheias de erros. Sim, Eu posso dizer que a “destruição de Jerusalém” se encontra tanto numa como na outra. Mesmo a grega está cheia de erros e desordem. Esta é a razão por que em todas as seitas já não existe mais a verdadeira fé e não existe mais o verdadeiro amor, já que a verdadeira origem foi adulterada.

2) Esta adulteração da origem é consequência da mesma fonte: o desejo de saber mais, de ser o que manda, o único a ser correto em uma palavra, o orgulho do qual se compôs aquela horrível reunião de religiosos em Nicéia (325 AD). Que configuração possuía esta fonte tão vergonhosa?

3) Vê, quando Minha Palavra foi divulgada pelos Meus apóstolos e discípulos, logo se formou uma grande quantidade de evangelistas que anotavam o que era dito, o que eles tinham ouvido da boca dos apóstolos ou discípulos, ou mesmo aquilo que testemunhas oculares ou pessoas que as haviam ouvido lhes diziam. Estas anotações originais, todas em grego ou no idioma dos judeus, eram todas aceitáveis e corretas, pois nelas ainda atuava o Espírito Santo, e tudo estava em ordem.

4) Mas como estas anotações começam a se tornar ótimas mercadorias, falsos evangelistas começaram a aparecer em todos os lugares. Escreveram milhares de evangelhos e nem sabiam do verdadeiro teor do mesmo, não tinham a mínima ideia da verdadeira mensagem, mas assim mesmo afirmavam que os tinham recebido dos mais dignos apóstolos e diziam que eles (apóstolos) tinham mandado escrever tais evangelhos.

5) Um homem denominado Arius foi um destes falsos profetas e evangelistas. No fim, este afirmava mesmo que Deus lhe tinha ordenado esclarecer aos povos que Cristo não era Deus, mas sim somente um profeta comum e ele (Arius) também era um profeta, tal qual Cristo.

6) Tal ensinamento tinha grande aceitação entre os ultrajudeus e pagãos, e eles o espalharam com grande prazer. Arius se sentiu muito bem nesta situação por um bom tempo, e o ensinamento começou a ameaçar as comunidades cristãs.

7) Os bispos começaram a procurar um meio de enfrentar este ensinamento que ameaçava seu poderio, mas não Me procuram e Me deixaram fora de seus concílios.

8) Mandaram reunir todos os evangelhos e começaram a estudá-los. Mas o que eles continham não pôde lhes mostrar qual era o certo. Então decidiram fazer um resumo de todos e estavam certos de que o Espírito Santo ali estaria; ...sim, deveria estar lá.

9) Porém aconteceu que o Espírito Santo lá não se apresentou, e então o concílio começou a brigar entre si e não se importava mais pelo evangelho certo, mas sim pelas primícias do bispado (toma como consequência a exclusão do evangelho de Arius e a apresentação da teoria da trindade). Isto causou o desenvolvimento entre o Patriarca de Constantinopla e o bispo de Roma, o que resultou na cisma que se dá até agora.

10) Então o bispo de Roma, Jerônimo (383DC), tomou todos os evangelhos que tinham sido selecionados, mandou fazer dos mesmos a Vulgata e a declarou como sendo autêntica. Seus seguidores continuaram sua obra e a refizeram, adaptaram e modificaram por mais de cento e setenta anos.

11) O mesmo fez o patriarca de Constantinopla. Como este patriarca anunciava ser este evangelho o único autêntico por estar em grego, a Vulgata foi retraduzida ao grego e divulgada plenamente entre os gregos. O mesmo despropósito foi realizado pelos gregos, que traduziram seu evangelho ao latim e o declararam o mais autêntico de todos. No fim, o evangelho latim valia para Roma e o grego para os gregos.

12) Mas como Arius ainda tinha sua influência e seus discípulos continuavam a agir, apesar de sua condenação tanto por parte de Roma como de Constantinopla, começou-se logo a atacar o arianismo com a espada e quase todos os documentos originais foram queimados, exceto os que combinavam com a Vulgata ou a Bíblia grega.

13) Vê, pois, Lutero então só possuía estes dois livros: a Vulgata, que ele não confiava, e a Bíblia grega, que ele possuía em vários idiomas asiáticos, mas que mesmo assim sempre eram iguais entre si.

14) Ao saber isto, podes concluir facilmente que nem uma nem outra era a certa. A de Lutero, porém, tem uma série de vantagens sobre a Vulgata. Por isto existem tantas discrepâncias na numeração entre a Vulgata e a de Lutero. Ele desejava indicar seu afastamento das duas Bíblias.

15) Mas, apesar de tudo isto, o núcleo, o cerne, o íntimo das duas Bíblias permanece correto e é bom e puro para o espírito. Pois o sentimento mais íntimo permaneceu puro e limpo, independente da forma dos livros, e isto é sem dúvida o principal.

16) Por isto podes seguir os ensinamentos de uma ou de outra. Não poderás errar e podes ficar bem em paz, pois as letras não importam, mas sim a mensagem do espírito, pois ele é o que nos torna vivos. Entende isto bem e fica em paz. Amém.


Um chamado de amor do Pai

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de março 1843, pela manhã

1) Escreve esta mensagem para Meus filhos:

2) Meus filhinhos, de Mim podeis prenunciar a aproximação de uma vida espiritual plena de Mim, Vosso Pai amoroso. Observai os raios do amanhecer do sol celestial que se anuncia em vós e neste momento sabereis, cheios de felicidade e prazer, que Eu estou bem próximo.

3) Isto Eu vos dou como lembrança do Meu grande Amor e da Minha fidelidade às promessas que Eu vos fiz. Aceitai-Me plenamente em vossos corações e observai bem Minha Palavra. Aquele que assim fizer apoderar-se-á de Mim.

4) Eu vos guiarei e educarei cheio de cuidados e carinho para a Vida Eterna, com o amor cada vez maior que tendes dedicado a Mim, vosso amoroso Pai. E logo tereis aniversários espirituais muito mais lindos que estes que celebrais na vossa vida material.

5) Mas só o que quero é que Me ameis, Me ameis muito, a Mim, vosso santo e carinhoso Pai, que vos ama eternamente e vos carrega em suas mãos santas e todo-poderosas. Ó amai-Me, amai-Me Meus queridos filhos. Amém. Eu vos abençoo continuamente. Amém.


Sobre a observação dos dias santos

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março 1843, pela manhã

Ó Senhor, Tu amoroso Pai, vê, novamente se passou um ano (já são três) desde que Eu e alguns amigos tivemos a alegria - e continuamos a tê-la pela Tua infinita Misericórdia - de sermos abençoados com Tua Palavra, a nós, que somos tão indignos, especialmente eu. Como já observaste, hoje desejamos festejar mais um aniversário em Teu Nome, e Te pedimos que Tu, como tens feito até agora, alegre e edifiques nossas almas e nossos corações com Tuas palavras sagradas e amorosas. Ó querido e misericordioso Pai Jesus, ouve, por favor, este meu pedido e se assim for Tua vontade. Amém.

1) Então escreve. O que achas em considerar um dia como o mais apropriado para se tornar um dia especial de recordações, no qual seria permitido a todos se lembrar do dia em que Minha Bênção chegou a vós?

2) Tu achas que o primeiro dia da revelação seja o melhor dia, pois neste dia consegue-se recordar melhor do que todos os outros; o dia em que o fluxo, a corrente de bênçãos obtidas começou a fluir em vossos corações e que continuaria a fluir até hoje ininterruptamente e inesgotavelmente.

3) Por um lado tens razão, pois assim é a ordem comum das coisas na Terra. E é dela que se originam todos estes cultos variados de tão pouca utilidade, e que em si não são nada, mas disputam o primeiro lugar quanto ao número de dias de recordação de aparições especiais que ocorreram durante Minha vida terrena; ou ainda pior, quanto aos milhares de santos diferentes, alguns dos quais nem existiram e outros ainda nem foram canonizados para o céu até hoje.

4) Em segundo lugar, estes feriados são dias de festança e de preguiça. Nestes dias não se trabalha como deveria um bom servo, mas são sim dias de pecado.

5) E finalmente em terceiro lugar, estes dias de comemoração, não passam de verdadeiros dias de tédio. Após terem feito suas “obrigações” na casa de oração, as pessoas vão para casa e não sabem o que fazer de tédio, especialmente após o almoço. Especialmente quando o dia é chuvoso, ou se não tiverem bastante dinheiro para enfrentar uma tarde agitada. O mesmo acontece com as garotas, que por algum motivo ou falta de tempo não conseguiram se encontrar com seus garotos.

6) Vós nem tendes ideia como Eu sou “sua vida” em alguns “feriados de dias santos”. Em verdade, tais feriados muitas vezes são ótimos dias de trabalho para Satã. É lhe dada uma boa oferenda nestes dias, e ele não conseguiria desejar nada melhor. Existem comilanças, bebedeiras e muita preguiça; a honra é destruída, as pessoas se vestem com roupas atraentes, se comportam com volúpia, muito mais que em dia normal de trabalho. Dize-Me se num feriado não é ruim, não é um dia mais satânico do que santificado para Mim, e que os únicos a serem servidos neste dia são o inferno e Satã, e nunca Eu, o Pai.

7) Se Eu vos disser que Eu sou totalmente contrário a estes chamados “feriados” devido à maldade dos homens, espero que considereis com naturalidade esta Minha atitude. Ou será que desejais ser amigos destes dias em que muitos vos desejam dizer: “Em verdade nestes dias todos nós, amigos, irmãos e filhos, fomos mortos da maneira mais cruel por assassinos e assaltantes”.

8) Esta é a razão por que Eu e todos Meus anjos afastamos nossos olhos da Terra em todos estes Domingos ou feriados, os quais de fato não passam de dias em que um de Meus filhos foi executado, pois não queremos participar destas cenas horrorosas que os homens levam a cabo nestes feriados.

9) Por favor, não desejeis vós, criar mais um dia de feriado, para comemorar o aniversário do início de Minhas revelações, mas sim cada dia de vossa vida seja um dia calmo, lembrando de Minha Misericórdia, Graça e Piedade. Sim, cada dia seja um dia de festa em Meu Nome, pois estou junto a vós cada dia do ano e vos dou Minha Misericórdia diariamente.

10) Mas já que hoje vos reunistes em Meu Nome, concentrai vossos pensamentos em Mim, voltai vossos corações para Mim, e Eu definitivamente estarei presente entre vós. Mas não façais disto um hábito e não considerai este dia um dia especial; ele é mais um dia comum e é dedicado a Mim, como devem ser todos os outros e sempre estarei entre vós.

11) Vós sabeis bem demais quão pouca importância Eu dava ao “Sabat”, enquanto estive na Terra como homem. E Eu também não criei feriados, pois Eu bem sabia dos frutos produzidos nestes dias. Mas a avidez dos sacerdotes por sua vontade livre criou uma série de feriados que se tornaram dias bem lucrativos, mas que vão totalmente contra Meu desejo e Meus ensinamentos. De fato, para Mim e para os humanos estes dias são verdadeiros prejuízos e por isto não tem Minha Benção, mas sim Eu os abençoo.

12) E aquele que, nestes dias, for a um serviço religioso totalmente por hábito, este não vai a Meu serviço, mas sim do inferno. Aquele que for a uma casa de oração observe bem por que lá vai, se não desejar fazer parte das legiões que honram a Satã, pois nos dias de hoje uma casa de oração se tornou casa de Satã.

13) Não deveis ter feriados, mas sim cada dia deve ser um dia dedicado a atividades de caridade em Meu Nome, e Eu abençoarei continuamente este dia, e não a cada oito dias, com um cajado metálico empunhado por um monge cobiçoso, orgulhoso, avesso ao trabalho, ameaçador, mal cheiroso e totalmente sem amor e piedade.

14) Isto Eu os revelo, à vos e a todos os seres humanos, para que observeis bem o valor que para Mim possuem todos estes dias hipersantificados, estes feriados “in memorian” de celebrações e os domingos que são celebrados em Meu Nome, o Senhor da Verdade e da Vida.

15) Vós, porém, amai-Me, pois Eu vos amo muito. Aquele que Me amar ardorosamente terá em seu coração sempre o verdadeiro “Sabat” vivo e transformará o Sabat dos judeus em Meu dia, Meu dia todos os dias, cheio de amor e graça.

16) Este tipo de “Sabat” deveis observar continuamente e assim sereis verdadeiros adoradores de Deus, os que o adoram em espírito e no coração, em qualquer lugar ou a qualquer hora, tornando seus corações verdadeiros “feriados” para Mim.

17) Observai bem esta mensagem. Lembrai-vos sempre de Mim e não só em dias ditos especiais. Amém.


Uma prédica verdadeira

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de março 1843

Ó Senhor, Pai santificado e amoroso, ouve minha súplica mais uma vez. Eu estou com dúvidas, não consigo me acalmar e não sei o que isto significa. Por favor, me ajuda.

A este pedido veio a seguinte resposta:

1) Bem, bem. Porque escreves o que desejas, como se Eu de sobejo já não conhecesse o que vai a teu coração? Pois escreve então.

2) Com respeito àquela mulher que predica, não te preocupes com ela, pois tens em Mim um predicador bem melhor, Este que te ensina desde três longos anos, diariamente, sobre a vida e seus segredos, e que continuará a te ensinar até o fim dos teus dias na Terra, cada vez com mais e mais clareza, e que te dará o prêmio do servo, já que tu, por amor a Mim, o verdadeiro predicador, e para com teus irmãos, crescerás na mesma proporção como Eu cresço em ti, na plenitude de Minha Palavra Viva, a que é Meu Amor, Misericórdia, Graça e Piedade, e na qual todo aquele que a ouvir em seu coração se tornará vivo.

3) Já que Eu, nesta época tão importante, começo a chamar os mortos de suas tumbas segundo a profecia que Eu te fiz, que isto seja um bom sinal misericordioso que possuis.

4) Pois onde Eu exijo grande arrependimento, lá estarei como Juiz à porta; porém onde Eu predico o Amor, lá estará o Pai à porta.

5) Pois então não te preocupas por mais nada do que por Mim, e poderás ter certeza que eternamente não fracassarás para ninguém que estiver em Meu caminho.

6) Mas aquele que se incomodar contigo, este também se incomodará Comigo. Mas deixemos que os incomodados se incomodem. No fim veremos o que conseguiram com o seu “incomodar-se”.

7) Tem certeza que somente aqueles que Me procurarem, a Mim, com todo afinco, e não permitirem um único desvio na sua busca, e aqueles que amarem a seu próximo sete vezes mais do que a si mesmos estes adorarão ao Pai, Deus e Senhor. Mas os que não fizerem assim logo acabarão com as mãos vazias, ou então Eu permitirei que encontrem uma série de cisões ou falsos ensinamentos para seu crescimento e elucidação, de modo que deixem de buscar ao léu e se voltem para Mim!

8) Em verdade aquele que Me amar por outra razão a não ser por Mim próprio, este não merece Minha Graça e Misericórdia.

9) Mas aquele que julgar seus irmãos e desejar ser melhor que eles, aquele que ainda se considerar um patrão, que ainda não conseguir rezar pelos seus inimigos e não puder abençoar aqueles que o maldizem, em verdade este ainda se encontra bem afastado de Minha Luz Misericordiosa.

10) Se um noivo rico souber que sua noiva finge que o ama e só o quer pela sua riqueza, dirá ele à noiva: “Afasta-te de mim. Jamais conheceste meu coração, mas sim somente meus tesouros materiais e somente eles te amarram a mim! Eu, porém, desejo dar-te o prêmio de acordo com o amor que me tens: o que está na minha arca de tesouros mortos e sem minha presença. Apodera-te disto, mas a mim nunca mais verás. E quando tiveres consumido toda a morte de minha arca, esta se fechará para ti eternamente.” Não dirá?

11) Eu, porém, sou um noivo que tudo sabe! Por isto conheço bem o coração de qualquer um. Eu vos digo: Aquele que desejar chegar a Mim pelo que sou, que venha confiante e alegre, que imediatamente será acolhido. Mas que cada um examine seu coração com grande cuidado! Pois enquanto houver só um pontinho de amor diferente, Eu lá não entrarei e não Me deixarei encontrar.

12) Cada amante, se for um verdadeiro amante, é um pouco ciumento, e isto muitas vezes por alguma ninharia, mas isto acontece porque ele é um amante verdadeiro. Pois o amor quer ser puro e deseja possuir com pureza. Eu, porém, sou, por todas as eternidades, o maior e mais puro amante. Esta é a razão por que sou extremamente ciumento e ninguém Me possuirá, a não ser aquele que Me amar incondicionalmente e acima de tudo.

13) Vê, esta é uma Palavra verdadeira, uma Prédica verdadeira. Permanece nela e não te preocupes com as dos outros, pois esta Minha Palavra sempre te satisfará. Pois a Palavra que vem de Minha Boca é bem melhor do que a que vem de uma visionária extasiada. Deixa a mulher em paz, pois Eu sei o que faço por intermédio de pessoas iguais a ela.

14) Com relação às serpentes com que sonhas, uma das quais morde a superfície de tua mão, isto só acontece por se falar de dragões na obra principal (Lorber estava recebendo a Criação de Deus) e significa que isto te ferirá um pouco no começo. Mas logo acordarás deste pesadelo.

15) Vê, isto é tudo que querias hoje. Observa isto, ama-Me e fica calmo. Amém.


Perdão dos pecados pelos sacerdotes

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de março 1843, pela manhã

1) Sei que desejas dar um presente Meu para esta tua irmãzinha no dia de seu aniversário. Bem, Eu também desejo dar-lhe algo, tão logo ela o queira de fato. Mas ela não confia em nós e está presa aos “muros de Roma”. Tornou-se então bem difícil dar-lhe algo sério, importante e que seja de seu agrado.

2) Mas para que ela consiga entender o que de fato acontece com os “muros de Roma”, Eu vou chamar sua atenção aos alicerces sobre os quais Roma se ergue. É o versículo 18 do capítulo 18 de Mateus e também o versículo 23 do capítulo 20 de João.

3) Mas já que este alicerce é falso, podemos vê-lo claramente exposto em todo o capítulo 18 de Mateus, especialmente entre os versículos 14 a 35 e mais claro ainda no “Pai Nosso”. Pois no “Pai Nosso” consta: “Perdoa nossas dívidas, como nós perdoamos os nossos devedores”, diferente de: perdoa nossas dívidas, como os sacerdotes perdoaram as mesmas.

4) Este mesmo alicerce da Igreja Romana, também baseado no versículo 18 do capítulo 18 de Mateus, não é verdadeiro, pois lá não é outorgado à mesma o poder de perdoar os pecados, especialmente aos seus sacerdotes, que não passam de homens comuns. Mas existe sim um perdoar amoroso entre irmãos, dos pecados que cometeram entre si (o ato da confissão foi inventado por Roma, para conhecer todos os pensamentos dos homens, especialmente dos ricos e poderosos, para assim possuir todo o poder sobre os mesmos).

5) No momento em que as pessoas perdoarem umas às outras, perdoarem suas culpas entre si, então Eu também perdoarei tudo. Mas se elas retiverem suas culpas umas das outras, eu também reterei suas culpas.

6) Este é o verdadeiro significado deste ensinamento tão conhecido, mas tão mal aplicado; porém para Mim não existe nenhum outro válido. Quem viver de acordo com este ensinamento e nesta sua interpretação este chegará a Mim; quem não o fizer ficará do lado de fora, mesmo que tenha milhares de perdões de pecados dados pelos sacerdotes.

7) Observai todos vós isto com muito carinho e atenção e vereis que não são necessários breviários nem patuás, para que Eu perdoe vossos pecados.


Tal qual o amor, será a recompensa

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de abril 1843, pela manhã

1) Escreve uma palavrinha do bem para qualquer um! Quem a observar com atenção terá “uma boa parte” que não lhe poderá ser tomada nunca mais. A palavrinha em Lucas 10 - 40 - 42 diz o seguinte:

2) 40 – Marta, toda preocupada com a lida na casa, veio a Jesus e disse: “- Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a Te servir? Dize-lhe que me ajude.” ; 41 – Respondeu-lhe o Senhor: “- Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; 42 – No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu “a boa parte”, que não lhe será tirada.

3) Se Eu disse isto (que Maria tinha escolhido “a boa parte”) para a Marta, que Me servia com afinco, que direi àqueles que não têm nada, absolutamente nada de uma “Maria” (não confundir com a Mãe, mas sim aqui uma das irmãs de Lázaro), mas que podem de longe ser comparados a uma “Marta”, pois eles não Me servem, a Mim, mas sim ao mundo, com muito afinco o dia todo, e com tantos pensamentos e tanta conversa mundana, que não conseguem dedicar nem uma meia horinha do dia para uma conversa Comigo? E quando conseguem pensar em Mim, eles pensam como se estivessem pensando num inverno longínquo, que passou há mais de vinte anos.

4) Que devo dizer a estes para os quais uma meia hora é mais importante do que um mês de Amor Paterno que lhes dou? Que posso dizer àquele que passa o dia inteiro medindo e dobrando panos, para enfeitar-se ou enfeitar sua casa? Que devo dizer àqueles sobre uma Maria ou uma Marta, para aqueles que labutam o dia inteiro, às vezes até tarde da noite, cheios de interesse, e quando chega a hora de ouvirem uma palavrinha Minha, logo caem em profundo sono?

5) Que poderei ainda dizer àqueles que passam o dia pensando e fazendo planos, porque alguém os olhou com atenção ao caminharem na rua? E se alguém lhes chama a atenção para dirigir seus pensamentos e planos futuros para Mim, eles o olham com desprezo e lhe viram as costas.

6) Eu só falo sobre aqueles de quem ainda é possível falar, pois existem pessoas tão mundanas, das quais Eu não falo. Pois estas são aquelas que sempre estão com os sentidos no mundo e nos seus regentes, aqueles que vivem no ar e que governam nele; quer dizer, que regem de acordo com o espírito que nesta época influencia os filhos da incredibilidade, sob a qual todos se situam e vivem de acordo com as paixões da carne e que são de fato filhos genuínos do eterno Mal.

7) Bem a estes Eu não falo, mas sim falo aos que ainda se dizem Meus Filhos, mas que Me consideram - a Mim, o Santo Pai - nada melhor do que um vestido velho, se os seus afazeres diários lhes permitem um tempinho para dedicar um pensamento a Mim.

8) Então pergunto: O que devo dizer-lhes? Eu vos digo que muito pouco haverá para ser dito.

9) Para que algo seja dito, digo-vos, mas não como disse à Marta, que como foi o trabalho, tal será a recompensa. “Como é vosso amor, tal será o prêmio”.

10) Aquele que ofertar mais ao seu corpo do que a Mim a este corpo exija a recompensa, quando o mesmo virar pó e cinzas. Aquele que preferir o amor e o aplauso do mundo a Mim, tudo bem, mas ele que se satisfaça com o prêmio que o mundo lhe der. Mas podeis ter certeza que Eu jamais Me imporei a alguém.

11) Como forem as obras, assim também será a vida. Quem tiver grande prazer na morte e quem se satisfizer em revolver-se na mesma diariamente, sem temê-la, este que faça o que lhe causa alegria. No fim, deverá consolar-se com esta alegria macabra. Mas Eu Me encontrarei bem longe dele.

12) Mais do que isso, não é necessário dizer. Mas logo chegará a época destes ávidos servidores do mundo conhecerem que “recompensa boa” este seu trabalho lhes proporcionará. Mais nada direi.

13) Bênção para aqueles que aproveitarem estas palavras no coração. Para os mornos o Meu prêmio já está reservado: serão cuspidos de Minha Boca. Amém. Isto vos diz o Santo Pai.


Convite inútil

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de abril 1843

1) Escreve, pois Eu sei o que tu queres e as dúvidas que te atormentam.

2) Vê, em quem estás pensando ainda não é possível nem aconselhar, nem ajudar, pois continua a procurar a felicidade no mundo e só deseja melhorar sua situação material. Comigo ele nem sequer se preocupa um pouquinho, pois não procura por Mim, exceto para obter benefícios mundanos.

3) No ano passado Eu o convidei calorosamente para sentar-se à Minha Mesa. Mas devido ao mundo e seus prazeres ele ainda não aceitou Meu convite, nem se dignou a fazer o que tão carinhosamente lhe aconselhei. Ele deverá entender que ele se encontra no mundo somente pela Minha Vontade e que veio de Mim. Ele vive e serve somente ao mundo e por isto deve se satisfazer com a recompensa que este lhe dá.

4) Cada um pode fazer o que deseja. Aquele que Eu convido pode vir ou não. E se for convidado, Me é indiferente se vier ou não. Pois o mundo tem seus filhos e Eu tenho os Meus. Mas se Eu convido Meus Filhos e eles não ouvem Meu chamado, é porque estão embasbacados com os prazeres que o mundo lhes pode dar.

5) Quando tiverem “usufruído” bem estes prazeres materiais e tiverem recebido todas as “recompensas” que o mundo lhes oferece, aí então escutarão com mais carinho ao Meu chamado, tão logo este lhes for dirigido mais uma vez.

6) Eu te digo: O que acontece no ambiente desta pessoa (o amigo de Lorber) Eu permito para sua evolução. Eu permito que ele desfrute do mundo, em grande parte para que veja quais lucros seu posto lhe traz, pois devido ao mundo ele nunca encontra nem um pouquinho de tempo para se ocupar Comigo.

7) Já que ele crê que fica cego tão logo comece a ler um capítulo de Meu livro, ele que use a visão que ainda lhe resta ao ler seus inúteis documentos e artigos de trabalho.

8) Eu não gosto nada de sua maneira de ser. Ele tropeça logo que começa a dedicar um tempo para Mim, mas fica lépido tão logo os assuntos mundanos se apresentam. Ele perde valioso tempo com coisas que nada lhe serão úteis.

9) Por isto, por enquanto não é possível aconselhá-lo ou ajudá-lo da maneira que ele acha que deve ser, mas ele está sim sendo curado com doses homeopáticas.

11) Isto, porém, Eu digo somente a ti e a teus três irmãos. Eles assim poderão dar-lhe algumas sacudidelas, quando houver uma boa ocasião para isto.

Cuidados com a Luz Celestial

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de abril 1843

1) A cópia de “O Sol” por alguém não-qualificado não pode acontecer! Especialmente se quem desejar copiar a obra for velho demais para conseguir absorver uma Luz nova, e cujo espírito se envolveu com tantos preceitos falsos, que se encontra em plena contradição com a Luz de “O Sol”.

2) Vê, se tu deres a uma tal pessoa o direito de copiar Minhas Palavras tão vivas, esta pessoa que de fato e se encontra totalmente atrelada às cerimônias e regalias romanas e não aos ensinamentos do Evangelho, tu o tornarias pior e jamais melhor. Por um lado ele começaria a desconfiar de sua igreja e de sua consciência, por outro ele desconfiaria muito mais deste assunto que ele viria a copiar, pois Minhas Palavras estão em total desacordo com seus conceitos católicos.

3) Mas este homem é também um ser humano, cuja fé é de grande importância que não seja destruída. Por isto ninguém deve copiar tais revelações, a não ser que seja um filho da luz de Schwedenborg, ou um visionário, ou ainda jovem suficiente para se reformar, ou que esteja em conflito com o papismo, ou que seja um parente teu e consequentemente um parente espiritual.

4) Vê, esta Palavra (a Nova Revelação) pode matar ou vivificar! Esta é a razão por que se tem de fazer uso dela com muito cuidado. A quem ela conquista a este ela jamais abandonará, ou para a Vida ou para a morte.

5) Mas sabendo que a Palavra pode nos levar tanto para a Vida como para o julgamento, Eu hoje permito que esta Palavra vivifique aquele que dela se apoderar em espírito, amor e vida; mas ai daquele que a ler sem entusiasmo, sem vida e amor, aquele que só a toma para no fim livrar-se do julgamento.

6) Pois é muito melhor não conhecer Meu Amor, do que se apoderar dele comedidamente, apesar dele ter se apresentado a todos em toda Sua Plenitude.

7) Quem tiver obtido a Luz e dela se afasta, este entrará nas trevas. Mas aquele que tiver obtido o Amor como Minha própria Vida e dele se afasta, este encontrará a Morte. E quanto mais Amor Meu tenha absorvido, mais difícil será livrar-se da Morte.

8) Cada raio da Luz do Amor é mortal para aquele que o receber sem estar preparado para tal revelação, enquanto que cada raio de Misericórdia jamais será mortal para quem quer que seja, da mesma maneira que os raios de um relâmpago não matam ninguém, mas se alguém for atingido pelo relâmpago em si (o raio original) ele será morto quando ainda estiver no seu estado natural. Mas se alguém for sonâmbulo, este aguenta um mar de relâmpagos sem receber qualquer tipo de prejuízo, pois o estado do sonâmbulo é similar ao do relâmpago.

9) Nisto deves reconhecer, porque eu não desejo e nem posso desejar que alguém consiga cópias destas Minhas Palavras vivas e cheias de Amor, antes do tempo. Se ele não estiver preparado, pode colocar a vida de seu espírito em perigo.

10) Tu certamente não conseguirás entender totalmente como isto pode ser possível. Pensa, porém: Seja uma árvore atrofiada que se encontra plantada numa rocha e consequentemente tem uma vida muito frágil... Será que tu a salvarás, se a transplantares do seu sítio frágil para um terreno bom e fértil? Vê, é melhor deixar os estabelecidos no local em que se encontram, pois uma mudança violenta lhes custará a vida.

11) Aguarda ainda um certo tempo com a cópia e tu receberás tudo, de uma maneira clara, boa e segura. Observa isto bem. Amém.


A lâmpada espiritual do autoconhecimento

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril 1843

1) Dá esta mensagem a Meu filho no dia de seu aniversário, pois ele deseja saber por que a fraqueza é melhor do que a força.

2) Ouve tu, Meu amado amigo e irmão em Meu Amor por ti. O que são estes três textos da segunda carta aos Corintos - capítulo 12 ? Eu posso te dizer que já foram citados por Mim no Evangelho como também nos profetas, especialmente em Jô, em Jeremias e nos salmos de arrependimentos de David.

3) Mesmo assim, eles ainda são um pouco nebulosos para um olho espiritualmente fraco. Por isto, no dia do teu aniversário, vou te dar uma pequena lâmpada, cheia de óleo de misericórdia do Meu Amor por ti. Esta lâmpada vai aclarar estes textos, tanto que eles parecerão estar transpassados pela luz de um forte sol. Bem, ouve agora. Assim é e disto é feita a lâmpada:

4) Quando, em Minha vida terrena, tive que dar testemunho da existência de Deus ante os judeus escribas e fariseus, Eu apresentei o seguinte exemplo, tirado de situações da vida:

5) Bem lá na frente, no lugar mais próximo do Santíssimo, um fariseu elegante apresentava a seguinte oração de agradecimento a Deus: "Ó Senhor! Obrigado, Senhor, por me teres dado tanta força, pela qual, desde minha infância, consegui te servir fielmente e ainda nunca pequei contra uma de tuas leis, ó Senhor. Pois eu obedeci as leis de Moisés até o último pontinho, eu cumpri as obrigações de minha categoria com exatidão, eu te ofertei óbolos ricamente e continuamente e sempre dei o dízimo pontualmente. Eu jamais me tornei impuro, nem na manhã, nem ao meio dia, nem à noite. E jamais deixei de santificar o Sábado com nada. .

6) Por isto eu Te agradeço, meu Deus, com total e absoluto fervor de toda a força que me é dada tão bondosamente por Ti, pelo qual eu sempre caminhei, andei com a justiça na Tua presença e sou justo do topo de minha cabeça até a ponta de meu dedinho do pé, e não sou pecador feito os judeus comuns, feito os andarilhos vagabundos, feito os ladrões, assaltantes, assassinos e adúlteros, os ofensores do Sábado e comedores de carne suína, e nem de longe como os pecadores artistas públicos, comediantes, dançarinos, mágicos, publicanos e estelionatários e muito menos como os samaritanos ou similares”. Esta foi aproximadamente a oração de agradecimento do fariseu justo.

7) Bem no fundo do templo se encontrava um publicano pecador. Este quase não se atrevia a levantar os olhos e falava todo constrangido:

8) "Ó Senhor! Eu, pobre fraco pecador, não sou bom suficiente para olhar teu Santuário e ocupar este lugar no fundo de Teu templo. Sê misericordioso, ó Senhor, comigo, pobre e fraco pecador, se eu ainda for digno de receber uma atenção misericordiosa". Neste momento o publicano bateu no seu peito e abandonou o templo em prantos.

9) Qual destes dois saiu do templo redimido? Eu te digo hoje o que já disse naqueles dias: De jeito algum o arrogante fariseu, que Me jogava à cara sua perfeição e que se achava muito melhor do que todos os outros, mas sim o frágil publicano pecador, que se considerava o mais indigno de todos. Foi por isto que Eu fui à sua casa, comi e bebi em sua companhia e o chamei de irmão e o aceitei na irmandade de Meus Filhos.

10) Vê, pois, se o publicano se tornou um amigo Meu, o contrário aconteceu com o fariseu. E assim vereis claramente por que Paulo disse: “Para que a grandeza das revelações não me leve ao orgulho, me foi dado um espinho na carne, um anjo de Satanás (o amor carnal, a paixão), para me esbofetear."

11) O mesmo disse Jô: “O que é mais fácil do que se elevar a posições elevadas e se considerar melhor do que todos os irmãos aos quais não é outorgada tão elevada posição? Mas o que é também muito mais perigoso para o espírito humano, do que esta tão fácil elevação sobre seus semelhantes?"

12) Esta é razão por que tanto Paulo, como todos os outros evangelistas e pregadores, teve em sua carne uma constante advertência, para permanecer na sua humildade que lhe dizia: "Vê, tu és somente um homem e não um Deus! Toda vez que caíres na Minha frente, tantas vezes Eu te levantarei, para o que consta tal mazela em si”. Por isto ele Me pediu, por três vezes, para que Eu o libertasse de tal provação.

13) Mas Eu lhe respondi: "Permanece humildemente em Minha Misericórdia, pois Meu poder somente é possível na tua fragilidade"; quer dizer, logo que reconheças tua fragilidade. Assim aconteceu com Paulo que disse: "Vou então alegremente glorificar minha fragilidade, para que a Força do Cristo consiga habitar sempre em mim. É por isto que eu, Paulo, estou sempre de bom humor na minha fragilidade, na desgraça, nas perseguições, nas dificuldades e temores pela vontade de Cristo. Pois sei que somente serei forte, quando for frágil!"

14) E por que isto? Paulo sabia muito bem que Eu estou bem mais próximo do fraco e humildade, do que daquele que se considera totalmente forte.

15) Ao caminhar, quem cai mais vezes que uma criancinha? E, no entanto Eu digo: “Enquanto não vos tornardes idênticos aos pequeninos, não conseguireis entrar no Meu Reino no Céu”. Com isto podes entender bem por que Paulo glorificava sua fragilidade.

16) Neste ensinamento também compreenderás por que o pastor abandona suas 99 ovelhas, para procurar aquela que se perdeu do rebanho. E no momento em que a encontra, cheio de alegria, a coloca sobre seus ombros e a carrega feliz para casa. Desta fragilidade glorificada por Paulo poderás entender com clareza por que o Pai foi ao encontro do seu filho perdido, o acolheu, lhe preparou um banquete, lhe entregou o anel do senhor, o enfeitou e lhe ofereceu grande honraria.

17) Acho que agora, municiado com esta luminária tão grande e clara, não te será difícil entender o vosso Pai e Deus Jesus. E ainda acrescento:

18) Aquele que, mesmo frágil, não foge à luta e consegue a vitória, Me é milhares de vezes mais agradável do que o forte, para quem a vitória é uma ninharia. Quando o frágil cair, lá estarei Eu para levantá-lo, não importa quantas quedas ele tiver. Mas o forte, este, se sofrer uma queda, que se levante por si só.

19) Que isto te sirva como uma corda que te ligue a Mim, Jesus. Pois Eu amarro com a mesma a tua fragilidade à Minha Força. Tem certeza disto agora e eternamente. Eu, teu Pai amoroso Jesus. Amém.

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A índole do homem e da mulher

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de maio 1843

Na revelação principal “A Criação de Deus” (18840-1844) foram apresentadas a situação e o caráter dos habitantes das montanhas, os filhos de Adão. Os patriarcas recebem revelações do Senhor sobre a índole dos homens e mulheres.

1) Os patriarcas: “ Ó Senhor, bem amado Pai! Dá-nos, a todos nós, uma explicação melhor do que respondeste a Muthael. Aclara sobre o comportamento de nossas mulheres. Não podemos ser felizes, mas sim bem infelizes, pois elas são nosso maior bem, claro que depois de ti, e nós jamais conseguiremos agradecer-Te o suficiente por tal presente. Ó Pai, permite que nós, junto a nossas mulheres, sejamos do alto e não dos vales ”.

2) E o Senhor abriu sua boca e assim falou aos patriarcas: “ Vós falais quais cegos absolutos em Minha Ordem! Enquanto não sabeis o que significa “em cima” e “em baixo” espiritualmente, por que não perguntais sobre isto? Porém exigis de Mim uma luz onde não a necessitais. E por causa de vosso desejo vos atreveríeis a modificar Minha Ordem? ”.

3) Dizei-Me: Será que a mulher perde algum valor quando Eu digo que ela vem “de baixo”? É assim, pois ela é o polo contrário do homem, sem o qual o homem sozinho (como também a mulher sozinha) nada conseguiria e nada seria?

4) O que vós diríeis, se Eu vos dissesse que, para Mim, todos vós sois de baixo e somente Eu sou de cima? Deixo com isto de ser vosso criador, único e eterno santo Pai? Ou não é verdade que Eu, Adão, te criei da lama da Terra e tua mulher, Eva, da tua costela?

5) Mas como todos vós sabeis que a “lama” é Meu Amor e a “costela” é Minha Misericórdia - e que Minha Misericórdia e Minha Graça envolvem vossas vidas, tal como vossos esqueletos fortes envolvem e protegem os vossos corpos - deveis vos considerar arquicegos, se encontrardes uma diferença desconsolada, onde deveríeis encontrar uma completamente consoladora.

6) Dizei-Me o que é mais digno de louvor: o Sol brilhante ou a luz que emana dele? O que vós considerais mais importante?

7) Em vosso interior dizeis: “Ó Senhor, um é tão importante e necessário quanto o outro!”. Eu vos digo: Bem, o Sol é observado nas alturas; o que acontece com a luz que dele emana?

8) Vos dizeis: “Esta deve necessariamente encontrar-se debaixo do sol!” Então Eu novamente digo: “Já que o Sol não possui nenhum valor, a não ser pela luz e pelo calor que dele emanam, pois sem eles o Sol não seria nenhum sol, mas sim uma estrela fria e morta, então a mulher não sofrerá prejuízo algum e não perderá um centímetro de seu valor, por estar colocada “em baixo” do homem.

9) Eu digo: Se a mulher for como deve ser, então Eu a considero com o valor de um homem justo, e é Minha filhinha amada, tal qual o homem; mas se acaso se perder, Eu, como bom pastor, sairei a sua procura, tal qual faria pelo homem. Porém se ela for de má índole, Eu a desprezo, tal como desprezo um homem mau. Pois o brilho do Sol é igual ao Sol.

10) Chegará uma época em que Eu juntarei os raios sobre a mulher, para iluminar um sol apagado e sem luz dos homens.

Entendei bem isto e deixai de lado vossa tolice e vossa ciumeira. Amai a vossas mulheres como eu vos ensinei, nem um pouco a mais nem um pouco a menos do que Eu as amo. Também as respeitai com muito carinho. Quem assim não fizer será um grande pecador. Amém.


Interpretações do profeta Abadias

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de maio de 1843

1) O “profeta Abadias” quer dizer: o profeta do presente e do futuro, ou o profeta do externo e do interno, ou então da fé exterior e do amor interno.

2) “Do julgamento dos Edomitas e a absolvição dos Israelitas” significa: do julgamento do mundo e da libertação dos filhos do Amor de Deus; ou então da rejeição das pessoas do mundo e da maravilha dos verdadeiros adoradores e amantes do Senhor Deus Jeová em Jesus Cristo; como também da destruição da Igreja do mundo e de seus servidores e da ascensão da verdadeira igreja viva no mais puro amor a Deus, o Senhor em Jesus Cristo.

3) Esta é a visão de Abadias:

Versículo 1 – “ Eis o que diz o Senhor de Édem... Nós ouvimos falar do Senhor que foi enviada uma mensagem aos pagãos. Levantemo-nos e vamos combatê-los ”.

4) Esta é a luz do presente e do futuro, do exterior e do interior, da fé mundana e da luz do amor interior no Senhor! Assim testemunhou o Senhor ante o mundo e suas obras injustas e sem amor. Nós, filhos na Luz do Amor pelo Senhor, sabemos Dele mesmo que o mundo modifica Sua Luz de Misericórdia em maldade, egoísmo, avareza, luxúria e não considera ao Senhor nem um pouquinho pelo que Ele é ou realiza, mas sim faz Dele uma mercadoria ruim e falsa, para vendê-la a nós, os incautos. Graças damos a Ele, que no Seu Amor nos esclareceu sobre isto. Vamos então, com nossos corações plenos de Amor do Senhor, nos levantar e combater com afinco tudo que é do mundo e não do Senhor.

5) Versículo 2 – “ Fiz-te pequeno entre os pagãos, e és bastante desprezado”.

6) Ouve ó mundo! Tu estás em julgamento! Teu amor é como um fogão frio no inverno, e tua luz se transformou em trevas, e todas tuas ações e negociatas e tua gritaria se assemelham a um asno embriagado, que com os olhos vendados e as orelhas entupidas está a dançar no gelo, para gozação dos assistentes.

7) Versículo 3 – “ O orgulho de teu coração te transviou; tu, que habitas nas fendas das rochas, nas tuas moradas inacessíveis e dizes no teu coração: Quem me faria cair por terra ?”

8) A tua autoridade divina retirou de Mim teu coração e teu amor e os encheram de orgulho, soberba, ódio, vingança, luxúria e de toda ou qualquer justiça. No entanto tu, a mais perfeita prostituta, a mais julgada pelos outros, é a que mais deseja julgar. E já a muitos julgastes segundo tua própria razão, pois achastes que tinhas o direito para fazê-lo, pois para ti construíste teu poder enganosamente, dizendo que seguias a Minha Palavra. Habitaste nas fendas (segredos “indesvendáveis”) das rochas (palavras deturpadas). Por meio de ações enganosas e traições, tu te sentaste no trono do poder que só a Mim pertence (castelo inacessível) e dizes desde as alturas deste teu trono enganoso: “Vinde todos a mim! Pois além de mim, não há Senhor, não há Amor, Misericórdia, Luz e não há Vida! Só eu moro sobre a rocha e nenhum inferno pode me derrotar!”.

9) Versículo 4 – “Ainda que tivesses colocado o teu ninho tão alto como o da águia, ou o tivesses posto entre os astros, Eu te precipitaria dali, oráculo do Senhor!”.

10) Eu, teu Senhor e teu Deus, trovejo há muito tempo em teus ouvidos já há tanto tempo entupidos e ao teu coração empedrado o seguinte: Mesmo que desejes te elevar por meio das mais variadas artimanhas (sem de fato conseguir, sendo assim, tua elevação é fictícia) e que também tenhas vontade de pregar a Luz, e se tu te humilhares e praticares a paciência e compreensão total, se abandonares teu espírito de juiz, se puderes aglomerar todos os sábios que se originam em Mim, e se coabitares com eles sob Minha Luz Misericordiosa, assim mesmo, devido à tua luxúria do passado, Eu te jogarei às profundezas. Faze o que puderes, mas Eu não mais quero olhar-te, nem te reconhecer. E teu ninho será um eterno nascedouro dos frutos de tua luxúria. Assim ameaço, Eu, teu Deus e Senhor!

11) Versículo 5 – “ Se ladrões e assaltantes torturados te agredissem, como serias devastado... Sim, eles o roubariam bastante! E se vindimadores entrassem em tua vinha, nada deixariam sobrar para ti”.

12) Nesta noite longa e profunda despertarei os sábios que estão contigo e a muitos darei visões divinas. Estas deverão afastar o véu que te cobre e te mostrar a todos em toda tua verdadeira luz, no teu aspecto mais miserável e horroroso. Como poderás então, nesta noite tão terrível, enfrentar a Mim, Luz Brilhante que vem do Céu? Sim, Eu te afirmo que ela tirará todas as tuas roupas valiosas, e tu serás iluminado como uma prostituta velha e adúltera, submissa na Minha Luz, e todos assim te verão. As coisas de valor que ainda possuíres te serão tomadas, e na grande colheita de Minha vinha do Além não sobrarão para ti nem os restos que os meninos da rua deixaram, mas sim te alimentarás da areia e o musgo seco acalmará tua sede.

13) Versículo 6 – " Como revistarão Esaú e procurarão seus tesouros ocultos?"

14) Ó como serás inquirida, tu, prostituta mundana (Esaú), e como te examinarás em todos teus cantinhos! Mas nada encontrarás em ti! Pois tudo o que tinhas por Mim dado te foi tomado, ó tu, rainha dos descrentes! Tu serás examinada em vão! Pois os que te revistarem nada encontrarão, nem no futuro!

15) Versículo 7 – “ Todos teus companheiros te expulsarão de sua companhia, as pessoas nas quais confias te trairão e dominarão; os que comem de teu pão te delatarão antes que ti dês conta.”

16) Todos os teus aliados, os quais conquistastes para teu lado pelo poder de tua fala dupla, te desprezarão em seus corações. E aqueles cegos, sobre os quais construístes tuas ambições como sobre uma rocha, te enganarão com poder de suas trevas e te tomarão todo teu poder. Sim, mesmo teus servos dedicados, teus arrendados e servidores, sim, todos os que te juraram obediência e lealdade, te exporão ante todo o mundo e ante o povo, do jeito que crês, cheio de mentira, astúcia e tolice. Tu, porém, nem te darás conta de suas artimanhas em praticar a traição capital contra ti, traição, aliás, há longo tempo merecida.

17) Versículo 8 – “ Sim, naquele dia, oráculo do Senhor, farei perecer os sábios de Édom, a inteligência da montanha Esaú”.

18) O que é verdade? Assim troveja o Senhor. Tu pensas ser invencível, pois te aliastes aos poderosos da Terra e estes te acolheram sob a proteção de armas? E tu achas que Eu nada poderei contra ti, pois ainda possuis vários sábios e vários oradores de língua ferina que falam a teu favor. Eu, teu Senhor, transformarei teus sábios em tolos, e todos na Terra os reconhecerão de imediato como tais, e toda tua arrogância e luxo serão motivos de chacota. Vê como será o teu futuro! Todo teu amor falso (Édom) e tua luz falsa (Esaú) serão destruídos no fim dos tempos.

19) Versículo 9 – “Também teus valentes em Temã, serão tomados de medo e serão exterminados na montanha de Esaú..”.

20) E teus poderosos na palavra (Temã) que se denominam “doutorados com Deus” (teólogos), mas que jamais ouviram uma silabazinha, nem que seja de Deus, mas que têm o diploma de tão tolos que o mundo lhes outorgou, Eu os amedrontarei na sua consciência mundana (materialista). E se eles organizarem um concílio com sua “sabedoria de doutor”, Eu os castigarei diretamente nesta sua exposta sabedoria, e os destruirei com o mais humilde e fraco de Meus (verdadeiros) filhos sábios que ainda se encontram no berço de Minha Graça, Misericórdia e Amor.

21) Versículo 10 – “Por causa da violência feita a teu irmão Jacó ”.

22) E isto eu farei por causa da violência que tu e teu bando de “samaritanos” praticastes contra Mim e contra minha Palavra.

23 – Versículo 11 – “No dia em que lhes fizeste face, quando bárbaros levavam teu Senhor cativo e estrangeiros adentravam suas portas e se jogaram a norte de Jerusalém, tu eras igual a um deles. Por isto deves ser eternamente amaldiçoado e destruído”.

24) Tu sempre te igualaste aos piores descrentes, mesmo aos que combatestes com todas as tuas forças - pois eles pisavam Minha Palavra, colocavam em seu lugar o mais trevoso paganismo e atiravam em Minha Palavra - e te igualavas a eles ou eras pior que eles (veja as guerras de Constantino e as Cruzadas). Eu te digo: por esta razão deverás ser destruído por todas as eternidades. Teus seguidores serão contados nos dedos de uma mão e serás culpado frente ao mundo!

25) Versículo 12 – “ Não te alegres com o dia (de castigo) de teu irmão. No dia de seu infortúnio, não te alegrarás com os filhos de Judá. No dia de sua ruína, no dia de sua desgraça, não abrirás tua boca (para insultar)”.

26) Até agora tu te alegravas quando vias que Meus seguidores (protestantes, huguenottes e antirromanos) se encontravam na miséria. E dizias que tal era culpa de sua heresia contra ti. Clamavas que sua miséria era “castigo justo” e entoavas cânticos de louvor, quando milhares de Meus seguidores eram mortos ou torturados pela tua artimanha ou pela tua autoridade arbitrária. Mas no futuro não terás mais esta alegria! Não deverás te alegrar mais pelas provações que os Meus devem passar, e teus enviados nada mais poderão contra eles no dia da provação.

27) Versículo 13 – “Não deves adentrar as portas de Meu Povo no dia da catástrofe. Não deves ordenar contra seu exército no dia de sua calamidade”.

28) No dia do retorno de Meus Seguidores não deves violar a Luz da Misericórdia oculta. Deves estar cheio de nojo contra Minha Misericórdia, Meu amor, Minha Graça pelos Meus Seguidores! Se por causa de assuntos mundanos Meus Seguidores estiverem famintos ou se estiverem a jejuar, não deves te alegrar sobre estes Meus Filhos. Se eles forem por Mim purificados, ali também teus pregadores serão grande vergonha para eles.

29) Versículo 14 – “Não te deves colocar nas encruzilhadas, para matar os fugitivos. Não deves entrevar os sobreviventes no dia da calamidade.”

30) Se te posicionares nos caminhos para aprisionar Meus Seguidores mais fracos com uma rede, isto não te será permitido. E se voltares às cortes dos reis, serás rejeitado pelas tuas exigências traiçoeiras, no dia da transformação de Meus Seguidores.

31) Versículo 15 – “ Pois o dia do Senhor está próximo para todas as nações. Como tiveres feito, assim te será feito; carregarás sobre tua cabeça o peso de teus atos.”

32) Vê, o dia de Minha Graça, da Luz e do Amor já chegou para os Meus, mas este dia é um dia de julgamento para todos os pagãos e especialmente para ti. O que fizeste para os outros, eles o farão contigo. E o teu prêmio, já há tanto tempo merecido, se abaterá sobre tua cabeça.

33) Versículo 16 – “Assim como bebestes no Meu santo monte, assim beberão as nações todos os dias. Sim, elas beberão, sorverão e engolirão, para que pareça que nunca houve alguma coisa”.

34) Da mesma maneira que usou o teu poder mundano para combater Minha Palavra com falsidade sem igual, como te outorgaste honras, ouro e pedrarias, assim os “teus pagãos” farão contigo. E sugarão quais sanguessugas até a tua última gota vital. Sim, aqueles que se tornaram “pagãos” pelo teu julgamento, se lançarão sobre ti de todos os lados, te engolirão de tal maneira, que tu parecerás jamais ter existido.

35) Versículo 17 – Mas no monte Zion muitos ainda serão salvos; eles estarão no lugar santo, e a casa de Jacó recuperará suas possessões.

36) Mas alguns dos confessores de Minha Palavra, os que se encontram na fé verdadeira, conseguirão o total renascimento de seus espíritos pela observação de Minha Palavra e Me possuirão totalmente em seus corações, no amor a Mim, o Senhor Deus. Estes obterão uma tarefa espiritual, bem como Minha Palavra Viva. A casa de Jacó deverá se tornar sua pelo seu amor, sua fé e justiça, e a casa de Jacó será de sua propriedade.

37) Versículo 18 – “E a casa de Jacó deverá ser um fogo. E a casa de José, uma chama. Mas a casa de Esaú será palha; esta palha será queimada e destruída, para que da casa nada sobre e seja como se jamais tivesse existido. Eis o oráculo do Senhor. (Casa de Jacó, ou o reino de Judá. Casa de José, ou Israel. Os dois se unirão para combater Esaú, ou Edom)”.

38) A Palavra Viva se tornará fogo nos corações daqueles que a possuírem e uma chama brilhante nos donos das bocas da qual será falada, a luz da qual todos poderão ver os grandes e maravilhosos segredos de Meu Reino. Tudo o que for humano, palavras ensinadas pelo mundo, deverá ser como a palha seca e vazia. O mesmo se aplica às predicas e sermões dos homens letrados, quando a "casa de Jacó" mais a "casa de José", unidas, combaterão a "casa de Esaú". Após o incêndio, nada deverá sobrar da "casa de Esaú", pois o Senhor o declarou; quer dizer que isto acontecerá com toda a certeza, aqui temporariamente e eternamente no Além."

39) Versículo 19 - "E os que habitam a planície conquistarão a terra dos filisteus. Sim, possuirão as terras de Efraim e de Samaria e Benjamim tomará as montanhas Galaad".

40) Aqueles que estiverem na Luz da Verdadeira Sabedoria interior, estes conquistarão e dominarão a sabedoria mundana e, no fim, verão destruição dela. Mas aqueles que estiverem no Fogo do Amor, os verdadeiros donos da "casa de Jacó", da qual se origina a "casa de José", aprisionarão a todos os falsos profetas, mestres, pregadores, juristas e oradores que forem servidores e servos de senhores da "casa de Esaú". Sim, eles possuirão o Reino de Luz do Amor e da Misericórdia que vem de Mim, o "Reino de Céu", do primeiro (“casa de Jacó") ao segundo (“casa de José") céu da Misericórdia, da Graça e da Sabedoria. Benjamim, porém, é o terceiro céu, ou o verdadeiro amor em Mim, as montanhas de Galaad, ou a força da palavra Viva de Mim que está nos que lá habitam, o amor mais elevado do céu da inocência. Pois "Benjamim" denomina Meus mais puros filhos do Amor, aqueles que devem vir para Mim, e que ninguém poderá evitar que isto aconteça eternamente, pois este é o verdadeiro e mais elevado reino dos céus."

41) Versículo 20 – “ Os deportados deste exército dos filhos de Israel ocuparão as terras dos Cananeas. Os deportados de Jerusalém possuirão as cidades do sul e muitos serão odiados”.

42 ) Aqueles chamados "hereges" pelos sábios e sacerdotes mundanos, que são assim chamados por terem adotado o Evangelho puro em vez das cerimônias da religião mundana e dos mercados de futilidades, estes "hereges", que de vez em quando são tolerados entre os cananitas, que seguem a "fé antiga", que ficaram fiéis à Palavra e agora vivem num completo ostracismo, devem ser acordados na Sabedoria e no Amor; isto é; "devem habitar as “cidades do Sul”.

43) Versículo 21 – “Salvadores subirão ao Monte Zion, para julgar as montanhas de Esaú! Assim será o Reino do Senhor”.

44) E de todas as religiões e crenças que Me possuírem em seus corações serão por Mim despertadas. Espíritos poderosos que possuírem a Palavra Viva subirão ao monte Zion e acenderão uma Nova Luz para os mundos. Eles os julgarão em sua tolice, e os "castigarão", quer dizer, os trarão à verdade e ao arrependimento com a sua Luz.

45) E isto será o “Meu o Reino na Terra”, ou seja, Eu estarei junto aos Meus verdadeiros filhos, seguidores, amantes, adoradores do Meu Nome em espírito, como o Rei Único. E a morte terá sua justiça, lá, onde o Rei da Vida reinar. Não haverá morte do espírito, mas da carne. Pois esta deve ser morta, se o espírito quiser ser vivo, pois ela é o verdadeiro pecado original do espírito, é o herdeiro de Satã. Mas este castigo só chegará a um curto período, graças à Minha Misericórdia e Piedade.

46) Esta é, pois, a compreensão deste profeta, tanto no sentido mundano como no espiritual. Tudo isto, porém, ainda possui um significado único para cada pessoa. Quem quiser entender isto chame seu “mundano Esaú” e seus espíritos “Jacó” e “José” e assim poderá aplicar tudo para si. Observa bem isto. Amém.

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Uma mensagem para os surdos espirituais

Recebido por Jacob Lorber, em meados de 1843

Quando Jacob Lorber viajou de Graz, encontramos entre seus papéis o seguinte:

1) Eu já sei o que Tu desejas! Mas vê, desta vez é impossível. Pois onde jovens fariseus estão em tão grande honra, os que me crucificam dia a dia e têm grande prazer em tudo, não se lembram de Mim e não Me procuram conhecer, mas sim Me desconhecem e desprezam e deturpam Minha Palavra, lá Eu fico bem longe. É com certeza um prazer muito mal se mesclar com estes jovens, os que só se interessam em aprender o ofício de carrasco, para crucificar-Me novamente em cada coração humano.

2) Quem tem prazer de brincar com leões, tigres e hienas que o desfrute, mas Me deixe fora disto! Eu não Me oponho. Cada um com seus prazeres. Mas Eu não farei parte disto, pois Eu tenho Meus próprios prazeres, que não são os mesmos dos fariseus, nem daqueles que encontram grande prazer no convívio com eles ou consigo mesmo.

3) Por isto Eu não vou dar nada para eles (os amigos dos “jovens fariseus”) e não te darei nada para eles, enquanto possuírem prazer, amor e desejo de fariseus.

4) Não Me venhas com este assunto tão cedo. Eu não sou de ocasião nem de rompantes. Entende isto. Amém.

5) A mensagem seguinte dá para Júlia, quando quiseres, pois Eu não lhe darei nenhuma palavrinha, já que ela não considerou Meu conselho paternal e carinhoso. Eu lhe mostrei que tinha se aventurado na balança entre Mim e o Mundo.

6) Dize-lhe que ante Meus Olhos nada se pode ocultar. Ninguém pode chegar a Mim, se possuir qualquer tipo de mentira e engano em seu coração.

7) Isto Me causa muito desgosto e desagrado. Ela está muda. Ela juntou muitas inverdades em seu coração e tenta ocultá-las, ou com seu silêncio ou com palavras de sentido dúbio.

8) Dize-lhe que até agora Eu ainda fui o santo amoroso Pai, seu grande Espírito Protetor, pois desejei dar-lhe, pelo grande amor que lhe dedico, a oportunidade de conseguir seu renascimento espiritual de forma mais simples e rápida. Ela, porém, encontrou-se com alguns jovens mundanos, e seus olhos acharam mais agrado neles que em Mim. Ela se afastou de Mim e Me afastou de seu coração, e Eu agora coloquei em Meu lugar um anjo protetor de força mediana, que a orientará na sua vida mundana e que a aprontará para o agrado dos prazeres mundanos, o que lhe é, na atualidade, de grande alegria.

9) Vê, meu amigo, como as pessoas são instáveis. Os que hoje Me abraçam cheios de amor, estes no dia seguinte tremerão de prazer e alegria, ao sentir o peso das correntes que Satã lhes coloca nos ombros.

10) Dize à garota que tanto prazer sente em ir à Igreja (a razão Eu conheço), que não tem nenhum prazer no tom suave e amoroso de Minhas Palavras e que despreza a leitura de Meus ensinamentos, que justamente este é o motivo por que tuas leituras e as de teu pai te são aborrecidas, e que ela deve prestar muita atenção a esta mensagem que lhe foi enviada.

11) Se não, que considere esta a Minha última advertência. E seus desejos materiais ela deve apresentar e pedir ao mundo, pois às orações de corações materialistas Eu não dou ouvido. As mulheres e garotas devem entender que Minha paciência com elas acaba antes que com os homens, pois elas desde sempre foram a origem de todos os pecados! E a garota (Julia) não deverá achar estranho, ao ouvir isto de Mim.

12) Isto podes, se assim desejares, transmitir à garota. Mas não é uma obrigação, pois muitas vezes riu de teus bons conselhos. Amém.


A prédica no navio (Lucas cap. 5)

Recebido por Jacob Lorber, em 16 maio de 1843

1) Esta prédica, composta de 64 versículos, foi perdida no primeiro Concílio. Vamos transmiti-la aqui, palavra por palavra para os amantes da Palavra do Senhor. A prédica segue:

2) Acontece que o povo se aglomerou a Sua volta, para ouvir a Palavra de Deus de Sua Boca, pois Ele se encontrava no Mar de Genezaré e não conseguia mais lugar na orla devido ao assédio do povo.

3) Ele vislumbrou dois navios que estavam ancorados no cais, dos quais haviam desembarcado pescadores para lavar suas redes.

4) Ele entrou em um dos barcos, o que era de Simão, e lhe pediu que o afastasse um pouco da terra. Após Simão ter feito o pedido cheio de amor e reverência, o Senhor se sentou e começou a ensinar o povo, falando em voz alta:

5) “O espírito de Senhor está em Mim, e por isto o Senhor Me ungiu. Ele Me enviou para predicar aos miseráveis, para curar os corações partidos, para predicar uma abertura aos prisioneiros, e aos caídos a redenção, como vos prometeu o profeta Isaias.

6) Ouvi, pois, vós miseráveis, e exultai! Pois vossa luz se eleva feito o sol se elevando do mar, e vossos corações brilharão feito as ondas do mar na luz deste sol que amanhece.

7) Pois vede, as trevas encobrem a Terra, e uma grande escuridão os povos, mas sobre vós se eleva o Senhor, e Sua Maravilha aparece sobre vós!

8) E os pagãos, reis e poderosos andarão em vossa luz, no brilho claro que só aparece sobre vós!

9) Alegra-te Zion, para teus filhos e todos os que se arrependerem, chegou o Salvador. Ouve, pois assim fala o Senhor.

10) Há quanto tempo estais presos à matéria? E quem se atreve a contar os anos que estais vos debatendo desde os primórdios?".

11) Vossos pais choraram, quando se tornaram servos de Babel; e as mães aconchegaram seus filhos e clamaram em prantos.

12) Mas aqui é muito mais que Babilônia. Eu eduquei os filhos, mas eles se esqueceram de sua pátria, eles não conhecem mais os seus pais.

13) Pobres de vós que vos imaginais livres! Pois vos tornastes servos do Templo. Todas as vossas cabeças estão doentes e vossos corações estão fracos e apagados.

14) De que Me servem vossos muitos sacrifícios cegos? A isto o Senhor ainda diz: “Estou farto dos sacrifícios na fogueira de vossas vítimas e enojado com a gordura dos sacrifícios. Não aos carneiros e novilhos cevados (Isaias 1-V-11-14)”.

15) Quando vindes apresentar-vos diante de Mim, quem vos reclama isto, pois entrais em Meus átrios? Eu vos digo, não sou Eu nem aquele que Me ungiu desde eternidades, mas sim a avidez dos servidores do Templo e do átrio.

16) Não tragais mais oferendas! Sua fumaça Me é um horror, as luas novas, os sábados, as reuniões de culto, onde não apresentais nada mais do que esforços vazios e medo morto.

17) Homenagens a Minha alma, estações do ano, festas e anos de jubileus! Abomino o seu vazio e estou cansado de ver toda vossa tolice. Pois já que não amais a Deus, de que servem vossas oferendas mortas a Mim, o Vivo!”

18) Mais ainda disse o Senhor: “Se amardes ao Pai com todo o coração, para que o sangue de animais e as defumações?”

19) E Ele lhes deu este exemplo:

20) "Havia uma viúva que possuía dois filhos. Um se chamava Levi e o outro Josua .

21) A viúva estava doente, gemia e chorava no seu leito de dor. Seu rosto estava pálido e seus olhos começaram a escurecer.

22) Ela chamou os filhos e lhes disse: “Meus amados filhos, ouvi o que vossa mãe vos tem a dizer. Minha hora chegou. Ide, porém, e orai. Pedi ao Senhor que se apiede de mim e aceite minha alma em Seu reino de paz”.

23) Os filhos saíram e choraram. Levi então disse: "Quem se apiedará de nós e quem nos cuidará, quando a mãe tiver partido?"

24) Josua, porém, disse: “Prefiro não possuir nada além de pão e água e não precisar ver o túmulo. O Senhor se apiede de nós e que Ele nos envie um anjo”.

25) Levi, o primogênito, foi então ao Templo e disse para si:

26) Oferecerei ao Senhor um sacrifício, um defumador cujo perfume doce se espalhe até o alto, dois novilhos cevados, sete carneiros e um touro. A isto acrescentarei três centos de farinha, óleos, dois centos para o touro, e para cada carneiro um cento.

27) Josua, porém, foi para baixo das palmeiras no pomar, ajoelhou-se e rezou:

28) “Ó Tu, que ouves os suspiros dos atribulados e os gemidos dos corações partidos, vê minhas lágrimas e meu aspecto derrotado e ajuda-me, Tu, santo Pai no Céu.

29) Só em Ti tenho esperança e confio minha alma; tem piedade. Tu, consolo dos oprimidos e miseráveis, tem piedade de nós; ó Tu, querido e santo Pai!

30) Não posso te dar nada além deste meu pobre coração partido, mas eu Te amarei com todo o meu coração e caminharei na trilha da justiça por toda a minha vida.".

31) Neste momento um brilho claro se espargiu no palmeiral e uma voz disse desta nuvem brilhante:

32) "Que ela viva! Teu irmão Me ofereceu sacrifícios de animais e comidas, mas nenhuma lágrima molhou seus olhos.

33) Tu, porém, oraste para Mim, choraste e ofereceste teu coração para Mim. Por esta razão, dou-te a paz."

34) Ao chegar em casa, sua mãe o aguardava na porta da cabana, foi ao seu encontro, o abraçou e o abençoou.

35) Quem, imaginai, foi o filho que ofereceu ao Senhor o sacrifício certo? Direis: “Josua!”.

36) Eu, porém, vos digo: Não acorrentai vossos corações ao Templo vazio! Ele foi construído por mãos humanas e logo se tornará uma ruína, pois sua hora chegará e seus sacerdotes morrerão.

37) O que vos parece? O Templo é grande para Jerusalém e o coração é pequeno no peito. Mas este pequeno coração pode amar o grande e vivo Deus. Não é ele então uma obra bem mais bonita e maravilhosa, que a que foi construída por Salomão?

38) Já lestes o que o profeta Isaías diz no capítulo 60 V.17? Esta é sua palavra: “Eu quero trazer ouro em vez de bronze, prata no lugar de ferro, bronze em vez de madeira e ferro em vez de pedras. E farei com que os governantes ensinem a paz e teus educadores preguem a justiça”.

39) Mas onde se encontra a paz na Terra e onde os homens vivem em harmonia?

40) Vede, a vida é igual ao barquinho no mar, que continuamente balança de lá para cá e sempre é açoitado pelas ondas bravas. Elas chegam cheias de orgulho e se elevam bem alto, mas logo caem de volta para o mar e se transformam em inútil espuma.

41) Eu fui mandado por Deus a trazer a paz entre os homens, desde o amanhecer até o anoitecer. Mas o mal não descansa ante isto, e o diabo tem seus apóstolos até o seu dia derradeiro.

42) Eu sou a pedra de escândalo e a rocha do escândalo na casa de Israel. Sou a força e a queda para todos os embusteiros da Terra, pois muitos deles sofrerão quedas, se afogarão, se baterão e se destruirão.

43) Cuidado, vós fariseus e saduceus, pois a luz já apareceu uma vez para Moisés, quando o arbusto ardeu em chamas, mas vós mesmos colocais vendas em vossos olhos.

44) As leis do Senhor são eternas e sempre estão escritas no coração de cada ser humano, mas vós, que deveríeis pregar a paz, fizestes dúvidas nos homens e amaldiçoastes lá, onde deveríeis procurar com todo o amor.

45) Vós sois lideres e governantes errados para os povos, e vossos filhos e filhos de vossos filhos ainda serão piores.

46) Vós açoitais a rocha, mas ela permanece fechada. Vós beijais a vara de Aarõm, mas ela não brota mais.

47) Ouvi vós, que plantais o cedro debaixo da rocha e que amarrais a vinha num poste apodrecido. O cedro brotará e a vinha subirá na rocha.

48) Elevai vossos olhos e observai o mar. Não vos parece frequentemente que as altas ondas engolirão o Sol?

49) Eu, porém, vos digo: É somente o retrato do sol que elas quebram, mas o sol continua, lá no alto no céu, indiferente a estas vagas do mar, e desfruta alegremente seu dia eterno.

50) Esta é a razão por que não deveis prender vossos corações, lamuriar com palavras inúteis e nem gritar: “Aqui existe uma cobra e lá mais uma!”, se não tiverdes visto uma de fato.

51) Parai de ensinar aos povos, vós embusteiros, prostitutos e adúlteros, mas sim aprendei vós mesmos os ensinamentos daqueles que procuram o caminho do Senhor no amor e na simplicidade de seus corações”.

52) E ele lhes deu novamente um exemplo:

53) “Natam, o idoso, morreu e deixou dois filhos e uma filha, Malca.

54) Estes filhos se questionavam e diziam: “O que será que nosso pai quis dizer na hora de sua morte, que deveríamos manter sua lembrança na bênção?

55) E os filhos discutiam e brigavam pelo significado disto, desde a manhã até o anoitecer.

56) Eles desejavam fazer-lhe uma estátua, um queria de madeira e o outro de mármore. Um queria escrever uma longa inscrição dedicatória, o outro que fosse bem pequena. Um queria colocar a estátua no jardim e o outro na encruzilhada.

57) No dia seguinte quando se encontraram, começaram a discutir novamente.

58) Por volta da décima primeira hora, quando anoitecia e o sol se punha, Malca foi sozinha ao túmulo do pai, se ajoelhou, plantou uma roseira e a molhou com suas lágrimas de amor.

59) Eu vos digo em verdade: ela construiu a melhor estátua para seu pai e somente ela realizou o último desejo do pai.

60) Vós, fariseus e saduceus, sois iguais aos dois filhos, quereis honrar o Pai no Céu com madeiras, defumadores, pedras, sangue, mas vossos corações se encontram bem distantes Dele.

61) Vós conheceis longas orações de cor e carregais maiores ainda quando saís, para que os povos vejam quanto honrais a Deus e como sois dignos e poderosos ante Ele.

62) Mas a oração viva amorosa e curtinha no coração vos é totalmente estranha, já que não conheceis o Pai e nunca O reconhecestes.

63) Vós dizeis indiferentes: “Quando um pecador “impuro” orar ante Deus, então ele estará pecando ainda mais”. Ó vós, cobiçosos, assassinos e embusteiros dos povos. O que então serão vossas orações, já que de início estais cheios de luxúria, torturas e adultérios? Os profetas assassinastes e matastes todos aqueles que não vos ofertavam em quantias grandes. E vós ainda vos atreveis a dizer: “Somos os filhos de Abraão, Isaac e Jacó”.

64) Abraão, Isaac e Jacó reconheceram o Pai, quando a eles chegou. Qual a razão que não O reconhecestes, quando chegou a vós? Porque sois filhos do diabo, mas jamais filhos de Abraão.

65) Eu, porém, vos digo: O Pai, desta vez, ficará junto a vossos “pecadores” e habitará em suas casas e comerá a suas mesas e às dos publicanos. A vós, porém, ele castigará com a mais profunda escuridão, para que se realize em vós o que o profeta Isaias disse (cap. 41 V.2):

66) “Quem acordou do Oriente, quem O chamou para que ele fosse ao seu encontro? Quem colocou os pagãos e reis a Sua mercê, reduziu suas espadas a pó e seus arcos como palha?”.

67) Muitos se arrependeram ante estas palavras.

68) Mas quando os fariseus e saduceus que lá se encontravam começaram a resmungar e a ameaçar, ele disse a Simão:

69) “Navegai para o alto mar e jogai vossas redes, para terdes uma boa pescaria.”

70) A continuação se encontra no Evangelho de Lucas - cap. 5.

71) Este sermão também foi transmitido a Geiring, Tauler, Tersteegen, Lavater, Stilling e outros a vós menos conhecidos. Roma e outras cortes também o têm, mas muito desfigurado.


A ascensão de Cristo

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de maio de 1843

1) Ouvi um evangelho não conhecido e que trata da ascensão do Senhor, acontecido em um monte em Betânia, evangelho este que até então não tinha nome algum, mas que a partir do fato ficou conhecido como “As alturas do Senhor” ou “As alturas da Ascensão” e por outros como “O caminho às alturas de Deus”.

2) O que está neste evangelho, claro que bem curto? Ele transmite o que foi dito por testemunhas oculares do acontecimento.

3) Após a aparição do Senhor para Seus irmãos (Seus discípulos, Seus irmãos espirituais) no mar onde eles estavam pescando, o Senhor permaneceu entre eles por vários dias e lhes revelou os segredos sobre a vida interior.

4) O que ele lhes disse, não foi permitido anotar, por causa do povo e da má interpretação que o mundo faria.

5) Mas lá não se encontravam todos Seus irmãos e discípulos presentes, mas somente Seus preferidos que eram: Pedro, Jacó, Felipe, Jacó Ð o menor, André, Mateus e João.

6) Dois dias antes do sábado Jesus disse a Pedro: “Simão, já que tu juraste amar-Me por três vezes em teu coração, que tu pastoreias o Meu rebanho, então vai e anuncia aos outros irmãos que o Senhor os aguarda”:

7) E então Pedro foi e realizou o que o Senhor lhe pedia.

8) Ao ouvirem o recado, os outros irmãos abandonaram todos seus afazeres em Jerusalém e dirigiram-se a Betânia. E muito povo foi com eles, pois criam na Palavra do Senhor.

9) Quando chegaram ao local onde Jesus estava com os seis discípulos, pensavam encontrar o crucificado. Mas muitos havia que não acreditavam e acharam que o Senhor era apenas um discípulo disfarçado.

10) O Senhor, porém, falou aos Seus apóstolos:

11) “Aguardai ainda dez dias, e então Eu vos darei o Espírito Santo. Não vos darei ou enviarei um espírito estranho, mas sim Meu Espírito de Amor e de toda Sabedoria, para que vos torneis unos com Ele, pois sou poderoso entre vós pelo Pai em Mim que Me enviou em Seu Poder das alturas da Divindade de Deus. “

12) Como o Pai é em Mim, e Eu sou Nele, e como somos unos em toda a eternidade, assim vós e Meu Espírito serão unos para sempre e até o fim do mundo.

13) Eu, porém, vou abandoná-los visivelmente e vós não Me vereis mais com vossos olhos carnais. Mas Meu Espírito permanecerá convosco até o fim do mundo. E este Meu Espírito vos dará tudo que pedirdes em Meu Nome.

14) Eu, entretanto, não poderei continuar entre vós, mas para vossa eterna Salvação deverei ascender às alturas de Meu Reino Eterno, para vos preparar uma morada eterna no Reino dos Céus.

15) Ainda não podeis ir para lá agora, para o lugar onde Me vereis ir, mas quando chegar vossa hora, aí sim podereis dirigir-vos para o mesmo lugar aonde Eu vou agora.

16) Quando, porém, estiverdes plenos do Espírito que emana de Mim, ide a todos os os países da Terra e ensinai aos povos o que Eu vos ensinei de coração, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que está em vós.

17) E aqueles que aceitarem vossos ensinamentos e que forem batizados por vós, como Eu fui batizado no Jordão por João Batista, estes também receberão o Espírito Santo que emana de Mim e testemunharão em seus corações sobre Mim, à vossa vista.

18) Após estas palavras o Senhor soprou a cada um de Seus discípulos e disse:

19) “Este é Meu Espírito! Como Eu, há tempos soprei a vida e a alma viva nas narinas de Adão, Eu hoje sopro o Meu Espírito Vivo em cada um de vós, para que não sejais um só momento órfãos de Pai”.

20) Tomai, pois, este Meu Espírito, para que possais reconhecer quem é pecador. Aos arrependidos este Meu Espírito indicará Meu Nome. Os teimosos Meu Espírito evitará, para que seus pecados vos contaminem. Fazei isto em Meu nome.

21) Soltai e amarrai aqui na Terra. O que vós soltastes ou amarrastes também o será no Céu.

22) Não julgueis ninguém e não amaldiçoeis nenhuma alma, se não quiserdes sentir cedo demais a vingança do mundo.

23) Após estas palavras o Senhor surgiu no pequeno monte; onde uma nuvem brilhante o acolheu. E logo Ele se tornou invisível aos olhos dos presentes. E muitos descrentes se converteram.

24) Logo a seguir dois homens brilhantes vieram das alturas, deram testemunha do Senhor, prometeram seu retorno e desapareceram. Os irmãos e o povo retornaram felizes para Jerusalém.


A casa de oração e seus dois símbolos

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de junho de 1843

Um pequeno exemplo para ser bem observado:

1) Num lugarejo havia uma casa de oração e esta casa tinha duas torres (dois campanários). Uma estava ornamentada com uma cruz, a outra, porém, tinha um cata-vento.

2) Um pai bastante esclarecido passou por esta igreja com duas torres, acompanhado pela sua filha de doze anos. A atenta menina viu estes dois orçamentos tão escandalosamente diferentes e perguntou ao pai:

3) “Querido Pai, o que significa isto, uma torre ornamentada com uma cruz e a outra com cata-vento?”

4) Ao que pai lhe respondeu: “Vê este é um sinal de meditação duplo, para pessoas que sabem pensar. A cruz na primeira torre lembra-nos a antiga igreja, a que tinha firmeza na fé, no amor e na crença em Deus. O cata-vento, no entanto, se assemelha à igreja atual. Ela se deixa influenciar por qualquer tipo de vento mundano no seu vazio como também no seu comportamento, e em pouco tempo não saberá mais quem é seu cozinheiro ou quem seu garçom”.

5) A filha olhou surpresa o rosto do pai e retrucou: “Querido pai, não te esforces tanto, pois o cata-vento também poderá ter sua utilidade. A propósito, eu já te vi olhar muito mais vezes para o cata-vento do que para a cruz”.

6) Ao que o pai respondeu: Sim, tens razão, minha filha. Vê, é necessário (o cata-vento) para que não sejamos prejudicados pela enorme instabilidade do tempo (clima) que existe atualmente na igreja. Devemos nos precaver, para não prejudicarmos a saúde de nosso espírito. Entendeste?

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A vitória mais bonita

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de junho de 1843

1) Nenhuma vitória é mais bonita que aquela conquistada pelo Amor e Verdade. Mas quem poderia contar os milhares de inimigos do Amor e da Verdade, as armas destruidoras acrescentadas ao ódio e zanga dos inimigos a que estão expostos os Meus Filhos? Como uma tormenta horrorosa os inimigos os atacam, e vagas enormes de mares tormentosos os envolvem.

2) Mas o Senhor todo Poderoso no Céu sempre soube desprezar seu ódio. Ele próprio protege os pequenos montinhos que são Seus seguidores e que vivem para o Amor e a Verdade. Ele lhes dá a coragem, a força, a evolução espiritual, a grandeza de alma, a confiança, a resistência e a vitória. E os inimigos, com todas as suas armas e todo o seu ódio, devem se calar, como se nunca tivessem existido.

3) A boa ação sempre vence, e uma canção maravilhosa de vitória é ouvida de um fim ou outro do Universo. E então cada dia se torna um dia de celebração do Espírito, que é o vencedor no Amor e na Verdade que Dele emana.

4) Deixemos aos turcos seus feriados, aos judeus seu Sábado e aos que se dizem cristãos o seu domingo. Mas nós celebramos o dia do Senhor e do Amor todos os dias, bem nos nossos corações. E assim caminharemos na Luz e sempre conquistaremos a vitória no Senhor, que é o eterno Amor, Sabedoria e Verdade.

6) Seu Santo Nome seja louvado e honrado por todos os tempos. Amém

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Escola da cruz no Além

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de junho de 1843

Ó Senhor, já que nosso amigo, o maestro, não se apresentou mais desde 23 de agosto de 1842 (*), eu Te peço humildemente que Tu nos dês notícias do mesmo, se assim for Tua Santa Vontade, pois desejamos acrescentar um Amém ao seu protocolo.

1) Ó sim, isto Eu posso fazer sim. Mas não aguardeis que Eu vos dê conclusões inúteis sobre algum que ainda não deseja, nem de longe, dirigir-se a Mim e prefere continuamente voltar a seus velhos hábitos que se assemelham a “uma camisa de ferro”, a qual não é nada fácil arrancar do corpo do espírito, como vós achais que seja.

2) Por isto Eu vos digo: Abandonai vossos hábitos materiais ainda em tempo, senão não estareis em nada melhor do que este amigo sobre quem perguntais. Ele vê e ouve coisas muitas boas e as reconhece como verdadeiras, mas quando chega o momento de atuar, de viver segundo os ensinamentos, então ele faz como vós na Terra ainda fazeis, vós que ouvis sobre tudo, mas no momento em que a cruz toca vossos ombros, fugis correndo e só com muita dificuldade retornareis para aceitar o crucifixo.

3) Mas enquanto alguém não aceitar a cruz com grande alegria, até então não será possível nem falar do renascimento do espírito, nem aqui na Terra nem no Além.

4) Quem é fraco em relação ao amor carnal, seja homem ou mulher, então será tentado nesta fraqueza enquanto não tiver expulsado até a última gotícula deste sentimento impuro. E enquanto isto não acontecer, não conseguirá chegar ao seu íntimo, onde o Reino de Deus o aguarda.

5) Quem for um glutão, este será tentado com comidas boas. Mas enquanto estas lhe causarem prazer em serem comidas e enquanto ele tiver apetite por elas, ele jamais evoluirá. Ele deve tomar sua cruz voluntariamente, que neste caso é jejuar bastante, e deve conseguir sentir aversão às gostosas iguarias, por puro amor por Mim.

6) Desta maneira cada um de vós encontrará sua cruz em suas fraquezas ou em seus hábitos muito mais facilmente aqui, pois no mundo espiritual será muitíssimo mais difícil. Tratai de vencer vossas fraquezas, nem que seja parte delas, na Terra, pois vos será uma grande bênção.

7) O jovem rico do Evangelho já é um exemplo gritante disto. É tão mais difícil conquistar o Reino de Deus, quando o coração estiver cheio de coisas mundanas.

8) Vede, assim acontece com o vosso amigo. Ele trouxe para cá hábitos tão arraigados, dos quais não consegue se desfazer, ou, se conseguir, só o fará com muito esforço e tempo. Perdido ele jamais será, isto vós já sabeis bem, mas quanto tempo ele ainda alimentará suas fraquezas é uma questão bem diferente.

9) Pois, em espírito, alguém que não aceita a cruz consegue tudo aquilo que deseja, enquanto quiser e julgar ser livre e independente. Não se consegue evoluir muito com um espírito assim. Mas quando ele, como consequência de suas fraquezas, for educado com frequentes e cada vez mais pesadas penas, então ele começará lentamente a melhorar.

10) Mas se vós perguntásseis ao vosso amigo como ele está neste momento, ele responderia: “Satisfeito.” ; pois, de acordo com sua opinião, ele vai muito bem. Mas, de acordo com as leis do Céu, certamente não está bem e se encontra bem distante das mesmas.

11) Por que é que ele não vos visita mais em espírito? Porque ele vos considera, a vós dois, “terrivelmente tolos” em muitos desses ensinamentos. No futuro também não mais vos visitará, pois é sua opinião que ele está muito bem.

12) Orai, porém, por ele em vossos corações, pois assim podereis ajudá-lo de fato, mais do que se continuardes a perguntar pelo seu bem-estar.

13) Assim, pois, estão as coisas. Observai bem o que Eu disse e usai Minhas palavras para vós também. Amém.


Epístola de Paulo aos Gálatas

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de julho de 1843, à noite

Gálatas 1-8 – “Mesmo ainda que algum de nós ou um anjo que tenha baixado do Céu vos anuncie um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja amaldiçoado.”

1) Ouve bem, este é o versículo dos versículos; ele é capaz de destruir com um único golpe todo o cerimonial do paganismo e da igreja, mas em primeiro lugar devemos resumir toda obra de Paulo em um único ponto e deduzir daí.

2) Em primeiro lugar, Paulo jamais introduziu qualquer serviço cerimonial, pois este foi por Mim totalmente abolido.

3) Em segundo lugar, Paulo fundou uma igreja viva, interna, do espírito interior no coração da alma, e nunca jamais uma de pedras e de sacerdotes preguiçosos.

4) Em terceiro lugar, Paulo, como Eu, reforçou somente o mandamento único do Amor e a sua ceia de amor. Diferenciou ainda esta ceia das outras refeições, chamando a atenção que, na ceia do amor, deviam diferenciar bem Meu Corpo - Meu Infinito Amor Eterno - do amor que existe entre as pessoas, o amor mundano.

5) Disto podemos concluir que Paulo pregou o mais puro amor, no qual reina a total liberdade do espírito imortal e a qual não deve ser prejudicada por qualquer lei que seja. Bem de acordo com Paulo, o espírito do homem, que foi por Mim criado e educado, deve estar colocado na mais alta liberdade, tal qual um relâmpago ou Sol Central do qual tudo depende, por quem tudo e todos devem se orientar, e que é totalmente, ou deve, ou pode ser Comigo.

6) Mas agora considere o que acontecerá a um espírito humano, se receber um ensinamento totalmente falso e pagão? Um escravo, um ser semivivo. Ele, que de acordo com Paulo deveria ser a vida da Vida, será um servo covarde das leis mortais, um servidor da morte, conduzindo um ser que não se atreverá mover por si mesmo com a vontade própria que Eu lhe outorguei. Se ele se mover, estará se jogando num mar de remorsos mortais.

7) Descobres nisto a peste para o Espírito Livre, contra a qual Paulo se levanta, amaldiçoando?

8) Mesmo assim a escravidão venceu a eterna liberdade do Espírito! Quais, porém, são os vencedores? São os vários diferentes inimigos da vida.

9) Eu, porém, te digo: Os inimigos da vida receberão na fala de Paulo o seu prêmio merecido. E todos os espíritos por eles aprisionados Eu libertarei. Se estes inimigos da Vida conseguiram dominar esta Terra, Eu tenho muitas terras que jamais poderão tornar-se propriedade dos inimigos da vida!

10) Tu me entendes? Vê, Eu sou um Pai e não um juiz covarde – um eterno vivificador, mas nenhum assassino do Espírito. Entendes isto? Entende muito bem, para que vivas eternamente. Amém.


Uma oraçãozinha boa

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de julho de 1843, pela manhã

1) Com esta oraçãozinha Eu te dou um presente para aqueles que não conseguem se livrar do chamado do mundo, pois ele se lhes apresenta totalmente inocente e inofensivo, mas de fato ele (o chamado do mundo) esfria e enche de agrado pelo mundo um coração que ardia de Amor por Mim; é assim como uma serpente pequena que o envolve com uma tal manipulação infernal, o adormece e o afasta de Meu Amor e Misericórdia, e assim este coração se separa de Mim e cai nas malhas da eterna morte.

2) Esta é a razão por que Eu te dou esta oraçãozinha poderosa. Aquele que a falar cheio de verdadeira fé e amor vivo, este conseguirá afastar esta serpente má de seu coração. Escreve, pois, a oraçãozinha.

3) “Santo e amado Pai! Olha-me, a mim, este pecador cansado e claudicante, dos Teus olhos cheios de misericórdia. Tu, querido Pai, toma-me cheio de Teu Amor ardente e me atrai aos Teus Braços com toda Tua Força. Eu, porém, um ser frio e fraco, me movo somente no meu elemento já habitual e conhecido, na minha herança mortal, onde me sinto feliz e alegre. Nos Teus elementos do Fogo Sagrado de Teu Amor eu logo esmoreço, começo a titubear, ficar preguiçoso e assim me torna bem mais fácil e agradável passar meus dias e semanas no meu elemento habitual, do que ficar, nem que seja uma única hora, no Grande Calor de Teu Amor.

4) Isto me ensina a experiência diária. Eu, porém, reconheço que isto só acarretará a total morte espiritual, pois este sentido me é doado pelo inferno. Por isto eu Te peço, Pai querido, retira de mim, sem mais delongas, esta cobra má, que só me adormece para o Teu Amor e a vida eterna do espírito, e me agracia com o Teu Consolo divino e paternal. E que eu deixe de me perder cada vez mais no meu elemento mortal. E que eu morra com este veneno que tão suavemente me polui, este veneno que é a serpente mundana que habita em mim e que cheia de carinho traiçoeiro esfria e afasta meu coração de Teu Amor Ardente.

5) Vê, Pai, quanto eu me alegro, quando estou em companhia de meus amigos mundanos, e me entretenho com eles, comentando assuntos vazios, inúteis e fúteis. Mas falar de Ti, meu Pai, ou voltar meu coração para Tua Face, aí logo fico com sono e aborrecido. E muitas vezes para mim é mais importante passar um dia inteiro a me entreter com assuntos mundanos, do que Te dedicar uma única horinha só para Ti.

6) Ó Senhor e Pai, ouve minhas súplicas e se apiede deste pobre pecador. Teu Amor me vivifique, Tua Graça me ilumine, e Tua Misericórdia e Piedade me aproxime de Ti a cada dia, com todo Seu poder. Pai, toma-me em Tua Mão e leva-me ao Teu Reino e à Tua Casa para sempre. Amém.

Ideias fixas: sua cura e como preveni-las

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de julho de 1843

Ó Senhor, como podemos curar alguém que se crê um Papa, um Rei ou um virtuoso desta sua ideia fixa?

1) Bem, esta pergunta sobre estas imaginações já foi respondida numa outra ocasião, quando foi demonstrado como a mente é qual um balão e o amor como um pêndulo inferior do mesmo, ligado ao balão pelo cordão da vontade. Mas se a mente puxar com força, o cordão se parte, e aí então o balão começa a rodar ao léu e lhe falta o gás que o alimentava pela cordinha, e o gás espiritual escapa até que o “balão-da-mente” começa a cair.

2) O homem, porém, é um microcosmo. No momento em que a mente afunda, então neste microcosmo o cordão da vontade busca (espiritualmente) por um ou outro objeto, com mais ou menos força. Onde ela bater, lá se gruda feito um pólipo (pois ela ainda é um cordão vivo) e suga do mesmo objeto o alimento para o balão.

3) Se o cordão, na sua queda, encontrou um único elemento para se agarrar, como, por exemplo, uma árvore, um cão, um pássaro, um grão de trigo ou então um homem qualquer, em pouco tempo a mente crê ser aquilo que a alimenta.

4) Se o elemento sobre o qual o cordão se grudou é um elemento frutífero, então o estado de fixação vai durar por um longo tempo. Se o cordão se aplicar a um objeto frutífero, aí a ideia fixa se altera e a pessoa começa a pensar em algo diferente do que era, será considerado louco e passará de uma ideia fixa à outra constantemente. Não sendo assim, a pessoa logo entrará num estado de cretinice, pois tanto seu cordão como seu balão encolherão totalmente.

5) Penso que está bastante bem explicado. Onde, porém está a cura e a ajuda?

6) Em Mim!!! Eu logo providencio que este cordão de amor, tão logo se parta, apanhe a parte que sobrou e comece a construir um novo “balão-da-mente”. Se este “cordão-vontade” é desviado de seu “elemento frutífero” (isto é feito por elementos externos) e se isto se repetir toda vez que ele encontrar um novo elemento, então ele encolherá em pouco tempo. Aí o novo “balão-mente” se desenvolverá com mais força e poder e assim o homem começará a raciocinar normalmente de novo.

7) Mas se o elemento frutífero não for afastado de vez deste balão velho, então o homem entrará num estado de duplicidade, no qual às vezes é totalmente organizado e noutras é totalmente bagunçado. Para libertá-lo deste estado o médico deve alimentar o coração do paciente. Assim o balão novo rapidamente aumentará e começará a combater veemente a influência do antigo balão.

8) Estes são os meios duros e mais potentes para estes estados. Mas certos meios duros e agressivos só pioram o estado do paciente, pois por eles o crescimento do novo bolão é prejudicado. Se retiram o alimento do balão antigo, mas não oferecem alimento para o novo, os dois então se deterioram e o estado de cretinice está pronto.

9) De vez em quando aplicar o hipnotismo também é útil. Mas deve ser aplicado por pessoas de grande força de vontade, pois senão os magnetizadores têm que temer que o estado doentio os acometa (tais magnetizadores seriam de pouca utilidade, pois a doença é espiritual e não material).

10) Vê, estes seriam os meios para atacar extremamente tais males. Mas o melhor medicamento para tudo isto sou Eu. Aquele que ficar em Minha Casa bem bonitinho e desde o começo, aquele que não desejar se aventurar no mundo material, este jamais terá que enfrentar tal rompimento.

11) Mas aquele que só quer conquistar o mundo material já está quase neste estado, o qual se agravará a cada dia, até que o cordão se parta. Entendes isto?

12) Sim, deves entender, pois tu tens filhos cujos cordões já estão bem esticados em direção ao mundo. Puxa-os de volta, pois senão eles se encontrarão em grande perigo. Pois Eu não posso segurá-los, não Me é permitido, para preservar sua salvação e sua vida, pois eles não Me olham e não creem em Minha Palavra Viva.

13) Observa bem isto. Tu também, Meu querido amigo. Amém.

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1) O que tu possuis, tu não possuis. Mas o que tu não possuis, isto tu possuis. (Neste caso é aconselhável colocar as palavras – “só externamente” – para que o sentido sábio seja claro. Faça o mesmo nas outras contradições).

2) Pensa no tempo, ele é teu e não é teu. Teu, quando não é teu, e não é teu, quando for teu.

3) A vida é teu maior bem. Pois sem ela és nada, e nada é para ti. Mas quando a vida for tua, então tu não a possuis. Se ela não for tua, então tu a possuis.

4) Se tu orares a Deus, então tu testemunhas, sobre ti mesmo, que és de Deus. Mas se orares, então tu não oras, mas se não orares, então tu estás orando.

5) A sinceridade é a única essência da realidade. Quem, porém, deseja falar isto para si mesmo? Pois tudo é verdadeiro e tudo é falso. Uma coisa como é em essência, não é; mas como não é, pois então é. Onde está, pois, a verdade? Lá está, onde ela não está, e de novo não está, onde pensas que está.

6) Procurar é o principal para a humanidade. Mas o que ela procura ela não encontrará, mas encontrará o que ela não procura.

7) O amor é o único mandamento da Vida; pelo amor todo o ser é condicionado. Mas aquele que ama, não ama. Quem não amar é aquele que ama. Pois cada homem tem uma vida e não tem nenhuma vida, e tem um amor, mas não tem nenhuma vida, e tem um amor, mas não tem um amor. Por isto ele só vive, se não viver e só ama, se não amar.

8) Quem pode dizer: “Eu conheço Deus”, se Deus não é para ele, já que ele não é para Deus? Mas quem não é para Deus? Aquele que é para si mesmo. Deus, porém, só é para aquele que não é para si mesmo, e não é para aquele que é para si.

9) Toda mulher não é mulher, se for somente mulher. Mas se não for somente mulher, então é mulher. Pois uma mulher verdadeira é em si um homem, e um homem verdadeiro também é em si uma mulher. Por isto não é um ou outro aquilo que para si de fato é, mas o que não é.

10) Então o só pai não é um Pai, e a só mãe não é uma Mãe. Mas quando o pai não for um só pai e a mãe não for uma só mãe, então o pai é um Pai e a mãe é uma Mãe.

11) Quem quiser entender a Verdade em toda sua profundidade que entenda estes provérbios. Mas aquele que os entender somente com a cabeça, este não os entenderá; aquele que não os entender somente com a cabeça, este os entenderá. Isto é algo para o espírito.

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Uma mensagem bem à vontade

Recebido por Jacob Lorber, em 31 de julho de 1843

Quem é cego senão Meu servo e surdo como o mensageiro que envio? Quem é cego como o Meu mensageiro e surdo como o servo do Senhor? Isaias 4-2-19.

1) Em primeiro lugar devemos entender que esta profecia tem a Mim como meta e não significa nada mais do que: Quem está tão pleno de Amor como Eu, Deus das eternidades, que até veste a forma de servo, e como Pai sirvo a Meus Filhos da forma mais correta e justa? E quem está tão pleno de Paciência, Calma, Misericórdia e Piedade, que não ouve os insultos dos homens e só lhes faz coisas boas no mundo, mesmo àqueles que O desprezam, insultam e amam tudo o que o mundo lhes oferece, por mais desprezível que seja, muito mais do que a Ele, o Senhor da Vida?

2) Quem é tão tolerante quanto o Onividente? E quem dá tão pouca importância aos pecados dos homens quanto Eu, o Único Divino? Pois Eu até vou às casas dos pecadores, sento-Me às suas mesas, como alegremente com eles, lhes ensino achar o Caminho da Vida, os atraio e os oriento, porém nunca os forço a sair e aprisionar sua liberdade externa para que cresça a liberdade de seu espírito, mas sim respeito o livre arbítrio de todos.

3) Entende-se de sobejo que cada um conseguirá alcançar sua liberdade interior e a libertação total de seu espírito, quando voluntariamente aprisionar totalmente sua liberdade mundana pela total anulação de seu eu. Nisto se baseia a Vida Eterna, pois tudo o que o homem fizer para seu prazer relacionado com o mundo material e seguindo o mandamento de sua vontade mundana, que também é livre, isto o afasta do Espírito e bloqueia a trilha estreita e silenciosa que o leva ao seu espírito interiormente livre.

4) Externamente ele pode reconhecer como verdadeiro o que é necessário para se conseguir chegar à Vida Interior. Mas ele jamais descobrirá a poderosa ânsia de viver que nele existe, nada fará para descobri-lo, mas sim se contentará com o conhecimento simples, ou então ficará balançando de cá para lá; em outras palavras, será em fraco, totalmente morno, que dificilmente alcançará a liberdade especial interna.

5) Mas para tudo isto Eu sempre sou cego e surdo e deixo que cada um usufrua suas alegrias e seus amores, até que no fim se confirme (por alguém que tenha conseguido seu intento) que esta liberdade material e externa, por mais barata que tenha parecido, quase nada vale.

6) Mas de acordo com esta profecia em relação a Mim, assim também acontece com cada um dos servos e mensageiros que Eu envio e desperto. Ele só pode ensinar, mas jamais aplicar a força a ninguém; mas quando sentir que isto pode acontecer, deve se retirar imediatamente e ficar cego e surdo, para que todos permanecem com o seu próprio livre arbítrio, tanto faz se for para a vida ou para a morte. Para isto o servo não tem nenhuma responsabilidade, e que seja cego e surdo, para que cada um obtenha o prêmio de sua própria escolha, para o bem ou para o mal.

7) É por isto que não dou mais nenhum poder milagroso aos servos da atualidade, mas sim só o poder de Minha Palavra. Quem permitir que ela o oriente, este chegará à liberdade espiritual interior. A quem não bastar este milagre, este que permaneça incólume na sua liberdade mundana e suas consequências.

8) Vê, este é o sentido verdadeiro desta profecia. Observa-a e assim alcançarás tua libertação espiritual interna. Isto diz o Senhor. Amém. Amém. Amém.


Anarquia e Miséria

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de setembro de 1843

Senhor! Qual seria o meio mais fácil, mais seguro e mais curto para acabar com a anarquia na Espanha e a miséria na Irlanda?

1) O medicamento mais seguro e mais eficaz sou Eu, o Senhor do Céu, de todos os mundos, todos os povos e reinos. Quando os povos da Espanha e Irlanda Me assumirem, então haverá paz e calma em seus países.

2) Enquanto este não for o caso, o pomo da discórdia não será afastado de seus países. Todos os intentos políticos, por mais inteligentes que forem, serão inúteis. Eles podem formar juntas e mais juntas, ou fazer assembleias e mais assembleias, e assim mesmo lhes será de pouco ou nenhum resultado.

3) Pois só Eu sou o Senhor e faço segundo Meu plano, como Eu quero. Achas tu que Meus planos dependem de alguns anos de vossa Terra? Vê para Mim cem anos são iguais a um dia. E um desastre corporal dos povos, que os mantém despertos, é muito melhor que uma noite feliz, na qual ninguém precisaria lembrar-se de Mim e acreditar de coração que tudo que acontece depende de Mim e que Eu sou sempre um Senhor atento e vigilante de todos os povos e senhores do mundo.

4) Achas, por acaso, que devemos enviar a estes povos bons livros e mensageiros espiritualmente evoluídos, para que comecem a se lembrar de Mim e que comecem a ver a Verdade? Vê, sem meios como estes jamais deixei um país. Mas se a terra estiver cheia de ervas daninhas e for de péssima qualidade, será que o trigo lá plantado dará uma boa colheita? Sim, alguns frutos acontecerão, mas serão poucos quando observados pelos outros, pois sua existência não é de utilidade para a comunidade. Mas quando as ervas daninhas forem ceifadas no campo, não haverá cuidado especial com os trigos frutificados, a não ser que sejam muito bonitos e ricos em sementes, para que o dono da lavoura os mande colher para guardar as sementes.

5) Mas estas lavouras estreantes devem ser trabalhadas, aradas, revoltas e adubadas, para que nenhuma erva nela permaneça e para estarem aptas a receber sementes novas; mas isto leva um bom tempo.

6) Pois então estes países por ti mencionados estão sendo revoltos e arados e colocados no alqueire, para que eles, no tempo adequado, possam dar bons frutos. Entendes isto? Sim eu te digo: Assim deve ser!! Pois agora se apresentou o tempo em que Eu destruirei as ervas daninhas e se apresentou o tempo de semear todos os países.

7) Quanto mais ervas houver, tanto mais cedo o trabalho deve ser iniciado. Também teu país passará por esta provação. Então cuspirei todos os nomes de Minha Boca e destruirei todas as ervas, até suas raízes, no fogo de Minha Ira. Isso digo Eu, o Senhor de todos. Amém. Amém. Amém.

Escuta-me e orienta-me

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de setembro de 1843

Escuta-me Senhor e reconhece meu coração, examina-me e reconhece o que eu penso.

Observa se estou em caminhos errados e dirige-me por Teus caminhos eternos.

(Psalmo 139-L.23)

1 – O que estes dois versículos significam é fácil de entender e seu sentido está ali, aberto, para que Eu dê explicações sobre os mesmos. Em verdade aqui Eu gostaria de te perguntar: Por quanto tempo ainda terei que te aguentar? Quanto tempo ainda terei que pregar, para que consigas entender um pouco mais?

2 – Sabes o motivo por que tu ainda não entendes trechos tão simples e claros? Vê, é devido ao teu agir morno no amor sincero e a ainda forte porção de poeira mundana em que te encontras imerso, e que está colada em ti. Tu certamente és bem hábil em escrever e ler, mas não és o mesmo no atuar, e esta é a razão por que ainda não consegues distinguir bem o espiritual do material (mundano); tanto aconteceu contigo e muito mais com tua família, tão apegada ao mundo.

3 – Vê, o mundo é muito esperto e enganador e sabe muito bem amalgamar suas coisas mortas com as espirituais. Faz isto de forma tão hábil, que tu mesmo, ainda que as reconhecendo como não sendo genuinamente espirituais, as consideras inofensivas. Mas não é assim! E Eu te digo: Os assuntos mundanos nunca são tão perigosos como quando parecem inofensivos, discretos, e se apresentam com humildade e diminutos.

4 – Caso se apresentassem de maneira chocante, até um cego os veria e seria capaz de se lhes opor. Mas se apresentam bem silenciosamente, parecendo inocentes, então são um veneno traiçoeiro e silencioso, que não abandona sua presa nunca mais e com muita probabilidade a leva às profundezas da morte eterna. Assemelham-se a um vampiro que embala sua presa ao mais doce sono, para depois beber até a última gota de seu sangue, sem problema algum.

5 – Vê, justamente este estado tão extremamente horrível Davi reconheceu muito bem. Esta é a razão por que ele chama: Escuta-me, Deus, e reconhece meu coração. Testa-me e reconhece o que eu penso. Vê se me encontro em caminhos errados e me orienta nos caminhos eternos!

6 – Pois “escuta-me Deus!” significa o mesmo que: Ilumina-me, Deus, com Tua Graça. E “reconhece meu coração” diz: Olha o que se encontra da base até o extremo de minha vida; olha tudo o que se acha vestido ou cheio de veneno mundano, cobrindo o que é espiritual de verdade. E “conhece o que eu penso” significa: Ilumina-me, para que eu consiga obter uma compreensão certa e assim reconheça como está de fato construída minha mente.

7 – O mesmo também diz o versículo 24: “ E vê se eu estou em caminhos errados”; que quer dizer: Permite que eu veja por quais caminhos estou andando. “ Orienta-me nos caminhos eternos” significa: Permite que eu reconheça e ande pelos caminhos mais puros, que me levam para a Vida Eterna.

8 – Vê, esta é a interpretação extremamente fácil destes versos. Mas se até o grande e verdadeiro visionário Davi, o homem de Meu Coração, tinha tanto respeito e até medo deste mundo tão cheio de segredos, de tantas aparições inocentes, que muitas vezes não conseguia se orientar a respeito e entendê-las, quanto te é necessário nesta tua época, onde o mundo embeleza de tal maneira seus atos mais cruéis, que eles se apresentam como se fossem os mais ordeiros e corretos possíveis?

9 – Quem de nós criticará um jovem ou uma moça que procura se casar? Para o mundo isto é natural. Mas vê, isto não acontece Comigo. Pois aquele que não Me procura, antes a Mim, se tornará uma pessoa cheia de vícios mundanos e a moça uma verdadeira prostituta. Pois aquele que conseguir Me esquecer, nem que seja uma horinha só, a favor de algo passageiro e mundano, este não Me merece. E Eu realmente afasto Minha Face do mesmo e não lhe olho mais, antes que ele Me ofereça tudo o que possui. Pois Eu sou Deus de quem tudo depende e conheço porque criei a humanidade.

10 – Mas quando um oleiro não consegue fazer uma panela a seu gosto, ele a destrói. Eu, porém, sou o Criador e sei exatamente o que fazer com a panela defeituosa. Ouve e entende bem isto, pois Eu, o Senhor, estou falando.


Palavras de Sabedoria

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de setembro de 1843

1 – Se tu desejares, podes escrever um aforismo, mas não como tu o queres, mas sim como Eu to ditar. Pois não quero Me ostentar como sábio não-realista, mas sim como um cantor itinerante que é exortado por todos aqueles que se consideram superiores. Entende, é assim que Eu quero que aconteça no mundo, pois o mundo não deseja Me reconhecer. Escreve então:

2 – A conversa é um divertimento para o homem mortal, com a qual ele adoça por alguns momentos a certeza da morte eterna. Sim, esta conversa é um verdadeiro entretenimento, pois o espírito fica lá embaixo, e a paixão da morte fica lá em cima.

3 – Conversas, como são comuns no mundo, é um verdadeiro “toque de recolher” imposto para o espírito, onde dificilmente acontecerá uma “alvorada” para chorar a eterna noite espiritual. Entendes agora a “conversa do mundo” ?

4 – As reuniões, como acontecem na atualidade, com música dançante, comilanças e luxúria de todas as maneiras, mesmo que profundamente iluminadas e com entrada franca, são verdadeiras mortes eternas para as pessoas. Pois nestas casas as pessoas se apoderam, com todas as forças unidas, do leme da barca da vida e assim a levam da forma mais segura para a meta final: a morte eterna. Para que não errem o alvo, se encarrega o Rei da Noite e da Morte. Isto é, pois, a “reunião mundana”.

5 – Visitas e perguntas do estado de alguém que está na morte espiritual são frequentes, pois se for encontrado “espiritualmente vivo”, tem certeza que as visitas logo acabarão. Pois o espiritualmente morto está cheio de medo que o espiritualmente vivo lhe diga a verdade: que ele é um morto. Isto não precisa ser temido de um morto ao visitar outro. Entendes isto?

6 – O vício de ser “agradável” é uma das sonolências do espírito. E como este sonolento não deseja nada mais com tanto fervor do que uma cama, então este viciado em ser agradável ao mundo está sempre a procurar algo que o leve a adormecer espiritualmente.


Monarquia e reinado do povo

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de outubro de 1843

Ó Senhor, é permitido que o povo grego concorde com o exército, acorde seu rei no meio da noite e lhe imponha uma constituição? Este ato tão surpreendente não trará consequências nefastas para este povo que sempre foi tão heroico?

1 – Tu sabes exatamente as normas de como um estado deve ser. Vê, em condições tais os judeus tiveram um rei na antiguidade, pois é assim que deveria ser em todos os lugares. Não existe nada nas escrituras sobre uma “constituição”. Esta é a razão por que ela não deveria acontecer na vida atual.

2 – O Rei foi somente criado por Mim, a fim de que o povo de Israel fosse humilhado e seu desejo de poder não acabasse com Meu governo. Mas no momento em que um povo possuir um rei somente figurativo, que não pode opinar e governar – que tipo de rei é este? Neste caso, um estado democrático regido por governantes eleitos é muitíssimo melhor do que este tipo de reinado onde o rei depende do povo; não é como Eu dispus, onde o povo depende do rei.

3 – O rei correto deve possuir um conselho constituído pelos sábios emanantes do povo, com os quais poderá se aconselhar sobre os assuntos do governo. Mas a decisão deve ser única do rei e não à vontade dos conselheiros. Meu amado apóstolo Paulo já disse, e isto com relação ao pior tirano romano, Nero, que devíamos obedecer aos governantes mundanos nos assuntos do mundo, descartando se forem bons ou maus, pois tanto um como o outro têm sua origem do alto. (Nota da tradutora: Em Suplementos nos foi ensinado que “bom ou mau” aqui na realidade significa “suave ou rigoroso”).

4 – No entanto o rei da Grécia de longe não era feito um Nero. Por que o povo o destronou? O povo só deve Me deixar o direito e o poder de entronar ou destronar os reis, pois então tudo será melhor do que se segue, pois assim está devido ao egoístico desejo de poder do povo.

5 – Se Eu desejar libertar um povo, Eu assim o farei no momento em que este povo se dirigir de volta a Mim. Mas um povo orgulhoso e ávido de poder vai esperar por muito tempo por esta liberdade. Eu não a darei.

6 – Pois é melhor ser um servo no mundo, do que um eterno escravo no espírito. Porém aquele que seguir o caminho do espírito, a este Eu saberei proteger, não importa que governo houver, mas somente enquanto não se atrelar a nenhum governante. Se ele assim fizer, a não ser que tenha recebido Minha ordem para isto, então ele deverá suportar os castigos que o mundo lhe destinar.

7 – Isto acontecerá aos gregos em menos ou mais tempo. Vê, assim estão as coisas! Medita bem sobre este assunto e descobrirás que assim deve ser, para que o mundo se humilhe. Amém.


Um pregador da Nova Revelação

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de outubro de 1843

Anselmo, amigo e escrevente de Lorber, diz: Hoje a mãe de Jacob Lorber, que se encontra em Graz, contou que no ano passado tinha conhecido um mendigo idoso numa casa de conhecidos. Este homem sempre estava a falar sobre assuntos divinos. Ele era alto e grande, magro e com um aspecto muito simpático. Pela sua vestimenta e fala, não podia ser alguém do local. E quando lhe perguntavam de onde vinha, respondia: “Eu estou em casa em qualquer ou em nenhum lugar!”

Mais tarde (verão de 1843) este idoso citou a antiga profecia de que Steirmarh, que aquele seria um estado abençoado, pois nele apareceria um homem por cuja boca Deus falaria. Então ele disse à mãe:

- Vosso filho é este abençoado. Ao dormir, ele recebeu esta bênção. Sabeis por acaso há quanto tempo vosso filho ouve a voz de Deus?

A mãe, que só tinha vagos conhecimentos da graça de seu filho, disse:

- Acho que por dois anos.

Ao que o ancião respondeu:

- Vê, eu sei melhor. Seu filho já escreve por quatro anos. Ao acabar o quarto ano ele cairá novamente num sono profundo por vinte e quatro horas e aí ele passará de ouvinte a visionário.

O ancião continuou:

- Seria bom que vosso filho não se encontrasse na cidade onde ele agora vive, mas sim aqui em vossa casa, quando este momento chegar.

A mãe ofereceu hospedagem ao ancião, pois já era noite. Ele lhe comunicou que deveria seguir seu caminho e que ele ficaria muito feliz se pudesse falar com seu filho, Jacob Lorber. Ele não poderia ir a Graz, pois não conhecia ninguém nesta cidade. Quando a mãe começou a falar mal dos sacerdotes e religiosos, ele a respondeu dizendo que deveria deixar tudo nas mãos de Deus. Ele, o Pai, colocaria tudo na ordem certa. Só Ele deveria atuar.

A mãe, que não entendeu bem o dialeto do ancião, acha ainda que o ancião tinha dito que uma vez tinha servido ao exército..., mas não tem certeza.

Assim sendo, pergunta o servo (Lorber): “ Ó Senhor, amoroso e santo Pai, o que significa este homem que transmitiu esta mensagem para minha mãe. Devemos confiar em suas palavras?”

1 – Escreve. Homens desta categoria, tanto velhos como jovens, em pouco tempo aparecerão e vários estarão cheios de Meu Espírito. Deverias, então, confiar neles.

2 – Eu mesmo Me encontro muitas vezes nestes homens e preparo as pessoas para Minha próxima apresentação.

3 – Podeis estar certos que visitarei as casas e as cidades dos diabos e seus servidores com o fogo e com a espada! Carestia, fome e doenças serão por Mim despejados sobre os mesmos e acontecerão enormes enchentes sobre os povos usuários. Esta é uma profecia verdadeira.

4 – Mas também aquele homem fala em Meu Espírito, porém nas visões ele não está tão correto. Com o tal de “dormir” ele não está certo, pois tu deverás te tornar vidente acordado.

Parabéns

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de novembro de 1843, pela manhã

1 – Escreve, pois o que tu queres Eu já determinei faz muito tempo.

2 – Ouve-Me, Meu amado filho! No mundo é comum entre vós que no dia de aniversário desejeis pessoalmente ou nos cartões todo tipo de bem-aventuranças, muito mais, infelizmente, do que com a presença de vossos corações cheios de amor.

3 – As crianças também recitam lindos versos para seus pais, às vezes em línguas estrangeiras que quase não entendem. O que estas crianças sentem ao declamarem estes versos em inglês ou francês são tão materiais, que poderia se comparar ao mesmo material do qual se diz que Eu criei o universo. Pois então os que estão parabenizando raramente são a parte emocionada, pois consideram isto mais uma obrigação do que um ato de amor. Os parabenizados são os emocionados. Os pais começam a mexer seus dedos polegar e indicativo ao ouvirem uma ode em inglês ou francês, e assim somente os corações das crianças começam a se envolver emocionalmente.

4 – Esta é a maneira que frequentemente os pobres usam para parabenizar seus ricos protetores. Expressam-se cheios de emoção, não de um sentimento que vem do coração, mas sim em expectativa de um prêmio ou um agrado. Eles pedem pela saúde e sua vida dos protetores, não com o coração liberto, mas sim cheios de temor pela miséria.

5 – Esta é a maneira mais frequente como se congratula na Terra. Então Eu Me pergunto: Como poderei Eu, o Pai de todos vós, parabenizar-vos?

6 – Por acaso por meio de um cartão completamente vazio? Isto Eu faço quase que diariamente, mas não Me prestam nenhuma atenção. Vejam as flores, as folhas das árvores, todas as plantas na Terra, as estrelas da noite, a Lua, o Sol que nasce, como agora também o nascimento do Grande Sol Espiritual (a Nova Revelação)! Eles são todos cartões de congratulação e são bem mais importantes que os vossos, que nada mais são do que pedaços de papel. Mas os filhos pouca importância lhes dão. Se Eu não mexer com o Polegar e o Indicador, Meus bilhetes nenhum valor têm.

7 – Eu faço o mesmo que um pai faz ao ser parabenizado pelos seus filhos, ou se parabeniza um dos seus filhos. Porém Eu jamais ou só raramente descubro neste ato o verdadeiro amor vivo e livre em Meus filhos, mas geralmente um amor temeroso, temendo que Minha falta faça de sua vida algo pior. E assim Meus filhos olham cada vez mais Meu polegar do que Meu coração.

8 – Eu bem vejo o quanto Meus filhos perdem do Amor verdadeiro e livre, mas assim mesmo Eu realizo o que eles desejam, para que com isto eles consigam descobrir o verdadeiro Amor vivo e livre que emana de Mim.

9 – É assim que Eu chego para junto de ti, tu, Meu querido filho, como Pai com Coração forte e também com o polegar e indicador, já que sem estes últimos Meu cartão de visita (também para ti) não possui grande valor.

10 – Eu, teu Santo Pai, mexo com o polegar e indicador e te abençoo. Com o polegar, com Minha força e poder, para que te tornes forte na tua fé e no amor. E também te abençoo com o indicador, para te mostrar o verdadeiro caminho que te levará a Minha Casa, para teu infinito, terno e santo lar paterno.

11 – Aceita, pois, Minha felicitação como uma graça verdadeira e terna. Pois Eu, teu santo Pai Jesus, te abençoo.

12 – Mas já que vos congratulais uns aos outros, lavai os pés de cada um entre vós, da mesma maneira como Eu, vosso Pai, lavo vossos pés diariamente, quero dizer, façais algo de bom para o vosso próximo espiritual e materialmente, e assim Eu estarei sempre convosco com Meu coração cheio de amor e também com o polegar e o indicador. E Meu Sol vos iluminará e aquecerá, como se fosse um enorme cartão de visitas vivo e amoroso. Isto Eu vos digo. Amém.


O Senhor como teu amante

Recebido por Jacob Lorber, em 19 de novembro de 1843

1 – Escreve, pois já conheço bem este teu desejo de que Eu novamente seja o teu poeta esporádico.

2 – Tu queres versos ou prosa? Se tu tencionas fazer um verso de felicitações usando o nome do agradecido, então versos seria melhor do que prosa. Mas se desejares escrever um texto de congratulações, no qual o mais importante é a bem-aventurança de tua amiga, então a prosa é melhor.

3 – Bem, desejas a segunda opção; bem, vamos iniciar o assunto de uma forma bem prosaica. E nossas congratulações se reduzem ao seguinte:

4 – Eu sou o último em todos os lugares! Teu coração se volta para Mim em última instância. – Quando terminas tuas tarefas diárias, aí então te diriges a Mim; às vezes até bem disperso entre os assuntos mundanos. De manhã sim, pensas em Mim, mas sempre acompanhado pelos teus problemas mundanos. Sim, também durante o dia te lembras de Mim, mas estes teus pensamentos estão sempre em segundo plano, lá no fundo, quase desaparecendo entre tuas preocupações materiais. Bem, para concluir, jamais consegues elevar teus pensamentos para Mim sem estarem bem acompanhados de assuntos mundanos.

5 – O que significa isto, qual o motivo disto? Vê, Eu bem que gostaria de te dizer, mas sei que te deixará acabrunhado. Por isto Eu só te digo que Eu sou extremamente ciumento e nada Me magoa mais, do que quando os meus Me traem, mesmo lá de vez em quando.

6 – Vê, quem Me ama, deve fazê-lo por inteiro. Se algum dos Meus encontra mais prazer em assuntos mundanos que em Meu Amor, isto Me magoa muito. Sou o maior inimigo da futilidade mundana.

7 – Acredita, até o menor olhar de alguém a quem Eu considero como Meu já Me causa muita dor. Se quiseres Me conhecer bem, imagina-Me como um amante bem esquentado e hiperciumento. Mas a dor que uma de Minhas noivas Me causa com sua infidelidade é milhares de vezes maior, do que aquela que sofre um noivo comum traído. Pois Eu amo Minha noiva com toda paixão de Meu coração e com isto toda sua Vida Me pertence; mas cuidado, se houver uma minúscula traição. Se, porém, ela reconhecer seu erro com toda a fraqueza e lamentar o fato do fundo do coração, então, tenha certeza, todo o amor do noivo volta a florescer, e ele a amará muitíssimo mais.

8 – Vê, Eu sou um amante extremamente possessivo. Eu certamente tenho mais paciência e indulgência que um noivo mundano, mas tua infidelidade Me causa enorme dor, exatamente por perdoar e ter indulgência incontáveis vezes.

9 – Pensa bem: amor, vida, saúde e Minha Bênção, tudo isto Minhas noivas possuem e recebem a cada segundo de Mim. Eu lhes outorgo diariamente com todo tipo de bem-aventurança vital, e elas estão eternamente sob Minha proteção. Não é de Me magoar que Eu tenha que Me considerar (às vezes) como o último dos amantes?

10 – Por isto Eu, como o último de teus felicitantes, exijo que Me vejas e tenhas em teu coração como o teu amante número um.

11 – Com esta condição Eu atrelo a Minha Bênção paterna e te abençoo, agora e sempre te abençoarei, contanto que Me sejas eternamente fiel. Eu jamais te serei infiel. Permanece fiel a Meu amor, pois só assim encontrarás a vida eterna.

12 – Este é Meu desejo mais sério e verdadeiro em relação a ti, por toda a eternidade. Amém. Isto te diz teu amoroso Pai Jesus Cristo.


O grande ato de Amor Celestial

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de novembro de 1843

1 – Escreve tu, Meu servo, este bilhetinho para Meu amado filho e amigo que tanto o precisa:

2 – Meu amigo e irmão. Vê, novamente Me encontro entre os que desejam te felicitar pelo teu aniversário. O que devo desejar para ti?

3 – Se Eu só te desejasse felicidades e nada te dissesse neste teu dia, Eu seria igual a todos estes teus amigos que te vêm congratular e que muito frequentemente se congratulam uns com os outros, porém só se desejam bem-aventuranças materiais ou mundanas. Mas quando chega o momento de dar algo, recolhem rapidamente a mão estendida.

4 – Pois bem, não vou te desejar nada, mas sim te darei algo, algo que te servirá melhor. E o presente é: Eu te perdoo todas as ofensas que Me causaste e te asseguro todo meu Amor e Graça. Esta é a ligação que Eu te ofereço hoje e para toda a eternidade.

5 – Muito simples e bem insignificante esta Graça parece ser para o mundo exterior, mas acredita no que diz o teu Amoroso Pai: estás a receber a maior dádiva que jamais poderás alcançar; ela é maior do que se Eu tivesse te dado um reinado na Terra.

6 – Vê, tudo o que hoje possuis na Terra terás que abandonar um dia e vais chegar ao Além tremendamente pobre. Não podes levar nem pão nem ouro, e ninguém te dará nada sem pagamento, pois a avareza se estende para além do túmulo. Mas na tua grande penúria começarás a procurar em teus bolsos e certamente encontrarás esta Minha ação de amor.

7 – Os avarentos não respeitarão esta Minha ação, mas Meus anjos se portarão a teu lado e a reconhecerão como Minha. Eles te confortarão na tua imensa miséria, te levarão à grande bolsa de ações celestiais, onde Eu, teu Pai, cheio do mais puro Amor, te darei o beijo paternal e assim resgatarei esta ação santa pela eternidade, tão certo como Eu aqui Me encontro.

8 – Com esta afirmação Eu te abençôo com o Meu Amor, Graça e Misericórdia e te entrego esta Minha ação, para ti, eternamente.

9 – Eu sou o prêmio a ser resgatado por ti, Meu Filho, amigo e irmão. Amém.


Parábola da figueira

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de dezembro de 1843

1 – Procura em Lucas cap. 13 V.6 ao 9. Há uma parábola de um homem que tinha plantado uma figueira em suas terras, mas esta já por três anos não tinha dado frutos.

2 – Eu te digo: esta parábola é muitíssimo importante e contém um enorme ensinamento para todos. Agora chegou a sua hora! Observa a parábola com muita atenção, e feliz é aquele que se enxergar na mesma!

3 – Esta parábola é igual a um tesouro oculto. Feliz daquele que o encontrar.

4 – Bem, agora basta. Nada mais direi sobre este assunto e não precisas escrever mais. Amém.


Ler e provar por ações

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de dezembro de 1843, das 17:30 às 18:45

Esta é uma mensagem que veio ao teu mundo do “Sol Espiritual” e é a única de uma série de explicações sobre “o Sol Espiritual” que foram compiladas numa obra chamada “Recordações e Meditações sobre o Sol Espiritual” (editado por New Salem Verlag).

1 – Meus queridos filhos! Com as “Recordações” que vêm a seguir desejo vos dar uma regra mui importante e útil, sem a qual não conseguireis obter nenhum resultado positivo da leitura de livros que tratam de assuntos espirituais. Podereis ler milhares de vezes o livro sagrado (a Bíblia), como também a Nova Revelação, mas sem esta regra sempre chegareis a um ponto do qual não conseguireis ultrapassar.

2 – Com a repetição da leitura destes livros tereis preenchido totalmente vossa memória. Perguntai, porém, ao vosso espírito qual foi o ganho obtido com isto, e ele vos responderá de forma apática:

3 – “Eu certamente estou rodeado por um caos de material de construção. Pedras e madeiras estão sobrepostas sem ordem alguma, mas deste material não se conseguiu construir nem uma miserável choupana “mal enjambrada”, na qual eu habitaria. Vós continuais a amontoar o material; cada vez mais, pedras nobres e madeiras de lei encontram-se neste monte à minha frente, e eu não consigo colocá-las em ordem. Porém se por acaso eu consegui iniciar alguma organização, já vindes novamente com mais uma enxurrada de material novo. E assim eu fico cansado com minha labuta e no fim, ao olhar o tamanho do material a ser organizado, me assusto e penso com dor na longínqua probabilidade de todo este material caótico se tornar um lar bem organizado.”

4 – Vede, esta é uma resposta bem racional do espírito; esta mesma resposta poderá ser encontrada por uma pessoa que tenha lido muito.

5 – Se uma pessoa tiver lido aproximadamente mil livros em sua vida, que caos existirá em sua memória ao fim da mesma! E se ele tiver sorte, ao término de tanta leitura, ele chegará à conclusão de que nada sabe.

6 – Mas o que é de fato esta memória? Não passa de uma lamúria, queixa do espírito, que deseja com isto dizer que ele, devido a todo este exagero de material de construção, não é capaz de construir a mais ínfima choupana para se tornar seu lar.

7 – Existem, pois, pessoas que conhecem o Velho e Novo testamento palavra por palavra; mas perguntai-lhes pelo significado intrínseco de uma única palavra ou versículo, que elas nada saberão, tal qual aquelas que não conhecem um único versículo ou até desconhecem a existência da Palavra Santa. Que valor ou utilidade possui este material tão maravilhoso?

8 – O espírito habita somente o espiritual. Não é possível fabricar-lhe nem uma muleta cheia de defeitos a partir de algo material. Então onde ele habitará? Onde conseguirá fazer seus cálculos? Onde poderá iniciar a organização deste material?

9 – Não é então melhor possuir menos material, mas com o mesmo construir uma habitação apropriada para o espírito, para que o mesmo consiga um local seguro e livre, a partir do qual ele fará seus novos planos e construirá mais ao receber novo material?

10 – O que parecerá uma lavoura, por melhor terra que possua, se vós semeardes milhares de sementes diferentes na mesma, na maior desordem, e todas ao mesmo tempo? As sementes nascerão por certo, mas de que utilidade terá para o semeador? Tenho certeza que o plantio desta lavoura não servirá nem para alimento para os animais. As plantas mais fortes asfixiarão as mais fracas, as ervas daninhas vicejarão e o trigo aparecerá em alguns pontos, mais fraco e quase sem grãos.

11 – Disto podemos concluir que deve haver uma ordem em tudo e em todos os locais dos quais esperais obter um lucro ou conhecimento, pois sem a mesma só conseguireis colher espinhos, ervas, etc.

12 – De que consiste esta ordem?

13 – Se tiverdes um trigo puro, semeai-o numa lavoura limpa e preparada e podeis estar seguros de uma colheita limpa e boa.

14 – Quem tiver um bom local para construir e o material apropriado, este não aguarde a chegada de mais material, às vezes desnecessário, antes de iniciar a construção da casa, pois poderia entulhar todo o local onde planeja construir a casa.

15 – E neste caso, se o construtor chegar e te perguntar: - Amigo, em que lugar desejas construir tua casa? O que poderás responder? Com certeza será o seguinte: - Lá, meu amigo, onde se encontra aquele monte de material de construção .

16 – O construtor então te dirá: - Porque permitiste que depositassem o material no local da construção antes que tivéssemos feito a planta e edificado os alicerces? Se desejas construir tua casa naquele local, deves mandar retirar todo o material e deves deixar o lugar totalmente desimpedido; só então virei, medirei o local, farei as plantas, iniciarei os alicerces, e finalmente examinarei o material para me certificar se ele serve para construção de uma casa.

17 – Com este exemplo podereis ver que pouco valor tem uma leitura para alguém que não a usar seguindo a Ordem Verdadeira.

18 – Mas de que consta esta Ordem Verdadeira? Nada mais nem menos que cada um, ao receber material novo, imediatamente o organize e o utilize logo, para então construir a moradia antes que chegue um segundo carregamento de material. Desta maneira adiantaria rapidamente sua construção e sempre terá bastante espaço livre para adquirir material novo.

19 – Em poucas palavras, esta organização significa que, logo após receberdes novos conhecimentos, deveis transformar os mesmos em ação e deveis orientar vossas vidas de acordo. Só assim a leitura será útil. Se não for assim, sereis apenas ouvintes da Palavra, mas não atuantes nela.

20 – Haverá mais sobre “Recordações”. Amém.


Uma palavra para o servo

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de fevereiro de 1844

1 – O que te preocupa, se alguém te repreende com assuntos tolos. Espelha-te em Mim, teu Senhor, e tu verás claramente as experiências desagradáveis que Me acometeram e que agora te acometem, mas que no teu caso são quase mínimas.

2 – Vê no Evangelho de João cap. 7 versículo 1-5. Lá enxergarás de sobejo como até meus irmãos mais fieis e crentes, os apóstolos, Me tratavam, pois não concordavam que Eu Me refugiasse na Galileia por um curto espaço de tempo, para descansar; que Eu fugisse de Judéia, onde ameaçavam Minha Vida.

3 – Meus irmãos e Meus apóstolos Me acusaram de ter abandonado Minha atividade. Achas que tu és melhor do que Eu? Que deves ter uma existência mais suave que Eu? Vê que ideia mais tola...

4 – Vê, se tu fosses um escritor insensato, Eu jamais teria te escolhido para receber Minha Palavra. Pois estes escritores enganam e acrescentam às Minhas Palavras suas ideias como Minhas. Por isto Eu te escolhi, pois serás capaz de dar ao mundo a Minha Palavra Verdadeira e com exatidão. Mas se ela for rejeitada em toda esta sua simplicidade e veracidade, então cuide-se o mundo, pois em curto tempo chegará sua hora.

5 – O zelo (fervor) Me é muito mais agradável do que a frouxidão (tibieza) em vós e em cada uma de vossas irmãs. Tu, porém, deves ser como um filtro de papel, pelo qual filtramos um líquido impuro. Pois se fosses fogoso demais, poderias apresentar idéias tuas como se fossem Minhas. Como Eu não te permito nenhum fervor próprio, tu só podes produzir o que te vem de Meu Zelo, mas sem que teu livre arbítrio seja danificado, só assim Minha Mensagem Verdadeira aflora à luz do dia.

6 – Aqui encontrarás o suficiente para te desculpares, e por isto ninguém deve se prender a teu zelo, mas somente ao Meu Zelo. A quem isto não bastar este pode contar com Meu julgamento.

7 – E o que foi dito aqui deve ser o suficiente para todos e para todo o sempre. Pois ninguém alcançará a bem-aventurança pelo zelo de meus servidores, mas sim pelo Meu Zelo, que é Meu Amor em todos vós. Amém.


Insetos espirituais

Recebido Jacob Lorber, em 16 de fevereiro de 1844

1 – Escreve, pois, algumas palavrinhas, pois é isto o que tu desejas e achas que sem estas palavrinhas a Terra se transformaria num buraco.

2 – Eu varro continuamente junto ao jovem ou idoso, ao grande ou pequeno, em tudo quanto é tamanho e forma. Escuta-Me, pois, tu, pequena Marta materialista, o que Eu te digo neste dia.

3 – Vê, tudo no mundo desvanece, só uma coisa permanece para sempre e é o puro Amor por Mim, e toda ação dele originada.

4 – Se tiveres este Amor, só então Eu te reconhecerei e te abençoarei. Se quiseres ser tomado por este Amor, tens que, em primeiro lugar, purificar teu coração e livrá-lo de todo outro amor que até agora te causou muito prazer e alegria.

5 – Vê do que o coração está prenhe. Disto se manifesta a boca, bem como os pássaros são reconhecidos pelo seu canto. Ouve o que dizes durante um dia inteiro, tudo o que tua boca produz, e verás por ti mesmo de quanta tolice teu jovem coração está prenhe. E enquanto ele não for purificado de todas estas coisas inúteis, não podemos falar de um amor puro em Mim.

6 – Vê, ainda és uma alma impura, mas desejas uma cama limpa na qual dormir. Eu sei que te causaria nojo dormir em uma pocilga imunda em vez de uma cama limpinha. Imagina então como Me enoja, a Mim, o Todo Poderoso, Santíssimo e Eternamente Puro, ter que habilitar num coração impuro.

7 – Não quero dizer com isto que teu coração é a morada de dragões, víboras e serpentes. Não, disto estás bem afastado. Mas vê bem: piolhos, pulgas, e percevejos nos cantos da casa não são nada atraentes.

8 – Os homens agora estão com seus corações plenos de “pulgas, piolhos e percevejos” e os consideram muito. Mas Eu não concordo com isto, pois Eu jamais fui amigo destes bichos.

9 – Tu, porém, perguntarás: O que são os “piolhos, pulgas e percevejos” do coração? Ouço bem e Eu vou explicar de imediato.

10 – Os piolhos são todo o tipo de pensamentos tolos que enchem a cabeça. Da cabeça estes piolhos gostam de ir para o corpo e lá incomodam mais que na cabeça. Assim pensamentos tolos frequentemente vão do corpo para o coração e se transformam em desejos mundanos extremamente perturbadores. Vê, estes são os piolhos do coração.

11 – Quando a temperatura aumenta e o recinto está sujo, aí aparecem as pulgas. E assim também acontece, de forma espiritual, com o ser humano. Quando ele aquece seu coração impuro pela existência de paixões e desejos humanos, aparecem tudo o quanto de preocupações, muitas vezes imundas, as que coçam e picam com muito zelo o coração, pulando de um lado para o outro. Vê, estas são as pulgas do coração.

12 – E o que são os percevejos? Vê, se uma casa não é limpa com assiduidade, aí aparecem os percevejos da imundície da casa e se aninham em todos os cantos e ranhuras, prejudicando o sono de quem dorme com suas picadas e fedor. Assim também acontece com o coração do homem, quando este é preenchido por inúmeros desejos e paixões impuras e é levado a ações indignas. Estas ações têm mau cheiro e não permitem que o coração fique em paz. Vê, estes são os percevejos do coração.

13 – Tudo isto já se encontra em teu coração. Por isto eu te digo agora, neste momento, que prestes bem atenção a ti mesmo. Deves aprender a conhecer teu coração partindo de tua boca e deste modo purificá-lo cuidadosamente de todos estas coisas, para que Eu possa Me acomodar e tomar posse de teu coração purificado.

14 – Afasta tudo, assim virei para ti e tomarei posse de teu coração. Isto Eu digo, Eu, teu Santo Pai amado, para que tu te tornes uma filha pura e amada para sempre. Amém.


Recado para uma menina

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de março de 1844

1 – Escreve, pois Eu sei qual é teu problema. Aquela que te agrada, também Me agrada, pois ela ama e admira seu pai, traz sua mãe no coração, é muito íntegra e às vezes reza com o coração e Me ama em segredo. Por isso, dá-lhe Meu Recado no dia de seu aniversário.

2 – Eu, teu Criador, teu Pai, teu Redentor, teu Ressuscitador para a vida eterna, teu verdadeiro noivo, gosto de ti com todo Meu coração. Em verdade, mais do que um milhão de sóis com toda sua maravilhosa luminosidade, Eu te amo, a ti, já que tu Me amas um pouquinho.

3 – Em verdade, se tu Me amasses como Madalena Me amou, tu Me obrigarias a Me aproximar visivelmente de ti, te abraçar com todo Meu Ardor, te carregar nos Meus Braços por toda tua vida terrena e te levar para Minha eterna casa.

4 – Minha filhinha, se soubesses quão próximo estou de ti e o quanto Eu te amo, tu não aguentarias viver no mundo nem mais um segundo. Mas Eu Me mantenho afastado, a fim de que possas viver neste mundo.

5 – Por isto Eu te peço que permaneças fiel e te entregues a teu verdadeiro noivo. E Eu te farei rica de Meu eterno tesouro doméstico e afastarei a morte totalmente de tal maneira, que o dia em que Eu te retirar da Terra te seja um dia de felicidade e alegria. E tu não sentirás a pressão da violência e da morte nos teus últimos dias.

6 – Mas para isto Eu te digo e te aconselho: pesquisa teu coração diariamente pelo seu amor por Mim. E se por acaso, lá de vez em quando, descobrires um outro amor ou uma inclinação, chama-Me de imediato e mostra-Me teu coração. E Eu imediatamente o purificarei e afastarei de ti todo e qualquer sentimento impuro.

7 – Procura não alcançar nada além de Meu Amor neste mundo, só assim estarás feliz e abençoada para todo o sempre.

8 – Também não contes teus anos tolos de teu corpo e não aches que nos anos avançados não conseguirás fazer mais a felicidade. Eu não te criei para que te tu tornes uma mártir nas mãos de um homem – Eu te criei somente para Mim.

9 – Eu não sou alguém que conta os anos, mas Eu dirijo Meus Olhos somente para o coração. Se ele estiver bonito e puro, então tu serás eternamente jovem e bonita para Mim.

10 – Não acredites jamais no mundo. Ele está tão horrível, que no melhor dos casos cada respiração é uma mentira e cada batida do coração é uma traição – Mas o que Eu te digo aqui, tu deves acreditar com toda força. Pois os céus e as estrelas serão destruídos antes que uma vírgula do que Eu te disse deixe de se cumprir.

11 – Pois só Eu sou para ti o eterno verdadeiro, teu Pai verdadeiro e teu noivo verdadeiro que te ama mais do que milhões de sois em toda sua maravilha.

12 – Que estas Minhas palavras te sejam a mais pura aliança a unir-te a Mim, teu Pai e noivo. Eu, teu Jesus, te dou isto por intermédio de meu servo, por toda a eternidade. Amém.

Um abençoado dia de comemoração

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1844

Quarto aniversário da Nova Revelação

1 – Escreve, pois Eu sei o que desejas. Achas que é necessário fazer um pedido escrito, se desejas obter uma dádiva de Mim? Nada disto; só o coração serve como um bilhete de pedido. Quem chegar a Mim deste modo será tendido sem precisar de papel, tinta ou outros meios de escrita. Por isto tu não precisas escrever teu pedido, e enchê-lo de várias exclamações, pois Eu só me interesso pelo coração. Escreve, pois:

2 – Eu sei que já se passou mais um ano desde que fostes chamados para trabalhar em Minha Vinha. Mas a data para Mim não tem importância nenhuma. Pois aquele dia em que Eu Me revelei para ti (Lorber) é de fato um dia importante na Minha Misericórdia por ti e Meus outros amigos, mas o primeiro dia não é em nada mais importante do que os outros que se seguiram.

3 – Eu, porém, te digo: é melhor que cada um faça de seus piores dias um dia memorial, que examine sua infidelidade contra Mim naqueles dias que se dirigir a Mim, e que afaste estes dias com árduo trabalho em Meu nome e com ações de amor por Mim.

4 – Quem assim fizer este comemorará um verdadeiro dia de aniversário, especialmente se transformar tais aniversários em verdadeiros dias de ação de caridade.

5 – Feliz daquele que todos os dias se lembra com gratidão de Minhas ações caridosas e se mantém sem falhas ou pecados. Mas noventa e nove vezes feliz daquele que se lembra dos seus dias falhos, os lamenta e procura se tornar melhor. Em verdade, irei ao seu encontro, o recolherei e lhe prepararei um banquete festivo. Haverá mais felicidade por um do que por noventa e nove justos.

6 – Se houvesse um pai que tivesse um filho que o magoou terrivelmente um dia, e este filho se lembrasse do aniversário deste dia e dissesse a si mesmo: “ Oh terrível dia!. Em ti eu causei uma grande dor para meu Pai, mas justo hoje irei ao meu Pai e, apesar de saber que ele faz muito já perdoou meu erro, jogar-me-ei a seus pés e lhe direi:

7 – Pai bondoso e amado! Vê, hoje é um dia bem triste de recordações para mim, teu indigno filho! Neste dia eu me esqueci de que tu és meu bondoso pai e que o foste por todo o sempre. Por isto eu venho, justamente neste dia, cheio de humildade e arrependido, e te peço do fundo de meu coração que esqueças este infeliz dia e que me perdoes com tua bondade. Pois o dia mau deverá existir somente para mim, como um lembrete triste da minha falha.”

8 – O que será que o bondoso pai fará com tal filho? Eu digo que ele assim falará:

9 – “ Meu filho, é verdade sim, neste dia tu entristeceste meu coração. Mas como tu, e mais ninguém, te lembraste deste dia e vieste a Mim arrependido de tua falha, transformaste este dia triste em um dia de alegria para mim, como não existe nenhum outro. Vem, vamos ser felizes neste dia em que Eu te recebo novamente, como um pai recebe seu filho que reencontrou”.

10 – O que achais (Lorber e amigos)? Não é um dia como este bem melhor para ser festejado do que milhares de outros? É sim, especialmente quando é Comigo. Todo aquele que chegar a Mim desta maneira Eu receberei da mesma maneira que o pai recebeu seu filho no exemplo acima.

11 – Bem, celebrai com mais assiduidade um dia de comemoração como este, e ele Me será mais agradável que dez mil Sabats. Que isto seja uma boa dádiva neste dia de Minha Misericórdia por vós. Atuai de acordo, que vós conseguireis sobreviver pela eternidade. Isto Eu vos digo, o Senhor, Vosso Eterno Protetor e Amparo. Amém.


A pastagem de almas falsa e verdadeira

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de março de 1844

1 – Quando cordeiros estão em pastos bons, então eles prosperam, sua lã se torna abundante e macia, eles engordam, ficam alegres e fortes. Mas se os cordeiros se encontrarem em pastos ruins, eles não prosperam, sua lã é escassa e cheia de nós, e eles ficam tristes, fracos e emagrecem.

2 – O que quero dizer com isto: Eu dou aos cordeiros uma pastagem boa, rica e abundante, mas eles preferem correr para um lugar que é uma pastagem ruim, comem ervas ruins e não engordam por Mim, o Senhor do rebanho.

3 – E que diferença não existe entre alguém a quem Eu ungi com Minhas próprias Mãos para se tornar Meu Servo, e aqueles outros que só com uma cerimônia mundana foram ungidos como tais, mas que nunca sentiram nem tocaram Meu Espírito e Minha Mão. No entanto estes últimos têm mais valor no mundo, do que aquele a quem Eu mesmo ungi como meu Servo, com Meu Amor e Espírito. Isto é algo que tem um gosto bem ruim em Minha Boca.

4 – Quem são aqueles para os quais o amor é um pecado, e quem é Aquele que tem o amor como a única lei e a dá a um ungido pelo espírito? No entanto os corações se apaixonam por aqueles que são proibidos de amar, pois o cerimonial os ungiu como “Servos da Igreja” – mas ante Mim eles se incendeiam muito menos e muito menos ainda ante aquele ungido pelo Meu Espírito do Amor! Como conseguiremos entender isto?

5 – Vê, o Meu desejo é que os cordeiros permaneçam no pasto bom, para que logo Me deem lã e eu possa Me vestir com a mesma em seus corações, nos quais a chama ainda oscila de um lado para o outro e Eu ainda, quase que totalmente nu, sinto frio quando esta chama se afasta em direção àqueles que foram ungidos pela cerimônia.

6 – Em verdade Eu não gosto de estar nu, pois assim fiquei na cruz.

7 – Isto não é só para alguns, isto serve para todos os seres humanos. As pessoas devem vir a Mim com amor verdadeiro em seus corações e devem trazer seus afins; mas não devem se vangloriar com isto, pois não Me agrada. Porém devem se saciar no rico pasto de Meu Amor e logo produzirão uma “lã melhor”.

8 – A lã, porém, é uma fé viva, é a luz que vem da chama do Verdadeiro Amor. O Amor é também a Vida Eterna. Isto Eu desejo para todos vós, hoje e para todo o sempre. Amém.

Um rico avaro no Além

Recebido por Jacob Lorber em 30 de março de 1844

1 – Escreve estas palavras para tua irmã entristecida, para quem uma alma infeliz apareceu. Esta alma é de alguém que tinha sido um sovina rico na Terra.

2 – Este espírito - que está passando por maus momentos em sua esfera, pois só possui trevas - está rodeado por um deserto imenso e passa fome, sede e frio. Está erroneamente pensando que doar todo seu dinheiro para os pobres que ainda se encontram no mundo poderia ser um alívio para seu sofrimento. Foi por isto que lhe foi permitido aparecer à tua irmã e apresentar-lhe seu problema, pois sempre tinha se negado a dar qualquer auxílio aos necessitados, por temor à sua mulher.

3 – Este é um plano que é somente do espírito. Este espírito ainda não tem a mínima noção de Minha existência e crê que “Deus” é somente uma energia que emana da natureza. Mas como ele trouxe da Terra o conhecimento que afirma haver uma possibilidade, alguma maneira de agradar a algum deus que porventura existe, caso a pessoa venha a auxiliar os pobres, então ele agora quer realizar este ato.

4 – Mas como ele se dá conta da impossibilidade de realizar este plano, ele está bem triste e infeliz. Este espírito ainda deverá esperar por muito tempo pela ajuda, pois dentro de si cresce cada vez mais o ódio contra sua viúva, uma vez que ela não escuta suas mensagens quando sonha; nem escutará, pois seus ouvidos estão surdos para os apelos do marido. Ela nem imagina o que lhe acontecerá quando ele, o marido, conseguir por suas mãos sobre ela. E se ela continuar a ser como é até agora, será impossível protegê-la.

5 – Vê, esta é, pois, a situação do espírito no Além. Na verdade ele está triste e sofrendo muito. Mas o destino da mulher será mil vezes pior, se ela não se voltar para Mim ainda no seu tempo na Terra e não doar 2/3 de seus ganhos anuais a pessoas necessitadas, e isto motivado pelo mais puro amor pelos pobres e por Mim.

6 – Em verdade, aquele que possuir uma grande fortuna e não reparti-la para os pobres durante sua vida terrena, aliviando assim os corações dos mesmos, mas só o faz após seu fim, este será visto como um avaro e seu gesto (de doar aos pobres após sua morte) de nada lhe servirá.

7 – Quem tiver filhos na Terra e só pensa no bem estar deles, que eles consigam ser pessoas abastadas após sua partida e consigam fazer bons casamentos, tantas moedas que eles negaram para atos caridosos, tantos anos eles (os pais) passarão nas trevas, pobreza, e friagem no Além. Eles não sairão deste estado antes do último de seus descendentes se tornar mendigo.

8 – Se este espírito tivesse enfrentado as críticas de sua mulher e tivesse trabalhado para os pobres e não somente para a mulher e filhos, com certeza sua situação seria bem melhor agora. Foi rico. Que tivesse usado sua fortuna para o céu. Tolo, porém, Me esqueceu e só trabalhou para a mulher. É por isto que ele procura ajuda lá onde ele trabalhou, pois ele era um opositor a Mim. Por isto ele não Me reconhece e não procura ajuda Comigo, o único que o poderia ajudar.

9 – Não seria nada difícil que um rico ajudasse com o dote dos filhos de pais pobres, usando só um terço de seus lucros anuais, para que estes filhos pudessem se casar e não ficar expostos ao pecado na época de sua maturidade? Em verdade, quem isto fizesse com prazer teria conseguido para si amigos no céu, o que lhe proporcionaria mais lucros, do que ele jamais conseguiria no mundo, onde ele só se preocupa com bem-estar material que poderá legar a seus filhos. Mal sabe ele que está criando pessoas orgulhosas, prepotentes e que lhes está fazendo um mal terrível. Ele dificilmente aceitará Meu chamado suave e terno para a bondade e amor, que lhes proporcionará a Vida Eterna.

10 – Este é Meu conselho. Mas cada um faça de acordo com sua vontade. Em pouco tempo verá os frutos que lhe serão oferecidos no Além, de acordo com suas obras.

11 – Eu, porém, digo a todo rico deste lado: Podes testar aqui o que desejas colher no Além. Vê, se tu deres esmolas, isto não te doerá e tu não te importarás com isto. Se, porém, começarem a te pedir quantias maiores, então começarás a te preocupar e a observar melhor o pedinte e não raramente redarás sobre o pedido. Mas se alguém chegasse a ti e dissesse: Amigo, irmão, tu és rico. Dá-me 1.000 ou 2.000 ou 6.000 em dinheiro, pois é o que eu preciso e para ti está sobrando. Que tipo de resposta receberia este pedinte tão atrevido?

12 – Eu, porém, digo novamente: Com a mesma medida que medes, tu serás medido. Se tu oras atrevidamente: “Venha a nós o vosso reino, e o pão nosso de cada dia dai-nos hoje ...”, Eu te escutarei da mesma maneira que escutaste ao pedinte atrevido que te pediu 1.000 em dinheiro. Eu acho que Meu Reino e Meu Pão valem bem mais que 1.000 em dinheiro.

13 – Enquanto alguém ainda estiver aqui, ele pode se auxiliar com sua fortuna, se ele a utilizar seguindo Minha Vontade. Mas quando estiver no outro lado, de nada lhe servirá, mesmo que doem milhões em seu nome. Pois cada pessoa será julgada pelas suas obras e não pelas obras dos outros.

14 – Eu, porém, não preciso de vossos donativos, mas vós sim os precisais. Assim sendo, doai enquanto puderdes, pois após a cova não haverá mais altares de sacrifícios.

15 – Os pobres são os altares de sacrifício. Pois bem, ofertai grandes sacrifícios a estes altares, especialmente com o fogo de vosso amor. Só assim juntareis tesouros no céu.

16 – Não pergunteis mais: Como poderemos ajudar ao falecido? Pois a este ninguém mais poderá ajudar, a não ser Eu, quando sua hora chegar. E não vos atrevais a Me implorar por piedade pelo mesmo, como se vós fosseis mais caridosos do que Eu.

17 – Cada um limpe a sua porta e veja o caibro que está em seu olho, e assim não precisará implorar por ajuda no futuro, junto às pessoas do mundo, mas sim encontrará montanhas de ajuda junto a Mim, por toda a eternidade. Amém.

Assim fala o Eternamente Verdadeiro. Amém. Amém.


Minha morada no teu coração

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de abril de 1844

1 – Escreve, pois eu sei o que tu tens. Ouve-me com bastante atenção, tu, a quem Eu tanto amo, Meu amigo e Meu irmão. Eu conheço teu coração. Ele está enfeitado como uma noiva e tão arrumado como o quarto nupcial. E é este o motivo que tanto Me agrada falar contigo neste teu coração tão cheio de ordem.

2 – Eu adoraria tomar morada definitivamente neste teu coração, como uma vez fiz em Jerusalém, mas tu manténs a porta que Me leva a este recinto por Mim tão desejado quase que totalmente fechada. Eu não consigo entrar no mesmo, Eu e minha jumenta. Mas o que é que há para que a porta para teu coração seja tão estreita? Vê, o que causa isto são os argumentos de tua alma, os que compõem teu raciocínio; este é tão fatigante e ativo, que retira do coração muito do fogo vital e o usa na mente para assuntos insignificantes. Como consequência, teu coração sofre de míngua e é apertado na parte externa, pois fica com muito pouco fogo da vida (ardor da vida / avidez de viver / vontade de viver).

3 – O mais íntimo de teu coração está na mais bonita ordem, pois lá habita o teu espírito. Mas as partes mais externas são continuamente estreitadas pelo gasto desordenado de teu fogo vital. O coração não consegue produzir o suficiente de energia vital do espírito que teu raciocínio - muitas vezes ativo demais, exigente demais - demanda para suas atividades mundanas. Tua mente se torna fraca em todas as suas partes, e tu logo sentes a falta desta energia em dupla partida. Em primeiro lugar, como se houvesse uma nebulosidade na mente ou nos sentidos da alma. Em segundo, com temores vazios no teu coração, os que têm origem na falta da energia vital. Isto faz com que as partes externas do coração se apertem e assim causem uma pressão sobre as câmeras internas do coração e sobre os vasos externos, mesmo os do coração material, que começam a ser cada vez mais repuxados, de onde se origina a tua doença física.

4 – Como é a partir do coração que todos os nervos recebem os seus alimentos, naturalmente eles enfraquecem, se ficam com fome pela escassez da energia vital. E os tremores dos mesmos não são nada mais do que uma mensagem que enviam ao coração: “Nós, cordões e alavancas da vida orgânica, estamos com fome e com sede. Coração, tu, que foste sempre uma cozinha tão gentil da vida, dá-nos de comer e beber, e de vez em quando permite que usufruamos ar fresco e fortificante. Não nos deixes fenecer sob a poeira que tão intensamente é fornecida pela tua mente material”.

5 – Eu te advirto: Presta atenção às palavras dos nervos e logo estarás curado. E ainda mais Eu te digo e pergunto: Por que te preocupas e te inquietas tanto e tão inutilmente?

6 – Não estive Eu sempre ao teu lado, e tudo sempre se resolveu de forma tão satisfatória? E tudo o que Eu já te disse, às vezes pelo Meu escrevente ou então por influências em tua mente, não sempre aconteceu tudo na maior pontualidade?

7 – No entanto tu te preocupas sempre de novo, como se o sucesso de teus trabalhos no mundo dependesse só de tua habilidade. Por que isto? Sabes bem que sem Mim ninguém consegue nada. Porque te preocupas tanto desnecessariamente, se Eu sempre Me preocupo contigo e sempre estou atuando por ti?

8 – Eu te aviso: Sê mais leviano com todas as tuas atividades mundanas (não as consideres tão importantes assim) e mais ativo na confiança em Mim. E Eu abençoarei todas as tuas atividades, e elas se tornarão cada vez melhores, melhores do que se tu as tivesses realizado sozinho. Pelo menos por catorze dias te desliga de todas as tuas atividades e negócios e não te preocupes com nada. Coloca, cheio de confiança, todas as tuas preocupações em Meus Ombros, e tudo estará na mais perfeita ordem.

9 – Vive com bastante conforto. Come, sem preocupação, alimentos bons por Mim abençoados e utiliza pela manhã e à noite a cura evangélica.

10 – Toma vinho tinto misturado com azeite de oliva puro e esfrega isto em teu peito, teus membros, tuas costas e tua nuca. De noite esfrega também na cabeça, especialmente nas têmporas, cheio de fé e confiança em Mim, e tu logo estarás bem, como sempre estarás na Minha confiança e em Meu Nome.

11 – Isto te diz teu Pai Jesus pela Boca de Seu servo. Amém.

Comentário: Estes conselhos foram tão bons, que no 91.º aniversário do irmão a quem foram dados o Pai lhe perguntou se queria partir ou preferia ficar mais um pouco. Ele ficou mais um pouco, mas logo o amor o fez desejar ir para casa, no verão de 1890.


Festividades mundanas

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de abril de 1844

1 – Podes anotar algumas coisas sobre certa festividade que Eu desejo comentar, a qual Eu também observei; pois o que mundo faz no brilho é para Mim a mais profunda e escura noite. E Eu não quero nem gosto de ver o que então acontece. No Além já Me será explicado e apresentado tudo o que aconteceu no mundo.

2 – Por isto Eu só vou dar uma mínima atenção ao quadro que viste e ouviste durante esta festa, pois foi só isto que Eu vi e ouvi; nada mais.

3 – Tu viste uma procissão com mais brilho do que Salomão vestido em sua roupa mais pomposa. Mas alguma vez ouviste falar de uma procissão semelhante que Eu, o Senhor do Céu e da Terra, organizei? A não ser uma vez na jumentinha em Jerusalém, e depois no caminho até o Gólgota, de que procissão participei?

4 – Tu viste a brilhante coroa tripartite dos bispos que faiscava no ouro. Achas que a coroa de espinhos também brilhava com tanto fulgor, quando ornamentava Minha Cabeça no caminho ao Gólgota?

5 – Tu também viste o “cajado” com cujo valor poderiam ser alimentados mais de cem pobres por vários anos? E as pedras preciosas que ornamentavam os cajados? Eu tenho que Me bastar com uma taquara e desde que nasci jamais possuí uma pedra sequer, mesmo bem ordinariazinha, que Eu pudesse colocar sob Minha Cabeça.

6 – Poderia Eu te perguntar agora, como o fiz aos discípulos e judeus em relação a João Batista: “O que fostes ver quando lá fostes?”. Acho que a resposta se dá por si mesma.

7 – Mas não está escrito nas escrituras “Tudo aquilo que para o mundo é grande e maravilhoso para Deus é um horror”. O que tu achas sobre esta frase com respeito à festa que assististe? Ela era grande e brilhante para o mundo? Ou ela era igual àquela festinha ínfima que Nicodemus Me ofereceu à noite, por temor aos judeus e templários?

8 – Também nas escrituras sagradas se fala e elogia a “porta estreita”. Achaste que a porta pela qual passou a procissão (um verdadeiro arco de triunfo) era como uma porta estreita? Eu pelo menos a achei bem ampla.

9 – Quando Pedro, na Minha última procissão triunfal, cortou com a espada a orelha do servo Malchus, Eu lhe disse: “Pedro, guarda tua espada, pois aquele que atuar com a espada, morrerá pela mesma”. Como te agradaram os guardas esplendidamente armados que acompanhavam tua procissão? Aquilo não era uma atuação com muitas espadas?

10 – No arco do triunfo havia um quadro da Santa Ceia, mas ele foi assim colocado para que não fosse visto pela procissão. Não estou Eu nesta mesma situação em relação a esta festividade? Não pareço nada mais do que uma figura.

11 – Sim, Eu te digo, Eu ainda sou muito menos. O quadro ainda tem um valor artístico. Eu, porém, não tenho nenhum valor, a não ser quando Meu Nome serve para angariar ouro e prata.

12 – Eu ainda poderia te dizer algumas coisas, mas estou por demais zangado. Por isto não vou dizer mais para nada, pois este é um escândalo grande demais para os Meus Olhos.

13 – Em verdade, de hoje em diante vou começar a esclarecer esta seita e todos os que estão com ela, grandes ou pequenos, jovens ou velhos. Cuidado todos os amantes e concubinas dos servidores de Baal, pois Eu começo a usar Minha espada neles!

14 – Em verdade aqueles que hoje se alegram com a visita dos servidores de Baal, estes em pouco tempo estarão cheios de medo e luto, pois não querem Me reconhecer e procuram a salvação junto aos servos de ídolos. Amém.


O Cristo do passado, do presente e do futuro

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de abril de 1844

1 – Escreve o que tu tens. Felicitar como fazem os homens, não é de meu feitio, mas sim ensinar, educar, orientar e dirigir o andarilho para aqueles caminhos que o levarão para Meu Reino - este é o Meu feitio. E é neste espírito que direi algumas palavras para teu amigo.

2 – Ouve bem o que Eu te darei pelo Meu Servo. Eu posso afirmar com certeza que é necessário para ti e para tua casa.

3 – Tu tens uma fé bastante forte e segura, mas teu amor no coração ainda está bem longe de ser tão seguro como tua fé; isto porque tu ainda amarras teu amor por Mim a uma personalidade visível e procuras Me ver e Me perceber em alguns lugares. E só após Me teres percebido ou até visto, é que teu coração arderá nas mais lindas chamas do Amor.

4 – Vê, é o que também acontece com tua família. Todos amam o Cristo que andou na Terra a ensinar, ou Aquele que virá novamente para julgar o mundo – pois o Cristo passado e o futuro são o que vós amais.

5 – Mais isto está errado. Pois neste caso Eu não posso Me aproximar de vós no presente como vosso amoroso Pai. Sou só o do passado ou do futuro e não posso vos fortificar, pois vós Me honrais somente em recordações, mas não Me amais vivo em vossos corações.

6 – Mas todas as lembranças às vezes se apoderam de assuntos com muito ardor e outras vezes os abandonam completamente, então é assim vosso comportamento Comigo. Se estiverdes a ler o evangelho que vos dei, ou se também lerdes qualquer outro assunto a Mim relacionado, então Me amais loucamente; mas isto não é amor, e sim uma excitação temporária de vossa capacidade de lembrar. Tão logo vos afasteis e olhardes alguma outra coisa, aí vossos abrigos de lembranças se fecham em vossa mente, e Eu estou fora, como se jamais tivesse estado lá dentro.

7 – Vós então podereis fazer visitas, relacionar-vos com o mundo, alegrar-vos com assuntos mundanos, conversar sobre assuntos corriqueiros a materiais, cobrir vosso corpo com adornos. E se um amigo ou amiga vos visita, aí tereis mais felicidade, do que jamais tiveste na fugaz lembrança de Mim.

8 – Pois o Cristo do passado e do futuro não vos impede em nenhuma destas atividades, pois Ele mora em vossas lembranças, mas não em vossos corações. Eu, porém, vos digo a todos. O Cristo do passado e o do futuro pouco vos será útil, se não observardes e amardes o Cristo atual e vivo em vossos corações.

9 – No momento em que Eu retirar Meu Servo, pelo qual vos tenho dado mensagens de fé, amor e esperança por aproximadamente quatro anos, logo logo Eu começarei a ser colocado só em vossas lembranças, e em pouco tempo a chama de amor em vossos corações só iluminará vossos corações por instantes.

10 – Agora vós vos alegrais toda vez que recebeis algo de Mim. Mas vossa alegria não é permanente, pois ela se molda ao ritmo de vossas lembranças. E vós logo vos alegrareis muito mais sobre um divertimento mundano, do que quando estais Comigo. Fazeis planos sobre o que fareis, sem jamais vos lembrar que nada podereis fazer sem Minha presença e anuência. Nem deveis tentar.

11 – E se Eu não permitir que façais algo, então ficareis tristes e direis: “Mas será que não podemos ter nenhuma alegria?”

12 – Eu, porém, vos digo: Sim podeis ter alegria, e esta alegria jamais deverá ser de vós tomada; mas Eu, vosso Pai Celestial, devo ser sempre vossa maior alegria.

13 – Perguntai a vós mesmos: O que vos oferece vossa alegria autoengendrada (feita por vós mesmos)? Quanto tempo esta alegria dura? Quantas horas vós desperdiçastes com tolices mundanas, conversas inúteis e risos... E logo estais novamente no lugar de sempre. E só graças a Minha enorme Paciência, deveis agradecer que, após estas horas de diversão mundana, não tenhas retrocedido para mais perto da morte.

14 – Nesta situação podeis entender que de um avanço em Minha direção não se pode nem falar, e Eu permaneço sempre em vós como o Cristo do passado ou do futuro.

15 – Eu te digo isto hoje, para que tua casa no futuro comece a vir a Mim, muito mais próximo do que até agora.

16 – Tu conheces os caminhos que levam a Mim. Se desejares fazer do Cristo do passado e do futuro um Cristo atual, vivo, presente, então deves trilhar estes caminhos seriamente, bem como tua casa. Só assim Me trarás de tua memória para dentro de teu coração e então sentirás aquela alegria que nenhum mundo ou nenhuma eternidade poderá tomar de ti nem por um ínfimo instante.

17 – Esta alegria, porém, não possuirás antes de repetires como Paulo: “Agora não vivo eu, mas sim Cristo vive em mim”.

18 – Vê, todo mundo é meu Inimigo; como pode alguém afirmar que Me ama, se oferece sua mão para saudar ao mundo?

19 – Observa bem este Meu ensinamento e conselho, só assim logo alcançarás aquela alegria que ninguém poderá te tomar. Isto seja o que Eu te desejo e Minhas felicitações neste dia. Minha Bênção, Amor e Misericórdia estejam contigo eternamente. Amém.


Paixão mundana desagradável

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de maio de 1844

1 – Porque sempre exiges coisas de Mim? Ora pois, espera até que Eu as dê espontaneamente a ti. Tu não queres saber melhor que Eu quando posso e devo dar algo para alguém em seu proveito, não é?

2 – Hoje já fizeste algo que Me agradou, e por isto Eu te daria um presente, se estivesse no tempo que fosse de Meu agrado. Mas o “tempo” em que tu desejas algo não é de Meu agrado. Esta é a razão por que Eu não te dou nada. Pois Minha Compaixão e as felicitações e conversas mundanas não cabem no mesmo prato.

3 – Dize a tua “cliente” que, para conseguir a Minha boa vontade, não basta ler ou ouvir alguma palavra sobre Mim, mas sim se deve viver a mesma em seu coração.

4 – Mas isto não acontece a quem os prazeres mundanos alegram e preenchem seu coração com prazer.

5 – Basta! Eu não digo mais nada. Quem honrar esta pequena mensagem, merece muito mais. Isto fala o Senhor. Amém.


Religião e revelação

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de maio de 1844

1 – Escreve, pois um “critério” correto sobre religião e revelação.

2 – Religião é uma “re-ligação” entre Deus e os homens, os quais ele criou livres e à sua imagem e que foram colocados no mundo material por Deus, para provar, fortificar e evoluir esta liberdade, a qual é a única condicionadora da vida do espírito, pois ela é o Amor, que é a razão original de toda a existência.

3 – É dito que Deus, em todo seu poder, poderia manter o homem e fazê-lo obedecer e seguir todos os desejos e ordens divinos. Para que, então, uma religião revelada? Por que permitir que a criatura se movimente livremente entre criaturas e seres que não a reconhecem e nem se reconhecem a si mesmos?

4 – Deus poderia muito bem, em seu poder infinito, dirigir e formar o homem, mas aí o homem não seria um ser humano, mas sim um animal. Ele seria julgado, igual aos animais, e deveria se mover entre as barreiras do eterno “dever”. Então por acaso teria o ser humano uma vida independente, como é a intenção do Criador?

5 – Não, isto ele não teria eternamente, pois toda a vida independente deve ser testada na sua liberdade, já que cada coação destrói a liberdade e assim julga e até mata a verdadeira vida.

6 – Mesmo o Amor é morto sem liberdade. Esta é a razão pela qual com o homem não se pode usar o poder divino, mas sim a religião revelada.

7 – Para se provar que a revelação que é passada é verdadeira, esta necessita se originar e se sustentar nesta independência. Pois cada criatura julgada já chega ao mundo com a perfeição a ela dedicada e não precisa de nenhuma revelação para evoluir. Mas bem diferente acontece com o homem! Este chega ao mundo totalmente nu e necessita de uma iniciação pela revelação, para começar seu caminho. Com a revelação ele iniciará a evolução de sua força vital de uma forma totalmente livre, a nada amarrada. Só assim se tornará um ser vivo totalmente independente e livre.

8 – Em que está o “critério” da veracidade de uma revelação divina realmente necessária? O critério não consta nada mais do que atuar de acordo com a revelação conhecida, e este se torna livre em espírito, mesmo que seja judeu, turco, um seguidor de Brahma ou cristão. Da mesma maneira acontece com alguém que aprende uma profissão numa escola; certamente se tornará um mestre, se estudar com vontade e prosseguir segundo os princípios da escola.

9 – Consta escrito o seguinte: “Quem atuar de acordo com Minhas Palavras, este reconhecerá logo se elas são de Deus ou se são de homens”.

10 – Nisto consta o critério principal para a veracidade de uma revelação divina, pois cada homem deve ser educado por Deus. Quem não receber de Deus, nada tem e nada sabe.

11 – Lede a Primeira Espínola de Paulo aos Corintos, o 2º Capítulo. Lá encontrareis um critério importantíssimo. Amém. Que assim seja.


Jesuítas, Óperas e Culto a Hóstia

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de junho de 1844

- Ó Senhor, permita que eu, pobre pecador, te pergunte algo e assim com tua resposta, ó Santo Pai, meu coração fique mais leve e claro.

1 – Bem faze tuas perguntas, que não são muito importantes.

- Senhor, que devo pensar do grande número de jesuítas e também das outras ordens religiosas?

2 – Eles têm tanta importância como a neve no começo da primavera. Hoje ela cai e amanhã vai derretida pelos raios do sol. Quando a neve cobre a região, parece bem triste e dá para achar que o inverno voltou com toda força. Mas só um pouquinho de Sol, e o inverno ameaçador já não existe.

3 – Vê, isto é o que devemos pensar sobre o estado da atual congregação. Não observaste como uma planta parasita se prende a uma árvore? Parece que ela deseja dar uma nova vida à árvore cansada de viver. Mas justo ela significa a morte definitiva à árvore. Entendes o exemplo?

- Que devo achar da ópera ontem apresentada, que não foi nada construtiva? Como devo vê-la sem ofender Teu ponto de vista?

4 – Este é um assunto puramente material, com o qual nada tenho a ver. Mas presta atenção. Esta ópera, ou melhor dito, comédia musical, é um produto humano que se compõe de lixo e ouro. O “lixo” é o aspecto material e nesta comédia é o comportamento escandaloso. O “ouro” é o preparo espiritual que acontece antes de cada atividade material e é esta atividade escandalosa que transforma o ouro em lixo.

5 – O mesmo acontece como a música desta comédia. Ela é um ouro, com o qual um monte de lixo é dourado, mas que, apesar do ouro bonito, fede, especialmente para os jovens cujas narinas sensuais são muito sensíveis.

6 – O teor da ópera é de fato diabólico. Pois assim atuam (como em qualquer comédia) verdadeiros espíritos infernais. O tal chamado “Dom Juan” pertence ao terceiro inferno, seu amigo ao segundo e a maioria do resto do pessoal ao primeiro. Pergunta-te a ti mesmo se uma coisa tão infernal vale a pena ser revestida por coisas celestiais?

7 – Para o mundo da prosa parece que aqui há uma harmonia entre a música e a ação. Mas para Mim aqui está a maior desarmonia entre a ação e a música. Pois quanto mais consumista é a ação, tão menos ela serve para a música nobre.

8 – Tu agora pensas contigo mesmo: “Com uma ação tão escandalosa, que consegue sua meta infernal, as pessoas só podem se afastar e não usar esta ação como exemplo”.

9 – Eu, porém, digo: Exemplo é qual remédio errado que retira os sucos bons do corpo e gruda os ruins na pele. Às vezes com este remédio a dor passa, mas não pelo bom atuar da dor. Aquela região que ainda reagia com a dor agora está totalmente morta, por seus bons fluídos terem sido sugados.

10 – É assim que acontece com as chamadas melhoras da moral motivadas por este livreto. Elas sugam os melhores fluídos, os sentimentos nobres de uma alma um pouco melhor, e então matam meia alma com os fluídos infernais que nela deixaram. E é um longo trabalho curar a ferida e reviver esta pobre alma semimorta.

11 – Vê, esta é uma clara explicação sobre tua aventura musical de ontem. O mundo não a aprovaria, e no Céu é um horror.

12 – Quando alguém coloca palavras na música, ele deve colocar somente palavras celestiais e jamais palavras mundanas. Pois os tons são puramente celestiais.

13 – O melhor é deixar os tons sem letra e ouvir a música em sua melodia e harmonia. Pois então são como conversa dos céus, que de fato são a mais pura música.

14 – Entende e observa bem isto.

- Senhor, o que é a “festa do corpo de Deus”? Devemos festejá-la como a igreja católica?

15 – Falar sobre isto não Me agrada. Nesta festa celebra-se a descoberta e a implantação do uso da hóstia e com isto também a “custódia” (adorno no qual se coloca a hóstia para adoração). Mas o que é a hóstia e o que é custódia? E o que é esta festa? Eu e a hóstia somos unos? E é a custódia igual ao céu, pois é Meu eterno trono?

16 – Mas se um imperador desse aos seus súditos uma celebração comemorativa como Eu fiz com o pão e o vinho, e se com o passar do tempo estes súditos não gostassem mais desta comemoração e inventassem uma outra coisa comemorativa bem diferente da dada pelo Imperador, e a adorassem mais do que ao imperador em pessoa, e no fim a preferissem ao mesmo e a considerassem como o próprio imperador vivo?

17 – E se o imperador chegasse e lhes perguntasse: “ Que fazeis!” É este meu selo comemorativo? “ E os súditos começassem magoar o imperador e lhe dissessem: “Este selo foi nos dado assim pelo imperador. É o imperador vivo, e não existe outro! Se não reconheces este selo como verdadeiro, puro e vivo; então tu não és o imperador, mas sim o mais terrível anti-imperador, um rei do inferno e apto para a morte no fogo pela eternidade”.

18 – Dize, como achas que esta resposta acintosa cai ao imperador! Vê, assim Eu me sinto com respeito a esta festa.

19 – O que diria um imperador ao seu súdito, se este lhe dissesse: “ Teu reino eu enxoto e a ti eu tenho sob meu poder”. Por mais festas que o súdito ofertasse ao imperador, será que o mesmo assistiria estas festas e se alegraria com as mesmas?

20 – Tenho certeza que o imperador ficará bem longe destas festas, e esta também é Minha atividade nesta festa tão similar à do súdito falso.

21 – Acho também que o que disse te bastará. Oculta, porém, estas linhas bem, pois elas desagradariam demais a todos aqueles que criaram e que adoram o selo comemorativo, tão diferente do original.

22 – Isto Eu te digo, só a ti, na mais secreta confiança. Por isto não o compartilho com muitos. Esta é Minha Santa Vontade. Só teus amigos podem saber disto. Amém.

Impressão de nova revelação

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de junho de 1844

Senhor, já recebemos tantas bênçãos com Tuas Palavras... É uma graça sem igual conhecermos a Tua Nova Revelação. Pergunto se ela deve ficar só entre nós, ou se devemos imprimi-la, para que todos possam usufruir desta graça? Se assim for pergunto: Onde, quando e como? Senhor Pai, dizei-me que devemos fazer?

1 – Que o que Eu vos dou é muito importante, isto Eu sei de sobejo, mas o “onde, quando e como” para o mundo é uma pergunta cuja resposta efetiva ainda não está madura, como ainda não está o mundo. Porém Eu te digo:

2 – O mundo agora está qual um homem que se intoxicou devido a um alimento estragado, e assim o melhor petisco do mundo lhe causa náuseas. Se tu lhe apresentares este pão ele vomitará, e sairá correndo para se afastar do mesmo.

3 – Vê, assim reagirá o mundo às Minhas Palavras. O mundo fugiria, se desgastaria com as mesmas, as amaldiçoaria e desprezaria, pois elas não se ajustam aos seus interesses, mas sim são somente para o interesse do espírito, o qual o mundo há muito não mais possui.

4 – Mas esta Minha Dádiva Abençoada certamente terá sua meta de alcançar a todos no mundo, mas só quando o mundo estragado tiver novamente fome pela Minha Refeição.

5 – Esta fome está sendo preparada pela igreja romana. Mas como? Pela sua refeição estragada e pela indisposição do estômago espiritual causada por esta refeição estragada. O homem certamente fugirá horrorizado de qualquer alimento e assim em pouco estará cheio de fome. Então avidamente tomará estas Minhas Dádivas do céu, que para ele será o pão da vida, e se satisfará para a vida eterna.

6 – Vê, é assim que Eu o desejo. Pois este mundo tolo e cruel ainda não foi bastante atormentado pelos incríveis tormentos que a prostituta de Babel lhe pôs e ainda a corteja de todas as formas, por pura consideração ou por interesses materiais. Eu agora colocarei este mundo em três tipos de cegueira, para que ele se envolva nos velhos enganos, agora com novos enfeites que a prostitua de Babel lhe está apresentando. Ao ficar totalmente indefeso, ela o tratará de tal forma, que jamais houve outra mais cruel.

7 – Mas Eu vos prometo que esta crueldade será de pouca duração, e em pouco tempo será público e notório o que ela tinha em mente. Mas então ai da prostituta! Mesmo os cachorros acorrentados terão vida melhor que a prostituta, quando lhe for tirada a velha mas bem assentada máscara! Uma vergonha tal ninguém na Terra jamais passou, e jamais alguém recebeu um castigo mais duro.

8 – Desta vez a Babel crescerá rapidamente, pois ela possui um solo bem adubado pelos governantes do mundo. Se a primeira vez foi difícil, pois a Babel precisou pesquisar o estado do solo em que pisava, agora, que já o conhece, crescerá com muita rapidez, pois de experiências anteriores já sabe o que fazer para chegar à meta de mandatária absoluta dos povos. Mas esta rápida ascensão também significa sua rápida e total destruição.

(ÉPOCA ATUAL)

9 – Vê, justo nestes preliminares se encontram os preparativos para a publicação de Minha Palavra. Se não fosse assim, Minha Palavra, tal qual tudo que vem de Mim, deveria aguentar o julgamento da Prostituta e seu séquito, o que desta vez e no futuro não se molda à Minha Ordem.

10 – Achas por acaso que os luteranos e outros evangélicos aceitariam avidamente esta Minha Palavra? Eu sei melhor quantos existem sedentos por Meu Ensinamento verdadeiro. Mas Eu sei também que entre muitos milhões, mil fariam diferença alguma.

11 – Bem, os melhores já estão providos. Por isto Meus escolhidos precisam destas palavras bem menos que aquele asno mundano tolo e grande. Na hora certa todos perceberão Minha Palavra, todos os que a pedirem de coração.

12 – Mas não está escrito: “Muitos serão chamados e poucos escolhidos” ? Vede, assim é aqui também. Vós sois os poucos escolhidos e vos alegrais muito com o que recebestes. Não vos preocupeis com o mundo, de como, onde e quando receberá a Palavra. Pois ele de fato ainda não está pronto para esta Minha Graça.

13 – Eu te digo: Quem for digno será redimido como Lot em Sodoma e Noé a seu tempo. Para os indignos Eu só tenho as dádivas que um dia terreno pode lhes oferecer. Na época de Abraão Eu só dei a boa nova para ele, mesmo que a Terra já possuísse mais de cem mil habitantes. Se naquela época estava certo, por que hoje não deveria ser assim? Eu ainda continuo exatamente o mesmo como na época de Abraão e faço as mesmas coisas agora, como fiz naquela época.

14 – Eu sempre Me revelo somente a poucos, aos que estão maduros e para quem Minha Palavra não trará julgamento. Mas se muitos se tornarem maduros devido aos Meus cuidados, então eles também, como foi com os filhos de Abraão...; Eu os libertarei da escravidão.

15 – Não perguntes, pois, “como, quando e onde”, mas faz o que deves fazer; para todo o resto Eu Me encarregarei. Sem que o merecesses e sem teres de te preocupar Eu te dei esta graça, pois até agora nunca estiveste sem pecado em Minha presença! Teus irmãos também.

16 – Assim também deve ser quanto à publicação desta obra. Mas antes disto grandes dores se abaterão sobre algumas partes da Terra, causadas pela Prostituta. Ai daqueles estados que ajudam a prostituta a subir ao trono, para que ela lhes assegure seus tronos. Estes cairão de seus tronos e sua queda será maior que a distância entre os dois polos. Mas nada temas, pois Eu protegerei os Meus sempre, e não será permitido que lhes toquem um cabelo na cabeça.

17 – Eu acho que Minha resposta já foi bastante ampla. Fica satisfeito, pois não acho necessário dizer mais. Só gostaria de avisar a teus amigos que façam cópia do que foi dito e que também deixem as preocupações comigo. Devem seguir Meu Conselho, e assim tudo se encaminhará da melhor maneira, em Meu Nome. Amém.


A prática faz o mestre

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de junho de 1844

1 – Vamos dar aos irmãos sedentos este copo de água. Eu o dou com muita alegria a todas as pessoas que se alegram com Minha Dádiva. Mas para aqueles que tenham Minha Graça, a estes Eu não gosto de dar, pois Eu, devido à pressão secreta da consciência, não gosto de influenciar a liberdade de ninguém.

2 – Eu sei que aqui alguns Me temem um pouquinho, mas mesmo assim estou contente em dar-vos alguma coisa de boa, pois sei que lá no fundo do coração todos Me amam.

3 – Se para uma pessoa adoentada e com fome dermos o medicamento certo e lhe apresentamos uma mesa rica em alimentos deliciosos, mas em vez de tomar o remédio e comer a comida, esta pessoa cheirar o remédio, olhar e admirar a comida, achando que com isto será curada e alimentada, achais vós, Meus filhinhos, que isto acontecerá? Será que esta pessoa estará curada e alimentada com somente o cheirar do remédio e o admirar dos alimentos?

4 – De maneira alguma. Ela ficará cada vez mais fraca e no fim morrerá de fome, como alguém que não tem nada para comer. O aroma fortifica e dá prazer, sim, mas na pessoa sadia e bem alimentada. Mas lá onde o estômago ainda estiver vazio, o aroma só, claro que é de nenhum valor.

5 – Vede, Meus queridos filhos. Doentes e famintos assim existem em grande quantidade no mundo. Estas pessoas são calmas e têm um comportamento honrado, mas eles criam leis tolas para si mesmas, nas quais elas encontram um grande prazer (de coração puro e em verdade); mas não querem comer este delicioso alimento verdadeiro.

6 – Eles se assemelham àqueles que sempre admiram e amam os artistas. Mas tornar-se artistas, eles mesmos, eles não querem, pois não têm a coragem suficiente para enfrentar todas as vicissitudes que isto exige. Quando escutam os outros artistas e admiram suas obras, eles adorariam ser um deles, caso o “ser artista” não exigisse tantos sacrifícios e esforços.

7 – Isto acontece com tudo que se refere ao espiritual. Eu te digo: Ver e ouvir é pouco demais! Ao artista isto pode bastar para seu engrandecimento, mas para um leigo (devido a seu conhecimento) pouco colherá de um concerto.

8 – Assim também acontece com Minha Dádiva! Elas não devem ser somente lidas, elas devem ser praticadas com obras e ações! Só assim elas trarão proveito ao leitor e ouvinte.

9 – Pratica, pois, com afinco no vivo Amor por Mim, e transforma-te num virtuoso nesta prática. Só assim reconhecerás vivamente em ti, como são grandes cada uma de Minhas Dádivas, por toda a eternidade.

10 – Este é Meu desejo para vós, Meus Filhos. Segui este conselho com toda vossa vivacidade e assim vivereis por toda a eternidade. Amém.

O sexto anjo

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de julho de 1844

Há poucos dias um dos irmãos ouviu em sonho o seguinte: “Agora o sexto anjo está aqui.” Ele em seguida acordou de imediato e pensou nos sete anjos da revelação de João, os que despejam os sete vasos da ira divina.

Jacob Lorber, ao qual foram contados o sonho e os pensamentos, recebeu as explicações a seguir, baseadas no capítulo 16 – versículos 12 - 16 na Revelação de João.

1 – Isto é uma questão boa, sobre a qual gosto de dar explicações.

2 – A voz que foi ouvida no sonho estava correta e era verdadeira, pois era a voz de Minha Boca. Pois então o sexto anjo está aqui, para despejar o seu vaso.

3 – Tu, porém, ainda não entendes o sexto anjo, como também não entendes os outros. Por isto vou aclarar um pouco este sexto anjo, para que reconheças o que a obra dele anuncia. Ouve, pois:

4 – Este anjo que ... “esvaziou totalmente seu vaso sobre o Eufrates. E a água do mesmo secou, para que ali fosse preparado o caminho para o rei do sol nascente”.

5 – O “anjo” é Minha Vontade. E o “vaso” é Minha Misericórdia. E o que é esvaziado (o conteúdo do vaso) é Minha Bênção.

6 – O grande “leito do Eufrates” é o lado falso e ruim do mundo, o que foi apontado pela Prostituta de Baal, ou pelo Anticristo. Há entre todos os povos da Terra o que se assemelha a este rio de montanha asiática, que muitas vezes incha, ultrapassa suas margens, causa grande destruição e depois transforma a terra em lugares inférteis e desérticos.

7 – Da mesma maneira que este rio no mundo natural atua para o mal, o mesmo acontece com o rio espiritual, que flui da boca da Grande Prostituta maldades e falsidades no país do espírito.

8 – Sobre esta torrente espiritual má despeja então o sexto amigo seu vaso, para que o rio seque e assim os verdadeiros reis do sol nascente possam retornar para junto dos povos da Terra, o que tanto desejam e o que conseguirão realizar. Estes “reis”, porém, significam o conhecimento verdadeiro e certo dos ensinamentos vivos da Palavra.

9 – Será que o “Dragão” (ou a “Prostituta”) se satisfará em ver que sua torrente principal secou, quando seu tribunal e sua influência sobre os grandes do mundo ficar cada vez menor e no fim desaparecer totalmente, quando o som de suas ameaças não parecer, para povos esclarecidos, nada mais que um zunir de um mosquitinho?

10 – Tenho certeza que o “Dragão” não ficará satisfeito! Ele se tornará muito zangado e enviará seus falsos profetas a todos os cantos do mundo; eles, tão falsos como seu líder mesmo é. E estes profetas serão como sapos que coaxam nos banhados durante a noite...

11 – Quem de fato serão estes “sapos”, estes “espíritos impuros”, estes verdadeiros “diabos”? Não é preciso que Eu os apresente pelo nome, mas vou dar-te informações claras, para que facilmente possas identificá-los.

12 – Vê, os “sapos” são as três sociedades principais que se encontram debaixo do cetro da Prostituta, estas que estão em todos os lugares a predicar por arrependimento e que chamam os reis e os grandes poderosos, para obterem aceitação e proteção. Isto para que, desta maneira, consigam mandar com mais facilidade sobre todas as criaturas da Terra. Pois povos humildes que de tudo abdicam e que são penitentes são bem mais fáceis de se governar e dão a estes ditadores grandes privilégios.

13 – Porém juntas estas três sociedades são as mais ávidas de poder e são, em verdade, “o grande rio Eufrates”, sobre o qual foi esvaziado o vaso.

14 – Eles se amarram para a “luta do dia de Deus”. Eu, porém, os ajudarei, a todos, no lugar da noite eterna, ou “Armagedom”. E Meu dia engolirá os renitentes para todo o sempre, tal qual engoliu aos servidores de Zeus.

15 – Este dia (grande e importante) já se encontra aqui. Ele se prepara escondido e vem secretamente, como um ladrão.

16 – Abençoados vós que O reconhecestes e há muito vos tornaram vivos raios de Seu Sol.

17 – Cuidado aqueles a quem este dia encontrar despreparados. Em verdade, mergulhar às profundezas do mar com uma pedra no pescoço vos será melhor, do que este dia que já vos ilumina para a Vida Eterna com toda sua luz.

18 – Este é o significado do sexto anjo! Entendei bem. Amém.


Dar é melhor que receber (Uma palavra chave do Senhor)

Recebido por Jacob Lorber, em 06 de julho de 1844

Senhor, quando Paulo disse seu discurso de despedida em Mileto, ele disse aos idosos que sempre devemos ter em mente as palavras de Jesus: “Dar é muito mais prazeroso e bem aventurado do que receber”.

Já que estas palavras tão maravilhosas não acontecem em nenhum dos quatro evangelhos, nós Te pedimos, bondoso Pai, que nos digas em que oportunidade falaste estas maravilhosas palavras.

1 – Meus queridos Filhos, como podeis perguntar isso? Deve vos ser bem claro que Eu, no decorrer dos 33 anos, falei mais do que aquilo que consta nos evangelhos. Assim, Paulo pode ter apanhado qualquer palavrinha que Eu disse, ainda que não se encontre no evangelho, mas sim em ações ou parábolas.

2 – Mas para que satisfaçais vossa curiosidade, sabei que esta frase foi, é e será sempre Minha palavra-chave que sempre acompanhou todas as Minhas falas. Esta é a razão por que não posso vos exemplificar uma ocasião especial onde estas palavras foram ditas, pois tudo o que Eu dei ou falei para os homens, do Meu coração, foram sempre dádivas muito importantes. É para isto que esta prosinha sempre precedia a tudo, e os evangelistas não a colocaram em suas narrativas, pois eles a ouviam diariamente de Minha Boca.

3 – Mas Paulo certamente sabia deste hábito de seu Senhor e resolveu usar esta frase na sua fala de despedida aos Miletanos, que eram de coração bastante duro, e serve isto a todos vós como um severo chamado de atenção.

4 – Seria tão bom que vós adotásseis aquela frase vivamente em vossos corações e de fato sentísseis que dar é bem mais, bem mais aventuroso do que receber. Tenho certeza que todos vós usareis esta frase como vosso estandarte.

5 – Mas como vós de longe ainda sois mais para receber do que para dar, não conseguis ainda sentir a grande felicidade que é o dar. Mas isto não deve acontecer entre aqueles que eu convoquei e escolhi.

6 – Eu vos digo: Escolhi para vós também esta frase como vosso lema, e vós sereis Meus filhos e discípulos por toda a eternidade. Amém.


Milagre de Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de agosto de 1844

Trecho de “A Criação de Deus”

1 – Eu, como o Senhor, consigo orientar, equilibrar e manter todo o Universo, dia a dia. Também naquela época Me foi possível manter o mundo de Noé por mais de meio ano. Que naquela época Meus anjos visivelmente cuidavam da sobrevivência do devoto Noé e também de outras pessoas justas, isto não faz nenhuma diferença para a evolução diária e comum das Minhas criaturas. Esta é uma tarefa que os Meus anjos devem realizar sempre seguindo Meu desejo, e estar ou não visível, não faz nenhuma diferença.

2 – Se todas as pessoas daquela época fossem tão devotas quanto Noé, elas poderiam ver como os Meus Anjos, dia e noite, trabalhavam para organizar e fazer funcionar tudo de acordo com todo o Meu mundo.

3 – Mas se disséssemos: Como é que até os maus e pecadores conseguiram ver os anjos ajudando Noé a levar os animais para a arca e providenciando o alimento necessário para todos?

4- Eu responderia: Minha Misericórdia. Ela sempre permite que isto ocorra antes que um desastre global aconteça, desastre este sempre originado nos homens tolos, pelo seu total desconhecimento em todos os assuntos referentes ao mundo. Onde acontecerão desastres, os homens são seguidamente alertados para abandonarem aquele lugar e se entregarem confiantes à Minha Proteção, onde certamente nada de mal lhes acontecerá.

O governador mais rico de todos

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1844

Em parábola à questão da existência de vidas progressivas.

Pergunta: Senhor, eu já existi anteriormente? Eu já não pensava, sentia e atuava antes de minha mãe me receber?

1 – Meu querido questionador, vós também não dizeis com frequência: Esta é uma pergunta capciosa? Vê, isto Eu também te digo ante tua pergunta: Esta pergunta é capciosa.

2 – Um sim, um não, ambas as respostas viriam bem, pois tu desejas acreditar em qualquer uma das respostas. Tua existência terrena não poderá te dar nenhuma prova definitiva, especialmente em respeito ao bem da tua liberdade espiritual.

3 – Eu, porém, vou te dar uma visão! Se tiveres a sabedoria necessária, entenderás Minha resposta. Ouve, pois:

4 – Existia um Rei extremamente importante que possuía um país muito rico em ouro, prata, pedras preciosas, terra boa para plantar, pastagens, animais e florestas da melhor qualidade. E este país também possuía habitantes justos.

5 – Seu vizinho, porém, era mais pobre, suas terras de longe não possuíam as riquezas mencionadas. Havia principados menores em volta do príncipe rico, e todos eram bem mais pobres que o principal.

6 – Este governante não dava importância para suas riquezas por maior que fossem, mas sim seus olhos sempre se voltavam às terras dos principados mais pobres e de como ele conseguiria apoderar-se dos mesmos.

7 – Entre estes governantes, vivia um homem muito sábio, que não possuía nada além do que sua sabedoria. Mas ele era o mais rico de todos, pois sem seu conselho nenhum dos governantes se animava a fazer qualquer coisa.

8 – O príncipe extremamente rico uma vez perguntou a este sábio o que ele deveria fazer para conseguir apossar-se das terras dos outros, para que ele pudesse poupar os tesouros de seu país, bens estes que ele não dava nenhuma importância.

9 – O sábio então lhe disse: Sabes de uma coisa? Eu tenho um ótimo conselho! Se desejares ir adiante com este teu desejo tão injusto, deves te igualar a mim, eu que nada possuo, porém tenho tudo. E tu poderás dispor de tudo e todos tal qual eu, que tudo possuía, mas tudo doou, para receber mil vezes mais.

10 – Estas palavras do sábio, agradaram ao Rei sobremaneira e ele tratou de atuar de acordo com o conselho do velho sábio.

11 – Ele então chamou a todos os governantes, para entregar-lhes totalmente suas terras. E estes então, cheios de surpresa, lhe perguntaram por que ele fazia isto.

12 – E o grande governante falou assim: “É esta maneira de como eu conseguirei a verdadeira sabedoria, na qual todos estes tesouros se encontram mil vezes multiplicados”. Ao ouvirem isto os outros governantes falaram: “Se é assim, já és um homem extremamente sábio, e é nosso desejo que tu nos governes”.

13 – O rei, porém, disse: Não é bem assim, meu amigo; eu só dei o primeiro passo na escola da sabedoria. Permita que eu primeiro complete meu caminho. Por favor, tomai meus bens. Tão logo serei vosso guia justo”.

14 – Assim os outros governantes tomaram conta do país rico. O rei, porém, juntou-se ao sábio ancião, para se iniciar na escola da sabedoria.

15 – Vê esta é uma visão oculta, e nela encontra-se a resposta. Trata de seguir este exemplo e terás a resposta. Trata de seguir este exemplo e terás a luz em todas as tuas questões, por toda a eternidade. Amém. Amém. Amém.


Santos ensinamento de vida

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1844

1 – Fazei aos outros tudo aquilo que desejais que eles façam convosco.

2 – Vede, aqui se encontra toda a sabedoria da vida e de bom exemplo. É de boa virtude que nos condoemos com os sofredores, que levantemos os caídos, ajudemos aos necessitados, que libertemos os que estão com seu espírito aprisionado, que fortifiquemos os fracos, mostremos o caminho ao perdido, que evitemos qualquer tipo de aborrecimento e tentemos prevenir que os outros se desentendam e aconselhemos àquele que possuir um tesouro não o guarde para si, mas sim que o distribua entre os outros até a última gota.

3 – Pois em verdade vos digo que ninguém alcançará Meu Reino enquanto não distribuir tudo o que possui. Se algum de vós não ficar tão pobre quanto um ratinho de prisão, tanto em espírito como materialmente, este Meu Reino não o aceitará em vida.

4 – Quem não se tornar estranho para o mundo jamais poderá ser habitante autêntico de Meu Reino.

5 – Se alguém assim falar: - Senhor, se no mundo eu conseguir viver em paz, se eu tiver um emprego ou então uma fortuna que me assegure uma velhice confortável, então eu me dedicarei a Te adorar o tempo todo – neste caso Eu digo: - Amigo, agradeço esta tua adoração e este teu tempo, mas devido à Minha Ordem, elas de nada Me servem. Pois Eu não vos ensinarei a procurar o bem-estar material em primeiro lugar e, só após de ter conseguido isto, sair à procura de Meu Reino; mas sim bem ao contrário. Pois está escrito: “Antes de mais nada, procurai o Reino de Deus e sua justiça, e então tudo vos será dado”.

6 – É por isto que primeiro devemos nos livrar de tudo, e assim poderemos desejar herdar o Reino de Deus. Dá tudo, reparte entre os pobres e segue-Me, só assim herdarás Meu Reino.

7 – Com isto está demonstrado o que é necessário para se saber quando Eu sentirei alegria e prazer em vossas atitudes.

8 – Quando fizeres algo de bom e perguntares se é de Meu agrado, então possuis o Meu Reino, mas só externamente; teu íntimo ainda não está Comigo.

9 – Se tu possuísses Meu Reino em teu íntimo como Eu te dei, para que bloqueasse tua visão para o mundo, então não perguntarias se a ação realizada é uma inspiração Minha ou se é de Meu agrado e justa a Meus Olhos, mas tu dirias, seguindo o exemplo dos anjos que tudo fazem cheios de amor e sabedoria: Ó Senhor, eu sou teu servo inútil e preguiçoso.

10 – Vê, assim que é o Reino de Deus! E é assim que deves atuar, te espelhando em Meu Amor, e tudo estará bem, correto e de Meu agrado.

11 – Tua atuação de fato foi boa, correta e virtuosa. Mas não lhe dês importância, se desejares que Eu a considere. Não te alardeies, se desejares Minhas Honrarias. O que tua mão direita fizer, não contes para tua esquerda. Só então Eu considerarei tua obra, te honrarei, pois tu Me honraste!

12 – Mas, antes de mais nada, procura Meu Reino como te aconselhei acima, de forma viva; assim sempre saberás por que e por quem realizaste uma obra.

13 – Que este ensinamento te seja santificado por todo o sempre. Amém. Isto fala teu bondoso e santo Pai. Amém.

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O sudário de Trieste

Recebido por Jacob Lorber, em 31 de agosto de 1844

Senhor seria possível que nos explicasses a realidade do assim chamado “Santo Sudário” que se encontra em Trieste e que é apresentado aos devotos após o pagamento de uma alta soma. Este assunto é bem engraçado. Há alguma veracidade em relação a esta roupa? E como foi que esta relíquia tão divina chegou a Trieste?

1 – Ouve! Mesmo que o sudário fosse verdadeiro, Cristo nele não se encontra. Mas como ainda mais esta vestimenta foi criada no século XV e depois, como se fosse uma relíquia descoberta naquela época, foi transferida por alguns monges de Jerusalém, de Roma para Trieste, exigindo um altíssimo sacrifício no qual Cristo realmente não habita, que valor que ele possui? É Minha opinião que este assunto seja totalmente irrelevante (este assim chamado sudário de Trieste, diz-se que foi doado pela imperatriz Helena, que o trouxe do oriente, e foi apresentado ao público pela primeira vez em 1512. Esta mesma exposição também aconteceu em 1844 e levou a um movimento de oposição por parte de uma igreja católica alemã, fundada por um certo Monge. Existem outros sudários “autênticos” expostos em Argenteuil, na igreja Luterana de Roma e outros lugares).

2 – O que fazem este monges cobiçosos que tanto desejam tornar-se ricos e poderosos, mas que não o conseguem de uma forma honrada e com muito trabalho? Vê, eles começam a mentir, a enganar, a roubar e finalmente a assaltar e matar.

3 – Vê, aqui foi o começo de uma enorme mentira e de um engano ainda pior e muito poderoso. A este logo seguirão roubos, assaltos e assassinatos.

4 – Vão construir um luxuoso domo (com o dinheiro dos peregrinos) em Minha honra. Mas quando foi que Eu pedi isto? Não é somente no coração do homem que Eu gosto de morar? Não é somente num coração amoroso piedoso e liberto onde Eu Me sinto em casa? Num coração totalmente livre do mundo?

5 – Eu vos digo que este domo sim terá uma utilidade, mas será a pedra do escândalo que a mentira ocasionará, e será mais um testemunho para aqueles que não acreditam nesta história, como houve muitos na época trevosa, quando Roma tão horrivelmente agia em Meu Nome. Eu vos digo: São os tais monges piores do que os em Babel ou os pagãos.

6 – Pois estes ainda possuíam um medo oculto ante um ou outro ídolo. Mas os monges não têm nenhum tipo de medo, pois eles não creem em nada e não têm um mínimo de amor em seus corações. Não, eles se denominaram Meus senhores. Eu tenho que ser como querem e de acordo com suas necessidades de ouro e prata. Minha Palavra é proibida, e então é dado ao pobre povo o lixo mais mal cheiroso e desprezível. O que será isto?

7 – Vê, o “filho perdido” deve coabitar com os porcos e não pode nem compartilhar com eles o bagaço que lhes dão como comida. É desta maneira que o inimigo deve elevar-se cada vez mais, para que a última queda o leve para a total destruição de sua abjeta existência.

8 – Vós, porém, alegrai-vos, pois sois a “figueira” que está novamente viçosa, cheia de seiva vital, que começa a ter brotos, e nos alerta que isto está bem perto de acontecer.

9 – Ai de ti, tu que mentes e enganas sem medida ou metas. Em pouco tempo “assassinos, ladrões e assaltantes” estarão sobre ti, te despedaçarão como animais selvagens despedaçam sua vítima, e nem teus ossos sobrarão.

10 – Vê, nem a pior prostituta faz o que eles estão fazendo. Mas eles obterão a recompensa devida.

11 – Porém não vamos mais falar sobre isto! E também vos peço que não faleis sobre isto, pois não é digno que Aquele que é o Dono dos Céus seja consultado sobre assuntos absolutamente do inferno. Basta que vós conheçais a verdade, a vestimenta e falsa e, como consequência, sem Cristo por toda a eternidade.

12 – Tal qual a vestimenta, tal qual a igreja toda, a mesma que por um bom dinheiro expõe sua arte de charlatão.

13 – Agora sabeis a verdade e nada mais digo sobre este “horror de podridão”. Amém.


A melhor cura

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de setembro de 1844

1 – Dize a todos teus irmãos: A cura pela fé originada no mais puro amor a Mim, o Pai que reina sobre a vida e a morte, sim, a cura pela pura fé em Mim, vosso Pai, é a melhor de todas.

2 – Se tu acreditas, no fundo de teu coração, que Eu sempre posso e quero te ajudar, se tu só exiges a Minha ajuda verdadeira e certa, se tu sempre recorres cheio de vida e confiança a Mim para que Eu te ajude, então tem certeza que sempre te será dada a ajuda necessária.

3 – Mas não deves procurar ajuda ao mesmo tempo Comigo e com a medicina terrena, pois a mesma poderá estragar tudo aquilo que Eu faço para te ajudar.

4 – A receita básica já a obtiveste de Mim (cura pelo evangelho). Segues as instruções dadas com exatidão e assim pouco contato precisarás ter com os médicos da Terra.

5 – A ferida deves untar com óleo de algodão morno, em Meu Nome, toda a vez que aparecer, e logo ficará melhor. Deixa de usar bebidas que elevem tua temperatura e também alimentos muito temperados. Cuida de ficar bem aquecida, para evitar o catarro.

6 – Recebe, pois, Minha Benção e sê fiel ao Pai em teu coração. E Eu, teu Santo Pai, te protegerei de tudo. Isto te diz teu Santo e Amoroso Pai.


Uma palavra de consolo em tempos difíceis

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de fevereiro de 1845

1 – O que tenta tanto o homem, que ele tanto modifica seu ânimo? O que o frio pode oferecer ao timoneiro que quebrou seu leme na geleira, mas continua? É o que o sábio vento assoprou por sobre as montanhas geladas, como se quisesse varrer os céus e todos os elementos, como um condutor incapaz conduz seu carro miserável.

2 – Vê, Meu querido amigo do coração, isto tudo é orgulho. Quem por acaso poderá Comigo? Que utilidade tem o sábio que hoje diz e escreve; amanhã tudo deverá estar branco. Mas só a Mim e ao Meu Poder é possível tornar tudo preto, se assim Eu desejar. Achas acaso que ele pode se elevar às Minhas alturas e governar ao Meu lado?

3 – Todos dizem que Eu fiquei surdo e cego. Mas não é assim. Vê, quando o ladrão deseja arrombar uma casa, ele fica bem quieto observando e ouvindo tudo a respeito da mesma e aguardando o melhor momento para atacar. Quando todos na casa estiverem dormindo, ele adentra, mata e rouba o que deseja.

4 – Bom para aqueles que vigiam! Aqueles certamente reconhecerão o Senhor de todas as maravilhas, reconhecerão se o visitante é um ladrão ou o Senhor. Porém ai dos que estiverem dormindo! A estes o visitante noturno fará o que o ladrão faz quando adentra uma casa à noite.

5 – Observa bem estas palavras, Meu amigo querido, quando o mundo tolo te incomodar, e encontrarás grande consolo. Verás que aquele que achas estar bem distante de ti, está ali ao teu lado, justo no momento e lugar que julgavas estar o mais distante possível. Isso te sirva, como se fosse um sol na noite. Amém.


Aparição dos bem-aventurados

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de janeiro de 1846

De uma carta para Andréas Hüttenbrenner.

1 – É melhor para nós, que ainda estamos no corpo e ainda devemos labutar na matéria, que os habitantes dos céus não nos apareçam com frequência, pois poderiam prejudicar nossa liberdade, e muitas vezes causar doenças em nosso físico, nos tornar inúteis em nossos serviços ao próximo e finalmente fazer de nossa crença de que viveremos eternamente um conhecimento baseado de provas, e com isto tirar de nós a fé que contém a vida e dar-nos um conhecimento científico que contém a morte. Pois está escrito “Se quiseres comer os frutos da árvore da sabedoria científica, encontrarás a morte”.

2 – Esta é a razão por que o Senhor só permite que muito raramente os bem-aventurados celestiais se apresentem aos seus amigos na Terra. E quando isto acontece, muito raramente, isto se dá só por causa de uma fé que está se apagando e que desta maneira poderá ser ajudada. E mesmo assim só os escolhidos os conseguem ver, pois a eles não é mais possível prejudicar; os outros devem se bastar com sua fé, o que lhes trará frutos bem melhores.

3 – Seu amigo que lhe abençoa e ama por toda eternidade.


O futuro triste

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de dezembro de 1846

1 – Teu irmão e amigo perguntou como seria o futuro. Acho que é uma pergunta bem capciosa, mas assim mesmo vou responder.

2 – O tempo continua sendo sempre tempo, como o mundo continua sempre sendo mundo. Quem tiver esperanças para um mundo melhor ou tempo melhor, está muito enganado. Pois o mundo foi sempre mau e o será até o fim dos tempos.

3 – Por isto que no mundo o tempo só poderá trazer coisas más para o mundo. Para aquele que está Comigo e Eu nele, a este nem o mundo nem o tempo poderá prejudicar – como vários exemplos vos demonstraram.

4 – A Terra é muito semelhante ao inferno. Nela, porém, só os seus encontram o inferno, Meus anjos jamais, estes muitos anjos que ali se encontram, para tentar melhorar os espíritos maus ou então castigá-los.

5 – Disto os entendidos na espiritualidade concluem que para os bons só acontecerão coisas boas, mas para os maus só coisas ruins.

6 – Aquele que trilhar os Meus Caminhos jamais encontrará pedras para feri-lo, mas se desejar experimentar os caminhos do mundo, nem que seja só um pouquinho, este certamente pisará numa pedra, mesmo no primeiro passo.

7 – Vós, porém, perguntais: Vai haver guerra? Os poloneses vão se sublevar? O que farão França e Inglaterra? O que a Áustria, Prússia e Rússia? São perguntas muito valiosas.

8 – Por acaso ainda acreditais na predestinação dos destinos dos povos? Será que Eu deveria afirmar que deste ou daquele modo acontecerá para este ou aquele povo? Se assim agisse, haveria Amor, Paciência e Misericórdia em Mim? Ou existe amor no juiz que julga o filho e sentencia: Amanhã terás que morrer! Este seria, no Meu caso, um ato de extremo desamor, caso agisse desta maneira com os pecadores do mundo, pois a Mim, o eterno Todo-poderoso, nenhum poder poderá enfrentar por toda a eternidade.

9 – Vede, no mundo Eu permito a total liberdade, a tudo o que tenha o nome de humano. Por quê? Isto já sabeis faz muito.

10 – Por acaso será correto de Minha parte se Eu afirmasse categoricamente: No dia 31 de março de 1847 se iniciará uma guerra extremamente sangrenta, que durará dez anos e que se estenderá por toda a Europa? E se as pessoas de um país ou outro se redimissem dos pecados, mas mesmo assim Eu permitisse que o horror da guerra se abatesse sobre elas, Eu seria um juiz correto, um Pai para cada ser humano?

11 – Observai bem como vossas perguntas são fúteis. Eu vejo bem em vossos corações um “desejo de guerra” pela qual vos traria prazer em ver governantes arrogantes demais serem humilhados. Mas qual seria o fruto deste ato? Alguns seriam humilhados, mas milhares se embriagariam neste banho de sangue e agiriam muito pior com a pobre e fraca população, do que o fazem os atuais governantes; estes ainda devem se impor barreiras, pois temem seus cogovernantes e não confiam em seu povo. Mas se um ou outro tentar provar seu poder, então ele perde todo o medo, e com mão de ferro governará seu povo aprisionado, o que causará muito choro, desespero e ranger de dentes.

12 – Quem procurar a luz, esta se lhe fará, quem a paz, lhe será dada. O bom e misericordioso encontrará bondade e misericórdia, o mal encontrará um juiz inclemente. Vós, porém, não vos preocupeis com isto. Perguntai somente: O Pai está conosco? E se Eu vos respondo: Sim, Meus Filhos, deixai, pois, que os exércitos marchem, e tudo vos será sem importância.

13 – Aconteça o que acontecer aos Meus sempre se encontrarão sob a Minha poderosa proteção, ainda que se encontrem no céu ou no inferno. O mundo e seu irmão, o inferno, sempre serão os mesmos até o julgamento final.

14 – Eu sei muito bem por que permito que isto ou aquilo aconteça com algum país ou povo. Para vós, porém, basta saberdes que neste caso não serão dadas dádivas ruins aos filhos, pelo menos não àqueles que Me procuram, reconhecem e amam como Pai de toda a humanidade. Amém. Que este ensinamento vos sirva de exemplo.


Para as bodas de prata

Recebido por Jacob Lorber 10 de dezembro de 1846

1 – Escreve uma palavrinha, a fim de que teu e Meu amigo fale bem da festa que seus familiares lhe oferecem num momento de tanta alegria e felicidade.

2 – Eu de fato não tenho prazer algum nas festas que as pessoas celebram (exteriormente) aqui na Terra. Mas se acontecerem raramente entre pessoas que Me levam em seus corações, Eu certamente terei muita alegria em assisti-las, tal como aconteceu nas bodas de Canaã, na Galileia, onde transformei água em vinho, a água do mundo no vinho vivificante do espírito.

3 – Não deixei de fazer isto com nossos amigos e o demonstrei mandando-te, a ti (Jacob Lorber), para a casa dele e assim entrei visivelmente naquela casa. E a acolhida que tu recebeste é idêntica à que Eu recebi e fiquei, mas fisicamente, o que é compreensível para o que está no evangelho.

4 – Quem Me reconhece em sua fé e atua de acordo com as Minhas Palavras, este Me aceita em espírito, e Eu estou em espírito junto a ele. Mas aquele que receber um irmão em Meu Nome, este Me receberá em corpo e alma neste irmão.

5 – O irmão que foi aceito, então, não é mais aquele que sua forma externa representa, mas sim neste irmão estou Eu em pessoa e em todo o esplendor de Meu Amor, Graça e Misericórdia. No amor Eu Me encontro, pois foi recebido com os corações abertos, e na misericórdia também estou, pois não só um irmão, mas vários foram recebidos para satisfazerem sua fome.

6 – Se alguém achar que pode dizer: “Como este irmão que foi recebido com tanto carinho é uma pessoa fraca, pecadora e mortal, como é que a presença física de Jesus combinaria com um irmão tão pecador?”, Eu então digo: “Como foi que Minha Presença combinou com a casa de Zaqueu?”.

7 – A combinação foi porque um médico só se encontra na presença dos enfermos e não na dos sadios, pois são os primeiros que precisam dele.

8 – Como é possível que um pecador consiga ser Meu servo, se Eu não estou com e nele? Se Eu escolhesse somente sadios (não pecadores) para serem Meus servos, perguntai-vos onde na Terra Eu encontraria um?

9 – Porque não deveis olhar o irmão pelo prisma de seus pecados, mas sim o olhai pelo que necessita, pois somente assim encontrareis em cada pecador uma “casa de Zaqueu” onde Eu gosto de visitar, onde Eu almoço a mesa do pecador.

10 – Certa feita disse o pai: - Tendes razão, meus filhos, mas sabeis o que devo fazer? Em primeiro lugar, certa moderação; em segundo lugar, paciência. Jamais colher frutos antes que estes estejam completamente maduros e neste caso somente o suficiente para satisfazer sua necessidade. Então, quando colhermos frutos novamente, vamos observar bem estas regras e tudo vos dará uma grande satisfação .

11 – Quando chegaram à segunda colheita, estas regras do dono do pomar foram obedecidas. Todas as frutas foram de sabor delicioso, tanto para os filhos como para os servidores. O mesmo aconteceu na terceira colheita.

12 – Mas quando a última colheita se aproximou, os filhos e servidores falaram ao pai: - Vê os dias estão esfriando e as últimas frutas estão fartas nas árvores e têm um lindo aspecto, mas tão logo a mordemos a cica se apresenta e repucha nossas bocas e nos deixa completamente sem vontade de comer uma outra fruta. Que devemos fazer neste caso?

13 – O dono da casa retrucou: - Bem, então o ciclo se fechou. Eu sei que esta última colheita não conseguirá chegar à maturidade nas árvores, pois a luz e o calor já diminuíram muito e as noites ficaram longas, os dias curtos e frios. Mas não vamos deixar estas frutas tardias nas árvores para serem destruídos pelo rigor do inverno. Ide, trazei diversos potes para as diferentes frutas e colhei estas frutas tardias com muito cuidado. Vamos estocar estas frutas em locais aquecidos e protegidos, e vereis que elas serão melhores que todas as três colheitas anteriores, as que com o calor do verão já adquiriam a maturidade total nas árvores.

14 – Os filhos e servidores assim fizeram. E tudo estava em ordem. Quando o inverno chegou, só encontrou ramagem nas árvores, mas nenhuma fruta para matar.

15 – Meditai em vossos corações sobre o sentido desta história e vereis na natureza o exemplo da organização divina.

16 – Mas não vos precipiteis em tirar conclusões. Não se corta uma árvore com um só golpe de machado. Meditai com calma e mais tarde vos darei mais explicações. Amém.


Palavras do Senhor

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de dezembro de 1846

Algumas palavras do Senhor que não se encontram em nenhuma dos quatro evangelhos, mas usadas pelo mesmo com muita frequência:

1 – Dar é mais prazeroso que receber.

2 – Vamos todos ser inimigos do Ser Perverso e lutar contra o mesmo.

3 – Todos aqueles que Me querem conhecer e almejam tomar parte do Meu Reino devem Me aceitar, apesar das aflições e dos sofrimentos.

4 – Mesmo que Eu já vos visse como companheiros de Minha mesa e amigos do peito, mas vós não quisésseis observar Minhas prescrições, Eu vos mandaria embora: “Afastai-vos de Mim! Vós não tendes nenhuma importância para Mim, vós, corruptos viciosos!” - Eu diria.

5 – O Senhor uma vez disse a Pedro: “Vós sereis como cordeiros entre os lobos.” A isto Pedro respondeu: “Como será quando os lobos despedaçarem aos cordeiros?” Ao que o Senhor lhe respondeu: “ Mas os cordeiros, ao estarem mortos, não mais terão que temer os lobos. Da mesma maneira vós não podeis temer aqueles que vos matam, pois nada mais de mal vos pode acrescentar. Vós, porém, temei muito não aquele que poderá matar vosso corpo, mas sim aquele que poderá jogar vossa alma no inferno”.

6 – Mantende vosso corpo puro e o lacre (do batismo ou do Espírito) intacto, para que sempre possuais a vida eterna.

7 – Sede cambistas espertos e tornai-vos usurários com Meus Talentos.

8 – Da mesma maneira que Eu vou vos encontrar no futuro, assim Eu vos julgarei.

9 – Pedi por algo bem grande e recebereis o pequeno de graça, ou melhor: Pedi pelo celestial e ainda vos será dado todo o material.

10 – Por causa dos fracos Eu sou fraco, pelos famintos Eu estou faminto e pelos sedentos Eu tenho sede.

11 – Quem souber dar o devido valor obterá uma importante tarefa no Reino de Deus. E aquele que a realizar com capacidade, este encontrará a paz verdadeira.

12 – Nunca tereis mais razão para vos alegrardes, do que quando virdes um vosso irmão realizar com zelo sua tarefa (isto o Senhor disse muitas vezes a Seus discípulos).

13 – Alguém perguntou ao Senhor quando o Reino dos Céus chegaria, ao que Ele respondeu: “Quando o exterior e o interior se tornarem unos”.

14 – Salomé, na sua inocência, perguntou uma vez ao Senhor: “ Por quanto tempo os seres humanos ainda terão que morrer na Terra? ”. O Senhor disse: “Enquanto eles ainda nascerem”. Aí Salomé se deu o mérito de não ter procriado ninguém, ao que o Senhor acrescentou: “ Come as ervas que tu gostas, mas deixa de lado as amargas.” – assim diz o velho ditado.

15 – Uma vez o Senhor disse: “ E vim para destruir as obras da mulher”. Ao ser perguntado pelo significado destas palavras, Ele disse: “ As obras da mulher são os desejos sensuais. E tudo o que eles criam, seus efeitos: o nascimento (na carne) e a morte; tudo isto Eu irei revelar no fim”.

16 – Ai daqueles que aceitam algo que lhes é dado como se eles mesmos já não o possuíssem ou não conhecessem alguma coisa, mas assim mesmo o querem tomar de um outro. Mas muito mais ai daqueles que muito possuem, mas assim mesmo nada desejam dar aos que nada possuem.

17 – Uma vez o Senhor disse aos discípulos: “ Tal como o filho do homem não veio por muitos, mas sim somente por aqueles que ouvem Suas Palavras e vivem de acordo com as mesmas, Eu não vos envio para muitos, mas sim para aqueles que vos receberem e vos ouvirem”.

18 – Aquele que desejar as alturas receberá as baixias. Mas aquele que desejar o mais baixo, àquele será outorgado o posto mais alto.

19 – Se vós não vos preocupais pelos menores, quem vos confiará as grandezas?

20 – Finalmente o Senhor disse aos discípulos: “ Ficai em Jerusalém por doze anos. Se algum dos israelitas desejar se converter, Me aceitando como o Messias e acreditando em Deus, a este serão perdoados todos os pecados. Após doze anos, ide com este convite a todas as nações e povos, para que ninguém possa dizer que não conhecia a Mensagem”.

21 – Faz tempo alguém falou um discurso muito sensato na frente do Senhor. Ao terminar, o Senhor disse: “ Faz tempo que Eu desejava ouvir algo igual, e nunca Me foi tão agradável ouvir”.


A mulher do Sol

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de dezembro de 1846

Explicações para as revelações de João cap. 12- versículo. 1.2.5:

1) Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma mulher revestida do Sol, com a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. 2) Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar a luz. 3) Ela deu a luz a um filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações com cetro de ferro. Mas seu filho foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono.

1 – Mas amigos, não entender algo tão claro e fácil; isto que vos toca tão de perto e está tão claramente ante vossos olhos... Onde vosso espírito colocou vossa razão? Para onde é que está focalizado?

2 – Se alguém à noite perguntar: Onde será que está o Sol agora? Então a pergunta terá um pouquinho de razão. Mas perguntar pela posição do Sol de dia, isto não significa estar cego, ou então com os olhos fechados ou vendados e querer brincar com o Sol o jogo da “cabra cega?”

3 – O que será a “mulher” que aparece no céu vestida de Sol? A mulher é a nobre visão de uma pessoa que não tem o poder de procriar, mas que está apta para receber a procriação. Bem, então a mulher não é uma criatura do ser humano.

4 – Assim também são Meus ensinamentos, os que com certeza aparecem nos céus mais perfeitos, porque eles estão em Mim e se originam em Mim e se espalham começando em Mim. Eles se assemelham ao homem espiritual tanto como a mulher, por si só incapaz de procriar, mas sim capacitado e receptivo a tudo o que é bom e cheio de amor, como é o amor puro de Deus e a vida eterna que se origina em Mim. A vida espiritual do Amor Divino é a “criança” pela qual Meus ensinamentos são frutificados no coração dos homens.

5 – Claro que aqui estamos falando do Meu mais puro e verdadeiro ensinamento e as palavras são uma mulher completamente perfeita e celestial – nada de palavras enganosas e nenhuma mulher-macaco. Que esta mulher perfeita, ou melhor dito, Meus ensinamentos puros, está vestida pelo Sol, ou pela Minha luz de todas as Luzes, o que acontece porque ela vem de Mim e isto é muito natural.

6 – Assim, esta mulher celestial perfeita, ou Meus ensinamentos, só está capacitada a receber o Amor Celestial e Divino que vem de Mim; então ela pisa a Lua (símbolo do amor próprio e mundano), pois é a polaridade totalmente oposta ao seu ser, para que consiga vos falar um pouco como vossa educadora.

7 – E ela também está enfeitada com “doze estrelas”, com os dez mandamentos de Moisés e os dois mandamentos do Amor (a Deus e ao próximo); não com os doze apóstolos ou com as doze tribos de Israel, mas sim, como já dito, pelos dez mandamentos de Moisés e mais os dois mandamentos do Amor.

8 – A “mulher” ou o ensinamento atuante que se origina de Mim no homem, fica ou já está “grávida”. Como? Jamais ouvistes falar do renascimento? Não se diz lá: “Aquele que não renascer no espírito, não poderá entrar no Reino de Deus.” ?

9 – Vede, a “criança” da qual a mulher está grávida, é o mais puro amor divino, o qual, pela sua abnegação diversa, causa muitas dores ao homem material, até que este amor divino amadureça pelo ensinamento no espírito do homem, para o maravilhoso renascimento e para a vida eterna.

10 – A “criança”, porém, é um “menino”. Por que não uma menina, uma mulher no gênesis? Porque neste amor há o poder de procriar, como o há no homem e não na mulher, e assim então deve ser.

11 – Esta criança, ou melhor, o Amor Divino que se originou nos Meus ensinamentos no espírito do homem, dominará com o “cetro de ferro” a todos os povos ou a todas as pessoas que têm o mundo e a matéria em seus corações. Como consequência, por ser a Vida que se origina em Mim, arrebatará o espírito dos homens. E com a inclinação que sentem por Mim, criará a felicidade deles junto ao “Meu trono”, que é de fato a verdadeira sabedoria que emana de Mim pela eternidade.

12 – Vede, esta é a explicação destes versos tão fáceis de entender. Tudo, porém, deve ser examinado à luz dessa luz verdadeira, pois se assim não for, com o passar do tempo a penumbra levará os dirigentes para aos mais tenebrosos pântanos e lamaçais.

13 – Que isto seja bem observado e aprendido. Amém.


Bênção do lar

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de janeiro de 1847

1 – Escreve, pois, Meu servo, pois desejo dar uma pequena bênção para os lares dos que com tanto afinco Me procuraram e ainda Me procuram, Me amaram e ainda Me amam, nos Meus irmãos e irmãs pobres que Me são tão importantes.

2 – Este é um desejo muito especial para todos vós que fostes Meus e ainda o sois, se assim for de vossa vontade: que todos vós tenhais uma alegria muito especial e que com prazer repartais vossos tantos alimentos com eles. Quanto mais miseráveis e andrajosos sejam, tanto mais caros aos vossos corações devem estar, pois eles Me são bem mais dignos de amor, que aqueles que têm um pouquinho a mais.

3 – Jamais pergunteis aos pobres, antes de dar-lhes algo: “Porque chegastes a este estado? Porque não economizastes no momento que ainda vos era possível? Porque não trabalhastes?” ; ou então: “Porque, já que desde o começo, quando tuas posses já eram bem reduzidas, ainda tomastes uma esposa e tivestes filhos, apesar da tua miséria?”, ou outras perguntas similares.

4 – Em verdade, quem assim agir, este estará exigindo de Mim uma prestação de contas de Meu gerenciamento doméstico. Mas aquele que exigir uma prestação de contas de Mim e Me julgar pelos Meus pobres, deste Eu, como Deus todo poderoso e Senhor da Vida e da Morte, exigirei contas tão severas, que nem o mais puro anjo conseguirá responder, quanto mais um juiz mundano tão miserável, que se arvora o poder de julgar e questionar os pobres antes de ter-lhes dado algo.

5 – Enquanto ainda tiverdes pobres, tanto tempo ainda Me tendes e à minha Bênção. Mas quando estes vos abandonarem, então a peste dos infernos se abaterá sobre vós, e vos destruirá pela eternidade. Não consta na Santa Escritura: “ Vende tudo o que possuis, distribui entre os pobres e segue-Me; assim terás adquirido tesouros no céu .” ?


A anestesia com aplicação do éter

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de fevereiro de 1847

1 – O tal éter sulfúrico é de fato o mais puro espírito do vinho; de enxofre, não possui o mínimo átomo. Pois o que há de enxofre volátil no preparo do éter sulfúrico se une ao vapor de água que ainda existe no vinho das frutas e depois cai de volta ao ácido de enxofre, como um líquido ácido.

2 – O vinho puro ou éter de frutas vai então como um líquido suave e puro, para unir-se à base já existente. Este, então, é o chamado éter sulfúrico.

3 – Todo tipo de éter, sendo um líquido espiritual específico, atua como anestesiante do sistema nervoso. Assim acontece com o vinho, a cerveja, a cachaça, etc, pois nestes líquidos a específica espiritual se encontra em estado mais livre e solta do que na água e noutras bebidas não destiladas e fermentadas. Mas no éter puro, esta específica espiritual já se encontra em estado quase que totalmente livre e só podem ser contida num recipiente hermeticamente fechado. Se este éter for colocado em contato com o interior do organismo, pela respiração, num organismo onde exista um espírito dos nervos, ele será apoderado avidamente pelos seus neurônios similares e usados nas moléculas nervosas.

4 – Mas quando estas moléculas tiverem sido fartas (com o éter), de uma forma inesperada elas começam a inchar feito um balão de gás e devido a este estado são incapazes de qualquer reação, tanto por estímulos externos ou internos, e assim estão totalmente anestesiados.

5 – Já que o neurônio está completamente inerte para o corpo, devido à hiperfartura das moléculas nervosas que assim cortaram todo tipo de contato entre as mesmas, a alma se liberta. Ao acontecer, ela se encontra, enquanto os nervos estão anestesiados, no mundo dos espíritos e na esfera idêntica em que o coração do anestesiado está.

6 – Se o estado do anestesiado for bom, a alma se encontrará num local agradável, cheia de felicidade e paz. Mas se os sentimentos do anestesiado forem maus, então sua alma, no período da anestesia, se encontrará num local desagradável, correspondente ao estado de seu coração.

7 – Mas a alma e o espírito dos nervos ainda se encontram ligados como durante o sono. O anestesiado se lembra do que viu enquanto estava no mundo espiritual, mas não sabe nada do que aconteceu com o seu corpo.

8 – Quando uma alma em um estado de sonambulismo ou de sonho, nestes casos ela sai, enquanto o espírito fica com os nervos (que morreriam se assim não fosse, pois precisam de seu alimento, cuja falta significaria morte total do corpo).

9 – Na anestesia com éter sulfúrico, substituto dos alimentos (como no sono natural, quando os nervos se alimentam do éter do estômago proveniente das comidas), os neurônios podem se tornar totalmente livres e se colocar completamente a serviço do espírito, o que explica as lembranças que se tem ao retornar da anestesia. A alma se lembra de tudo que viu no mundo dos espíritos.

10 – Nisto está à diferença entre o sono da anestesia e o sono do magnetismo, pois neste último a alma pode observar seu corpo a uma certa distância, o espírito dos nervos ainda está em contato com o corpo; mas na anestesia do éter tanto a alma como o espírito se encontram desligados do mesmo.

11 – Os efeitos posteriores da anestesia acontecem com algumas pessoas aprisionadas. Estas desejam intensamente sua liberdade e quando conseguem escapar do cárcere por algum buraco qualquer, mas são recapturados, aí elas terão um desejo muitíssimo maior de escapar da prisão o mais rápido possível.

12 – Este desejo é plantado na alma pela anestesia. Assim, algumas pessoas começam a apresentar sintomas de “fuga da alma” tendo convulsões diversas. Isto acontece mais vezes em pessoas de nervos fortes; não quer dizer que os de nervos fracos também não sofrerão disto. Para curar este estado, pode-se usar o hipnotismo ou então a aposição das mãos, acompanhadas por orações e jejum.

13 – Isto é para acalmar-vos pelos passos de vossa ciência e para que entendais o funcionamento benéfico do éter sulfúrico.

14 – Onde Eu Me encontro, o pior veneno do inferno nada pode fazer, muito menos este éter, o qual é naturalmente bom e útil para um uso adequado. Amém.


A garota que veio das estrelas

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de março de 1847

1 – Sim, sim, escreve, pois Eu desejo vos contar algo bom. Mas nós todos devemos estar bem unidos e atentos. Esta garota é extremamente sensível e de pavio curto, se não lhe dizem coisas lindas, agradáveis e em palavras claras. Ela já leu muitos clássicos, está em pleno conhecimento da gramática e gosta mais do “meio-passado” do pretérito passado. Ela gosta de assuntos sábios, especialmente cósmicos.

2 – Temos que ser cuidadosos com estes assuntos, se desejarmos agradar-lhe com nossas palavras. Vamos, pois, escrever com inteligência, moderação, um pouco picante e engraçado, senão ela não terá nenhum agrado conosco. Vamos ao assunto.

3 – Uma vez vivia na Terra uma menina com o coração tão enfeitado, como o conjunto de estrelas que enfeita Orion. À noite, ela suspirava e chorava no sono. Mas durante o dia era vista alegre, rindo e brincando com todas as estrelas do firmamento, as quais ela só conseguia ver de dia. De noite o céu não lhe mostrava nenhuma estrelinha, e o sono era sem sonhos a noite toda.

4 – O dia então se lhe tornava pura magia, pois ele dava, a esta garota estranha, tudo aquilo que a noite (a mãe que alimenta a Terra) dá aos que estão sonhando. Advinha, pois, tu, querida filhinha - tu que vens do núcleo das estrelas, onde nenhuma noite cai nos campos poeirentos dos mundos luminosos - quem é esta garota que só vê estrelas de dia?

5 – Eu sei que não responderás facilmente esta pergunta. Mas mesmo assim tive que fazê-la, para mostrar-te duramente o manto da sabedoria e como com ele torna difícil iluminar o coração que plantas mundanas já plantaram suas raízes.

6 – Mas terás que conhecer esta garota estranha, pois ela se encontra muito mais perto de ti do que imaginas. Eu, pois, te darei a resposta. Ouve com atenção, tu, filha das estrelas. A garota estranha é o Amor Divino no coração dos homens, é o Espírito, o ser eternamente vivo que se originou em Mim.

7 – Este espírito originariamente vivia no ser humano em sua totalidade e tecia no coração o tecido brilhante para a vida eterna. Isto era para esta garota estranha um dia maravilhoso. Mas agora chegou a noite e ela suspira violentamente. Logo sons tenebrosos se apoderarão dela, e então ela chorará, a garota estranha no sono tenebroso da vida.

8 – Por isto, Minha querida filhinha, trata de avistar cada vez mais esta garotinha estranha neste teu coração tão educado. Só assim terás a felicidade de possuir um dia feliz em teu coração e estarás sempre alegre e sorridente.

9 – Estes são os desejos de teu Pai, teu Santo Pai, para o dia eterno do renascimento eterno do Espírito do Amor e da Verdade, por toda eternidade. Amém.


Exortação para o amor e a paciência

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1847

1 – Queridos amigos, irmãos e filhos! Eu, vosso Deus, Pai, mestre e irmão, Eu, vosso professor e líder, vos comunico que fico muito feliz quando vós vos reunis em Meu Nome e conversais coisas boas sobre Mim e sobre o amor ao próximo. Pois conversas sadias como as vossas alegram ao espírito e causam prazer à alma, e isto é muito bom. Pois vós todos deveis sempre estar alegres em Meu Nome e fortalecer vossos corpos com alimentos e bebidas na medida certa.

2 – Porém ouvi! Um que usualmente está convosco deveríeis ter convidado para aqui estar e compartilhar destes momentos, não importa se ele viesse ou não. É indiferente se aqui está ou não, pois isto é problema dele, mas vos não desejais sua presença, e isto é problema vosso. E ele ficará muito magoado, quando souber do acontecido. Ele se comporta de tal maneira, como se vós não o interessásseis mais e nem Eu, mas isto não é verdade.

3 – Ele mesmo se culpa por ter errado convosco, mas não tem coragem para confessar e isto muito o deprime. Esta é a razão por que ele tem que fazer um esforço para vir aos vossos encontros. Pois este vosso irmão tem um coração bem prendado, mas habitado por um espírito fraco. Esta é a razão por que este homem tem mais força na sua alma que no seu espírito. Esta é a razão que deveis ter atenção para com ele, muita calma, paciência, indulgência e amor, se desejardes ser caminheiros de Minhas Sendas.

4 – Entendei isto: pessoas com corações cerimoniosos, almas fortes e espíritos fracos são muitos sensíveis e se dão conta das mínimas diferenças de sentimento que seus amigos lhe apresentam, e isto os magoa muito, pois sua alma, no seu isolamento, é extremamente sensitiva.

5 – Mas se alguém alimentar esta sensitividade, este está pecando contra seu irmão. Se alguém vir a fraqueza deste irmão, mas fingir que ele é um espírito forte, causando no irmão fraco a ira, vê, isto já é um pecado. Pois o espírito não pode ser levado à ira, mas a alma pode ser prejudicada com a zanga. Esta é a razão que estas duas (ira e zanga) devem ser evitadas ao extremo.

6 – Amor e paciência são infinitamente mais valiosas do que a sabedoria e justiça. Por isto, permanecei sempre no amor e na sua irmã, a paciência; assim o pecado vos será algo totalmente impossível.

7 – Para a justiça seria totalmente justo que Eu, seguindo as leis que dei a Moises, tivesse permitido que apedrejassem a adúltera até a morte. Mas no lugar da justiça se apresentaram o Amor, a Paciência e Misericórdia. E estes não permitiram que a pecadora fosse apedrejada até a morte, mas ainda escreveram seus pecados na areia, junto à justiça com todas as suas leis sobre todas as vidas, e entregaram o julgamento espiritual ao Amor, o único juiz. E cada um deve aplicá-lo a si mesmo, para que Eu o consiga encontrar e julgar então, no Meu Amor, em concordância com o seu amor.

8 – Pois então, ponde fora de vossos corações tudo ou qualquer vestígio de “revanche”, pois isto torna vossos corações diferentes do Meu, e isto não pode ser em vós, Meus Filhos.

9 – Bem, agora uma palavrinha sobre Meu servo, que vos foi dado como uma grande bênção, que foi chamado para Minha Seara faz sete anos e ao qual afastei, por pouco tempo, de vossas presenças, pelo seu e principalmente pelo vosso bem.

10 – Fizeste à Minha Pessoa o que lhe fizeste, e o que vós ainda lhe fazeis, também o fazeis a Mim, e o que ainda fareis por ele, será o grande tesouro que tereis no céu. Este tesouro já é vosso devido ao grande amor e sabedoria que possuis e no qual devereis encontrar o Reino da Vida Eterna, pois possuis Minha Misericórdia e Minha Bênção, do que milhões não têm a mínima ideia.

11 – Nesta graça aceitai a minha Bênção Paternal para todos vós, e que é vossa enquanto viverdes segundo Minhas Palavras. Amém.

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Exortação para o amor e a paciência

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de março de 1847

1 – Gosto de dar de beber do poço da água da vida àqueles que estão sedentos pela mesma. O médico também só existe para os doentes e fracos, pois os fortes e sadios não necessitam de médicos.

2 – Ouve, bem, Minha pequena menina. Se quiseres tirar cargas tolas de teu coração infantil, então deves usar toda a severidade possível. Pois vê, os “pretos” não se afastam com tanta facilidade quanto os “brancos”. Quer dizer, os pensamentos tenebrosos e desobedientes ficam grudados no coração com muita força, o escurecem e encontram a saída com grande dificuldade, pelo fato de escurecerem o coração. Os pensamentos iluminados saem do mesmo imediatamente, pois são luzes que iluminam cada cantinho e encontram o caminho da saída facilmente, especialmente se a companhia dos “pretos” lhes desagradar.

3 – O coração humano é um paraíso para os pensamentos negros. Mas para os pensamentos luminosos e divinos é um inferno, especialmente se o coração estiver entupido com toda sorte das vaidades humanas.

4 – Queres, tu, Minha Filha, limpar teu coração, para que os espíritos divinos tenham prazer e lá resolvam morar para sempre? Tu, como boa hospedeira, tens que expulsar de tua casa todo tipo de gentalha tola, preguiçosa, inútil. Sim, deveis expulsá-la com violência. Logo a seguir limpar cuidadosamente cada canto de tua “casa”, o coração, para que ela seja de agrado dos novos hóspedes divinos que desejem lá criar um lar, onde permanecerão para sempre.

5 – Evita de todo jeito aproximar-te daquilo que enche teu coração de trevas. Mas quando este te visitar, este que te é muito danoso, te mantém afastada de sua companhia, tanto de coração como fisicamente. Em pouco tempo ele ficará afastado. Pois ele, quando vem, vem só por tua causa, todo o resto é subterfúgio.

6 – Eu acho, Minha querida Filha, que isto é um conselho curto e grosso. Segue-o então, com firmeza, num coração firme e definido e logo estarás como uma garota boa deve ser e estar.

7 – Pois vê, uma garota verdadeira e decidida Me é muito mais querida, do que milhares de freiras católicas.

8 – Age assim, Minha Filha querida. Eu sempre estarei ao teu lado e te ajudarei eternamente. Amém.


Para o dia da maioridade

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de março de 1847

1 – Escreve esta mensagem para Minha filhinha que hoje chegou ao que se convencionou chamar “maioridade”, o que, claro, é totalmente errado; pois uma garota tão logo chega à puberdade já é uma mulher apta para procriar e, como consequência, maior de idade fisicamente. Mas enquanto não chegar ao renascimento espiritual, com certeza ficará “menor de idade” por toda a eternidade.

2 – Assim esta nossa filha, já é maior por muitos anos, mas ainda é extremamente menor espiritualmente.

3 - Seria de bom alvitre desejar-lhe neste seu 25º aniversário físico que ela se esmerasse ao máximo para assistir a verdadeira escola da vida, para conseguir obter a verdadeira maioridade do espírito. Pois esta depende do desejo voluntário do coração e não do desenvolvimento físico, como é a maioridade física. A idade material depende dos anos que está na Terra, enquanto que a outra, a verdadeira, depende unicamente do esforço e empenho no coração.

4 – Este empenho exige que tenhais a verdadeira fé na Minha Palavra. Este é o ABC do livro da vida!

5 – O atuar de acordo com a verdadeira fé é o soletrar.

6 – Atuar com o intuito de conseguir o Verdadeiro Amor e viver de acordo com estes atos e ensinamentos é a leitura do livro de vida.

7 – Com esta leitura chegamos à luz espiritual e graça divina. Deus, porém, liberta o espírito, para que ele se una ao Espírito Santo pela Graça Celestial.

8 – Nesta união conseguimos então a sabedoria, e nela o verdadeiro Amor Divino, e com ele a vida eterna. E isto é a verdadeira “maioridade do espírito”, pela qual esta nossa filha deve aspirar com todo seu ser.

9 – Mas isto está sendo um pouco difícil para ela, pois ela é um pouco teimosa no tempo espiritual de seu coração. Ela está mais atenta agora, e seu coração está mais aberto para aceitar a fé. Estou vendo alguma evolução nesta filhinha. Mas ela evolui tão lentamente, como um recife de corais cresce.

10 – Deve então unir-se mais ao coração, para crescer diariamente. Assim ela em breve alcançará o verdadeiro dia da Vida.

11 – Eu sei que ela deseja se tornar mulher, esposa e mãe. Isto lhe será outorgado, tão logo ela ficar mais esperta. Mas ela deve considerar que seu espírito é muito mais valioso que um homem. Ela deve pensar mais na evolução de seu espírito do que num homem, e só assim ela conseguirá um bom companheiro. Pois o que um coração cheio de fé deseja e quer, lhe será outorgado.

12 – Mas um coração sábio e compreensivo procure em primeiro lugar o Reino de Deus e Sua Justiça em si mesmo, e todo o resto lhe será dado de graça.

13 – Que esta lição te leve a procurar combater o mundano de teu coração, e logo te encontrarás com o que estás ávido de comer e beber.

14 – Que Minha Misericórdia, Minha Graça, Minha Bênção e especialmente todo Meu Amor, sejam céus por toda a eternidade. Amém. Isto Eu, teu Santo Pai Jesus, desejo para ti, pois conheço teu coração por eternidades. Amém.

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A força da fé

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de abril de 1847

1 – Na fé está a grande promessa e a ressurreição. Eu ressuscitei com as Minhas forças e poder próprio. É assim que todos ressuscitarão, pela força da fé que existir em cada um e conforme sua a fé se apoderou Daquele que é a própria Vida. Pois a fé tem vida própria e não precisa que alguém a ressuscite da morte, pois a fé é o despertador para a Vida em todo aquele que a possuir.

2 – E é assim que cada um viverá e deverá viver de acordo com sua fé. Pois a fé é o corpo do Amor, ela é a verdadeira alma ou a inteligência do ser.

3 – O Amor é o espírito eterno que está neste corpo. E no momento que o “corpo da fé” existir, construído por Aquele que foi, é e será a vida eterna, como seria possível que ela estivesse sem amor, sem espírito, ela que se originou no Amor que é a Vida.

4 – Aquele que acreditar Naquele que veio, vem e virá da eternidade, como sendo a verdadeira Vida originaria em Deus, o próprio Deus, alfa e ômega, o princípio e o fim, o sem princípio e o sem fim, este já tem a vida eterna em si.

5 – Ninguém consegue viver, nem temporariamente nem eternamente, sem uma crença. Se a crença for tola, assim será a vida. Estando a crença em julgamento, assim estará a vida. Quem estiver amarrado, este também o estará na vida, a não ser que o Espírito o liberte.

6 – Por isto tende uma fé verdadeira em Mim, Eu, que sou a Vida e a Ressurreição, e assim ressuscitareis em vossa fé e de acordo com a mesma vivereis eternamente. Amém.

7 – Isto fala Aquele que é a própria Vida e Ressurreição. Amém. Amém. Amém.


Fome como um açoite

Recebido por Jacob Lorber, em 11 de abril de 1847

1) Escreve. Eu não preciso de nenhuma interpelação. Eu já sei o que falta aos irlandeses. A este povo falta tudo, por isto este açoite, que é sempre melhor que a morte eterna. Quando uma pequena explicação bastar aos sábios, tu também terias que te bastar com isto, mas por causa dos irmãos, darei mais um pouco.

2) Quando Eu digo que a este povo tudo falta, quero dizer que primeiro este povo não possui a Deus, a não ser ídolos cegos da terra dos celtas e o deus Mammon (dinheiro). Os ídolos estão nas casas de orações e não podem ajudar, pois são mortos e nada valem, pois seu material é ruim e sem valor. O Mammon (dinheiro), porém, se encontra nas mãos dos usurários e na caixa do “Repeal” (Repeal é a caixa do grupo de guerrilheiros de O’Connel), que está composta de ávidos de poder e posições de destaque. Isto será uma rubrica bem horrorosa, para assinar as consignações que faltam ao pobre povo.

3) Em segundo lugar falta ao povo pessoas comuns, e isto também é uma rubrica bem poderosa. O’Donnel (que faleceu na sua viagem para Roma, em maio de 1847) era o seu melhor homem e assim mesmo não valia um centavo furado. Que podemos esperar dos outros elementos que estão com eles, no seu meio, ou que são seus subordinados, e mesmo o que podemos esperar do povo em si? O’Donnel partiu (para a viagem) e os outros morreram. O melhor será que todos acabem logo... Sorte para esta viagem sem Deus, sem pessoas e sem “dinheiro” para o outro mundo.

4) O povo pode negociar o quanto quiser, mas as consequências estão em Minhas Mãos. Jogai para o alto tantas pedras quanto desejardes, mas para que elas caiam novamente, esta é Minha tarefa.

5) Em terceiro lugar este povo não tem leis, e se algumas por acaso existirem, tanto civis como religiosas, ele não as obedece e na maioria das vezes as desconhece por completo. Em vez disto, possui uma grande quantidade de usurários e um contingente militar enorme. E a benção de tudo isto é a fome e a miséria.

6) Quando este povo conseguiu boas colheitas com as batatas (pommes de Terre), ele não mais sabia o que fazer com as mesmas: cachaça, licores, farinhas, amidos, cerveja e uma infinidade de produtos industrializados. Eu, porém, lhe tinha dado este produto como um simples alimento, que mesmo o mais pobre pudesse preparar para si. Mas já que este “pão da Terra” para os pobres começou a se tornar um artigo industrializado de luxo para enriquecer cada vez mais os já ricos, então acabei de vez com este suposto alimento para os pobres.

7) Assim mesmo havia bastante comida e dinheiro para o bem estar dos pobres, se não existisse a lei da propriedade das terras (uma lei que coloca a maioria da terra produtiva na mão de uns poucos usurários. Esta lei deve ser mantida em vigor, mesmo que com ela centenas de pessoas tenham que morrer de fome e miséria! Fazei isto! Continuai a proteger as propriedades dos latifundiários, colocai mesmo guardas em sua volta para protegê-las, permiti que milhares de pessoas morram de fome e miséria. Continuai assim, que vosso prêmio vos aguarda no mais tenebroso inferno! Maldito seja o usurário, como também as leis que o protegem!

8) Eu, porém, vos digo: Pendurai uma pedra bem pesada no pescoço do usurário e jogai-o no mar, no local onde for bem profundo. Quando alguém mata alguém, vós o condenais à morte; porém quando um usurário condena milhares de pessoas à morte por inanição, somente para satisfazer cada vez mais sua inesgotável avidez por dinheiro e poder, para este não há leis. Então vós mereceis todos morrer de fome. Continuai assim com vossa justiça, que o mundo ficará cada vez melhor aqui nesta Terra!

9) Eu acho que agora já basta. Vós já entendeis o motivo de tanta miséria na Irlanda.

10) Eu, porém, vos digo: Se o mesmo acontecer em algum outro lugar, como está acontecendo agora na Irlanda, então sua sorte será ainda pior do que a dos irlandeses, pois não existe escola melhor para os homens do que a miséria. Isto vos diz Aquele que conhece todos os povos da Terra. Amém.

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A verdadeira “Santa Ceia”

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de abril de 1847

Querido Pai, será que somente os sacerdotes ou outros religiosos das mais diversas seitas podem ofertar o Teu Corpo, no pão, e Teu Sangue, no vinho? Ou será que alguém que Te ama e tem fé pode fazer o mesmo em Teu Nome? Especialmente se este leigo que por Ti foi chamado, educado e orientado, vê que na igreja em que foi educado e criado pratica-se tudo menos a verdadeira fé e o verdadeiro amor?

1 – Na escritura está escrito “Fazei isto em Minha memória”. Quem deve fazer isto não é mencionado. Que cada um que tenha sido renascido (batizado) na água e no Espírito Santo pode fazê-lo em Meu Nome, pode-se concluir na escritura, pois ela dá o direito a todos e não somente a alguns.

2 – Se não fosse assim, o leigo não poderia rezar o Pai Nosso ou fazer outras coisas que são ordenadas no Evangelho. Eu jamais disse aos apóstolos: “...fazei isto vós especialmente, e os crentes não devem fazê-lo, pois é o mais severo pecado mortal”; mas em todos os lugares está escrito “fazei”, e isto serve a todos, tanto emissários como alunos. “Pois só Um é vosso Mestre e Senhor; vós todos, porém, sois irmãos. Só sereis reconhecidos em vosso Amor, e isto Me dirá se sois Meus discípulos”. É assim que está escrito.

3 – Quem disser que foi obrigado a fazer uma parte para obter a vida eterna, este também deve e pode fazer a outra parte. Pois aquele que não realizar totalmente a Palavra que Eu ensinei é comparável a um fruto que, por falta de sol, não conseguiu amadurecer.

4 – Mas como cada cristão verdadeiro e leal pode batizar, quando alguém estiver pronto para o batizado espiritual, então é uma obrigação para os verdadeiros cristãos preparar uma refeição de amor em Minha memória. Esta refeição deve ser de pão e vinho, mas devemos evitar que os “porcos” compartilhem nossa mesa, estes que não crêem em Mim, que se desfazem de Mim, Me negam e Me desprezam.

5 – Eu vos digo: Em verdade, em verdade, todos aqueles que Me amam se reúnem em Meu nome, comem e bebem o pão e o vinho e se lembram sinceramente de Mim; mas melhor ainda é quando alimentais vossos irmãos necessitados, isto será um real ato de amor e fidelidade.

6 – Pois tudo o que fizerdes aos pobres, estareis fazendo para Mim em pessoa. Desejais fazer algo mais santo e importante que isto? Dizeis: “Senhor, não conheço nenhum ato mais caridoso”.

7 – Este é o verdadeiro “Hoc est e mim corpus meum” (Este é Meu Corpo): que realizeis verdadeiras ações de caridade. Pois ações de caridade são Meu verdadeiro “corpo”, que foi dado para muitos, não para todos e não somente para apóstolos ou sacerdotes, e que serve para que todos obtenham a Vida Eterna.

8 – A mesma coisa acontece com o cálice de Meu Sangue, quero dizer, Minha Palavra, que deve ser distribuída entre todos os povos, assim como o sangue é distribuído a todos os órgãos e membros do corpo físico no seu estado mais puro e verdadeiro, como um vinho puro e verdadeiro e não como um vinho estragado.

9 – Se numa ceia de amor como esta Meu Nome for mencionado e for guardado em verdade no coração, então o cálice será degustado em espírito e verdade. Alguém entre vós quer mais?

10 – O que é melhor: o Amor ou a hóstia e o tal vinho consagrado? Eu falo: Onde Eu não Me encontrar no amor das pessoas e nas Minhas Palavras, lá o pão e o vinho são um zero. Mas se Eu lá Me encontrar no amor e na Palavra, lá Eu estarei como uma eterna ceia no coração, alma e espírito dos homens, sem precisar de nenhuma consagração sacerdotal. Amém.


Confissão e remissão dos pecados

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de maio de 1847

1 – Existe uma enorme distância entre uma confissão feita na igreja católica, onde os pecados são perdoados, e a que é feita no coração, para eliminar dele qualquer tipo de impurezas de quem está buscando o Meu Amor. Esta última confissão é inerente a um homem batizado em espírito e não com sal e água.

2 – No primeiro caso é realizado um ato que não consta nas Escrituras e só se busca um perdão material dos pecados. No segundo caso o pecador já há muito está puro e limpo e deve se apresentar a qualquer sacerdote racional. Ele se apresenta e diz ao sacerdote como, quando e onde ele pecou, desde quando desistiu dos pecados em Meu Nome e não pecou mais.

3 – O sacerdote então lhe dará a habitual absolvição material, após a qual o confessante poderá participar da comunhão, para satisfazer às exigências materiais externas da igreja na qual ele se encontra.

4 – Se entende bem demais e enfrenta um sacerdote tolo que lhe nega a absolvição, então deve se afastar dele com a consciência bem tranquila. Pois a quem Eu perdoo os pecados, estes já lhe são perdoados, ainda que milhares de sacerdotes não o façam.

5 – Quem for afastado não deve ter nenhum escrúpulo com respeito à comunhão. Pois aquele que Me possui em seu coração no Espírito do Amor e Misericórdia, este pode renunciar a esta comunhão cultural de sã consciência.

6 – O melhor remédio para o perdão dos pecados é não tornar a pecar, se arrepender de verdade por aqueles pecados que já fez e praticar a caridade com os pobres em Meu Nome, perdoar a todos os inimigos do fundo do coração e orar por eles em espírito e verdade. Pois se alguém lamenta ter pecado, este Me faz lamentar também que Eu ainda o castigue. A caridade, porém, encobre a maioria dos pecados. E aquele que perdoa, também será perdoado, ainda que tenha mais pecados que areia no mar e pasto na Terra.

7 – Estes são, portanto, os únicos meios de como um pecador consegue a remissão de seus pecados, sem precisar de nenhuma confissão, nem sacerdote, nem nada. É no coração, ou não haverá perdão.

8 – Porém se alguém obteve por Mim o perdão dos pecados, o verdadeiro e único em valor, por ter seguido em espírito e verdade os mandamentos e as ações prescritas no Evangelho, se desejar, pode procurar um sacerdote para satisfazer os hábitos locais, mas isto não tem nenhum valor para a dita “salvação da alma”. Este ato cultural é somente para evitar mágoas em vossa vida terrena e não faz mal algum, contanto que tenhais purificado vossos corações Comigo.

9 – Podeis fazer tudo o que o “culto” pedir, para não serdes causa de tristeza para os vossos. Pois no vosso renascimento sabeis que podeis atacar as cobras e escorpiões, e estes nada poderão contra vós, podeis beber do cálice envenenado (escutar os ensinamentos de Babel), e o veneno não vos prejudicará.

10 – Acho que isto está bem claro para vós. Agi e vivei de acordo. Amém.


Carestia espiritual e material

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de maio de 1847

1) Bem, escreve algumas palavrinhas sobre a atual carestia dos alimentos materiais .

2) Vede, por todos os tempos do mundo foi assim e sempre será assim: os alimentos materiais acompanham sempre o mesmo passo dos alimentos espirituais. Os israelitas foram frequentemente castigados com deformidades, carestia, fome e pestes, quando seus espíritos e corações se afastavam de Mim e se dirigiam a outros deuses. Na atualidade impera a miséria e a peste nos países que se afastaram de Mim. E por quê? Pela ausência do Meu Espírito.

3) Enquanto o povo da Terra se preocupava comigo, mesmo em suas diferentes seitas, e ansiava pelo Meu Espírito, então ainda existia uma grande quantidade de anjos misturados ao povo. Com isto não só as pessoas eram abençoadas, mas a Terra e as plantações também, e sempre havia uma farta colheita. Mas estas colheitas levaram o povo a pensar em industrialização — e os pensamentos concernentes a Mim quase que desapareceram!

4) Em vez das Escrituras espirituais verdadeiras, as quais foram renegadas e mesmo consideradas diabólicas tanto por Roma, como pela sociedade civil, começou-se a produzir grande quantidade de jornais e outras publicações que invadiram os lares e afastaram muitos de Mim. Novamente se adoram relíquias e se organizam procissões, fundam-se novas ordens e muitas outras atrocidades semelhantes.

5) Então se criou uma grande fome no Espírito, quase sempre precedida pela cada vez maior carestia do alimento espiritual. Os anjos se retiram do solo da Terra cada vez mais, pois a escuridão crescente que se estabelecia na Terra lhes causava grande nojo, e a prostituição das pessoas, especialmente dos romanos, lhes causava uma enorme aversão. Podemos, pois, entender que o solo terráqueo, cada vez mais abandonado pelos obreiros espirituais, começasse a enfraquecer e como consequência produzir colheitas cada vez mais escassas.

6) No ano passado (1846) Eu estraguei a produção de batatas em alguns lugares, e vejam, toda a Europa está se lamentando. O que acontecerá quando Eu também limitar a colheita do trigo, milho e arroz, o que muito provavelmente farei, se os homens permanecerem nesta sua escuridão, prostituição, mau comportamento e avidez em tudo industrializar, esquecendo-se de Mim cada vez mais. Aí sim, ouvireis e lereis sobre grandes lamentações, grande miséria e grande desespero. Vossos cabelos ficarão de pé!

7) Eu pensei mesmo em enviar a cólera, mas isto Me causou pena, pois descobri bastantes pessoas bondosas entre alguns povos. Mas ao mesmo tempo descobri um número bem maior de usurários, diretamente surgidos do inferno. E estes diabos, que ainda são larvas humanas, devem sentir Meu castigo de acordo com seu sacrilégio. Por isto todo tipo de desgraça deve acometer a Terra. Enquanto esta corja não enfraquecer e a Terra não ficar mais luminosa, Eu não abençoarei o solo terráqueo, a não ser naqueles locais habitados por pessoas que verdadeiramente Me abrigam em seus corações e creem que Eu estou com elas e que Eu as alimentarei e manterei mesmo com apenas um pouco de pão.

8) Não temais vós esta época de penúria, não! Enquanto confiardes plenamente em Mim, não passareis fome. Se possuirdes pouco, Eu abençoarei este pouco e tereis fartura. Mas se vós, mesmo conscientes de Minha benção, continuais a vos preocupar e vos perguntar: “O que comeremos? Com que nos vestiremos?” Então Eu permitirei que vós vos preocupeis de fato e Me afastarei um pouco. Podereis estocar tanta comida quanto puderdes, e assim mesmo passareis fome, como se nada tivésseis comido por semanas.

9) Pois, como em todo o universo, aqui o importante é Minha benção. Por isto, permanecei confiantes em Meu Amor. Aconteça o que acontecer, Eu nunca vos abandonarei e vós não sentireis fome, nem espiritual nem materialmente. Mesmo se Meu servo (Jacob Lorber) viajar, Eu sempre estarei entre vós, abençoando-vos enquanto permanecerdes em Minha Ordem.

10) Prestai atenção: nada de preocupações, lamentos e queixas, pois enquanto Eu estiver entre vós, nada vos atingirá! Não podeis ser tristes, abatidos ou medrosos, pois isto seria uma demonstração de vosso coração que estaria dizendo: “Vede, o Senhor aqui Se encontra, mas Ele dorme e não deseja nos ajudar”. Eliminai este pensamento, pois onde Eu estou deve haver alegria total e feliz entrega à Minha Vontade. Se for assim, Eu estarei governando estes corações e estas casas. Amém.

Quem vos diz isto sou Eu, vosso Deus que vos abençoa, vosso Pai e Senhor. Amém.

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Carestia espiritual e material - continuação

Recebido por Jacob Lorber, em 16 de maio de 1847

1 - Bem, escreve mais algumas palavras.

2 – A vossa cidade (Graz) também sofrerá, pois aqui já existem uns bons bocados de pobres, porque os ricos, de uma certa forma, tudo lhes tomam, para construir uma fortuna para os seus filhos que já são bastante ricos e que não querem tirar nada, ou só o mínimo, para os pobres. A estes lhes serão tomados os herdeiros, para que os pobres os herdem. Eu, porém, vou tratar os ricos de tal maneira, que eles se tornarão débeis e se arrastarão de joelhos até a Cruz.

3 – De certo serão os pobres os primeiros a serem atacados, para dar ao rico a oportunidade de ficar com piedade. Se ele assim ficar, seu castigo será bem mais leve. Se ele não tiver piedade, então sim a cólera, como uma faxineira, iniciará a limpeza com milhares de foices, agindo entre eles (os ricos) sem dó nem piedade, e ela deve cortar mais de mil molhos de feno.

4 – Para diminuir os pobres e proteger a riqueza dos ricos, planeja-se limitar o casamento dos pobres, e em grande escala. Ó isto é o mais maldito produto do inferno, é uma obra satânica, isto é a razão da peste.

5 – Com a proibição dos casamentos e da correta e honrada maneira de procriar filhos (já que o instinto existe), como também com a violenta mortandade dos animais selvagens nas florestas, a recepção dos elementos da natureza o agrupamento das almas libertas em etapas superiores está sendo dificultado. Quando estas almas libertas que iniciam sua redenção em cogumelos, esponjas e mofo tiverem escalado os degraus de evolução e acharem o próximo sendo de pouca monta, não podendo ser totalmente acolhidos, então elas se reúnem, para formar um ser parecido com um homem. Começam a vagar pelo mundo, apoderam-se dos homens e dos animais, para tentar conseguir uma etapa mais elevada. Mas como estas almas ainda estão muito imaturas, eles trazem morte a todos dos que se apoderaram.

6 – Elas preferem os humanos, pois acham que com eles encontram o caminho mais curto para sua total libertação, o que é um grande engano, pois ainda possuem uma inteligência totalmente materialista. Mas como os humanos são os culpados por estas aparições (devido a seu egoísmo), Eu permito que eles sejam castigados no que mais sentem, tanto espiritualmente, como na carne.

7 – Vede, este é o infame motivo de toda peste, a que prefere habitar os países no oriente, pois lá a procriação correta do humano é tolhida de forma tirânica, às vezes até com a prática de mutilações.

8 – Mas se na Europa, ainda um pouco melhor, as devastações para satisfazer as grandes indústrias de alguns ricos e o ato de redenção dos espíritos naturais for totalmente banido do mundo, então as consequências destruidoras não demorarão a aparecer, e os que conseguirem sobreviver que tirem uma boa lição e saibam que Eu não criei a Terra para as indústrias, muito menos para os ricos, mas somente para a redenção dos espíritos naturais que nela estão aprisionados.

9 – Prestai atenção: A Minha finalidade para a Terra é totalmente diversa da que Satã e seguidores que querem para o mundo.

10 – As doenças das batatas já foi um pré-aviso. O que aconteceu a este legume foi, pela Minha Misericórdia em relação aos humanos, para protegê-los. Isto acontecerá logo com os mesmos ricos, se eles não se tornarem melhores e não modificarem seus sentimentos para com os pobres.

11 – A receita que o irmão recebeu é boa. Mas mesmo assim, no momento certo, Eu te darei uma muito melhor (*).

12 – As cidades mencionadas já possuem um plano bem elaborado para a diminuição dos casamentos e por isto deverão ser dignamente premiadas. Desta vez serão especialmente castigadas, em toda a Europa, com destaque para todas suas cidades industriais.

13 – Mas tudo isto pode ser bem suavizado com orações e boas ações para com os pobres, especialmente lá onde os casamentos não estiverem tão elaboradamente reprimidos. Isto vos sirva de advertência e exemplo a seguir. Amém.

(*) “A Cura pela Luz do Sol” – Nesta mensagem se encontra esta receita e também na minha tradução: “A Cura”. A tradutora


A verdadeira arte de viver

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de maio de 1847

1 – A virtude é a do ser humano completo ao escolher livremente o bem e então, sem se deixar levar a enganos, agir com fidelidade e firmeza. Se algum ser humano conseguiu adquirir esta aptidão harmônica, na qual ele unificou todos os seus desejos e necessidades, e se ele agir de acordo, então ele será um virtuoso.

2 – Mas se alguém ainda não conseguiu chegar a este ponto de madureza e somente lá de vez em quando agir como Eu quero, mas em outras ocasiões parecer uma água morna sem vida, então ele é alguma coisa isoladamente, mas no total é um nada. Se um que é totalmente virtuoso só diz: “Eu sou um servo inútil”, o que poderá dizer esta pessoa que é ainda tão corroída pela sua tibieza? Esta de longe ainda não é virtuosa, mas sim um coitado de um ignorante em tudo o que faz ou deixa de fazer. Ele é qual jardineiro que enche seu jardim com plantas que são fáceis de criar, mas que não dão qualquer fruto.

3 – As plantas já estão organizadas de tal maneira (para a educação do homem), que aqueles que menos precisam do esforço do jardineiro são os que dão muito pouco ou nenhum fruto, ou então frutos nocivos para o ser humano. Isto acontece também com a pessoa que, após ouvir os ensinamentos do Evangelho, faz alguma caridade, mas deixa muito sem fazer.

4 – O reino vegetal da vida eterna é parecido com um rico pomar que é muito semelhante às árvores frutíferas que nele crescem com boas raízes, um tronco bonito e firme, verde, com galhos e ramagens altaneiras, cheias de folhas e uma flor; mas e o fruto...? Onde está o fruto? Uma semente ínfima que a brisa pode levar é o que se obtém desta árvore, semente esta que nem mesmo serve para uma boa semeadura. A lenha não é boa para o fogão e serve muito menos para a construção de casas, e muito menos para móveis e utensílios. Estas árvores são plantadas à beira de riachos e lagos, para que elas - em grande quantidade e com suas raízes, o único atributo bom que possuem - protejam as margens da destruição, quando houver uma tromba d´água. Mesmo esta função às vezes elas não desempenham.

5 – Assim é o homem que realiza uma função muito bem, mas deixa de realizar outras. Não passa de uma árvore inútil que, devido aos galhos baixos que possui, só pode ajudar Judas Iscariotes a cometer suicídio, mas de resto não presta para quase nada.

6 – Quem quiser ser virtuoso deve observar tudo, não pode deixar de lado nada do que o Evangelho prescreve. Que ele não seja um ouvinte inútil ou somente um meio-obreiro da Palavra, mas sim um obreiro completo da mesma. Então ele será como um jardineiro que muito ativamente e sem receio não recusou nenhum trabalho; e seu cuidado será recompensado de sobejo mil vezes mais. Ele não é igual àquele agricultor tolo que plantou em seu pomar árvores que pouco empenho e trabalho exigem, mas cujos frutos os ventos levam.

7 – Ele não se igualará a estas árvores infrutíferas, mas sim será semelhante a uma videira nobre que com suas plantas poderosas dará uvas maravilhosas de sabor incomum e de sumos espirituais, dos quais são preparados - por todas as eternidades e por Meu Pai e Senhor da videira - o Meu vinho,. O amor para Amor, o coração para o Coração, a vida para a Vida, o Espírito para o Espírito.

8 – Virtude é uma palavra enormemente importante. Viva aquele que a possui. Este se tornou um verdadeiro testemunho da vida, ainda em vida.

9 – Quanto esforço uma pessoa gasta para tornar-se um artista no mundo. Passa anos praticando com afinco, muitas horas, a fim de conseguir sua meta artística no mundo. Mas se uma pessoa consegue realizar tal esforço para obter um progresso material, porque então não se esforça para obter esta maravilhosa e infinitamente mais elevada maestria da Vida Eterna. Posso vos dizer que isto é milhares de vezes mais fácil de se conseguir.

10 – Para isto ele não precisa ser contorcionista nem violentar seu físico, não precisa estragar seus olhos, intestinos e pulmões. Ele só precisa esforçar um pouquinho sua memória. Tudo se baseia na fé, naquilo que a Palavra ensina, e com a certa vontade amorosa no desejo de ouvir e seguir a Palavra. Com uma pequena e suave prática, todos podem se tornar em seguidores amadurecidos de primeira classe .

POIS MEU JUGO É SUAVE E MEU FARDO LEVE.

11 – As leis da escola da vida são extremamente fáceis de entender e de seguir. Por que é que elas são tão pouco respeitadas? Porque parece que elas ferem o amor próprio, enquanto que todos deveriam reconhecer, com os olhos vendados, que cada um que se esforça seriamente em alcançar o Reino de Deus está realmente criando, com cada irmão, uma nobre árvore frutífera no pomar de sua vida. Esta lhe produzirá os frutos mais ricos e saborosos por toda a eternidade, pois certamente não se transformará em uma árvore infrutífera, já que de Deus tal qualidade de árvore jamais poderá acontecer.

12 – Livrai-vos, pois, de todas estas pérolas insignificantes e inúteis, se desejardes achar ou mesmo conseguir a compra da grande pérola verdadeira. Tornai-vos verdadeiros jardineiros, não vos torneis árvores estéreis; tornai-vos, porém, videiras carregadas de frutos e assim sereis verdadeiros Mestres da Vida na escola da Vida. E Eu, vosso Senhor Deus e Pai, Me alegrarei com os magníficos e maravilhosos produtos de Vida de Meus amados filhos. Amém.


O Imperador e Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de maio de 1847

“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” – Mateus 22-21

1 – Na atualidade existem muitos no mundo que não conhecem as fronteiras entre o que é de César e o que é de Deus. Sim, existem até alguns que, neste sentido, são republicanos: contra Deus e contra o imperador. Não vamos falar sobre estes, pois aqueles que não querem reconhecer nenhum poder acima de si mesmos já se bastam, já alcançaram o mais alto grau de devaneio, do qual só conseguirão evoluir com muita dificuldade e aplicando todo o rigor em si mesmos.

2 – Egoísmo, amor próprio, presunção própria de autograndeza e sabedoria pífia, em outras palavras um puro estoicismo no mais simples sentido da palavra, são um verdadeiro ácido para o espírito. Aquele espírito que estiver envenenado por estes sentimentos acima mencionados dificilmente conseguirá saber a distância entre suas obrigações para com Deus e para com César.

3 – Por isto o que está sendo dito aqui seja somente para aqueles que procuram mas não conseguem encontrar o caminho certo, pois muitas coisas mundanas enganosamente os impedem.

4 – Para apagar este ponto enganoso, vamos apresentar uma curta explicação da diferença de obrigações que existem entre César e Deus e o que o homem deve dar a um e ao outro. Então ouvi e prestai bem atenção ao que o Senhor diz.

5 – O homem está composto de: espírito, alma e, temporariamente, um corpo material. A alma é o homem propriamente dito, estando entre o espírito e o corpo. Ela deve se preocupar, com sua compreensão e seu tirocínio, tanto pelo espírito eterno como pelo corpo temporário.

6 – O que o espírito precisa, e o que o corpo? Isto já é de sobejo de vosso conhecimento e seria muito cansativo e repetitivo, se aqui apresentássemos todos estes conhecimentos já dados e várias vezes repetidos. Bem, então vamos só ao que é essencial, e isto de modo bem resumido.

7 – Dai ao espírito o que é de mais puro espiritual, e ao corpo o que é necessário ao mesmo; mas seguindo a Ordem, para que o espírito não fique prejudicado. Bem, para cada um, espírito e o corpo, o que é seu.

8 – Duvido que não consigais ver de imediato que tudo o que vem do espírito - a Palavra de Deus, a Fé, o Amor e a total confiança em Mim, o Senhor - é o mais puro espiritual e pertence ao Espírito.

9 – Mas comida, bebida, vestimenta, habitação, arte e ofício, enquanto necessários para conseguir a manutenção do corpo, pertencem ao mesmo e a ele devem ser dados de maneira que seja capaz de recebê-los na medida certa. O alimento e a bebida à sua maneira, a roupa somente para sua utilidade, tal qual a moradia, o aprendizado e a prática da habilidade, para que a arte e o ofício possam ser exercidos de forma natural e correta.

10 – Vede, aqui estão lado a lado Deus e César, e cada um de vós facilmente pode ver o que, como homem bem espiritualizado, deve dar ao outro.

11 – Mas da mesma maneira que estas duas obrigações se comportam numa pessoa, elas se comportam entre Mim, Deus e Senhor e um governante mundano, o qual é empossado somente por Mim, para governar somente a matéria. E este não tem absolutamente nenhum poder, a não ser o que lhe foi emprestado por Mim, o eterno Senhor de todo Poder e Força. Este poder emprestado pode ser doce ou amargo, de acordo com o que as pessoas precisam para sua evolução, se boas ou más.

12 – Todo governante é e sempre será um chicote em Minhas Mãos. Cabe a cada pessoa lhe dar, pois, tudo aquilo o que lhe deve; o que lhe deve, efetivamente, para manter seu próprio corpo.

13 – Mas quanto a ela e seu espírito, nenhum governante deve se intrometer. E se o mesmo extrapolar seus direitos e querer impor ideias e exigências aos homens, então encontrará nisto seu julgamento.

14 – Mas se um monarca encarcerar o espírito da pessoa pela força física e quiser lhe impor o que ela Me deve e por direito Eu tenho a receber, então permito que ela se dedique assim mesmo ao governante, para que não o zangue. Mas no coração desta pessoa ele não tem participação nenhuma e ela Me dá tudo aquilo que Me é de direito. Eu encontrarei um meio seguro de julgar o governante como ele merece, devido à violência que usou contra as pessoas, desperdiçando o poder por Mim recebido.

15 – Nenhum dos vassalos do governante deve ousar fazer um julgamento do mesmo pelas suas próprias mãos, pois este julgamento só pertence a Mim.

16 – Fazei tudo o que puderdes em favor do governante e orai constantemente por este irmão que está em tão alta, mas difícil posição de provação. Assim tereis feito pelo mesmo tudo o que está em vossas mãos e, demonstrando amor ao próximo, indiretamente tereis dado a Deus o que Lhe é devido.

17 – O que está abaixo ou acima disto é pecado. Quem, por ser bajulador ou por intenções egoísticas, adorar formalmente ao governante, fingindo ser patriota, este estará pecando, pois estará dando ao governante além do devido respeito. Quem o servir com declina também está em pecado. Equipara-se a uma pessoa que constantemente ataca seu corpo com ideias suicidas. Aquele que dá demais ao governante se iguala a alguém que só encontra prazer no seu corpo e só pensa em satisfazê-lo. Então ambos são pecadores, cada qual a sua maneira.

18 – Desta explanação cada um de vós saberá definitivamente o que deve a César e o que a Deus, e como é fácil distinguir entre estas duas obrigações, pois estas se reencontram totalmente nos dois grandes mandamentos do Amor.

19 – Fazei assim no espírito do evangelho, que aqui está presente, e vivereis felizes no mundo e na eternidade. Amém.

Uma carta para uma filha no “dia santo” de seu nome

Recebido por Jacob Lorber, em 28 de maio de 1847

1 – Eu pedi ao Senhor que me desse umas palavrinhas para passar a minha irmã no seu dia, mas Ele nada me quis falar. Só me disse o seguinte:

2 – Como podes tu, tolo, Me usar constantemente como “felicitador” para dias de santos? Por que é que este “dia santo” (do nome) deve servir para que Eu dê mensagensinhas extras para tuas meninas? No dia do nascimento do corpo tudo bem, mas poupe-Me destes tolos dias santos (do nome) que vós inventastes. Eu já te disse que estes dias Me são extremamente desprezíveis, mas mesmo assim sempre vens com o mesmo pedido.

3 – O que é o tal “dia santo” (do nome)? Vê, este é o primeiro dia da vaidade; primeiro para os pais, pois eles não sabem que nome bonito podem dar a seu filho ao ser batizado, depois para a criança, quando esta conseguir entender como o seu nome é bonito.

4 – Por favor, não Me venhas novamente com um dia de tanta vaidade, pois senão Eu vou te felicitar, mas não de uma maneira suave e alegre. Lembra-te disto e te comportes no futuro, quando estiver se aproximando um tal dia santo do nome.

5 – Eu já te dei umas mensagens nestes dias, devido à tua ignorância inofensiva, porém na ocasião não tinham sido reveladas as “dez letras” da obra principal (Criação de Deus -Vol. 1 capítulo 3, 12 e apêndice). Mas no momento em que elas já estão se revelando, então exijo de ti e de cada um que tomou conhecimento das mesmas uma reflexão exata do motivo pelo qual Me procura.

6 – Eu não serei mais severo, mas sim mais exato. Eu darei a esta filha uma mensagem, mas em outra ocasião, o que lhe será bem mais útil. Mas no dia do santo do nome não direi nada, a não ser Minha Bênção de todos os dias.

7 – Além disso, exijo que cada um que desejar ouvir uma Palavra ou um conselho Meu se interiorize em seu coração e Me peça, a Mim e não a ti, pois senão acharão que só por ti receberão Minha Misericórdia e que tu só precisarias dizer: “Senhor, faze isto ou aquilo”, e Eu deveria dançar ao som de tua música.

8 – Isto Eu não farei mais. De agora em diante deves te deixar ser atraído por Mim, se desejares evoluir. Mas se tu ou outros quiserem mais explicações sobre a Palavra, então sim, como sempre, estarei disposto a elucidar todas as dúvidas. Mas para o dia do santo do nome, jamais.

9 – Bem, então para tua irmã tenho algo diferente, mas só se ela Me perguntar carinhosamente. Eu então te exortarei a dar-lhe a mensagem, mas de outra maneira, não. Põe isto na tua cabeça definitivamente. Amém.

10 – Veja bem que como é que eu consegui uma boa reprimenda do amado e honroso Senhor. Observe bem isto toda vez que desejar alguma coisa do Senhor.

11 – Peça-Lhe com muito amor e seriedade, e com certeza Ele vos dará algo. Desta vez, porém, você deve se satisfazer com a minha boa vontade, e eu com a reprimenda.

12 – Siga, pois, meu conselho, se desejar alguma coisa do Espírito de Deus. A mim, considere-me como um instrumento mudo que está sempre disposto a servir aos irmãos em nome do Senhor. Isto lhe diz, à senhora, no dia do seu nome, o seu irmão em Cristo −o Senhor .

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Tu me amas? Gostas de Mim?

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de maio de 1847

1 – Primeiro pergunto: Ó Senhor, amado e santo Pai, Tu me amas?

2 – Resposta: Certamente, milhões de vezes mais do que tu Me amas, Minha filhinha. Pois Eu, teu Deus e Pai, Me preocupo por ti a todo instante e por toda vida. Tu, porém, não pensas em Mim com tanto afinco, mas sim só de vez em quando, somente quando é do teu desejo. Se Eu fizesse contigo o que fazes Comigo, ó filhinha, tua vida já teria acabado há muito. Só disto podes ver que Eu te amo milhões de vezes mais do que tu a Mim. Acho que com isto te esforçarás em amar-Me cada vez mais de agora em diante.

3 – Segunda pergunta: Tu, querido e santo Pai, Te zangas comigo, se todos os domingos vou à casa de minha tia, para me divertir um pouco?

4 – Resposta: Sim, Minha filha, isto de fato não Me agrada muito, pois então adquires muitos sentimentos mundanos, pelos quais, como o correr do tempo, poderás Me esquecer mais e mais; e muito Me doeria, se um dia te tornasses totalmente infiel.

5 – Por isto, seria mais de Meu agrado se tu não te deixasses levar à casa da tia, mas sim se só de vez em quando visitasses tua tia, da qual, além de um lanche, só recebes ninharias. Mas se tu, em vez de ir sempre à casa da tia, viesses a Mim no teu coraçãozinho, Eu poderia servir-te coisas muito melhores que tua tia, que é muito fútil e vaidosa.

6 – Vê, Minha filha, com o teu “ir à casa de titia” regularmente aos domingos Eu não concordo totalmente, mas não te proíbo de maneira alguma de ir. Podes fazer o que te causa alegria. Pois saibas: a Mim não causa alegria um amor forçado e exigido; o único amor que vale é o livre e espontâneo.

7 – Quando Me preferires, livremente, à tua tia, isto Me causará grande alegria. Mas se Eu te obrigasse a isto, Eu não teria alegria alguma com teu sacrifício. Da mesma maneira que não sentirias nenhuma alegria, se alguém te amasse somente quando tu o forçasses a isto. Vê, é idêntico ao que acontece Comigo.

8 – Os que mais Me agradam são aqueles que vêm a Mim livre e espontaneamente, que Me possuem sempre em seus corações e me amam acima de tudo e de todos. A estes Eu amo acima de tudo e para eles abro os cofres de meus tesouros no Céu.

9 – Faze tu assim, Minha querida filha, e em pouco tempo crescerás em Meu Grande Amor e verás quão bom e quão rico sou Eu, que sou teu verdadeiro Pai, e quanto Eu posso dar aos que Me amam acima de tudo.

10 – Observa isto bem, no teu coração, Minha filhinha, e em curto prazo estarás morando no Meu Coração de Pai. Isso Eu digo e prometo, teu amado Pai. Amém.

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Um horror para Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de maio de 1847

Então Ele lhes disse: “Vós sois pessoas que vos colocais como justos frente aos homens. Deus, porém, conhece vossos corações! Pois o que é visto como grande para os humanos, para Deus é um horror”. Lucas 16-15

1 – Com estes textos certamente muitos poderosos e humildes já se escandalizaram, pois naturalmente ele se refere a pessoas e não a objetos ou animais. E com certeza este texto deve ser um horror para os homens de alta linhagem e de poder no mundo material; estas palavras lhe soam pior que uma música bem desafinada.

2 – Mas, a despeito disto, esta afirmativa não pode ser anulada e declarada sem valor. Este texto é uma pedra que os construtores comuns desprezam, ou contra a qual eles se atiram com violência e com isto se ferem horrivelmente, ou ainda pior, esta pedra cai sobre eles e os destrói.

3 – Em muitos países − como França, Espanha, Países Baixos e outros − esta pedra já caiu na cabeça (tanto material como espiritualmente) de construtores que se imaginavam superiores e poderosos e os destruiu terrivelmente junto à sua ilusão de superioridade.

Diablos autem nom impace suam habet réquiem (o diabo não tem paz, nem no descanso). É por isto que estas pessoas não ficam mais espertas com estas provações e experiências. São iguais aos pardais que se sentam no mesmo galho onde um caçador os dizimou pela metade a poucos minutos passados.

4 – Sim, Eu valeria muito mais junto aos poderosos, se Eu não tivesse dito o texto acima. Mas como Eu o falei, sabendo bem que os poderosos do mundo não o apreciariam, Eu os incomodo. Como consequência, afirmam que tenho pouca moral e habilidade política, pelas quais permitem a Divindade somente por causa do povo. E a esta Divindade oferecem cerimônias divinas, cheias de ouro e esplendor. E por causa deste povo e desta “gentalha” muitas vezes organizam festividades, para angariar dinheiro para si. Mas o seu coração está tão afastado de Mim, como uma estrela polar no mais longínquo canto do Universo.

5 – Por isto Eu sempre lhes digo: Ai de vós, fariseus orgulhosos, vós que mamastes moscas, mas engolis camelos, a vós esta pedra vos acertará com força tríplice. Ai de vós, vós desconfiados, poderosos, que vos considerais superiores e poderosos e aprisionais com vossa violência o espírito e a carne dos pobres e pequenos. A vós esta pedra vos alcançará com uma força dez vezes maior e vos esmigalhará, como a tormenta esmigalha uma ervilha sem valor.

6 – Aguarda, tu fariseu, que te imaginas poderoso pelo teu dinheiro e que copulas nos prazeres do mundo, tu que bates em teus servos até os matar, só porque eles se reconhecem como seres humanos! Teu julgamento será derramado sobre ti qual ferro incandescente. Veremos se serás capaz de Me responder uma só pergunta entre mil.

7 – Mas aqueles que devem ser poderosos no mundo por causa do povo, tais como imperadores, reis, príncipes, duques e outros governantes, a estes este teste não atinge, se eles não o desprezarem. Mas se o desprezarem, então o texto também lhes servirá, mesmo que tenham sido ungidos por Mim como Meus governantes.

8 – Porém todos aqueles que se consideram poderosos e que não foram ungidos nem material nem espiritualmente, os que são ricos em dinheiro e propriedades, ou ricos em sabedoria mundana, ou em outras habilidades que lhes trazem dinheiro ou outras regalias e honrarias, como todo tipo de doutores, professores, poetas, atores, músicos e pintores de renome, se forem invejosos e caluniadores em toda sua canalhice, estes tolos quanto mais se acharem poderosos e superiores e quanto mais desprezarem seus irmãos, quanto mais destruirão a si e a seus próximos; um verdadeiro horror para Mim, o Senhor.

9 – Toda perfeição só vem de Mim e deve ser considerada como uma dádiva de Meu Espírito. Quem a utilizar como um bem e como um proveito para seus irmãos (próximos), os que não usarem esta habilidade para conseguir bens materiais e honrarias mundanas, para este a perfeição será uma verdadeira bênção temporal e eterna. Mas aquele que usar esta dádiva para proveito próprio, este está pecando contra o Espírito Santo e é de fato um horror para Mim, Eu, que lhe dei tal dádiva.

10 – Soberanos e governantes devem fazer o máximo para serem homens que se orientam de acordo com o Meu Coração, em Espírito e Verdade. Os ricos devem ser verdadeiros administradores para os pobres. Os doutores (estudiosos) devem apegar-se à Minha Dádiva. Os artistas devem Me honrar em suas obras. E todos os mestres da Terra devem Me reconhecer como o único Mestre em todos os assuntos, então eles estarão em Minha Ordem.


O poder do fraco

Recebido por Jacob Lorber, em 31 de maio de 1847

Uma pequena estória como exemplo:

1 – Havia uma viúva cujos três maridos vieram a morrer em poucos anos. Ao ficar viúva pela terceira vez, ela, muito triste, começou a cogitar se deveria tomar mais um marido. Alguém a cortejaria pela quarta vez.?

2 – Ela ficou meditando sobre o assunto por sete dias. No oitavo dia o seu coração venceu a mente e ela concluiu: “Se eu me casasse com um quarto marido, tenho a certeza de que este morreria em curto período, pois eu tenho muitos atrativos apaixonantes, e estes matam os meus homens. Por isto prefiro ficar viúva até o fim de meus dias, e nenhum homem deverá morrer pelos meus atrativos. Assim será e nenhum homem sofrerá por mim. Eu não presto para eles”.

3 – No nono dia, porém, apareceu um pretendente e a pediu em casamento. A viúva observou sua resolução e disse ao pretendente: “Amigo, o que tu desejas de mim? Será que eu também devo te causar a morte? Não ouviste que, em curto espaço de tempo, os três de quem fui esposa morreram? Pois eles não conseguiam se opor aos meus atrativos, apesar de serem homens bem fortes e saudáveis? Tu, porém, és fraco e me desejas para esposa. Não cairás como vítima de meus atrativos já nos primeiros dias?”

4 – Mas o fracote lhe respondeu com palavras cuidadosas: “Bela mulher! Eu conheço muito bem o destino dos três homens de quem foste esposa e de quem és viúva. Veja porém, eu não sou como teus três maridos foram. Teus atrativos não me afetarão, pois eu me conheço, tão bem como tu te conheces. O que levou teus três homens para a morte, me levará para a vida. E tu não deves ser responsabilizada se eu morrer ao teu lado. Mas eu te digo: Vê, levarei teu corpo à sepultura, e não tu o meu. Trata de experimentar e vais te convencer que eu, “ o fracote”, sou muito mais forte que teus três primeiros maridos que agora estão na sepultura e que morreram por causa de teus atrativos.”

5 – Ao ouvir isto do fracote, a viúva se escandalizou em seu coração e disse a este pretendente: “Tudo bem, já que és um inimigo de tua vida, toma minha mão e morre. Eu sou tua mulher, tua morte”.

6 – O homem tomou a mão da viúva e a apertou contra seu peito e disse “Decerto que a morte está em ti, teu sangue é veneno, peste é teu hálito e tua carne é como a da serpente. Mas mesmo assim não me darás a morte”.

7 – Quando passou um ano de casada, a mulher foi abençoada com sua primeira gravidez e muito se surpreendeu que o marido fracote tivesse conseguido onde os três fortões tinham falhado, pois sempre morriam na tentativa.

8 – No segundo ano, mais uma gravidez, outras no terceiro e no quarto. A mulher se admirava do vigor de seu marido, mas em curto tempo ela adoeceu e veio a morrer.

9 – Quando iam enterrar a mulher, o marido se opôs. Mandou abrir o caixão e colocou sua mão sobre o coração da mulher; este começou a palpitar, e em poucos instantes a mulher reviveu.

10 – E o homem fracote assim falou para a mulher revivida: “Vês agora quanta força existe num homem fraco? Ele não morreu e não morrerá eternamente, mas ele ainda consegue ressuscitar aquela que já era morta, com sua mão e seu coração”.

11 – A mulher saiu da sepultura, pulou, dançou de alegria em volta de seu homem com poderes tão maravilhosos e disse: “Quem és tu, que consegues fazer algo que ninguém conseguiu antes?”

12 – O homem respondeu: “Eu sou o Alpha e o Omega, a quem tu o Mundo, por tanto tempo desprezaste”. Mas justamente Aquele de quem tão pouco esperavas, foi justamente Ele que te deu o que tanta falta sentias, aquilo que os outros, que tinham teu coração e aos quais causaste a morte, não conseguiam te dar. Tu, que foste ressuscitada, que estás novamente viva e que não mais morrerás, de Mim procriaste frutos vivos; então que revivam aqueles que por ti morreram. Que assim seja!”

13 – Esta pequena história só deverá ser revelada e explicada com mais clareza mais tarde. Amém.


O artístico relógio da torre

Recebido por Jacob Lorber, em 04 de junho de 1847

1 – Numa torre bem alta, numa cidade, o príncipe mandou instalar um relógio luxuoso. Como a torre tinha oito faces, ele mandou colocar um mostrador em cada uma, para que qualquer um conseguisse ver a hora exata, não importando lugar onde se encontrava.

2 – Junto ao horário exato, segundos. Inclusive o relógio também informava a data, a fase da lua, à posição de outros planetas, a duração do dia desde o nascer ao por do sol e as quatro estações do ano. Mas claro que todas estas informações estavam em mostradores colocados abaixo do relógio, que só indicava a hora.

3 – Ao lado destes mostradores, este relógio também possuía um carrilhão que marcava os quartos de hora e hora completa, e tudo isto era comandado por um único mecanismo. Para encurtar a historia, este relógio procurava inutilmente um igual a ele em todo o mundo.

4 – Mas o ponto que realmente o tornava extraordinário não era todos os serviços que ele prestava, nem o seu valor artístico, mas sim que tudo era originado por um único mecanismo perfeito. Isto era o maravilhoso neste relógio.

5 – Quando um estranho chegava à cidade, o relógio era a primeira coisa que lhe chamava a atenção. O estranho sempre perguntava quantas cordas, pêndulos ou pesos este relógio possuía. Quando lhe era dito: “ Só um.”, ele respondia: “ É impossível! Tantas informações em um só mecanismo? Não, não, isto é totalmente impossível!”

6 – Mais um estranho chegava, olhava o relógio, o admirava e era surpreendido quando lhe eram ditos todos os serviços que o relógio realizava. Ele opinava que cada mostrador deveria ter seu próprio mecanismo, e que a torre deveria estar entupida de diversos relógios. Mas quando lhe era informado só existir um único mecanismo, ele ficava furioso e achava que estava sendo gozado. Ele então se afastava e não perguntava mais sobre o relógio.

7 – E mais um estranho chegava e perguntava pelo mestre que tinha construído tal relógio. Quando lhe respondiam: “ O mestre desse relógio era um cidadão bem simples, nós não sabemos nem mesmo se ele sabia ler e escrever ”.

8 – Esta resposta correta levava o estranho a ficar furioso e logo se afastava, pois ele não tinha vindo para ser considerado um idiota, ao suporem que ele acreditaria em tal tolice.

9 – E muitos vieram e muitos perguntaram, mas quando queriam dar-lhes explicações mais claras eles diziam raivosos: “ Até termos visto isto com nossos próprios olhos, não podemos acreditar no que dizeis”.

10 – Vede, eles iam sendo levados à torre. E quando viam as inúmeras rodas, engrenagens, alavancas, cilindros, ganchos e milhares de mecanismos e conexões, eles ficavam malucos e gritavam: “ Quem consegue entender e ver esta obra? Nenhum ser humano pode ter feito isto! Para realizar tudo isto, centenas de anos são necessários!”. E estes estranhos se afastavam totalmente furiosos.

11 – Só poucos insistiam que a obra lhes fosse explicada, mas, com exceção de pouquíssimos, não consideravam o estado daquele “Mestre-Universal” como um motivo de escândalo.

12 – O que nos ensina esta parábola? Qual é seu significado íntimo? Pensai bem sobre isto e procurai as verdades nela contida, até encontrardes a grande verdade. Amém.

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Um noturno

Recebido por Jacob Lorber, em 05 de junho de 1847

1 – Vê, muitos poetas mundanos escrevem “noturnos” e não têm nenhum motivo para isto. Então Eu vou escrever um “noturno”, pois tenho muitos motivos para isto.

2 – O que é em verdade um “noturno”? É uma peça noturna, ou uma peça que só se apresenta de noite. Uma peça como esta não é difícil de fazer ou de apresentar, pois em toda a Terra reina a noite mais profunda, e tudo que nela acontece é um verdadeiro “noturno”.

3 – Se eu chegar aos homens pelo espírito de Meu Amor, este Me levando em si, ele sempre chega ao mais noturno dos homens. Existem alguns que têm fé, mas eles não vivificam esta fé pelas suas obras e têm pouca ou quase nenhuma confiança nesta sua fé solitária por Mim. Esta é a razão de existir tanto “noturno”.

4 – Outros não acreditam em nada, fazem tudo que têm vontade e colocam toda confiança na prata, ouro e ações bancárias. Isto de longe é mais “noturno”.

5 – Outros têm fé, são cheios de boa vontade e anseiam trabalhar. Têm muito amor e confiança, mas só enquanto seu corpo estiver cheio de saúde. No momento em que Eu visito a sua carne, aí o “noturno” toma conta deles totalmente. A fé ainda continua por certo tempo, mas o amor e a confiança que têm por Mim, estes vão acabar de imediato e se transformarão no mais “lindo” noturno. Eles começam a se lamentar e em seus corações, confiam tanto quanto confiam num médico que, invés de alegrar-se em curar seus pacientes, alegra-se em mandá-los para o outro lado. Tenho certeza de que isso é um noturno totalmente verdadeiro.

6 – Existem outras pessoas que falam entusiasmadas sobre Mim e na confiança que têm em Mim, quando o vinho ou a cerveja os entusiasma para isto. Mas quando este espírito desaparece, aí Eu Me torno um chefe seco de seus corações, então seu entusiasmo não é mais do que uma fala que prega amor em todos os lados, mas a confiança deixa de ter a firmeza de um diamante. Isto por acaso não é um noturno?

7 – E quando Minha palavra é tratada com tanta rispidez e com tanta secura, como são as areias do deserto do Saara, na África, mas ao seu lado existe uma coisa tão tola como desprezar uma fonte de águas curativas, isto é um verdadeiro “noturno”; quando consideramos o lixo como um ouro e o mais puro e verdadeiro ouro, um simples objeto. Sim, isto é um verdadeiro solo de noturno.

8 – Quando as pessoas vão à casa de oração por hábito ou por política e lá ou dormem, ou observam e criticam seus pares, jogam olhares cheios de desejo às garotas e estas aos barbados, nem se lembram que Minhas casas são casas de oração e não de desfiles de moda, nem são hotéis, nem motéis. Não acham que isto é, mais uma vez, um real noturno?

9 – E o noturno com excelência acontece quando a igreja se diz cristã, cobra somas enormes para realizar ou ofertar serviços e cerimônias e leva à execução aqueles que por ventura não conseguem pagar. Isto acontece frequentemente, quando um irmão morre, lhe é ofertado o chamado serviço caridoso (como, por exemplo, o enterro e as orações) e logo se descobre que o morto não tinha dinheiro e seus herdeiros (que não sabiam de sua situação financeira) não queriam enterrá-lo como indigente ou suicida. Então o servidor da igreja chega e lhes apresenta a conta, tal qual um açougueiro no fim do ano apresenta a conta a uma família que serviu durante o ano todo. Não vos parece isto um pavoroso noturno?

10 – E o que é isto, quando os poderosos afastam a luz de seus irmãos, usando todo tipo de violência? Isto é com certeza um noturno especialmente violento.

11 – Noturno sobre noturno em todos os cantos da Terra. Noturno na religião, noturno na ciência, noturno na fé, noturno no amor por Mim e ao próximo, noturno em toda a atividade e no lazer, noturno no comércio, na amizade, na fidelidade, no cumprir das promessas, noturno na perseverança para o bem e o verdadeiro. E muitos, muitos outros noturnos mais!

12 – Por isto recebem os humanos a mesma quantidade de noturnos, vindos de Mim. Suas orações são para Mim noturnas, e Eu não as ouço. A grande miséria universal, noturna, Eu não a reconheço. Seus lamentos e aflições noturnos, Eu não os vejo. Epidemias, fome e pestes noturnas, Eu não quero tomar conta de tudo isto. A perspectiva de uma vida eterna no Meu reino – um noturno muito poderoso que é acompanhado de choro e ranger de dentes – Eu nem Me importo com isto. E há mais noturnos originados na Minha dor.

13 – Noturno, noturno... Prestai atenção para que nenhum noturno penetre em vossa comunidade (congregação), pois então Eu precisaria contra atacá-lo com outro noturno. Observai isto com todo o vosso coração. Amém.


Mundo, templos e serviços religiosos

Recebido por Jacob Lorber, em 05 de junho de 1847

1 – Vamos nós também fazer alguns “aforismos”, mas naturalmente de uma forma bem extraordinária. Escreve, pois:

2 – As casas se estendem, as cidades florescem, e estradas de ferro - acarretando espíritos libertos das amarras das águas (vapor) - transportam lastros e cargas enormes, como se tivessem asas ao vento.

3 – Para que isto seja possível, os corações - que são a única morada do Senhor - estão sendo terrivelmente destruídos. Ninguém quer se dar ao trabalho de colaborar com um único tijolo para a construção da única “Cidade de Deus”. Esta colaboração, que tão pouco esforço exige, consiste em obras cristãs de amor ao próximo e em manter em boas condições os caminhos que Eu construí. Esta conservação dos caminhos é para evitar que os caminhantes que os trilham não sejam engolidos pela lama do mundo que se instala onde muito se circula.

4 – As indústrias são devidamente construídas e exploradas, para matar mais depressa o espírito e, se possível, destruir a semente já bem enfraquecida da vida eterna. Do contrário, nada se ouve. Não existem fábricas onde se manufaturam produtos de amor cristão, de humildade, de mansidão, produtos que levam à vida..; não, somente há produtos do inferno, da morte de Satã.

5 – Artistas, cientistas e pesquisadores viajam tanto pelo mar como por terra. Eles viajam aos montes, de todas as maneiras e para todos os lados. Qual será a razão de todo este esforço? Isto não é difícil de adivinhar. O que rima com “Welt”? (welt = mundo em alemão). Vede, sim, é “Geld” (geld = dinheiro em alemão). Sim, o dinheiro, este maldito é que move todos os sábios, pesquisadores e artistas por terra e mar. E nenhum deles viaja a Terra por fins mais elevados: amor a Mim e amor ao próximo.

6 – A honra mundana, pela qual antigamente se realizavam ações até bem raras, também está à beira da morte. Isto não é de se lamentar, pois ela muitas vezes fazia com que irmão combatesse irmão, e incontáveis “Cains” mataram “Abéis”. Mas esta mola-mestra para ações horripilantes já está quase que completamente destruída. O dinheiro ocupa hoje o lugar da honra; quem possuir o dinheiro, a este tudo é permitido, até a vida eterna. Mas tal deve ser provado, o que só é possível a poucos e impossível a muitos.

7 – Ornamentados estão os templos e igrejas romanas com terras e cúpulas. O seu interior é uma exuberância de ouro, prata e pedras preciosas. Das torres, os sinos soam a cada hora, ou em ocasiões determinadas ou mesmo extraordinárias, nas semanas, nos dias e nos anos. No interior ressoam os órgãos e às vezes clarins, trombetas e flautas. Cantores competem entre si para ver quem consegue emitir o som mais longo ou forte, prejudicando seus pulmões e cordas vocais. E as multidões se acotovelam no seu interior, quando missas acontecem em “Minha honra”. Todos aviados em vestes douradas, após terem sido muito bem pagos, usam vinhos caros, defumadores e outros itens variados, para ofertar-Me o “Sacrifício”. Estas missas são para os romanos o mais maravilhoso, o mais digno, o mais honroso e único serviço do Meu agrado que podem Me prestar, e quanto mais caro e pomposo, tanto melhor.

8 – Pobre gente, pobre hábito, pobre tempo. Onde se encontra escrito: “Devei ter casas de oração com torres ornamentadas com ouro, prata e pedras preciosas, e usar o badalo dos sinos caríssimos, a sonoridade dos órgãos, trombetas e clarins, tambores e flautas e outros tipos de barulhos, para Me honrar.” ? Terrível tolice querer Me honrar assim e, pior ainda, por dinheiro.

9 – Está muito pior do que quando o profeta Isaias disse: “Este povo me honra com os lábios, seu coração está muito longe de Mim”. Mas isto ainda seria bom, se fosse possível dizer somente isto sobre o povo romano. Mas hoje devemos dizer: “Este povo Me honra em igrejas fechadas por muros e terras, por meio de badaladas e sons com órgãos e todo tipo de flautas, com o tocar de campainhas e outros sons estranhos, com bolsinhas e cordões, com incenso e velas ardentes, com vestes douradas por dinheiro, ouro e prata, por vinhos e carnes em todos os sentidos.” Com os lábios, pouco louvor se dá. Para isto existem sinos e outros instrumentos. Para que cansar os lábios? Só se faz de conta e se acrescenta um pouquinho de latim.

10 – De coração nem se fala mais, nem se pergunta se está perto ou longe de Mim. Pois este não Me conhece, jamais Me conheceu. Ou será que muros e torres, sinos e órgãos, bolsinhas e cordões, ídolos dourados ou qualquer tipo de talhas, velas e candelabros, lâmpadas, altares, pias de água benta, vestes douradas e todo tipo de instrumentos “bentos” possuem um coração?

11 – Ó tempos, hábitos e pessoas! Onde conseguistes chegar, vós loucos, vós cegos, vós coitados, vós mortos em todos os sentidos? Por acaso é isto que é orar a Deus em espírito e verdade? Despertai, não torneis tudo pior do que faziam os mais horríveis pagãos da antiguidade!

12 – Quem se atreve a dizer: “Eu conheço o Deus todo poderoso, a santa Trindade, o Eternamente Fiel”, e Ele só quer ser louvado em latim e pelo dinheiro!” ? Isto é verdadeiramente o cúmulo da mentira!!

13 – Aquele que Me conhecer em seu coração como Deus e Pai, este só Me louvará em seu coração com amor, assim Me louvará em “Espírito” e “Verdade”. Pois Eu, como Pai e Deus, sem Meu Santíssimo Espírito, só moro no coração daquele que Me conhece pelo que Eu sempre fui em toda a eternidade e como tal Eu Me apresentei, quando caminhei pela Terra.

14 – Se esta é a única e eterna verdade, o que será o resto, todas as torres e templos, igrejas, sinos, órgãos e flautas, tambores, trombetas e timbales, missário, incenso e defumadores, sininhos e campainhas, bolsinhas e cordões e todo resto de lixo idólatra?

15 – Tenho certeza que cada um de vós achará a resposta facilmente. Bem, nada mais sobre toda esta parafernália das trevas e da eterna morte. Amém.


Um líder popular falso

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de junho de 1847

1 – Vê, Meu servo amado, é assim que a Terra recompensa aqueles que colocam o evangelho na matéria e procuram sua salvação na mesma, e quando obtêm esta salvação fictícia, a expõem aos seus próximos sob fardos enormes, os quais eles colocam sobre seus próprios ombros somente se deste gesto advirem honrarias ou lucros materiais muito significativos, ou se estes fardos lhe forem impostos tal à cangalha aos bois, por um juízo superior.

2 – O que foi deste aqui [o Pai se refere a Daniel O’Connell, um líder católico irlandês (1775 – 1847), que pregava violentamente a separação da Irlanda católica da Inglaterra protestante], cujo nome é pronunciado com mais respeito que o Meu na Terra? O que foi de toda esta sua glória mundana, pela qual tão avidamente trabalhou, e de suas grandes riquezas, as quais conseguiu ampliar feito um Salomão? O que lhe resta agora de suas falas arrogantes, de seus discursos ultramodernos, de seu espírito temeroso de jesuíta, do qual sempre foi constituído?

3 – Nada além das honrarias materiais, que são a publicação de seu nome e seus feitos, jamais até o momento em que os leitores se cansam. Quando o assunto não dá mais nenhum proveito aos jornalistas, ele ainda poderá acontecer em várias biografias lidas por muito poucos, em pequenos lugares altos nos livros de história; e algum escultor pagão fará seu busto ou estátua, por um alto preço, enquanto seu coração se torna pó em algum recipiente em Roma e o resto de seu corpo é incinerado na Irlanda! (segundo as últimas determinações de O’Connell).

4 – O mais extraordinário que ainda lhe poderá acontecer é que seja considerado santo por Roma, seu nome acontecer em alguma liturgia irlandesa, e sobre a mais inútil forma seja exclamado pela boca dos cegos: “Santo O’Connell, rogai por nos”.

5 – É o máximo que poderá lhe acontecer como prêmio da Terra, nada além! Mas o que acontecerá com estes grandes espíritos jesuítas do mundo no verdadeiro e vivo mundo dos espíritos é bem possível concluir a qualquer ser que tenha um pouquinho de luz.

6 – Eu vou mostrar isto com um exemplo bem simples. Este homem fez tudo para separar a Irlanda de seus governantes legítimos da Inglaterra, para então dominá-la com a lei dos jesuítas. Pergunto portanto: Quanta vida existe para um espírito no despotismo?

7 – Este homem era muito rico em dinheiro e em propriedades, porém nada fez durante o período da fome e da miséria, nada do que Eu determinei ao discípulo rico. O que foi que Eu disse aos apóstolos naquela época, quando o rico se afastou chorando, pois Eu tinha ordenado a distribuição de seus bens entre os pobres e lhe ofereci um tesouro celestial com este gesto? Tenho certeza de que a parábola do camelo e do buraco da agulha te é bem conhecida.

8 – O homem (O’Connell) só procurava a glória mundana, a que lhe foi outorgada em grande quantidade. Como fica, porém, esta glória frente a Mim?

9 – Nas escrituras consta: “ Aquele que deseja ser o primeiro, que seja o último e um servo para todos. ” Era este homem assim? O mesmo que, com sua sabedoria e esperteza, tentou destruir o parlamento inglês como se esmaga uma mosca? Aquele que a todo instante se gabava que com um só gesto seu milhões estariam dispostos a dar suas vidas por ele? Tenho certeza que isto mostra o grau de humildade que ele possuía, sem a qual ninguém obtém a vida eterna.

10 – Se este homem não possuísse a luz, não seria tão grave. Mas ele possuía a luz e virou seu rosto para as trevas, voluntariamente, somente para fortificar sua fama mundana. Pergunto: “Quanto de vida eterna aparece aqui?”

11 – Correto, muitas coisas são possíveis no Meu reino, que seriam completamente impossíveis entre vós. Mas o que Eu afirmei sobre o camelo e a agulha, fica dito por toda a eternidade, e um camelo com certeza passará muito mais facilmente por uma agulha, do que um advogado brilhante como este entrará no reino dos céus.

12 – Eu não impus que este homem fosse um perdido, só pelo que Eu disse. Mas tu e teus seguidores e irmãos devem saber que tudo aquilo que Eu falei vale para a eternidade. Minha palavra é eternamente uma, seu efeito é independente do homem que não a segue, apesar de conhecê-la. Este homem estará se colocando, a si mesmo, no julgamento.

13 – Se este homem tivesse tido amor por Deus e pelo próximo, obediência e humildade em relação aos seus governantes mundanos legítimos, não importa se eles foram bons ou maus, se tivesse predicado tudo isto e se, principalmente, tivesse levado o povo a confiar em Mim, lhe tivesse mostrado como se apossar da cruz, carregá-la e Me seguir para ganhar a vida eterna, ai sim seu nome estaria escrito com letras douradas no livro da vida. Como está agora, seu nome encontrar-se-á, de vez em quando, escrito em preto e branco em algum artigo do mundo material; mas no livro da vida, há pouquíssimo sobre ele.

14 – Sobre os “impostos da independência” e os altos banquetes que aconteciam nas reuniões não existe nada escrito na Bíblia, a não ser as comilanças dos glutões ricos, mas as consequências no Além foram horríveis. Esta é a razão que morrem tantos de fome. Devem morrer de fome tantos glutões e seus “apóstolos da liberdade” quantos comeram demais nestes encontros mundanos. O castigo vem a galope. Este irlandês, porém, foi um dos mais terríveis, e com isto a vara poderosa não podia deixar de entrar em ação.

15 – Eu, porém, atuo sempre da mesma maneira. Quando Eu pareço estar o mais longe possível, aí Eu Me encontro bem pertinho, premiando ou castigando. E quando alguém se sentir bem seguro de si mesmo, ele deve orar por Mim, para Eu o premiar ou castigar.

16 – Ai daquele que tem, como acontece com este homem, mas se cala frente à miséria de seu próximo e se afasta do mesmo, tanto fisicamente como espiritualmente! De Mim ele não conseguirá fugir; nós nos chocaremos no lugar certo.

17 – E isto seja dito eternamente: Neste “choque” Eu não Me machucarei, mas ele será totalmente destruído; pois tudo que é duro, grande e pesado terá que sofrer algo duro, grande e pesado, agora e na eternidade. Amém.

18 – Isto digo Eu, Aquele que tem em sua Mão direita tanto a espada quanto o prêmio. Amém.

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Preguiçosos

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de junho de 1847

1 – Quem é preguiçoso, colherá os frutos que lhe são de direito, colherá algo como o prêmio daquele que enterrou o seu talento.

2 – Todos aqueles que não observam a Palavra da Vida do começo até o fim são preguiçosos; sim, são aqueles que não desejam encontrar em si mesmo o poço de Jacó com a água verdadeira para o batismo espiritual, para o renascimento do espírito e para a vida eterna.

3 – Aquele que deseja angariar bens terrenos e é bem ativo a este respeito, este é o maior preguiçoso no Meu Reino. E se conhecesse de cor, palavra por palavra, toda a Escritura Sagrada, isto até que não lhe seria mal, mesmo se o fizesse porque o mundo considera tal sujeito “elegante” e “honroso”, o qual assim obtém algumas utilidades mundanas. Mas ele observa Minha Palavra somente até que ela lhe seja útil para seus desejos mundanos, e o que não o é ele simples e frequentemente ignora com a desculpa: “ O Senhor certamente não quis dizer isto! E se Ele de fato falou isto, decerto não conhecia as pessoas, ou não podia prever como seria a situação na Terra”.

4 – Eu, o Senhor, respondo a isto: Para ti, tu, preguiçoso materialista de Meu Reino, Eu quis dizer exatamente o que tu achas que Eu não queria dizer! Tu, horrível preguiçoso, te pareces exatamente com aquele tolo que construiu sua casa sobre a areia, e quando chegou a tormenta e a chuva forte bateu na mesma, esta caiu e não deixou nem rastros, e não existe um só indicio do lugar onde ela se encontrava. É assim será com tua curta vida material em relação à eternidade: nem um indício de sua existência, pois na Terra tu eras (para Mim) um terrível preguiçoso e tolo leviano e construíste a Casa de Tua Vida na areia, ao invés de na rocha firme.

5 – Existem inúmeras pessoas trabalhadoras para assuntos mundanos. Buscam o que devem fazer e como devem administrar seus bens, como trabalhar tudo para receber juros e como colocar seus dinheiros de forma a estarem seguros, mas dando-lhes lucros; e eles até rezam para Mim, a fim de que Eu abençoe copiosamente suas iniciativas e atividades, para ficarem cada vez mais ricos. Para conseguir isto, eles praticam um pouquinho de caridade, mas tudo isto não os desata de sua preguiça espiritual.

6 – Eles permanecem e de fato são duplamente preguiçosos, porque ainda assim querem obter Minha Bênção, para que ela lhes proporcione mais e mais lucros, o que triplamente mata seus espíritos, sendo a primeira morte ainda neste lado. Pois seus sentidos são o mundo, todo o resto que eles representam é mentira. Eles não vivem segundo a Palavra, o que significaria para eles a vida eterna. Mas mesmo quando algumas vezes seguem certos trechos da Palavra, mesmo isto fazem somente pela felicidade terrena, e como consequência seus espíritos já morrem completamente neste mundo. Mas se o espírito já está morto no e para o mundo, ele já é eternamente morto para o Céu.

7 – Bem, estes honrados e aplicados trabalhadores do Mundo, são, no entanto, os maiores preguiçosos para o reino do céu. Lá serão expulsos para as mais longínquas regiões trevosas, lá, onde estão depositados talentos a favor do mundo, desfalcando o Reino do Céu.

8 – Porém ainda existem outros preguiçosos, aqueles que nada fazem nem para o mundo e muito menos para o Espírito. Estes são os assim chamados “vagabundos e canalhas”, “indolentes e desleixados”. Este tipo de preguiçosos do ponto de vista espiritual, ainda que inúteis para o Reino do Céu, estão bem melhor que os primeiros. Pois o mundo em geral há muito não lhes é importante, e o que ainda lhes possa ser importante lhes será tomado facilmente pela pobreza que eles próprios se causarão.

9 – Em segundo lugar, muitos destes “vagabundos” possuem um coração de ouro e, se tivessem os meios, eles tornariam todo o mundo feliz (segundo suas crenças). A pobreza que logo advirá os tornará aquelas pessoas raras que mui facilmente se voltam para Mim, pois o “mundo” jamais foi um imã para seus corações.

10 – Em terceiro lugar estes “indolentes” são grandes amigos da felicidade e da amizade, além do que são muito “mão-abertas”. Se a pobreza que vem a seguir lhes curar da tolice mundana que ainda existe em seus corações, ao sentirem a maldade das pessoas materialistas, se afastarão do mundo cheio de amarguras e voltarão seus corações para Mim. Eu vos digo, eles comerão a Minha Mesa, para que se realize o que os fariseus diziam de Mim: “ Vede, este diz ser o Messias. Ele anda com pecadores, aduaneiros (cobradores de impostos), prostitutas e adúlteros e é Ele mesmo um profanador do Sabat!”.

11 – Mas isto não Me atinge em nada, e Eu faço o que bem entendo e falo sempre aos Meus servidores. Já que os convidados não querem vir, então que permaneçam fora por toda a eternidade. Vós, porém, ide às ruas e vielas, aos muros e praças, e trazei cá para dentro todos que encontrardes, toda a “canalhice”! Dos convidados que não querem vir nenhum degustará o Meu Alimento Vivo, a não ser que se encontre no meio dos pobretões e vagabundos, lá fora, nas ruas, vielas e muros.

12 – Tu, figueira podre, que nada carregaste a não ser galhos (obras para o mundo) - e quando Eu cheguei a ti, cheio de fome, não tinhas uma só fruta do Puro Amor para Me satisfazer - sê amaldiçoada. Que ninguém jamais possa comer um único fruto teu no Reino da Vida.

13 – Semelhantes a esta figueira são todos aqueles preguiçosos sobre os quais falamos aqui em primeiro lugar. Assim cada um destes preguiçosos levará sua vida eterna espiritual, e sua sorte será igual a da figueira, enquanto permanecer nesta sua preguiça espiritual.

14 – Uma terceira categoria de preguiçosos para Meu Reino é a dos muitos cientistas mundanos, aqueles que se aprofundam em todo tipo de ciência, não pela evolução cientifica, mas sim para obter um simples ganha-pão. Estes se parecem às virgens tolas que só foram comprar o óleo para sua lamparina quando o noivo já se aproximava da casa, ou àquela que pedia óleo em todas as portas.

15 – Vós dizeis: “Enquanto vivermos aqui, devemos fazer o que o mundo exige de nós, para que ganhemos o pão nosso. Quando estivermos do outro lado, se de fato houver um outro lado, faremos o que é do lado de lá”. Mas Eu, o Senhor Jesus, vos digo: “Aí já será tarde demais, pois quem aqui não pedir, bater à porta e procurar, a este nada se abrirá no lado de lá, a não ser portais das trevas”.

16 – O que for o amor de cada um, isto será o seu verdadeiro “do lado de lá”.

17 – Isto fala aquele que colocou o julgamento - tanto para a vida como para a morte - em Sua Palavra, por toda a eternidade. Amém.

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Da santidade do casamento

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de junho de 1847

Fala Ele: Foi por causa da dureza de vosso coração que Moises tolerou o repúdio às mulheres, mas no começo não era assim. Ora, vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimonio falso, e esposa uma outra comete adultério. E aquele que esposa uma mulher rejeitada, também comete adultério. Seus discípulos disseram-lhe: “Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!”. Respondeu Ele: “Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Pois há eunucos que o são desde o ventre de suas mães; há eunucos tornados assim pelas mãos dos homens, e há eunucos que a si mesmo se fizeram eunucos por amor ao Reino dos Céus. Quem puder compreender que compreenda”. Mateus 19-8-12.

1 – Neste trecho do Evangelho será tratado especialmente o adultério e tudo aquilo que pode ser considerado como tal; isto quando as regras do casamento tenham sido claramente pré-estabelecidas, pois sem esta regulamentação e o conhecimento da mesma, o adultério não existe e deixa de ser um pecado.

2 – Aquele que for totalmente incapaz para o casamento por algum dos motivos expostos em Mateus cap. 19 versículo 12, este também será incapaz de praticar o adultério, pois é completamente incapaz de procriar. Mas aquele que é capaz de procriar, não importa se é solteiro ou casado, será um adúltero se tiver relações sexuais com uma mulher casada, não importa se ela convive com seu marido ou se está separada do mesmo.

3 – Isto também vale para uma mulher, tanto solteira como casada, ao ter um caso com um homem casado. Exceção se faz se a mulher deste for comprovadamente infértil. Neste caso o homem - com o consentimento de sua esposa legal - pode se relacionar sexualmente com outra.

4 – A mulher casada, no entanto, comete adultério toda vez que tiver um caso amoroso com outro homem, a não ser que o marido tenha um dos impedimentos mencionados no Evangelho e a mulher não os conhecesse antes de se realizar o casamento; ou ainda, se o homem tiver se castrado após o casamento sem o conhecimento e aprovação da mulher. Mas se isto acontecer de forma violenta ou por outros, não importa as razões para isto, a mulher se tornará adultera se ela - sem o conhecimento, consentimento e vontade do infeliz homem - procurar um outro companheiro para ter relações sexuais. Mas se o marido desejar e exigir isto, a esposa não cometerá adultério se tiver relações sexuais com um homem solteiro ou viúvo puro. Se, porém, este homem fosse casado, aí sim, ela estaria cometendo adultério.

5 – Mas se a mulher no caso acima (impedimento previsto no Evangelho ou castração involuntária do marido) tivesse relações sexuais só para satisfazer seu desejo carnal, não importa com quem, ela além de cometer adultério também cometeria o pecado da prostituição e da impudicícia. Seria por isto submetida a três castigos na época de Moises e seria castigada pelo fogo.

6 – Se um solteiro praticar a impudicícia com uma solteira e ambos evitarem a consumação de uma fecundação, estarão cometendo o crime de assassinato infantil, e os seus descendentes apresentarão o castigo a eles destinados. Se por acaso tiverem um filho no futuro, o homem deverá prover a este filho três quartos das necessidades do mesmo. Deverá fazer de tudo para casar-se com a mãe da criança, ou, se isto for impossível, tentar de tudo para que ela consiga um marido. E ele (o pai) não deverá se casar antes que ela (a mãe) tenha se casado. Mas se ele então abandonar a garota e se casar com outra, ele terá que se livrar deste ato de adultério, mas será no inferno.

7 – Se um solteiro ou um viúvo prometer amor a uma garota, mas a seguir se casar com outra mulher, isto também é adultério; a não ser que a garota o tenha abandonado, então ela é que estaria cometendo adultério, pois tinha assegurado seu amor ao homem.

8 – Aqueles, porém que vivem no assim chamado celibato livre às escondidas (casados com relações livres não consentidas pelo cônjuge) e não são castros, mas mantêm relações sexuais com mulheres e garotas, estes são os maiores adúlteros, pois eles estão a quebrar seus juramentos. Pois cada vez que se quebra um juramento ou promessa, se comete um adultério ; a não ser que isto tenha sido feito à força, então não tem valor algum (casamento obrigado, em geral arranjado pelos pais). Este julgamento forçado só terá valor se o homem ou a mulher o aceitarem mais tarde, espontaneamente, ou se uma lei mundana o exigir para o bem geral.

9 – A alguns é preciso um castigo físico, para se convencer que não é mais possível o ato de procriar.

10 – Mas, dirá alguém: “ Uma pessoa sadia jamais entenderá por que os homens devem ser tão tolhidos justamente neste assunto, o qual contraria o clamor da Natureza! Para urinar e defecar não existe lei nenhuma, e estas também são atividades desagradáveis que a natureza impõe. Só para este ato, o de copular, uma imposição da natureza, há tantas regras e leis capazes de nos levar à loucura”.

11 – Eu, porém, vos respondo: Justo neste ponto é que as palavras do Evangelho se aplicam: “Quem desejar compreender que compreenda!”.

12 – Não é por acaso o homem o ponto culminante de toda a Criação? Se isto é a incontestável verdade, como que sua geração poderá ser realizada por um ato totalmente indiferente e comum?

13 – A geração dos animais está em julgamento e não pode acontecer a não ser na mais severa ordem. A geração do humano, porém, é totalmente livre. Nela deverá ser colocada a primeira semente de liberdade no embrião, do qual nascerá um homem livre. Como será possível conseguir este fim tão divino, se neste primeiro e tão importante ato, o qual representa o mais elevado, for com ele permitido praticar todo tipo de imoralidade? No urinar ou defecar nada é criado, mas no ato da procriação estamos tratando da gênese do mais elevado ponto de toda a Criação.

14 – É a maravilha de todas as maravilhas! Trata-se do Homem Livre, que é destinado a ser eternamente um Deus, para morar com o Deus e realizar as obras de Deus.

15 – Um ato tão importante e de tanta grandeza deveria ser realizado sem nenhuma ordem, sem nenhuma regra? Ó tu, mente humana tão pequena e curta, tu, que te denominas sadia e, no entanto, estás coberta de chagas e tumores!

16 – O casamento é a primeira ordem na qual o homem deve ser criado, se quiser se habilitar a entrar numa ordem mais elevada e evoluída. O casamento é a união livre de dois corações, duas almas, dois espíritos, da qual se originará a grande união Comigo e em Mim, como fim de toda a Criação e Ser.

17 – Como e quando isto será alcançado, se o primeiro ato da criação - a colocação da semente - não for realizado num casamento bem estruturado e organizado, com a procriação desejada e bem organizada?

18 – Bem, entenda quem puder entender! Na luxúria, impudicícia e prostituição da carne, no maior dos adultérios, no “pecado do pecado”, muito mais dificilmente poderá ser criado um fruto para Deus! Pois Eu, Deus, o Senhor, sou a mais perfeita Ordem de todas as ordens, e não posso permitir que o homem, sendo o fim de Minha Criação, seja procriado como sapo no brejo.

19 – Entenda isto quem puder entender! Amém.

Nota: O Pai não toca na questão do contrato em papel feito pelos homens, mas sim em “ união livre de dois corações, duas almas, dois espíritos”. Duas pessoas vivendo maritalmente, tendo assim ambas acordado voluntariamente, são casadas perante Deus, independente de existir contrato de casamento assinado ou não, especialmente se o laço de união entre ambas é mantido apertado pelo amor. Cada vez que se quebra um acordo, juramento ou promessa feito espontaneamente com o cônjuge (companheiro(a) sexual casado no papel ou não), há traição, comete-se um adultério.

Se foi rompido um acordo, juramento ou promessa de casamento formalizado em papel ou apenas em uma união matrimonial voluntária, ambos estão livres para refazerem suas vidas, caso para nenhum dos dois haja dúvida quanto ao rompimento definitivo e irrevogável.

A relação sexual plena entre casais solteiros deve ser norteada pelo amor, não apenas pela lascívia (satisfação do desejo carnal), muito menos pela impudicícia (experimentos e práticas sexuais exagerados) ou prostituição (sexo visando lucros ou vantagens pessoais). O ideal é que a relação sexual seja evitada e só ocorra quando ambos estiverem comprometidos por uma união matrimonial já consumada ou por consumar-se em breve. Importante também é se prevenir e programar toda gravidez.
Queixas tolas

Recebido por Jacob Lorber, em 14 de junho de 1847

1 – Algumas pessoa se queixam e dizem: “Senhor, nós oramos para Ti, Te pedimos coisas que achamos boas e certas, e Tu te comportas como alguém que tem problemas auditivos ou que é surdo! Tu deixas que tudo aconteça ao léu e parece que não Te importas nem um pouco por nós. E tudo fica no velho “dolce far niente”. Os anos passam, e as estações dos anos, tudo na mais completa ordem. Cada ano produz seus velhos frutos, às vezes com fartura, outras vezes com escassez, e os homens continuam a ser os mesmos pecadores. Os grandes e poderosos praticam a guerra, e os pequenos têm atritos toda a vez que acham por bem. E cada um luta para obter as maiores vantagens possíveis em todas as oportunidades.

2 – Em vez da Luz que nos prometestes, só aumentam as trevas (em assuntos espirituais) por todos os lados. Cada vez mais se constroem templos para idolatria e as imagens têm cada vez mais importância. Elas já conseguiram Te expulsar quase que totalmente. E vão Te expulsar cada vez mais, e colocarão no Teu lugar os ateus ou os mais absurdos supersticiosos, afastando totalmente Teus verdadeiros seguidores.

3 – Vê, Senhor, isto tudo Tu observas com olhar indiferente, e parece que nem Te importas. Ó Senhor, que poderá resultar disto? Estamos caminhando para o abismo, se Tu não tomares mais conta de nós, o que parece acontecer até hoje em dia”.

4 – A estas queixas Eu dou a seguinte resposta: Tens razão se estás a considerar o assunto somente no seu exterior. Mas no intimo, em relação ao Espírito e à Verdade, tudo é muito diferente. As pessoas oram e pedem com os lábios, por e para de tudo um pouco, pelo que lhes parece bem e correto, porém seus corações não estão Comigo, mas somente com aquilo pelo que oram e pedem. Esta é a razão por que não lhes dou o que Me pedem nem aquilo pelo que oram, para que não se afastem mais de Meu Coração.

5 – Assim, exteriormente, tudo permanece como antes e segue seu caminho na sua justa ordem. Como reagiria a humanidade, se Eu fizesse modificações violentas na forma externa da Criação? Se Eu, por exemplo, acabasse com todas as frutas conhecidas e colocasse outras novas, totalmente desconhecidas em seu lugar? Quem se atreveria a comer destas frutas novas e desconhecidas? Quantos morreriam de susto, temor ou desgosto, e quantos de fome?

6 – Que horror seria para os sentimentos fracos das pessoas, se Eu fosse um “renovador”, um “inovador”, se aparecesse com uma novidade a cada dia na Minha Criação? Por motivo de vossa fragilidade, tudo deve permanecer como era na antiguidade. Se um pequeno cometa já assusta as multidões, e se a escuridão os atemoriza, que faríeis se de repente vísseis seis luas ou três sois? Como já foi dito, eis a razão pela qual tudo deve permanecer como é.

7 – Que as pessoas são como sempre foram, isto também é verdade. Mas não é melhor que as pessoas sejam como sempre foram no exterior, do que se estivessem sempre a se revoltar e dispostas a arrancar as cabeças daqueles que não seguissem os ideais de tais “progressistas”!? Já existiram tais pessoas e tais tempos, mas quem os congratula? Quem gosta da inquisição da Espanha e da revolução francesa?

8 – Que a Luz Espiritual não está tão fartamente presente, isto se deve a cada pessoa individualmente. Pois o espírito acontece em cada pessoa no seu intimo, não para o publico no seu exterior, como acontece com a luz natural do Sol. Individualmente e no intimo ela - a Luz - se apresenta para cada um e aumenta lentamente para aquele que a procura com afinco. Em todos e para multidões ela jamais poderá acontecer, pois ela deve ser procurada e encontrada individualmente e no intimo.

9 – Que são construídos templos idólatras e que em vez de diminuírem eles aumentam cada vez mais, isto Eu sei muito bem. Eu também sei que na plantação de trigo existem mais ervas daninhas que trigo. Mas isto já foi predito no Meu Evangelho, de que o inimigo semearia mais ervas do que trigo, mas lá também consta o que aconteceu, acontece e acontecerá com estas plantações.

10 – E tu, filho do homem, podes concluir como a queixa que apresentas é leviana, inconsequente e infundada, e a partir da qual desejas exigir que Eu preste contas. Eu estou sempre disposto a vos prestar contas pela Minha administração doméstica, e vós não conseguireis responder uma única das centenas que vos apresento. Mas como seria se Eu vos pedisse contas da vossa administração doméstica? Conseguiríeis Me apresentar contas satisfatórias? Eu duvido muito.

11 – Por isto não vos queixeis nem vos lamenteis sobre Minha administração doméstica, pois esta acontece na maior Ordem. Mas em vez disto, vivei segundo Meus Ensinamentos, que logo descobrireis a Minha Ordem verdadeira e certa e alcançareis assim a vida eterna. Amém.


Um passeio nas montanhas

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de junho de 1847

1 – Um amigo da Criação peregrinava por muitos vales lindos e lá desfrutava de belas visões e grandes alegrias. Os mais bonitos, na sua opinião, eram os cortados por riachos ou os que possuíam lagos, bem como aqueles rodeados por montanhas altas. Grandes planícies ou locais que existiam cidades grandes não atraiam nosso viajante.

2 – Por isto que ele desejava subir em uma ou outra montanha e de seus cumes ter uma visão diferente e exuberante da paisagem, porém ele jamais conseguia achar a coragem suficiente para tal empreendimento. Sempre achava que não teria “pernas” suficientes para a escalada, ou que o tempo não estava firme, ou então que o guia não era suficientemente competente, ou que a escalada era difícil demais, ou que a mata era densa demais (matas estas que geralmente já começavam ao pé da montanha e às vezes se estendiam até 5.600 pés de altitude), e muitos outros obstáculos similares.

3 – Porém um dia, ao chegar a uma localidade muito bonita que ficava no sopé de um monte bem alto e extremamente belo, sentiu um enorme desejo de escalar o mesmo com guias confiáveis e experientes e assim ver, após suas muitas viagens, a paisagem do alto, coisa que montanhistas declaravam ser um dos pontos máximos de suas vidas.

4 – Bem, tomou a decisão e começou os preparativos, pois não mais desejava desistir do intento. “Bem, lá vamos nós.”; disse o viajante. “Monte, em pouquíssimo tempo colocarei meus pés no teu topo, e eles te dominarão apesar de minha fraqueza. Um mortal te conquistará, a ti, que existes altaneiro pela eternidade; estenderá olhares desde ti, e usufruirá uma vista negada desde sempre.”

5 – Os guias estavam prontos e equipados com todo o necessário. O viajante se entregou aos seus orientadores, e corajosamente todos iniciaram a subida. A primeira hora foi muito agradável, pois havia muita distração: uma cabana, gado com seus pastores, um riacho, um pasto cheio de flores, etc. Mas logo a mata começou a se transformar. A princípio era bem rala, mas quanto mais subiam, mais densa ficava. O caminho se tornava cada vez mais íngreme e agressivo, muitas vezes impraticável, porque se mostrava totalmente obstruído por trepadeiras espinhentas.

6 – Depois de três horas no meio da mata, o viajante desgastado começou a perguntar quanto tempo mais demorariam a sair da mata. “ Ainda algumas horas”. O viajante zangado respondeu: “ Isto é horrível! Se na verdade ainda tivermos que aguentar esta mata por um par de horas, eu prefiro desistir, retornar, e no vale jurar que jamais tornarei a escalar montanha alguma”.

7 – Mas o guia respondeu. “Não facas isto, amigo! Estamos mais perto da meta que desejavas alcançar, do que imaginas. Por isto seria muito decepcionante desistir agora. Vamos em frente com afinco, que logo alcançaremos trechos livres de árvores, onde poderemos observar maravilhas da natureza a cada paço.”.

8 – Estas palavras agradaram o viajante, e todos recomeçaram a subida. A mata ficava menos densa, as árvores menores e mais retorcidas. Logo começavam a aparecer prados, rochas brilhantes ao Sol, troncos de árvores apodrecidos. Por fim a mata foi vencida, e o grupo decidiu descansar e comer num lindo prado, antes de iniciar a subida para o cume.

9 – Após meia hora, ao tentar recomeçar a subida, de repente começou a ventar com forca e o cume ficou envolto por nuvens negras. Os guias começaram a demonstrar preocupação e o viajante excomungava a sua ideia de desejar subir a montanha, pois a bonita paisagem que se lhe apresentava não bastava o trabalho e esforço gasto. Mas como o vento ficava cada vez mais forte e a névoa descia cada vez mais densa, o grupo decidiu voltar o mais depressa possível para o vale, para se abrigar da tormenta que se aproximava.

10 – A passos rápidos desceram a montanha e alcançaram o vale em metade do tempo gasto para subir. Mas ao chegarem ao vilarejo, outro vento começou e todos os cumes se lhes apresentaram limpos e belos ao brilho do Sol.

11 – O viajante se arrependeu por ter se amedrontado com uma pequena mudança do tempo e decidiu que numa próxima vez seria mais tenaz e inteligente.

12 – Um ancião que tinha escutado as palavras do viajante antes de iniciar a subida, palavras cheias de orgulho e altivez em relação à montanha, lhe disse: “ Se desejas escalar uma montanha, deves te tornar bem pequenino e não altaneiro, pois vê, cada montanha é pura e santificada. É por isto ela quer ser escalada com humildade e não orgulhosamente. Ai daquele que a escalar cheio de orgulho, este sofrerá uma terrível queda e sua carne ficará nas pontas agudas das rochas”.

13 – “Mas se desejares ser um verdadeiro montanhista, não permitas que as alturas te assustem, mas sobe-as cheio de humildade, pedindo licença e proteção. Só assim poderás pressentir como é maravilhoso Aquele que criou tudo isto com as palavras “Assim seja”. Os vales que tu tanto visitaste também são do Todo-poderoso, mas nos vales a amplidão é limitada e estreita, mas nas montanhas é livre e infinita. O vale é como um homem comum que não conhece nada além das suas necessidades naturais. As montanhas, no entanto, são como um sábio que eleva sua cabeça e seu coração acima de todas as necessidades naturais e dirige seu olhar para aqueles monumentos divinos, Daquele que preenche seu coração de respeito, mas ao qual também chama de “meu querido Pai”, com toda cáudice de seu coração filial”.

14 – “Vê meu amigo, assim deves viajar e assim deves subir as montanhas. E só assim tuas viagens e escaladas serão uma bênção e uma alegria para o teu coração e trarão um grande lucro para tua vida. Pois todos nós somos viajantes e andamos desde o berço até o sepulcro, muitas vezes em caminhos bem difíceis. Às vezes ele é íngreme e rude, ou até feito de gelo derrapante. A maioria dos viajantes da vida se parece contigo e prefere ficar segura nos vales de seu ser-animal; não se anima a escalar uma montanha, nem que seja para ter a esperança de se tornar um verdadeiro ser humano. Mas não é assim que deve ser”.

15 – “Nós certamente devemos habitar os vales da humildade, mas não devemos nos esquecer de escalar as montanhas do livre conhecimento de Deus e do verdadeiro Homem. Isto o Pai mesmo nos ordenou”.

16 – Após esta lição, o nosso viajante seguiu o seu caminho, reconheceu a verdade nas palavras do sábio ancião, as seguiu e encontrou a Vida.

17 – Se desejais encontrá-la também, segui o exemplo. Amém.


Jovens tolas

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de junho de 1847

Senhor, veja estas duas irmãzinhas. Elas estão desejando receber umas palavrinhas Suas, para orientá-las em suas vidas. Por favor, peco-lhe, Santo Pai, que Se digne a satisfazer-lhes o pleito, se assim for Sua Santa Vontade. Amém.

1 – Bem, então escreve, já que tanto desejas escrever! Eu sei muito bem que as duas já desejam ouvir Minha Palavra faz bastante tempo, mas vê, este desejo ainda não se expressou vivamente em seus corações. Esta é a razão por que Eu evitei dar-lhes esta dádiva explicitamente, mas no íntimo as tenho orientado a cada instante e as faço renascer para a vida eterna em espírito e alma. Este trabalho cada uma delas dificulta com uma série de coisas mundanas, e assim Eu não posso aprofundar e apressar sua evolução, a não ser que prejudique seu livre arbítrio, o que jamais farei, apesar de muito desejar sua evolução.

2 – Sempre acontece uma outra coisa, e Eu me mantenho como o amigo que veio ajudar um necessitado que não fica a seu lado, mas constantemente sai da sala para realizar tarefas totalmente inúteis. Ele muito se alegra com a chagada do amigo, mas não permite um momento de sossego, para discutir o real problema.

3 – O amigo rico então se irrita e explica ao outro, com toda seriedade, que se ele deseja ser auxiliado, deve permanecer no local onde existe a verdadeira ajuda, não sair correndo para tarefas que nada de bom lhe darão.

4 – Isto é o que Eu desejo dizer para estas duas filhinhas, se ainda não se deram conta da situação. Eu creio que elas já sabem disto, mas que lhes seja um lembrete.

5 – Eu já dei a cada uma delas regras de comportamento, o que podem fazer e o que devem evitar. Mas vê, elas não as seguem em sua totalidade. Como posso dar-lhes um novo medicamento, se não usaram o primeiro totalmente?

6 – Elas devem deixar de fazer o que não Me causa prazer! Meus medicamentos não são como os dos médicos mundanos: quando um não ajuda, pode-se procurar outro melhor. Meus medicamentos devem ser usados de acordo com a ordem. Um segundo não curará, se o primeiro não tiver sido totalmente usado!

7 – Por isto dizei às duas: Lede as mensagens que já recebestes com muita atenção e observai bem o que nelas vos foi dito, que logo tereis um segundo medicamento.

8 – Uma delas que cuide de seu abdômen e estomago e que seja mais Maria do que Marta. E que nenhuma se enfeite demais para um casamento. Amém.


Confiança, coragem e paz

Recebido por Jacob Lorber, em 24 de junho de 1847

Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo dá.

Não se perturbe o vosso coração, nem se atemoriza. João 14-27

1 – Quem não entender este texto, ainda que ele seja muito claro, então o motivo é porque ele não conhece bem seu idioma e não sabe o que a paz é de fato.

2 – Quem achar que a paz é a calma, tanto no sentimento como no trato com outras pessoas, este é um tolo bem grande. Se, por exemplo, dois povos estão em guerra, quando resolverão fazer a paz? Certamente não antes que a coragem de um partido tenha vencido o outro; este partido vencido se submeterá ao vencedor, e então os dois partidos terão sossego e assim conseguirão a paz.

3 – Quando um fraco atravessar uma mata durante a noite, sentirá medo e inquietação e fará esta travessia com sua alma totalmente desassossegada. Mas se um gigante feito Golias atravessar a mata à noite, não só não terá medo, mas uma grande confiança lhe dará uma coragem absoluta, na qual poderá enfrentar vitoriosamente qualquer obstáculo inimigo. Esta coragem absoluta dá a seu caráter o sossego e o destemor, bem como paz a sua alma, não podendo ser tomada por nenhum inimigo.

4 – Se um pobre miserável for à casa de um rico senhor pedir a mão de uma de suas filhas, com certeza ele se aproximará da casa cheio de desconfiança e incerteza. Sua mente estará cheia de medo e sua alma temerosa,. Assim, quando chegar a ocasião, não conseguirá dizer uma única palavra, pelo grande desassossego de sua alma. Mas com que sentimentos diferentes se aproximará da casa um rico filho de um poderoso príncipe... Cheio de coragem e na certeza absoluta, ele entrará na casa sabendo bem que seu pedido não será recusado, pois são seus pares, seus iguais, e também devido a sua fortuna e poder.

5 – Com isto conclui-se que a paz nada mais é do que a total coragem da alma, da coragem deriva a confiança, a qual está consciente de suas capacidades e com as quais enfrentará vitoriosamente toda ou qualquer oposição que se lhe apresente. Aquele que faltar com estas capacidades positivas, a este também faltará confiança, e onde não houver confiança faltará a coragem e também não haverá paz.

6 – Então quando Eu digo no Evangelho: “ Deixo-vos a paz. Minha paz vos dou”, isto significa: Minhas habilidades, Minha confiança total nas mesmas, e com isto Minha coragem Eu vos deixo e Eu vos dou. Naturalmente é uma coragem que o mundo não conhece, não possui e consequentemente não pode dar.

7 – O efeito desta coragem é que vossos corações não se tornam temerosos e inquietos, não importa que tipo de inimigos devam enfrentar. Creio que isto já basta.

8 – Procurai conseguir estas habilidades, das quais obtereis a verdadeira paz do Evangelho. Isto vos fala “o Herói da Eterna Paz”. Amém.

O caracol como exemplo

Recebido por Jacob Lorber, em 25 de junho de 1847

1 – O homem, como deve ser e como não deve ser, é igual ao caracol.

2 – O caracol, um mísero animal, é uma duplicação que existe em todas as estações do ano e, com exceção das regiões polares, é encontrado em todos os lugares da Terra, em diferentes tamanhos, aspectos e conformações. Ele bem de perto se apresenta aos homens, para ser observado e estudado, para que aqueles consigam aprender com ele como devem ser e também como não devem ser.

3 – Os humanos devem retirar seus olhos, tal como o caracol retira suas antenas do mundo. Devem interiorizar-se em si mesmos, quando aos seus olhos se apresentarem tentações irresistíveis que possam cegá-los. Mas eles não devem voltar seus olhos para o mundo externo, onde nada mais verão além do mundo material e todas as suas tentações, não tendo mais um único olhar para Mim.

4 – As pessoas devem possuir quatro olhos, como os caracóis. Dois seriam os grandes olhos da alma – a razão e o juízo - que estão dirigidos para cima, para Mim, Deus e Senhor. Somente os dois pequeninos olhos do corpo estão voltados para baixo, para o mundo. Mas também não devem voltar os olhos grandes para o mundo, como o fazem alguns caracóis, a fim de vistoriar suas muitas necessidades mundanas, usando os pequeninos para observar coisas tão importantes como o caminho - no caso do homem, o Caminho da Vida. Estou certo que isto acontece hoje em dia com muitas e muitas pessoas.

5 – Os homens devem, tal qual o fazem os caracóis, expor o seu interior o menos possível; somente fazer isto em casos extremos, para mostrar que não são corpos vazios. Devem se recolher ao interior, como o fazem os caracóis quando pressentem um perigo que vem do mundo. Por outro lado, os homens não devem expor seu interior por motivos sensuais, como o fazem os caracóis. Os homens não devem usar seus talentos espirituais para angariar privilégios mundanos!

6 – Mais uma vez os homens devem usar a paciência do caracol, para perseguir - com firmeza e persistência de caracol - sua meta. Devem meditar a cada instante que nenhuma árvore de bom porte pode ser derrubada com um só golpe. Mas o caminho espiritual eles não devem trilhar com a velocidade do caracol. E quando se trata de auxiliar ao sedento, ao sofredor e ao miserável, aí também não devem usar a infinita paciência dos caracóis, mas sim usar a velocidade do veado e dar pulos como o leão.

7 – Além disto, o homem deve construir sua casa como o faz o caracol, somente para satisfazer suas necessidades, o mais simples possível, tanto na construção como na decoração, pois senão o peso dos enfeites pode esmagar a vida espiritual interna! Mas, no entanto, os homens não devem se grudar (como o faz o caracol) na sua casa material, para que não morram quando ela lhes for arrancada (como acontece com o caracol), a fim de que sua alma continue a viver cada vez com mais forca e vigor.

8 – Os homens devem usar os fluidos - que jamais acabam - de seu sempre ativo amor, para se colarem (como o caracol o faz com sua gosma), podendo assim estar em qualquer lugar e de certa forma atrair para si tudo o que se tornará base para a sua vida. Mas os homens não devem, com suas palavras sujas e ofensivas, emporcalhar todo o caminho que percorrem (tal como o faz o caracol com seu suco, marcando e sujando toda a trilha em que desliza).

9 – Tais exemplos do caracol poderíamos ter ainda muitos, mas estes aqui apresentados devem ser suficientes para vós, se os desejardes observar para vossas vidas. Por isto, mais uma vez vos digo: Sede como os caracóis e também não sejais como os caracóis, assim vivereis e atuareis como pessoas corretas. Amém.

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Sobre a sabedoria e bondade Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 01 de julho de 1847

1 – Era uma vez um proprietário que possuía um pomar bem grande, no qual cresciam muitas árvores frutíferas. Entre elas havia algumas nas quais os frutos amadureciam antes do tempo, enquanto em outras amadureciam um pouco mais tarde e em outras mais tarde ainda. Finalmente havia árvores cujos frutos cresciam muito tarde e estes deviam ficar armazenados por quase todo o inverno, para que pudessem se tornar comestíveis.

2 – Este dono de terras tinha muitos servidores e vários filhos. Ele tratava os filhos e os servidores igualmente e a todos enviava ao trabalho no pomar, para cuidar das árvores e observar o amadurecimento dos frutos; e sempre havia alguns prontos para serem colhidos.

3 – Os filhos e os servidores executaram exatamente os desejos do proprietário. E quando descobriram frutos maduros nas árvores que os amadureciam antes do tempo, voltaram alegres para contar ao dono da casa.

4 – Este então foi ao pomar, viu os frutos amadurecidos e ordenou aos servidores que os colhessem e dessem aos filhos, que aguardavam cheios de alegria.

5 – E os servidores seguiram as ordens do patrão. Mas quando as crianças começaram a comer aqueles frutos, fizeram caretas de desgosto e disseram: “Em verdade estas frutas têm um gosto ruim, e não vale a pena o trabalho. Estas frutas têm um aspecto bonito, mas são um engano”.

6 – Então o dono da casa disse: “Deixai, pois, de lado estas frutas e esperai mais alguns dias, até que o calor do sol as torne mais saborosas! Tenho certeza que tereis prazer em comê-las, pois desde tempos sabemos que os frutos temporões de nada servem”.

7 – Tanto os servidores como os filhos ficaram satisfeitos com as palavras do dono das terras e abandonaram o pomar. Após alguns dias, retornaram ao pomar, descobriram bastantes frutos bem amadurecidos e foram informar ao dono. Este logo foi ao pomar, examinou as frutas e disse: “Ide e trazei balaios de vários tamanhos, para que os frutos não sejam misturados. Colhei tudo que estiver bem maduro, para que possamos ter uma refeição de verdade”.

8 – Os servidores seguiram as instruções do dono da casa. Quando os frutos foram colocados na mesa grande da casa, o dono os abençoou. Filhos e servidores sentaram-se a mesma mesa, tomaram as frutas e as comeram com grande prazer. Todos ficaram satisfeitos.

9 – Quando acabaram de comer, eles agradeceram ao pai e disseram: “Pai, as frutas agora estão com um gosto muito melhor. Mas vê, olha a quantidade que tem; são tantas que no fim, devido a termos comido demais, elas perdem o gosto. Não seria melhor que as temporonas tivessem este mesmo bom sabor que estas tem? Seria de grande satisfação para todos”.

10 – Disse o Pai: “Tens razão, mas sabeis o que se deve fazer? Em primeiro lugar uma certa moderação, e em segundo lugar paciência. Jamais colher frutas antes que estas estejam completamente maduras, e neste caso somente o suficiente para satisfazer sua necessidade. Então, quando colhermos frutas novamente, vamos observar bem estas regras, e tudo nos dará uma grande satisfação”.

11 – Quando chegou a hora da segunda colheita, estas regras do dono do pomar foram observadas. Todas as frutas foram de sabor delicioso, tanto para os filhos como para os servidores. O mesmo aconteceu na terceira colheita.

12 – Mas quando a última colheita se aproximava, os filhos e servidores falaram ao Pai: “Vê, os dias estão esfriando e as últimas frutas estão fartas nas árvores e têm um lindo aspecto, mas tão logo a mordemos a cica se apresenta, repuxa nossas bocas e nos deixa completamente sem vontade de comer uma segunda fruta. Que devemos fazer neste caso” ?

13 – O dono da casa retrucou: “Bem, então o ciclo se fechou. Eu sei que esta última colheita não conseguirá chegar à maturidade nas árvores, pois a luz e o calor já diminuíram muito, as noites ficaram longas e os dias curtos e frios. Mas não vamos deixar estas frutas tardias nas árvores, para serem destruídas pelo rigor do inverno. Ide, trazei diversos potes para as diferentes frutas e colhei estas frutas tardias com muito cuidado. Vamos estocar estas frutas, que se tornarão melhores que todas as três colheitas anteriores, as que com o calor do verão já adquiriram a maturidade total nas árvores”.

14 – Os filhos e servidores assim fizeram. E tudo estava em ordem. Quando o inverno chegou, só encontrou ramagem nas árvores, mas nenhuma fruta para matar.

15 – Meditai em vossos corações sobre o sentido desta história e vereis na natureza o exemplo da organização divina.

16 – Mas não vos precipiteis em tirar conclusões. Não se corta uma árvore com um só golpe de machado. Meditai com calma e mais tarde vos darei mais explicações. Amém.


Deus acima de tudo

Recebido por Jacob Lorber, em 03 de julho de 1847.

Uma filha pede: “ Ó! Tu Amado e Divino Senhor Jesus, meu Deus e Pai, como conseguirei amar-Te, a Ti, o mais puro e eterno Amor, acima de tudo e todos? Vê, por mais que eu me concentre, me policie, não consigo chegar a amar-Te mais que muitas coisas mundanas, coisas de meu agrado e que atraem meu coração sobremaneira. Eu sei que é um erro e que não está na Tua Ordem. Por isto Eu te imploro que me mostres o caminho certo, pela boca de teu servo. Perdoa este meu atrevimento. Tua vontade se faça .

1 – Minha querida filha! Se esta tua pergunta, tal como está escrita acima, tivesse se originado bem no teu coração, seria mais de Meu agrado, bem mais que teus pedidos pelo dia do santo de teu nome. Mas vê, aqui existe um pequeno problema.

2 – Eu sei que, se fosse uma coisa fácil, tu Me amarias com todo o teu coração e acima de tudo e de todos. Mas sei que aí está o “X” do problema: amar-Me não é tão fácil assim como tu o desejas pelo teu conforto.

3 – Amar-Me acima de tudo e de todos é uma tarefa de vida muito difícil, pois Eu não sou visível como um jovem bem vestido e também não sei cortejar-vos em momentos agradáveis, como manda o bom tom. Eu de fato sou um “grosso” para os preceitos mundanos. Jamais usarei o linguajar refinado e “bonito” que muitos usam no mundo, pois sei que esta maneira de falar não é nada boa para Meus filhos.

4 – Mas isto não é agradável para todos. E é esta a razão que muitas vezes as meninas do mundo mais se apaixonam com facilidade por jovens – especialmente se estes são bem educados e socialmente apresentáveis – do que Me amam, um filho rude de um carpinteiro e que trabalhou como tal até seus trinta anos, para conseguir o alimento necessário para si, seus irmãos e pais mundanos; que tinha as mãos calejadas do trabalho e que não possuía nem um traquejo social. Falava ao povo com seu coração, mas nunca com refinamento.

5 – Vê, como Eu era naquele tempo, ainda o sou hoje para o mundo impolido; mas sou reto, nunca falando inverdades, um inimigo de todo o fausto mundano que destrói o espírito. Eu não vejo nada mais do que o coração e suas obras.

6 – Observa bem, já que tu desejas saber como podes Me amar com todo o teu coração e acima de tudo e de todos, pergunta a teu coração se conseguirá enamorar-se ao ver um operário cansado e sujo do trabalho, com o rosto cheio de suor e com a barba sem fazer, com as mãos doídas e unhas sujas, com sua roupa grosseira; pergunta a teu coração se existe a possibilidade de amá-lo, pois este homem, se for ordeiro e bom, Me é muito mais próximo que outro polido e refinado.

7 – Se conseguires amar a este diarista, como Eu também fui na Minha passagem pela Terra, e amá-lo perante o mundo, sem nenhuma vergonha, então poderemos chegar a nos aproximar, tu e Eu, na mesma medida do que teu coração sente por Meu filho (se bem que não exijo que alguém realize isto de fato, mas sua humilde vontade de Me amar já Me basta).

8 – Quem quiser Me amar de fato deve começar a amar-Me como carpinteiro diarista, lentamente elevar-se ao Senhor, ao Pai e finalmente à Deus. Só então ele Me amará totalmente, acima de tudo e de todos. Mas atenção, sempre tem que começar pelo carpinteiro! Se não for assim, será muito difícil, ou mesmo não será.

9 – Grava bem estas palavras em teu coração, e tudo acontecerá muito facilmente. O caminho para o “carpinteiro” e “diarista” se tornará uma seara agradável para caminhar. Amém. Amém. Amém.

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Roma e a vinda do reino de Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 08 de julho de 1847

Senhor, tu eterno condutor dos caminhos, pontes, atalhos e situações dos homens, o que nós, pobres seres humanos, podemos esperar de Roma nesta época, especialmente considerando a orientação do Papa Pio IX? Podemos esperar por um pouco mais de luz, ou tudo ficará mais trevoso? E o que poderíamos fazer pelo mundo no segundo caso? Por favor Senhor, dá-nos algumas orientações, se for de Tua Vontade. Amém.

1 – Partindo de Roma, jamais podeis esperar a luz, mesmo que o papa fosse Pedro ou então Paulo. Sabeis muito bem que a verdadeira Luz do Reino de Deus jamais é um sentimento que está no exterior, mas ela se encontra sim no mais intimo buraquinho do coração de cada pessoa. Esta luz é semelhante a um grãozinho de mostarda, é colocada na terra fértil, e deste interior começa a brotar um pequeno talo, depois umas folhas, troncos, galhos, e daí logo uma frondosa árvore onde os pássaros pousam para cantar ou fazer seus ninhos.

2 – O reino de Deus também chega como uma criança do ventre materno, do coração das pessoas e se estende a toda a pessoa, iluminando cada parte, por mais ínfima que seja, e se arraiga em todas as partes, tornando esta pessoa imortal e um ser totalmente novo e renascido.

3 – Esta Luz, este verdadeiro Reino de Deus, jamais poderá vir de Roma, mesmo que o papa fosse um anjo, mas sim de cada individuo, quando ele for instruído na palavra do Pai, batizado pelas ações e pela evolução forte e sincera do testemunho do Espírito Santo. Onde isto faltar, nem Roma ou Jerusalém, nem o batizado com a água, nem o bispo ou as Crismas, nada pode ser feito.

4 – O papa atual é de fato um homem do mundo muito bom. Ele se preocupa com o regime político e a parte material da igreja com bastante êxito e cuidado. Ele usa a igreja para fins políticos. Quando conseguir isto por completo, aí ele atuará como seus predecessores, lá de vez em quando semeará alguma coisa melhor. Mas seus seguidores destruirão tudo, como todos os outros fizeram.

5 – Pelo que o papa faz como ser humano, bem no recôndito de seu coração, sem expor ao mundo inteiro, por isto ele receberá o merecido premio. Mas na sua atuação como superior da igreja, no céu nada será reconhecido.

6 – O primeiro sinal da chegada do Reino de Deus é a humildade certa, nunca a ilusória, aquela anunciada aos quatro ventos, muito menos a curial ou pontificial daquele que se intitula “Servo dos Servos” e logo a seguir “Santo Pai”. Isto fere Minha Palavra e Lei, e com isto ele tem vontade de ser o regente de todos os regentes. Nisto todos os papas são iguais.

7 – Devido a isto, falta ao papa o sinal primário do reino de Deus, sem o qual ninguém jamais conseguirá chegar a Luz dos Céus. E lá onde o A falta completamente, de onde poderá aparecer o B e muito menos o C e D ? Isto é igual ao exemplo de uma mulher que deseja ficar grávida, mas, por exemplo, não aceita homem algum

8 – De onde não se pode aguardar jamais a Luz (pelas razões acima mencionadas), só se poderá aguardar trevas. E que ninguém se deixe enganar, por mais que aparente o contrário.

9 – Pois tudo que lá acontece é para o mundo exterior. O intimo é denominado “o segredo de todos os segredos” e praticamente não existe. E se existisse, ele ficaria praticamente sem efeito, como o germe deve sempre ficar eternamente um “segredo vital”, pois jamais poderá ser vivo, já que lhe foi cortado o meio pelo qual ele poderia integrar-se à vida.

10 – Onde Deus, que é a fonte de origem de toda a vida, for um “segredo”, o que será então a vida e sua luz?

11 – Deus é à base de tudo, a primeira condição de todo o ser, a luz principal de todas as luzes, e deve ser aceito e conhecido em primeiro lugar, como tudo o que vem Dele deve ser aceito e conhecido. Mas se Deus é um “segredo”, uma total e absoluta noite, o que podemos esperar de todo o resto? Onde a Luz já é a mais negra treva, o que podemos esperar da treva verdadeira?

12 – Eu acho que Eu represento nem que seja uma pequenina luz em vossas casas, da qual facilmente podereis concluir o que se pode esperar de Roma em todos os tempos, enquanto ela permanecer como sempre foi, é e será.

13 – Mas jamais acrediteis que a Luz ou a Noite dependem de Roma, mas sim tudo depende de Mim. Quando for a hora certa, a luz se fará e tudo será dia. Roma não conseguirá de jeito algum limitar o “grande dia espiritual”. Será como se alguém quisesse se opor ao nascer do Sol.

14 – Permanecei, pois, totalmente despreocupados! Quem andar no Dia e na Luz nada deve temer da noite e das trevas. Mas ai daqueles que caíram nas garras dos assaltantes. Amém.


Das cerimônias e mistérios da igreja

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de julho de 1847

Senhor o que são de fato os “segredos” com os quais a nossa igreja romana está tão abarrotada e aos quais ela tanto cultua? Segredos estes que quase são os alicerces da mesma? Se for Tua Vontade, esclarece-nos. Amém.

1 – Mistérios não são nada mais que noite e trevas nestes assuntos que são considerados um segredo. Isto é o que também são os “segredos” da igreja: a total cegueira da alma e a completa morte do espírito.

2 – E digo mais: os “segredos” são uma grande maldade, já que as pessoas geralmente envolvem no “segredo” tudo aquilo que elas não se atrevem a apresentar à luz do dia, pois assim os outros assim podem ver a enganação e vingar-se dos enganadores – o que já acontece várias vezes. Cada enganação, porém, é um pecado bem grande e consequentemente uma grande maldade. Por isto cada “segredo” que não passa de uma enganação é uma cruel maldade.

3 – Mais ainda um “segredo” é um assassino e um matador, pois nada mata mais o espírito do que os “segredos”. Eles são assaltantes, assassinos e matadores espirituais, pois o homem tem coragem sobre todos os assuntos a não ser os “segredos”. Por isto a superstição era tão vasta na antiguidade, pois ninguém tinha coragem de olhar atrás da venda de Moises, para ver o que realmente existia atrás da mesma. Todos consideravam os “segredos” como absolutamente impenetráveis e lá ficavam sem se atrever a ir mais adiante, pois de fato não temiam somente o “segredo”, mas muito mais a sua revelação ou realização.

4 – Cada segredo cria um segredo novo, e este um terceiro, e assim continua até que tudo se torne um “segredo” da vida toda e da morte. Assim, para matar espiritualmente a humanidade só é necessário mergulhá-la em todo tipo de segredos, quanto piores e mais grosseiros tanto melhores e mais efetivos, e assim o inferno pode estar seguro de sua vitória.

5 – Mas é mais lucrativo sair para assaltar a noite, pois águas turvas são boas para pescar. É fácil levar os cegos, e os mortos podem ser carregados para onde desejamos. Além disso, eles creem que lá ainda existe coisa melhor e não se atrevem a mexer em nada. Vede, não existe coisa melhor do que criar muitos “segredos”, quanto maiores melhores, e assim um povo é destruído por milhares de anos e é manipulável em todos os sentidos.

6 – Se estes “segredos” forem manipulados por prestidigitadores espertos, acompanhados de grande pompa e cerimônias faustosas, com muita fumaça e histórias horripilantes, aí adquirem um “poder” ao qual ninguém se atreverá a opor.

7 – Sim, então as trevas e a tristeza serão tão imensas, que elas até conseguiriam prejudicar os escolhidos, se estes não fossem conduzidos e orientados pelo Meu auxílio e amor. Por isto a existência de tantos cristãos onde os “segredos” reinam, cristãos caminhando na maior escuridão quanto à vida após a morte. Pois nada sabem sobre isto. Acreditam enquanto tudo vai bem, como um jogador crê acertar a loteria, o que pode acontecer, mas com muito mais certeza nunca acontecerá.

8 – Quanto vale, porém, uma fé tão amaldiçoada? Eu vos digo: nem um tostão furado, nada, pois ela não consegue salvar absolutamente ninguém da morte. Esta é a razão por que estas pessoas de fé tão fraca desaparecem como se nunca tivessem existido e se tornam fantasmas e sombras do mundo espiritual, para as quais tudo é o fruto dos “segredos”.

9 – O que significa Deus, o que Eu, Jesus, significo? O que significa o Espírito Santo, o que significa a Trindade, a Santa Ceia, a Palavra de Deus, disto tudo eles conhecem tanto quanto a pedra na rua. Eles podem estar adorando a Deus, mas um Deus que não está em lugar algum e não poderá estar. Mas o Pai, aquele que deveria ser o melhor conhecido por todos e ser o grande educador que mais próximo está a todos, sem o qual ninguém conseguirá a vida eterna, é o que está mais afastado e é o mais misterioso ser que de fato jamais estará presente. Pergunto: Como poderemos esperar sentir amor por um Pai tão ausente e misterioso, este amor do qual tudo depende e que é o único que nos leva à vida eterna.

10 – De fato “segredos” poderão existir para leigos bem como para estudantes, enquanto estiverem na escola e precisarem aprender. Mas com pessoas verdadeiras não devem existir segredos. Pois vós agora sabeis que o verdadeiro Espírito de Deus, no momento em que estiver na pessoa, também penetra nas Minhas profundezas, como aconteceu com Meu Paulo, que aprendeu de Mim.

11 – Fora, então, com todos os “segredos”! Eles pertencem ao mundo das trevas.

12 – Que seja dia em vossos corações. É para isto que Eu deixo que tanta luz vos alcance, para que sejais eternamente libertos da prisão dos segredos. Amém.


Posição frente à igreja

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de julho de 1847

Senhor e Pai amado, criador dos espíritos e do mundo natural! Vê, se não podemos confiar nas igrejas para iniciar o nosso conhecimento espiritual e aprender as palavras do Evangelho, o que delas só podemos esperar, os anjos certamente não virão do céu para ensaiar o catecismo com as crianças, ou ensinar Teu Evangelho aos povos selvagens... Eu acho que uma igreja material é importante para os primeiros conhecimentos, tal como é importante uma igreja interna para o desenvolvimento do espírito para a vida eterna. O que é que está certo? Diz-nos algo, bondoso Pai, se isto for Tua Vontade santa. Amém.

1 – Esta pergunta é boa e bem importante para os tempos atuais. Mas a resposta já vos foi dada de certa forma, especialmente o que cada um deve tomar de ensinamentos da igreja (o caminho para o renascimento), em “A Terra e a Lua” e em muitas referências nas “Dádivas do Céu”. Nestas regras de comportamento encontra-se o necessário e o melhor. O que for menos ou mais não está em Minha Ordem.

2 – Mas se por acaso alguém ainda não souber o que deve fazer, que leia o Evangelho e lá encontrará o que é necessário para sua salvação.

3 – Vede, isto também Me perguntaram os apóstolos e discípulos, quando os adverti a respeito dos fariseus, escribas e sacerdotes. Eles disseram: “ Senhor o que é que devemos fazer? Moises, a quem Deus ordenou sob muitos atos milagrosos, praticamente iniciou este ato de ordenar um sacerdote pela vontade divina, e até hoje ele acontece, ainda que com pouco valor interior. Por que desejas destruir o que Tu praticamente criaste?”

4 – Ao ver o desespero dos discípulos, Eu lhes disse: “Em verdade, os seus sacerdotes estão sentados na cadeira de Moises, como também os escribas, levitais e os severos fariseus, pois são da tribo de Levi. O que eles vos ensinam das Escrituras, guardai bem e obedecei. Mas não sejais os seus atos nem as suas interpretações individuais. Pois estes não são de Deus, mas sim uma obra do orgulho do homem que se opõe à vontade de Deus, pois estes descendentes de Moises só desejam realizar alguma coisa à margem da Vontade de Deus”.

5 – Observai também: O que Eu disse aos apóstolos e discípulos naquela época referente aos sacerdotes e escribas, Eu vos digo hoje com referência à igreja mundana da atualidade.

6 – Segui seu ensinamento enquanto estes forem Minha Palavra, a humildade e o amor. Mas seus atos e interpretações não sigais quando estes forem contrários a Minha Palavra e só tiverem em mente a satisfação dos privilégios mundanos dos sacerdotes. Não permitais que eles vos levem a caminhos errados.

7 – É verdade que a casca da árvore é morta e quanto mais externa mais morta. E ninguém consegue extrair desta casca algum alimento. Mas se arrancássemos esta casca da árvore, especialmente no inverno, a árvore sofreria grandes danos ou até morreria. Esta é a posição da igreja material mundana com relação à interna espiritual.

8 – Jamais será possível obter-se a vida eterna desta igreja mundana, nem o reino de Deus, que de fato é interior, a vida espiritual. Mas esta igreja externa serve de proteção para a interna, e isto fui Eu que determinei. A igreja espiritual é facilmente encontrada, procurada ou desejada com afinco.

9 – Não importa em que igreja mundana a pessoa se encontra, conquanto que nela seja apregoado Meu Nome e Minha Palavra. Pois não é necessário que se saiba toda a Bíblia de cor, para que Eu e Meu Reino sejam encontrados. São só necessários alguns textos e viver de acordo com eles.

10 – Quem assim fizer, logo o reino de Deus a ele se mostrará e lhe ensinará o que é o Evangelho de fato, especialmente no que diz: Ó tu, fiel servo, tu que sempre Me foste fiel nas pequenas coisas, agora serás colocado acima de muitas coisas e assuntos grandes.

11 – Mas aquele que se encontrar numa destas igrejas mundanas, lá escutar Meu Nome e Minha Palavra e achar que são mortos e falsos, pois lá acontecem muitas mentiras e fraudes, que não os observe. Que “jogue fora a criança com a água do banho” e que amaldiçoe a árvore cuja casca é morta como aquela pessoa que enterrou sua moeda e será julgada de acordo.

12 – Mas se alguém já estiver possuído da igreja espiritual, não lhe será considerado pecado se frequentar casas de orações ou igrejas mundanas. Pois é muito melhor estar num destes lugares, do que em botecos, bares e bordéis. Ele não deverá se escandalizar com os ornamentos idólatras, mas sim Me pedir para que Eu ilumine este local trevoso. Assim, em espírito, terá um eterno lucro.

13 – Isto fala o Senhor das igrejas espirituais e mundanas! Amém. Amém. Amém.


Uma escalada abençoada

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de julho de 1847

1 – Escalar montanhas é muito bom, mas não em qualquer época do ano. Se alguém o desejar em Meu Nome e lá orar muito e Me louvar com todo seu coração, Eu assim o abençoarei e cuidarei para que esteja acompanhado somente por espíritos puros, com os quais sua alma, seu corpo e especialmente e seu espírito serão triplamente fortificados e muito felizes.

2 – Mas deve ser numa época certa, como já foi mencionado (primavera/outono europeu - primeira metade de maio até segunda metade de junho e primeira metade de setembro até segunda metade de outubro). Nestas épocas os espíritos puros habitam em Meu Nome.

3 – Mas em épocas outras diferentes das mencionadas, no inverno ou no verão, não é bom subir as montanhas. Em primeiro lugar porque nestes momentos as montanhas estão habitadas por espíritos impuros e maldosos, cujo maior prazer é prejudicar ao montanhista; em segundo lugar porque elas não estão com Minha Bênção e são verdadeiras madrastas para os visitantes e montanhistas.

5 – Mas se um filho Meu, cheio de fé e confiança, tiver que subir uma montanha, que o faça à noite, só desça após o por do sol (isto em épocas não abençoadas) e não se apresse em subir ou descer. Que pare várias vezes no caminho para uma oração, e nada de ruim acontecerá, mesmo que escale a montanha no verão ou inverno. Os que melhor estão são as pessoas que moram definitivamente nas montanhas.

6 – Mas os habitantes de vilas e cidades das planícies não devem subir as montanhas, a não ser nas duas épocas mencionadas. Se houver absoluta necessidade de ir em outra ocasião, então devem orar muito e manter uma dieta adequada (só alimentos leves e em pouca quantidade). Não sendo assim, o mínimo que pode acontecer será uma doença física que a cada quarto de ano reaparecerá e dará muito trabalho à carne.

7 – Fortes reumatismos, artrite, gota, dor de dente e garganta, não muito raramente febre nervosa são as consequências mais comuns de uma subida às montanhas fora de época. Nas mulheres poderá causar inflamação pulmonar, pneumonia e hemorragia. Que tanto a alma ou o espírito obtém nenhuma vantagem, isto já se subentende.

8 – Mas qualquer pessoa pode escalar montanhas pequenas ou montes, sem nenhum prejuízo o ano todo. Mas não é para se passar muito dos seiscentos metros, pois o que está acima já pertence ao mundo das montanhas e está totalmente sem Minha influência direta, a não ser na época determinada.

9 – Aqui estão as regras de como e quando as montanhas devem ser escaladas, para se obter resultados positivos. Mas se alguém, apesar disto, insistir em escalar uma montanha fora da época abençoada, então é de sua responsabilidade os prejuízos que lhe advirão.

10 – Mas como já foi dito, pessoas que habitualmente andam nas montanhas nada sofrerão, especialmente se caminham em Meu Nome. Mas se são puros naturalistas (só acreditam na natureza e não têm fé em Deus), então eles se assemelham aos espíritos das montanhas. Iguais se juntam com prazer para prejudicar um ao outro, e estes andarilhos ficam com cabelos brancos ou carecas em idade bem jovem.

11 – Mas como agora as pessoas andam sós e independentes de todas as sabedorias dos antigos, elas não sabem nada sobre a velha organização das ceias e fazem o que bem desejam, como e quando lhes parece melhor. Ninguém mais Me pergunta pela época ideal, Minha época, mas sim só importa o que querem e desejam Ninguém mais Me pergunta se é do Meu agrado; todos só pensam em seu próprio agrado.

12 – E por isto a cada ano aumentam os males, e médicos não sabem como curá-los.

13 – Fazei, pois, o que desejardes, mas não Me esqueçais nem a minha ocasião.

14 – Eu jamais proíbo de subir montanhas, mesmo em épocas inapropriadas. Se fordes, isto não será um pecado. Mas pensai bem, porque vós não podereis alterar Minha Ordem e Minha época.

15 – Agora sabeis o suficiente e podeis fazer o que vossa consciência vos mandar. Mas se por acaso vosso corpo se tornar um “saco de pancadas”, não Me culpeis. Eu não Me preocuparei com isto. Amém.

Isto fala Quem tem tudo em Sua mais perfeita Ordem. Amém.


A competição – um exemplo da vida mundana

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de julho de 1847

1 – A tal chamada companhia de equitação artística vai apresentar nesta cidade um espetáculo, uma corrida de cavalos na esplanada municipal. Cada cavaleiro deve correr a pista elétrica três vezes no menor tempo, e o ganhador receberá uma bandeirola como prêmio e nada mais, a não ser seu cachê normal. Isto diz o panfleto.

2 – Este assunto fútil e para Mim tão desagradável nos apresenta o retrato certeiro do que a humanidade fez nestes dias.

3 – A área de ação das pessoas atuais pode se comparar a esta pista de corrida, onde cada um corre até se matar, mas sem avançar um só milímetro. Pois do seu ponto de partida (da morte), lá ele para na chegada, às vezes por toda eternidade.

4 – As três voltas correspondem à tripla corrida. A primeira é durante a juventude, onde a pessoa se farta de sexo, comilança, bebidas, modas, festas e jogatina. Isto ela faz com toda a leviandade característica de sua idade. Após esta, chega a segunda volta, o chamado ciclo do homem. Este ciclo consta de mentira e fraude, inveja e usura, orgulho, amor próprio, soberba, descrença, falta de honra e finalmente absoluta falta de fé em Deus e muito mais.

5 – Logo a seguir vem o terceiro páreo, se este tal homem mundano e competitivo não tiver se matado nos dois ciclos anteriores. Este terceiro páreo é o chamado “crises de velhice do corpo” e mais ainda da alma. Só se difere dos anteriores pela menor velocidade, pelo “tempo moderato”. Também corresponde ao velho provérbio. “O que se acostuma quando jovem, o velho continua a fazer”.

6 – Assim, um páreo é idêntico ao outro. O homem que tenha corrido tal pista não muda e até na velhice não consegue nenhum avanço ou melhora; é o mesmo desastrado de sua juventude.

7 – O prêmio desta competição mundana de hoje, uma bandeirola sem valor algum, é o mesmo prêmio do homem competitivo. A diferença é que o competidor de hoje a recebe, mas deve devolvê-la ao circulo ao qual pertence, para uma futura premiação idêntica. O que compete ao mundo na vida terrena será coberto com a mesma bandeira, mas só como “faz de conta”, pois no enterro esta também lhe será retirada (com diferentes graus de honraria) e será guardada. Será para muitos o sinal de vitória e o “outdoor” para mostrar suas muitas habilidades e vitórias, mas na verdade é um demonstrativo que a morte venceu, não que a morte foi vencida. Prêmio triste para tanto esforço e tanto trabalho neste e para este mundo.

8 – Para finalizar, nada mais além do “cachê ordinário”. Este tal de cachê comum ou ordinário nada mais é para eles, competidores mundanos, que o tão conhecido sepulcro (jazigo), o deterioramento no lugar da plena ressurreição, a morte absolutamente comum ou também o inferno.

9 – “Vede, eis que aqui estamos com nossas “competições mundanas” e “competições equestres artísticas” e o tal “cachê habitual ou ordinário”, todos juntos no atual retrato das produções culturais e competitivas tão comuns no mundo material. Observai as atividades deles a uma certa distância e estareis vendo o mundo, ou melhor dito, tereis a visão do verdadeiro inferno.

10 – Só existe uma diferença ainda a ser observada: esta “companhia equestre artística” está lutando pela sua sobrevivência com suas apresentações arriscadas, nada mais além. Mas isto não acontece com frequência com os “competidores mundanos”, pois muitas vezes já não têm mais problemas de sobrevivência. Eles lutam somente por aquilo que pertence à morte eterna, pois nada sabem sobre a Vida e consequentemente não lutam por ela. E quando alguma vez são alertados sobre ela, não acreditam e lutam sua vida toda por um prêmio fútil e um cachê ordinário.

11 – Tende, pois, cautela ante estas “artes mundanas” que vos oferecem um prêmio tão ínfimo, às vezes por toda a eternidade. Isto Eu vos digo, o Todo Poderoso. Amém.


Cura do cego de Betsebá – Marcos 8-22-26

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de julho de 1847

1 – Eu sei muito bem o quanto esta cura do cego de Betsebá, que parece ser demorada e complicada, escandaliza a muitos e ainda escandalizará a muitos no futuro. Eu até acho bom que assim seja, porém Eu conheço o motivo pelo qual e para quem foi a mensagem de Minha atuação. O mundo ainda muito se escandalizará com Minhas ações, até que encontre o seu fim.

2 – Betsebá aqui representa o mundo material, para o qual só um estava cego. Mas justamente esta cegueira para o mundo foi o móvel daquele cego, ao pedir aos de boa visão que o levassem ao Meu encontro, para que Eu o curasse de sua cegueira mundana e lhe reativasse a luz do mundo.

3 – Como vindo a Mim, devido a seu total livre arbítrio, cada um consegue o que deseja - veneno ou bálsamo, tal como se encontra na Terra - este também pôde receber o que tanto queria. No começo, ele desejava a luz ao mundo, por isto Eu o levei a um lugar à parte. Cuspi em seus olhos, para demonstrar o Meu total desprezo ao Mundo e a sua luz. Mas também no mundo ele se encontrava em Minhas Mãos poderosas, mesmo que não sentisse este fato, e compartilhava da Minha Misericórdia e Graça das duas maneiras: ou para o céu, ou, como ele desejava, só mesmo para o mundo.

4 – Esta foi à razão por que Eu não permiti que este cego se tornasse completamente vidente de imediato, mas sim via alguma coisa. E o cego mundano olhou para o mundo e falou: “Eu vejo as pessoas caminharem como árvores”.

5 – Esta declaração é um testemunho de como os seres humanos parecem de acordo com sua natureza interna e o que eles são como consequência disto: eles se parecem a arvores que caminham e não possuem mais vida, pois suas raízes não se encontram mais no solo para receber o alimento, mas sim se encontram soltas no ar, pois foram arrancadas do solo de Meu Amor e de Minha Verdade pelos furações de suas paixões desenfreadas e pelo seu materialismo.

6 – Quando este cego mundano deu este testemunho do verdadeiro reconhecimento do mundo na Minha presença e na presença de Meus irmãos, quando se deu conta do que era de fato o mundo e sua luz, Eu então, com Minha verdadeira Misericórdia, coloquei Minhas Mãos novamente sobre sua cabeça. Assim fiz para que ele visse aquilo que enxergou como que através de um véu, na sua real claridade e exatidão. Não cuspi em seus olhos novamente, para mostrar a todos que um olhar correto ao mundo Me é agradável e que daí em diante este mundo não poderá atrelar em sua rede de intrigas alguém que tem um olhar correto, não mais poderá, portanto, levá-lo à eterna destruição.

7 – Com este puro gesto de misericórdia, a aposição das mãos sem antes ter cuspido, foi que o cego começou a ver com clareza e em sua totalidade. Mas quando ele estava totalmente curado, Eu lhe disse: “ Vai para tua casa”, e quis dizer: Vai para teu interior, para teu espírito da vida interior. Mas se ainda tiveres algo a fazer no mundo externo, não permitas que saibam que, por Minha Misericórdia, agora consegues vê-lo em sua luz infernal; isto para que ele, o mundo, te deixe em paz e não consiga te fazer nenhum mal.

E assim Eu disse a simpática proibição: “Não digas nada a ninguém, guarda o segredo contigo; pois o tempo da revelação de Meu Reino na Terra ainda não chegou, porque a Terra ainda é “mundo” e sempre permanecerá como tal”.

8 – Vê, pois, é assim que se deve entender este fato do Evangelho e não permitir nenhuma outra interpretação, somente a mais pura explicação divina: o cego é a alma dos homens, Betsebá é o seu corpo, sua casa é o espírito.

9 – Já que Eu te expliquei esta parábola tão importante, por favor, entende-a completamente, pois tu bem sabes que o puro conhecimento não ajuda a ninguém, mas a ação sim. Pois então continua a atuar de acordo com Meus ensinamentos e permanece longe de Betsebá; mas não permitas que ela se dê conta que a enxergas como realmente é e que a conheces bem, para que não sejas prejudicado, nem fisicamente é muito menos em espírito.

Isto te fala o verdadeiro oculista, eternamente.

Amém.
Passagem para o mundo espiritual

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de agosto de 1847

Esta mensagem deu origem à “O bispo Martim” que foi ditado diariamente até seu fim, em 11 de outubro de 1848.

1 – Um bispo, muito orgulhoso e cônscio de sua dignidade e princípios eclesiásticos, estava doente pela ultima vez.

2 – Ele que aclamava as maravilhas dos céus nas mais brilhantes cores de sua imaginação de presbítero, ele que às vezes quase desmaiava ante a felicidade que apregoava existir no reino dos anjos (mas que concomitantemente não esquecia o inferno e o purgatório, mesmo sendo um ancião com mais de oitenta anos), não tinha nenhum desejo de iniciar-se nas delícias celestiais por ele tão declamadas. Para ele eram preferíveis mil anos de vida na Terra a um céu e todas suas maravilhas.

3 – Por isto nosso velho bispo adoentado tudo fazia para evitar sua passagem e para que ficasse bom de novo. Os melhores médicos tinham que fazer plantão junto ao seu leito em todas as igrejas da diocese. Missas deviam ser lidas invocando forças e todas as suas ovelhas eram incitadas a rezar por sua saúde e fazer promessas pela sua recuperação. Não se mediam esforços. Eram rezadas três missas pela manha e à tarde, com o santíssimo a descoberto. Além disto, três monges deviam rezar continuamente no breviário.

4 – Ele frequentemente exclamava: “ Ó Senhor, tem piedade de mim. Santa Maria, mãe amada, me ajuda, tem piedade de minha dignidade episcopal e de minha graça de bispo que eu carrego em tua honra e na de teu filho. Não abandona este teu servo fiel; tu, única redentora de toda dor; tu, único esteio dos sofredores!”.

5 – Mas nada disto foi eficaz. Nosso homem caiu num sono profundo e não acordou mais no lado de cá.

6 – O que acontece aqui na Terra com os restos mortais de um bispo já sabeis de sobejo: cerimônias solenes e...; não precisamos perder tempo com isto. Porém vamos já para o mundo espiritual, observar o que nosso homem vai fazer lá.

7 – Vede, cá estamos, e lá está nosso homem ainda deitado no seu leito, pois enquanto ainda houver um átomo de calor no coração, o anjo não liberta a alma do corpo. Pois este calor é o espírito do nervo, que deve ser totalmente absorvido pela alma antes que a total libertação possa ser processada pelo anjo. Tudo deve seguir o caminho de Minha Ordem.

8 – Bem, a alma já se apoderou totalmente de tudo, e o anjo a liberta agora do corpo com a palavra “Hephata”, que quer dizer: “ Abre-te alma, e tu, pó, volta ao teu lugar na tua podridão, e te liberta pelo reino dos vermes e da putrefação. Amém.

9 – Vede, nosso bispo se levanta em seus ornamentos episcopais, tal como se estivesse vivo na Terra, e abre os olhos. Olha a sua volta e não vê ninguém além dele, nem mesmo o anjo que o despertou. A região está envolta numa luz bem fraca, como no fim de um entardecer, e o solo coberto por musgos bem ralos.

10 – Nosso homem muito se surpreende com a situação e fala consigo mesmo: “ O que é isto? Onde estou? Eu ainda estou vivo, ou já morri? Pois eu estava muito doente e é bem provável que me encontre entre os falecidos. Deus me livre, mas acho que assim é! Ó Santa Maria, São José, Santa Ana, vós, minhas três santas escoras, vinde, ó vinde e guiai-me a entrar no reino dos céus”.

11 – Ele permanece aguardando por certo tempo, olhando com cuidado a sua volta, procurando e esperando seus santos chegarem, mas eles não vêm.

12 – Ele repete seu chamado com mais força, aguarda, mas ninguém vem.

13 – Pela terceira vez é feita a chamada, e novamente ninguém vem.

14 – Isto motiva grande temor em nosso homem. Ele começa a se desesperar e a falar: “Pelo amor de Deus, Senhor, não me abandones” (isto era um hábito que ele tinha, não um verdadeiro pedido). “O que é isto? Chamei por três vezes inutilmente.

15 – Fui por acaso excluído? Isto não pode ser, pois não vejo o fogo nem o Deus-nos-acuda .” (eles nunca usavam a palavra diabo)

16 – Há há há (ele ri, tremendo), é em verdade horripilante! Tão só...! Ó Deus, se chegasse agora um deste Deus-nos-acuda, e eu aqui sem água benta consagrada três vezes, sem crucifixo..., que farei?

17 – E é conhecido que o Deus-nos-acuda tem uma grande preferência por bispos! Ó, ó, ó, (tremendo de medo) isto é uma história desesperante. Eu acho que vai se iniciar comigo o “chorar e ranger de dentes”.

18 – Vou tirar esta minha veste de bispo, pois assim poderei me esconder do Deus-nos-acuda. Mas se com isto o Deus-nos-acuda usasse mais violência comigo? Ai meu Deus, ai meu Deus, que coisa horrível é a morte!

19 – Se eu estivesse absolutamente bem morto, então eu não teria medo algum, mas isto de estar vivo após a morte é o “x” do problema. Ó Deus, não me abandones!

20 – Que será que aconteceria, se eu caminhasse em frente? Não, não, eu fico, pois o que aqui existe eu conheço pela pouca experiência. Mas o que aconteceria se eu desse somente um passo, ou para frente ou para trás? Só Deus sabe! Em nome de Deus e da Divina Virgem Maria aqui aguardarei e não me moverei nem por um milímetro, nem para a frente nem para trás.


Receita para dor de dente e da água para bochechar

Recebido por Jacob Lorber, em 1 de dezembro de 1847

1 – Escreve, pois, esta pequena receita para nossa irmã adoentada.

2 – Minha querida filhinha, tu de fato tens uma cruz com estes teus dentes fracos, mas tem paciência por mais um curto espaço de tempo, e tudo ficará melhor. Vê, já que te dei estas doenças que não põem toda a vida em perigo, ficarás livre daquelas que podem ser menos dolorosas, mas são muito mais perigosas para a vida de teu corpo.

3 – Toma o purgante por alguns dias e não comas por algum tempo nenhuma fruta, pois elas azedam e engrossam o teu sangue. Mantém teus pés sempre bem aquecidos, não comas alimento muito quente e evita as correntes de ar. Já que estás com várias enfermidades e dores, fica na cama até mais tarde, pois o suor matutino é bom para curar o reumatismo. Vê, cada vez mais estarás melhor e sadia para sempre.

4 – Não deves esfregar o dente doído nem com a língua e não deves chupar, pois isto irritará o nervo exposto, causando muita dor. Só assim a dor passará.

5 – Também deves proteger teus ouvidos no inverno, ou quando houver tempo úmido e com vento. Coloca um chumaço de algodão em cada um. Nestes chumaços de algodão faze um buraco e lá põe um pedacinho de cânfora. Isto, com Minha ajuda, te livrará do reumatismo.

6 – Tu deves arrancar as raízes estragadas dos teus dentes, e Eu te asseguro que sofrerás pouca dor. Assim serás liberta de teu sofrimento no futuro, mas só com a observância destas regras, já pouco sofrerás no futuro. Um pouco de dor não faz mal à alma.

7 – Quando tiveres dores fortes, coloca gengibre na tua nuca e nas plantas dos pés. E se houver alguém com força magnética, que coloque o dedo anular em água fresca e faça sete círculos atrás de cada orelha, e a dor logo desaparecerá.

8 – Principalmente deposita em Mim tua confiança viva, que logo estarás sem dor para sempre.

9 – Também não deves te zangar por assuntos insignificantes, e assim terás um sangue puro e limpo.

10 – Finalmente, uma receita de uma boa água para bochechar: Toma um punhado de folhas de sálvia e cozinha-as num quarto de litro de água. Quando a água estiver esverdeada, côa e deixa esfriar um pouco. Quando estiver morna, faça bochechos. Faça isto diariamente, que jamais terás dor de dente.

11 – Bem, agora tens um bom medicamento, não só para ti, mas também para teus irmãos e irmãs; mas lembra-te que isto terá resultados mais eficientes, se tua confiança em Mim se firmar mais. Isto Eu digo e dou, Eu, o melhor médico. Amém.


Intrigas políticas dos sacerdotes

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de dezembro de 1847

1 – Escreve, pois, Meu amigo, essa palavra para nosso irmão e prefeito de Graz, para que ele seja confiante e cheio de coragem, e os resultados não deixarão de vir.

2 – Eu já te disse algo a respeito em mensagens anteriores, ou seja, que estes intrigantes vão fazer de tudo, de tudo mesmo, para conseguir o seu intento tenebroso: chegar ao poder. Mas com respeito a isto, agora só os levará cada vez mais para baixo e para sua destruição, como é de Minha Vontade. Vê, a serpente se destruirá com seu próprio veneno.

3 – Mas para que tu estejas preparado e saibas o que fazer em todos os encontros e confrontos que vão acontecer, ouve as Minhas diretrizes:

4 – Vai acontecer que tentarão enfraquecer o governo, magistraturas e polícia, fazendo eles mesmos levantes e matanças contra si mesmos, para depois poderem dizer: “ Vede, estes são os frutos que, pelos governantes mundanos, são praticados contra nós, os discípulos de Deus. Isto faz o governo ateu, um magistrado, cujo funcionário é totalmente sem Deus, um maldito herege que pertence ao inferno. Todos estes discursos e outros mais são impostos em segredo ao povo ignorante por prédicas no confessionário, ou às crianças nas aulas de catecismo ”.

5 – Eles também usarão pessoas pagas que irão às outras cidades onde não são conhecidas e começarão a louvar e aplaudir o governo civil, especialmente quando souberem que estas demonstrações chegarão aos ouvidos da corte.

6 – Esta é a razão por que já te dei ordens para que uses de severa vigilância sobre estes servos de Baal, pois Eu sei o que estes meliantes são capazes de fazer, para esfriar sua vingança e com isto conseguir o poder que tanto desejam.

7 – Eles também usarão cartas e panfletos anônimos, que distribuirão em todos os eventos que acontecerão. Tudo farão para culpar as autoridades de tudo de mal que vier a acontecer e chamá-las à responsabilidade e até, se possível, afastá-las do seu posto. Se não conseguirem, forçá-lo-ão a exigir de todos os teus funcionários que façam novos votos religiosos, pois sem irem à igreja e sem confessarem, nem o Estado nem a igreja conseguirão saber seus pensamentos, suas intenções e sua dedicação; também não poderão saber em que tipo de mãos hereges se encontram.

8 – Eu, porém, te digo e aconselho: Consegue uma queixa justa e faze com que várias pessoas idôneas a testemunhem como verdadeira. Procura o governador, para que ele faça o mesmo; mas se ele não se atrever, faze-o por ti. Apresente estes documentos aos mais altos escalões e pede a criação de uma comissão da corte completamente independente (os custos devem ser vossos). E assim cortareis os caminhos dos servidores de Baal, os quais estão empenhados em vos desgraçar na corte. Isto decerto não conseguirão, pois eles são Meu departamento.

9 – Pois estas autoridades lá em cima já se deram conta do sacerdócio político e o colocaram como uma pulga atrás orelha. Mas eles não podem se livrar da mesma, pois ela já se entranhou em seus órgãos vitais. Se a matarem (na sua ação trevosa), eles temem serem mortos juntos a ela, mas se permitirem que ela continue a agir, sabem que ela os engolirá e destruirá.

10 – Esta é a razão por que estas autoridades permanecem em silêncio, aguardam, prestando atenção para onde a balança penderá no fim.

11 – Os padres bem sentem o que está acontecendo, sabem bem quão menor seu peso é, comparado com o justo que se encontra no teu prato de balança. Esta é a razão por que coloquem mais peso para te bater. Esta é a razão por que ainda nada fizeram de fato.

12 – Faze, porém Meu querido amigo, somente o que Eu te aconselhei. E aqui fica bem atento a qualquer movimento que cheire a revolta. Castiga severamente, mas com justiça, todo aquele que se manifestar abertamente com respeito às ações engendradas e discutir o desenrolar das mesmas. Não poupes ninguém, nem clérigos, nem leigos, para que nada consigam contra ti e não possam dizer que estás em concílio com os manifestantes. Vê, tudo isto se origina neles.

13 – Se um povo por si mesmo e pelos seus direitos tem Minha Boa Vontade, mas há aqueles que intrigam em locais fechados e escuros, estes são os poderosos “pretos” (referente a veste sacerdotal) e contra eles a luta deve ser ferrenha.

14 – Também seria bom que o clérigo rural fosse mais observado pelos governantes locais, do que é até agora, pois senão estes padres embromam este povo tão inocente do campo, insuflando-o a realizar manifestações; e porão culpa na capital, dizendo: “ Vejam, estes são os frutos quando o país é governado por hereges!” Exempla trahunt! (o exemplo puxa a fila), porque na capital os governantes e magistrados não nos obedecem, a nós religiosos, e o povaréu do campo se acha no direito de fazer o mesmo”.

15 – Para encurtar, esta maneira de atuar deve ser colocada sob severa observação, pois senão, atuando debaixo dos panos, poderá prejudicar muito o país. Pois Eu não posso e não devo usar Meu Poder para quebrar a vontade deles. E Minha Luz os mataria, como o brilho do relâmpago mata os caranguejos, se não procurarem abrigo na lama ao primeiro sinal de tormenta.

16 – Eu te aconselho que uses tua esperteza com justiça, esta muitas vezes consegue mais que ordens a exércitos.

17 – Eu, porém, ainda vou observar este atuar por um tempo bem curto, pois quero ver se ele fica melhor. Mas então permitirei que um “Senhor da Guerra” avance sobre os mundos, um tal guerreiro que a Terra ainda não conheceu.

18 – Mas, apesar de tudo, fica bem tranquilo! Eu sempre estarei ao teu lado e não permitirei que te façam mal. Acho que sou tão esperto, como eles acham que são!! Tenha absoluta certeza de tudo isso. Isso Eu te digo, Jesus, que tudo vê. Amém.


A cabeça do homem, da mulher e de Cristo

Recebido por Jacob Lorber, em 21 de dezembro de 1847

Mas quero que saibais que o Senhor de todo homem é Cristo, senhor da mulher e o do homem; o senhor de Cristo é Deus. - I Corintos 11-3.

1 – Este texto é um teste muito fácil de entender, pela sua naturalidade. Mas aqui devemos saber em primeiro lugar quem e o que é o “homem”.

2 – O homem é a polaridade do divino ( como polaridade o editor escreveu: o suplemento oposto) que é o mais elevado, o superior a todos, o ponto culminante da luz divina. Esta luz divina, porém, é Cristo, que veio ao mundo como uma Luz, e ilumina as trevas do mundo (quero dizer: do homem material, mundano). Mas como Cristo é uma Luz da Luz, então a cabeça também é a luz do homem e é o seu superior, sua polaridade positiva.

3 – Uma cabeça que é cega, surda e muda não pode ser uma luz para o corpo do homem e também não uma polaridade superior positiva. O mesmo acontece com a humanização de Cristo. Um humano só é um “homem” quando está na Luz de Cristo, ou se Cristo for à verdadeira polaridade positiva dele. Sem esta luz, nenhum é homem, mas somente vulto.

4 – Mas já que Cristo é a Luz do verdadeiro homem, ele é também a sua “cabeça” (pois a cabeça é a luz do humano). Creio que isto é extremamente fácil de entender.

5 – E que o homem iluminado em Cristo também é a cabeça da mulher, ou a luz da mulher, como Cristo é a cabeça e luz do homem, isto já nos explica a natureza das coisas, pois o homem é definitivamente o polo positivo, polo iluminado da mulher.

6 – Mas que Deus seja a cabeça de Cristo, isto soa um pouco mais diferente e extraordinário, mas é a mesma situação.

7 – Pois “Deus”, ou “Amor”, é o fogo original, a luz original e consequentemente é o verdadeiro fogo e a verdadeira luz do Homem; Deus, Jesus Cristo. Por infinita plenitude iluminada, habita a “plenitude da Divindade.” Nela habita o Cristo fisicamente, quer dizer, de verdade e não somente pelo reflexo, como o Sol num espelho. Pois em Cristo está a própria divindade, e não uma imagem.

8 – Como o Sol (natural) é a cabeça, ou a luz, ou então o polo positivo de todos os outros corpos do Universo, a divindade é a essência da luz original de toda luz, o ser original de todo ser, a cabeça de Cristo, que é o mais perfeito “homem-Deus” e consequentemente Deus em toda sua plenitude desde conceito elevadíssimo.

9 – Mas Cristo não seria Cristo sem Deus, e Deus não seria Deus sem Cristo – tal como o humano não seria humano sem a cabeça, e a cabeça sem o homem resultaria em absurdo.

10 – E assim o homem sem Cristo não seria um ser humano ou um homem. E Cristo sem os seres humanos? Quem O poderia imaginar? Seria a mulher sem o homem uma mulher? Certamente que não. Pois onde não houver algo positivo, então não pode haver algo negativo. Onde falta o negativo, o positivo jamais poderá se apresentar visivelmente. Como quando se decapita uma pessoa, nenhuma das duas partes sobrevive, apesar de cada uma possuir uma função totalmente diferente da outra; acontece o mesmo quando uma pessoa se separa totalmente de Mim no seu coração: ela não consegue ter a Vida.

11 – Na Minha opinião, este texto agora está bem claro para vós. Observai-o bem de acordo com esta clareza. Amém.

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Receitas para doença do peito

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de fevereiro de 1848

1 – Dize isto para nossa querida irmã, como uma mensagem Minha.

2 – Ouve bem, Minha querida filha. Tu não deves ficar com medo por tua leve doença no peito. Vê, não é assim tão grave como pensas, só porque teu médico fez uma cara preocupada quando te visitou.

3 – Os médicos costumam fazer caras preocupadas quando enfrentam uma doença física leve. Quando ela desaparece, nem sempre pelos seus medicamentos, mas como muito mais frequência por Minha intervenção, então dizem: “ Vede, esta ou aquela eu salvei da morte”. Isto eles falam bem naturalmente, para que assim consigam mais confiança e mais clientes.

4 – Um médico é igual ao outro. Podes falar com um ou com mil, estou certo que cada um se apresentará como “salvador da vida”, como ele ajudou a fulano ou sicrano e como os salvou em pouco tempo com um medicamento só seu.

5 – Alguns médicos também exageram na gravidade do mal, para obter total obediência dos pacientes e para que estes sigam sua receita com dedicação, conseguindo com isto honorários altos, quando se livrar da doença. Sem a intervenção do médico, como eles dizem, o paciente teria morrido.

6 – Com raras exceções, os médicos são assim como o teu. Ele não é diferente. Pela sua experiência, leva muitas vantagens sobre os mais jovens, mas de fato é igual a todos.

7 – Eu te digo isto para que não aceites o veredicto do médico como uma verdade por Mim assinada. E deves aceitar mais a Mim, que ao médico que deseja te ver doente com mais frequência e por mais tempo.

8 – Teu mal no peito não passa de um resfriado, um leve catarro nas glândulas do peito, e sua cura está sendo prejudicada pelos medicamentos errados.

9 – Fica bem aquecida e coloca no teu peito cataplasmas de semente de linhaça deixando-os também durante a noite. Toma de manhã e à noite um chá para limpeza do sangue, não uses alimentos condimentados nem bebidas. Especialmente não tenhas medo e confie em Mim, que tua doencinha logo passará. Durante o inverno toma a cada quatorze dias um purgante leve e assim também evitarás a tua dor de garganta.

10 – Mas deves confiar mais em Mim, do que nos medicamentos que Eu aqui te aconselhei. Não sendo assim, os medicamentos de pouca utilidade serão, pois todos os medicamentos só recebem seu poder de cura por Mim.

11 – Mas como foi dito, o principal é que não tenhas medo; só assim poderei te ajudar e tornar teu corpo sadio. Tem absoluta certeza disto, em Meu Nome. Isto falo Eu, o Médico. Amém. Amém.

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O melhor para todos

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de fevereiro de 1848

1 – Eu sou o melhor para ti e para qualquer outro, para aqueles que Me escolheram para a eternidade em seus corações e que não pensam: “ Com estes ou aqueles talvez eu pudesse ser feliz também.

2 – Eu te digo: todos os “estes ou aqueles” são como joias falsas. Elas deslumbram, parecem ser algo de valor, mas no fundo são um nada, assim mesmo, um nada, uma joia falsa, pela qual um “prego” (penhor) nada te daria, se a miséria te forçasse a vendê-lo.

3 – Mas quem Me elegeu e não pensa: “ Estes ou aqueles poderiam ser minha felicidade”, pois adquiriu uma joia verdadeira e de valor. E se tudo perdesse, propriedades e todos os valiosos amigos, assim mesmo ele estaria muito fez com os prejuízos. Pois ainda teria a valiosa joia no cofre de seu coração, cujo valor nem toda eternidade poderá destruir.

4 – Minha filhinha, como hoje é teu aniversário, como Pai de todos os seres humanos e todos os anjos, só posso desejar que procures obter uma joia verdadeira e valiosa. Sem esta joia, todo o resto é falso, pelo qual os “pregos” no céu nada te darão.

5 – Bem, isso é a melhor coisa para ti e todos os outros. Escolhe-Me para habitar teu coração, e assim terás escolhido para a eternidade o melhor para ti, já na Terra. Amém. Amém.


Doença do peito – mais conselhos

Recebido por Jacob Lorber, em 13 de fevereiro de 1848

1 – O leve mal já vai desaparecer enquanto o medicamento aconselhado for usado com seriedade, e especialmente na viva confiança em Mim, o Médico dos médicos. Deve-se usar o medicamento corretamente, pois senão as potências específicas inúteis serão decompostas muito lentamente, ou não serão.

2 – É assim que o medicamento aconselhado deve ser preparado (não terá validade além de quatro ou cinco anos). Deve-se amassar esta semente e fazer uma massa com água fresca. Tal massa deve ser aquecida num saquinho de linho, antes de ser colocada sobre o peito adoentado. Lá deve permanecer por uma hora e então ser substituída por uma cataplasma fresca.

3 – Se a doença persistir, ou se ela se repetir a cada mudança de tempo, esta papa de semente pode ser feita com chá de madressilva, e usado o chá a seguir. Também se pode misturar às sementes flores de camomila (1/4 da parte), a qual acalmará as dores com mais rapidez. Mas o saquinho sempre deve ser bem aquecido.

4 – Pelo mínimo deve-se fabricar 4 saquinhos por dia para que sejam substituídas por ordem a cada hora. No dia seguinte usa-se saquinho novo mas no 3º dia pode-se usar os primeiros, elas devem ser lavadas e com cataplasma novo.

5 – Os saquinhos devem ser defumados com camomila, açúcar e incenso.

6 – À noite pode-se usar uma tela de cânhamo, defumado como dito acima, para dar mais conforto ao doente.

7 – Para fazer o chá de limpeza do sangue, deve-se comprar (numa casa de ervas) ervas boas e não colhidas junto à água. Deve-se jogar água fervente sobre o chá, deixar por doze minutos bem coberto, e só depois coar, adoçar e tomar meia hora antes do desjejum e meia hora após a janta.

8 – Se isto for usado com exatidão, a doença logo desaparecerá.

9 – Mas outra coisa, quando o tempo estiver úmido, não permita lavar a casa, pois então Meu conselho de nada servirá. A unidade é muito ruim para este tipo de doença.

10 – É muito melhor ficar por horas na chuva ou na umidade, do que ficar um quarto de hora encerrada num quanto úmido. Isto se deve observar, se alguém desejar permanecer sadio. Usa tudo isto que Eu te aconselhei, que a saúde será tua.

11 – Quando o tempo melhorar, podes ir para fora por uma ou duas horas ao meio do dia. Isto te fortificará. Eu te fortificarei. Amém.

Amor é melhor que temor

Recebido por Jacob Lorber, em 17 de fevereiro de 1848

1 – Eu sei muito bem o que desejas! Mas desta vez Eu sei que tua irmã não quer estar Comigo, pois está cheia de medo de Mim por motivo de seu constante uso de drogas. Ela em primeiro lugar deve considerar que Eu não sou um terrível “mau caráter zangado” e em segundo lugar que Eu jamais darei uma palavra a alguém, especialmente a um alguém que Me ama, que não tenha origem no Meu mais profundo Amor de Pai. E para tal dádiva qualquer tipo de temor é uma infantilidade.

2 – Tua irmã deve ler todas as Minhas dádivas anteriores e viver de acordo com o que nelas digo e não precisará permitir um temor desnecessário ante Mim. Mas o que acontece é que lhe falta a fé verdadeira. Esta também é a razão pela qual lhe é tão difícil observar os conselhos que com tanto carinho lhe dei e que só visam o seu bem.

3 – Mas já que ela está cheia de temor por Mim, temos que aguardar por uma ocasião em que não Me tema, e só então poderei ajudá-la novamente e levá-la para sua evolução.

4 – Dize-lhe com ênfase: Para Mim o Amor é muitíssimo mais importante e de Meu agrado, do que o temor. Pois aquele que Me ama em verdade, este não possui nenhum pecado para Mim. Pois o amor apaga todo pecado e não permite que algo se torne pecado.

5 – Mas aquele que Me temer, este facilmente cairá em pecado. Pois o temor nos protege do pecado como uma cerca viva protegerá o fugitivo das balas de seus perseguidores.

6 – O amor, porém, é como uma fortaleza sobre uma rocha, a qual nenhum inimigo jamais conseguirá vencer.

7 – Pois dize então à tua irmãzinha que não Me tema, mas que Me ame, com todas as suas forças, e logo se livrará do vício. E então Eu lhe darei o que deseja no mesmo momento.

8 – Isto fala o mais carinhoso e melhor Pai. Amém.


Para ser lido atentamente por quem quer se casar

Recebido por Jacob Lorber, em 30 de fevereiro de 1848 (?)

1 – Escreve, pois estás certo. Pois Eu gosto de dar ...; sim, Eu gosto muito de dar presentes. Mas principalmente àqueles que desejam algo certo. A filhinha que se tornou maior de idade também deseja alguma coisa certa. Por isto lhe será dada alguma coisa com grande prazer.

2 – O que ela mais deseja receber é um marido bom, respeitado e não muito velho. Mas Eu tenho que confessar que Eu não posso fazer nada ou muito pouco neste assunto, pois na atualidade, quando se refere a casamento, não se considera o homem, o ser humano mas sim o que ele representa, sua posição na sociedade, seus bens materiais, o dinheiro que compra uma jovem ao moço e mulheres a solteirões. Eu sou totalmente dispensado nesta transação e por isto deixo todo este assunto para o mundo; não Me preocupo com nada mais, a não ser que alguém se dirija com toda sua força para Mim e que deixe o mundo fora da transação. Em verdade este casamento Eu abençoei e ajudarei a manter vivo.

3 – Mas se dois que se desejam casar dizem e perguntam: “ Quanto possuis? E tu, quanto possuis tu? Que posição honrosa ocupas na sociedade? Onde moras? Com que te sustentas? Quem são teus pais? Eles por acaso são da nobreza?” , aí sim Eu estou completamente fora, pois tudo isto Me é extremamente desagradável, totalmente mundano e materialista. E não espereis que Eu ajude alguém a encontrar algo que o prejudique e que é o verdadeiro inferno, do qual muito poucos conseguem se livrar e que lhes exige um esforço sobre-humano.

4 – Como posso entender, Eu não posso realizar o pedido de um(a) ou outro(a) por um marido ou mulher, especialmente se já escolheu o seu candidato(a) sem ter Me consultado. Se ele(a) já se apoderou de alguém, como Eu ainda poderei lhe dar esta ou aquela pessoa? Ele(a) já a tem!

5 – Eu, porém, vos digo: Vós que quereis um bom casamento procurai-Me, a Mim. Somente Eu devo ser vosso objeto de desejo, e então com alegria vos darei o companheiro(a) tão sonhado. Eu vos asseguro, nada vos faltará.

6 – Pois vós sabeis que ninguém pode servir a dois senhores. Eu também não posso, Eu e Satã ao mesmo tempo; mas só a Mim, por todo o grande Amor, ou Satã, pelo julgamento severo.

7 – Quem quer alguma coisa de Mim, este deve querer algo que Eu tenho, que seja Meu, e não algo que seja também do diabo!

8 – Mas atualmente o mundo todo é do diabo. É por isto que Eu muito raramente consigo dar alguma coisa mínima, e quase sempre as pessoas se envergonham desta Minha Dádiva.

9 – Eu sei que tu não pertences a este mundo e não te envergonhas de Minhas Dádivas. Mas, apesar disto, o mundo te influencia e possuis muitas coisas que te tentam. Mas Eu te aconselho:

10 – Tu e teus sentimentos, uni-vos contra o mundo, e Eu em curto espaço de tempo farei uma nova união contigo.

11 – Tu afirmas que isto não é tão fácil assim, mas Eu te digo: Isto tudo Eu sei, se o assunto é fácil ou um pouco mais difícil. Mas se te é fácil ou difícil, mesmo assim Eu devo ser fiel à Minha Ordem e não posso mostrar o outro lado da montanha a ninguém que não esteja no cume da mesma.

12 – Enquanto a matéria permanecer o que ela é, ela é e ficará sempre opaca. Quem quiser ver além da montanha, deve escalá-la, não importa quão alta ela seja.

13 – Pensa bem sobre estas frases, com muita frequência, até que te possas adaptar às mesmas e assim conseguir colocar teus pensamentos e desejos na Ordem certa e te tornar “espiritualmente” maior de idade. Amém.

14 – Este é Meu mais profundo desejo para todos. Observai-o fielmente. Amém.


Conselhos para ter paciência

Recebido por Jacob Lorber, em 07 de março de 1848

1 – Todos têm o desejo de ficar livres dos males que os afligem na maior brevidade possível, mas não podem ir tão depressa como seus corações desejam. Vede, Eu tenho tantos desejos para os homens livres na Terra, mas as pessoas não querem seguir estes Meus desejos, por melhores que sejam.

2 – Eu há muitos anos tenho dores no peito, que está repleto de Amor pelos seres humanos. Mas as criancinhas que foram chamadas não vêm para aliviar Meu Peito Paterno da fartura de Amor que tenho por vós, Minhas criancinhas. Nada Me sobra do que Paciência! Sede, pois, também nisto, Meus seguidores, se desejardes ser Meus Filhos legítimos.

3 – Observai a arvore frutífera! Vede, as crianças a observam, para ver se descobrem alguma fruta madura e assim aguardam por dias ou às vezes semanas. Quando uma fruta começa a ficar colorida, correm para arrancá-la da arvore; mas o jardineiro vem e lhes diz: “Tende paciência por mais alguns dias, e então ela estará pronta para ser saboreada com prazer”.

4 – Uma jovem mãe se dedica sobremaneira a seu filhinho. Ela o ensina a caminhar, coloca em sua boca palavras fáceis para repetir, ela o mede e se alegra com cada tantinho que tenha crescido. E com ansiedade ela deseja chegar o tempo em que o verá como um jovem garboso à sua frente. Mas, apesar de todo seu desejo, o tempo toma seu tempo e não permite atalhos. E vede, novamente há de se praticar a paciência.

5 – Nesta época tormentosa (lá, como hoje, a guerra é uma ameaça que paira sobre os homens), que parece ferver como um inferno para toda a humanidade, muitos corações inocentes foram gravemente feridos e não desejam nada além da ordem restabelecida e a paz voltando a reinar. Mas não é possível reconstruir um edifício com tanta pressa como o anterior foi demolido. De novo estamos à frente de: “Há de se ter muita paciência”.

6 – É assim que todos deveis carregar vossas doenças. Com paciência e com muita confiança em Mim, em dias melhores, mais amenos, que curarão todos os males.

7 – Mas deveis usar os medicamentos (especialmente os por Mim receitados) com exatidão, e as dietas devem excluir todo tipo de comida condimentada, fermentada, nada de gordura, fritura e carnes salgadas.

8 – Quando os dias estiverem muitos frios e úmidos, os doentes devem permanecer na cama, mas nos dias ensolarados deveis fazer caminhadas ao ar livre, para suar. O suor vos trará bons frutos.

9 – Mas é muito importante que não temais os acontecimentos desta época! Sede sem temor e tudo ficará melhor. Orai, orai muito pela paz e pela harmonia entre os homens. Onde Eu estiver, nada de mal acontecerá.

Amém.


Amor mundano e amor divino

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de março de 1848

1 – Ouçam bem, Meus amados filhos! A primeira condição de todo o ser é eternamente o Amor, mas atenção, é o Amor verdadeiro e certo; como Eu, que sou eternamente o Amor de fato e único, ensinei a todos os seres humanos e coloquei como princípio de tudo em seus corações. Quando alguém procura evoluir e aumentar este amor verdadeiro em seu coração, segundo Meus ensinamentos, então ele está no caminho totalmente certo para o verdadeiro renascimento espiritual.

2 – Se alguém tiver conseguido isto, ele encontrou a verdadeira e real razão de sua vida. Mas para alcançar esta verdadeira meta, deve cuidar muito bem do caminho da educação de seu coração, há de se perguntar se esta tendência não possui nem um pedacinho da semente maligna do amor próprio, se este não se acomodou ao lado do Amor verdadeiro.

3 – O Amor verdadeiro está completamente isento de paixão. Ele sim, se apodera de tudo com todo seu poder e toda sua força e não solta mais nada do que se apoderou, por toda eternidade. Mas o efeito deste tão poderoso amor é muito suave e está acompanhado de grande tolerância.

4 – O efeito do amor próprio, que de fato é totalmente incapaz, logo se apresenta como uma atividade que deseja destruir tudo aquilo que quiser atravessar seu caminho maldoso. E este comportamento é a paixão, que se sente em casa no amor próprio.

5 – Como já foi dito, por isto cada um deve ser muito cuidadoso na educação, alimentado pelo Puro Amor Divino, ou se não mesmo, com minúsculas porções de amor próprio. Todos vós deveis perscrutar no vosso “dia do nascimento espiritual” o mais breve possível.

6 – Vede, o amor entre as pessoas é muito bom e certo, mas só se amarmos as pessoas por serem pessoas e não fizermos diferença além de verificar se esta pessoa está mais próxima ou afastada do Meu Amor, pois esta é a única diferença correta. Ninguém pode servir a dois senhores: um bom e um mau, ao mesmo tempo. Mas todo ou qualquer preconceito (diferenciação) motivado por qualquer tipo de razão mundana, já é um amor próprio, e devemos cuidar bem disto, pois mesmo aquele bem escondidinho no nosso coração está desejando uma honraria material. E onde houver este desejo, mesmo ínfimo, já não é mais a humildade, mas sim o orgulho (mesmo mínimo) é a mola mestra que faz a educação deste coração.

7 – Se teu coração se apoderar de algo, pergunta-te de pronto se com isto não é o teu sentimento mundano de honrarias que está motivando esta ação. Se for assim, esta ação já é a expressão de amor próprio de teu coração e estará prejudicando a evolução de teu coração, qual bandido enviado pelo inferno que quer destruir tudo que é bonito e nobre.

8 – Pois o amor próprio não passa de uma semente venenosa que o Inimigo semeou entre os trigais nobres, para que não só prejudique o seu crescimento (do trigo), mas sim causar sua total destruição.

9 – Por isto devemos observar bem o amor pelas pessoas e sempre perguntar ao seu íntimo: Porque amas a este ou aquele, ou a esta ou aquela, ou a isto ou aquilo?

10 – Se o coração responder na humildade, então o amor é bom e te levará à plenitude espiritual. Se o coração, porém, responder com vaidade mundana, então o amor não é Amor, mas sim é amor próprio, egoísmo que passa ao exterior e está usando o manto de cordeiro do Amor, que no fim destrói tudo que de nobre há no coração e faz todo o possível para afogar o espírito.

11 – Eu vou dou esta pequena lição, pequena, mas extremamente importante, como uma lição de vida que vos deve acompanhar em toda vossa vida, pois isto é a única e verdadeira meta de vossa vida material. Recebei este presente de vosso Pai bondoso.

12 – Se conseguirdes este Amor, só então compreendereis totalmente como é bom Aquele que vos deu estas palavrinhas, para que consigais o mais depressa possível o vosso renascimento espiritual.

13 – Amai-Me acima de tudo, como Eu vos amo acima de tudo. Não permitais que o mundo cegue (deslumbre) vossos corações e assim tereis um caminho suave para andar.

14 – Isto vos digo Eu, vosso Pai amado. Amém.


A hora chegou

Recebido por Jacob Lorber, em 12 de maio de 1848

1 – O grande “tempo dos tempos” está agora “no seu tempo”! Fazei tudo para que ele seja editado (é um poema que muitos pediram e que se chama “Patiel”, ou “O Grande Tempo dos Tempos”), que sejam editados centenas, milhares ou muito mais. Pois esta ode em pouco tempo terá muitíssimos leitores. Mas que não seja caro, assim muitos poderão comprá-lo. Mas Eu vou acrescentar uma parte ao prefácio, o que podeis fazer agora em poucas linhas.

2 – Também deveis explicar a membrana globular, pois senão os leitores não entenderão este conceito.

3 – Após esta publicação pode vir imediatamente para publicação o que chamais de “obra principal” e logo após “Infância de Jesus”, “Sol e Planetas”, “Terra e Lua”, etc. Os títulos definitivos Eu vos direi na ocasião certa.

4 – Aproveitai a hora, pois ela está presente agora, aquela que Eu escolhi para a publicação da Nova Revelação. Não poupeis nenhum esforço e também os custos no começo! Eu vos digo que sereis recompensados com lucros impensáveis.

5 – A hora da qual Eu vos falei no começo chegou! A hora em que o mundo conhecerá a Minha Palavra nova, que já está presente. A “Prostituta” foi atingida. Bem, publicai a boa nova. O Grande dia chegou! Amém. Amém.


Cura e prevenção

Recebido por Jacob Lorber, em 29 de junho de 1848

1 – Se continuares a Me pedir receitas para doenças, terei que me graduar em alguma escola médica, pois senão os médicos mundanos poderão me levar ao juízo. Mas como não tenho medo dos juízes mundanos, poderei dar conselhos à tua paciência, a qual está com cicatrizes e que, se seguir Minhas recomendações, em poucas semanas estará totalmente curada.

2 – Acima desta medicina não existe nenhuma! Podes continuar com o tratamento já iniciado, mas sempre lava a ferida com chá de malva silvestre, nem que seja uma vez ao dia.

3 – Tomar um chá de limpeza a cada dia e manter a dieta (só comida leve, pouco condimento, nada de gordura). Não deves permanecer fora de casa à noite, pois nesta época do ano as noites nas regiões planas e em vales estão cheias de espíritos impuros, pois são precursores de um tipo de cólera que em pouco tempo estará em vossa região.

4 – Os que desejarem se livrar desta doença devem evitar ficar fora de casa desde já (à noite), especialmente as mulheres, meninas e crianças dos dois sexos. Os homens também fariam melhor se permanecessem em casa, especialmente após as 22 horas. Apesar da doença não vos atacar com tanta força e perigo que a verdadeira cólera, ela deixará grandes mazelas na carne dos que a vencerem.

5 – À noite abençoai vossos quartos e camas em Meu Nome, e defumai tudo com zimbro. E quando a doença chegar aqui, selai as janelas com ramos frescos de zinho, e assim estareis em segurança. Mas evitai o sereno da noite.

6 – Observai bem esta receita! Pois sabeis que tudo o que Eu predigo acontece, pois a humanidade nada faz para que Eu retire o julgamento anunciado. Por isto, cuidai bem do que vos aconselhei. Amém.


Conselho de Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 15 de agosto de 1848

1 – O provérbio diz “Conselho bom é caro”. Esta afirmação é correta especialmente entre os humanos, pois pessoa alguma pode dar de fato um bom conselho para o outro, e isto acontece porque nenhuma pessoa é de fato boa.

2 – Um conselho realmente bom só pode ser dado por alguém que é bom de verdade. Mas bom de verdade não é ninguém além de Mim, diz o Senhor. Assim, se Eu como vosso Senhor der um conselho para alguém, este conselho é bom, somente porque Eu, como o doador do conselho, plenamente sou bom.

3 – Mas aqui se pode perguntar: “Porque é que este conselho é bom?” Em primeiro lugar, por quem ele foi dado e pela verdade eterna nele contida; sendo assim, ele se torna uma verdadeira preciosidade. Em segundo lugar, ele é caro porque é extremamente raro. Tudo o que é raro é delicioso e por isto muito caro.

4 – Tal como os diamantes, as pérolas grandes e o ouro são caros pela sua raridade, o Meu conselho também é caro pela sua raridade. E por que é Meu conselho é tão raro?

5 – Porque no mundo só existem pouquíssimas pessoas que algumas vezes levaram uma vida tentando seguir as Minhas Palavras e o Meu exemplo, obtiveram a graça de conseguir escutar o Meu bom conselho, e conseguiram então aplicar este conselho em seu benefício e em benefício de seu próximo.

6 – Se houvessem muitas pessoas que por esporádicos atos de abnegação se fizessem merecedores de entender e ouvir os Meus conselhos cada vez que fossem necessários, então este Meu conselho não seria mais tão caro e todos então poderiam ter um bom conselho caseiro. Mas como infelizmente este não é o caso, pois entre milhões de pessoas às vezes não existe nem um que possui tal aptidão, então um conselho tão extremamente bom só muito raramente é revelado aos homens, e como consequência deve se tornar muitíssimo caro.

7 – Eu, como o único e verdadeiro conselheiro, vejo que os homens fazem a mesma coisa com os Meus Conselhos tão úteis, necessários e bons, como crianças às quais os pais dão brinquedos valiosíssimos, feitos de pedras preciosas ou pérolas lapidadas. As crianças não sabem diferenciar o vidro comum dos diamantes, não conhecem o seu valor e brincam com todos sem distinção. Isto acontece especialmente na atualidade, entre os humanos, e eles não conseguem nem reconhecer Meus conselhos e advertências. E se existirem alguns que os reconhecem, não os aceitam, pois o mundo ainda atrai demais seus corações, pois Meus conselhos são sempre um pouco difíceis a serem praticados contra o mundo. Esta é a razão por que cada vez mais Me é indiferente dar um bom conselho aos homens, pois Eu já prevejo que ele não será seguido de maneira alguma. Teria tanto valor, como se tivesse sido dado com sendo mais um mendigo.

8 – Quem quiser receber um bom conselho Meu, deve em primeiro lugar examinar bem seu coração; ele é digno de um conselho Meu? Este coração quer seguir o Meu Conselho? Este coração conseguirá seguir este conselho, devido a tantos assuntos mundanos que nele habitam?

9 – Se estas três condições forem respondidas afirmativamente, então que esta pessoa venha a Mim e peça um bom conselho, e Eu jamais deixarei de dar um bom conselho a quem o desejar seguir. Mas se isto não estiver no seu coração, Eu não darei a ela Meu tão bom e precioso conselho. Por nada vezes nada isto farei aos homens do mundo, pois estes não seguirão o conselho, pois seus corações ainda estão bem atraídos pelo mundo.

10 – Tu, meu querido irmão, deves perguntar se teu coração está completamente apto para seguir um conselho Meu. Se assim for, não deixarei de ter dar um.

11 – Mas se teu coração responder: “Poderei obedecer este conselho com muita dificuldade, ou mesmo não o seguirei de forma alguma.”, então Meu conselho teria sido jogado ao vento.

12 – Mas em todo caso, aqui vou te dar um bom conselho que consta: Deves examinar teu coração e este exame deve tornar-se uma lei para tua vida. Com isto obterás Meu conselho bem mais facilmente e sem ser tão caro, como até agora foi. Isto fala o doador do único conselho bom. Amém.


Confiança em Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de setembro de 1848

1 – Ouve bem, meu querido filho e servo, isto fala teu Pai, teu Deus e Senhor.

2 – Por que estás com tanto medo e por que tens um medo imenso por teus parentes e por teu casamento, como se a felicidade de tua casa dependesse só deles? Então o que sou Eu, o Senhor da vida de tua mulher, de todos teus filhos, dos bens e da vida tua e de teus parentes?

3 – Se tu Me amas e se tu Me adoras, quem poderá te prejudicar? A quem ainda temes, estando ao Meu lado? Eu falo contigo através de Meu Servo e da menina a quem apoias tuas mãos. Sim, Eu frequento tua casa quase que materializado! Eu clamo ao teu coração, Eu te fortifico com Minhas Mãos, Eu perdoo e há muito te perdoei todos teus pecados e as fraquezas de tua carne. Mas ainda não te basta, ainda estás cheio de temores ocultos, cheio de medo e desalento, e Eu posso te dizer sim: “cheio de pouca fé”.

4 – Vê, isto não está certo. Tu és o que mais sofre com isto, pois ainda não consegues dizer, cheio de fé, de alegria e da mais livre felicidade: “Senhor, Tua vontade se faça”!

5 – Tu deves te elevar sobre tudo isto! Na cruz que aparece em tua casa, deves ver a Minha Vontade que deseja te enriquecer e te libertar de todo ou qualquer mal espiritual, e Eu não quero te esmagar nem te destruir. Só então poderás caminhar com sentimentos livres e leves e vais te alegrar com todos os acontecimentos de tua estadia na Terra, pois saberás que cada coisa que acontece é a mais pura boa vontade de teu Salvador, teu Deus e teu Pai.

6 – Por amor a Mim, deves estar disposto a abandonar tudo. Ainda que Eu te tomasse tudo - mulher, filhos e fortuna - como Jó, ainda assim deverias conseguir dizer: “Senhor, Tu tudo me deste, podes tomar tudo de volta! Só Tua Vontade é Santa!” Se conseguires falar assim em teu coração, então Eu poderei te dizer:

7 – “Irmão tu Me amas mais do que a tua mulher, teus filhos e tua fortuna que é só material e passageira. Eu vou te devolver multiplicado por mil tudo aquilo, o que te faz mais caro para Mim. Pois somente Eu sou o proprietário do infinito, só a Mim tudo pertence. Só Eu posso dar e tomar, e o que tomei devolverei centenas de vezes mais.”

8 – Eu bem que vejo tuas falhas e escolho os meios mais úteis para te ajudar, espiritualmente em primeiro lugar, logo em seguida fisicamente, mas isto só após teres organizado e ordenado tua parte espiritual. Mas se sabes tudo isto, como é que ainda podes estar com medo?

9 – Eu te digo: tu não tens medo pelo que tu sabes e conheces, mas sim igual aos Meus discípulos no mar da Galileia, quando uma tormenta se abatia sobre seus barcos. Eles bem que sabiam que Eu os poderia salvar, mas se Eu estivesse acordado. Mas como Eu estava, de certa maneira, adormecido, então de sua fé enfraquecida e cheios de temor começaram a clamar: “Senhor, acorda Senhor e nos acode, senão nós todos afundaremos.” Dize-Me se este grito de medo não foi algo totalmente tolo? Pois quem pode sentir medo quando está ao lado do Todo Poderoso Criador do Infinito, tão logo um ventinho começa a soprar com um pouco mais de força, tormenta esta que se origina do mesmo Criador que criou o mar? Vê, isto só é possível a uma pessoa com pouca fé. É por isto que tu também tens pouca fé e, consequentemente, estás com medo.

10 – O conhecimento baseado em muitas provas não te falta, mas baseado naquela fé verdadeira e forte, deste sim ainda tens muito a conseguir. É por isto que ainda tens um grande medo do mundo, pois ainda achas que o sustento material ainda se encontra muito mais no mundo físico do que em Mim, como acontece na verdade.

11 – Acredita, Eu vou te sustentar e manter a ti e teus filhos, ainda quando não tenhas um único centavo, e sou capaz de te prover de fortunas materiais muito maiores do que hoje tens. Mas tu deves estar mais firme em teu coração, do que até hoje és. Não deves usar a tua natureza fraca como desculpa, pois tua natureza física é bem mais forte do que acreditas.

12 – Em ti o mais fraco é tua alma, pois ela ama mais o mundo do que a Mim. No futuro, porém, te aproxima cada vez mais a Mim, Me segura firmemente junto a ti e logo descobrirás se tua natureza é forte ou fraca.

13 – Eu te digo: “Sê alegre e bem disposto, pois Eu estou junto a ti.. Come e bebe (vinho do bom e com pouco de água), pois só depende de Mim se comida e bebida te servem.”

14 – Eu te digo: Podes jejuar, suspirar e usar luto por Mim, que assim mesmo não te ajudarei. Mas com tua fé absoluta, pelo teu amor verdadeiro por Mim e por teu próximo (teus irmãos), aí sim, Eu sempre te ajudarei.

15 – Se falares cheio de temor e desalento: “Senhor, tua vontade se faça”!, isto não Me toca em nada. Mas se disseres isto com o coração liberto, cheio de alegria, aí sim sempre encontrarás a ajuda que esperas. Pois somente habito absolutamente um coração que seja feliz, alegre e livre; num coração oprimido, temeroso, suspirando constantemente, lá Eu também Me encontro oprimido, suspiroso, temeroso e impotente.

16 – Poderá por acaso um construtor construir uma casa firme e forte sobre areia fraca, insegura e úmida? Na Minha opinião, um solo rochoso será bem mais adequado. E por isto que teu coração e a fé em teu coração devem se tornar rochas, senão Minha força em ti não encontrará um ponto de apoio firme, para se fincar firmemente neste solo e atuar de acordo com a Minha e tua vontade.

17 – Sê, pois, valente, com teu coração livre, alegre e tem fé de verdade, sem medo do mundo, pois assim poderei te ajudar, a ti e a tua mulher, não só poderei, mas sim ajudarei de fato, isto acontecerá com a intensidade de tua fé e desejo em Meu Nome. Mas com um coração cheio de medo e com pouca fé pouco conseguirás, a não ser tornar a ti mesmo, tua mulher e teus filhos cada vez mais temerosos, fracos e incrédulos com o passar do tempo.

18 – Vê, Eu estou contigo em verdade e ajudo a tua mulher! Pois então nada temas. Decide em teu coração ofertar tudo que amas a Mim, e Eu tudo te darei, pois Meu Amor por ti é muito maior do que o teu por Mim.

19 – Sabes muito bem, pois várias vezes assim falaram, que para Mim ninguém tem valor enquanto ainda amar no mundo algo a mais do que a Mim, o Pai. Ama-Me, pois, acima de tudo e todos, e Eu então te darei tudo.

20 – A doença de tua mulher considera como um remédio ativo contra tua carne erótica e sensual, a qual ajudarei, para que tu te tornes um espírito completo. Então respirarás mais aliviado, pois só então verás na sua doença um bem para ti e teus filhos.

21 – Tua mulher sofre dores físicas, mas sua alma está sendo poderosamente fortificada e seu espírito está sendo liberto, o que podes observar da sua paciência e na sua enorme confiança e perseverança. Mas como isto é um meio de evolução que tua casa deve passar, a doença não deve te amedrontar, mas sim alegrar.

22 – Deixa que o mundo fale, ameace, se escandalize e grite. Eu estou contigo! Tem fé e acredita, confia em Mim com o coração livre e alegre, e Eu te ajudarei contra todos ou quaisquer males, aqui e no Além. Amém.


Para Justinus Kerner - o primeiro editor da Nova Revelação

Recebido por Jacob Lorber, no fim do ano de 1848

Trecho de uma certa de Anselmo Huttenbrenner para J. K., médico naturalista em uma cidade chamada Weensberg,, perto de Heilbronn, junto ao rio Neckar. Este senhor deve ter sido da nobreza ou mesmo da casa real, pois o escritor refere-se a ele como “vosso bem nascido”, o que seria mais ou menos equivalente a “sua alteza real”.

1 – Sua alteza real, no manuscrito que lhe estou enviando (os três tomos da “Criação de Deus”) o senhor estará recebendo uma grande dádiva de Deus: a “história do ser humano”, uma revelação que recebemos e que conta desde o primeiro casal humano até a morte de Noé e mais um pouco.

2 – O Senhor Jesus aqui fala desde o dia 15 de março 1840, e se apresenta quase que diariamente, por intermédio de um homem humilde e pobre que mora aqui, cujo nome é Jacob Lorber. Lorber escreve o que lhe é revelado, ou então dita para um amigo de confiança.

3 – Além desta revelação ainda possuímos uma completa descrição de nosso Sol em mais de cinquenta cadernos, além da revelação da Terra natural e espiritual, a descrição do maravilhoso planeta Saturno, a completa história da infância do Senhor, uma boa quantidade de textos que explicam trechos do velho e novo testamento, revelações sobre almas possuídas, nove textos sobre o reino dos espíritos (Bispo Martim) com um tomo de quase mil páginas, finalmente uma variedade de respostas dadas pelo Pai às questões atuais e algumas poesias, das quais vos envio o publicado “Panthiel”, ou “A Grande Época das Épocas”.

4 – Nós já teríamos entregue estes tesouros para o mundo, mas não tivemos esta autorização do Senhor: “A época em que as pessoas deste mundo precisarão destas Minhas Palavras já chegou! A“prostituta” foi desmantelada, e a baba (raiva) do dragão está inofensiva. Por isto, para fora com este novo e grande dia!

5 – Que eu me dirija com este assunto tão importante a vossa alteza real... ( Aqui está faltando uma folha do “Diário Espiritual”, que contém a cópia desta carta. O fim da carta se encontra na próxima folha) ... para viver de verdade com minha querida e fiel mulher, com a qual eu fui feliz por anos. Este acontecimento muito me abalou e é o motivo por eu ter demorado tanto em lhe responder.

6 – Seria possível que eu pudesse lhe visitar, para juntos passarmos uns dias de paz? Eu gostaria de lhe contar tudo aquilo que vivi nestes vinte anos como magnetizador e também visitar o sepulcro do mártir de Prevost.

7 – Se por acaso tiver algum tempo livre nos próximos anos, por favor comunique-me, pois terei grande prazer e alegria em conhecê-lo.

Respeitosamente.

Anselmo Huttenbrenner


A Vida de Roberto Blum na Terra

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de novembro de 1848

Com a revelação que se segue, prefácio do livro Roberto Blum, iniciaram-se as mensagens sobre o mesmo. Elas foram ditadas quase que diariamente, até seu término, em 02-01-1851.

1 – Este homem, Roberto Blum, veio ao mundo com circunstâncias extremante difíceis e até os seus últimos anos na Terra, sempre teve que lutar pela sua sobrevivência, sua alimentação, etc.; o que era bom para seu espírito, coisa que ele obviamente não sabia. Sua alma e espírito eram originários daquele planeta Uranos, do qual foi falado no Sol Natural, cujos habitantes eram extremamente cabeça-dura e teimosos. Usando isto, conseguiam transportar montanhas e o que faziam fisicamente conseguiam fazer com o espírito. O que era difícil teimavam até obter os resultados desejados.

2 – Este homem, aprisionado na matéria para viver aqui na Terra, desde sua terna infância já demonstrava ser muito teimoso, demonstrava o tipo de espírito que habitava aquele corpo. E mesmo que Eu mesmo lhe colocasse um impedimento útil cada vez que tentava se levantar, pois era para o seu bem ser humilhado, isto era de pouca valia, especialmente para sua posição neste mundo, pois seu esforço sempre conseguia quebrar as amarras, e ele sempre conseguia um caminho para atividades cada vez mais importantes.

3 – Quando conseguia tais “vitórias” logo fazia planos mirabolantes e os realizava tanto fosse possível. Antes de mais nada, ele tinha uma grande preocupação com o bem-estar dos povos e para conseguir este bem-estar ele não media esforços. Se ele tivesse todos os tesouros do mundo, ele alegremente os usaria e também a sua própria vida, para conseguir este seu tão caloroso sonho: o bem-estar dos povos.

4 – Este ideal ele conheceu e adotou das ideias pregadas pela igreja popular de Ronge (um escritor que fundou a igreja católica alemã, independente de Roma). Mas esta religião não é nenhuma religião e não é nenhuma igreja e jamais o será; pois ela Me nega, a Mim, o Senhor, e Me transforma num homem comum, que não passa de um líder e professor popular da Antiguidade. Esta tal chamada “igreja limpa” constrói seu templo sobre areia e não sobre a rocha, e por isto terá uma duração muito frágil.

5 – Da mesma maneira que Ronge construiu sua igreja, o nosso personagem também construiu o seu ideal de “bem-estar dos povos”, sobre areia. Para ele, tudo o que o mundo oferecia era pequeno, insignificante; somente na sua fala, ele apregoava aquele superpoder ao qual seria possível destruir a todos os poderosos que oprimiam o povo.

6 – Sua convicção era tão grande, que jamais teve duvidas a respeito. Se Eu o chamava a atenção no seu íntimo, quando se envolvia em empreendimentos atrevidos demais, isto jamais fez que desistisse de tentar realizar o que tinha em mente. Para ele era um grito de guerra. O homem que fosse homem deveria antes sacrificar tudo, do que desistir de uma ideia adotada. Ele achava que um homem deixava de ser homem quando começava a trocar seus ideais.

7 – Para fortificar seu desejo de realizar seus ideais, a conquista de alguns deles o incitava a ir à luta com mais afinco. Então ele resolveu conquistar o Himalaia, quando só tinha escalado montanhas minúsculas, e isto foi seu fim na Terra. Ele achava que, como tinha conseguido aplainar uns morrinhos políticos, estaria apto a derrubar uma montanha altíssima.

8 – Numa assembleia do governo alemão, ele discursou agressivamente, e muito se alegrou com suas vitórias orais, no qual seu espírito forte era a parte mais poderosa. Baseado nesta vitória local, ele achou que poderia dar um passo maior e foi para Viena, onde o povo estava discutindo abertamente suas ideias tão populares. Lá ele queria “matar de uma só tacada as 30 moscas reinantes” (isto se refere a uma história de fadas alemã), sem considerar que junto a cada um destes governantes Eu, que nada significava para ele, tinha algo a dizer; pois eles eram governantes porque Eu assim determinava, e não poderiam ser simplesmente destruídos por ele.

9 – Nosso personagem seguia a convicção que ele certamente se apoderou de Minha Palavra (Bíblia) e pregava que nós deveríamos ser “perfeitos”, iguais ao Pai no Céu, e que só existe um Senhor, os outros todos são irmãos sem distinção de sexo ou posição. Mas, em princípio, ele não cria Naquele que deveria ser o exemplo de perfeição para os homens. Como Senhor ele considerava a si mesmo, pelo poder de sua fala. Se esquecia totalmente que os princípes reinantes também eram seres humanos que tinham poder originado em Mim; também esqueceu o texto da Bíblia onde diz: “Sede obedientes aos governantes, não importa se são bons ou maus, pois não teriam poder se ele não tivesse vindo do Alto”, e “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Para enfrentar este poder, só com orações e uma vida reta, segundo Minhas Palavras, mas nada de golpe de estado.

10 – Este homem foi aprisionado em Viena, pois tentava impor suas ideias pelas armas e pelos seus discursos, sendo considerado um inimigo do estado. Foi fuzilado após rápido julgamento (no dia 9 de novembro de 1848). E assim se encerrou seu ciclo de “bem-estar dos povos” aqui neste mundo.


Missão da Juventude

Recebido por Jacob Lorber, em 23 de janeiro de 1849

Mensagens para os jovens que frequentavam a reunião de Jacob Lorber, ao questionarem o “Muitos serão chamados, porém poucos escolhidos” - Mateus cap. 20 ver. 16.

1 – Meus queridos filhos! Eu vos amo muito e muito Me alegro, porque vós já começais a Me conhecer e desejais uma “palavrinha especial”. Mas nenhum de vós já está maduro o bastante para isto.

2 – Porém filhos, sede bons estudantes e limpai o tronco de vossa árvore da casca podre e morta, cheia de musgos e até vermos. Esta árvore é a vossa árvore da vida e conhecimento, e só sem esta casca Eu fortificarei e vivificarei o núcleo. Só assim sereis os “escolhidos”, o que poucos conseguem ser.

3 – Mas se não estudardes com afinco as tarefas que vosso atual plano de estudos vos impõe, se vós não limpardes com cuidado a crosta de vossa árvore de vida e conhecimento das parasitas do mundo, entre as quais se sobressaem os espíritos da preguiça, então o núcleo de vossa árvore enfraquecerá e vós não vos tornareis escolhidos, mas sim simples chamados, dos quais existem milhares no mundo.

4 – Vede, quando no inverno um poço congela, devemos furar o gelo para chegar à água. Vós também deveis romper o gelo da razão com vosso estudo e trabalho, e só então poderemos ver se vossa água está bastante purificada para ser bebível, ou se só servirá para lavar a roupa suja. Tudo depende de vossa vontade e vosso trabalho. A água pura da vida pertence aos escolhidos e a água para lavar roupa é a dos “chamados”. Tratai, então, de vos tornar “Água Pura da Vida”.

5 – Existe, porém, outro tipo de água que não serve para beber nem para lavar, mas sim somente para transportar carga e receber o esgoto do mundo, como, por exemplo, a “água dos mares”. Por isto tomai muito cuidado para que vossos poços de vida não se contaminem com “as águas dos mares”, pois esta água não é escolhida nem chamada, mas sim julgada.

6 – O que vos era possível assimilar do texto, Eu agora vos expliquei. Quando vós fordes mais maduros, obtereis uma explicação mais profunda. Observai bem o que disse. Amém.


Presente de aniversário para uma filha

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de fevereiro de 1849

Esta mensagem é para a menina cuja mãe faleceu e que o Pai chama de Marta, por causa da irmã de Lázaro.

1 – Minha querida Marta, não é tua mãe terrena que está aqui junto a Mim, mas Eu, teu carinhoso Pai de todos os céus, que quer te felicitar pelo teu aniversário. Faço esta exceção, porque tu Me amas mais do que teus irmãos e mais do que teu pai terreno, ele que muito mais Me conhece do que tu, Minha querida Marta, mas seu coração está muitíssimo mais longe de Mim do que o teu. Ele deixa que vários assuntos mundanos se apoderem de seu coração e assim não consegue chegar à paz necessária, na qual o Meu Amor Verdadeiro consegue criar raízes.

2 – Tu, porém, possuis esta paz. Pouco pensas no que ocorre no mundo atual e deixas que Eu governe, administre e julgue o mundo de acordo com Minha Vontade. Esta é a razão por que Meu Amor consegue aumentar cada vez mais em teu coração: ele está calmo, confiante e em paz.

3 – E o resultado disto é que Eu te amo cada vez mais e não Me importo com teus “pecadinhos” que de vez em quando atuam na tua parte material, qual mosca que suja uma vidraça limpa e brilhante. Elas sujam a superfície externa, não prejudicam o interior, e com passar um pano úmido tudo sairá sem deixar marcas.

4 – Vê, este pano úmido que limpa todo o teu ser é o teu grande amor por Mim.

5 – Limpa muito bem com o pano úmido, pois assim te tornarás uma filhinha muito amada, e Eu te darei tudo aquilo que teu coraçãozinho desejar. Eu também amo tuas irmãs muito, pois elas Me amam. Mas elas ainda têm muita coisa do mundo, muito mais do que tu, Minha pequena Marta e também Madalena; por isto Eu te digo, sem restrições, no dia de teu santo: tu és a Minha filhinha preferida entre teus irmãos.

6 – Creio que terás bastante alegria com esta Minha confiança, mas também vejo que isto não será de tanto agrado para os corações de teus irmãos. Mas eles têm que começar a Me amar mais, deixar as considerações que do mundo de lado e só seguir as orientações que dou em seus corações, e então Eu os amarei tanto quanto a ti.

7 – Apesar de tudo, Eu os amo muito, mesmo que o mundo ainda os atraia bastante. Eu, porém, sempre estou em seus corações, e assim seu amor aumenta cada vez mais. Esta afirmação é para consolá-los.

8 – Eu até amo aquelas pessoas que se dizem Meus inimigos, quanto mais vós, que sois Meus amigos.

9 – Eu vos digo: Apesar de ainda habitardes fisicamente a Terra, em espírito já sois anjos que estão no céu Comigo. Mas se também há diferença até no amor dos anjos no céu, como poderia deixar de ser assim entre vós, que ainda caminhais na carne?

10 – Mas os anjos que mais Me amam são os que mais próximos estão de Mim.

11 – Como Madalena Me amava ao máximo, foi ela que Me viu em primeiro lugar, após Minha Ressurreição. Por isto Eu te digo: Por seres a que mais Me ama, és a que mais próxima está de Mim.

12 – Observa bem todos os conselhos que Te dei. Mantém teu coração e teu corpo puro. Se pensamentos mundanos quiserem engoli-los de vez em quando, tal qual as moscas no vidro limpo, apanha rapidamente o pano úmido de Meu Amor, e este te manterá eternamente pura.

13 – Isto fala teu Santo Pai. Amém. Amém. Amém.


Mensagem de uma bem-aventurada

Recebido por Jacob Lorber, em 18 de fevereiro de 1849

Esta mensagem foi recebida no mesmo dia da anterior e é daquela mãe a qual o Pai se referiu inicialmente.

1 – Elisa – Meu querido Jacob! Eu também estou aqui e quero felicitar minhas filhas pelo seu aniversário.

2 – Jacob Lorber (eu, Lorber, falo) – Ah bem, ah bem. Isto me alegra muito, que a senhora, minha bem aventurada Elisa, me visite. Creio que não podemos perguntar como a senhora vai, pois lá onde a senhora se encontra só existe bem estar e alegria. Bem, vamos ao ponto: eu estou pronto para escrever tudo o que a senhora desejar, mas, por favor, bem resumido, pois o maldito tempo já me está sendo cobrado. Numa próxima vez, minha gentil senhora Elisa, (– Não, não senhora, só Elisa - diz Elisa) eu lhe dedicarei uma manhã inteira. Mas se a senhora não fosse tão divinamente bonita, eu conseguiria escrever com mais facilidade. Quando eu a olho, o que eu mais quero é abraçá-la e neste divino abraço morrer; não ficar movendo a pluma de lá para cá num pedaço de papel.

3 – Fala Elisa – Não seja tão mau assim, meu querido Jacob, pois isto não é delicado! Mas como o senhor ainda é fraco, vou me colocar às suas costas. Pronto, já estou atrás de suas costas. Não se vire e escreva bem depressa e com vontade, pois senão lhe darei um beliscão.

4 – Falo eu, Lorber – Tudo bem, mas eu lhe peço que não se dirija a mim como “senhor”, mas sim “você”.

5 – Elisa – Sim, bem, mas você também me deve chamar apenas por “você”. Mas agora escreva, pois senão meu tempo acaba.

6 – Elisa dita: “Para minhas filhas, minhas queridas filhas! Quando o Senhor está convosco, eu também estou convosco. Pois eu agora estou constantemente junto ao Senhor, e minha felicidade é infinita, minha bem-aventurança é inexplicável”.

7 – “ Minha Julinha, enriquece cada vez mais teu coração com o verdadeiro amor pelo santo Pai, só assim serás feliz e bem-aventurada, e provavelmente já aqui na Terra, tal como eu estou feliz no céu. Pois o Senhor te ama muito, como já hoje Ele te disse. Faze, porém, tudo aquilo que o santo Pai te aconselhou tantas vezes. Assim poderás te tornar uma noiva do mais profundo de Seu Coração. E esta é a mais alta bem-aventurança que só poucos recebem”.

8 – “ Tu também, minha pequena Maria, apossaste-te deste amor tu também. Pois o santo Pai também te ama muito, como também a todos os demais. Mas não penseis tanto sobre assuntos mundanos, tais como casamento, a herança por parte dos avós e a que recebereis por minha morte, e mais assuntos inúteis. Somente o santo Pai deve ser o objeto único a ocupar vossos corações, e esta é a única maneira para que obtenhais Dele todo o resto que desejais. Entregai tudo ao Pai e Dele tudo recebereis, tudo que é útil para vossas almas”.

9 – “Pensai com mais frequência em mim, vossa mãe terrena, com tantos desejos que me causaram alegria, especialmente o de querer passar meus últimos anos no campo junto a vós. O que aconteceu com meus tantos desejos? Vós bem vereis a resposta na minha sepultura e na lousa”.

10 – “Eu posso dizer-vos: A Terra e seu solo não passam de um enorme sepulcro, um verdadeiro cemitério! As montanhas na Terra são as lousas!. E ninguém pode esperar por felicidade numa casa de mortos”!

11 – “ Mas eu, que amei ao Pai Jesus acima de tudo, não fui colocada na cova para deteriorar, não! Fui levada totalmente viva, imediatamente, para a casa do Pai, para o Seu Céu, onde tudo é tão extremamente bonito, onde todas as pessoas se amam tão profundamente. Na Terra não existe nada, absolutamente nada que consiga explicar a beleza e o amor que aqui existe”.

12 – “Em vez de ser uma camponesa na Terra, eu hoje estou no céu dos céus, possuída da total liberdade. O que achais que é melhor? Sim, o céu é o melhor lar para todos os que amam o Senhor Deus. Aqui tudo é real e verdadeiro, enquanto que na Terra tudo não passa de uma ilusão que logo desaparece. Fazei, pois, tudo para conquistar o reino de Deus, e todo o resto virá como consequência”.

13 – “Recebai isto de mim, vossa mãe, e observai bem minhas palavras, que sereis eternamente felizes. A Bênção e a Misericórdia do Senhor estejam convosco, em nome do Senhor. Amém”.

14 – Lorber: Elisa bateu no meu braço e me pediu para dizer à família que estaria com eles às nove horas, quando todos juntos deveriam rezar. Eles sentiriam sua presença e ela os abençoaria. Então desapareceu.


Mais uma vez: César e Deus

Recebido por Jacob Lorber, em 10 de junho de 1849

1 – Quando os fariseus mandaram os servidores Me interrogar, servidores estes também dos templários e de Herodes, tencionaram, com perguntas dúbias, Me atrair para uma cilada e assim ter meios legais para Me aprisionar. Perguntaram se era justo os judeus terem de pagar juros a Roma, apesar de Herodes ser o administrador do estado, ao qual já tinham que pagar juros bem elevados. Pois o imperador já recebia os tributos gerais que Herodes cobrava do povo; para compensar isto, Herodes podia tributar a todos ao seu bel-prazer, o que levava o povo judeu à miséria. E justo agora vinha o César e cobrava mais um imposto.

2 – Por isto Eu, o denominado Messias, deveria tomar uma atitude e determinar se era necessário pagar a César mais este tributo pesado. Esta pergunta era uma pergunta muito perigosa, já que o imperador tinha dado todos os poderes a Herodes por um altíssimo imposto administrativo e tinha renunciado a governar a Judéia; mas vinha agora com mais um imposto bastante elevado.

3 – Cada um que não conhecesse, como Eu conhecia, o assunto que existia entre os judeus, o administrador Herodes e o imperador, não conseguiria dar uma resposta que não o comprometesse com um ou com outro. Mas Comigo isto não poderia acontecer, pois conhecia bem demais todos os pormenores que aconteciam durante Minha caminhada física na Terra, entre o povo e o imperador, tanto os oficiais como os ocultos, e entre o administrador Herodes, o imperador e o povo.

4 – Dentre tantas regalias, Herodes também possuía o direito de ganhar dinheiro em seu nome e com sua imagem. Naquela época, como o é agora, o dinheiro servia como meio de troca no comércio e todos o usavam para isto. Para obterem este material de troca, deveriam comprá-lo a Herodes com metais preciosos, pedras preciosas ou outro elemento de valor, e assim se tornariam donos da moeda herodiana por cinquenta anos.

5 – Também pessoas que depositavam uma garantia ou então que hipotecavam suas propriedades conseguiam comprar a moeda herodiana, o que era praticado especialmente com os gregos. Mas Herodes exigia juros anuais sobre este dinheiro (10 por cada 100), e só se podia devolver o dinheiro em cinquenta anos. Não era possível acabar com a dívida antes, e se a pessoa se tornasse inadimplente, ela se tornava um devedor eterno (uma espécie de escravo). Herodes e seus herdeiros podiam se apossar de seus bens, animais e familiares e vendê-los, o que não era muito raro de acontecer.

6 – Que os judeus, devido a estas artimanhas de Herodes, se encontravam numa situação terrível, é bem fácil concluir. Muitos estavam na mais absoluta pobreza e outros, pior ainda, eram vendidos como escravos. Isto levou os judeus a conjecturar se o imperador também emprestaria dinheiro a juros e quanto estes seriam. A resposta foi afirmativa. Ele emprestaria dinheiro, mas não o venderia.

7 – Porém o imperador cobrava 5% ao ano por dinheiro nobre, de ouro ou prata e 1,5% ao ano por dinheiro de cobre ou bronze.

8 – A consequência foi que o povo começou a se livrar dos contratos de empréstimo de Herodes e também a anular os mesmos em favor do imperador. Tomava emprestado o dinheiro do imperador, que podia pagar quando quisesse, conquanto que pagasse os juros.

9 – Isto se tornou um desastre para os fariseus, que na maioria eram cambistas, comerciantes e usuários; também para Herodes, que cunhou o seu dinheiro especialmente para os fariseus. Seus negócios pararam totalmente com a chegada do dinheiro barato do Imperador.

10 – Nestas circunstâncias, agora conhecidas por vós, é que Me foi colocada a pergunta tão engenhosa, pois queriam Me pôr em maus lençóis com um ou com o outro, dependendo de Minha resposta.

11 – Se Eu tivesse dado uma resposta favorável ao César, teriam Me dito: “ Não és o Messias, pois tratas os direitos dos judeus a pontapés e te unes com os infiéis contra teu povo. De acordo com Moisés, Samuel e David, deves ser morto ”. Se Eu tivesse dito que não deviam pagar juros ao Imperador, mas sim somente a Herodes, que comprava o povo de Deus anualmente aos pagãos romanos, pagando um alto tributo, eles teriam Me declarado um oponente do Imperador e teriam Me entregue à justiça romana.

12 – Eu, porém, pedi que Me mostrassem uma moeda do Imperador, na qual constavam sua figura e sua assinatura, e perguntei: “ De quem é a figura e a assinatura? É de Herodes, cujo dinheiro chamais de dinheiro de Deus? Ou é a do Imperador, que também tem o direito de emprestar seu dinheiro a seus povos, quanto mais se estes lhe pedem por isto? ” A resposta conhecida foi “ A assinatura e a figura são do Imperador”.

13 – Ao que Eu respondi com toda Minha convicção: “ Bem, então daí ao Imperador o que é seu”; ou melhor, “Daí ao Imperador os juros do dinheiro emprestado, mas também daí àquele que vos emprestou dinheiro de Deus os tributos que vos são exigidos ”. Ou simplificando: “ Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Assim Me livrei dos interrogadores sem que nada pudessem fazer contra Mim.

14 – Desta explicação vamos conseguir ver com bastante clareza o que é o “Imperador” e o que se entende por “Deus”.

15 – Se os súditos conseguiram fazer um acordo legal com o Imperador, eles devem obedecer e mantê-lo, mesmo se for de um ano ou de centenas de anos. As exceções são os acordos conseguidos pela força e que não trazem nenhum bem para o povo, mas sim somente para os ditadores que os impuseram. Mas se um acordo forçado é para o bem dos súditos e o ditador demonstra boa vontade em ajudar o povo, então os súditos devem considerar este acordo legal e obedecê-lo fielmente.

16 – O mesmo acontece quando o assunto é de Deus, e não devemos considerar somente o grande compromisso do Amor pelo Pai, mas sim também em relação a todas as outras pessoas que existem: crentes, benfeitores, professores, líderes, servidores de Deus, servos e todos os serviçais homens e mulheres, além dos operários, aos quais somos obrigados a dar o que lhe é devido, como se dá ao Imperador o que lhe é devido.

17 – Todas estas obrigações com o próximo são as obrigações devidas a Deus, tal como são devidas ao Imperador todas as obrigações que levam seu nome.

18 – Esta é a explicação política e moral deste texto. Claro que ele possui um significado espiritual, mas este ainda não será estudado aqui. Mais tarde ele será apresentado. Informai isto a todos os políticos importantes do mundo. Amém.

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Escritos anticristos

Recebido por Jacob Lorber, em 20 de junho de 1849

Jacob Lorber pergunta:

. Sobre uma obra que apareceu em Leipziz, em 1849, intitulada “Revelações Históricas sobre a Maneira de Jesus Morrer”, de acordo com um manuscrito encontrado em Alexandria, de autoria de uma testemunha da vida de Jesus.

. Sobre um panfleto publicado em Weimar, de autoria de um Dr. Wohlfarth, rebatendo o artigo anterior.

1 – Pois escreve: O primeiro caso é uma especulação do poeta e do livreiro que estão em maus lençóis e que inventam algo para chamar a atenção, para conseguirem melhorar seus bolsos bastante vazios.

2 – E o segundo caso é fruto da mesma qualidade. Neles não existe nenhum conteúdo sólido. E aquele que chama e diz: “Senhor!”, a este Eu não conheço. Um é tão Judas quanto o outro, pois ambos trabalham, enganam e traem por dinheiro”.

3 – O primeiro diz: “Irmão B, Eu agora vou apresentar ao mundo uma pequena história de anticristo. Esta será comprada e lida avidamente por milhares de pessoas. Tu, então, escreves imediatamente um ensinamento contrário ao que eu escrevi, e este também será comprado e lido avidamente por milhares. A venda nos trará uma boa soma, com a qual poderemos iniciar algo bem maior, e talvez consigamos várias edições. Vitória, vamos! E então poderemos ter uma conversinha bem diferente com os editores!”.

4 – E o irmão B responde bem impressionado com a idéia de A: “Irmão, tua ideia é ótima, mas de onde tirarás a matéria, para que possas apresentar ao mundo algo bastante plausível?”

5 – Ao que A reponde: “Não te preocupes, tu sabes como eu consigo fazer algo, se assim quiser. Vê, no sebo eu comprei um Rousseau, um Helvitius, um Sr. Strauss, a obra completa de Hegel, tudo bem baratinho, e tu tens Dr. Barth e Hess. Seria uma idiotice muito grande se não conseguíssemos extrair destes autores um livreto totalmente anticristo. Vê, eu já tenho um esboço completo.

6 – O B, completamente confiante, começa a ajudar A. E quando esta obra é lançada, então A ajuda B com o seu trabalho.

7 – Vê, são assim que fazem estas obras “maravilhosas”; bem concisas, a fim de que sejam lidas com facilidade e não se tornem caras, para que muitos as leiam.

8 – É assim que estas duas obrinhas “maravilhosas” foram criadas, e nenhuma das duas tem qualquer utilidade, pois ambas são máquinas caça-níqueis.

9 – A primeira obra não conseguirá tirar de Mim nenhum espírito evoluído, pois é demais tola e miserável. Pois cada um que crê em Mim sabe muito bem de que fonte é que ele terá toda a Verdade e o que representa a pura e viva Verdade nos corações humanos. Neles se encontra a prova de Minha divindade.

10 – Mas aquele que não é Meu pelo seu amor e pelas Palavras de Minha Obra, para este não existe nenhum convencimento, nem físico nem espiritual, nem pró nem contra. Pois estas pessoas são qual poeira ou nuvens que se movem de acordo com o vento. Elas não têm nenhuma independência para julgar, ou mesmo acompanhar e observar os acontecimentos deste mundo. Elas também não têm espírito determinado. Como consequência, não podem avaliar de que tipo de espírito algo é produto. É esta a razão por que estão sempre prontos a aceitar aquilo que é de agrado dos seus sentimentos e de sua mente. Mas estes modismos são como ondas na praia: acabam logo e muitos nem se lembram do que se passou e o que leram.

11 – Esta é a razão por que, para este tipo de gente, um argumento meio contraditório, é totalmente vão.

12 – Bem, agora sabes do que se trata nestes dois livrinhos. E Eu te desobrigo de escrever qualquer coisa a respeito deles explicando a verdade, pois estes inimigos não nos causam qualquer prejuízo, pelo contrário, nos são úteis. Por esta razão é que os deixo viver. Amém.


Amor Divino – para um aniversário

Recebido por Jacob Lorber, em 26 de junho de 1849

1 – Escreve estas palavras para nossa irmãzinha que hoje completa mais um ano, pois quem nos ama, a estes devemos amar e dar agrados.

2 – Já que o dia de hoje é especial para ti, o dia em que nasceste nesta Terra, e que nesta data te tornaste uma filha Minha e deixaste a horda de seres justiçados, então, como um Pai amoroso e como o dono da Vida, não quero deixar de alegrá-la ainda mais, ao dizer-te que és Minha amada filha e que te amo no fundo de Meu Ser, na medida em que Me amas em teu coração.

3 – Creio que tu, filhinha querida, vais ficar muito feliz com este Meu depoimento. Pois são muito felizes aqueles que estão no Meu Coração de Pai e que recebem a confirmação verbal disto. Mas infelizmente isto acontece com muito poucos.

4 – Deves te sentir extremamente alegre por teres o direito de tal confirmação de Amor por Minha parte.

5 – Mas não aches que esta dádiva te foi outorgada por algum merecimento teu. Não, Eu, somente Eu te amo independente de qualquer mérito ou serviço teu, somente porque tu Me amas, mesmo se às vezes estás um pouco enamorada, e isto é uma santificação especial de teu coraçãozinho. Porque como seria possível que um coração não-santo pudesse Me amar, a Mim, que sou o mais santo de todos? Mas se alguém Me ama, a Mim, o Santo, como seria possível que este coração permanecesse “não-santo”?

6 – Pois bem, teu coraçãozinho está totalmente santificado, porque ele Me ama. Como, em contrapartida, Eu amo este coração cada vez mais e com isto deixo fluir mais e mais Amor para seu interior, então este órgão não é somente “santificado”; não, ele próprio é santo, pois Eu, o Santo, não posso morar em nada que não seja santo.

7 – Continua a Me amar sempre cheia de alegria e confiança, e poderás festejar um aniversário bem mais elevado do que este, que é o do teu corpo.

8 – Mas deves te desfazer de tantas coisinhas inúteis e mundanas, tua fixação pela limpeza de teu quarto, a tentação de usar rapé e outras coisas com tua vestimenta. Isto não te faz bem.

9 – Usa roupas limpas, simples e bonitas, que espelharão tua alma. Não uses roupas muito armadas, pois elas não são bonitas nem confortáveis. Às vezes afastam a roupa do corpo de tal maneira, que o ar pode fazer com que o suor da pele se retraia, endureça nos vasos e cause um sem fim de doenças reumáticas.

10 – Joga fora tudo o que é inútil, e assim tua alma estará mais livre para trabalhar com o espírito. Às vezes deves deixar de ser “Marta” ( a irmã de Lázaro que era uma superdona-de-casa, o que lhe valeu críticas de Jesus ), pois isto às vezes te coloca em situações desagradáveis, e sem esta carga poderás prosseguir muito mais livremente no caminho da Vida, o que deve ser o único destino do ser humano.

11 – Não deves te preocupar demais e também não te zangues nem te ofendas com coisas da vida terrena, mas sim coloca tudo o que te atinge e tudo o que desejas em Minhas Mãos, só assim poderei dar tudo aquilo que teu coração pede (sendo bom para tua evolução espiritual). Deves seguir mui cuidadosamente os conselhos que te dei.

12 – Bem, Minha querida filha, acolhe com estes Meus conselhos também Minha Bênção em teu coração, e este te confirmará o Meu Amor por ti, no mundo e eternamente. Amém. Quem fala é o Pai verdadeiro e único. Amém.


João na capela – Explicação de um sonho

Recebido por Jacob Lorber, em 19 de setembro de 1850

Na noite de 17 de setembro de 1850, eu sonhei com uma capela, e na sua parte dianteira o Menino Jesus, rodeado de anjinhos, flutuava e os olhava com amor. Estes, por sua vez, elevavam seus olhos para o Menino, cheios de adoração. De repente, todas estas estátuas de pedra branca, obras de arte extremamente primorosas, começaram a se mover, e um deles, que se encontrava na parte central, exclamou: “Eu sou João Batista!”. Eu comentei com um amigo que estava ao meu lado: “Veja, aqui temos um verdadeiro milagre”. Neste momento acordei, lamentando que o milagre não passava de um sonho. Anselmo Huttenbrenner

1 – Meu querido irmão. O sonho de ontem da linda capela é de fato de grande significado para ti, para o mundo, para esta época e para todos os seres humanos.

2 – A capela representa o homem físico na sua posição religiosa.

3 – A capela está toda enfeitada com estátuas no seu interior que representam figuras de vários espíritos humanos bem-aventurados e, acima de tudo, até a Minha figura – mas, de fato, tudo é morto. Assim são as pessoas religiosas de igrejas de vários conceitos. O homem religioso acredita neles e admira a sua beleza, mas como não os assume em sua vida, então eles são iguais às estátuas: lindas, brilhantes, todas iluminadas, mas mortas.

4 – Mas cada pessoa tem uma consciência por Mim dada, que é o mesmo que João Batista. Quando todos os outros conceitos, aptidões, ensinamentos estão como mortos, adormecidos, e a consciência acorda e se faz anunciar.

5 – Com isto, muitas vezes estes conceitos são assumidos por aquele que frequenta a igreja, observa tal fenômeno, se arrepende e melhora; então tudo na sua capela vai acordar para a vida.

6 – Mas se o homem não fizer nada disto e deixar que João Batista não passe de “um homem bom”, então ele volta a ser uma estátua, e tudo na capela fica novamente “morto”.

7 – Isto serve, como já disse no começo, para todo o mundo, para esta época, para ti e para todas as pessoas. O João está em casa, em todos os lugares e bem oculto nos sentimentos religiosos de cada pessoa.

8 – Quem dirigir seus olhos ativamente para este João, a esta pessoa João será de enorme utilidade. Mas aquele que desconsiderar o “tornar-se vivo de João” e não escutar o seu apelo, mas somente os alegres apelos do mundo, a este a capela não trará nenhum fruto.

9 – Em resumo, este é o significado de teu sonho. Observa bem, que viverás. Amém.


Da chegada do reino dos mil anos

Recebido por Jacob Lorber, em 27 de setembro de 1850

Uma carta de Jacob Lorber para um amigo, além das palavras de Lorber, continha esta mensagem do Senhor:

1 – Querido amigo e irmão. Não te espantes por Eu assim te chamar. Bem sabes que na revelação é dito: “Muitos são os chamados e poucos são os escolhidos”.

2 – Os chamados são filhos do mundo, mas, se seguirem o chamado Deste, podem tornar-se Meus irmãos e não mais pertencer a este mundo, nem pela sua alma, nem pelo seu espírito. Eles pertencerão àquele lugar onde Eu estou.

3 – Tu vieste deste lugar de onde Eu sou e és, portanto, Meu verdadeiro irmão do coração. Mas que isto não te cause orgulho; pois sabes, se Eu sou humilde de coração, como é que Meus irmãos não o serão?

4 – O que Eu te dou que seja para ti a vida das vidas. E tu viverás eternamente e não sentirás nem terás que saborear o desprendimento de tua carne. Meus irmãos são livres! Livremente escolhem o difícil caminho da carne em Minha Luz e por Meu Amor. E livremente se desprenderão da carne, retornarão aos seus antigos lares na Minha eterna Jerusalém e de lá reinarão Comigo por toda a eternidade.

5 – Não faças perguntas demais sobre o início do “Reino dos Mil Anos” na Terra, pois este seria um reino divino, com ostentação externa. Um verdadeiro reino de Deus jamais será possível na matéria, mas sim unicamente em espírito. E assim o “Reino de Deus dos Mil Anos” só virá visível no coração dos homens de boa vontade.

6 – Também não perguntes quando e como, pois a chegada do “Reino de Deus dos Mil Anos” é continuo e sempre igual ao renascimento do espírito do homem.

7 – O “dragão amarrado” são os desejos da carne que foram dominados. E a curta, única e última libertação dos mesmos nos representa o mesmo que abandonar uma morada na qual habitamos por muito tempo.

8 – O “material de construção” para um reino de Deus já tens firmemente em tuas mãos (na obra da Nova Revelação). Faze de tudo para que chegue às mãos de muitos e tu verás nisto o início do “Reino de Deus dos Mil Anos”.

9 – Minha Bênção e Minha Salvação te sejam dadas, e também a bênção de milhões de felizes príncipes entre os bem-aventurados, cheios de misericórdia e sabedoria. Amém.


A chegada da Luz Original ao mundo

Recebido por Jacob Lorber, em 02 de agosto de 1851

A mensagem que vem a seguir deu início à grande obra de Jacob Lorber, que é de fato o cerne da Nova Revelação: o “Grande Evangelho de João”, obra de dez tomos, ditada quase que diariamente, até seu término, no dia 19 de Julho de 1864. O servo Jacob Lorber não conseguiu chegar ao final da obra, então concluída por um irmão e amigo.

Nesta mensagem encontrarmos os primeiros versículos de João - capítulo 1 versículos 1, 2, 3, 4 e 5. Ao ler o Evangelho, vi que Yolanda Linau traduziu esta mensagem, e por isto não a repetirei aqui.

A tradutora.

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Exames de crianças no templo de Jerusalém

Este texto foi iniciado no ano de 1859 e mais tarde deu origem ao livrinho

“O menino Jesus no Templo”. Narra a estadia de três dias de Jesus, então um garoto de doze anos, sendo apresentado aos sacerdotes do Templo de Jerusalém, como manda a tradição judaica. Este livrinho também é chamado “As cenas de três dias”.


A vida, escola do amor

Recebido por Jacob Lorber, em 09 de março de 1864

1 – Sem Amor não existe Vida, e sem Luz não existe a Verdade. Qualquer efeito que um observador cuidadoso descobrir em toda ou qualquer esfera da existência - ou em qualquer reino da natureza - provém da Luz e do Amor.

2 – O verdadeiro Amor, que é chamado de “Vida”, é aquele calor eterno que se origina no centro de Deus, ao qual Eu, o Senhor, chamo de “Pai”. Desde este Pai parte como conseqüência do eterno calor, a Luz a que Eu (o filho) sou para todo o espírito.

3 – Quem aceitar ativamente a Luz que vem de Mim, e que de fato são Meus ensinamentos, este também aceita o Amor ou a Vida do Pai. Ao aceitar isto, ele desperta em si o eterno espírito divino, que de fato é a vida eterna. Tudo é feito do verdadeiro Amor e da verdadeira Luz.

4 – Junto a esta Luz verdadeira que se origina no Amor verdadeiro, há uma série definida de tipos de luzes e de amores, especialmente em vossa Terra. Estas luzes e estes amores também criam produtos, mas estes são temporários e, tal qual as luzes e os amores dos quais se originaram, em seu rastro eles deixam conseqüências mais ou menos perniciosas. Freqüentemente se apresentam no seu amor próprio, e a suas supostas luzes se transformam espiritualmente nas mais tremendas e tenebrosas trevas. Tais pessoas então caem para o reino animal, e muitas vezes chegam a acreditar que um animal é mais sábio que elas.

5 – E num certo sentido estão absolutamente certos! Eles não são nada melhores, nem que seja a sua parte melhorzinha; como o falso profeta Bileam, que teve de ser orientado a respeito dos assuntos espirituais por seu jumento. Bem, estas pessoas não têm nenhum amor, como conseqüência, nenhuma luz e nenhuma vida. Nem sabem que possuem uma alma e que são imortais.

6 – Estas muitas pessoas que conseguiram descer a tal escuridão, das quais existem muitíssimas nestes tempos de amor mundano e amor próprio, quando chegarem ao Além, deverão reiniciar sua caminhada exatamente deste ponto ou em situações piores. E Eu, o Pai e Senhor, vos afirmo elas terão que se integrar novamente à matéria morta, e este é um processo extremamente doloroso e muito longo para conseguir ser matéria dura novamente. A matéria será dividida em pedaços. Após um longo tempo, se transformará novamente em humanos ou em criaturas, talvez nesta Terra, ou em outros corpos do universo. Pois para Mim, milhões de anos terrenos não passam de um instante.

7 – Todo livre arbítrio dos homens que não quiser se submeter à Minha Vontade revelada não desaparecerá no nada, mas sim passará por um tipo de correção que será grande e de longa duração.

8 – Na atualidade pessoas vivem estes tipos de corretivos pela sétima vez, mas felizmente agora estão melhores. Elas ainda deverão passar por vários corpos celestiais que ainda possuem uma leve camada material, antes de conseguirem ser admitidos em esferas puramente espirituais. Este degrau é a espera mais inferior do Paraíso, do qual ainda existem muitos degraus a subir, para se chegar ao verdadeiro Reino do Céu, onde o Amor do Pai, a Luz do Filho e o poder do eterno Espírito habitam e transformam cada espírito em verdadeiro anjo.

9 – Por isto observai bem estas Minhas Palavras. Reconhecei e amai-Me como vosso Deus e acima de tudo amai o vosso próximo muito mais que a vós mesmos. Assim já possuireis o verdadeiro Amor - como a vida eterna - e a verdadeira Luz - como a verdade eterna. Agora e na eternidade, em vós e em espírito, já estareis aqui onde Eu estou, pois Eu permaneço convosco até o fim do mundo.

10 – Isto Eu vos digo, Eu, aquele que conheceis pelas Suas Palavras e os significados das mesmas. Amém.


Um protocolo bastante estranho

Parte deste texto tem origem oral e outra vem de anotações de Anselmo Huttenbrenner, o “escriba” de Jacob Lorber.

1) No dia 18 de fevereiro de 1842, quando Jacob Lorber estava ditando e recebendo a página 159 da “Criação de Deus” e chegando na parte onde Naomi fala a Jeová: “Eu sou definitivamente um triste fruto das trevas e do pecado e carrego em mim, como castigo certo do pecado, a morte eterna em mim.”, aí apareceu para Jacob Lorber seu amigo e companheiro músico, um diretor de orquestra que tinha falecido aos 75 anos no ano anterior. Seu aspecto era pálido e sombrio, com roupas humildes. Ele disse a Lorber:

2) - Querido irmão, eu estou mal. Eu e vários outros que estão comigo parecemos cachorros sem dono. Passamos muita fome. Eu sobrevivo com migalhas duras de pão velho que encontro no bolso de meu casaco, tão logo sinta fome. Existem outros que passam pior que eu; eles comem madeira podre, muitos comem seus próprios dejetos.

Nota: Os que desencarnam na impureza (no pecado) primeiro passam por um estado de sonho, para melhorar seu espírito e sua vida interna. O que eles observam e descobrem não corresponde à verdade objetiva, mas sim a uma fantasia educadora que seus protetores lhe apresentam, para estimular sua evolução.

3) Jacob Lorber aconselhou seu amigo a que se voltasse unicamente para o Senhor Jesus Cristo, pois assim logo ele receberia um alimento melhor.

4) No dia 19 de fevereiro veio o mesmo diretor de orquestra e contou a Lorber que tinha visto num palco a imagem delicada de uma mulher de tamanho colossal. Seus pés eram enormes e no começo ela lhe apareceu vestida, mas depois se apresentou totalmente nua, e ele não podia deixar de olhá-la.

5) Jacob Lorber aconselhou seu amigo para que afastasse seus olhos desta mulher e só olhasse ao Senhor. Esta figura nua era resultado dos desejos carnais do diretor de orquestra, e ela o auxiliava a libertar-se dos mesmos.

6) Em resposta à pergunta de Lorber de como estava a região em que ele se encontrava no momento, ele disse que o local era bem triste. Não havia montanhas, nem casas, nem animais ou plantas. Tudo estava envolto numa névoa bem espessa.

7) Na terceira visita, ele contou que finalmente tinha encontrado um vale entre duas montanhas, o qual se estreitava lentamente, de tal jeito que não conseguia ir além, mas que era possível ver uma região muito simpática através de uma fenda estreita. E mesmo que conseguisse se espremer através da fenda, não conseguiria chegar à região bonita, pois havia um rio profundo para atravessar.

8) Na quarta visita, no dia 21 de fevereiro, ele informou com alegria que tinha conseguido passar pela fenda, passado o rio e entrado naquela linda região, onde existia uma pequena cidade muito ajeitadinha. Lá, para sua surpresa, encontrou uma loja de violinos dos mais famosos (Amati, Guarneri e Stradivari), verdadeiras joias.

9) Jacob Lorber lhe disse que não ficasse tão encantado com os instrumentos, mas sim que dirigisse seus pensamentos unicamente ao Senhor.

10) Na quinta visita, no dia 22 de fevereiro, disse que da pequena cidadezinha tinha conseguido chegar a uma cidade bastante grande, onde hoje seria apresentada a cantata “Timótio”, de Handel. Ele não poderia ficar por muito tempo, seus amigos já tinham ido para o concerto, e ele devia se apresar, pois estava ansioso por usufruir tal presente musical.

11) Jacob Lorber lhe desaconselhou ir ao concerto e lhe disse que não deveria deixar que nenhum prazer o afastasse de sua busca ao Senhor.

12) No dia 23 ele não veio, mas no dia 24 veio pela sexta vez e comunicou a Lorber que não pôde vir no dia anterior por problemas de cegueira. Ele tinha chegado a uma cidade em chamas e a fumaça forte tinha roubado sua visão.

13) Ao que Jacob Lorber lhe respondeu: - Se voltares àquela cidade em chamas, fala as palavras seguintes e abafa tuas chamas; daí nada afetará teus olhos. Estas são as palavras poderosas:

14) “Ó tu, meu querido e amado Senhor Jesus, por mim, tolo pecador, tanto tempo rejeitado. Olha com compaixão para mim, grande pecador e morto, e me ajuda, a mim, pecador indigno de Tua ajuda e de Tua Misericórdia. Ajuda-me, por favor, nesta minha grande miséria! Dá-me, por favor, um de Teus servidores para guiar-me no Teu caminho, para que eu não seja totalmente destruído, mas sim me protege das chamas e da fumaça desta cidade grande. Tua Santa Vontade se faça. Amém”.

15) Ao que o maestro perguntou: - Qual o significado desta cidade em chamas? Lorber: - Vê meu amigo, isto é o mundo que existe em ti. Logo tudo será melhor contigo. Com certeza hoje te será enviado um mensageiro do Senhor.

16) O maestro então perguntou se era permitido rezar um Pai Nosso. - Claro, - respondeu Lorber - isto é bom. Se sabes orar o santo Pai Nosso, então o faze constantemente. Ser-te-á de grande valor.

17) Maestro: - Posso vir te ver sempre quando quiser?

18) Lorber: - Sim, podes vir quando desejares. Sabes bem que me alegro sempre que me visitas.

19) Maestro: - Tu sim, mas a dona de tua casa não acredita em nada.

20) Lorber: - Deixemos a dona da casa em paz. Na grande imensidão da Criação de Deus cresce uma grande variedade de ervas com poderes curativos.

21) Maestro: - Posso ficar aqui contigo?

22) Lorber: - Podes ficar aqui enquanto te for agradável, podes e te é permitido. Sim, sim, tu ainda não pertences a nenhuma comunidade espiritual. Pois bem, fica aqui. Mas eu tenho que voltar para minha tarefa.

Nota: Esta visita aconteceu das 9:30h da manhã até às 10:30h, quando Jacob Lorber estava trabalhando na Criação de Deus.

23) No dia cinco de Março 1842, de manhã, às 11:30h, apareceu o maestro para sua sétima visita, só por um momentinho, pois Jacob Lorber estava dando uma aula de piano. Ele disse a Lorber: – Querido irmão, não quero te incomodar. Eu ainda tenho um anjo condutor, mas posso fazer tudo o que quero. Talvez eu venha hoje de noite novamente . O maestro parecia muito melhor que das vezes anteriores. Ele não apareceu à noite.

24) Só voltou na manhã do dia 7 de março, para sua oitava visita, e disse: - Bom dia, bom dia querido amigo. Lorber respondeu ao amigo e perguntou como estava se dando com seu anjo guia e como estava passando.

25) Ele disse que seu guia não era um irmão simples; ele era nada mais nada menos que um jesuíta, um companheiro bem agradável que lhe dava total liberdade de ação. Ele tinha ido ao teatro como o seu guia e assistiu uma apresentação de um quarteto. Ele também tinha tocado um solo no violino. Depois foram a uma adega onde serviam os vinhos mais esquisitos e onde havia garotas muito bonitas. O maestro infelizmente tinha perdido sua visão novamente, após beber alguns copos de vinho.

26) Ao que Jacob Lorber retrucou: - Tu então estavas com total liberdade de ação. Por acaso, em todos os lugares aos quais teu guia te levava, abandonaste todas as tuas comodidades e teus desejos luxuriosos e te dirigiste, conforme te aconselhei, somente ao Senhor Jesus Cristo?

27) - Isto eu esqueci totalmente”.

28) Lorber: - Pois bem, caro amigo, pecaste em grande escala. Eu tenho certeza que agora teu segundo caminho será bem mais difícil que o primeiro. Por que não me escutaste e por que não seguiste meus conselhos?

29) - O que é que devo fazer agora?

30) - O que deves fazer agora? Tu ainda tens a oraçãozinha que te dei? Sim, bem então a reze continuamente, até que tudo fique claro novamente em tua volta e que o Senhor te envie um guia de novo. Desta vez, porém, sê mais esperto e não permitas que ele te leve a lugares outros, a não ser para junto do Senhor. Se ele, para te testar, quiser levar a outros lugares, roga-lhe que te leve para junto do Senhor, pela palavra, conselho e ação.

31) O maestro então assegurou que somente procuraria o Senhor e que não seguiria, nem mesmo o arcanjo Miguel, para nenhum outro lugar além daquele onde está o Senhor.

32) Jacob Lorber então respondeu: - Sim amigo, sê fiel a esta tua intenção. Que o Senhor seja contigo!

33) O maestro então perguntou quando poderia voltar.

34) Lorber: - Toda vez que assim quiseres. Fica com Deus. Amém.

35) No dia 16 de março de 1842, por volta das 7:45h da noite, estavam Jacob Lorber e Anselmo na pousada “Ao Prado Verde”. Daquele momento relatou Anselmo: “Tínhamos acabado um assunto e estávamos em silêncio, quando Jacob me pegou pelo braço e disse: “Vê, o maestro está aqui”.

36) Observei Jacob e vi que quando ele mantinha a conversação espiritual com o maestro sua face ficava um pouco pálida, mas seus olhos se modificavam totalmente”.

37) A presença do hóspede do Além deve ter demorado de cinco a sete minutos, e então Jacob Lorber contou o seguinte para seu amigo Anselmo.

38) Maestro: - Onde é que tu estás, querido amigo?

39) - Na pousada “Prados Verdes”.

40) - Estás sozinho?

41) - Não, estou com meu amigo Anselmo.

42) - Dá-lhe minhas cordiais saudações.

43) Anselmo então perguntou a Lorber como o maestro era e em que lugar se encontrava. Ele respondeu que o maestro tinha um aspecto muito agradável e que estava flutuando sobre a poltrona que se encontrava à direita dele, Jacob Lorber.

44) O maestro então contou nesta sua sexta visita que ele reconheceu seu atual guia. Ele era o seu tataravô . “A maior maravilha, porém, é que Cristo é Deus e é homem!” O maestro em pouco tempo começaria a frequentar uma escola, onde ele receberia ensinamentos sobre o Cristo. Finalmente ele disse que tinha tido uma passagem muito difícil, pois tinha morrido sem acreditar em Cristo.

45) No dia 20 de março, após as duas da tarde, quando Jacob Lorber caminhava na rua, o maestro se apresentou pela décima vez e disse: - Irmão, eu me sinto muito carregado. Meu guia não pode dizer o que está me apertando tanto.

46) Lorber: - A mim ninguém proibiu de dizer o que te pesa. Vê, é a cruz de Cristo! Mas vê isto como uma bênção do Senhor, por ter te dado Sua cruz para carregares, pois tu te recusaste a carregá-la durante tua estada no mundo.

47) - Mas... sim, sim, eu já entendo, eu sei o que tu me dizes. Tu tens razão!

48) No dia 23 de abril de 1842, às 4:30h da tarde, enquanto estava lavando seus olhos no quarto de seu amigo Anselmo, Jacob Lorber recebeu a visita do maestro, que estava bem pequeno, de fato pequeníssimo, nada mais alto que um sapato, mas estava com um aspecto muito bom e simpático. Nesta décima-primeira visita ele disse que continuava com o mesmo guia. Mas ao Senhor ele ainda não tinha conseguido ver, apesar de não estar longe do Céu. Disse também que quem não se torna filho aqui na Terra deve passar por este processo no Além, onde é bem mais difícil. “ Sem se tornar filho e inocente como uma criança, jamais conseguirá ver o Senhor. No Além - disse o maestro - nos acontece o mesmo que acontece a uma prostituta que, devido ao excesso de prazer e luxúria e geralmente cheia de doenças, deve purificar seu corpo, deve purificar seu corpo até a mais minúscula célula, pois senão esta prostituta jamais conseguirá ser mãe. É exatamente isto que acontece com nossa alma, que também deve ser purificada de toda matéria, e como ela se expandiu muito na sensualidade, deve se tornar pequena, para só então voltar a crescer ”. Além disto, o maestro disse que tinha visto uma grande fogueira, mas que agora não a via mais. Ele não sabia o significado do mesmo. Mas que amanhã ele viria novamente, com certeza, e que esperava saber algo sobre o fogo.

49) No dia 25 de abril de 1842, às 18 horas, veio o maestro pela décima-segunda vez e disse a Lorber: - Aquele fogo que eu vi me envolveu. E como estou dentro deste fogo, eu não o vejo mais. Porém ele me está queimando com toda potência, mas eu me torno cada vez mais forte, maior! No começo a dor era insuportável, mas mesmo que queime muito pela parte externa, ele me faz um bem inigualável ao coração. Eu te digo, meu irmão, eu gostaria de permanecer para sempre neste fogo. Bem, tenho que ir embora e te contarei mais na próxima vez. Tchau.

50) No dia 3 de maio, às 21:30 horas, Anselmo tocava piano e Lorber o escutava. Enquanto isto, o maestro se apresentou bem posto e bem maior que da última vez.

51) Ele contou ao amigo que tal fogo que o envolvia significava a luta que travavam suas paixões carnais contra o amor pelo Senhor, no seu interior. O fogo que queimava eram suas paixões e o agradável era o amor pelo Senhor. Após ter se purificado por este fogo, ele foi transportado para uma região totalmente vazia, nua e sem ninguém. Então caiu num sono profundo, onde sonhou algo maravilhoso, mas o tal sonho não era de fato uma realidade. Ele se encontrava na fronteira de um “reino de crianças”, onde era tão lindo, que ele desejava lá permanecer para sempre.

52) Seu guia lhe disse que ele poderia conversar com todos os espíritos que desejasse, até mesmo Beethoven, Handel, etc., mas disto ele não tinha o mínimo desejo. Ficava a observar uma luz muito linda na região do amanhecer. Ele esperava ver o Senhor nesta Luz, ele não desejava nada além de ver o Senhor.

53) Finalmente o maestro comunicou a Lorber que só viria mais duas vezes.

54) Na tarde de 8 de julho de 1842, por volta das quatro horas, visitou os amigos pela décima-quarta vez. Contou que ainda via aquela luz clara no oeste e se encontrava na ponteira do Reino das Crianças, onde enxergava um ponto muito brilhante, mas que ainda não tinha visto o Senhor.

55) Ainda tinha o mesmo guia, mas às vezes se juntava a eles um segundo guia, que tinha um aspecto totalmente comum e só falava com o primeiro guia, não se dirigia a ele, maestro.

56) Lorber aconselhou o maestro a prestar bastante atenção a este segundo guia, que sempre vinha do Reino das Crianças.

57) O maestro informou que só poderia voltar mais uma vez. Seu aspecto era feliz e sua roupa cinza-azulada.

58) Na manhã do dia 23 de agosto de 1842, às 8:30h, chegou ele pela décima-quinta e última vez. Disse que agora se encontrava entre seus afins, que cada um possuía o seu próprio guia, mas este se afastava de vez em quando. Com um outro guia, de aspecto bem comum, ainda não tinha conseguido falar. Ele disse que se sentia muito bem.

59) Desta vez Lorber não o enxergou, mas somente sentiu sua presença e o ouviu falar.

60) Já que o maestro não se apresentou mais desde o dia 25 de agosto de 1842, vamos encerrar esse “Protocolo” e considerá-lo completo.

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